Maisa Carvalho: Consultório na Rua, Políticas Públicas e Cidadania

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O conceito de cidadania é discutível em relação às pessoas em situação de Rua, pois, ter uma certidão de nascimento é dado como o ponto principal de cidadania. Quem não viu a propaganda que passava na TV “Eu tenho nome e quem não tem? Sem documentos eu não sou Ninguém, eu sou Maria, eu sou João, com certidão de nascimento, sou cidadão”?!. A falta de documentos pode ser um empecilho para o exercício da cidadania, acerca disso os profissionais do Consultório na Rua tem como objetivo a busca por Cidadania daqueles que estão em situação de rua. É importante diferenciar a cidadania do direito à dignidade, onde o MPDF (2018) menciona a Constituição Federal quanto ao dever de promoção do bem-estar de todos sem quaisquer tipos de preconceitos com foco na redução das desigualdades sociais.

Nesta entrevista para o (En)Cena, a Assistente Social Maisa Carvalho nos traz um conteúdo muito enriquecedor acerca do trabalho com as pessoas em situação de rua e a prática das políticas públicas na busca pela cidadania dessas pessoas. Ela é graduada pela Universidade Federal do Tocantins – UFT (2016), especialista em Gestão de Redes de Atenção à Saúde pela Fundação Oswaldo Cruz – FIOCRUZ (2018), especialista em Saúde Mental pelo Centro Universitário Luterano de Palmas e Fundação Escola de Saúde Pública, através do Programa de Residência Multiprofissional em Saúde Mental – ULBRA/FESP (2020), Responsável Técnica do Programa Piloto de Justiça Terapêutica do Tribunal de Justiça do Tocantins, atualmente atua na equipe de saúde Consultório na Rua e é pesquisadora nas temáticas voltadas para Saúde e Direitos Humanos: saúde mental, população em situação de rua e feminização de substâncias psicoativas.

Fonte: Arquivo Pessoal

(En)Cena: A questão da cidadania em relação aos documentos, quando não há esse documento e às vezes é muito difícil correr atrás e o paciente precisa ser atendido em alguma unidade, é negado? Como funciona?

É atendido sim, até porque não conheço nenhum protocolo ou uma lei que impeça que a pessoa seja atendida na saúde se ela não tiver documento. No entanto, se ela for encaminhada para a atenção especializada, se for cirurgia, um exame específico, acredito que dificulta mais. Isso vai depender de quem atende, do protocolo do local, vai depender de qual que é o procedimento, porque o primeiro passo é ter o cartão do SUS. A pessoa tendo um cartão do SUS, ela vai ser atendida independente de ter documento ou não.

Até hoje não tivemos negativa nenhuma, quando tem uma situação assim a gente acompanha, procura explicar “olha é um paciente em situação de rua, ele é acompanhado pelo Consultório na Rua, que é um serviço que atende esse público, que faz parte da Rede, etc.” Porque tem pessoas que não conhecem o serviço e a gente tem que chegar nos lugares explicando o que fazemos, quem somos, para dar mais visibilidade também. O nosso serviço deveria ter literalmente portas abertas em todas as unidades, porque nós somos um ponto da Rede de Atenção Básica, as unidades de saúde elas o nosso apoio. Exemplo, se a gente precisa imprimir documentos, precisa pegar a medicação na farmácia, precisa de atendimento, inclusive de consulta, esse serviço não deveria ser burocratizado, porque a gente faz parte da rede, não somos um outro serviço de fora, mas em algumas unidades ainda não é tão facilitado esse acesso, no entanto isso vem melhorando muito. As unidades que já conhecem, são super abertas, tem atendimento rápido, dão prioridade para os pacientes.

