Promoção de saúde mental por meio da arte e cultura é tema de intervenção de estágio

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No último sábado (09), os alunos do Estágio Básico em Saúde Mental finalizaram suas atividades com a devolutiva no Canto das Artes em Taquaruçu, Palmas – TO. A ação foi conduzida pelos estagiários Anne Karoline Linhares de Araujo, Gabriel Mascarenhas Pereira, Lorrany Barros Godoy e Tiago Oliveira da Silva, sob a orientação da professora Mariana Miranda Borges (Psicóloga, CRP 23/784) e pela supervisora de campo, psicóloga Betânia Cristina da Luz Pontes (CRP 23/076).

O estágio ocorreu entre os meses de agosto e novembro, com encontros semanais todos os sábados pela tarde. Foram exercidas atividades voltadas a arteterapia, musicalização, reciclagem, interação com literaturas e um cinema composto por um catálogo de filmes, com temáticas pertinentes à cultura brasileira, educação, responsabilidade social e meio ambiente.

Na devolutiva, ocorreu um momento de diálogo em que os estagiários compartilharam com o campo, uma síntese das observações, aprendizados e intervenções realizadas durante o período de atuação, além de receberem um feedback a respeito dessas atividades.

A professora Mariana Miranda Borges comentou sobre a importância do momento: “A devolutiva é um espaço de avaliação das atividades desenvolvidas no estágio e os efeitos desta experiência na aprendizagem dos alunos e das pessoas acompanhadas por eles, neste processo. A partir disto é possível fazer um redesenho da relação do campo com o estágio e da disciplina. Todas as atividades desta disciplina foram utilizadas a metodologia da cartografia com a intenção dos discentes mapearem os afetos produtores de subjetividade e foi rico perceber o quantos os estagiários estavam disponíveis para subjetivarem através da arte e afeto.”

O Canto das Artes é um ponto cultural do Estado do Tocantins. Trata-se de uma Organização Não Governamental que tem o intuito de promover atividades de saúde mental à comunidade de Taquaruçu por meio da arte e da cultura. Fundado informalmente em 2004, o Canto das Artes iniciou com encontros literários e musicais que atraíam crianças e adolescentes da comunidade local, interessadas nas expressões artísticas ali promovidas.

Com o passar do tempo, as atividades foram se expandindo para incluir oficinas voltadas à arte, cultura e preservação ambiental, consolidando a missão da instituição de promover uma melhor qualidade de vida e fomentar uma atuação cidadã consciente, crítica e sustentável.

O estágio realizado faz parte da disciplina de Estágio Básico em Saúde Mental, que tem como objetivo proporcionar ao aluno o desenvolvimento de habilidades práticas, como observação, descrição e compreensão das psicopatologias em diferentes contextos e etapas do ciclo vital. Além disso, visa capacitar o estagiário para realizar intervenções que promovam a saúde mental, tanto no nível individual quanto no coletivo, avaliando os resultados dessas ações.

Conheça mais sobre o Canto das Artes:
http://cantodasartes.org.br/
https://www.instagram.com/cantodasartes.orgto/

 

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Os efeitos da inteligência artificial (IA) para os artistas: concorrentes ou parceiros?

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Culturalmente, tendemos a ver a IA como uma ameaça potencial, enraizada em nosso imaginário por filmes de Hollywood desde os anos 80, que retratam guerras apocalípticas entre máquinas e humanos e a ideia de uma revolta robótica pela dominação mundial.

A inteligência artificial te permite criar imagens detalhistas em segundos.

O filósofo e ensaísta espanhol Daniel Innerarity, considerado “um dos 25 pensadores mais influentes do mundo” pela revista francesa “Le Nouvel Observateur”, tem explorado intensamente o tema da criação por inteligência artificial. Em seu artigo “O sonho da máquina de criar”, Innerarity aborda a fascinação que a ideia de uma sociedade de criação automatizada provoca em nós.

Os programas de inteligência artificial têm alcançado sucessos espetaculares, não apenas nos domínios do cálculo, previsão analítica ou diagnóstico, mas também na composição musical, na modelagem criativa de processos visuais, em séries de televisão, no design arquitetônico e na escrita de histórias. Esses avanços levaram muitos a especular que, em breve, o ser humano será substituído em muitos campos, incluindo a criatividade. A questão de saber se a inteligência artificial pode produzir arte é fascinante e incerta. A arte gerada por IA poderia tomar conta de nossa criatividade artística, automatizando ou mecanizando a criatividade, como já se prevê para o trabalho ou a democracia. Se a criatividade artística era um dos últimos domínios de distinção entre humanos e computadores, esse bastião parece agora estar sendo demolido, e estaríamos entrando numa era de criações sem autores humanos.

Contudo, há uma diferença fundamental entre produzir algo baseado na digestão de milhares de obras de arte e criar algo original. A criatividade humana não pode ser imitada ou repetida; implica sempre uma certa transgressão que não pode ser reduzida a regras ou algoritmos estatísticos. A criatividade envolve irregularidade. Na computação, o que aparenta ser associações livres é, na verdade, algoritmicamente determinado, sem romper com nada ou trazer novidades radicais. Assim, a criatividade gerada por IA é, no melhor dos casos, uma imitação fraca da criatividade verdadeira.

Fonte: Daniel Innerarity em maio, em Lisboa, durante a conferência internacional “Inteligência Artificial e Cultura — Do Medo à Descoberta”, promovida pela Sociedade Portuguesa de Autores (SPA)

As inovações tecnológicas da “arte gerada por inteligência artificial” não constituem necessariamente uma inovação artística. Computadores têm uma forma fraca de criatividade, que lhes permite reproduzir padrões de fala, sons ou formas, mas nada além disso. Não se pode esperar que um computador produza algo radicalmente imprevisível, como fizeram os criadores verdadeiramente disruptivos da história das artes.

