TERRAQUARIUM – Educação e Meio Ambiente

 

“Fomentar educação ambiental vai muito além de abraçar árvores e plantar mudas”. É com este pensamento que o projeto de extensão Terraquarium: Educação e Meio Ambiente, do Centro Universitário Luterano de Palmas (CEULP/ULBRA), se desenvolve. Sob coordenação da professora pesquisadora Conceição Previero, há 13 anos o Terraquarium atua no desenvolvimento e elaboração de ações voltadas para a conscientização de problemas ambientais. Essa atuação abrange a comunidade universitária e a população palmense por meio de atividades tangíveis e de forma interdisciplinar.

Por meio de práticas diversificadas para públicos diferentes entre si, o Terraquarium propõe ações com o intuito de adotar a filosofia dos 3 Rs: Reduzir, Reutilizar e Reciclar. Também aposta no fomento da educação ambiental junto a escolas do ensino público e privado do município e na revitalização de espaços não utilizáveis.

Em entrevista ao (En)Cena, a professora doutora Conceição Previero fala sobre o projeto, as ações desenvolvidas e os desafios de trabalhar o tema de educação ambiental com a comunidade acadêmica e a sociedade a qual o Terraquarium atende.

 

Coordenadora do projeto Terraquarium, professora Conceição Previero.
Foto: Michel Rodrigues

(En)Cena – Há quanto tempo o projeto Terraquarium é realizado? Em qual contexto ele surge?

Conceição Previero – O projeto Terraquarium foi iniciado em 2001, quando da construção da Usina Hidrelétrica Luiz Eduardo Magalhães. Na ocasião o CEULP/ULBRA foi responsável pelo resgate dos animais silvestres no enchimento do lago da Usina. O Terraquarium foi o centro de recepção dos animais feridos ou localizados em locais inadequados (residências, locais públicos etc), para posteriores cuidados, quando necessários e retorno ao seu habitat. Também foram resgatadas espécies da família Orchidaceae (as orquídeas), estas foram “fixadas” nos caules das plantas conforme suas afinidades. Após o término do resgate alguns animais permaneceram por um período nesse espaço e em 2009 foram destinados os últimos espécimes para outros Centros de Recepções. O Terraquarium foi um marco para o CEULP/ULBRA frente à importância do trabalho realizado. Até os dias de hoje somos contatados para recepção de animais silvestres. No ano de 2011 foram retomadas as atividades, com foco na Educação Ambiental. Hoje, a equipe de estagiários que fazem parte desse projeto, realizam trabalhos diretos ou complementares, são eles: Ícaro Gonçalves Santos, Filipe Cabral Lima Ferreira, Tatiana Gomes Cesar, Lucivania de Sousa Santos, José Adailton Rodrigues de Sousa, Daniella Martins Pimenta, João Guilherme Teixeira e o biólogo Pedro Henrique Campelo.

 


Espécies resgatadas – Foto: Solange Alves

Visita monitorada– Foto: Solange Alves

 


Animais silvestres apreendidos – Foto: Solange Alves

 


Tratamento de animais silvestres – Foto: Solange Alves

 

(En)Cena – O Terraquarium, em seu objetivo principal, promove Educação Ambiental. Qual é esse conceito?

Conceição Previero – A promoção da Educação Ambiental é vista como consequência das práticas desenvolvidas. É um trabalho permanente, contínuo e transversal. É um conceito que vai além do modismo que a mídia impõe sobre ser politicamente correto no que tange a questão ambiental. Não adianta abraçar uma árvore em protesto a sua permanência e no dia a dia não incorporar práticas que venham a condizer com o seu discurso.

(En)Cena – “Terraquarium”, além de ser o nome do projeto, é um espaço físico e área verde no campus do CEULP/ULBRA. De que forma esse local é utilizado e qual o diferencial dele no contexto palmense?

Conceição Previero – A cobertura vegetal na área do Terraquarium é uma parcela preservada do Bioma Cerrado. A fisionomia da vegetação mostra uma grande riqueza em números de espécies, como: pequi, murici, cajuí, mangaba, ipê, jatobá, araçá, grudento, folha larga, puçá, fava de bolota, etc. A especulação imobiliária tem colocado o Cerrado no chão. No entorno do campus do CEULP/ULBRA fica evidente referida prática. As imagens de satélite evidenciam os fatos. Dentro deste cenário se verifica a importância deste espaço, não somente para a comunidade acadêmica da Instituição, mas para toda a comunidade no seu entorno.  Há de se considerar que a área preservada tem sido refugio para algumas espécies de animais do Cerrado, frente aos desmatamentos no entorno.

 


Imagens do Terraquarium e entorno no ano de 2009

 

Imagens do Terraquarium e entorno no ano de 2014

 

(En)Cena – Por meio de quais atividades práticas o projeto atinge os objetivos da educação ambiental?

