Quem tem um amigo tem tudo?

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   Como definir a amizade? Para alguns é a força, para outros o afeto, um lugar seguro, o compartilhar das relações, a união que faz a força. Ou ainda pode significar poder contar com alguém, compartilhar momentos, sair e se divertir ou simplesmente a sua definição do dicionário Oxford Languages: relação de estima entre duas ou mais pessoas. Durante a história vemos o conceito de amizade se modificando conforme sua função social.

Relações de amizade ao longo da história e seus benefícios.

     Na Grécia antiga somente homens podiam ter amigos, sendo que a amizade estava presente em um sentido sexual, conhecido como pederastia, onde homens mais velhos passavam seus conhecimentos, incluindo práticas sexuais a homens mais jovens. Já na roma antiga  a palavra que designava o termo  era  ”amicitia” correspondente a ‘’ troca de serviços puramente prática e compensatória”, que não chegava a exprimir as relações de amizade enquanto afeição e compromisso (KONSTAN,2005). Ou seja, era uma troca de habilidades, em que cada um oferecia o que tinha de melhor do que o outro. 

     Na idade média a amizade era marcada pela lealdade, no sentido de lutar pelo amigo e defendê-lo, podendo até mesmo morrer por ele. “O homem mata, entrega-se inteiramente à luta, vê o amigo lutar. Luta ao seu lado. Esquece-se de onde está. Esquece a própria morte (…)” (ELIAS, 1994, p. 194). A chegada do iluminismo no século XVII influenciou a amizade  de tal forma que passou a ser associada com à virtude e civilidade. A luta pela  individualidade e a verdade, permitem a possibilidade de encontrar um ‘’lugar para si’’, nessa época não só homens faziam amigos mas também mulheres, que não se preocupavam mais apenas com a maternidade ( MARTINS, 2007). 

      No período romântico enfatizava-se a necessidade de haver afinidade entre os envolvidos.Goethe (1992) diz que: essas afinidade representavam uma ‘’vontade’’ ou ‘’preferência’’ que fazem com que indivíduos entre em contato entre si, ou abandonem tais contatos para fazerem novos, sendo este  o papel social da amizade no Romantismo: desenvolver relações com um amigo.  Na sociedade moderna, marcada pela revolução industrial, as pessoas passavam mais tempo fora de casa, estreitando laços com pessoas que vivem no mesmo ambiente de trabalho. Ferdinand Tönnies (1955), destacam que era na família, na vizinhança e nos relacionamentos de amizades que se constituíam as relações de tipo comunitária, com um forte envolvimento emocional e maior proximidade entre os envolvidos. 

 


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             Ao vermos o papel social da amizade em diversas sociedades, conseguimos ter uma dimensão de que alguns elementos principais da amizade como: afeto, afinidade, e tempo de duração, marcam até hoje as nossas relações, percebendo então que o papel social da amizade, se dá pela  troca de afeto e do autoconhecimento com o outro. Robert Merton sugere que uma sociedade pode possuir uma diversidade de consequências funcionais ou não funcionais, fazendo com que a amizade não tenha apenas uma função mais várias, marcada pela troca de diversos sentidos. Além de ser fundamental para o bem estar mental, ter amigos faz bem pro coração e pro corpo. Algumas de outras funções e vantagem de ter amigos são

Amigos tem um papel importante para o desenvolvimento psíquico- social

          Natália Tavares Pavani Araújo, psicóloga do Hospital Alemão Oswaldo Cruz,identificou que ‘‘Na infância os amigos ajudam na socialização do indivíduo, na adolescência eles são importantes para ajudar o indivíduo a construir sua identidade e formar uma imagem de si. ‘’Já para os idosos, eles são fundamentais para combater a solidão, o que pode influenciar até mesmo na saúde dele.”.  Fazer Amizades e mante-las tem um impacto significativo nas nossas  vidas, através das amizades  aprendemoos novas culturas, novas formas de pensar, de enxergar e solucionar problemas além de desenvolver empatia.

