O que é o Mental Fitness?

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A vida é uma conjunção de escolhas e consequências de ações, isso é meio que universal em todos os aspectos. Palavras não podem ser retiradas, tudo de bom e tudo de ruim que já aconteceu teve algum ponto de ignição, muitas vezes por interferência humana.

Um exemplo prático é a obesidade, a desregulação alimentar acrescida do sedentarismo impulsionará um indivíduo a adquirir camadas e camadas de gordura extra no seu corpo de modo que no futuro sofrerá fisicamente (mentalmente também) com a forma que lidou com essa situação.

Fonte: Imagem by vectorjuice no Freepik

Trazendo para o campo psicológico, temos os transtornos e doenças psíquicas que tiveram início através de um construto de fatores, resultantes de questões biológicas ou até mesmo reações externas. Assim como a obesidade, a depressão precisa de tratamento, o acompanhamento profissional e as atividades psicoterápicas proporcionaram para o indivíduo uma melhoria no seu quadro depressivo.

Mas o que isso tem a ver com o título do texto? Bem, inicialmente é preciso observar que a palavra fitness, adotada no Brasil para atribuir a um condicionamento físico saudável, traz uma condição de prevenção na prática e cuidado com a saúde física.

Esclarecendo o ponto, uma pessoa que pratica atividade física busca, quase que universalmente, um equilíbrio nas suas condições físicas, de modo a evitar prejuízos com saúde e impulsionando seu bem-estar e longevidade.

Porém o compromisso saudável não é fácil, posto que em alguns casos não é possível perceber uma mudança imediata nos aspectos físicos e sanitários da pessoa, de igual modo, uma pessoa que possui a mente prejudicada por transtornos não diagnosticados muitas vezes não se dá conta do prejuízo que esse lhe causa a longo prazo.

Agora, conectando-se com o texto, essa nova onda comportamental, com origem recente, busca conectar os cuidados prévios da saúde física e mental, por isso o nome Mental Fitness.

Uma curiosidade interessante a ser destacada são as recentes divulgações cientificas sobre os “cérebros” localizados no Intestino e Coração humano, já farei uma conexão com essas informações.

A saúde mental, por um tempo, foi compreendida somente como o zelo nas relações, não sendo observado precipuamente o corpo como um fator para o bem-estar da mente (mas este muitas vezes foi utilizado para associar algum aspecto doente, por exemplo, ansiedade e obesidade ou depressão e anorexia).

Nos mais recentes estudos, foi descoberto que a má alimentação, ou a ingestão de alimentos não saudáveis são prejudiciais para o cérebro, podendo alterar o comportamento cognitivo de alguém. O maior exemplo que pode ser apresentado é o do chocolate que se consumido de forma irregular e demasiada pode se tornar um produto vicioso com efeitos similares – porém diminutos – ao ópio.

Fonte: Imagem by Freepik

Além da dependência ao chocolate outra reação possível é a obesidade e problemas de saúde relacionados ao açúcar, como diabetes. 

É sempre importante lembrar que tudo que ingerimos sempre será a junção de compostos químicos que podem (ou não) alterar nossas capacidades cognitivas de forma momentânea ou duradoura.

Com isto, manter bons hábitos alimentares, em conjunto com a prática de atividades físicas, bem como com o exercício da resiliência individual podem guiar o ser humano a uma vida mais plena de modo a evitar prejuízos à saúde física e mental a curto e longo prazo.

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Falando sobre hábitos alimentares e resiliência. Recentemente foram disponibilizados estudos que afirmam que o Intestino, órgão responsável por fazer a digestão dos alimentos possui cerca de 500.000.000 (quinhentos milhões) de neurônios, uma quantidade inferior somente ao próprio cérebro que possui bilhões de conexões neurais. Mas por que isso é relevante? Bem, como dito acima, os alimentos influenciam diretamente no comportamento humano e quando bem tratado (bem alimentado) poderá impulsionar o indivíduo a apreciar a vida de forma plena.

Assim como o intestino, o coração foi outro órgão que se descobriu uma quantidade significativa de neurônios, aproximadamente 40.000 (quarenta mil) neurônios estão presentes e participam constantemente do funcionamento do coração. Essas informações servem para compreender que a prática de resiliência com as relações sociais e pessoais podem sim colaborar para o bem-estar psicológico, mantendo sua mente fitness.

Lembrando que é impossível controlar todas as situações que ocorrem, como dizia a frase “como culpar o vento pela desordem feita, se fui eu que deixei a janela aberta”, não somos capazes de premeditar todas as situações negativas que acontecerão conosco, mas podemos nos preparar física e mentalmente para suportá-las de forma a minimizar os prejuízos sofridos.

Por isso surgiu essa ideia de Mental Fitness que busca alcançar o ápice do bem-estar humano.

 

REFERÊNCIAS

VARELLA, Mariana. Neurônio. Portal Drauzio Varella. Disponível em <https://drauziovarella.uol.com.br/corpo-humano/neuronio/>, acessado em 16 set 2022.

GODI, Dianna. Os efeitos que o consumo de chocolate pode causar nas pessoas. Minuto Psicologia. Disponível em <http://www.minutopsicologia.com.br/postagens/2021/07/07/os-efeitos-que-o-consumo-de-chocolate-pode-causar-nas-pessoas/> acessado em 15 set 2022.

DESCONHECIDO. Por que o intestino é considerado nosso ‘2º cérebro’ e outros 5 fatos surpreendentes sobre o órgão. BBC NEWS Brasil. Disponível em <https://www.bbc.com/portuguese/geral-45664504> acessado em 16 set 2022.

DESCONHECIDO. O coração também tem neurônios. Disponível em <https://amenteemaravilhosa.com.br/coracao-tambem-tem-neuronios/>, acesso em 14 set 2022.

DESCONHECIDO. Fitness mental: saiba o que é e conheça alguns exercícios. Disponível em < https://melhorcomsaude.com.br/fitness-mental/>, acesso em 16 set 2022.

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Tudo em todo o lugar ao mesmo tempo e a simbologia Junguiana

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O filme lançado em 2022, “Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo” conta a narrativa de uma mãe imigrante chinesa sobrecarregada (Michelle Yeoh) que se chama Evelyn, apesar da premissa dramática, o filme é do gênero da ficção científica e comédia. Junto com a situação de Evelyn, ela tem que lidar com conflitos familiares e com a lavanderia que comprou com o marido Waymond. Um dos principais conflitos é com sua filha, Joy, que é uma jovem lésbica que procura pela aprovação da mãe e do avô.

A premissa do filme gira em volta de um dia importante para Evelyn e Waymond que vão a receita federal conversar com uma auditora um tanto rígida, porém no elevador a caminho do escritório, Waymond muda completamente de comportamento e personalidade e a avisa que sua vida está em perigo e precisa entender como pode impedir um grande desastre. A partir daí Evelyn embarca em uma jornada confusa e incessável em que ela tem que viajar entre universos para parar a vilã Jobu Tupaki.

Durante a trama é revelado que Jobu é sua filha, Joy, de outro universo, um universo em que Evelyn era uma cientista e levou Joy para além de seus limites até que a mente dela tomou de conta de todos os universos e ela passou a vivenciar tudo em todo lugar ao mesmo tempo. Se tornando uma antagonista em busca de alguém que a entendesse e esse alguém era Evelyn. Ela é considerada vilã por ter criado um tipo de buraco negro representado por um donut escuro que suga mais do que a luz, Jobu diz que colocou todos seus sentimentos e tudo que aconteceu a ela nesse donut.