Conceição Previero – O lúdico é o que mais evidencia a atividade. Por exemplo: ao explanarmos sobre a fava de bolota, espécie símbolo do Tocantins, a uma criança, onde ela poderá tocar as sementes, receber uma muda para plantio e na sombra da árvore da mesma espécie, haverá uma percepção diferenciada. Outro exemplo: Fazemos uso de animais silvestres taxidermizados (empalhados), onde espalhamos exemplaresao longo de uma trilha que percorre o interior da mata em questão e as crianças os localizam e os identificam. A resposta é espetacular frente à fantasia que as crianças criam diante do cenário.  Sob estas condições falamos sobre a importância da preservação e o porquê dos animais taxidermizados. Para conhecimento do comportamento de espécies nativas do Cerrado, quanto a armazenabilidade das sementes, germinação, crescimento das plantas, desenvolvemos pesquisas científicas, cujos resultados são apresentados em eventos técnicos-científicos e socializados nos diferentes grupos sociais. Na campanha “Adote uma árvore” distribuímos em 2013 aproximadamente 3000 mudas de espécies nativas e frutíferas em parceria com a Prefeitura de Palmas. Ao adotar uma muda a pessoa recebe orientação sobre o plantio e um certificado se comprometendo a zelar pelo desenvolvimento da espécie. O espaço também tem sido utilizado pelo Exército e Corpo de Bombeiros em provas do projeto Akádemo: Uma lição de vida e eventos institucionais.

 


Tirolesa realizada pela equipe do Corpo de Bombeiros

 

Falsa baiana realizada pela equipe do Corpo de Bombeiros

 


Pista de orientação realizada pelo Exército

 

Clínica sobre comportamento humano e meio ambiente


Clínica sobre resíduos da construção civil

 


Pesquisa com espécies nativas – Fava de bolota e orelha de macaco

 


Caroço do pequi para extração da semente

 

Sementes de pequi

 

Mudas de pequi – Pesquisa

 

Mudas de cajá – Pesquisa

 

Frutos de murici para extração das sementes

 


Plântulas de cupuaçu – Pesquisa

 

Educação Ambiental Alunos do SESC- Ensinando como plantar espécies de hortaliças

 


Plantio de mudas dentro do Projeto Akádemo

 

Campanha distribuição de mudas AGROTINS 2013 – Projeto “Adote uma Árvore”

 


Mudas para doação – Projeto “Adote uma Árvore”

 

Campanha do Projeto “Adote uma Árvore”

 


Campanha do Projeto “Adote uma Árvore”

 


Promoção da Educação Ambiental com animais taxidermizados – AGROTINS 2013

(En)Cena – Qual a importância de discutir ‘relação do indivíduo com o meio ambiente’ na universidade? Há dificuldades para tratar do assunto com acadêmicos e a comunidade em geral?

Conceição Previero – A transversalidade do tema meio ambiente perpassa em todas as áreas de conhecimento. A maioria dos acadêmicos envolvidos no projeto é do curso de Ciências Biológicas, mas temos percebido um despertar em outras áreas, como o Direito Ambiental, Psicologia Ambiental, Mídia Ambiental, Saúde Humana e Ambiente. Impossível pensar no indivíduo isolado do meio ambiente e onde esta o indivíduo há problemas ambientais. É lamentável, por exemplo, nos depararmos com resíduos sólidos e jogados no chão quando as lixeiras estão do lado. Basta ter olhos para ver que isto acontece também nos espaços da nossa Instituição. Fizemos uma coleta de resíduos na Instituição e depositamos em local de fácil visibilidade, na expectativa de que mexeria com os cidadãos, mas a resposta não veio. Não acredito em respostas em curto prazo no que tange a EDUCAÇÃO + Ambiental. Sempre nos questionamos o que fazer??? A resposta é continuar e fazer das práticas um novo despertar. Educar dá trabalho, por isso que eu acredito que a promoção da Educação Ambiental Infantil é mais promissora.

 


Resíduos sólidos coletados nos estacionamentos e jardins do CEULP/ULBRA

 

(En)Cena – Enfim, qual é a expectativa do Terraquarium? O que ele pretende despertar no âmbito acadêmico e social?

Conceição Previero – Parto do pressuposto que é preciso vivenciar o nosso discurso, o que nem sempre é fácil. Não estamos prontos e o trabalho deve ter sensatez. Há uma discussão entre ambientalistas, por exemplo, que a divulgação de uma lista de espécies ameaçadas pode ajudar na extinção, com fotos, locais em que ocorrem, e seus hábitos de vida. Isto nos põe em xeque sobre determinadas práticas. É preciso reavaliar sempre. Acredito que parte da comunidade acadêmica do CEULP/ULBRA desconhece a existência da área nativa e preservada que temos dentro do campus e no desenvolvimento do projeto “Terraquarium: Educação e Meio Ambiente”. Um grande desafio é deixar/fazer com que as pessoas conheçam o projeto. A promoção da catálise diante das práticas será em resposta ao catalisador – indivíduo.