Motivação e Disciplina: José Eduardo Bispo fala sobre produtividade no ambiente de trabalho

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O Portal (En)Cena entrevistou o psicólogo José Eduardo Bispo (CRP 23/2691), agresso da Ulbra Palmas.  Sua formação foi caracterizada pelo envolvimento com a área da psicologia do esporte através de diversas práticas de estágio e extensão, somado a isso, fez sua ênfase na Análise do Comportamento e Desempenho. Atualmente foca sua atuação em assuntos relacionados à alta performance, motivação e disciplina. Nessa entrevista, falamos um pouco sobre Produtividade, Motivação e Disciplina no ambiente de trabalho e como isso tem afetado a saúde dos trabalhadores. 

(En)Cena: O que é ser uma pessoa produtiva, de acordo com a visão psicológica?

José Eduardo Bispo: A psicologia é bem generosa quanto ao conceito de produtividade. Inclusive, trabalha há diversos anos para desconstruir esse estigma de que trabalhar 11 ou 12 horas seja algum sinônimo de produtividade. Esse movimento é visto principalmente junto com as big techs, algumas em São Paulo inclusive, que já adotaram as medidas de menores cargas horárias de trabalho e perceberam que isso converteu-se em mais desempenho e mais trabalho apresentado para a empresa. Digamos que a psicologia foi uma das precursoras nessa tentativa de desconstruir que está acontecendo, devagar, mas ainda assim progredindo. Ocorre então a desconstrução do que seria desempenho e produtividade, do modelo antigo e baseado na idade média, de produzir o dia todo e trabalhar sempre. Por essa ótica, a motivação e a vontade de ir para o trabalho ou para uma coisa que é fixa e maçante diminui. Chega um momento onde há uma curva de cansaço e isso é normal, está dentro da nossa biologia. O que a gente tenta levar para esse indivíduo, é tirar esse senso de que estar cansado e exausto sempre é produtividade. A intenção é deixar com que esse indivíduo se sinta mais motivado e animado com a rotina de trabalho. 

(En)Cena: Como podemos encontrar motivação no ambiente de trabalho?

José Eduardo Bispo: Ao desconstruir a logística de trabalho exaustivo, desconstruimos também a ideia de que se algo que não foi concluído, tem que ser concluído no mesmo dia, se não a empresa/pessoa vai à falência. Desconstruindo esses conceitos que a gente tem um trabalhador mais descansado e mais motivado porque sabe que o trabalho vai ser mais descontraído, com menos pressões para bater metas que muitas vezes são irrealistas e a partir disso esse trabalhador vai ter mais produtividade por conta da sensibilização desse ambiente que a maioria das vezes é ligado à uma ideia de ambiente exaustivo que faz com que ele sempre saia cansado sem conseguir fazer mais nada. 

                                                                                                                                                   fonte PixaBay

(En)Cena: Como ser produtivo quando falta motivação?

José Eduardo Bispo: É importante desconstruir essa logística de que a motivação sempre vai estar no alto e que esse indivíduo sempre vai estar animado para produzir. Na logística do desempenho, a partir do livro “Psicologia Produtiva” ele pontua que essa motivação vai estar sempre atrelada a figuras mais associadas a lideranças do que a chefia nos princípios arcaicos. Essa liderança sai do papel de um chefe que fica sempre exigindo e não está junto com o trabalhador na maioria das vezes já a liderança seria uma coisa mais horizontal, em que existe um acompanhamento em relação ao desenvolvimento desse trabalhador e ao mesmo tempo também desenvolve esse senso de motivação, sempre tentando motivar o trabalhador com afirmações positivas. 

(En)Cena: Qual a relação entre motivação e disciplina? 

José Eduardo Bispo: A partir das motivações positivas, citadas nas respostas acima, esse ambiente de trabalho ficaria menos desgastante e estimularia um desempenho e desenvolvimento maior. Por um momento esse indivíduo chegaria em uma logística de tentar ser mais produtivo devido o ambiente mais estabilizado e a partir disso essa disciplina vai surgindo aos poucos, é claro que no momento que esse ambiente por algum motivo vinhesse a desestabilização, esse trabalhador pode voltar a ter uma indisciplina no sentido de baixa produtividade, então é importante sempre estar fazendo essa manutenção, tanto na equipe de liderança vertical, como na equipe horizontal, que é a equipe mais próxima do trabalhador. 