A ideia de uma “imitação da criatividade” tem algum sentido? Essa interação entre arte e tecnologia já existia quando pintores utilizavam a fotografia como estudo preliminar. Artistas que trabalham com IA veem esses programas como ferramentas que os libertam de tarefas pouco criativas e abrem novas possibilidades. Esses programas democratizaram a criatividade, tornando-a mais acessível e permitindo que mais pessoas experimentem a arte em suas várias formas. Mesmo aqueles que não são particularmente dotados para a arte podem usar essas ferramentas para gerar resultados criativos.

Essa situação é semelhante ao embate que os pintores do realismo enfrentaram com a invenção da fotografia, temendo que esta extinguiria sua arte. Enquanto as máquinas imitam os criadores, estes últimos podem se dedicar ao que os caracteriza como tal, desafiando as fronteiras do inimitável. Ao contrário do pessimismo que diagnostica a mecanização do ser humano como o fim da criatividade, talvez se possa argumentar o contrário. “Quanto mais os seres humanos se mecanizam, mais reconfortante se torna a ideia de que as máquinas podem compreender alguma coisa de arte” (Rauterberg 2021, 195). A tentativa de gerar arte através das máquinas pode revelar precisamente o que elas não conseguem criar. Assim, a especificidade da criatividade humana é destacada quando as máquinas criam algo que se assemelha à criatividade, mas não o é.

Neste contexto, muitos criativos estão preocupados que a IA possa roubar seus empregos. A questão principal para os profissionais da criatividade não é regular as tecnologias de IA para proteger as formas como costumavam trabalhar. Devemos nos perguntar: “Como podemos usar essas tecnologias de IA para criar novas possibilidades de trabalho que agreguem mais valor ao nosso trabalho?” Profissionais que usam IA para criar no lugar deles terão resultados medíocres e parecidos globalmente. Já aqueles que usarem a IA como ferramenta para aprimorar suas próprias criações se tornarão mais relevantes e valorizados ao alcançarem resultados superiores. Há uma diferença abismal entre as duas abordagens.

É neste momento que a psicologia deve atuar, auxiliando na transição entre eras do trabalho, assim como ocorreu na revolução da internet. Esta trouxe novos cargos, evoluções na educação e saúde, e uma mudança estrutural completa. Inicialmente, a internet trouxe inseguranças para os trabalhadores, com a automação e digitalização substituindo muitos empregos manuais e operacionais. Muitas pequenas empresas lutaram para competir com grandes corporações que adotaram rapidamente novas tecnologias. Portanto, o papel do psicólogo é crucial para ajudar os trabalhadores a lidar com essas transformações, minimizando o sofrimento ou adoecimento possível.

Um psicólogo pode desempenhar um papel crucial no auxílio a indivíduos enfrentando mudanças drásticas no mercado de trabalho geradas pelo surgimento da inteligência artificial (IA). Essas transformações podem causar ansiedade, insegurança e desmotivação, e o psicólogo está bem posicionado para ajudar as pessoas a lidar com essas emoções e a se adaptarem a novas realidades.

Primeiramente, o psicólogo trabalha para identificar e abordar os medos e ansiedades associados às mudanças tecnológicas. Utilizando técnicas como a dialética, ele ajuda a reestruturar pensamentos negativos e a promover uma mentalidade mais positiva e resiliente. Isso é fundamental para que a pessoa veja as mudanças como oportunidades de crescimento e não como ameaças. O psicólogo também pode auxiliar no desenvolvimento de habilidades de enfrentamento e adaptação. Isso inclui o fortalecimento da autoestima e da autoconfiança, essenciais para que o indivíduo se sinta capaz de aprender novas competências e se adaptar a novas funções no contexto da IA. O psicólogo também pode ajudar a identificar os pontos fortes e interesses do indivíduo.

Outra área de atuação importante é o suporte no planejamento de carreira, campo ascendente no mercado da psicologia. O psicólogo pode colaborar na elaboração de um plano de ação, estabelecendo metas realistas e passos concretos para alcançá-las. Isso pode incluir a recomendação de cursos de capacitação em habilidades relacionadas à IA, estratégias de networking e métodos eficazes para a busca de emprego em setores emergentes. O psicólogo também oferece suporte emocional durante o processo de transição. As mudanças impulsionadas pela IA podem ser desafiadoras e solitárias, e ter um profissional para fornecer apoio e encorajamento pode fazer uma grande diferença. Além disso, o psicólogo pode mediar grupos de apoio, onde indivíduos em situações semelhantes compartilham experiências e soluções, promovendo um senso de comunidade e solidariedade.

Por fim, o psicólogo pode ajudar a pessoa a desenvolver uma visão de longo prazo sobre o impacto da IA no mercado de trabalho. Isso envolve entender as tendências futuras e preparar-se para elas, o que pode incluir a aprendizagem contínua e a flexibilidade para mudar de carreira ou funções conforme necessário.

 

Referências

União Brasileira de Compositores (UBC). Artigo sobre a inteligencia artificial “O sonho da máquina criativa” Disponível em :< https://www.ubc.org.br/publicacoes/noticia/21771/artigo-sobre-inteligencia-artificial-o-sonho-da-maquina-criativa >. Acesso em: 14, jun, 2024.

Escola Panamericana de Arte e Design. “Inteligencia artificial e criatividade: adversários ou aliados?” Disponível em :< https://www.escola-panamericana.com.br/inteligencia-artificial-e-criatividade-adversarios-ou-aliados/ >. Acesso em: 14, jun, 2024.

Disponível em :< https://industriall.ai/blog/a-ia-no-mercado-criativo-quais-os-impactos-dessa-tecnologia >. Acesso em: 14, jun, 2024.

Rauterberg, Hanno (2021), Die Kunst der Zukunft. Über den Traum der kreativen Maschine, Berlin: Suhrkamp.