É um serviço de formiguinha que dá essa abertura muito tranquilo, agora quanto a outros serviços realmente não tem acesso. Se você precisa de uma matrícula escolar você precisa de documento, se você precisa fazer um título de eleitor, fazer uma carteira de trabalho, de identidade, se você precisa acessar habitação, você precisa de documento, infelizmente não conseguimos dar prosseguimento sem documentação. E é onde os pacientes ficam de fora se eles não tiverem. Já encaminhei vários ofícios de solicitação de isenção de certidão de nascimento aos cartórios, somando aos enviados e aos documentos que já chegaram, somam-se uns 20 documentos.

O contexto das ruas é de vários tipos de exposição e um deles é a deterioração desses documentos ou até mesmo percas, furtos, eles estão ali alguém vai rouba essa pessoa, leva a carteira, alguma bolsa com dinheiro e leva tudo junto. A certidão de nascimento é um documento que não há necessidade de você andar com ele, você não apresenta em qualquer lugar, você apresenta o RG, que também é fácil para tirar de novo. O que é mais difícil é o registro nascimento, então a gente sugere deixar com uma pessoa confiável, um familiar, um amigo ou uma pessoa próxima, ou então a gente tem também um acordo com o CREAS que é o Centro de Referência Especializado de Assistência Social. Caso a pessoa não tenha ninguém para deixar, nenhum local, deixamos o documento lá até que a pessoa em situação de rua volte para casa, ou se restabeleça, ou caso ela precise, tenta pegar quando é em último caso porque é um documento que você pode não conseguir de novo, para liberar uma vez o cartório libera, mas duas vezes pode ser que não, e aí já foge da nossa governabilidade.

Fonte: encurtador.com.br/nCDHX

(En) Cena: Como funciona a questão do custo desses documentos? O governo arca com isso?

Depois que eu entrei no serviço, construí juntamente com a equipe um fluxo com os cartórios para acessar a segunda via de registro de nascimento, porque para tirar a certidão de nascimento a gente precisa entrar em contato com os cartórios, onde essa pessoa foi registrada e fazer a solicitação. Para que o cartório seja ressarcido desse valor, é necessário que seja encaminhado um ofício e uma declaração de hipossuficiência assinada pelo usuário.Com esse documento, a gente traz todo o histórico da pessoa, que ela mora em situação de rua, quanto tempo, qual é o problema dela, que é acompanhado pelo Consultório na Rua e faço uma breve contextualização do que é esse serviço, trago também algumas partes da lei, onde garante que ela tenha acesso a esse documento, se ela não tiver como pagar, no entanto, ela não consegue chegar lá e simplesmente dizer “então eu preciso da certidão, me ajudem, eu não tenho dinheiro”. Ela não vai conseguir, a gente sabe que não é assim, mas ela tem esse direito. Faço este ofício, o mesmo é enviado para a secretaria de saúde e é assinando é o secretário de saúde, eu faço o documento, ele assina e encaminha para o cartório via Correios juntamente com a declaração. Recebendo, lá eles protocolam e mandam o documento pelo mesmo endereço que a gente encaminha, sendo paga essa ida e a volta do documento. Então, a cidade consegue gratuitamente, não tem nenhum problema, é só mandar um ofício com essa declaração de onde a pessoa declara que não tem condição de pagar que o cartório é ressarcido posteriormente.

Quanto à carteira de identidade que já é um outro processo em outro local que é o Instituto de Identificação aqui em Palmas, as vezes conseguimos, as vezes não, então a gente tenta na conversa “Olha fulano precisa para fazer tal coisa, ele foi contemplado com a unidade habitacional, com algum outro serviço que possa trazer benefício, se não conseguir documento ele não vai conseguir ter acesso a esse benefício.” Tentando sensibilizar quanto a essa necessidade, às vezes liberam, às vezes não. E aí, quando não liberam há uma taxa de 25 reais, mais as fotos que é em torno de 20 reais, vai dar 45 reais no total para ter acesso a identidade. Então, quando eu já peço o documento ou a certidão eu deixo claro “Olha procura se organiza, procura tirar a parte do auxílio que você recebe, para custear a identidade”, porque para poder tirar tem esse custo que é de 25 reais, muitas vezes eles conseguem, porque sabem o preço que é, da certidão, já teve valor próximo de   300 reais, devido ser de outro estado, de longe, que realmente é caro. Então, eu falo “olha, a gente conseguiu um documento de 120,200…e só precisa de 25 para conseguir outro”. É mais na base da conversa, quando a pessoa não tem documento aqui no Estado, e nunca tirou, é de graça, não precisa pagar. Mas, se já tirou a primeira via aqui no Estado, a segunda via precisa pagar. É difícil conseguir de graça, consegue, mas nem sempre, é um trabalho que a gente faz, o “não” a gente já tem, corremos atrás do “sim”, mas é isso, a gente trabalha priorizando o acesso.