Fonte: Divulgação Prime Vídeo

Por outro lado, o dia a dia de Evelyn é interrompido a todo momento por olhos móveis de plástico que Waymond coloca em todos os lugares, segundo ele esses olhos deixam o ambiente que normalmente é carregado e estressante, mais leve e divertido. Waymond encara a vida de uma forma positiva em que mesmo em tempos difícieis e especialmente neles as pessoas precisam ser gentis umas com as outras.

O pensamento niilista de Jobu entra em choque com o pensamento otimista de Waymond, que influencia Evelyn a “vencer” Jobu e recuperar sua filha. A simbologia do buraco negro e do pensamento de Waymond são apresentadas a partir de um círculo preto com o centro branco e um círculo branco com o centro preto, demonstrando que mesmo na falta de esperança e acreditando que nada importa, Jobu ainda tem uma saída e mesmo enfrentando a vida com amor e gentileza, ainda existem momentos ruins.

Fonte: Divulgação Prime Vídeo

Tais conceitos refletem a simbologia de Yin/Yang, que são traduzidos como o princípio feminino e o princípio masculino. Visto que é a ideia de que os dois princípios são opostos, mas se complementam, no Yin existo um pouco do Yang e no Yang existe um pouco do Yin, no sentindo original o Yin é enxergado como nebuloso e sombrio, já o Yang é algo que brilha e ilumina (Wihelm, 2006).

Ao ter aspectos de um em outro, Evelyn e Jobu/Joy encontram um equilíbrio entre si que não se excluem, mas se integram de uma forma que o filme interpreta como a recuperação do vínculo entre mãe e filha apesar da resistência das duas.

Fonte: Imagem por rawpixel.com no Freepik

A forma que vemos essa dualidade na psicologia analítica é através dos arquétipos feminino e o masculino, a anima e o animus. O arquétipo é visto como um potencial inato de imaginação e comportamento que pode ser encontrado nos seres humanos em qualquer lugar, são conteúdos inconscientes.

REFERÊNCIAS

PEREIRA, Aline. O Verdadeiro Multiverso da Loucura. Adoro Cinema, 2022. Disponível em <Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo: Críticas AdoroCinema> Acesso em: 26/08/2022

Wilhelm, R. (2006). I ching: o livro das mutações. São Paulo: Pensamento.

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Efeito conformidade: A tendência para seguir os outros sem questionar

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Sabe aquele comportamento que acontece em um determinado lugar ou situação e se reproduz como rastilho de pólvora pela maioria das pessoas presentes? Em muitas situações chega até ser visível por outras pessoas a indecisão ou apenas a reprodução de uma fala, um aceno, um gesto de amor ou ódio dispensado à situação ou ao grupo de pessoas. Tal comportamento se afirma na necessidade que muitos sujeitos têm de se sentirem aceitos ou vistos pelo grupo desejado. Esta tendência de comportamento em não se colocar ou simplesmente se colocar do lado da maioria é muito observada no vasto terreno das redes sociais, onde os sujeitos se escondem nas opiniões daqueles que colocam suas falas e posições sobre determinado assunto, concordando com eles! Isso tem nome, chama-se comportamento em conformidade, ou seja, a capacidade de ser conforme, de seguir, de reproduzir. Conformidade significa ato ou efeito de se conformar, de aceitar, de não se opor, de se por de acordo, conformação, concordância.

Fonte: encurtador.com.br/muzE3

Esse tipo de comportamento foi estudado pelo psicólogo polonês Solomon Asch na década de 1950. Sólomon foi pioneiro nos estudos da psicologia social, estudando a influência que as pessoas exercem sobre outras. O psicólogo estudava este comportamento através de experiências que avaliavam a conformidade do indivíduo ao grupo, a capacidade adaptativa ao grupo. Uma de suas principais conclusões foi o simples desejo de pertencer a um ambiente homogêneo faz com que as pessoas abram mão de suas opiniões, convicções e individualidades.

Fonte: encurtador.com.br/ginX1

É interessante pensarmos sobre esse desejo de pertencer ao grupo que leva a comportamentos passivos, onde a persona se oculta manifestando o lado da sombra de forma sutil produzindo assim resultado em conformidade com o ambiente. O indivíduo observa, sente e projeta aspectos da psique através de sua persona, predominando assim um estado de adequação e reprodução de ideias nas diversas situações.

Tal comportamento pode ser estudado quando se trata de assuntos que merecem extrema atenção e posicionamentos que possam interferir diretamente nos resultados. É nesse cenário muitas vezes de incerteza que se verifica o comportamento de conformidade acentuado. Esse espelhamento também conhecido por efeito manada surge da capacidade de pensar que assim fazendo a pessoa não se expõe ou pelo menos não destoa do restante, trazendo-lhe uma “paz momentânea” de “zona de conforto” e zero confrontamento com opiniões que possam ser divergentes da sua, no caso da maioria! Ratifico que não se trata de criticar quem concorda com outra pessoa, mas de enfatizar o comportamento efeito manada ou efeito rebanho, aquele somente reprodutivo que segue em palminhas a atitude do primeiro. Como seres humanos autônomos, dotados de consciência possuímos a plena capacidade interventiva para se manifestar com assertividade.

Fonte: encurtador.com.br/eoJKM

De acordo com Jung, a personalidade é adaptável, ajustando-se a cultura ou a organização e sob certas condições se fragmenta, acomodando-se a conteúdos conscientes ou inconscientes não levando em conta o tempo ou o espaço. Concordo com Jung no que se refere às adaptações sociais de comportamento, porém no caso da conformidade fica evidente que há aspectos na psique que precisariam ser trabalhados a fim de que o sujeito perceba que ter sua própria opinião lhe trará certa liberdade de escolha ampliando assim seu estado de consciência. É nesse espectro de ampliação da consciência que a personalidade se desnuda sendo capaz de comportar-se de maneira autônoma não apenas espelhando-se no que já fora pensado ou proposto. Afinal como dizia o próprio Jung: Sou eu próprio uma questão colocada ao mundo e devo fornecer minha resposta; caso contrário, estarei reduzido à resposta que o mundo me der.”

 

REFERÊNCIAS

https://amenteemaravilhosa.com.br,solomon-asch-psicologia-social/

Efeito manada: o que é, quais os riscos e como evitar? | Genial (genialinvestimentos.com.br)

https:www.likedin.com/pulse/efeito-manada-ser%c3%a1-que-agimos-por-decis-%c3%b5es-pr%c3%b3-prias-john-hrenechen/?originalsubdonmain=pt

JUNG.CG. Fundamentos de psicologia analítica. 10ª ed. v. XVIII/1 Petrópolis: Vozes, 2001.

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Interfaces da Anorexia no filme “O Mínimo para Viver”

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Restringir a alimentação ou passar por períodos de compulsão e purgação podem ser sinais de um transtorno alimentar. Se não tratados, os distúrbios alimentares podem ter efeitos devastadores na saúde mental e física do indivíduo.

“O Mínimo para viver”, tradução do filme “To the Bone”, é um filme lançado na Netflix em 2017 que mostra a história de Ellen sobre a luta contra a anorexia e o sofrimento que surge com esse transtorno alimentar.

