Automutilação: a dor das cicatrizes

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A automutilação também conhecida por lesão auto infligida, lesão autoprovocada e autolesão pode ser caracterizada através de práticas intencionais de lesões no próprio corpo sem considerar o suicídio. Este comportamento se desenvolve por fatores ambientais, culturais, psicológicos e fisiológicos, identificados, na maior parte, entre adolescentes e jovens (WALSH, 2012, apud QUESADA, 2020a).

Culturalmente, a automutilação é pouco discutida entre as pessoas devido a facilidade em esconder as cicatrizes e machucados provocados, e por ser constrangedor para a vítima. Assim, foi recém estudado no campo científico, sendo definida nos anos 60 como a “Síndrome do cortador de punhos”. Assim, quem a pratica busca o alívio das suas angústias e dores, e quando este comportamento não resulta nos efeitos de alívio desejados, sua frequência tende a aumentar para que a solução seja alcançada (QUESADA, 2020a).

Algumas situações podem contribuir para o desenvolvimento da prática de automutilação como abuso sexual, emocional e físico, traumas na infância, bullying, uso e abuso de álcool e outras drogas, transtornos psicológicos, transtornos alimentares, entre outros (QUESADA, 2020a).

As lesões autoprovocadas podem ser classificadas de acordo com a gravidade dos ferimentos. São elas: categoria leve, definidas como práticas de pouca frequência e lesões leves; categoria moderada, são ferimentos com maior intensidade e frequência, e por vezes, surge necessidade de intervenção médica. Já na categoria grave, há ferimentos de alta intensidade que podem ocasionar sequelas nas vítimas (QUESADA, 2020c).

Esta ação nem sempre é fácil de ser percebida devido às regiões das lesões estarem escondidas. Porém, alterações em certos comportamentos podem ser indícios dessa prática, como baixa autoestima ou julgamento de si próprio, desmotivação para atividades que anteriormente eram executadas, alteração de apetite, vítimas de bullying, baixa interação entre familiares e amigos (QUESADA, 2020a).

Fonte: encurtador.com.br/kJKR9

A colaboração dos familiares e da sociedade

Receber e respeitar a notícia de automutilação são princípios fundamentais e diferenciais para que a vítima possa se sentir acolhida e protegida diante de tal sofrimento. Assim como, considerar que o indivíduo que realiza a automutilação a prática pela falta de habilidades no controle emocional dos sofrimentos e resolução de problemas, e por isso, encontra nessa prática alívio de seu sofrimento. A todas as pessoas que convivem e conhecem pessoas que fazem a automutilação, é de extrema importância que possam ter compreensão e saibam conversar sobre o assunto com as vítimas, a fim de planejarem estratégias de tratamento (QUESADA, 2020a).

O meio familiar é o primeiro e principal ambiente que a pessoa é inserida no contexto de relacionamento, contribuindo para a construção e formação de seus princípios e valores de vida. É a partir desses vínculos que também se forma estratégias e habilidades de controle emocional diante de sofrimentos e estressores, e consequentemente, diminui-se as chances do adoecimento psíquico. Entretanto, a família também pode ser considerada um fator de adoecimento, quando esta não contribui para a qualidade de vida e bem-estar do familiar (QUESADA, 2020b).

A rede de apoio e assistência é fundamental para que a vítima tenha segurança e consciência de que existem maneiras mais adaptativas de seus problemas. Podem ser classificadas como profissionais de saúde, familiares, amigos, instituições religiosas, instituições de ensino, colegas de trabalho etc (QUESADA, 2020a).

Os profissionais de saúde envolvidos no tratamento de pacientes que se automutilam, devem levantar algumas informações para identificar as características das práticas de lesões autoprovocadas. Tais como, a frequência e intensidade dos machucados, circunstâncias que motivaram, formas e objetos utilizados, planejamentos e execuções, existência de intenção e ideação suicida. Compreender essas características auxilia na agilidade do planejamento e da execução do tratamento das vítimas. Pois quem mantém a prática autolesiva, muitas vezes, sentirá constrangimento e receio de que outras pessoas possam descobrir (QUESADA, 2020a).

Diversas instituições são consideradas determinantes para a colaboração da prevenção e cuidado ou como potencializadora dos atos de autoagressões. As relações interpessoais influenciam no controle emocional das pessoas que se automutilam, por isso é recomendado cultivar bons relacionamentos e convivência cordial para com as pessoas inseridas nesses contextos. Outro ponto a ser pensando é o papel da sociedade, contribuindo para a saúde mental coletiva com campanhas educativas como o “Setembro Amarelo” que aborda assuntos como automutilação e suicídio (QUESADA, 2020b).

Deve compreender que o tratamento é multiprofissional, e que quanto antes for iniciado, mais chances de sucesso o paciente terá. Podendo ser interprofissional entre médicos, enfermeiros, psicólogos, pedagogos, entre outros, além da colaboração de familiares e amigos (QUESADA, 2020a).

O ambiente escolar pode ser primordial para a psicoeducação e prevenção das práticas de automutilação entre crianças e adolescentes. É nele que a criança passa boa parte do seu tempo, onde também aprende sobre relações interpessoais, valores morais, regras. Nesse sentido, é que cada vez mais percebe-se a necessidade de uma equipe multiprofissional capacitada no que tange a saúde mental nas escolas, visando a qualidade de vida e o fortalecimento de vínculos saudáveis nesse contexto social. Juntamente com os familiares, a escola tem um papel de colaboração da identificação nas ocorrências de automutilação e na transmissão de informações necessárias nesses casos, principalmente para a elaboração e execução dos planos terapêuticos para o tratamento (QUESADA, 2020b).