                                                                                                                                               fonte PixaBay

(En)Cena: Quais os pilares para alcançar a disciplina ?

José Eduardo Bispo: O estabelecimento de metas realistas pode estimular, cada vez mais a disciplina desse trabalhador que busca um melhor desempenho. A partir dessas metas realísticas acompanha também o feedback de grupo que é fundamental para que a equipe de liderança mantenha a motivação e empenho da equipe, pois a partir do feedback de grupo. O feedback de grupo é dar um retorno sempre que esse trabalhador tenha algum comportamento ou evento esperado por essa empresa, para essa organização. É importante que esse feedback seja dado tanto em grupo quanto no individual com ações afirmativas sobre o que ele está fazendo de certo para que estimule cada vez mais esse desempenho, e do contrário quando tem algo negativo que esse trabalhador precise desse feedback é importante o feedback também em grupo e individual, porque sabemos que o trabalho individual afeta o grupo também. Essas práticas de deixar o ambiente menos pressionado e mais sensibilizado estimula de forma significativa, as pesquisas das big techs e experimentos feitos vem acompanhado dessa afirmativa.  

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Produtividade Inteligente: Produza de maneira assertiva e previna o adoecimento mental

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A produtividade muitas vezes é percebida de uma forma equivocada pela maioria das pessoas.
Fonte: pixabay

Atualmente, vivemos em um ritmo aceleradíssimo, com muito estresse, ansiedade e sem tempo para nada. E, infelizmente, as coisas que nos fazem bem ficam em segundo plano (saúde, família, amigos, hobbies, diversão, tempo livre!). Há uma relação complexa entre produtividade e adoecimento mental que pode levar a consequências negativas significativas. Muitas pessoas sentem que precisam trabalhar constantemente e produzir mais do que nunca para se manterem competitivas em um mundo cada vez mais acelerado e competitivo. No entanto, esse tipo de pressão pode ter um impacto negativo na saúde mental.

Camargo, Izabella (2020) menciona que, as pessoas quando são excessivamente produtivas muitas vezes se sentem sobrecarregadas, ansiosas e estressadas. Elas podem trabalhar longas horas, negligenciar sua vida pessoal e se sentir incapazes de desacelerar e relaxar. Além disso, as expectativas de produtividade podem levar a sentimento de culpa, vergonha e inadequação quando as metas não são atingidas. Esse tipo de pressão constante pode levar a problemas de saúde mental, como ansiedade, depressão e síndrome de burnout.  No DSM IV (Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais), a síndrome de burnout é um estado de exaustão emocional, despersonalização e baixa realização profissional que pode levar a problemas graves de saúde mental.

Os problemas que mais acometem os docentes são transtornos psicoemocionais, tais como depressão e ansiedade, e afecções osteomusculares (Luz, 2008; Emiliano, 2008; Borsoi & Pereira, 2011). O burnout é apontado como uma síndrome singular que afeta professores em razão da natureza específica de seu trabalho. Para Carlotto (2002), trata-se de um “tipo de estresse profissional que acomete profissionais que trabalham com qualquer tipo de cuidado, havendo uma relação de atenção direta, contínua e altamente emocional com outras pessoas” (p. 190). Lacaz (2010) sintetiza essa síndrome da seguinte forma:

Está associada a sintomas relacionados à exaustão mental, emocional, fadiga e depressão. São sintomas comportamentais e mentais, e não apenas físicos, e relacionam-se ao trabalho. Tais sintomas acometem pessoas “normais” e associam-se à queda do desempenho no trabalho, causada por posturas e comportamentos negativos. As dimensões da Síndrome envolvem exaustão emocional, despersonalização e baixa realização pessoal no trabalho. (Lacaz, 2010, p. 56)

Além disso, a cultura de produtividade pode levar a um ambiente de trabalho tóxico, onde as pessoas são constantemente comparadas umas às outras e incentivadas a competir. É importante lembrar que a produtividade não é o único indicador de sucesso e que a saúde mental deve ser uma prioridade. Equilibrar o trabalho e a vida pessoal, estabelecer limites saudáveis e praticar a autocuidado são fundamentais para garantir um ambiente de trabalho saudável e produtivo. 

