Bifobia: o que é isso?

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Para entender o que seja a bifobia, faz- se necessário revelar qual grupo está sendo alvo de agressões e discriminações, uma vez tratar-se de um grupo que não há muitas informações nas mídias, sua visibilidade ainda é pouco difundida. Pois bem, pode-se dizer que, a bifobia seja a aversão, discriminação e/ou o preconceito contra pessoas bissexuais, isto é, a desvalorização da identidade bissexual e a negação de sua existência, por meio cruel de discriminação do indivíduo, baseada na orientação sexual.

Oportuno ressaltar, que a pessoa bissexual não se relaciona apenas com homens e mulheres cisgêneros (pessoas que se identificam com o gênero que nasceram), eles também sentem atração por pessoas trans, não-binárias (que não se identificam com os gêneros masculino e feminino) e de qualquer outra identidade de gênero. Alguns negam a existência do bissexual por que este, socialmente é tido como sendo hétero.

Algumas pessoas pensem que a bissexualidade é seja passageiro e/ou uma fase, ou mesmo que o bissexual está confuso, com receio em ser homossexual, assim sendo, cri que logo definirá que gosta de pessoas do mesmo gênero ou do oposto. No entanto, a pessoa bi não se enquadra nos padrões heteronormativos.

Diante desses conceitos sociais e crenças limitantes, raiz da bifobia, que fez e faz-se presente em nossa sociedade. Tanto a bissexualidade quanto a bifobia, ainda são poucas divulgadas, apesar de estar no rol do grupo LGBTQUIAPN+ , comunidade que visa a representatividade dos grupos nela inserida, talvez a pouca divulgação seja em virtude de serem vítimas de violência simbólica. Pois, o que não está no universo da visão social, inexiste.

No Brasil, há uma ordem inversa às perspectivas dos indivíduos LGBTQUIAPN+ , uma corrente de desvalorização, invalidação e violência contra as identidades “Das Unheimliche”,  àquela instituída pelos ditos conservadores, defensores dos bons costumes e da família, os heterossexuais, os quais ainda esquivam-se em um conservadorismo arcaico e ultrapassado para legitimar suas agressões.

                                                                                                                           Fonte: significados.com.br

Bandeira Bissexual. Desenhada em 1998. O significado de suas cores. “A cor rosa- representa a atração sexual e/ou romântica por pessoas do mesmo gênero. O azul -simboliza a atração sexual/romântica por pessoas do gênero oposto. A cor roxa, faixa central, cor resultante da junção do azul com o rosa (ou vermelho), simbolizando a atração tanto pelo gênero oposto, como pelo mesmo gênero”.

Violência é toda e qualquer atitude que venha a trazer sofrimento a outrem, seja ela, física, moral, social, e/ou psicológica, sendo definida pela Organização Mundial da Saúde (OMS, 2002) como : o “uso intencional da força ou poder em uma forma de ameaça ou efetivamente, contra si mesmo, outra pessoa ou grupo ou comunidade, que ocasiona ou tem grandes probabilidades de ocasionar lesão, morte, dano psíquico, alterações do desenvolvimento ou privações

Contrapondo a esse movimento nefasto, há a necessidade de leis para coibir tais arroubos agressivos, pois, no país, só há o mínimo de respeito pelo diferente, se se houver uma medida coercitiva, punitiva para rechaçar os ímpetos primitivos e cruéis dos héteros conservadores.

Corroborando nesse sentido, estamos diante da premissa de uma nova normativa, o  Projeto de Lei N° 1138, De 2023,  o qual “ Dispõe sobre a obrigatoriedade de afixação de placa informativa proibindo as discriminações ou preconceitos de cor, raça, etnia, religião, procedência nacional, orientação sexual, identidade de gênero e análogos, em estabelecimentos públicos e privados, e dá outras providências” .  Autoria do Senador Jader Barbalho (MDB/PA).   São lutas intermináveis, para e pela garantia de direitos da pessoa humana.

Não deveria ter uma norma nova quando esta garantia é clara e precisa no Princípio Constitucional da Igualdade – CF/ 1988, disposto em seu Art. 5º , nos seguintes termos : “ Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade (…)”.

                                                                                                             Fonte: https://stock.adobe.com/br

Vale ressaltar, que os héteros discriminadores e ditos conservadores, em sua maioria são brancos, possuidores de uma mente tacanha, cruel, retrógrada , impertinente e impiedosa. E porque não dizer, críticos de si?

E, estando no centro dessa violência silenciosa e corrosiva, as pessoas que sofrem bifobia experienciam diversos prejuízos psicológicos, tais como, baixa autoestima, ansiedade, depressão, isolamento social, estresse e até mesmo pensamentos suicidas e suicídios. A discriminação e a violência constante, afeta negativamente a saúde mental e emocional das pessoas bissexuais.

                                                                                                                 Fonte: https://br.freepik.com

Reforçando o antedito, irrefutável que a discriminação bifóbica atinge de forma impactante e significativa  o bem-estar psicológico das pessoas bissexuais. Essa discriminação, de invalidação da identidade do indivíduo, pode leva-lo a sentimentos de vergonha, ansiedade, depressão, baixa autoestima e isolamento social. Bem como, dificultar o processo de auto aceitação pessoal, afetando sobremaneira  relacionamentos, seja social e/ou afetivo  e prejuízos à sua saúde mental e,  até mesmo o risco de comportamentos autodestrutivos.

E, nesse emaranhado, ambiente de hostilidade e violência, os grupos tentam fazer-se visíveis e respeitados socialmente, bem como, dar e ampliar vozes, o grupo em voga,  criaram O Dia da Visibilidade Bissexual, cujo dia, celebra-se,  no  23 de setembro, data criada em 1999 pelos ativistas em direitos bissexuais Wendy Curry, Michael Page e Gigi Raven Wilbur.

                                                                                                         Fonte: https://stock.adobe.com

 

Os bissexuais, são como dardos social, são alvos de investidas cruéis, das mais difusas e complexas. Não raro,  homens e mulheres bissexuais sofrem com a invalidação de suas sexualidade. Quanto às mulheres, estas podem ser motivação para fetiche, quanto aos homens são classificados como “gays que não saíram do armário”. Conhecimento de mundo que a  falta de informação gera preconceito.

Pensando nessa premissa, que o grupo LGBTQUIAPN+, juntos ou individualmente, vislumbram novos horizontes com a divulgação de sua existência para que sejam evidenciados e respeitados como declina a nossa Carta Magna.

Diante desses movimentos para evidenciar-se como pessoa dotada de direitos e garantias, como todo e quaisquer brasileiro, o grupo bissexual, deseja, para, quem sabe, um dia, a nossa sociedade possa conviver em harmonia e paz, com as pessoas como elas são e não como a sociedade decida como e o que ela seja de fato.

REFERÊNCIA

BÊ-Á- BÁ PARA COMPREENSÃO DAS DIFERENÇAS PAG.40 Fonte: Adaptado de Chauí (2012).

___________CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE  1988.

https://pt.linkedin.com/pulse/turismo-brasileiro-%C3%A9-branco-h%C3%A9tero-conservador-e-hubber-clemente?trk=pulse-article_more-articles_related-content-card

Robson de Carvalho, coordenador de Políticas de Cidadania e Diversidades de Diadema e ex-presidente da ONG Viva a Diversidade.

https://www.significados.com.br/bandeiras-lgbt/

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Bissexualidade: quando sair do armário vira algo da vida toda e mesmo assim o próprio grupo inviabiliza a existência de parte da comunidade

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Na vivência da bissexualidade, as orientações sexuais são uma maneira de dar sentido a comportamentos, gostos e desejos humanos. No entanto, a compreensão predominante das sexualidades tende a ligar biologia, gênero e atração, enfatizando categorias binárias tradicionais como feminino-masculino e heterossexual-homossexual. Isso cria normas rígidas que limitam as relações afetivas e sexuais a papéis de gênero convencionais. Nesse cenário, pessoas que desafiam essas classificações são marginalizadas, incluindo indivíduos bissexuais. Eles enfrentam formas específicas de preconceito e, muitas vezes, não encontram apoio adequado na comunidade LGBTQIAP+.

Nas entrelinhas desta problemática levantada, mergulhamos no complexo mundo das orientações sexuais e como elas se entrelaçam com as normas da heterossexualidade. Aqui, somos testemunhas da marginalização sofrida por formas de sexualidade que desafiam o status quo, com destaque para a discriminação que atinge as pessoas bissexuais dentro da comunidade LGBTQIAP+.

Embora tenham desempenhado papéis fundamentais na luta pela diversidade sexual e de gênero, as pessoas bissexuais enfrentam um olhar desconfiado que as acusa de ameaçar a coesão do movimento, aparentemente por sua proximidade com a heterossexualidade. Mas a verdade é que o conceito de bissexualidade se expandiu ao longo do tempo, abraçando uma riqueza de identidades de gênero, indo muito além de uma atração por apenas dois sexos. No entanto, ainda falta à bissexualidade símbolos e estereótipos que a tornem mais facilmente reconhecível.

                                                                                                        Fonte:https://medium.com

Sou bi. não estou indecisa!

A discriminação que paira sobre as pessoas bissexuais, conhecida como bifobia, é uma tentativa de manter intactas as categorias monossexuais, preservando o confronto entre heterossexualidade e homossexualidade. Isso se manifesta de diversas formas, incluindo a ideia errônea de promiscuidade e a crença de que a bissexualidade é uma fase temporária de experimentação. Esse estigma cria uma pressão constante sobre as pessoas bissexuais, forçando-as a fazer uma escolha definitiva em relação à sua orientação sexual, algo que acaba por impactar profundamente sua qualidade de vida e relacionamentos.

O renomado jornal americano The New York time, publicou uma matéria (O “armário duplo”: por que algumas pessoas bissexuais lutam contra a saúde mental) sobre a revisão de 57 estudos, e descobriu que, quando comparadas com pessoas heterossexuais, as pessoas bissexuais apresentaram taxas mais elevadas de depressão e ansiedade, e taxas mais elevadas ou equivalentes dessas condições, quando comparadas com aquelas que se identificaram como gays.

A bifobia, uma violência silenciosa, insinua-se em várias esferas da vida daqueles que a enfrentam diariamente, gerando sentimentos de solidão, confusão, vulnerabilidade e insegurança. Diante dessa realidade, um indivíduo bissexual se encontra em um eterno sair do armário, mesmo que seja só para si mesmo. Heterossexuais não precisam se assumir, gays se assumem um par de vezes. Bissexuais vão se assumir por uma vida inteira.

Sites consultados:

https://medium.com/mulheres-que-escrevem/quem-tem-medo-de-se-dizer-bissexual-a313ce3a9180

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