As amizades permitem que possamos externalizar sentimentos 

         A amizade traz um sentimento de pertencimento que gera segurança e conforto.  “É um tipo de relacionamento que nos ajuda a ser mais humanos em nossas vidas”, afirma Cristina Borsali, psicóloga da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo . Um estudo de Harvard feito sobre a influência dos amigos, por parte dos neurônios espelhos, apontou que, a felicidade também se espalha entre os amigos. Se um amigo está feliz, a sua felicidade aumenta em 15,3%. Se o amigo de um amigo está feliz, a sua felicidade cresce 9,8%. Se o amigo do amigo do amigo está feliz, seu bem-estar aumenta 5,6%. (Superinteressante 2018)

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Amigos ajudam a  ter uma vida saudável e mais longa

           Um estudo realizado em 1937, provou que o que faz as pessoas serem saudáveis, não tem relação com dinheiro nem alimentação, mas segundo o Psiquiatra coordenador do estudo há 30 anos George Valliant ‘’a única coisa que realmente importa é a aptidão social, as suas relações com outras pessoas’ ou seja poder ter com quem dividir tristezas e comemorar alegrias, os bons amigos. 

          Uma revisão de 148 estudos feita nos Estados Unidos por especialistas da Brigham Young University e da University of North Carolina apontou que pessoas com amizades sólidas tinham 50% mais chances de sobrevivência. Os autores também concluíram que os efeitos da falta de amigos são comparáveis aos problemas provocados pela obesidade, pelo abuso de álcool e pelo consumo de 15 cigarros por dia. Um estudo da American Cancer Society concluiu, após analisar dados de mais de 500 mil adultos, que o isolamento social aumentava os riscos de morte prematura por qualquer causa.

          A relação entre amizade e bem estar se dá porque a mesma contribui  para a liberação de ocitocina e dopamina, neurotransmissores associados ao relaxamento e bem estar. Loretta Breuning explica que “quando o seu cérebro emite um desses agentes químicos (endorfina, serotonina, dopamina e ocitocina), você se sente bem”.Os tais hormônios da felicidade além de transmitirem sensações, podem controlar funções no corpo como a frequência cardíaca, o sono e o apetite.

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Amizades aumentam nossa produtividade

       A solidão é um dos fatores que mais prejudica o desempenho de um profissional.  Por isso, trabalhar com amigos pode aumentar a produtividade e a confiança dentro da equipe.  De acordo com a revista superinteressante (2018) quem tem um amigo no trabalho se sente 7 vezes mais envolvido com o que faz, 50% mais satisfeito e até duas vezes mais contente com o pagamento que recebe. Pessoas que possuem 3 ou mais amigos no trabalho, têm 96% mais chance de estar satisfeitas com a vida. Como já dizia Epicuro: ‘De todos os bens que a sabedoria proporciona para produzir felicidade por toda a vida, o maior, sem comparação, é a conquista da amizade”

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Amigos valem mais que dinheiro.

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        Segundo a revista superinteressante (2018) o economista Andrew Oswald (universidade de Warwick) criou uma fórmula que calcula quanto dinheiro seria preciso ter para compensar a falta de amigos, ele descobriu que as pessoas se consideram mais felizes quando ganham aumento de salário ou fazem um novo amigo. Logo ele resolveu cruzar as duas informações e chegou à seguinte conclusão: ganhar um amigo equivale a receber R$134 mil a mais de salário anual.  O que muitas empresas, principalmente no brasil, não são capazes de proporcionar,fica a dica: não largue seu emprego, mas  valorize seus amigos.