O filme conta que Ellen abandonou a faculdade e está lutando para concluir o tratamento hospitalar para seu diagnóstico e, como resultado, volta a morar com o pai e a madrasta. A história segue Ellen através de seu processo de tratamento, que é auxiliado por familiares próximos, amigos e terapeutas que querem ajudá-la a continuar progredindo nessa busca pela cura. Este filme captura o impacto psicológico que a anorexia pode ter na pessoa e também na sua rede de apoio. Ele fornece uma visão sob a ótica do paciente, e seus pensamentos e sentimentos experimentados durante o diagnóstico e o tratamento do transtorno.

Após diversas internações e tratamentos frustrados Ellen conhece o médico Dr. William Beckham (Keanu Reeves), famoso pelo seu método nada comum de tratar doenças como a dela. Depois de se convencer que o tipo de tratamento que ele oferece é sua melhor e talvez até sua última opção, Ellen começa a frequentar a clínica de Beckham, um lugar diferente, mais confortável e com ares de lar, onde ela divide o teto com outros seis pacientes.

A trama demonstra a complexidade da doença, e todas as nuances que a envolvem. Não se trata apenas de voltar a se alimentar normalmente. Como em uma relação de causa e efeito, outras enfermidades podem surgir em decorrência da anorexia, desde o mal funcionamento de órgãos à osteoporose.

A decepção consigo mesma é repetidamente vivida no corpo, entre comer e vomitar, controlando severamente e castigando seu corpo nos exercícios doloridos, para conseguir um pouco de alívio no seu sofrimento psíquico.

Fonte: encurtador.com.br/finLP

A Anorexia Nervosa (AN) é um transtorno alimentar (TA) caracterizado pela auto-inanição, ou seja, é a própria pessoa provocar um estado de debilidade extrema por falta de alimentação que leva o corpo a consumir os seus próprios tecidos para obter as calorias necessárias para se manter vivo, degradando órgãos, músculos e gordura corporal. Se caracteriza também pela preocupação exacerbada da forma física e um medo extremo de comida.

A Anorexia Nervosa tem sido associada a vários fatores de risco e manutenção de transtornos. Os fatores de risco são quaisquer situações que aumentem a probabilidade de ocorrência de uma doença ou agravo à saúde. Os fatores de manutenção predizem persistência de sintomas versus remissão ao longo do tempo em indivíduos já sintomáticos para um transtorno.

Em algumas cenas durante o filme, Ellen contava as calorias presentes na comida que estava em seu prato além de mostrar ela fazendo abdominais e medindo o braço para verificar se ela conseguia fechar a mão ao redor do bíceps. A menção ao uso de laxantes também aparece, além de mostrar a rotina da instituição na qual ela estava fazendo tratamento, com altos e baixos, recaídas e a real dificuldade do tratamento.

Estas cenas demonstram como a anorexia não só reflete na saúde física de alguém, como impacta muito a saúde mental do indivíduo, e tal fator é determinante no curso da doença. Como citado anteriormente, além da alteração física, há o medo de ganhar peso e alteração da imagem corporal e da consciência sobre o transtorno. Os pensamentos a respeito do problema influenciam fortemente na manutenção do transtorno, pois a pessoa se olha no espelho e enxerga alguém gorda ou que não está suficientemente magra, e não há evidências externas que façam a pessoa se convencer do contrário.

Nesses casos a tendência de o sujeito com anorexia falar que está com tudo sob controle ou de negar a doença é alta. Geralmente a busca por tratamento acontece já em um estado avançado e os prejuízos já estão muito acentuados.

O filme também enfatiza como é essencial a participação da família na prevenção e no curso do tratamento. É importante que os familiares estejam alinhados sobre o transtorno para o sucesso neste processo.

No caso da família da personagem principal, o filme mostrou as dificuldades que eles tinham de lidar com o transtorno. A mãe não suportou o quadro da filha e fez com que Ellen se mudasse para a casa do pai o qual é ausente e aparentemente irritado, tenta constantemente se manter alheio de todas as situações, encontrando pretextos para não se encontrar com a filha e não comparecer à terapia familiar.

A madrasta e a irmã são as mais presentes e as que mais encorajam o tratamento de Ellen, porém ambas (assim como a mãe também), fazem menções inadequadas que atingem ela, como por exemplo falar constantemente sobre como sua aparência está, e falas que não contribuem como  “coma Ellen” e “se você morrer eu te mato”.

Fonte: encurtador.com.br/uwDGQ

A Terapia Cognitivo Comportamental tradicionalmente se concentra em relatos baseados em sintomas, sugerindo que tanto o controle quanto a supervalorização do peso e forma física mantêm a AN. A TCC se baseia em dois princípios: o primeiro diz que nossas cognições têm influência sobre o nosso comportamento; o segundo refere-se ao fato de que o modo como agimos afeta nossas emoções e pensamentos.

Algumas características em relação à AN podem incluir: perfeccionismo clínico, baixa autoestima, intolerância ao humor e dificuldades interpessoais como focos adicionais de tratamento.

O tratamento pode conter diversas complicações, com probabilidade de recaídas, já que o fator psicológico tem muita influência, como ilustrado no filme. Utilizando técnicas cognitivas e comportamentais, a TCC busca aumentar a motivação para a mudança, aumentar diretamente o ganho de peso ao mesmo tempo em que aborda preocupações com peso e forma e se prepara para contratempos para manter os ganhos obtidos a longo prazo. A TCC também é importante para o trabalho da imagem corporal e dos padrões estéticos que são muito elevados nas pessoas com AN.

Dentre alguns objetivos, levar o paciente a desenvolver um padrão regular e flexível de alimentação é um grande passo na recuperação da saúde e bem estar deste indivíduo. E este resultado está intimamente ligado ao surgimento de um indivíduo com capacidade de tomar consciência, dar sentido, regular, aceitar, expressar e transformar a experiência emocional, usando-a de forma flexível e adaptativa para se conhecer, buscar formas saudáveis de agir consigo mesmo, nos seus relacionamentos e no mundo.

FICHA TÉCNICA

Título: O Mínimo para Viver
Dirigido por: Marti Noxon
Data de Estreia: 22 de janeiro de 2017
Duração: 107 minutos
Classificação: 14 anos
Gênero: Comédia/Drama
País de Origem: EUA

REFERÊNCIAS

NARDI, Helena Beyer; MELERE, Cristiane. O papel da terapia cognivo-comportamental na anorexia nervosa. Revista Brasileira de Terapia Comportamental e Cognitiva, São Paulo, v. 16, 2014. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1517-55452014000100006. Acesso em: 31/05/2022.

VTM Neurodiagnóstico. Tratamento para anorexia e o filme “O Mínimo Para Viver”. Disponível em: https://vtmneurodiagnostico.com.br/cine_psiconeurologia/tratamento-para-anorexia-e-o-filme-o-minimo-para-viver/. Acesso em: 2/06/2022.

DESENVOLVIVER. O mínimo para viver: conscientizações e problematizações. Disponível em: https://desenvolviver.com/psicoterapia/o-minimo-para-viver-conscientizacoes-e-problematizacoes/#:~:text=%E2%80%9CO%20m%C3%ADnimo%20para%20viver%E2%80%9D%20%C3%A9,a%20realidade%20que%20este%20mostra.. Acesso em: 02/06/2022.