Ser produtivo é uma qualidade muito desejável, pois está intimamente relacionada ao lucro e crescimento seja de pessoas ou empresas.
Fonte: pixabay

Camargo, Izabella (2020) enfatiza que muitas pessoas são muito extremistas e vivem de maneira insustentável. Muito se ouve: “estuda enquanto eles dormem”, e isso acaba levando muitas pessoas a se sentirem improdutivas e frustradas por não conseguirem acompanhar ou fazer o que os outros fazem.  Muito se fala de produtividade, mas poucos se explica que a produtividade precisa ser boa para os dois lados: para quem produz e para e para quem recebe o que é produtivo. Não adianta só aprender a fazer, fazer, fazer e não se cuidar.  Pois tanto o excesso, como a falta de produtividade pode gerar sentimentos de tristeza, incapacidade, improdutividade, incompetência e isso se resultar em psicopatologias.

Camargo, Izabella (2020) cita em seu livro que geralmente temos muita pressa para tudo, mas esse ritmo já provou que não é saudável. A autora nos conduz a refletir que não funcionamos como uma máquina. Somos um ser humano e justamente por não respeitar esses parâmetros saudáveis que podemos desenvolver doenças emocionais.  Inclusive a mesma autora relata em seu livro as consequência de ter vivido uma vida sem limite e fornece ainda em seu livro, algumas dicas de produtividade inteligente que poderá ajudá-lo a maximizar o seu desempenho sem comprometer a sua saúde mental:

  • Estabeleça metas realistas: defina metas realistas para si mesmo e divida-as em tarefas menores e gerenciáveis para evitar a sobrecarga e a sensação de ser dominado pelas tarefas.
  • Priorize tarefas: planeje suas tarefas com antecedência e priorize as mais importantes ou urgentes. Isso pode ajudá-lo a se concentrar no que é mais importante, e evitar se sentir sobrecarregado.
  • Faça pausas regulares: tire pequenas pausas regularmente, mesmo que seja por alguns minutos, para desacelerar, relaxar e recarregar suas energias. Isso pode ajudá-lo a manter o foco e evitar a fadiga mental.
  • Pratique a gestão do tempo: pratique a gestão do tempo, definindo horários específicos para concluir tarefas e evitando multitarefas. Isso pode ajudá-lo a manter o foco e aumentar a eficiência.
  • Tenha uma rotina saudável: certifique-se de ter uma rotina de sono adequada, alimentação saudável, exercícios e tempo para relaxar. Isso pode ajudar a reduzir o estresse e melhorar o seu desempenho geral.
  • Use ferramentas de produtividade: use ferramentas de produtividade, como aplicativos de gerenciamento de tempo, listas de tarefas e ferramentas de colaboração para ajudar a gerenciar tarefas e projetos de forma mais eficiente.
  • Comunique-se com colegas: comunicação aberta e efetiva com colegas de trabalho e líderes de equipe é fundamental para garantir que todos estejam alinhados em relação às prioridades e prazos.
A forma como você dá pausas e descansa, também faz diferença na sua produtividade.
Fonte: pixabay

Lembre-se de que a produtividade não deve ser um estressor, mas algo que ajude a gerenciar tarefas e atingir metas de saúde e bem-estar. Ser produtivo é um processo em constante mudança. Você precisa entender a si mesmo, porque assim entenderá como as dificuldades o afetam. Assim, superará as barreiras impostas à capacidade produtiva.

Referências:

American Psychiatric Association. DSMIV:  Manual de Diagnóstico e Estatística das Perturbações Mentais.  Lisboa: Climepsi Editores; 1996.

CAMARGO, Izabella. Dá um tempo! Como encontrar limite em mundo sem limites. 1° ed. – Rio de Janeiro: Principium, 2020.

Carlotto, M. S. (2002). Síndrome de burnout e a satisfação no trabalho: um estudo com professores universitários. In A. M. T. Benevides-Pereira (Ed.), Burnout: quando o trabalho ameaça o bem-estar do trabalhador (pp. 187-212). São Paulo: Casa do Psicólogo. Disponível em <: http://www.scielo.org.co/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S165792672013000400018 >.  Acessado em 28 fev. 2023.