           Você pode até não concordar com as afirmações dos estudos científicos sobre a amizade, mas é fato como laços sociais significativos podem nos fortalecer, em uma sociedade em que a falta de tempo é algo comum, a rotina e exigente e desgastante e a qualidade de vida as vezes não é tão boa um amigo pode ser apoio necessário em um determinando momento,a força que se precisa para uma  melhora. ‘’ As palavras de amizade e conforto podem ser curtas e sucintas, mas o seu eco é infindável.’’ (Madre Teresa)

Dedico esse post aos meus amigos que me fazem tão bem <3

 

REFERÊNCIAS:

A ciência explica o poder de ter amigos Amizades melhoram saúde, humor e o ambiente de trabalho.Gazeta online, 2016. Disponivel em: <https://www.gazetaonline.com.br/bem_estar_e_saude/2016/08/a-ciencia-explica-o-poder-de-ter-amigos-1013967686.html> Acesso em 07 de abr de 2022.

BEERORCOFFE, Redação.Trabalhar com amigos: aumento de produtividade e de felicidade, 2022. Disponível em :<https://blog.beerorcoffee.com/2022/02/22/trabalhar-com-amigos/>. Acesso em: 07 de abr de 2022.

COSTA, Camilla. GARATONNI, Bruno.O poder das amizades na vida de uma pessoa . Super interessante, 2018. Disponível em: <https://super.abril.com.br/comportamento/o-poder-das-amizades-na-vida-de-uma-pessoa/>. Acesso em 07 de abr de 2022.

SANCHES, Daniela.A importância de se ter amigos e como mantê-los sempre perto de nós. UOL, 2019. Disponível em: <https://www.uol.com.br/vivabem/noticias/redacao/2019/11/01/a-importancia-de-se-ter-amigos-e-como-mante-los-sempre-perto.htm> . Acesso em 07 de abr de 2022.

SILVA, Barbara. Estudo sociológico da amizade duradoura e de sua função social na sociedade contemporânea.Vozes do vale. UNICAMP, São paulo. Nº. 06, p. (1-29), 10, 2014. Disponível em: <http://site.ufvjm.edu.br/revistamultidisciplinar/files/2014/10/Estudo-sociol%C3%B3gico-da-amizade-duradoura-e-de-sua-fun%C3%A7%C3%A3o-social-na-sociedade-contempor%C3%A2nea.pdf> Acesso em: 07 de abr de 2022.

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Afeto: potencial minimizador de suicídio

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Quando se quer entender as causas que levam a pessoa a cometer suicídio, é necessário analisar o estado emocional em que o indivíduo se encontrava antes de praticar tal ato. Ao analisar a pessoa, conseguimos identificar alguns aspectos que podem ter levado ao suicídio como: a solidão, a baixa autoestima e a não aceitação nos padrões da sociedade. A maioria desses aspectos é silencioso – nos quais serão abordados com mais ênfase ao longo do trabalho, juntamente com outros fatores que desencadeiam o suicídio. Quem está em volta só percebe quando tem um contato próximo com a vítima. O silêncio só ocorre no meio externo, internamente a pessoa está com pensamentos constantes e doentios, que muitas vezes levam a fazer o ato.

Segundo Émile Durkheim (1897, p. 360): “A tristeza não é inerente às coisas; ela não nos vem do mundo e pelo simples fato de o pensarmos. Ela é o produto de nosso próprio pensamento. Somos nós que a criamos integralmente, mas para isso é preciso que nosso pensamento seja anormal.” A solidão é um dos males que tem feito muitas pessoas desistirem de viver. A falta do afeto, dos amigos e da própria família leva muitos a tirarem suas vidas, para se livrarem do isolamento de alguma forma. Estas pessoas muitas vezes não estão só, elas podem estar rodeadas de amigos e parentes, entretanto, mesmo assim se sentem só e isoladas interiormente. Esse afastamento, sistematicamente nem notado, causa um estado de profunda tristeza, pois a pessoa só consegue enxergar seu estado de miséria. Durkheim explica esse estado de isolamento no seu livro O Suicídio (1897, p.358):

Quando, portanto, a consciência se individualiza além de um certo ponto, quando se separa muito radicalmente dos outros seres, homens ou coisas, ela já não se comunica com as próprias fontes em que normalmente deveriam se alimentar e não tem nada a mais que possa se aplicar. Produzindo o vazio em torno dela, produziu o vazio em si mesma e nada mais lhe resta sobre o que refletir a não ser sua própria miséria.

