Educação ambiental como meio de conscientização ecológica

Compartilhe este conteúdo:

A educação ambiental tem como propósito desperta nas pessoas a consciência sobre o meio ambiente, dando as pessoas um conhecimento de como se comporta diante a natureza, controle sobre o consumo e na exploração de matéria prima e formas de contribuir para a sua preservação e conservação.

Sou indígena da etnia Xerente – akwé que possui a reserva nas proximidades do município de Tocantínia – TO. Desde bem pequenos, em minha comunidade, é nos ensinado a respeitar a natureza sua força e energia, tirar dela somente o necessário para a sobrevivência. Eu cresci em contato com o meio ambiente e parte dela, que mais me vem na cabeça, é quando acordo e ouço os cantos dos pássaros pela manhã, pássaros livres e não gaiolados.

Nós indígenas Akwe temos um reserva cheio de biodiversidade, gostamos de conviver em contato com a natureza por isso lutamos para que a nossa floresta não seja ferida, temos consciência de que tem muitos fazendeiros de olho em nossas terras. Hoje em dia já não é como antigamente, nosso meio ambiente está ameaçado por madeireiro e por alguns do nosso povo, que são corrompidos pelo dinheiro.

Fonte: encurtador.com.br/jpNU2

Hoje em dia não só lutamos com os não índios como também, tentamos informar nosso próprio povo, para evitar que madeireiros ilegais entrem e comprem madeira por preço abaixo, isso acaba com os princípios que nosso ancestrais deixa de herança, que a nossa reserva rica em biodiversidade. Alguns, por falta de conhecimento e por simplicidade, fazem essa comercialização.

Embora cresci na comunidade Xerente, atualmente estou morando com nossos parentes Krahô no município de Itacajá-TO na aldeia Cachoeira. Não muito diferente de nós Akwe, eles também gostam de viver e preservar a floresta, todos são orientados a respeitar a natureza e tirar proveito somente para sobrevivência. Os Krahô também sofrem com a invasão dos não índios em suas terras para cortar madeira e comercializar pássaros preciosos como as Araras. Eles lutam contra os madeireiros ilegais, porém, mesmo assim os não índios invadem suas terras e cortam madeira para vender. Na aldeia onde eu estou morando eles tentam buscar apoio para preservar a reserva, por que segundo eles não tem como medir forças com os madeireiros devidos as armas que usam. Nesse caso eles têm razão, não tem como bater de frente com as armas de fogo que eles usam.

A minha principal indignação e que tanto os Akwe quanto os Krahô não têm apoio para defender suas terras, e assim, a invasão, o desmatamento e a comercialização ilegal aumentam. O principal aliado que era FUNAI já não tem mais forças como de antes de nos ajudar a conter e até eliminar essas questões, precisamos que todos se conscientizem, abracem a causa de proteger a floresta para proteger o planeta.

Compartilhe este conteúdo:

TERRAQUARIUM – Educação e Meio Ambiente

Compartilhe este conteúdo:

“Fomentar educação ambiental vai muito além de abraçar árvores e plantar mudas”. É com este pensamento que o projeto de extensão Terraquarium: Educação e Meio Ambiente, do Centro Universitário Luterano de Palmas (CEULP/ULBRA), se desenvolve. Sob coordenação da professora pesquisadora Conceição Previero, há 13 anos o Terraquarium atua no desenvolvimento e elaboração de ações voltadas para a conscientização de problemas ambientais. Essa atuação abrange a comunidade universitária e a população palmense por meio de atividades tangíveis e de forma interdisciplinar.

Por meio de práticas diversificadas para públicos diferentes entre si, o Terraquarium propõe ações com o intuito de adotar a filosofia dos 3 Rs: Reduzir, Reutilizar e Reciclar. Também aposta no fomento da educação ambiental junto a escolas do ensino público e privado do município e na revitalização de espaços não utilizáveis.

Em entrevista ao (En)Cena, a professora doutora Conceição Previero fala sobre o projeto, as ações desenvolvidas e os desafios de trabalhar o tema de educação ambiental com a comunidade acadêmica e a sociedade a qual o Terraquarium atende.

 

Coordenadora do projeto Terraquarium, professora Conceição Previero.
Foto: Michel Rodrigues

(En)Cena – Há quanto tempo o projeto Terraquarium é realizado? Em qual contexto ele surge?