Lacaz, F. A. C. (2010). Capitalismo organizacional e trabalho: a saúde do docente. Universidade e Sociedade, 19(45), 51-59. Disponível em <: http://www.scielo.org.co/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S165792672013000400018 >. Acessado em 28 fev. 2023.

Luz, M. T. (2008). Notas sobre a política de produtividade em pesquisa no Brasil: consequências para a vida académica, a ética no trabalho e a saúde dos trabalhadores. Política & Sociedade, 7(13), 205-228. Disponível em <:  http://www.scielo.org.co/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1657-92672013000400018 >. Acessado em 28 fev. 2023.

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CAOS 2022: Mostra de Práticas em Psicologia cria espaço para o compartilhamento de experiências

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Parte da programação do Congresso Acadêmico de Saberes em Psicologia (CAOS), no segundo semestre de 2022, vai ser realizada a 2° Mostra de Práticas em Psicologia, esta edição ocorrerá no dia 21 de novembro, das 19h às 22h, no miniauditório 543 do CEULP/ULBRA, com mediação da professora no curso de Psicologia do CEULP/ULBRA, Mestre em Psicologia Clínica e da Saúde pela Universidade da Beira Interior, Covilhã-Portugal (2015), a psicóloga clínica Muriel Corrêa Neves Rodrigues.   

A edição deste ano acontecerá entre os dias 21 e 26 de novembro, o congresso é promovido pelo curso de Psicologia do Centro Universitário Luterano de Palmas (CEULP), e o  tema desta edição é Saúde Mental no Trabalho. 

Destinado a acadêmicos e profissionais de Psicologia, o evento tem como objetivo suscitar discussões no âmbito acadêmico e profissional sobre questões relacionadas à saúde mental no ambiente do trabalho, com palestras, mesa-redonda, minicursos, seminários, entre outros. Para programação completa e inscrição acesse o site https://ulbra-to.br/caos/edicoes/2022/

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CAOS 2022 promove minicurso com o tema “A política de Saúde do Trabalhador do SUS”

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Na quarta-feira (23) o minicurso com o tema “A política de Saúde do Trabalhador do SUS”, como parte da programação do Congresso Acadêmico de Saberes em Psicologia (CAOS) de 2022. O congresso ocorrerá dos dias 21/11 a 26/11 com o tema Saúde Mental no Trabalho e contará com minicursos, palestras, momentos artísticos, psicologia em debate e sessões técnicas. O congresso tem como intuito proporcionar conhecimento e reflexões a respeito da saúde mental no ambiente de trabalho.

A ministrante do minicurso será a fonoaudióloga Me. Betânia Moreira Cangussu Fonseca, formada pela Universidade Tuiuti do Paraná, Mestre em Saúde Pública (ENSP FIOCRUZ), Especialista em Saúde do Trabalhador e Ecologia Humana pela Fundação (ENSP FIOCRUZ) e Especialista em Preceptoria do SUS pelo Hospital Sírio Libanês. 

Para o acadêmico em Psicologia Gabriel Primo, ter espaços de discussão sobre a Política de Saúde do Trabalhador é importante para a formação acadêmica, uma vez que “O SUS é uma conquista e direito de todos, mas quem faz o SUS acontecer na ponta são os trabalhadores e é necessário esse olhar de cuidado e entendimento da pessoa e do trabalho que exerce para que continue realizando da melhor maneira possível e o SUS continue potente”. 

O evento ocorrerá a partir das 19h, na sala 405 no Centro Universitário Luterano de Palmas – CEULP/ULBRA. Para inscrições e maiores informações acesse  o link https://www.ulbra-to.br/caos. A entrada é gratuita e a certificação será emitida aos inscritos. 

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A importância de falarmos sobre saúde mental no ambiente de trabalho

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A rotina em um ambiente de trabalho pode ser estressante com o acúmulo de atividades a ser cumprida, mesmo para aqueles considerados workaholics, definidos como pessoas viciadas em trabalho.  Por isso, existe a necessidade de não negligenciar a saúde mental, no ambiente profissional.  Nesse contexto, saberia responder o que é saúde mental? E o que ela representa no ambiente de trabalho? A Organização Mundial de Saúde (OMS) define que a saúde mental refere-se ao bem-estar em que o indivíduo é capaz de desenvolver suas habilidades pessoais, mesmo com o estresse do cotidiano, sem perder a produtividade.