A solidão faz com que a pessoa viva um vazio intenso, além disso, ela ainda sofre com os padrões da sociedade, que muitas vezes são inalcançáveis, gerando nela uma baixa autoestima. Os indivíduos vivem fundamentados em diversos padrões, muitas vezes nem percebidos, a maioria da população não consegue seguir essas exigências, mas por causa da grande influência da mídia, a maioria acredita ser essencial buscar viver guiado por esses aspectos, nos quais as guiam de uma forma sutil. Essas exigências, que são muitas vezes não são alcançadas, provocam nas pessoas um sentimento de fracasso, gerando consequentemente uma baixa autoestima.

Fonte: http://zip.net/bntLwL

Como afirma Durkheim (1897, p. 322): “[…] Mas então suas próprias exigências tornam impossível satisfazê-las. As ambições superexcitadas vão sempre além dos resultados obtidos, sejam eles quais forem, pois elas não são advertidas de que não devem avançar mais. Nada as contenta, portanto, e toda essa agitação alimenta a si mesma, perpetuamente, sem conseguir saciar-se […]”.

Em toda e qualquer idade se vê o sofrimento por causa disso, porque para a maioria das pessoas o sentir-se bem significa ser aceito na comunidade, e a não aceitação gera um mal-estar. Qual seria a forma para diminuir a solidão, e estabilizar a autoestima das pessoas, sendo que a maioria sofre de alguma forma com esses aspectos, uns mais e outros menos? A resposta seria: O afeto. Porque através dele o indivíduo consegue se sentir acolhido, mais amparado, amado e aceito, gerando assim laços fortes que ajudam a diminuir esse mal estar que leva ao suicídio.

A importância da Sociedade na Minimização do Suicídio 

É fácil notar que o ser humano não nasceu para viver isolado. Buscamos constantemente, até mesmo inconscientemente, nos sentir pertencentes a algum meio. Segundo o livro Amor e Sobrevivência de Dean Ornish, estar integrado a um meio íntimo e amoroso é fundamental para a nossa sobrevivência, pois por um lado pode evitar um ato suicida e por outro pode fortalecer nossa saúde física e psicológica.

Fonte: http://zip.net/bdtLZf

A sociedade em si tem um papel importantíssimo na minimização do suicídio. Por exemplo, umas das pesquisas mais importantes sobre o suicídio foi realizada pelo sociólogo Durkheim, no qual fala que a decisão de tirar a própria vida, sempre teria um fundamento social: “[…] a pesquisa de Durkheim o levou a concluir que o principal fator que afetava o índice de suicídios era o grau de interação social dos grupos. Verificou que o nível de integração de um indivíduo a um grupo determinava a maior ou menor probabilidade de esse indivíduo cometer suicídio”  (ORNISH, 1998, p. 31).

Ou seja, quando as pessoas se sentem amadas e aceitas por um grupo, elas têm menos chances de cometer suicídio, apesar desse não ser o único fator. Logo, pesquisas exibidas no livro Amor e Sobrevivência de Dean Ornish, M.D, comparam pessoas que têm pouco ou nenhum envolvimento com a família, grupo de amizade sólido, até mesmo envolvimento em comunidades ou seitas religiosas, enfim, a sociedade em si, com pessoas que têm muito envolvimento com o corpo social e perceberam que os indivíduos que continham muita interação eram os mais saudáveis psicologicamente e fisicamente mesmo que estes se preocupassem menos com a saúde do que aqueles que tinham pouco envolvimento, mas praticavam exercícios físicos.