(En)Cena: Sendo Palmas a capital, vocês têm acesso a dados do Estado, há uma ligação com os outros municípios no Estado? As políticas públicas que se aplicam aqui em Palmas, se aplicam em Araguaína ou em Gurupi? Como funciona?

O Consultório na Rua só existe em Palmas. Ele não tem em outro lugar (do Tocantins), devido a questão populacional mesmo. Para ter o Consultório na Rua depende do número mínimo de pessoas na cidade, também de investimento da prefeitura. Até onde eu sei só tem em Palmas, quanto aos números de pessoas em situação de rua é impossível saber precisamente, mas em Palmas, passa de 100 pessoas. Não me recordo precisamente. Mas esse número pode ser maior, mas, para ser incluído como um usuário, acompanhado pelo Consultório na Rua, tem que estar cerca de 3 meses em Palmas, é preciso estar acompanhando ele durante 3 meses, porque ele pode estar aqui e ir para outro lugar no mês que vem, ele pode estar em Araguaína, em São Paulo, em outro lugar. Então, não tem como incluir essa pessoa dentro do nosso cadastro de atendimento, por isso não temos um número exato. No entanto, essa pessoa não deixa de ser atendida, ela vai ser atendida normalmente.

Tem a população em situação de rua que é flutuante, ela pode ir para a rua somente quando ela está alcoolizada, somente quando tem uma briga com a família, ela fica 2 ou 3 dias, ela não é uma pessoa considerada moradora de rua, ela tem uma casa, ela tem um vínculo, só que por algum motivo ela está na rua. Já os andarilhos são pessoas que também estão em situação de rua, mas eles estão aqui, daqui a pouco podem não estar mais. Há uma oferta de atendimento também. No entanto, eles não entram no cadastro por isso, porque é um número que vai ficar flutuando muito, muitas vezes estão mesmo de passagem pois estão sempre andando, mas também fazem parte do nosso público.

Quanto ao contato, fazemos também, as vezes os serviços de outros municípios entram em contato pedindo informações de pacientes, há essa troca sim.

Fonte: encurtador.com.br/ajCM2

(En) Cena: Você entrou em 2019 no consultório na rua, sendo que o mesmo foi implementado em Palmas somente em 2016, de forma mais tardia, por assim dizer. Nesse Período, o que você percebeu de mudanças significativas? Houve aspectos positivos e negativos com essas pessoas em situação de rua?