Deve-se compreender como parte da sociedade, as redes sociais e serviços midiáticos por terem um alcance maior e mais rápido em relação a outros meios de comunicação. Assim, existem fatores que colaboram com a prevenção das práticas de autoagressão, ideação e tentativas de suicídio e outros que potencializam o acesso a informações distorcidas podendo incentivar a esses atos. Publicar conteúdo na internet que incentive a prática da automutilação é configurado como crime pelo artigo 122 do Código Penal (QUESADA, 2020b).

É entre os 13 e 16 anos a idade de maior frequência das autoagressões, sendo o corte o mais usado na autoagressão, localizados geralmente nas pernas, braços e barriga. Diante disso, é preciso observar os comportamentos e a rotina dos adolescentes, para que então, possam conversar e deixá-los confortáveis diante dessa circunstância (QUESADA, 2020c).

Em 2019 foi criada a Política Nacional de Prevenção da Automutilação e do Suicídio através da Lei nº13.819/19, com o objetivo de promover saúde mental, prevenir a automutilação e conscientizar a população sobre essas práticas, que constituem questão de saúde pública (QUESADA, 2020c). Por se tornar política pública, foram criados alguns serviços para que colaborassem no auxílio e orientações sobre autolesões, ideação, planejamento, tentativa suicida. O Serviço Telefônico Estatal é uma central telefônica de recebimento de ligações sem custos e com sigilo para as pessoas que buscam ajuda (QUESADA, 2020b).

Fonte: encurtador.com.br/gjrxW

 Identificando sinais de alerta e prevenção

Escolas, faculdades e universidades são ambientes onde surgem demandas de acolhimento, orientação e apoio ao adoecimento psíquico, por isso os profissionais que atuam em tais instituições precisam estar preparados e capacitados para lidar com esse fenômeno. A identificação de alguns comportamentos e vínculos afetivos podem orientar a equipe escolar para as medidas cabíveis, como a relação da pessoa com seus familiares, relacionamento com seus colegas de trabalho e meio acadêmico e relação com o meio social, a fim de encontrar recursos e uma possível rede de apoio diante dos resultados encontrados (QUESADA, 2020b).

Alguns fatores podem ter grande influência no aumento da frequência de autoagressão e tentativa de suicídio, que são: episódio anterior de tentativa de suicídio, transtornos mentais e histórico familiar e/ou genético de auto violência (OMS, 2014 apud QUESADA, 2020c). Outros fatores de risco também podem contribuir para a prática ou aumento das autoagressões como violência física, sexual, psicológica (QUESADA, 2020c).

Já os fatores de proteção e prevenção podem ser considerados habilidades do indivíduo em resolver conflitos, controle emocional diante de circunstâncias de problemas, suporte familiar, acesso a grupos terapêuticos ou equipe multiprofissional em saúde, prática de atividades físicas, entre outros recursos que possam contribuir na sua qualidade de vida. Algumas medidas podem reforçar o trabalho preventivo aos atos de automutilação, tais como desenvolver cada vez mais vínculos afetivos saudáveis, a psicoeducação no ambiente escolar, apresentar os serviços sociais de apoio às pessoas com adoecimento mental, desenvolver habilidades de recursos próprios para o fortalecimento e equilíbrio emocional (QUESADA, 2020c).

Por se tratar de um assunto tão delicado e denso, muitas vezes a violência autoprovocada não é discutida no meio social, e por isso as pessoas que não são especialistas ou trabalhadores da saúde sentem dificuldade em abordar esse assunto com as pessoas que apresentam tal prática. As orientações gerais para esse tema podem ser definidas como conversar com as pessoas praticantes de forma leve e mais acolhedora possível, a fim de que a vítima possa se sentir respeitada e apoiada. O mais importante diante de todo esse contexto é poder compreender as alternativas de resolução de problemas para a pessoa e identificar os meios que possam tratar e minimizar seus sofrimentos.

Fonte: encurtador.com.br/befrw

Referências:

QUESADA, Andrea Amaro; NETO, Carlos Henrique de Aragão; OLIVEIRA, Josianne Martins; GARCIA, Marina Saraiva. Noções gerais sobre a automutilação. Fortaleza: Fundação Demócrito Rocha, 2020a. 15 p.: il. color. (Curso Prevenção da Automutilação; fascículo 1). ISBN 978-65-86094-35-0.

QUESADA, Andrea Amaro; NETO, Carlos Henrique de Aragão, OLIVEIRA, Josianne Martins; GARCIA, Marina Saraiva. Automutilação: abordagem prática de prevenção e intervenção. Fortaleza: Fundação Demócrito Rocha, 2020b. 15 p.: il. color. (Curso Prevenção da Automutilação; fascículo 2). ISBN 978-65-86094-34-3.

QUESADA, Andrea Amaro; FIGUEIREDO, Carlos Guilherme da Silva; SILVA, Antônio Geraldo; FIGUEIREDO, Renata Nayara da Silva; FIGUEIREDO, Karine da Silva; GUIMARÃES, Isabella Sallum. ilustrações: Rafael Limaverde. Cartilha para prevenção da automutilação e do suicídio: orientações para educadores e profissionais da saúde. Fortaleza: Fundação Demócrito Rocha, 2020c. 124 p.: il. color.

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Violência autoprovocada – (En)Cena entrevista a psicóloga Laurilândia Silva

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Violência autoprovocada é um assunto que requer muita atenção e precisa ser discutido entre o meio social, pois a cada dia as ocorrências desta prática ficam mais frequentes. Compreender sobre o processo, desenvolvimento e tratamento é fundamental para a qualidade de vida de quem apresenta essa demanda. Por isso, o Portal (En)Cena convidou a psicóloga Laurilânida O. Silva, Especialista em Saúde da Família Comunidade e atuante no atendimento de pessoas com comportamentos suicidas para uma entrevista sobre o tema.

Fonte: Arquivo Pessoal

Laurilândia O Silva, é psicóloga formada pelo Centro Universitário Luterano de Palmas/Universidade Luterana do Brasil e Especialista em Saúde da Família e Comunidade pelo Programa de Residências Integradas/PIRS FESP Palmas -TO. Possui experiência na área da saúde atuando em diferentes cenários como no Núcleo Ampliado de Saúde da Família e Atenção Básica (NASF-AB), no NUPAV – Núcleo de Prevenção de Violência e Acidentes e Promoção da Saúde, Centro de Educação Inclusiva com crianças e adolescentes com deficiência como bolsista do programa “Palmas Para Todos” no município de Palmas – TO.  Atualmente atua como psicóloga, bolsista-pesquisadora do programa “Palmas para Todos”, em um projeto voltado ao público que apresenta comportamento suicida em Palmas – TO e no Nasf-AB.

(En)Cena – Defina o conceito de violência autoprovocada e suas formas.

Laurilândia O. Silva – O termo violência autoprovocada, também conhecido como violência autoinfligida é o ato de provocar algum dano a si mesmo, é uma autolesão deliberada, intencional que pode ser dividida em comportamento suicida e autoabuso.

O comportamento suicida é subdivido em pensamentos ou ideação suicida, tentativa de suicídio e o suicídio completo. Alguns autores definem o autoabuso como os atos de automutilação. Giusti, (2013) define a automutilação como “qualquer comportamento que envolva a agressão intencional ao próprio corpo, sem que haja intenção consciente de suicídio”.

A política Nacional de prevenção da automutilação e do Suicídio de abril de 2019, define por violência autoprovocada, o suicídio consumado, a tentativa de suicídio e o ato de automutilação, com ou sem ideação suicida. A pessoa que comete violência contra si próprio, pode não ter uma intenção suicida, ou seja, não apresentar a vontade de causar a morte.

Fonte: encurtador.com.br/dFL35

(En)Cena – Quais os fatores desencadeantes para as práticas de autoagressão?

Laurilândia O. Silva – O suicídio e as outras formas de violência autoinfligida “é um fenômeno multifatorial, multideterminado e transacional que se desenvolve por trajetórias complexas, porém identificáveis”, essa é a definição da organização das nações unidas em 1960.

Essas trajetórias complexas, podem ser chamadas de fatores de risco, de acordo com Botega (2015) a natureza desses fatores de risco é variável, há influência da genética, de elementos da história pessoal e familiar, de fatores culturais e socioeconômicos, de acontecimentos estressantes, de traços de personalidade e de transtornos mentais.

(En)Cena – Como ocorre o atendimento psicológico emergencial para quem pratica?

Laurilândia O. Silva – É importante estar atento aos sinais que a pessoa que tem a intenção de cometer suicídio emite, o suicídio pode ser previsível. Sinais como pedidos de desculpa e de perdão aos familiares, pequenos bilhetes, versículos da Bíblia e poesias, compras de certos objetos como cordas e escadas.

Se a pessoa apresenta ideação suicida, ou seja, ela tem pensado em cometer suicídio, ou tenha um plano elaborado para executar o suicídio e fala frases do tipo: “Tenho vontade de dormir e não acordar mais”, “sou um fracasso”, com planejamento ou não, é importante que a pessoa procure ajuda profissional.

Fonte: encurtador.com.br/blnx6

No serviço público essa pessoa pode procurar atendimento em uma Unidade Básica de Saúde ou CAPS- Centro de Atenção Psicossocial. Casos em que a pessoa realizou a tentativa de suicídio, a orientação é que ela procure, seja levada por alguém ou pelo SAMU ou Corpo de Bombeiros a um serviço de urgência e emergência como Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) e HGP- Hospital Geral de Palmas.

Recomenda-se que um familiar acompanhe o intento suicida nas consultas iniciais para receber orientações. No primeiro atendimento é importante avaliar o risco da intencionalidade em cometer o suicídio, realizar orientações para afastar meios letais, sensibilizar para a importância de seguir as orientações médicas e tratamento medicamentoso, identificar pessoas significativas para o intento suicida e obter apoio, essas são ações que são tomadas de imediato para prevenir uma nova tentativa com sucesso.

(En)Cena – Como pode ser constituída a rede de apoio desses pacientes?

Laurilândia O. Silva – O apoio de familiares e amigos, instituições religiosas, escolas e universidades, profissionais de saúde e trabalhadores do Sistema Único de Assistência Social, pode constituir a rede de apoio ao intento suicida.

(En)Cena – Quando e como os profissionais devem verificar se alguém está praticando a automutilação? E como as pessoas em geral, podem analisar? Se essa suspeita é confirmada, como deve proceder?

Laurilândia O. Silva – Muitos profissionais de saúde, amigos e familiares sentem receio em abordar o tema do suicídio e da automutilação, mas a estratégia é perguntar, é questionar em uma linguagem clara e direta. Muitas pessoas acreditam que perguntar sobre a intenção de tirar a própria vida, pode contribuir para que o suicídio aconteça, isso é um mito muito comum. Algumas sugestões de perguntas são: você pensa muito sobre morte, sobre pessoas que já morreram, ou sobre sua própria morte? Você pensou em suicídio durante essa última semana?

Fonte: encurtador.com.br/cfTY9

Outra estratégia para verificar se alguém está praticando a automutilação é observar cicatrizes nas partes do corpo, observar se houve mudança na forma como a pessoa se veste, por exemplo, começa vestir roupas de mangas compridas em um ambiente quente, na intenção de esconder machucados e cicatrizes. Ao perceber esses sinais os profissionais, familiares e amigos, podem perguntar sem julgamentos sobre o que está acontecendo e ofertar ajuda, procurando algum serviço de saúde.

(En)Cena – Como a família, escola, sociedade e instituições religiosas podem contribuir como rede de apoio a essas pessoas?

Laurilândia O. Silva – A família, escola, sociedade e instituições religiosas como dito anteriormente compõem a rede de apoio de uma pessoa que apresenta comportamento suicida. Essa rede pode contribuir na desmistificação de preconceitos e estigmas em torno da violência autoprovocada. Evitar compartilhar em redes sociais vídeos, fotos, cartas de despedidas e formas de praticar o suicídio, também são estratégias de contribuir para prevenção e apoio aos familiares do intento suicida. Promover espaços de reflexão e aprendizagem sobre o tema, com profissionais de saúde e estudiosos do tema. Incentivar a busca por ajuda.

(En)Cena – A partir da sua experiência, considera que o ensino acadêmico no curso de psicologia é eficaz para a prática profissional do psicólogo?

Laurilândia O. Silva – Com base na minha experiência acadêmica, percebi que o que aprendi sobre violência autoprovocada, aprendi na prática profissional, em supervisões, apoio técnico e leituras. O ensino acadêmico abordou pouco sobre o tema e não foi eficaz para a minha prática. Acredito que seja importante que o acadêmico de psicologia aprenda e desenvolva competências para atuação com o comportamento suicida, principalmente se o acadêmico pretende atuar na rede pública de saúde, no SUS.

(En)Cena – Deixo um espaço livre para indicações de leituras, orientações e sugestões.

Laurilândia O. Silva – Minha sugestão é que quem tiver curiosidades existem algumas organizações que trabalham ofertando apoio a sociedade, fazer parte dessas organizações ou procurar conhecer pode ajudar no entendimento sobre o tema:

Referências:

Botega, Neury José. Crise Suicida: avaliação e manejo. Porto Alegre: Artmed, 2015.

BRASIL. Lei Nº 13.819, de 26 de abril de 2019. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato20192022/2019/Lei/L13819.htm. Acesso em: 29 de abril de 2021.

GIUSTI, Jackeline Suzie. Automutilação: características clínicas e comparação com pacientes com transtorno obsessivo-compulsivo. Tese de Doutorado, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2013. Disponível em: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5142/tde-03102013-113540/publico/JackelineSuzieGiusti.pdf. Acesso em 27 de abril de 2021.

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“Vamos falar sobre Suicídio?” é tema do 1º Encontro sobre Saúde Mental em Palmas

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Nesta sexta-feira, dia 22 de setembro de 2017, aconteceu o 1º Encontro sobre Saúde Mental na Universidade Federal do Tocantins – Campus Palmas. Promovido pela Secretaria Municipal de Saúde (Semus), faz parte da programação “Setembro Amarelo: Prevenção ao Suicídio”, sendo o segundo evento incluído na programação.

O encontro foi realizado em dois momentos. O início se deu no auditório da Universidade da Maturidade (UMA), que faz parte da UFT, com a Mesa de Abertura composta pelo psiquiatra Flávio Dias Silva e os psicólogos Camila Brusch, Tássio de Oliveira Soares e Johnatan Rospide. Este último abordou o suicídio a partir de um posicionamento ético e político, como um sintoma da sociedade, e defendeu a tese de que o atual processo de subjetivação está produzindo subjetividades que são solo fértil para o suicídio.

A psicóloga Camila Brusch introduziu sua fala detalhando os temas que seriam tratados nas rodas de conversa, como orientação sexual, identidade de gênero, violência sexual, violência doméstica e abuso infantil. Camila também alertou sobre o índice de suicídio ser oito vezes maior na comunidade LGBT.

Mesa de Abertura. Foto: Laryssa Araújo.

Tássio trouxe à mesa a perspectiva do suicídio indígena, que é constantemente vivido por estas comunidades e que possui um significado cultural distinto ao do que os profissionais da saúde estão mais habituados a trabalhar, isto é, o da cultura não indígena. Além disso, indicou que o papel do psicólogo, quando inserido nesses grupos, é de dar voz para esses povos e amenizar a ação do governo sobre os mesmos.

E o psiquiatra Flávio Dias Silva comentou a sua atuação baseada na medicina centrada na pessoa, onde o cuidado é primordial. Explanou que atualmente as áreas provedoras de cuidado estão sendo insuficientes e, ainda, as pessoas estão acumulando raiva, esta se generaliza de tal modo a ponto de voltar-se para si mesma, como o suicídio. Nisso, é essencial que os profissionais da saúde trabalhem desenvolvendo a resiliência nessas pessoas.

O segundo momento foi realizado no Bloco C, da universidade, em três salas que contemplavam as rodas de conversa com temas distintos. Foram eles “Suicídio, automutilação e transtornos mentais”, que teve o psiquiatra Flávio Dias Silva como facilitador; ”Suicídio e sexualidade”, com os mediadores o psiquiatra Luís Prestes e a psicóloga Camila Brusch; e “Suicídio e cultura”, com os mediadores – psicólogos – Johnatan Rospide e Tássio de Oliveira Soares.

Para Isabelle Rabelo, acadêmica de Enfermagem do CEULP, a roda de conversa sobre suicídio e automutilação lhe propiciou, como futura profissional, uma visão mais humanizada no que se refere à saúde mental. Ademais, afirma que se alegrou ao ver a diversidade de profissionais presentes que buscam formação humanista para tratar dessa problemática.

Nesse contexto, o evento contribuiu com o objetivo proposto. Favoreceu diálogos entre a comunidade e profissionais da saúde sobre os saberes acerca do suicídio, sua prevenção, diagnóstico e intervenção. É válido ressaltar que o “Setembro Amarelo: Prevenção ao Suicídio” ainda tem mais duas atividades, no IFTO e no Parque Cesamar, até o dia 10 de outubro de 2017. Clique aqui para acessar a Programação na íntegra.

Setembro Amarelo. Fonte: https://goo.gl/PX4Y6K

Vamos falar sobre Suicídio?

Um problema de saúde pública que vive atualmente a situação do tabu e do aumento de suas vítimas é o suicídio. Pelos números oficiais, são 32 brasileiros mortos por dia, taxa superior às vítimas da AIDS e da maioria dos tipos de câncer. Tem sido um mal silencioso, pois as pessoas fogem do assunto e, por medo ou desconhecimento, não veem os sinais de que uma pessoa próxima está com ideias suicidas. A esperança é o fato de que, segundo a Organização Mundial da Saúde, 9 em cada 10 casos poderiam ser prevenidos. É necessário a pessoa buscar ajuda e atenção de quem está à sua volta.

Saiba mais sobre o Setembro Amarelo

Setembro Amarelo é uma campanha de conscientização sobre a prevenção do suicídio, com o objetivo direto de alertar a população a respeito da realidade do suicídio no Brasil e no mundo e suas formas de prevenção. Ocorre no mês de setembro desde 2015, por meio da identificação de locais públicos e particulares com a cor amarela e ampla divulgação de informações.

CVV – Centro de Valorização da Vida (uma das principais mobilizadoras do Setembro Amarelo) é uma entidade sem fins lucrativos que atua gratuitamente na prevenção do suicídio desde 1962, membro fundador do Befrienders Worldwide e ativo junto ao IASP – Associação Internacional para Prevenção do Suicídio), da Abeps (Associação Brasileira de Estudos e Prevenção do Suicídio) e de outros órgãos internacionais que atuam pela causa.

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CAOS: Falar sobre suicídio é uma das poucas formas de prevení-lo

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No dia 22 de agosto de 2017, ocorreu na sala 409A, do Ceulp/Ulbra o mini curso Prevenção ao Suicídio e Automutilação, ministrado pela psicóloga clínica e da saúde comunitária do NASF Krahô, Thaydja Rhalline L. Campos e pelo psicólogo, coordenador do Observatório de Violência e do NUPAV, André Felipe Lopes S. A. Araújo. A primeira abordou a conceituação de suicídio e automutilação, alguns sinais e fatores de risco e algumas formas de prevenção. O segundo apresentou alguns dados estatísticos no Brasil.


Inicialmente, Thaydja diz que “o psicólogo não dá conta do suicídio sozinho. É um trabalho em rede”, enfatizando a necessidade em se acionar uma rede de apoio para cuidar de quem está com ideação suicida, que é uma pessoa que “não quer acabar com a vida, mas com o sofrimento”, segundo Thaydja. Essa rede de apoio engloba os diversos profissionais da saúde e também a família, da qual o paciente irá escolher alguém de confiança para ser um ponto de acesso a ele. Em casos de conflitos familiares, o psicólogo deve procurar sensibilizar a família e, caso necessário, procurar uma instância maior para a proteção do indivíduo.

Segundo Thaydja, falar sobre suicídio (morte intencional autoinfligida) e automutilação (ato de se machucar intencionalmente, de forma superficial, moderada ou profunda) ainda é um tabu muito grande, mas isso deve ser quebrado, pois “falar sobre suicídio é uma das poucas formas de prevení-lo”, uma vez que a informação leva a transformação e os indivíduos nessa situação podem entender que não estão sozinhos, que há uma solução melhor que tirar a própria vida.

Dinâmica defina em uma palavra o suicídio

Thaydja informa que 90% das pessoas que cometem suicídio apresentam transtornos mentais, mas 98% das pessoas que possuem transtornos mentais não cometem suicídio, ou seja, o T.M. em si não é a causa, mas está presente. Não há causas preestabelecidas para o suicídio, isso depende da história de cada um e de seus vários pontos de fragilidade. A associação entre dois ou mais fatores aumentam o risco (Exemplo: depressão + alcoolismo).

A psicóloga explica que o suicídio se dá em três fases, sendo a primeira a ideação, na qual a pessoa dá avisos sutis, dizendo, por exemplo, que não tem mais sentido em sua vida, que gostaria de morrer, passando a organizar e planejar a forma de se matar. A segunda fase é o intento, onde ocorre a tentativa de tirar a própria vida, podendo falhar ou levar a terceira fase que é o suicídio com êxito.

Alguns sinais e fatores de risco se dão por condições clínicas incapacitantes, como dor crônica, por condições psicológicas, como problemas familiares intensos, por condições sociodemográficas, como estar desempregado e por transtornos mentais. Thaydja enfatiza que o psicólogo precisa estar atento a esses fatores de risco e aos sinais que o indivíduo transmite.

Como formas de prevenção, ela diz que se deve impedir o acesso aos meios para cometer suicídio, como armas, facas, cordas e medicamentos, realizar vigilância 24 horas, não deixando a pessoa sozinha sob hipótese alguma, sempre procurar atendimento nos serviços de saúde e alguém de confiança deve ficar responsável por dar a medicação na dose e horário corretos, deixando inacessível ao indivíduo. Thaydja também apresenta maneiras que não se deve reagir, como ignorar a situação, ficar chocado ou em pânico com os relatos do indivíduo, falar que vai ficar tudo bem sem agir para tal, desafiar a pessoa a cometer suicídio, fazer o problema parecer sem importância, dar falsas garantias, jurar segredo, deixar a pessoa sozinha e compará-la com outras pessoas.

Em seguida, André apresentou dados mostrando que, no Brasil, a própria casa é o cenário mais frequente de suicídios (61%) seguida pelos hospitais (26%). Os principais meios são enforcamento (47%), armas de fogo (19%) e envenenamento (14%). Em 2016, 71,3% das tentativas de suicídio notificadas se deram entre as idades de 15 a 29 anos. O número de óbitos por suicídio no Brasil cresceu 33,5% desde 2008. Do total de óbitos registrados, 1% é decorrente de suicídio.

Eles finalizam o mini curso com a frase: “não é drama, não é para chamar atenção, nem é falta de Deus e muito menos frescura”, deixando claro que é necessário que haja informação e debates sobre o assunto, e que qualquer sinal sobre suicídio deve ser levado a sério.

 

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Jogo Baleia Azul: o desafio do suicídio

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A evolução da tecnologia é responsável por diversas mudanças ocorridas nas últimas décadas. Galli (2002, p. 1) afirma que “uma das marcas da globalização é a velocidade com que evolui a tecnologia”, e nesse processo, a internet tem espaço essencial na comunicação e processamento de informações (GALIL, 2002).

Ribeiro, Leite e Sousa (2009, p. 187) defendem que

As tecnologias móveis de comunicação, sobretudo o celular, sofisticam-se e ampliam cada vez mais suas funcionalidades. Em paralelo, desenvolvem-se novas formas de experienciar as diversas situações sociais através destes equipamentos, principalmente entre os adolescentes. Neste caso, o dispositivo funciona como forma de suprir demandas de comunicação cada vez mais imediatas e complexas.

Fonte: http://zip.net/bqtJRd

Apesar de diversos aspectos positivos serem possibilitados por meio da tecnologia, há relatos a respeito de dependência comportamental, indicando que muitas pessoas fazem uso patológico da internet (FORTIM; ARAÚJO, 2013). A troca do mundo real pelo mundo virtual, em busca de apoio e aceitação, principalmente por crianças e adolescentes, tem gerado várias situações que aumentam os fatores de risco e comprometem a segurança.

Em 2016, o mundo presenciou vários suicídios ocorridos durante o jogo da asfixia, ou brincadeira do desmaio (The Choking Game). O jogo é um desafio que utiliza “técnicas de apneia, de estrangulação ou de compressão a fim de obter um breve estado de euforia, podendo conduzir a um desmaio voluntário ou acidental, às vezes letal” (GUILHERI; ANDRONIKOF; YAZIGI, 2017, p. 869). São autoinfligidos, geralmente transmitidos online, como forma de comprovar que a tarefa está de fato sendo realizada, podendo estar ou não vinculados a algum jogo online (League of legends, por exemplo). Há relatos de jogos de desmaio nos EUA datados de 1995.

Fonte: http://zip.net/bgtHSV

No entanto, a brincadeira começou a ganhar notoriedade mundial em 2007, se tornando um problema de saúde pública, principalmente na França. No Brasil, é a partir de 2011 que ocorre aumento considerável dos relatos de asfixia com crianças e adolescentes (GUILHERI; ANDRONIKOF; YAZIGI, 2017). O jogo da asfixia tem como objetivo principal o desafio à capacidade e coragem do jogador, além da busca por um estado de euforia momentânea, que pode ou não levar à morte. O jogo no qual iremos focar nossos esforços tem um caráter mais profundo, baseado num contrato entre o jogador e seu “orientador” e com diferentes níveis de evolução.

O jogo Baleia Azul (Blue Whale) é uma nova modalidade de desafio que apareceu recentemente nos meios de comunicação, portanto não há artigos ou estudos mais aprofundados. As informações que se têm a respeito desse assunto são baseadas apenas em matérias de jornais que relatam mortes de adolescentes, principalmente na Rússia, ou em vídeos explicativos criados por participantes ou ex-participantes do jogo.

Conforme veículos de comunicação online, a maioria baseados no jornal Novaya Gazeta, da Rússia (The Sun Gazeta Online, Dailymail, R7, Blastingnews Brasil, 2017) há relatos de grupos criados em 2013. Mas a primeira suspeita de morte vinculada ao jogo é de 2016. O jogo foi criado na Rússia, e atualmente as investigações apontam que pelo menos 130 jovens do país que eram participantes dos grupos deste jogo tenham se suicidado.

O jogo Baleia Azul acontece em um grupo fechado nas redes sociais, sendo o Facebook (ou VK na Rússia) uma das mais utilizadas. Os grupos normalmente são nomeados de “Jogo Baleia Azul” (Game Blue Whale), “acorde-me às 04:20h”, “casa silenciosa” e “estou no jogo”. Pesquisas rápidas mostram que no Brasil já existem grupos Baleia Azul, com a finalidade de unir jogadores que desejam ser desafiados.

Fonte: http://zip.net/bdtJnD

A pessoa que deseja participar envia uma solicitação, e o “líder” do grupo, chamado de baleia, inicia o contato. A partir do início do contrato, o participante receberá 50 desafios diferentes, que devem ser realizados durante 50 dias, geralmente às 04:20h da manhã. Os primeiros desafios são mais simples e o risco aumenta gradativamente no decorrer dos dias. Os desafios são baseados principalmente em automutilação em diferentes níveis, assistir filmes de terror e ouvir músicas melancólicas, subir em locais altos, como prédios e pontes e conversar com um “baleia” (um dos administradores do grupo).

O 50º desafio é suicidar-se do modo à sua escolha (enforcado, pulando de um prédio, pulando em frente a um trem, utilizando comprimidos ou veneno). Alguns vídeos detalham tarefas mais específicas, tais como não falar sobre o jogo, superar medos pessoais, dizer a data da morte, que deverá acontecer no 50º dia de jogo, e aceitar a morte (The Sun Gazeta Online, dailymail, R7, blastingnews Brasil, 2017).

Fonte: http://zip.net/bctHPc

Além de incentivar a coragem e autonomia do participante, o jogador recebe suporte constante dos “baleias”, que são os administradores do grupo. Os administradores são pessoas mais velhas, que geralmente possuem capacidade de argumentar, persuadir e envolver os participantes. A cada desafio realizado, aumentam os sentimentos de força, coragem, capacidade de automutilação e pertencimento ao grupo. “Esse sentimento de onipotência pessoal e de pertença ao grupo é reforçado quando o jovem partilha vídeos na internet, ganhando notoriedade entre os colegas” (GUILHERI; ANDRONIKOF; YAZIGI, 2017, p. 874). O objetivo principal é que, ao final do jogo, o participante seja capaz de tirar a própria vida. Sair do jogo simboliza falha ou fraqueza. De acordo com os jornais, há também relatos de ameaças à família do jogador, caso ele queira desistir.

Fonte: http://zip.net/bxtJKW

Os participantes são principalmente crianças e adolescentes vulneráveis, que se sentem sozinhos ou isolados. São pessoas que têm ideação suicida ou já fizeram alguma tentativa de suicídio sem sucesso. O jogo Baleia Azul vai gradualmente ensinando ao participante que ele é capaz de sair do sofrimento, proporcionando pequenos prazeres, como a automutilação e a sensação de liberdade ao subir em locais altos. A automutilação ocorre com mais frequência na fase da adolescência, sendo que há “correlação com as frustrações relativas ao universo das descobertas dos adolescentes, envolvendo uso de drogas, intrigas escolares, isolamento social, crises familiares e as primeiras decepções amorosas” (CEDARO; NASCIMENTO, 2013, p. 205).

Fonte: http://zip.net/bstJbt

Ainda de acordo com os autores, a automutilação, apesar de retratar um comportamento auto agressivo, é uma tentativa de sentir-se “vivo”, de lidar com emoções e buscar alívio imediato. O jogador de Baleia Azul se sente apoiado pelos administradores e pelo grupo, e acredita que vai conseguir se libertar de qualquer sofrimento ao final dos 50 (cinquenta) dias de desafio.

Apesar das inúmeras tentativas de denunciar os grupos e impedir a disseminação do “desafio da morte”, o jogo Baleia Azul é mais um artifício utilizado nas redes sociais, entre tantos outros massivamente divulgados pela internet, para identificar crianças e adolescentes vulneráveis, e incentivá-los a colocar-se em risco. Precisamos estar alerta porque ações como essa, que promovem o incentivo ao suicídio e risco a segurança, não podem ser negligenciadas.

Fonte: http://zip.net/brtHTt

Família, escola, comunidade e governo precisam desenvolver uma rede de proteção para crianças e adolescentes, a fim de evitar o aumento de casos de suicídio. As pessoas mais próximas precisam estar atentas “aos sinais físicos, psicológicos e comportamentais a fim de orientá-los adequadamente: realizar sensibilização sobre a periculosidade do ato, levar à consulta médica ou psicológica, agendar reunião com os responsáveis escolares, entre outros” (GUILHERI; ANDRONIKOF; YAZIGI, 2017, p. 875).

Além disso, informação e sensibilização são essenciais nesse processo de fortalecimento e encorajamento de crianças e adolescentes. Guilheri, Andronikof e Yazigi, (2017, p. 875) afirmam que

trabalho de informação e prevenção deve ser realizado em ação conjunta das áreas da saúde e da educação, formando profissionais capacitados para a sensibilização de adultos, pais, professores e corpo médico. Estes, por sua vez, devem agir para sensibilizarem jovens e crianças alertando-os dos reais perigos dos quais nem sempre têm consciência.

Fonte: http://zip.net/bwtHpM

Nesse sentido, Sapienza e Pedromônico (2005, p. 215) acreditam que “agora seja o momento de colocar em prática o que já se sabe sobre a resiliência, a fim de promover condições para que cada vez mais crianças e adolescentes possam se tornar resilientes”. Precisamos aprender a ouvir e entender as crianças e adolescentes, e principalmente, perceber os sinais que indicam isolamento, tristeza, angústia, frustração, ansiedade ou problemas emocionais.

Família, escola, comunidade e governo têm um papel primordial nesse processo. Por serem as crianças e adolescentes os mais atingidos com jogos e brincadeiras virtuais que atentam contra a vida, são eles que devem ser o principal meio de sensibilização, apoiados, é claro, pelos grupos sociais que compõem a rede de apoio. É de extrema importância que as situações e mortes ocorridas não sejam negligenciadas, que estejamos alerta a toda e qualquer situação de risco.

REFERÊNCIAS:

BARNES, Luke. Are your children playing the Blue Whale challenge? Police warn British parents over ‘suicide game behind hundreds of Russian teen deaths’. Dailymail Online. 2017. Disponível em: <http://www.dailymail.co.uk/news/article-4302338/Police-warn-parents-Blue-Whale-suicide-game.html>. Acesso em: 07/04/2017.

BLASTINGNEWS. Conheça o desafio suicida baleia azul que atrai jovens na internet. 2017. Blastingnews Brasil. Disponível em: <http://br.blastingnews.com/mundo/2017/04/conheca-o-desafio-suicida-baleia-azul-que-atrai-muitos-jovens-na-internet-001599997.html>; <http://br.blastingnews.com/mundo/2017/03/adolescentes-cometem-suicidio-ao-participarem-de-jogo-doentio-na-web-001517511.html>. Acesso em: 07/04/2017.

CEDARO, Jóse Juliano. NASCIMENTO, Josiana Paula Gomes do. Dor e Gozo: relatos de mulheres jovens sobre automutilação. P. 203-223 24(2). São Paulo: Psicologia USP, 2013.

EURONEWS. Jogo na internet leva centenas ao suicídio. Euronews Brasil. 2017. Disponível em: <http://pt.euronews.com/2017/03/30/russia-jogo-na-internet-leva-centenas-de-jovens-ao-suicidio>. Acesso em: 07/04/2017.

FORTIM, Ivelise. ARAUJO, Ceres Alvez de. Aspectos psicológicos do uso patológico de internet. Bol. – Acad. Paul. Psicol. vol.33 no.85. São Paulo, 2013.

GALIL, Fernanda Correa Silveira. Linguagem da internet: um meio de comunicação global. UNESP, 2002.

GUILHERI, JulianaANDRONIKOF, AnneYAZIGI, Latife. “Brincadeira do desmaio”: uma nova moda mortal entre crianças e adolescentes. Características psicofisiológicas, comportamentais e epidemiologia dos ‘jogos de asfixia’. Ciênc. saúde coletiva [online]., vol.22, n.3, pp.867-878. ISSN 1413-8123.  http://dx.doi.org/10.1590/1413-81232017223.14532016. Rio de Janeiro, 2017.

MULLIN, Gemma. What is the Blue Whale online suicide game and how many teenage deaths has it been linked to in Russia? “The Sun” Gazeta Online. London, 2017. Disponível em: <https://www.thesun.co.uk/tech/3003805/blue-whale-suicide-game-online-russia-victims/>. Acesso em: 07/04/2017. Acesso em: 07/04/2017.

NASCIMENTO, AD., and HETKOWSKI, TM., orgs. Educação e contemporaneidade: pesquisas científicas e tecnológicas [online]. Salvador: EDUFBA, 2009, 400 p. ISBN 978-85-232-0565-2.

R7. Jogo em rede social russa leva centenas de jovens ao suicídio. R7 Online. 2017. Disponível em: <http://noticias.r7.com/internacional/jogo-em-rede-social-russa-leva-centenas-de-jovens-ao-suicidio-segundo-suspeita-da-policia-31032017>. Acesso em: 07/04/2017.

RIBEIRO, José Carlos; LEITE, Luciana; SOUSA, Samille. Notas sobre aspectos sociais presentes no uso das tecnologias comunicacionais móveis contemporâneas.

SAPIENZA, Graziela. PEDRÔMONICO, Márcia Regina Marcondes. Risco, Proteção E Resiliência no Desenvolvimento da Criança e do Adolescente. Rev. Psicologia em Estudo, v. 10, n. 2, p. 209-216, mai./ago. Maringá, 2005.

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