De acordo com o Ministério da Saúde (MS), por meio da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) (2020), a Saúde Mental é a capacidade que cada um tem de decidir e trilhar sua vida, mesmo em frente aos acontecimentos negativos e positivos.  Nesse momento de pandemia da Covid 19, em que o mundo ainda está passando, houve um momento de um elevado pico de estresse, em especial, com os profissionais da saúde, que estão na linha de frente no combate à doença, informou a cartilha elaborada pela Fiocruz (2020). 

Irritabilidade, insônia, falta de apetite, baixa concentração são alguns dos sintomas que precisam ser observados, em especial quando afeta o desempenho do profissional, seja em qualquer área de atuação, pontuou o MS.  (LIMA; ASSUNÇÃO, 2011) observam que o suporte social e estratégias coletivas de enfrentamento podem ser considerados como fator de proteção para os trabalhadores expostos à intensa sobrecarga de trabalho.  A exposição ocupacional constante a eventos adversos pode influenciar negativamente a saúde mental. (LIMA; ASSUNÇÃO, 2011)

 

Fonte: Freepick

Um ambiente de trabalho que não é saudável pode afetar consideravelmente a saúde mental dos seus colaboradores, por meio de jornadas intensivas, redução do tempo de descanso para alcance de meta. Nesse contexto, muitos trabalhadores desenvolvem a Síndrome de Burnout ou Síndrome do Esgotamento Profissional.  Segundo o Ministério da Saúde, a doença é um distúrbio emocional que tem a exaustão como sintoma extremo, ocasionada pelo estresse e esgotamento físico resultante de um trabalho desgastante que incita a competividade.

Dor de barriga; sentimentos de derrota e desesperança; sofrimentos psicológicos e negatividade constante são alguns dos sintomas da síndrome, enquanto o estresse e a vontade de não sair da cama podem indicar o início da doença informou órgão de saúde.  Para o diagnóstico do distúrbio é preciso procurar um especialista na área.  O Sistema Único de Saúde (SUS) oferece gratuitamente todo tratamento, de forma integral.

 Com a pandemia, a rotina de diversos profissionais mudou consideravelmente, muitos passaram a trabalhar em casa, home office.  O que fez deixar o lar, tido como um local de descanso e desestresse, uma extensão do ambiente profissional, espécie de filial da empresa.  Nesse sentindo, é preciso encontrar um tempo para conectar consigo, mesmo. Ler um livro, praticar atividades físicas são algumas ações que podem estar sendo inseridas na rotina. Por último, como já foi mencionado, procure um profissional da área, para auxiliar no tratamento caso tenha desenvolvido algum tipo de transtorno mental.

Fonte: Freepick

 

Referência

Fiocruz, Fundação Oswaldo Cruz. Orientação aos Trabalhadores dos Serviços de Saúde. Disponível < https://www.fiocruzbrasilia.fiocruz.br/wp content/uploads/2020/06/cartilha_trabalhadores_saude.pdf >. Acesso: 15 de out, de 2021.

Brasil. Ministério da Saúde. Recomendações de proteção aos trabalhadores dos serviços de saúde no atendimento de COVID-19 e outras síndromes gripais.  

Brasil. Ministério da Saúde.  Síndrome de Burnout: o que é, quais os sintomas e como tratar.

Organização Mundial da Saúde (OMS). https://www.who.int/eportuguese/countries/bra/pt/ 

LIMA, E. de P.; ASSUNCAO, A. Á. Prevalência e fatores associados ao Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT) em profissionais de emergência: uma revisão sistemática da literatura. Rev. bras. epidemiol. São Paulo (2011). Disponível em < https://www.scielo.br/j/rbepid/a/FHmHGmZBKxpkHbqZKvXFGyJ/?lang=pt&format=pdf > Acesso: 15 de out. de 2021. 