No trabalho da saúde mental, o Consultório na Rua é um dos pontos da Rede de Atenção Psicossocial, é um trabalho de formiguinha, talvez o que eu falar como evolução, seja visto pelas pessoas como “só isso?” Mas que na realidade podem ser grandes evoluções, para nós e para quem se beneficia dessas mudanças, é um trabalho que não é somente a pessoa parar de usar álcool, ou ela ficar organizada mentalmente, a gente trabalha muito com a redução de danos, existe uma política que rege toda a nossa atuação em cima disso. Então, por exemplo, se a pessoa está em uso durante a vida toda ou passou esse ano todo fazendo uso de álcool e outras drogas sem pausa, ela já está bem emagrecida, a pessoa já tem alguns problemas de saúde em decorrência do uso dessas substâncias, ela já não trabalha mais, ela já não tem vínculo familiar mais, ela está literalmente prejudicada por causa desse uso de substâncias, se a gente consegue com que essa pessoa diminua esse uso já é um avanço muito grande, se a gente consegue que a pessoa, mesmo usando a droga, ela consiga se cuidar, ela consiga por exemplo, buscar uma unidade de saúde, ela consiga se hidratar, se alimentar, ela consiga talvez tomar um banho, já é um avanço muito grande. Agora avanços significativos de mudanças radicais de vida, temos também vários, poderia ter mais?! Poderia! Mas esse contexto de uso de álcool e outras drogas não é bem o contexto do que as pessoas esperam, uma pessoa sair daqui contente da rua, morar numa casa, passar a trabalhar, ter uma vida “bonitinha”, ser uma pessoa aceita. Então assim, esse padrão aí pode ser que não seja alcançado sempre. A gente trabalha com pequenas coisas, com pequenos passos, mas sim nós temos pacientes que moravam de baixo de árvore, por exemplo, que hoje têm acesso a moradia, passaram a ter essa vivência do que é pagar uma água, pagar uma luz, desses compromissos de morar numa casa, e por mais que ela passa a morar numa casa a gente atende até hoje, porque o nosso público não é quem mora em casa, nós trabalhamos com moradores de rua, pessoas em situação de rua, no entanto essa transição é uma fase também de difícil adaptação, e a equipe participa disso.

Tem um casal no qual eles ganharam uma casa, não foi uma conquista de quando eu estava no Consultório na Rua, mas eu já estava como residente, eu pude acompanhar o processo de adaptação e quando eles moravam na rua também eu já era residente. Então eu tive esse acompanhamento, não como profissional da equipe, mas como residente. Eles moravam em uma casa de papelão, quando chovia caia tudo, estavam no relento, e quando eles passaram a ter a casa tiveram dificuldades, por exemplo, de fazer comida, dificuldade de tomar banho, dificuldade de dormir numa cama, porque não é o contexto deles, parece algo tão natural, dormir na cama, usufruir de tudo. Mas a gente as vezes chegava lá eles estavam cozinhando sebo de fazer, por exemplo, porquê era a realidade que eles tinham lá fora, de comer qualquer coisa, de comer qualquer hora, de não ter essa responsabilidade de pagar água, luz, parcela da casa, por que não é 100% dada para as pessoas, ela tem um valor pequeno, geralmente uns 80 reais. Tem os apartamentos que são 100% de graça, mas que para eles não era o ideal, tudo isso foi avaliado em discussões de caso, inclusive com outros serviços, então o melhor seria uma casa, um espaço mais tranquilo e reservado.

 Então eles passaram a ter alguns compromissos e isso foi muito engraçado porque a equipe viabilizou o acesso da casa, entrar com processo para receber Benefício de Prestação Continuada (não recebem ainda), mas tiveram acesso ao auxílio emergencial, e assim que eles receberam o dinheiro ficaram sem saber o que fazer, e aí a gente orientou “olha você precisa pagar esse valor aqui que é da água, você precisa pagar essa energia, você precisa pagar esse valor que é da prestação da casa” e tudo isso para eles era muito estranho, e se a gente não participasse desse processo, correria o risco deles voltarem para a rua novamente, mesmo tendo a casa.

Fonte: encurtador.com.br/fFVW5

O trabalho não é muito fechado, não é somente trabalho in loco, ali com a pessoa na rua. A gente vai além disso. Além desses, tiveram outros casos que foram beneficiados com unidade habitacional com o apoio da equipe, porquê tem que montar todo um dossiê, tem que ter relatório, tem que ter tudo isso. A gente apoia, acompanha os pacientes nesse processo, quando sai por exemplo nome deles na lista eles não tem acesso à internet, telefone, como é que vão saber?! A gente que acompanha também, se sair o nome pra gente ajudar com a documentação e ir atrás.