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A arte como instrumento terapêutico: um relato pessoal Como a arte pode contribuir para o tratamento psicológico.

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São infinitas as possibilidades de expressão artística. Frequências que ressoam para muito além do que pode ser articulado dentro de um discurso. O que se faz com aquilo que ainda não aprendemos a nomear? Algo há que ser feito a respeito das coisas que escapam às palavras. Como muito bem disse o poeta, “a arte existe porque a vida não basta.” Mas ousaria dizer, sem com isso tentar desmenti-lo, que a arte existe, sobretudo, porque não bastamos a nós mesmos.

Pode ser extremamente desafiador – e espantoso – colocar-se diante da tarefa de enfrentar a própria história. Principalmente dentro de um setting terapêutico. Olhar para nossas lacunas a fim de articular aquilo que nos angustia é trabalhoso, e por vezes se mostra uma tarefa para a qual a linguagem não está preparada, ainda que se proponha a explorar o não-dito, dando significado aos nossos silêncios.

A primeira vez que me dispus a buscar por tratamento psicológico o fiz sob muitas ressalvas e com muita vergonha. Na época o estigma acerca da psicoterapia era maior que o de hoje, e a saúde mental ainda não era tratada como um tema de relevância social – avanços significativos obtidos nos últimos anos, não obstante estejamos longe do ideal.

Apesar da competência e disponibilidade do profissional que me atendia, sentia que avançávamos muito lentamente. Existe sempre uma urgência em nos livrarmos dos sintomas que nos afligem. Existe, sobretudo, uma urgência por descobrirmos aquilo que nos aflige. Eu não sabia dizer. Não queria dizer. Ou não queria saber que sabia dizer. Pode-se alegar aqui que estas são etapas muito naturais de um processo psicoterapêutico – e eu concordo absolutamente. No entanto, o paciente não tem consciência disso, e mesmo que lhe seja advertido resta sempre a dúvida. E a dúvida é sempre um obstáculo que coloca em risco a continuidade do tratamento.

Passamos a procurar por atividades que me despertassem interesse. Interessar-me por algo, na época, era um desafio talvez maior que a dúvida. E diante de minha resistência em me aventurar em novas atividades, optamos por explorar aquilo que um dia já havia me interessado. Livros, comentei. Há muito eu não os lia. Escolhemos algo para ler juntos e conversar a respeito de nossas impressões. Achei interessante. E ao expressar minhas opiniões acerca da história e dos personagens acabava sempre por deixar escapar algo sobre mim. Não é segredo que acabamos por dizer muito sobre nós quando falamos sobre alguém – e não importa que esse alguém seja um personagem real ou fictício.

Assim, passei a tratar de algumas questões minhas através das vidas dos personagens. Era mais fácil. Passei a escrever algumas histórias também, através do incentivo de minha terapeuta. Nessas histórias também apareciam questões sobre mim, ainda que eu não soubesse enunciá-las. A urgência deixou de ser uma questão. E entendi que podia melhorar, mesmo que isso levasse um tempo. A arte me ajudou a sentir, mesmo que ainda restasse muita coisa por compreender. Com o tempo, cheguei à conclusão de que não podia, de fato, compreender tudo. Para algumas coisas não existe mesmo explicação, por mais que nos empenhemos em criar alguma. Isso frustra. E se a arte não nos ajuda a compreender, é uma bela forma de exercermos nossa frustração – esse espanto diante daquilo que é inapreensível.

Ao olhar em retrospectiva, reconheço que esse reencontro com a arte, junto com minha terapeuta, contribuiu imensamente para o meu tratamento. Ele concedeu o tempo necessário para que eu me envolvesse, e para que eu pudesse acreditar que era possível melhorar. Acreditar que é possível é fundamental. No teatro, brincávamos sempre que apesar de terapêutico, o teatro não era terapia. E não é mesmo. Nem precisa ser. Mas é muito importante que tenhamos esses espaços onde se tem a oportunidade de sentir. Espaços onde nos permitimos. Isso pode ser de grande valia para o tratamento psicológico, mesmo que não o substitua.

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Faz escuro, mas eu canto, a 34ª Bienal de Arte de São Paulo na perspectiva de crianças

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Hoje às vésperas do Dia das Crianças escolho homenageá-las contando um curioso relato de experiência de uma mãe moradora do Tocantins, interessada em arte e apaixonada por psicologia, que leva seus filhos de 7 e 10 anos a uma viagem para visitar a 34ª Bienal de Arte de São Paulo.

E com isso gostaria de problematizar alguns tópicos que, à luz do olhar daquelas crianças, tornam relevante a intersecção entre os temas: infância, arte, psicologia e direitos humanos.

Nossa jornada começa numa despretensiosa ida ao Parque do Ibirapuera para ver a obra Entidades que o artista Jaider Esbell, do povo indígena Makuxi de Roraima, apresenta no lago. 

A obra faz referência à imagem da cobra grande, que por sua vez, pode ser símbolo de fartura e fertilidade, além de proteção no referencial simbólico de algumas nações indígenas.

É uma obra impactante e o desejo por conhecê-la mobilizou os pequenos para uma longa caminhada no refúgio verde da cidade grande. E, diante dela, no seu livre pensar, as crianças interpretaram o que viam, cada uma a seu modo segundo seus interesses e conteúdo pregresso, como: grandes cobras ou dragões mágicos. 

Fonte: https://amazoniareal.com.br/bienal-de-sao-paulo/

 

Noutro ponto, é necessário destacar que a 34ª Bienal faz história por trazer destaque a diversas obras de artistas indígenas. E que o mesmo Jaider Esbell, também é curador de uma mostra “Moquém_Surarî: Arte Indígena Contemporânea”, no Museu de Arte Moderna (MAM) a qual tivemos a feliz oportunidade de conhecer. 