FRONTEIRAS PSICOLOGIA. Anorexia Nervosa e um Eu Emocional Perdido: Uma Formulação Psicológica do Desenvolvimento, Manutenção e Tratamento da Anorexia Nervosa. Disponível em: https://www.frontiersin.org/articles/10.3389/fpsyg.2019.00219/full#F1. Acesso em: 31 mai. 2022.

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Transtorno Obsessivo Compulsivo em “Melhor é Impossível”

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A análise crítica de uma obra cinematográfica, com viés psicológico, demonstra um senso crítico interessante sobre o comportamento humano. Neste tipo de produção são explorados todos os aspectos emocionais e imaginários de um indivíduo.

Normalmente, obras de drama, suspense, terror e ação são as preferidas para abordarem questões complexas envolvendo algum distúrbio ou transtorno característico, estereotipando o portador de alguma enfermidade como uma pessoa monstruosa, como o caso da psicopatia.

Porém, não só de negatividade vivem os transtornos humanos, muitas vezes as situações podem ser representadas como cômicas e servir para entreter o público em geral. Esse foi o caso do clássico de comédia Melhor é Impossível (1998), dirigido por James L. Brooks.

O filme narra a história do excêntrico escritor Melvin Udall (Jack Nicholson) que é portador do conhecido Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC). Udall possui um senso de humor extremamente preconceituoso, principalmente com homossexuais, sendo seu alvo favorito o artista Simon Bishop (Greg Kinnear).

Fonte: Google Imagens

O TOC de Melvin está em um nível extremamente agravado, como é possível observar no filme, pois ele não pisa as linhas do chão; para trancar a porta de casa, ele gira a chave diversas vezes; somente lava a mão com água quente e dois sabonetes diferentes, que são descartados após o uso; seus chocolates são divididos em potes por cores.

Além disso, não encosta-se a ninguém e faz de tudo para evitar que toquem nele; só sai de casa para se encontrar com seu médico, editora ou para almoçar no restaurante de sempre, na mesma mesa, no mesmo horário, ser atendido pela mesma garçonete e comer a mesma coisa em talheres descartáveis que ele mesmo leva. O cenário do filme também expõe a gravidade de seu TOC, como sua coleção de discos e garrafas d’água organizadas.

Como é cediço, o Transtorno Obsessivo Compulsivo é uma condição que basicamente reúne a ansiedade com crises recorrentes de obsessões e compulsões. Fica muito explícito no filme essas situações quando Melvin apresenta seus “rituais” do cotidiano.

A obsessão de Melvin em repetir os mesmos padrões é uma característica marcante no personagem, sendo uma das razões para este ser sempre atendido pela mesma garçonete Carol Connelly (Helen Hunt), pois esta é a única que aparenta lhe suportar.

Udall, assim como muitas das pessoas portadoras destes transtornos, não fazia o acompanhamento médico adequado, tampouco fazia uso das medicações que lhe ajudariam a reduzir os sintomas.

Porém, dada situações inesperadas, Udall se vê obrigado a cuidar do pequeno cachorro de estimação do seu vizinho Simon. Inicialmente há muita relutância de sua parte, entretanto, o carisma do pequeno animalzinho acaba conquistando aos poucos Melvin.

Fonte: Google Imagens

Ademais, Udall se descobre apaixonado por Carol, a atendente do restaurante e, na tentativa de conquista-la, resolve retomar ao tratamento do seu transtorno. Imperioso destacar que Melvin se encontrava em uma situação totalmente desvantajosa no início do filme, falido e com uma necessidade gigantesca de se redescobrir como indivíduo para se conectar novamente com a sociedade.

É perceptível que já existia dentro deste os interesses de mudança, sem Carol, assim como o pet do seu vizinho, pontos de ignição para o despertar um novo e melhorado Melvin.

O filme até os dias atuais é aclamado pela extraordinária atuação dos atores, tendo sido um marco na vida do já famoso Jack Nicholson que levou o Oscar daquele ano pelo papel representado.

Fonte: Google Imagens

É possível extrair do filme um significado profundo sobre o comportamento humano, principalmente quando o indivíduo se afasta da ignorância de sua personalidade e descobre as razões que lhe levam a ter uma conduta excêntrica que muitas vezes é mal vista pelos seus pares. Também mostra como é possível, até para os mais difíceis casos, uma melhoria na qualidade de vida quando há o comprometimento e dedicação da pessoa portadora do TOC.

FICHA TÉCNICA

Título: As Good As It Gets (Original)

Ano produção: 1998

Dirigido por: James L. Brooks

Duração: 138 minutos

Classificação: Livre

Gênero: Comédia, Drama

País de Origem: Estados Unidos da América

 

REFERÊNCIAS

CORREA, Luanna Carolline Machado. Melhor é Impossível: análise funcional do comportamento de Melvin. Portal (EN)Cena. Disponível em <https://encenasaudemental.com/cinema-tv-e-literatura/melhor-e-impossivel-analise-funcional-do-comportamento-de-melvin/>. acesso em 01 jun 2022.

Rosario-Campos, Maria Conceição do e Mercadante, Marcos. Transtorno obsessivo-compulsivo. Brazilian Journal of Psychiatry [online]. 2000, v. 22, suppl 2 [Acessado 14 Junho 2022] , pp. 16-19. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/S1516-44462000000600005>. Epub 24 Jan 2001. ISSN 1809-452X. https://doi.org/10.1590/S1516-44462000000600005.

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Tratamento padrão ouro nos transtornos alimentares

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É uma ilusão achar que os Transtornos Alimentares estão limitados a pessoas obesas ou pessoas muito magras. Os distúrbios alimentares podem ocorrer em pessoas com um peso adequado, e alguns sinais e sintomas apresentados podem incluir comer escondido, sentir-se culpado após as refeições, possuir sensação de inadequação social e apresentar várias tentativas fracassadas de dieta.

Os transtornos alimentares podem ser definidos como um padrão ou hábitos alimentares inconsistentes ou distúrbios contínuos no padrão alimentar que muitas vezes levam a consequências perigosas, tanto em termos de bem-estar físico quanto mental de uma pessoa, e seus efeitos podem ser catastróficos.

Um dos fatores que contribuem para o desenvolvimento dos TA´s são dietas restritivas que podem piorar o quadro de obesidade pelo chamado efeito rebote, onde o indivíduo adquire uma obsessão por comida, passando grande parte do seu tempo pensando nisso.

Os transtornos alimentares geralmente apresentam as suas primeiras manifestações na infância e na adolescência. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 4,7% dos brasileiros sofre de distúrbios alimentares, mas na adolescência esse índice chega até a 10%.

Em tempos da cultura do espetáculo, através das redes sociais, o apelo social dos padrões de beleza, as dietas e as fórmulas milagrosas podem deixar as pessoas mais vulneráveis a desenvolver problemas nesta área. Em muitos casos, a pessoa não imagina que tem um problema.

Fonte: encurtador.com.br/prCT0

Resumidamente, os principais transtornos alimentares presentes são:

Anorexia: Ou anorexia nervosa, é um distúrbio no qual a pessoa vê seu corpo sempre com excesso de peso, mesmo que ela esteja claramente com baixo peso ou desnutrida. Existe um medo intenso de ganhar peso e uma obsessão para emagrecer, sendo a sua principal característica a rejeição a qualquer tipo de comida.