Portanto, podemos perceber que ter uma boa relação com o meio no qual estamos inseridos, implica diretamente na saúde física e psicológica e se o nosso físico e psicológico estão fortalecidos é mais difícil adquirir um quadro depressivo no qual no futuro poderia desencadear no suicídio. Concluindo, uma boa relação afetiva com o âmbito social pode evitar um impulso kamikaze.

Fonte: http://zip.net/bltKZK

Porém, se a anulação à sociedade pode gerar um mal-estar, a socialização demasiada também pode causar o mesmo efeito. Segundo o sociólogo Émile Durkheim no seu livro O Suicídio, quando o indivíduo está totalmente integrado à sociedade ele poderia tirar a própria vida em benefício de alguém ou de alguma crença, como, por exemplo, os mártires da igreja católica. Para esse tipo de suicídio Durkheim deu o nome de altruísta, no qual também definiu suas características: detém o sentimento de dever cumprido, entusiasmo místico e coragem tranquila. Eis os dois lados da sociedade e sua influência sobre o ato do suicídio e como o a importância do afeto como minimizador do atentado à própria vida.

A Importância da Família do Afeto 

Uma base familiar sólida, com vínculo afetivo é de extrema importância para o desenvolvimento saudável do psíquico/emocional. Quando a criança não possui, ou seja, não recebe esta referência, a tendência de se tornar um adulto inseguro, carente e dependente de uma ligação afetiva, faz que com que ela crie vínculos superficiais, a fim de se defender de futuras decepções. Outro ponto relevante é a forma como o adulto trata a criança, os gestos, às expressões sobre como ela é, isso, se concretiza, podendo assim analisar sua personalidade. Esse cuidado é fundamental, pois o comportamento na infância repercutirá na vida adulta desse ser. Assim como diz Dean Ornish: ‘’[…] os pais são geralmente a fonte mais importante de amor, apoio social e intimidade em nossa vida’’ (ORNISH, 1998, p. 45).

Fonte: http://zip.net/bttL9B

Em se tratando da adolescência onde essa fase é cheia de conflitos, transformações biológicas, psicológicas e sociais, a família deve estar totalmente atenta, a fim de lidar com as inseguranças desse adolescente que se vê cheio de cobranças diante as tantas mudanças. De acordo com Dean Ornish: ‘’[…] o apoio emocional pode proporcionar uma sensação de finalidade, significado e de pertencer ao mundo que vive. Onde se encontra o importante papel da família.’’ (ORNISH, 1998, p. 35).

A fase adulta é onde a busca da realização profissional, formação da família, a chegada dos filhos e a independência financeira traz importantes responsabilidades, o que muda completamente a vida do ser humano, onde a maturidade emocional deve estar em perfeita harmonia. Ou seja, ‘’[…] se sua experiência familiar foi repleta de amor e carinho, você tem maior probabilidade de ser aberto em seus relacionamentos atuais’’ (ORNISH, 1998, p. 45).

Enfim, a família pode ajudar o depressivo, buscando ter um relacionamento íntimo e recíproco, ou seja, lhe dando carinho, respeito, proporcionando incentivos, permitir que o deprimido dialogue a respeito da vontade de tirar a própria vida e principalmente ser empático e responder com amor a essa conversa, ao ponto da pessoa se sentir acolhida, segura e amada. Não existem dúvidas de que a família deve buscar conhecimento sobre o assunto, se preparar, para então ajudar e dar o apoio necessário, porém, mais que isso é preciso estar atento ao comportamento do parente, estar disposto a se envolver e incentivar o deprimido para que o mesmo não abandone o tratamento. Outro fator relevante é buscar ajuda em grupos de apoio, onde todos abordarão sobre o mesmo assunto, no qual irá contribuir para o entendimento da depressão.

Fonte: http://zip.net/bbtLlw

Por fim, ‘’ […] depende de vários fatores, principalmente da forma como cada um de nós enfrenta o problema, o nível de informação de que dispomos (nós familiares e amigos) para lidar com ele, e as redes de assistência disponíveis’’ (TRIGUEIRO, 2000, p. 70). O fato é que varias hipóteses podem ser levantadas, porém nenhuma delas se pode generalizar, visto que cada ser humano tem suas particularidades quando o assunto é suicídio, e o mais importante não subestimar e nem menosprezar as atitudes suicida e o comportamento desse familiar.