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Caos 2021: Minicurso aborda o retorno ao trabalho presencial

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O Centro Universitário Luterano de Palmas – CEULP/ULBRA informa que irá de forma online promover o Congresso Acadêmico de Saberes em Psicologia- CAOS, que ocorrerá entre os dias 03 e 06 de Novembro de 2021, com o tema: Retorno ao trabalho presencial: acolhimento e adaptação. Inscrições pelo site (http://www.ulbra-to.br/caos) o evento irá ocorrer via Google Meet com capacidade para 100 pessoas na sala. Dentre as programações do congresso, haverá o minicurso que ocorrerá no dia 04 de novembro das 09:00 as 12:00. Contará com a presença da facilitadora Ketlen Thais Santana Gonçalves. (não encontrei currículo da profissional na descrição do trabalho). 

O avanço da vacinação está possibilitando a retomada ao trabalho que para alguns é de forma gradativa, ou seja, no formato híbrido (alternando horários e espaços de trabalho), e pode ser que esse modelo permaneça de algum modo como sendo parte das adaptações que tem surgido diante do caos que é a pandemia decorrente do vírus Covid-19. 

Esse retorno ao trabalho de forma presencial necessita dos cuidados de prevenção que vem sendo usado durante a pandemia, como o uso da máscara e pouco ou nenhum contato com as demais pessoas. Desse modo, as relações de afeto com proximidade como o abraço, por exemplo, continua sendo adaptada com outras demonstrações de proximidade, mas que ainda assim são distantes. 

Para esse novo formato, em ambiente no qual se passa tanto tempo junto de outras pessoas, porém separados pela lacuna da possível doença abrupta, requer um olhar e atitude de acolhimento e aconchego. Acolhimento diante do medo da contaminação, da ansiedade das novas formas de se relacionar, das novas estruturas em ascensão, de um novo eu para com o outro. 

Sendo assim, espera-se que o retorno ao trabalho, seja mais um meio de retomada de possibilidades que outrora era parte da caminhada, talvez dita em algum momento como estável, parte de uma rotina palpável a todos. Que essa velha forma de trabalho, seja uma nova forma de se ver, de ver os outros, como sendo parte de um todo no qual somos pertencentes.

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Síndrome de Burnout e o esgotamento no trabalho durante a pandemia

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Como diferenciar o cansaço cotidiano de um problema mais sério?

A Síndrome de Burnout teve aumento expressivo durante a pandemia e apenas em 2019 entrou para a Classificação Internacional de Doenças da OMS (Organização Mundial da Saúde).

O Médico Psiquiatra, Dr. Daniel Munhoz Moreira, explica que é comum confundir o cansaço rotineiro com a síndrome de Burnout e que a diferença está na intensidade em que os sintomas se apresentam no último caso:

“A Síndrome de Burnout envolve cansaço intenso, sensações de esgotamento unido a um distanciamento mental do trabalho e colegas. A pessoa se isola e tem a sensação de diminuição da eficácia no trabalho”, aponta.

O Dr. Daniel Munhoz Moreira também acrescenta que esses sintomas devem estar ligados principalmente ao trabalho, ou seja, não devem ser vivenciados em outros contextos, como é o caso do cansaço rotineiro comum.

Agravamento da síndrome diante do trabalho remoto

O especialista alerta que toda mudança gera naturalmente estresse e resistência, o que já se torna um desafio para as pessoas, junto à demanda do trabalho.

“A perda da rotina levou muitas pessoas a desenvolver o problema, ou seja, ter de ir ao local, encontrar pessoas, ter o momento para o café, almoço, a pausa para assuntos corriqueiros ou até mesmo relacionados ao trabalho”, explica.

O home office para a maioria das pessoas é compreendido como algo monótono e solitário, mas é necessário que sejam impostas regras sobre a nova rotina.

“É fundamental que as pessoas tenham horário para entrar e sair do trabalho, além disso, é preciso manter as pausas para descanso, que podem envolver diferentes atividades que trazem prazer e relaxamento como: meditação, escutar música, leitura, descontração com o animal de estimação, uma breve saída de casa, etc.”, acrescenta.

O Dr. Daniel Munhoz Moreira alerta que é importante se desligar totalmente do celular nesses momentos para experimentar de fato o relaxamento e a desconexão das pressões cotidianas do trabalho.

Fonte: encurtador.com.br/ghjl2

O que fazer quando bater a sensação de esgotamento que não passa?