Conceição Previero – O projeto Terraquarium foi iniciado em 2001, quando da construção da Usina Hidrelétrica Luiz Eduardo Magalhães. Na ocasião o CEULP/ULBRA foi responsável pelo resgate dos animais silvestres no enchimento do lago da Usina. O Terraquarium foi o centro de recepção dos animais feridos ou localizados em locais inadequados (residências, locais públicos etc), para posteriores cuidados, quando necessários e retorno ao seu habitat. Também foram resgatadas espécies da família Orchidaceae (as orquídeas), estas foram “fixadas” nos caules das plantas conforme suas afinidades. Após o término do resgate alguns animais permaneceram por um período nesse espaço e em 2009 foram destinados os últimos espécimes para outros Centros de Recepções. O Terraquarium foi um marco para o CEULP/ULBRA frente à importância do trabalho realizado. Até os dias de hoje somos contatados para recepção de animais silvestres. No ano de 2011 foram retomadas as atividades, com foco na Educação Ambiental. Hoje, a equipe de estagiários que fazem parte desse projeto, realizam trabalhos diretos ou complementares, são eles: Ícaro Gonçalves Santos, Filipe Cabral Lima Ferreira, Tatiana Gomes Cesar, Lucivania de Sousa Santos, José Adailton Rodrigues de Sousa, Daniella Martins Pimenta, João Guilherme Teixeira e o biólogo Pedro Henrique Campelo.

 


Espécies resgatadas – Foto: Solange Alves

Visita monitorada– Foto: Solange Alves

 


Animais silvestres apreendidos – Foto: Solange Alves

 


Tratamento de animais silvestres – Foto: Solange Alves

 

(En)Cena – O Terraquarium, em seu objetivo principal, promove Educação Ambiental. Qual é esse conceito?

Conceição Previero – A promoção da Educação Ambiental é vista como consequência das práticas desenvolvidas. É um trabalho permanente, contínuo e transversal. É um conceito que vai além do modismo que a mídia impõe sobre ser politicamente correto no que tange a questão ambiental. Não adianta abraçar uma árvore em protesto a sua permanência e no dia a dia não incorporar práticas que venham a condizer com o seu discurso.

(En)Cena – “Terraquarium”, além de ser o nome do projeto, é um espaço físico e área verde no campus do CEULP/ULBRA. De que forma esse local é utilizado e qual o diferencial dele no contexto palmense?

Conceição Previero – A cobertura vegetal na área do Terraquarium é uma parcela preservada do Bioma Cerrado. A fisionomia da vegetação mostra uma grande riqueza em números de espécies, como: pequi, murici, cajuí, mangaba, ipê, jatobá, araçá, grudento, folha larga, puçá, fava de bolota, etc. A especulação imobiliária tem colocado o Cerrado no chão. No entorno do campus do CEULP/ULBRA fica evidente referida prática. As imagens de satélite evidenciam os fatos. Dentro deste cenário se verifica a importância deste espaço, não somente para a comunidade acadêmica da Instituição, mas para toda a comunidade no seu entorno.  Há de se considerar que a área preservada tem sido refugio para algumas espécies de animais do Cerrado, frente aos desmatamentos no entorno.

 


Imagens do Terraquarium e entorno no ano de 2009

 

Imagens do Terraquarium e entorno no ano de 2014

 

(En)Cena – Por meio de quais atividades práticas o projeto atinge os objetivos da educação ambiental?

Conceição Previero – O lúdico é o que mais evidencia a atividade. Por exemplo: ao explanarmos sobre a fava de bolota, espécie símbolo do Tocantins, a uma criança, onde ela poderá tocar as sementes, receber uma muda para plantio e na sombra da árvore da mesma espécie, haverá uma percepção diferenciada. Outro exemplo: Fazemos uso de animais silvestres taxidermizados (empalhados), onde espalhamos exemplaresao longo de uma trilha que percorre o interior da mata em questão e as crianças os localizam e os identificam. A resposta é espetacular frente à fantasia que as crianças criam diante do cenário.  Sob estas condições falamos sobre a importância da preservação e o porquê dos animais taxidermizados. Para conhecimento do comportamento de espécies nativas do Cerrado, quanto a armazenabilidade das sementes, germinação, crescimento das plantas, desenvolvemos pesquisas científicas, cujos resultados são apresentados em eventos técnicos-científicos e socializados nos diferentes grupos sociais. Na campanha “Adote uma árvore” distribuímos em 2013 aproximadamente 3000 mudas de espécies nativas e frutíferas em parceria com a Prefeitura de Palmas. Ao adotar uma muda a pessoa recebe orientação sobre o plantio e um certificado se comprometendo a zelar pelo desenvolvimento da espécie. O espaço também tem sido utilizado pelo Exército e Corpo de Bombeiros em provas do projeto Akádemo: Uma lição de vida e eventos institucionais.