A Solidão

A vida solitária passa a ser um problema quando causa sofrimento na pessoa, e esta começa a se isolar da sociedade entrando, em um quadro depressivo, pois, ela carrega consigo uma sensação de desesperança e incapacidade de sentir prazer e vontade, ou seja, nada vale a pena, nem mesmo a vida. ‘’Sou eu que preciso de ajuda ou o mundo se tornou mesmo um lugar estranho, sem graça?’’ (TRIGUEIRO, 2000, p.63).

Fonte: http://zip.net/bttL9C

Como visto no tópico sobre a importância da sociedade; estar totalmente ou parcialmente afastado da comunidade pode gerar um mal-estar na saúde e no psicológico das pessoas. Pesquisas expostas no livro Amor e Sobrevivência de Dean Ornish mostram claramente este argumento à respeito da saúde: ‘’Por exemplo, há mais de quarenta anos, observou-se que os índices mais altos de tuberculose são registrados em pessoas isoladas, com pouco apoio social, mesmo quando moram em bairros ricos’’(ORNISH, 1998, p. 38). Se o isolamento causa este tipo de doença física na pessoa, pode-se imaginar o que se causa no psicológico também. Por este motivo que é tão fácil uma pessoa apartada da sociedade, por vontade própria, cometer suicídio. O que se sabe é que depressão não tratada leva o indivíduo ao suicídio, pois quem sofre com esta doença acha que se matando irá acabar também como o seu sofrimento.

O apoio familiar é de suma importância, ao ponto de ser um bom ouvinte sem julgar sem querer dar conselhos ou opiniões, buscar conhecer esse sofrimento, levar em consideração tudo que se ouve, estar disponível a ajudar fazendo a ver o quão importante ela e sem fazer comparações, buscar ver a situação do ponto de vista que causa tanto sofrimento. ‘’Também reconhecida como transtorno do humor, a depressão se manifesta de diferentes maneiras ou graus de intensidade. Se imaginarmos uma alma de ferro que se desgasta de dor e enferrujam com a depressão leve, então a depressão severa e o assustador colapso de uma estrutura inteira” (TRIGUEIRO, 2000, p. 71).

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O ser humano tem a necessidade de se sentir pertencente a algum grupo e necessita ver na sua vida alguma razão para a sua existência, isso faz com que nós experimentamos o bem estar. A solidão se agrava quando o indivíduo não tem essa perspectiva de que é importante e de que sua vida tem algum valor para a sociedade em geral, como afirma Émile Durkheim:

 […] é necessário que, não apenas de quando em quando, mas a cada instante de sua vida, o indivíduo possa perceber que o que ele faz tem um objetivo. Para que sua existência não lhe pareça vã, é preciso que ele a veja de modo constante, servir a um fim que lhe diga respeito imediatamente. Mas isso só é possível desde que um meio social mais simples e menos extenso o envolva de mais perto e ofereça um fim mais próximo à sua atividade (DURKHEIM, 2000, p. 489).

A solidão pode ser vivida mesmo a pessoa estando no meio da multidão, por isso o afeto desde a infância é algo extremamente necessário, a família precisa dar apoio desde as primeiras horas de vida até a velhice, para assim evitar futuros problemas emocionais que na maioria acarretam suicídio.

O Egoísmo

A primeira vez que um ser humano se juntou ao outro foi a partir da necessidade de procriação, e com isso o número da população foi crescendo aos poucos, tudo era feito em conjunto desde caçar, se alimentar, se proteger, entre outros aspectos que fizeram que a raça humana se perpetuasse. A sociedade aos poucos foi mudando e sempre que havia união entre as pessoas algo mudava no mundo.