Fonte: encurtador.com.br/BDKNP

 

Segundo publicação da Agência Brasil de Comunicação, a mostra apresenta trabalhos de 34 artistas indígenas de Roraima dos povos Baniwa, Guarani Mbya, Huni Kuin, Krenak, Karipuna, Lakota, Makuxi, Marubo, Pataxó, Patamona, Taurepang, Tapirapé, Tikmũ’ũn_Maxakali, Tukano, Wapichana, Xakriabá, Xirixana e Yanomami. 

E as obras são apresentadas em suportes diversos que vão desde desenhos criados por artistas como Ailton Krenak, Joseca Yanomami, Rivaldo Tapirapé e Yaka Huni Kuin; tecelagens de Bernaldina José Pedro; esculturas de Dalzira Xakriabá e Nei Xakriabá; fotografias de Sueli Maxakali e Arissana Pataxó; vídeo de Denilson Baniwa; gravura de Gustavo Caboco; e pinturas de Carmésia Emiliano, Diogo Lima e Jaider Esbell.

Fonte: https://anotabahia.com/mam-sp-apresenta-mostra-inedita-sobre-a-historia-da-arte-indigena/

 

Por ser moradora do Estado do Tocantins, onde estão localizadas muitas aldeias de 9 etnias diferentes, entendo que mereça reflexão o fato de termos conhecido arte indígena tão longe de sua fonte, em São Paulo-SP. E pergunto: caberia à Administração Pública e às instituições de educação em todos os níveis promover o acesso e a divulgação de arte indígena de grande qualidade, nos estados do Norte e Centro Oeste onde ela é produzida? 

Como oportunizar às crianças do “Norte” e “Centro Oeste” a possibilidade de se sentirem representadas pela arte indígena? 

Deixo com vocês as dúvidas que trouxe comigo na mala de volta!

Agora, vamos à Bienal! Preparem as pernas, pois são três andares muito grandes. Com amplas rampas de acesso. Daquelas que provocam nas crianças um desejo quase incontrolável de sair correndo. Motivo pelo qual, eu e outros pais, passamos pela experiência do “puxão de orelha” dos cuidadores do museu.

Fonte: http://34.bienal.org.br/sobrea34

 

Logo na entrada, uma instalação propunha que usássemos fones de ouvido e seguíssemos as orientações propostas pelo artista Roger Bernad.  O áudio convidava os participantes a interagir com os desconhecidos, “andar em bando”, “virar passarinho” e entendo da necessidade de agir juntos, repensar o mundo e realizar mudanças. 

Fonte: http://34.bienal.org.br/artistas/8721

 

As crianças curtiram muito a experiência e “bateram suas asas” por todo o espaço delimitado para a ação. Contudo foi inegável o desconforto quando o áudio convidava estranhos a se agruparem, se entreolharem e interagirem e elas percebiam que isso não acontecia. Pelo contrário, só havia interação restrita aos núcleos familiares ou grupos que já chegavam juntos ao museu. “O outro”, representado pelas crianças como corpos estranhos que podem trazer a doença e o mal em tempos de coronavírus, na prática da nossa experiência foi rejeitado pelos pequenos coletivos que se protegiam e se fechavam.

Neste momento, também fiquei pensando sobre o impacto do medo do outro causado pela pandemia da COVID 19. O quanto esse real gera efeitos na experiencias das crianças. E no como isso pode repercutir efeitos para a vida adulta, para suas relações interpessoais e para sua atuação coletiva como grupo e como cidadãos.

https://lunetas.com.br/wp-content/uploads/2021/03/criancas-internadas-covid-19-portal-lunetas-1.jpg

 

Falando em cidadãos, a 34ª Bienal é um verdadeiro convite a pensar a cidadania e os direitos humanos. Pois apresenta na forma de imagem e som, beleza e arte temas relevantes em direitos humanos, tais como a defesa da vida e da liberdade em todas as múltiplas possibilidades que prevê o artigo 5º da Constituição Federal do Brasil.

Sobre esse assunto, é preciso dizer que o título da 34ª Bienal, “Faz escuro mas eu canto”, foi retirado do poema do amazonense Thiago de Mello, publicado em 1965, funcionando como um enunciado da mostra:

“Por meio desse verso, reconhecemos a urgência dos problemas que desafiam a vida no mundo atual, enquanto reivindicamos a necessidade da arte como um campo de resistência, ruptura e transformação. Desde que encontramos esse verso, o breu que nos cerca foi se adensando: dos incêndios na Amazônia que escureceram o dia aos lutos e reclusões gerados pela pandemia, além das crises políticas, sociais, ambientais e econômicas que estavam em curso e ora se aprofundam”.

Ainda nessa experiencia rica sobre cidadania, as crianças viram pela primeira vez os rostos e as histórias de Nelson Mandela e Frederick Douglas e, com isso, puderam entender, a seu modo, um pouco do que eles fizeram por nós todos, enquanto humanidade.

 

Obra que homenageia Nelson Mandela que dedicou a vida à luta pelo fim do regime racista e segregacionista do Apartheid na África do Sul.

 

Homenagem a Frederick Douglas, relevante autor Norte Americano que lutou pelos direitos das pessoas negras serem tratadas pela lei e pelo Estado como cidadãos antes da implementação da 14ª Emenda nos Estados Unidos. Fonte: encurtador.com.br/orCKZ

 

E no mesmo passeio, contudo, a arte apresentou a elas em forma de gritos, imagens e músicas as dores que sofrem os presos políticos no mundo. Iniciando por Guantánamo, a terrível prisão estadunidense que, ironicamente está situada em solo cubano, e que ainda mantém dezenas de detidos sem a devida proteção do devido processo legal, sendo sabidamente torturados, sob pretexto da guerra contra o terrorismo. Por exemplo, a obra Evil 16 (Torture.Musik) de Tony Cokes, na 34ª Bienal de São Paulo, em 3 de setembro de 2021. Traz trechos de falas de ex-prisioneiros de Guantánamo nas quais são relatados o uso de música Norte Americana e som como armas de tortura dos Estados Unidos contra os árabes.

 

Fonte: encurtador.com.br/xzBOZ / Tradução do texto acima: “Ele também falou sobre música se tornando uma arma”.

Até a prisão chamada Saydnaya, a 25 quilômetros ao norte de Damasco, considerada a mais cruel da Síria em guerra, na qual, segundo relatório da Anistia Internacional, os prisioneiros viviam na escuridão e no silêncio absoluto, sendo submetidos a uma rotina de torturas e maus tratos.

“Eles eram transferidos para lá vendados, onde eram recebidos com uma “festa”, sendo brutalmente espancados. Eles passavam a maior parte do tempo dentro de uma pequena cela e eram obrigados a cobrir os olhos sempre que algum guarda entrava, ou eram levados para outro lugar. Uma testemunha declarou que um dos piores crimes que você poderia cometer em Saydnaya era tirar as mãos dos olhos”. (…) O canto era proibido; os guardas aplicam uma regra de silêncio absoluto, em que qualquer sussurro – ou grito durante um espancamento – era punido com tortura. Eles contam que quando escutam um grito, sabem que é um prisioneiro novo, que ainda não havia aprendido, da pior forma, as regras de lá.

Para ilustrar os horrores da tortura, tem-se a obra FRYDM!, de Luisa Cunha, na 34ª Bienal de São Paulo, em 3 de setembro de 2021 [Lina Bakr/Monitor do Oriente Médio. Na instalação, da caixa sai uma voz feminina que chorosa pede liberdade num tom alto e constante que ocupa todos os espaços da imensa sala e se faz onipresente.

 

Fonte: encurtador.com.br/koFI6

Saímos da Bienal com um incômodo inevitável! Não nos era possível desviar o olhar e os ouvidos dos gritos e do sofrimento traduzidos pela arte. O mundo atual descrito nos noticiários dos jornais e evitado pelos “assistidores de Netflix” se fazia presente em toda sua crueza e, definitivamente, não foi possível poupar as crianças disso. 

E eu pensei, o que fazer agora? Viemos de uma pequena cidade, Palmas-TO com menos de 300 mil habitantes e desenhada de modo planejado para que suas misérias não sejam tão notórias aos moradores do centro. E minhas crianças só conhecem tais conteúdos dos livros e da televisão. Como agir quando dão de cara com os horrores do mundo real?

Não tenho respostas certas, claro! Todo sujeito lida com os fatos a partir de sua subjetividade. Então, resolvi ouvi-los e ajudá-los a dar nomes à angústia, ao medo e à decepção que sentiam. E cada um, na sua singularidade, compreendeu e processou os conteúdos indigestos a seu modo. Um demonstrou um desejo incontrolável de agir (socar, bater e xingar com todos os golpes aprendidos nas aulinhas de Karatê) para evitar que pessoas sejam machucadas por “malvadões” do mundo a fora. A outra fechou-se em copas e quis sair do ambiente que lhe impedia de fingir que o sofrimento não existia para além das obras de ficção e passou dias remoendo o mal-estar inominado. Mas ambos, pela experiencia intensa que a arte de muita qualidade provoca, foram tocados e afetados pelos conteúdos propostos.

 

Fonte: encurtador.com.br/enGY0

Por fim, termino esse relato, com um sentimento pessoal de ordem contra transferencial que tive ao aplicar em uma criança de 10 anos uma bateria de teses na disciplina Estágio em avaliação psicológica. Enquanto realizávamos os testes, por um segundo, minha atenção tornou-se flutuante e eu pensei no quanto aquele menino era curioso, inteligente à sua maneira e capaz. E no quanto ele apreciaria verdadeiramente a oportunidade de ter contato com arte e ciência de qualidade. 

Refleti, também, sobre o esforço pessoal de superação de limitações que ele vinha fazendo ao longo dos anos em nome do desejo inequívoco de saber. Ele tem sede de saber! Mas devido às dificuldades financeiras enfrentadas pela imensa maioria dos brasileiros, ele também não teve tantas chances de aprender formalmente conteúdos relevantes de cultura, ciência e arte. 

Não consigo nem imaginar do que seria capaz, aquele menino corajoso e incrivelmente ativo, se tivesse a sua disposição, desde a primeira infância, a orientação técnica capacitada e recursos pedagógicos que superassem o acesso livre e desassistido ao youtube. Acredito que ele “voaria”.

 

Fonte: https://eucontista.wordpress.com/2014/08/19/o-menino-que-podia-voar/

E falando em “voar”, penso que para terminar este relato dedicado ao Dia das Crianças, é necessário retornar ao primeiro andar da 34ª Bienal e aceitar verdadeiramente o convite dos artistas para “virar passarinho”, “andar em bando” e juntos lutarmos para oportunizar direitos humanos e saúde mental a todos. Afinal é disso que falam a Constituição Federal, o Estatuto da Criança e do Adolescente e o Código de Ética do profissional de psicologia.

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O Deleite nas obras de Amanda

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O que o carvão colorindo as mãos ou encrustado no tronco nos diz? Que olhar ele nos lança diante de nós?

Frente aos rastros e restos das queimadas temos a nossa frente um pedido de socorro, um escancarado grito a nos acordar da naturalização frente ao findar da vida, de vidas vegetais e animais. É o tronco queimado, tornado carvão que nos alerta. O que vemos? O que nos olha?

As indagações frente a destruição do Cerrado apresentadas na exposição “Agora, antes de amanhã”, de Amanda Leite, até dia 30 de junho na Galeria SESC Palmas, é um convite a uma antecipação nossa frente ao que não queremos que se alastre a destruir por completo toda e qualquer poção da natureza. Encontramos ali, no silêncio, movimento, luzes e cores das obras uma importante aproximação com a natureza nossa do Tocantins.

Divulgada em seus atrativos turísticos a atrair gente de todo lugar, há uma poção dessa natureza que se esvai a cada dia, a cada gesto de destruição tão presente em nosso cotidiano, no campo e na cidade. As obras a nós mostradas por Amanda Leite apontam para esse degradante processo, aponta as relações sujeito humano e natureza em contradições existenciais.

Poderíamos parafrasear Latour em sua obra Diante de Gaia. Por Amanda Leite, diante do Cerrado. Parte composicional de Gaia. Parte constitutiva de nosso devir em terras tocantinenses, brasileiras. Ao sermos olhados pelo Cerrado em destruição provocada, que saibamos ler seu olhar naquilo que a lente e a sensibilidade da artista visual, fotógrafa, poetisa nos presenteia. Presente a nos exigir uma leitura daquela parte da natureza que nos olha. Indagativa.

Fonte: SESC/TO

Na articulação com o humano, o Cerrado nos apresenta vida. Seus frutos, suas flores, pássaros, autóctones em seus modos de vida criativo e preservacionista. Que nos alinhemos a beleza do fazer preservacionista presente nas imagens captadas e oferecidas a nós na exposição de Amanda Leite. Carvão e vida, carvão e semente, carvão e verde, carvão em atravessamento do humano.

As sementes insistentes de vida persistem em seus ciclo vitais. Em costuras humanas se entregam na busca de espalharem vida até onde os ventos e pássaros frugívoros as dispersem em recomposições.

Que o acelerar do carvão como composição do solo e ar do Cerrado não supere suas vidas e aqueles que nele habitamos. Nós.

Ao experimentar em seus fazeres artísticos, Amanda Leite é um convite à reflexão. Na série exposta que nomeei atravessamento do humano, em que os registros na natureza se amparam na figura humana e esta se compõe na natureza, nos diz de um engendramento existencial que estamos nele inseridos. Ali, a artista nos convida novamente a refletir nosso encontro com a natureza, com o Cerrado. Encontro a nos tornar outros, e outros. Em devires constantes.

Gestos, movimentos, pedidos, fusões, composições a nos definir humanos. A nos fazer reagir na busca de uma aproximação perdida no asfalto, nas queimadas, no envenenamento constante da mãe natureza. Necessitamos continuar a acreditar na vida, seus ciclos, suas insistências.

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Sofrimento e arte – (En)Cena entrevista a artista Laís Freitas

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“A resposta é que homens amam homens, podem até ser heterossexuais mas pelo prazer sexual. Homens glorificam o mesmo sexo, não consomem conteúdos feitos por mulheres, tem apreço apenas ao que eles próprios fazem”.

O Portal (En)Cena entrevista a artista plástica Laís Freitas, de Palmas-TO, para conhecer o que significa ser mulher no Brasil na pandemia pelo olhar da jovem pintora de 18 anos que utiliza das redes sociais como meio para divulgar e comercializar seu trabalho.

Durante a conversa, Laís explica como é ser jovem, mulher e pretender viver de arte no Brasil, apontando os desafios impostos pelo machismo estrutural. A artista também fala sobre os aspectos de saúde mental na sua obra mais recente, a série de quadros “ilusão”. Para ela, o pintar e a possibilidade de se expor e se expressar têm efeito terapêutico e chama a arte de “salvação” que oportuniza tanto ao artista como ao expectador, acessar e entender sentimentos que nunca haviam sido percebido.

(En)Cena –  Considerando o seu lugar de fala, mulher, jovem, artista  e usuária ativa das redes sociais: o que é ser mulher no Brasil, durante a pandemia da COVID-19?

Laís Freitas (@aloisam_) – Como jovem artista, vejo que ser mulher nos dias atuais de pandemia é uma constante luta, em todos os aspectos. Ao longo da história conseguimos como feministas muitas conquistas, mas ainda existem muitas pautas a serem tratadas. Com um olhar sensível, observo que o sofrimento da mulher, incluindo o meu, parte de um sentimento de solidão, diante de uma cobrança muito grande que fomos ensinadas desde pequenas, o peso do mundo em nossas costas, que claro, parte de um machismo estruturado da nossa convivência.

Fonte: Arquivo Pessoal – @aloisam_

(En)Cena –  Ao falar sobre a sua série de quadros “ilusão” no post do Instagram , @aloisam, do dia 25/04/2021  você afirma ter descoberto que o pintar te salva, quando permite contar a sua história. Como você entende a relação entre arte e saúde mental?

Laís Freitas (@aloisam_) –  Como disse na minha postagem, vejo o momento da pintura como uma “quase meditação”, é o momento que mais me sinto conectada comigo mesma, pelo processo ser demorado e estar transcrevendo meus sentimentos em símbolos.

 Nunca fui de me abrir conversando sobre meus problemas, mas sinto que me encontrei na minha pintura. Acho mais fácil escrever sobre o que estou passando e transformar em desenhos, me expresso dessa forma. Às vezes quando falo sobre esse processo com alguém, brinco que se não pintasse eu explodiria, porque desconheço forma mais eficiente de expressão. A arte é salvação, tanto para o artista quanto para o expectador, com ela conseguimos acessar e entender sentimentos que nunca tínhamos percebido, ela é sensível, conta uma história.

(En)Cena –    Como artista jovem em 2021, qual sua perspectiva diante do mercado de trabalho tão modificado e adaptado pela pandemia, com inúmeras possibilidade de interações comerciais online por meio das redes sociais?

Laís Freitas (@aloisam_) –  Com a pandemia, todos tivemos que nos reinventar. Já havia o pensamento de ter uma renda com o mercado online, mas não como eixo principal. Essa adaptação, para mim, abriu meus olhos para outras oportunidades e uma interação com o público muito rápida. A necessidade de criar conteúdo nas redes sociais confesso que me assusta um pouco, percebo que é mais fácil falar com mais pessoas, mas conseguir manter uma visibilidade e crescer em cima disso é mais difícil. Em relação a vendas, uma queda bem grande, a arte querendo ou não, no sistema econômico que vivemos quem compra é quem tem dinheiro, e com a pandemia trabalho está escasso então ninguém tem renda para contribuir no trabalho de um artista.

Fonte: Arquivo Pessoal – @aloisam_

(En)Cena – Quais os desafios de ser mulher e querer viver de arte no Brasil?

Laís Freitas (@aloisam_) –   Lembro-me da primeira vez que fui ao MASP, logo quando entrei havia um poster enorme do grupo Guerrilla Girls (de Nova York) com um texto adaptado “as mulheres precisam estar nuas para entrar no Museu de Arte de São Paulo?” e logo embaixo dados afirmando que apenas 6% dos artistas do acervo em exposição eram mulheres (2017).

Como mulheres, não temos visibilidade, ainda mais na arte que temos pouquíssimas referências ao longos dos movimentos. Por exemplo, em 1909 foi lançado o “Manifesto Futurista” de F. T. Marinetti que fundamentou a vanguarda europeia “futurismo”, em que dizia em seu texto ”Queremos glorificar a guerra – única higiene do mundo -, o militarismo, o patriotismo, o gesto destruidor dos anarquistas, as belas ideias pelas quais se morre e o desprezo da mulher.”. Sabemos que a arte, assim como todas práticas intelectuais, sempre foram afastadas das mulheres mas, porque ainda não temos visibilidade até hoje?

A resposta é que homens amam homens, podem até ser heterossexuais mas pelo prazer sexual. Homens glorificam o mesmo sexo, não consomem conteúdos feitos por mulheres, tem apreço apenas ao que eles próprios fazem. Essa, na minha visão, é a maior dificuldade de ser mulher e querer viver de arte, não temos a representação e a fama que um homem teria fazendo a mesma coisa. Por isso acho tão importante o movimento de mulheres apoiarem umas as outras, pois outros não vão fazer isso por nós.

Fonte: Arquivo Pessoal – @aloisam_

(En)Cena –   Alguns dos seus quadros trazem imagens de rostos, mãos e órgãos humanos. Num tempo de pandemia em que o corpo e a saúde viraram pauta de constantes sofrimentos físicos e mentais, de que tratam os corações da retratados na sua arte?

Laís Freitas (@aloisam_) –    A arte que faço é completamente minha, todas as faces mesmo que não sejam meu rosto, de alguma forma sou eu, assim como os corações e mãos. Minha última série “ilusão”, foi uma tentativa de me colocar em primeiro lugar, sem ter vergonha de mostrar fragilidade, por isso são todos autorretratos. Antes me escondia por medo de demonstrar sentimentos, tanto que publicava os quadros, mas não conseguia escrever sobre eles para explicar para o público o intuito do quadro.

Com muito esforço de passar por um processo de autodescoberta e aceitação, consegui parar de ter medo de demonstrar sentimentos através dos textos sobre os quadros. No primeiro quadro da minha série, que deu início a todos os outros, explico sobre essa “ilusão” de idealizar o sofrimento e até fugir dele, com medo da solidão. Mas a partir do momento que me permito sentir essa dor e percebo que faz parte do processo, essa solitude não incomoda mais, e até passo a gostar dela.

Para mim, o coração é o símbolo dos sentimentos e desse sofrimento. Demonstro as etapas da minha vida como as sensações que sentia no meu coração. Demonstrei ele pertencente a alguém, livre, sereno e também com fome.

Fonte: Arquivo Pessoal – @aloisam_

(En)Cena –   Na sua opinião, qual seria o caminho para as mulheres no pós-pandemia?

Laís Freitas (@aloisam_) –   Acredito que com essa pandemia, conseguimos ver ainda mais o que as mulheres passam em casa. As taxas de feminicídio só aumentam, relações abusivas disfarçadas de amor é o que mais têm. Que essa solidão que falei sirva de aprendizado, o sofrimento da cobrança em cima de nós é muito grande.

Revoluções assim, são de extrema importância. Todas entendemos o conceito de feminismo, ainda que tenha muito tabu em cima, devemos nos apoiar, creio que seja a única saída, o movimento de mulheres para mulheres.

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Sarau ComVida recebe o espetáculo Gerações

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Evento gratuito na Casa com a Música, na Lapa, promove projeto com Reppolho e Danilo Dourado

O Sarau ComVida desta terça, dia 12 de novembro, vai receber um encontro de gerações cheio de talento a partir das 19h, na Lapa. Trata-se do espetáculo “Gerações”, que apresenta a oportunidade aos amantes da Música Popular Brasileira de assistir à união entre o consagrado percussionista Reppolho e o carismático e jovem cantor Danilo Dourado.

Multi-instrumentista, compositor, cantor, arranjador, produtor musical e pesquisador pernambucano, Reppolho é conhecido por acompanhar, por anos, nomes como Gilberto Gil, Moraes Moreira, Elba Ramalha, Pepeu Gomes, Elza Soares, Baby do Brasil, dentre outros grandes artistas. Tem na trajetória solos históricos em diversos shows pelo mundo desde a década de 1980, como no Festival de Montreux, na Suíça, ao lado do Gil. Atualmente, vem apresentando ao grande público seu trabalho solo, que inclui mais de seis álbuns lançados. Destaque para “Tribal Tecnológico”, que conta com participações especiais de ícones da MPB.

Fonte: Arquivo Pessoal

O cantor e compositor Danilo Dourado nasceu na cidade de Ituaçu, na Bahia, onde começou a cantar com apenas 10 anos influenciado pelas filarmônicas locais, por seu avô e por músicos que faziam som nas praças. Hoje, vive no Rio de Janeiro e vem gradualmente se destacando como um novo expoente da MPB e da Worldmusic, tendo inclusive participado do programa do Raul Gil, no SBT, com uma boa repercussão pela excelente desenvoltura. Danilo lançou recentemente o álbum Zabumba, pela Brazil Tree Records (um coletivo de selos musicais do Rio), com direção musical de Hiroshi Mizutani e Felipe Escovedo, e o clipe “Vida que Leva”, produzido pelo seu produtor geral e artístico André Misse, com a direção musical do próprio Reppolho.

O espetáculo Gerações apresenta uma mistura de ritmos variados por meio de composições próprias da dupla. Promovido pela Casa Com a Música em parceria com o Sindicato Nacional dos Compositores Musicais sempre às terças-feiras, o Sarau ComVida tem o propósito de abrir espaço para a diversidade e riqueza das manifestações artísticas. Uma atração diferente a cada terça-feira, apresentando novos talentos e nomes consagrados no universo das artes. E o microfone é aberto para quem quiser mostrar o seu talento ao longo da noite. O evento integra o conjunto de ações que a Casa, apadrinhada por Milton Nascimento, vem realizando para angariar recursos para sua reforma. A entrada é uma colaboração consciente.

Fonte: Arquivo Pessoal

Serviço:
Data: 12 de novembro, terça-feira
Início do Show: 19h
Entrada: colaboração consciente

Local: Casa com a Música

Endereço:  Rua Joaquim Silva, 67, Lapa (RJ)

Mais informações pelo link.

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Lapa recebe festival de Rap

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Festival Lapa é Rap chega à sua 16ª edição com diversas apresentações, batalha de MC’s e intervenções poéticas no Palco Lapa 145

Quem curte rap e as tradicionais batalhas de MC’s já tem o seu ponto de encontro no Rio de Janeiro. O Palco Lapa 145 recebe o Festival Lapa é Rap na sexta, dia 8 de novembro, a partir das 22h. O evento, idealizado pelo músico e agitador cultural Kobá Xilon, reúne o melhor da nova cena do Rap em encontros imperdíveis e novidades sempre na segunda sexta de cada mês.

A sua 16ª edição vai contar com batalha de MC’s, intervenções poéticas e apresentações de Catu Oliveira, Pico Z.O, Nati Campos, Roots Gang, Falcão Records e DJ Karma. A entrada custa R$ 5,00.

Criado pela cantora Rosângela Si, o Palco Lapa 145 abre as portas com o intuito de ser uma casa dos artistas e seus movimentos. Com uma programação eclética, o casarão do final do século XIX está totalmente antenado com o nosso tempo, abraçando a diversidade e as manifestações artísticas em estado puro com festivais, shows, exposições, saraus, gastronomia, rodas de samba, rap e hip-hop e oficinas de dança e iniciação musical.

– Somos a casa da diversidade e da cultura, sempre aberta a todos que queiram mostrar o seu talento e, é claro, para quem está ávido a curtir e descobrir a cena carioca das artes muito além do mainstream – ressalta a fundadora.

Mais informações pelo telefone (21) 98231-0108 ou pelo site. 

Serviço: 

Festival Lapa é Rap – 16ª edição

Data: 8 de novembro, sexta-feira

Início do Show: 22h

Entrada: R$ 5,00

Local: Palco Lapa 145

Endereço: Rua da Lapa, 145, Centro.

Mais informações.

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Estudantes participam de Roda de Conversa sobre psicologia, política e arte

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Roda de conversa se prolongou com uma roda de Samba, proporcionando um momento de lazer, cultura e divertimento, de forma livre, gratuita e interativa para os que desejaram participar desse momento único.

No último dia 24/08 aconteceu, na praça dos Povos Indígenas de Palmas- TO, um encontro proporcionado pela clínica de psicologia Allegórica, a partir de uma roda de conversa com o tema: psicologia, política e arte. O evento contou com a presença de estudantes de Psicologia, além de palmenses e tocantinenses de diferentes cidades interessados no tema. 

Arquivo Pessoal

O momento propunha sentimento de livre acesso, cuja principal objetivo era tornar a ação descontraída, permeada pela espontaneidade dos participantes, que trouxeram a partir da fala diversos conteúdos, que apesar de não estarem em uma lógica acadêmica, vislumbrava assuntos de muita relevância e potência. 

Arquivo Pessoal

A partir dos questionamentos trazidos pela psicóloga Larissa, organizadora e proprietária da clínica Allegórica, indagações como “Pelo o que você luta?” fizeram com que realidades e argumentos viessem a emergir da roda de conversa. 

Demandas como insatisfação, tristeza e dificuldade foram trazidas, assim como conclusões advindas da reflexão de suas próprias realidades, trazendo a ideia de que os ambientes, condições, e as oportunidades, fazem ser possível ver a vida de novos ângulos. Saindo de condições que anteriormente era um “fardo”, ou vista como imutável. Os presentes trouxeram, a partir de relatos, que sair de suas “cavernas”, fez de suas limitações, possibilidades. Assumiram que talvez viessem a ser pessoas diferentes, se escolhessem viver na sombra de imposições, costumes, e crenças anteriores.

A luta por direitos, e a resistência para que não se perca os já conquistados, foram um dos assuntos marcantes da roda de conversa. A insatisfação vivida pelas pessoas da comunidade LGBTQ+ no atual cenário político foi posta à prova, com a fala de uma das participantes: “Nos mate com uma  arma, mas não mate nossa alegria”. A mesma vê que a criação de espaços como esses, propostos pela Allegórica, são de suma importância, para mobilizar e para manter viva a voz das pessoas que lutam há séculos para sair da situação de subalternos perante a sociedade, mantendo uma rede de proteção, de fala, liberdade de expressão, vivência, e pertencimento. 

Como previsto, a roda de conversa se prolongou com uma roda de Samba, proporcionando um momento de lazer, cultura e divertimento, de forma livre, gratuita e interativa para os que desejaram participar desse momento único.

Arquivo Pessoal

 

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