Bulimia: É caracterizada por episódios frequentes de compulsão alimentar, nos quais há um consumo de grandes quantidades de comida, seguido de comportamentos compensatórios como forçar o vômito, usar laxantes ou diuréticos, ficar sem comer e praticar exercícios em excesso para tentar controlar o peso.

Compulsão Alimentar: Um dos indicativos são episódios frequentes de comer exageradamente, mesmo quando não se tem fome. Existe uma perda do controle sobre o que se comer, mas não existem comportamentos compensatórios como vômitos ou uso de laxantes.

Ortorexia: É a preocupação exagerada com o que se come, levando a uma obsessão para sempre comer de forma certa, com alimentos saudáveis e extremo controle de calorias e qualidade.

Pica: É a ingestão persistente de substâncias não nutritivas, que não são alimentos e não têm valor nutricional, como terra, barro, cabelo, alimentos crus, cinzas de cigarro e fezes de animais.

Transtorno de Ruminação: A pessoa com esse transtorno regurgita repetidamente os alimentos tê-los ingerido, normalmente todo dia. Ela não tem nenhuma sensação de náusea nem ânsia de vômito involuntária. É possível que a pessoa mastigue novamente o alimento regurgitado e, depois o cuspa ou o engula novamente.

Fonte: encurtador.com.br/xHQR6

A utilização da terapia cognitivo-comportamental (TCC) em transtornos alimentares foi apresentado pela primeira vez por Fairburn em 1981. Seu foco era utilizar técnicas para ajudar os pacientes a terem maior controle comportamental sobre a alimentação, para auxiliar a mudança de atitudes em relação aos hábitos alimentares, ao peso e à imagem corporal (NUNES; ABUCHAIM, 2008).

Atualmente a TCC é reconhecida como a psicoterapia mais eficiente (padrão ouro) no tratamento dos transtornos alimentares. Ela trabalha com intervenção semi estruturada, objetiva e orientada para metas que aborda fatores cognitivos, emocionais e comportamentais.

De maneira geral o objetivo da TCC nos transtornos alimentares é diminuir os pensamentos negativos sobre a autoimagem corporal e a sua relação com a comida, e aumentar a capacidade dos pacientes de tolerar os mesmos, buscando possíveis alterações comportamentais e reduzindo os episódios compulsivos e outros sintomas associados.

Fonte: encurtador.com.br/hFS14

A TCC parte do princípio que o sistema de crenças de um indivíduo exerce um papel importante no desenvolvimento de seus sentimentos e comportamentos. Assim sendo, os pacientes com TA apresentam crenças distorcidas e disfuncionais acerca do seu peso, formato corporal, alimentação e valor pessoal, e estas crenças são significativas para a manutenção dos transtornos.

Uma das crenças nucleares distorcidas mais presentes nos pacientes é a que o seu valor como pessoa está inteiramente ligado a seu peso e formato corporal, deixando de lado ou não valorizando outros indicadores. Para pacientes com TA a magreza estaria associada à competência, superioridade e sucesso, estando intimamente ligado com a autoestima e autoconceito.

O sistema distorcido de crenças pode ser perpetuado em consequência de várias formas disfuncionais de raciocínio. Uma das tendências frequentemente encontradas é a de prestar atenção somente nas informações que confirmam suas crenças, ignorando ou distorcendo os dados que poderiam coloca-las à prova.

Fonte: encurtador.com.br/qILTW

Para modificar o sistema de crenças a TCC se utiliza de diversas técnicas. Uma delas consiste em ensinar o paciente a identificar pensamentos que possam ter alguma distorção. Em seguida ele é incentivado a analisar todas as evidências possíveis disponíveis que possam confirmar ou refutar o pensamento distorcido, fazendo com que ele se torne mais funcional. Uma variabilidade de estratégias pode ser usada para facilitar a modificação das crenças, por exemplo, o desenho da imagem corporal e a exposição gradual do corpo permitem que o paciente modifique suas crenças de que está gordo e de que será rejeitado em função disto.

Nesta abordagem são realizados trabalhos de flexibilização das crenças disfuncionais dos pacientes, através da reestruturação cognitiva e resolução de problemas. São utilizadas atividades com aplicações práticas, como metas pontuais e recompensas, dentro do contexto do tratamento.

É importante que os pacientes com transtornos alimentares tenham claro que o peso real não é o problema, mas, sim, questões importantes de crenças e estratégias que estão mantendo o transtorno alimentar. Um dos principais pontos para a eficiência do tratamento é a participação e o compromisso do paciente com a terapia, enfatizando as expectativas positivas do processo terapêutico e seus resultados.

REFERÊNCIAS

ALMEIDAB, M. D. E. P. E. D. M. Terapia cognitivo-comportamental dos transtornos alimentares. Rev Bras Psiquiatr 2002;SP, v. 24,p. 49-53, dez./2005. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rbp/a/CJKXBkfr6wBxGV4t7zL4w9J/?format=pdf&lang=pt. Acesso em: 27 abr. 2022.

KERBER, A. B. M. D. L. F. I. A INFLUÊNCIA DA TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL NO TRATAMENTO DA COMPULSÃO ALIMENTAR: UMA REVISÃO SISTEMÁTICA: Unisul, Florianópolis, 2005. Disponível em: https://repositorio.animaeducacao.com.br/bitstream/ANIMA/20195/1/TCC%20finalizado%20Anna%20e%20Isa.pdf. Acesso em: 27/04/2022.

MÜLLER, Lilian. CONTRIBUIÇÕES DA TERAPIA COGNITIVO COMPORTAMENTAL NO TRATAMENTO DA ANOREXIA NERVOSA. Universidade de Caxias do Sul, Caxias do Sul, RS, dez./2005. Disponível em https://repositorio.ucs.br/xmlui/bitstream/handle/11338/4971/TCC%20Lilian%20Muller.pdf?sequence=1. Acesso em: 21/04/2022.

VEJA. De ruminação a compulsão: os transtornos alimentares que afetam os jovens. Disponível em: https://veja.abril.com.br/saude/de-ruminacao-a-compulsao-os-transtornos-alimentares-que-afetam-os-jovens/. Acesso em: 27 abr. 2022.

R7. OMS alerta que cerca de 10% dos jovens brasileiros sofrem de distúrbios alimentares. Disponível em: https://www.folhavitoria.com.br/saude/noticia/08/2020/oms-alerta-que-cerca-de-10-dos-jovens-brasileiros-sofrem-de-disturbios-alimentares. Acesso em: 3 mai. 2022.

CLAUDINO, J. C. A. A. M. Trantornos Alimentares. Braz. J. Psychiatry, SP, v. 22, dez./2005. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rbp/a/P6XZkzr5nTjmdVBTYyJVZPD/. Acesso em: 27/04/2022.

TUA SAÚDE. 7 Principais Trantornos Alimentares. Disponível em:  https://www.tuasaude.com/principais-transtornos-alimentares/. Acesso em: 21/04/2022.

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Um panorama geral sobre transtornos alimentares

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Quando a comida faz o papel de vilão na vida de uma pessoa, e ela tem uma relação disfuncional com o ato de se alimentar, algo pode estar muito errado. Não sejamos ingênuos de achar que os transtornos alimentares são somente preocupações com comida e peso.  Na maioria das vezes é um panorama muito mais amplo do que isso.