Aquele velho ditado que diz que a união faz a força realmente tem muito sentido, desde revoluções a terríveis guerras, mesmo sendo algo tão destrutivo. Mas algo está mudando na vida das pessoas, uma peça chave está mudando todo conceito de unidade: o egoísmo. Na pós-modernidade o tempo acelerado tem feito as pessoas focarem mais em si, formando assim uma sociedade mais egoísta. Como exibido no livro Amor e Sobrevivência de Dean Ornish, a atenção, o amor, a dedicação muda muita coisa, podendo prevenir doenças e até mesmo o suicídio, que é o principal foco desse trabalho.

Fonte: http://zip.net/bgtLp6

O egoísmo tem mudado muitos aspectos pelo mundo, no qual altera inúmeras realidades, como diminuição do numero de natalidade, maiores casos de depressão, doenças cardíacas, aumentou os casos de suicídio, e a realidade de cada lugar do mundo mesmo que por muitas vezes sendo diferente, tem a mesma consequência. Quando o nós saiu de cena e entrou apenas o eu, é perceptível a mudança em um contexto geral. A individualidade, ou seja, não conseguem interagir mais socialmente, não interagindo com a família, amigos, entre outros grupos sociais existentes, não sentem mais aceitos no mundo, e surgem pensamentos melancólicos, como ninguém me aceita, ninguém gosta de mim, ninguém me entende, entre outros pensamentos negativos que vão deixando a pessoa cada vez mais pra baixo, chegando ao extremo de tirar própria vida.

Considerações Finais

O que fazer para mudar isso, como acabar com egoísmo e o suicídio, como perceber que uma pessoa precisa ser amada e aceita pela sociedade e pela família sem direcionar essa resposta levando a culpa para o governo ou para órgãos responsáveis? Não tirando de lado alguns erros causados pelos mesmos, mas a principal mudança precisa partir do eu para chegar ao nós. Se tirássemos as vendas dos olhos, seria bem possível ver que matamos pessoas, não diretamente, mas moralmente, por conta de agressões verbais, nas quais podem causar inúmeros problemas.

O amor seria uma forma de curar o mundo, pois o amor teria que começar principalmente no indivíduo, que seria o amor próprio, e depois ir para um todo, se assim fosse, os índices de suicídio diminuiriam de uma boa parte, pois nem tudo é causado por um único agente, como foi exposto neste trabalho, tem vários casos e fatores nos quais são muito subjetivas as causalidades que levam uma pessoa a tirar a própria vida. Entretanto, se tivesse união de verdade entre as pessoas, não seria por falta de amor que as pessoas morreriam no mundo.

Fonte: http://zip.net/bptL4K

Vale apena pensar se o que eu faço contribui apenas pra mim, ou pode ajudar uma pessoa, como dizia Newton em uma de suas leis tudo que fazemos tem uma consequência, então vale apena investir em coisas que ajudem a todos, às vezes conseguimos aquilo que queremos ajudando o outro, e muitas vezes mesmo querendo receber um abraço, dando um abraço em quem precisa mais de você é que se recebe a recompensa. “A percepção do amor… pode vir a ser um preventivo central biopsicossocial-espiritual, reduzindo o impacto negativo dos agentes estressantes e patogênicos e reforçando a função imunológica e a cura” (ORNISH, 1998, p. 40).

Nota: Ensaio elaborado como parte das atividades da disciplina de Filosofia do curso de Psicologia do Ceulp/Ulbra, sob supervisão do prof. Sonielson Sousa.

REFERÊNCIAS:

DURKHEIM, Émile. O suicídio: estudo de sociologia. 1. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2000. 513 p., il.

MENDES, André Trigueiro. Viver é a melhor opção. 3. ed. São Bernardo do Campo, SP: Correio Fraterno, 2017. 190 p., il.

ORNISH, Dean. Amor & sobrevivência: a base científica para o poder curativo da intimidade. Rio de Janeiro: Rocco, 1998. 263 p., il.

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