O psiquiatra explica que primeiro é preciso identificar se o problema é apenas o esgotamento ou se vem acompanhado dos sintomas já mencionados anteriormente.

“Enfatizo a necessidade de inserir no dia a dia atividades prazerosas que incluem: atividade física, prática de esportes, passeio em família, assistir a filmes e séries, entre outras. Além disso, friso a importância da boa alimentação e dos cuidados com a rotina do sono, que varia de 6 a 8 horas por dia”, ressalta.

Tratamento nos casos diagnosticados como Síndrome de Burnout

O Dr. Daniel Munhoz Moreira ressalta que, quando diagnosticado o problema da síndrome de Burnout, é fundamental o tratamento junto a um profissional da área da saúde mental.

“Inicialmente o indicado é a psicoterapia, para que a pessoa consiga lidar com essas emoções relacionadas ao trabalho. Há muitas estratégias que podem auxiliar junto à psicoterapia como: acupuntura sistêmica, mindfulness e, em casos, mais graves, farmacoterapia (utilização de medicamentos)”, orienta.

O Dr. Daniel Munhoz Moreira acredita que a melhor maneira de cuidar da saúde mental é a prevenção que envolve inserir na rotina os momentos de descanso, de meditação (em que há um desligamento do que ocorre externamente) e até mesmo uma lista em que se escreva tudo aquilo pelo qual a pessoa se sente verdadeiramente grata.

“Vale lembrar que a busca por terapia não deve estar associada a um problema em si. Buscar por terapia é um passo importante para que a pessoa consiga ter um melhor entendimento sobre as suas emoções e sentimentos e para que possa mudar comportamentos disfuncionais”, conclui.

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The Good Doctor: profissionais que lidam com a crise

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Meu pai tinha esse mantra… “Seja como uma pedra, nunca chore”. Isso me tornou forte, o nem sempre foi uma coisa boa, mas foi o suficiente. (Dr. Alex Park)

A crise é uma série de eventos, ocorrências que podem acontecer de formas distintas, muitas vezes imprevisíveis. Como grandes situações catastróficas como terremotos, incêndios, estupros, momentos que podem ameaçar a integridade física, psíquica, social e a vida das pessoas. Na disciplina de Intervenção em situações de crise, do curso de Psicologia, é visto que pode existir uma ruptura psíquica do sujeito com essas conjunturas, ocasionando uma crise psicológica. Neste cenário o indivíduo pode experimentar uma perda familiar, término de relacionamento e mudanças radicais em torno do ambiente.

Vivenciar uma crise é uma experiência normal de vida, que reflete oscilações do indivíduo na tentativa de buscar um equilíbrio entre si mesmo e o seu entorno (SÁ, WERLANG, PARANHOS, 2008). Contudo, se esse equilíbrio não é firmado ou for alterado, rompido por alguma causa, a crise se instaura, fazendo com que o sujeito sofra com inúmeras alterações, físicas, comportamentais, ambientais e psíquicas. O estado de crise é limitado no tempo, quase sempre se manifestando por um evento desencadeador, e sua resolução final depende de fatores como a gravidade do evento e dos recursos pessoais e sociais da pessoa afetada (MORENO et al., 2003).

Fonte: encurtador.com.br/iloD3

Ao estudar sobre os profissionais que lidam com a crise, foi percebido que existem muitos profissionais que não apenas encaram esses acontecimentos, bem como sofrem com esses problemas. Como profissionais da saúde, educação, militares, bombeiros, psicólogos, entre outros.

A crise como uma experiência da vida humana é permeada pela necessidade de um cuidado profissional imediato pautado em conhecimento teórico-prático e vinculado a um modelo, para responder à pessoa em crise, coerente com os processos transformadores que impactam a prática interdisciplinar profissional e alinhado às atuais políticas públicas de saúde mental (ALMEIDA, et al, 2014).

Contudo, existem muitos profissionais que já estão adoecidos ou em estado constante de pressão, assim quando o dever os chama, eles sofrem em dobro. Não porque não sabem lidar com a situação, mas porque precisam estar em ótimas condições para englobar as necessidades das pessoas. Por também estarem em condições críticas, podem romper com a crise até no ambiente de trabalho.

Um bom exemplo disso é expressado durante a série The Good Doctor. Uma produção médica ambientada nos Estado Unidos, do qual um médico diagnosticado com síndrome de savantismo, um tipo de Autismo raro, desempenha grandes feitos através de habilidades intelectuais inimagináveis. Shaun Murphy é o protagonista principal, tido como um jovem e brilhante médico, contudo ele possui dificuldades em socializar com os funcionários do hospital e até com os pacientes. Após enfrentar numerosas barreiras em sua função como médico, Shaun consegue se adaptar da melhor forma possível no ambiente de trabalho. Até que nos episódios dez e onze da segunda temporada, ele e toda a equipe do San Jose St. Bonaventure Hospital passam por uma grande experiência traumática.

Fonte: encurtador.com.br/psCN5

Durante a véspera de Natal dois pacientes dão entrada no hospital com sintomas parecidos, sendo depois descoberto ser um vírus originário da Malásia e que pode levar as pessoas a morte. Toda a equipe da emergência teve que ficar em quarentena por causa do incidente, incluindo Dr. Marphy, que desde cedo se encontrava nervoso com os sons do pronto socorro. A crise começa no ambiente a partir do momento que as pessoas infectadas adentram o hospital, mas com o restante das pessoas o processo é mais longo.

A parte do episódio que evidencia a crise é o momento que tudo parece dar errado. Uma pessoa morre com o vírus, outra precisa ser operada, um garoto sofre com uma crise de asma e Shaun parece não aguentar mais a pressão do ambiente. No que tange ao fato dos profissionais enfrentarem a crise junto com os pacientes, parecia algo normal, que todo médico ou profissional da saúde deveria saber fazer. Mas não contavam com os fatores emocionais, pressão por ajudar várias pessoas assustadas, pouco material disponível e a ameaça iminente de morte.

O que parecia ser um dia normal na emergência, culminou em uma grande crise para todos os envolvidos. Os profissionais de saúde estavam cometendo erros, gritavam, entravam em traze, morriam na quarentena e mesmo em uma grande bagunça como aquela tentavam de alguma forma alcançar o equilíbrio.

Fonte: encurtador.com.br/psCN5

Embora tudo pareça ficção é visto na série que todos conseguem de alguma forma sobreviver ao acontecimento. Pois, eles se ajudaram, não deixaram a crise absorver tudo deles, cada um lidou com o problema com suas próprias reservas emocionais, psíquicas, físicas, etc.

Do exemplo em questão, percebe-se que a crise é uma perturbação temporária e em algumas pessoas pode ser uma forma de crescimento, uma forma de mudança e oportunidade para enxergar a vida com outros olhos. Para Parada (2004), quando a solução da crise se dá de forma adaptativa, surgem três oportunidades: a de dominar a situação atual, a de elaborar conflitos passados e a de apreender estratégias para o futuro. Logo, a elaboração da situação através de habilidades as vezes desconhecidas, pode servir como base para o manejo de situações conflituosas futuras. Que mais profissionais tenham o treinamento e as condições necessárias para realizar o manejo de modo adequado.

FICHA TÉCNICA DO FILME:

Título Original: The Good Doctor
Direção:Mike Listo, Freddie Highmore, Larry Teng, Steve Robin, Michael, Patrick Jann, Alrick Riley, David Straiton, Allison Liddi-Brown, Joanna Kerns, Steven DePaul
Elenco: Freddie Highmore, Nicholas Gonzales, Antonia Thomas, Tamlyn Tomita
País: Estado Unidos da América
Ano: 2017
Gênero: Drama Médico

REFERÊNCIAS

ALMEIDA. A. B.; et al. Intervenção nas situações de crise psíquica: dificuldades e sugestões de uma equipe de atenção pré-hospitalar. Rev Bras Enferm. 2014 set-out;67(5):708-14.

PARADA, E. (2004). Psicologia Comportamental Aplicada al Socorrismo Profesional. Primeros Auxilios Psicologicos. Acesso em: 29 de abril de 2019. Disponível em: http://members.fortunecity.es/esss1/Jornadas97ParadaE.htm.

MORENO, R. R.; PEÑACOBA, C. P.; GONZÁLEZ-GUTIÉRREZ, J. L. & Ardoy, J. C. (2003). Intervención Psicológica en Situaciones de crisis y emergencias. Madrid: Dykinson.

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