 


Tirolesa realizada pela equipe do Corpo de Bombeiros

 

Falsa baiana realizada pela equipe do Corpo de Bombeiros

 


Pista de orientação realizada pelo Exército

 

Clínica sobre comportamento humano e meio ambiente


Clínica sobre resíduos da construção civil

 


Pesquisa com espécies nativas – Fava de bolota e orelha de macaco

 


Caroço do pequi para extração da semente

 

Sementes de pequi

 

Mudas de pequi – Pesquisa

 

Mudas de cajá – Pesquisa

 

Frutos de murici para extração das sementes

 


Plântulas de cupuaçu – Pesquisa

 

Educação Ambiental Alunos do SESC- Ensinando como plantar espécies de hortaliças

 


Plantio de mudas dentro do Projeto Akádemo

 

Campanha distribuição de mudas AGROTINS 2013 – Projeto “Adote uma Árvore”

 


Mudas para doação – Projeto “Adote uma Árvore”

 

Campanha do Projeto “Adote uma Árvore”

 


Campanha do Projeto “Adote uma Árvore”

 


Promoção da Educação Ambiental com animais taxidermizados – AGROTINS 2013

(En)Cena – Qual a importância de discutir ‘relação do indivíduo com o meio ambiente’ na universidade? Há dificuldades para tratar do assunto com acadêmicos e a comunidade em geral?

Conceição Previero – A transversalidade do tema meio ambiente perpassa em todas as áreas de conhecimento. A maioria dos acadêmicos envolvidos no projeto é do curso de Ciências Biológicas, mas temos percebido um despertar em outras áreas, como o Direito Ambiental, Psicologia Ambiental, Mídia Ambiental, Saúde Humana e Ambiente. Impossível pensar no indivíduo isolado do meio ambiente e onde esta o indivíduo há problemas ambientais. É lamentável, por exemplo, nos depararmos com resíduos sólidos e jogados no chão quando as lixeiras estão do lado. Basta ter olhos para ver que isto acontece também nos espaços da nossa Instituição. Fizemos uma coleta de resíduos na Instituição e depositamos em local de fácil visibilidade, na expectativa de que mexeria com os cidadãos, mas a resposta não veio. Não acredito em respostas em curto prazo no que tange a EDUCAÇÃO + Ambiental. Sempre nos questionamos o que fazer??? A resposta é continuar e fazer das práticas um novo despertar. Educar dá trabalho, por isso que eu acredito que a promoção da Educação Ambiental Infantil é mais promissora.

 


Resíduos sólidos coletados nos estacionamentos e jardins do CEULP/ULBRA

 

(En)Cena – Enfim, qual é a expectativa do Terraquarium? O que ele pretende despertar no âmbito acadêmico e social?

Conceição Previero – Parto do pressuposto que é preciso vivenciar o nosso discurso, o que nem sempre é fácil. Não estamos prontos e o trabalho deve ter sensatez. Há uma discussão entre ambientalistas, por exemplo, que a divulgação de uma lista de espécies ameaçadas pode ajudar na extinção, com fotos, locais em que ocorrem, e seus hábitos de vida. Isto nos põe em xeque sobre determinadas práticas. É preciso reavaliar sempre. Acredito que parte da comunidade acadêmica do CEULP/ULBRA desconhece a existência da área nativa e preservada que temos dentro do campus e no desenvolvimento do projeto “Terraquarium: Educação e Meio Ambiente”. Um grande desafio é deixar/fazer com que as pessoas conheçam o projeto. A promoção da catálise diante das práticas será em resposta ao catalisador – indivíduo.

Compartilhe este conteúdo: