Bifobia: o que é isso?

Maria Sueli de Souza Amaral Cury (Acadêmica de Psicologia)  – suelicury@gmail.com

Para entender o que seja a bifobia, faz- se necessário revelar qual grupo está sendo alvo de agressões e discriminações, uma vez tratar-se de um grupo que não há muitas informações nas mídias, sua visibilidade ainda é pouco difundida. Pois bem, pode-se dizer que, a bifobia seja a aversão, discriminação e/ou o preconceito contra pessoas bissexuais, isto é, a desvalorização da identidade bissexual e a negação de sua existência, por meio cruel de discriminação do indivíduo, baseada na orientação sexual.

Oportuno ressaltar, que a pessoa bissexual não se relaciona apenas com homens e mulheres cisgêneros (pessoas que se identificam com o gênero que nasceram), eles também sentem atração por pessoas trans, não-binárias (que não se identificam com os gêneros masculino e feminino) e de qualquer outra identidade de gênero. Alguns negam a existência do bissexual por que este, socialmente é tido como sendo hétero.

Algumas pessoas pensem que a bissexualidade é seja passageiro e/ou uma fase, ou mesmo que o bissexual está confuso, com receio em ser homossexual, assim sendo, cri que logo definirá que gosta de pessoas do mesmo gênero ou do oposto. No entanto, a pessoa bi não se enquadra nos padrões heteronormativos.

Diante desses conceitos sociais e crenças limitantes, raiz da bifobia, que fez e faz-se presente em nossa sociedade. Tanto a bissexualidade quanto a bifobia, ainda são poucas divulgadas, apesar de estar no rol do grupo LGBTQUIAPN+ , comunidade que visa a representatividade dos grupos nela inserida, talvez a pouca divulgação seja em virtude de serem vítimas de violência simbólica. Pois, o que não está no universo da visão social, inexiste.

No Brasil, há uma ordem inversa às perspectivas dos indivíduos LGBTQUIAPN+ , uma corrente de desvalorização, invalidação e violência contra as identidades “Das Unheimliche”,  àquela instituída pelos ditos conservadores, defensores dos bons costumes e da família, os heterossexuais, os quais ainda esquivam-se em um conservadorismo arcaico e ultrapassado para legitimar suas agressões.

                                                                                                                           Fonte: significados.com.br

Bandeira Bissexual. Desenhada em 1998. O significado de suas cores. “A cor rosa- representa a atração sexual e/ou romântica por pessoas do mesmo gênero. O azul -simboliza a atração sexual/romântica por pessoas do gênero oposto. A cor roxa, faixa central, cor resultante da junção do azul com o rosa (ou vermelho), simbolizando a atração tanto pelo gênero oposto, como pelo mesmo gênero”.

Violência é toda e qualquer atitude que venha a trazer sofrimento a outrem, seja ela, física, moral, social, e/ou psicológica, sendo definida pela Organização Mundial da Saúde (OMS, 2002) como : o “uso intencional da força ou poder em uma forma de ameaça ou efetivamente, contra si mesmo, outra pessoa ou grupo ou comunidade, que ocasiona ou tem grandes probabilidades de ocasionar lesão, morte, dano psíquico, alterações do desenvolvimento ou privações

Contrapondo a esse movimento nefasto, há a necessidade de leis para coibir tais arroubos agressivos, pois, no país, só há o mínimo de respeito pelo diferente, se se houver uma medida coercitiva, punitiva para rechaçar os ímpetos primitivos e cruéis dos héteros conservadores.

Corroborando nesse sentido, estamos diante da premissa de uma nova normativa, o  Projeto de Lei N° 1138, De 2023,  o qual “ Dispõe sobre a obrigatoriedade de afixação de placa informativa proibindo as discriminações ou preconceitos de cor, raça, etnia, religião, procedência nacional, orientação sexual, identidade de gênero e análogos, em estabelecimentos públicos e privados, e dá outras providências” .  Autoria do Senador Jader Barbalho (MDB/PA).   São lutas intermináveis, para e pela garantia de direitos da pessoa humana.

Não deveria ter uma norma nova quando esta garantia é clara e precisa no Princípio Constitucional da Igualdade – CF/ 1988, disposto em seu Art. 5º , nos seguintes termos : “ Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade (…)”.

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Vale ressaltar, que os héteros discriminadores e ditos conservadores, em sua maioria são brancos, possuidores de uma mente tacanha, cruel, retrógrada , impertinente e impiedosa. E porque não dizer, críticos de si?

E, estando no centro dessa violência silenciosa e corrosiva, as pessoas que sofrem bifobia experienciam diversos prejuízos psicológicos, tais como, baixa autoestima, ansiedade, depressão, isolamento social, estresse e até mesmo pensamentos suicidas e suicídios. A discriminação e a violência constante, afeta negativamente a saúde mental e emocional das pessoas bissexuais.

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Reforçando o antedito, irrefutável que a discriminação bifóbica atinge de forma impactante e significativa  o bem-estar psicológico das pessoas bissexuais. Essa discriminação, de invalidação da identidade do indivíduo, pode leva-lo a sentimentos de vergonha, ansiedade, depressão, baixa autoestima e isolamento social. Bem como, dificultar o processo de auto aceitação pessoal, afetando sobremaneira  relacionamentos, seja social e/ou afetivo  e prejuízos à sua saúde mental e,  até mesmo o risco de comportamentos autodestrutivos.

E, nesse emaranhado, ambiente de hostilidade e violência, os grupos tentam fazer-se visíveis e respeitados socialmente, bem como, dar e ampliar vozes, o grupo em voga,  criaram O Dia da Visibilidade Bissexual, cujo dia, celebra-se,  no  23 de setembro, data criada em 1999 pelos ativistas em direitos bissexuais Wendy Curry, Michael Page e Gigi Raven Wilbur.

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Os bissexuais, são como dardos social, são alvos de investidas cruéis, das mais difusas e complexas. Não raro,  homens e mulheres bissexuais sofrem com a invalidação de suas sexualidade. Quanto às mulheres, estas podem ser motivação para fetiche, quanto aos homens são classificados como “gays que não saíram do armário”. Conhecimento de mundo que a  falta de informação gera preconceito.

Pensando nessa premissa, que o grupo LGBTQUIAPN+, juntos ou individualmente, vislumbram novos horizontes com a divulgação de sua existência para que sejam evidenciados e respeitados como declina a nossa Carta Magna.

Diante desses movimentos para evidenciar-se como pessoa dotada de direitos e garantias, como todo e quaisquer brasileiro, o grupo bissexual, deseja, para, quem sabe, um dia, a nossa sociedade possa conviver em harmonia e paz, com as pessoas como elas são e não como a sociedade decida como e o que ela seja de fato.

REFERÊNCIA

BÊ-Á- BÁ PARA COMPREENSÃO DAS DIFERENÇAS PAG.40 Fonte: Adaptado de Chauí (2012).

___________CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE  1988.

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Robson de Carvalho, coordenador de Políticas de Cidadania e Diversidades de Diadema e ex-presidente da ONG Viva a Diversidade.

https://www.significados.com.br/bandeiras-lgbt/