Os transtornos alimentares (TA) fazem parte da categoria dos transtornos psicológicos que são caracterizados por distúrbios graves e persistentes nos comportamentos alimentares e pensamentos e emoções angustiantes associados ao comportamento de comer. São frequentemente associados a preocupações com comida, peso ou forma, ou com ansiedade sobre comer e as consequências de comer certos alimentos. Mas além disso, são condições complexas que começam a partir de uma combinação de fatores comportamentais, emocionais, psicológicos, interpessoais e sociais de longa data.

Os tipos de transtornos alimentares incluem compulsão alimentar periódica, anorexia nervosa, bulimia nervosa, e patologias ligadas como ingestão alimentar restritiva e uso de métodos inadequados para manutenção e perda de peso, além da prática de exercícios físicos de forma compulsiva. Esses comportamentos podem ser conduzidos de maneiras que se assemelham a um vício.

Fonte: encurtador.com.br/myCHW

O comer transtornado (CT) abarca todo tipo de comportamento alimentar disfuncional ou que possa ser conceituado como não saudável, tendo grandes chances de desenvolver um TA, como por exemplo dietas restritivas, uso de medicamentos para o controle de peso, jejum prolongado, utilização de substitutos para refeições como shakes ou suplementos, ingestão muito baixa de alimentos ou outros tipos de comportamentos que têm como objetivo reduzir a quantidade de alimento consumido e o controle de peso de forma problemática. O comer transtornado (disordered eating) pode aumentar a probabilidade de desenvolvimento de TA, visto que ele apresenta particularidades parecidas dos transtornos alimentares, o que muda é a frequência e gravidade dos sintomas, que são diminuídos.

Os transtornos alimentares são condições muito graves que afetam a função física, psicológica e social, e abrangem até 5% da população, na maioria das vezes se desenvolvem na adolescência e na idade adulta jovem (de 12 a 35 anos). Normalmente estão mais relacionados às mulheres, mas todos estes comportamentos podem ocorrer em qualquer idade e afetar qualquer gênero.  Nos últimos anos, tem-se observado o aumento do número de homens acometidos, embora a proporção estimada seja de um para cada 10 casos.

Fonte: encurtador.com.br/jmJQX

Geralmente ocorrem em conjunto com outros transtornos, como transtornos de humor e ansiedade, transtorno obsessivo compulsivo e problemas de abuso de álcool e drogas. As evidências sugerem que os genes e a hereditariedade desempenham um papel importante, motivo pelo qual algumas pessoas correm maior risco de apresentar em algum momento da vida um transtorno alimentar, mas esses distúrbios também podem afetar aqueles sem histórico familiar da doença. Pessoas que sofrem de uma dessas condições costumam usar a comida na tentativa de compensar sentimentos e emoções que, de outra forma, podem parecer esmagadores. Para alguns, fazer dieta, compulsão e purgação podem começar como uma maneira de lidar com emoções dolorosas e se sentir no controle de suas vidas. Mas, ao passar do tempo, esses comportamentos prejudicarão a saúde física e emocional deste indivíduo, sua autoestima e o senso de competência e controle.

A literatura traz algumas características de personalidade que podem ser percebidas nas pessoas que possuem algum TA. Estudos apontam que eles podem vir em forma de uma preocupação em excesso com a aprovação social, alterações na sua percepção corporal, tentativa de se encaixar nas expectativas dos pais, sentimento de vazio e sintomas depressivos. A hipervalorizarão da magreza na atualidade pode contribuir para sentimentos de depressão, culpa, raiva, estresse e insegurança nas pessoas menos confiantes que se percebem longe de um padrão socialmente valorizado do corpo ideal.

O DSM-5 traz como sinais e sintomas da anorexia nervosa por exemplo alguns critérios como a recusa em manter o peso corporal saudável, medo intenso do ganho de peso ou de se tornar obeso, ainda que esteja abaixo do peso, distorção na forma de perceber o corpo e o peso, ou negação da seriedade da atual perda de peso. Em mulheres, consideram-se como critério diagnóstico a ausência de menstruação e restrições alimentares com um padrão alimentar atípico e extrema perda de peso, induzida e mantida a todo custo, além de um medo intenso de engordar. Já para a Bulimia Nervosa incluem episódio de compulsão alimentar seguido de comportamentos compensatórios (episódio bulímico). Desse modo, a preocupação excessiva com relação ao controle do peso corporal conduz a uma alternância entre uma ingestão excessiva de alimentos e vômitos autoinduzidos, ou até uso de métodos purgativos, como estratégias compensatórias para o grande volume de alimentos ingeridos (Associação Americana de Psiquiatria, 2003).

Fonte: encurtador.com.br/fxIMX

Como os transtornos alimentares têm causas multifatoriais, e levando em consideração a complexidade dos transtornos, tanto no início dos sintomas como na manutenção do quadro como um todo, o tratamento dos TA deve envolver uma abordagem multidisciplinar, envolvendo nutricionista, endocrinologista, psicólogo e psiquiatra. O tratamento deve abordar complicações psicológicas, comportamentais, nutricionais e outras complicações médicas. A ambivalência em relação ao tratamento, a negação de um problema com a alimentação e o peso ou a ansiedade sobre a mudança dos padrões alimentares não são incomuns, mas com técnicas comportamentais o paciente pode começar a perceber algumas mudanças, como maior controle da ansiedade, diminuição dos sintomas, maior auto controle, diminuição do sentimento de culpa, desenvolvimento de estratégias para lidar com as crises, melhora da autoestima, equilíbrio do peso e a mudança na relação com o ato de comer e com o corpo, deixando de enxergar a alimentação como vilã e fazendo as pazes com o comportamento de comer.

O tratamento deve ter como objetivo restaurar a nutrição adequada do paciente, e a compulsão e o exagero devem ser reduzidos de forma que o hábito alimentar do paciente se torne algo prazeroso, sem culpa e, principalmente, saudável.

REFERÊNCIAS

Comer transtornado e o transtorno de compulsão alimentar e as abordagens da nutrição comportamental. Revista Interciência, 2021. Disponível em: https://www.scielo.br/j/estpsi/a/Cxfh6QpdC9cM57xLsQZjFfv/?format=pdf&lang=pt. Acesso em: 04/04/2022.

Aconselhamento em saúde: fatores terapêuticos em grupo de apoio psicológico para transtornos alimentares. Estudos de Psicologia, 2014. Disponível em: file:///C:/Users/Usuario/Downloads/302-Texto%20do%20artigo-1229-1-10-20210713.pdf. Acesso em 05/04/2022.

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Melhor é Impossível: análise funcional do comportamento de Melvin

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A análise do comportamento, desenvolvida por B. F. Skinner, é uma abordagem que busca entender o indivíduo a partir da interação com o seu ambiente.

Melhor É Impossível é um filme norte-americano de 1997, do gênero comédia romântica, dirigido por James L. Brooks e produzida por Laura Ziskin. É estrelado por Jack Nicholson como um romancista obsessivo-compulsivo misantropo, Helen Hunt como uma mãe solteira com um filho asmático, e Greg Kinnear como um artista gay. O roteiro foi escrito por Mark Andrus e James L. Brooks. Nicholson e Hunt ganharam o Oscar de Melhor Ator e Oscar de Melhor Atriz, respectivamente, tornando As Good As It Gets o filme mais recente que ganhou ambos os prêmios de atuação de protagonização, e o primeiro desde 1991, quando aconteceu com O Silêncio dos Inocentes. Ele é classificado na posição 140 da revista Empire da lista de “Os 500 Melhores Filmes de Todos os Tempos”.

A análise do comportamento, desenvolvida por B. F. Skinner, é uma abordagem que busca entender o indivíduo a partir da interação com o seu ambiente. Vale ressaltar que para a análise do comportamento o termo ambiente vai mais além do que seu significado em si, significa tanto a vida passada, o modo de interagir consigo mesmo, com as coisas físicas, materiais e as sociais, que é a relação com outras pessoas.

“A tarefa, em uma análise funcional, consiste basicamente em encaixar o comportamento em um dos paradigmas e encontrar seus determinantes” (Moreira, M. Medeiros, C. 2007. p.149), ou seja, ao encontrar os determinantes do comportamento através dos paradigmas, pode-se prevê-los e até mesmo controlá-los. Para que essa análise funcional seja elaborada corretamente é preciso que seja dominado os princípios do comportamento, que são os reforços, punição, extinção, controle aversivos.

É importante a prática de analisar filmes. Os professores de universidade ao elaborarem esta estratégia, conduzem os alunos a colocarem em prática o uso dos princípios teóricos discutidos em sala de aula, neste caso, a análise comportamental, ou seja, conduzem os alunos a aplicarem o seu conhecimento em situações do dia a dia. Como afirmam as organizadoras do livro Skinner vai ao cinema “Durante nossa experiência enquanto alunas e professoras de psicologia pôde comprovar que a análise de filmes traz excelentes resultados no que tange á maior participação dos alunos durante a aula, tornando o aprendizado mais ativo e atrativo.” (Curado Rangel de-Farias e Rodrigues Ribeiro, 2014 p.6), ou seja, ao relacionar o comportamento dos personagens dos filmes com as explicações dadas em sala de aula, permite o aluno a compreender, defender ou criticar a teorização estudada.

Melvin é um escritor que mora em um apartamento, adora fazer comentários maldosos para com os seus vizinhos. É portador de transtorno obsessivo–compulsivo (TOC), não toma remédios e não frequenta as sessões com o psiquiatra. Melvin sempre vai ao mesmo restaurante, come sempre com talheres descartáveis, não anda sobre as listras da calçada, tranca a porta várias vezes, não gosta de ter contato físico e social com outras pessoas, sempre que conversa com alguma pessoa é para ofendê-la, mesmo que ele não perceba. Através de confrontos com os outros personagens do filme, como a Carol a garçonete e Simon o vizinho Gay, Melvin passa a ter mudanças de comportamento, que através da análise funcional podem ser compreendidas. Melvin, por não gostar do cachorro de Simon o joga pela lixeira do prédio. Temos um exemplo de Reforço negativo, pois pode aumentar este comportamento, pois a consequência foi a retirada de um estímulo aversivo do ambiente.

Melvin também leva Carol para jantar durante uma viagem. Durante o jantar mais uma vez Melvin é idiota e intolerante, Carol se recusa a continuar a jantar com ele e vai embora. Temos um exemplo de punição negativa, pois é provável que esse comportamento diminua porque a consequência foi a retirada de algo prazeroso, neste caso, Carol.

Há mudanças nesses comportamentos de Melvin, quando ele é confrontado pelas pessoas que estão a sua volta. Sendo assim um exemplo de como o ambiente e as consequências influenciam no comportamento de uma pessoa. Simon é violentado fisicamente e enquanto está no hospital o cachorrinho é entregue para ser cuidado por Melvin. No começo Melvin o ignora, mas depois passa a ter um carinho e cuidado muito grande por ele, sendo retribuído com o carinho do cachorrinho, chegando ao ponto de o imitá-lo ao pular as linhas da calçada. Temos um exemplo de Reforço positivo, pois é provável que o  comportamento de dar carinho para o cachorro aumente, por que foi retribuído com algo apetitivo.

Melvin se apaixona por Carol, e seu ponto inicial é voltar a tomar os seus remédios para ter a atenção de Carol. Temos um exemplo de reforço positivo, pois é provável que seu comportamento aumente, pois a consequência é algo prazeroso.

Diante do exposto percebe-se como é possível predizer e controlar o comportamento através da análise funcional, e ao entender a análise do comportamento é possível compreender porque as pessoas se comportam da maneira que se comportam. Percebe-se que o ambiente está em completa interação com o indivíduo. Isto está claro na história de Melvin, pois ao se relacionar com outras pessoas, através do contato social e dos confrontos por parte de seus conhecidos, houve mudanças notáveis em seu comportamento. Passou a respeitar mais as pessoas, saber que nem tudo deve ser dito, começou a aceitar a sua doença e procurar ajuda, deixou de lado os seus costumes de sempre trancar a porta, até pisou em uma linha da calçada, deixou de usar luvas e passou a entender que é necessário o contato com o outro.

Diante de toda essa interação com o ambiente e através das consequências de seus comportamentos, que o levou a mudança, Melvin deixou o medo e se entregou a paixão por Carol, mostrando assim que as pessoas são capazes de influenciar na vida de outras, como Melvin disse para Carol, “Você me faz querer ser um homem melhor”. Através da análise funcional, pode-se compreender o comportamento de Melvin, buscando os determinantes do comportamento, tanto no meio externo quanto interno. E de como estamos em completa interação com o ambiente a nossa volta, sendo influenciado por nossas características fisiológicas, nosso meio social, as nossas experiências e pelos grupos, que são responsáveis pela forma que as pessoas se comportam.

FICHA TÉCNICA:

MELHOR É IMPOSSÍVEL

Título original: As Good as It Gets
Direção: James L. Brooks
Elenco: Jack Nicholson, Helen Hunt, Greg Kinnear, Cuba Gooding Jr.;
Ano: 1997
País: EUA
Gênero: Romance/Drama

REFERÊNCIAS: 

MOREIRA, M.B; MEDEIROS, C. A. Princípios Básicos de Análise do Comportamento. Porto Alegre. ArtMed. 2007.

FARIAS, A.K.C.R; RIBEIRO, M. R.(Org). Skinner vai ao cinema. 2. ed. Brasília. Instituto Walden 4, 2014. 267. v. 1.

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O hábito como guia da vida

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O texto “O hábito é o grande guia da vida humana” aborda alguns conceitos de David Hume (1711-1776) sobre o Empirismo. Hume afirma que nem tudo pode ser explicado pela razão e possui um olhar crítico sobre o racionalismo. Segundo ele existem dois tipos de raciocínios que são denominados como o “dilema de Hume”: o demonstrativo e o provável, onde o raciocínio demonstrativo é considerado evidente, por olharmos e termos a certeza do resultado, e o raciocínio provável exige uma evidência empírica, ou seja, uma busca por aquele resultado. Para Hume esses raciocínios são considerados hábitos construídos pelo homem ao longo da sua vida, como por exemplo, todos sabem que amanhã o sol irá nascer novamente, isso é consequência do condicionamento que nos faz acreditar que todos os dias serão iguais.

No livro “Sobre Comportamento e Cognição”, de Júlio C. de Rose fala sobre o comportamento humano com base no Behaviorismo de B.F. Skinner; o autor divide o comportamento em operante e respondente. O comportamento respondente pode ter respostas condicionadas, referentes a acontecimentos e experiências anteriores, por exemplo, ao sentir o cheiro do limão ou ouvir a palavra limão já causa uma salivação, resposta de estímulos antecedentes. Essa resposta se dá pelo fato do indivíduo já conhecer o limão e lembrar-se do seu gosto forte. Isso se assemelha a teoria de Hume sobre o raciocínio demonstrativo.

O comportamento operante se conceitua como ‘operador do ambiente’, onde não existem relações com estímulos anteriores. Segundo Skinner o comportamento altera o ambiente e a partir dessas alterações, causa a mudança no comportamento do indivíduo. Como dirigir, falar ou andar é preciso ter um aprendizado para que chegue até o resultado. Esse comportamento é semelhante ao raciocínio provável de David Hume.

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Fonte: http://migre.me/vrE2k

David Hume na sua teoria, ressaltada no texto “o hábito é o grande guia da vida humana”, na introdução vem tratar do dilema de Hume que argumentou energicamente contra a noção de “ideias inatas”, princípio central do racionalismo. Ele fez primeiramente ao dividir o conteúdo da mente em dois tipos de fenômenos e, depois, perguntando como eles se relacionam com o outro. O problema para Hume, é que muito frequentemente temos ideias que não podem ser sustentadas por nossas impressões. Há hábito mental que interpreta uniformidade na repetição regular, assim como uma conexão causal naquilo que ele chamou de “conjunção constante” de eventos.

William M. Baum em seu livro “Compreendendo o Behaviorismo” aponta no vocabulário técnico da análise do comportamento que a observação científica consiste na formação de discriminações. Uma das atividades mais básicas da ciência é a identificação. O astrônomo olha para a estrela e diz, – aquela é uma gigante vermelha. O biólogo olha para uma estrutura em um corpo celular e diz, – isso é uma mitocôndria.

Da mesma forma a mensuração consiste em dizer ou escrever algo (comportamento operante), e como resultado de olhar algum instrumento (estímulo discriminativo). Essas discriminações compartilham um aspecto peculiar: o cientista não apenas faz descriminações baseadas nas formas, na leitura do contador ou no padrão de números, mas também se comporta de forma a produzir o estímulo discriminativo. Os cientistas são particularmente gratificados pela formação de novas discriminações que são chamadas de descobertas.

Em sentido geral contingência pode significar qualquer relação de dependência entre eventos ambientais ou entre eventos comportamentais (SOUZA D.G, 1995). Por exemplo, podemos ver o nascer do sol toda manhã e inferir que ele nascerá novamente amanhã. Mas a alegação de que a natureza segue esse padrão uniforme é justificável? Alegar que o sol nasce amanhã é um raciocínio demonstrativo (porque o oposto não envolve contradição lógica) nem um raciocínio provável, porque não podemos experimentar já o futuro nascer do sol. Uma relação de dependência não existe quando alguém abre a janela e um relâmpago corta o espaço. Os dois eventos podem ocorrer temporalmente próximos, mas de modos totalmente independentes: o relâmpago teria ocorrido quer abrisse ou não a janela (SOUZA D.G, 1995).

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Fonte: http://migre.me/vrCJw

Hume explicou isso simplesmente como “natureza humana”, um hábito mental que interpreta uniformidade na repetição regular, assim como uma conexão casual naquilo que ele chamou de “conjunção constante” de eventos. Na realidade esse tipo de raciocínio indutivo, que é à base da ciência, nos instiga a interpretar nossas inferências como “lei” da natureza. Mas apesar do que possamos pensar essa prática não pode ser justificado pelo argumento racional.

Uma formulação adequada da interação entre um organismo e seu ambiente deve-se especificar três coisas: (1) a ocasião em que a resposta ocorre; (2) a própria resposta e (3) a consequência os reforçadores. As inter-relações entre elas são as contingências de reforço. (SKINNER, 1953, p.5 apud SOUZA D.G, 1995).

Todorav (2007) no seu artigo “A psicologia como estudo das interações”, vem trazer a interação entre o organismo e o ambiente como possível caracterização do objeto de estudo da psicologia, tendo o ser humano como centro de investigações, a partir dos aspectos da análise do comportamento.

O homem é um ser em ação que interfere e é influenciado pelo contexto que faz parte. Essa dinâmica molda o comportamento do sujeito de acordo com as experiências vividas e adquiridas ao decorrer da sua história pessoal com o mundo. Neste sentido, na teoria de David Hume, em relação à interação do sujeito com o meio, é explicito quando ele questiona que nem tudo pode ser explicado pela racionalização, pois existem ações que não podem ser justificadas de forma lógica, mas se sabem que acontecem chamado essas inferências de hábitos/crenças que vão sendo construídos ao logo da história.

De acordo com Todorav (2007, p.57), “em todas as orientações da psicologia, a história passada de interações organismos-ambiente tem um papel essencial na explicação de interações presentes… presume-se que o organismo age agora não apenas em função de ambientes externos presentes”, ou seja, o ser humano é persuadido por evidências passadas que interferem no seu comportamento atual. Sendo que para compreender o seu comportamento, é importante considerar a constituição do organismo pela interação entre o ambiente externo (físico e social) e o ambiente interno (biológico e histórico).

Antes mesmo da existência da análise do comportamento e questões voltadas para as interações organismo-ambiente, Hume com a sua filosofia já ressaltava que o homem tem a capacidade de observar padrões constantes e inferir que estes acontecimentos ocorreram novamente no futuro. Este raciocínio indutivo estar relacionado com a competência do homem de coligir ações a partir de proeminências do passado.

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Fonte: http://migre.me/vrDc8

Nesse seguimento, Hume com seu dilema a respeito da racionalização, adverte que muitas coisas não podem ser explicadas pelo raciocínio demonstrativo – onde a verdade e a falsidade são auto-evidentes – e nem pelo raciocínio prováveis – evidências empíricas -, assim na ausência destas explicações racional, o hábito, a causa e efeito são respostas, que vão sendo condicionadas no decorrer da vida e que mostra que amanhã certas coisas serão simplesmente as mesmas, como o nascer do sol. Por isso Hume afirma que “o habito é o grande guia da vida”.

Após a leitura dos textos pode-se inferir que o comportamento humano pode ser explicado de diversas maneiras, tendo em vista que Hume traz de forma considerável os conceitos de dois tipos de raciocínios que são o raciocínio demonstrativo que é considerado evidente, por olharmos e termos a certeza do resultado, e o raciocínio provável que exige uma evidência empírica, ou seja, uma busca por aquele resultado.

Em seguida Skinner traz em sua Teoria a interação entre o organismo e o ambiente, ou seja, que através de estímulos externos o comportamento é representado.  O sujeito é moldado pelo contexto em que está inserida, sua história de vida e sua relação com o mundo. Todorav (2007) traz uma rica contribuição explicando que o ser humano é persuadido por evidências passadas que interferem no seu comportamento atual. Pois para compreender o comportamento do sujeito, é importante considerar a constituição do organismo pela interação entre o ambiente externo (físico e social) e o ambiente interno (biológico e histórico).

 

REFERÊNCIAS:

BANACO, R. A. (Org.). O que e comportamento?. Sobre comportamento e cognição. v.1. p. 79-81, 1995. São Paulo: Arbytes.

BAUM, W. M (1999). Compreender o Behaviorismo. Porto Alegre. Art Med, p. 125-153.

TODOROV, João Cláudio. A psicologia como estudo de interações. Psicologia: Teoria e pesquisa, Brasília, v. 23. p. 57. 61, 2007. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/ptp/v23nspe/10.pdf>. Acesso em: 06 set 2016.

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