Temos pacientes que voltaram para casa, às vezes estavam em situação de rua por uma desorganização mental, em surto, e a gente entra em contato, muitas vezes com familiar de outro Estado, caso seja preciso a pessoa ser internada no HGP, também com a gente articulando, é um avanço muito grande, talvez estava na rua somente por um surto psicótico. Às vezes deu uma desorganizada, está sem usar medicação e acabou indo para a rua.

Acesso ao trabalho, com paciente que voltou a ter essa vida ativa no trabalho, às vezes não é um trabalho formal, mas uma venda de picolé, trabalho artesanal, um trabalho de garçom. Infelizmente não são muitas opções ofertadas para essas pessoas. Para as pessoas com formação, já é difícil, imagina quem não tem estudo, informação ou vive nessas condições?  os trabalhos deles são quase sempre subempregos, é uma verdade, trabalhos informais, mas que são trabalhos, que antes as pessoas não tinham, então a gente tem que incentivar isso também. E, tem pessoas que já estão nesse processo do mercado de trabalho, seja autônoma ou seja inserido mesmo com carteira assinada.

A gente tem um paciente que morou muitos anos na rua, que foi acolhido pelo “Palmas que te acolhe” que era um projeto que tinha aqui na cidade, mas que já finalizou, o qual que acolhia a população de rua em um espaço, com dormida, com incentivo a emprego e renda etc. Era uma equipe multidisciplinar que dava esse suporte aos pacientes em situação de rua. Na época, ele foi acolhido por esse serviço e também acompanhado pelo Consultório na Rua. Logo depois, ele foi contratado pela prefeitura, e até hoje ele continua. Ou seja, um paciente que saiu da rua, do consumo abusivo de álcool e mora numa casa, consegue pagar aluguel, se alimentar melhor, ele saiu desse contexto de uso abusivo de álcool, porque a gente sabe que o uso em si as vezes é decorrente de outros problemas.

Por quê que a gente trabalha tentando resolver algumas questões e não em cima do parar de usar drogas, da abstinência? Porque talvez possibilitando o acesso aos direitos sociais básicos, ao reestabelecimento dos laços, ofertando cuidados em saúde em geral, a pessoa pode parar de usar por si só. Não é uma regra, trabalhamos com possibilidades.  Se a gente consegue restaurar o vínculo familiar, se a gente consegue ter acesso a moradia, acesso ao trabalho, já são conquistas que contribuem para a reinserção social. Essa pessoa pode diminuir o uso e o prejuízo sem a gente fazer “nada” especificamente sobre o uso. O mais difícil é essa questão trabalho e renda, porque são casos bem específicos, ainda mais agora que estamos em um contexto de desemprego com níveis talvez nunca antes vistos, tem o contexto de pandemia, contexto social e econômico que o país vive. Para eles não é diferente, para eles é até pior essa questão do acesso ao trabalho, realmente é um desafio que a gente tem muito grande. Mas tem pessoas que estão no mercado de trabalho ou que estão com trabalho autônomo, por isso é importante o acesso a moradia, educação, até mesmo a redução em si do uso de álcool e outras drogas, redução de danos.

REFERÊNCIA

MPDFT – Ministério Público do Distrito Federal e Territórios. Direitos Das Pessoas Em Situação De Rua. Brasília-DF, julho de 2018. 1ª Edição. 2018.

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Professores da Psicologia são homenageados pela Assembleia Legislativa

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Ação foi organizada pela Nação Nordestina no Tocantins e por presidente da Assembleia.

Os professores do curso de Psicologia do Ceulp/Ulbra Heitor Dantas e Sonielson Sousa estavam entre os nordestinos homenageados nesta terça, dia 25, pela Assembleia Legislativa do Tocantins. Ação foi organizada pela Nação Nordestina no Tocantins e por presidente da Assembleia, deputado Antônio Andrade (PHS). O objetivo foi enaltecer nordestinos de diferentes áreas de atuação em Palmas, tendo em vista os serviços prestados em prol da sociedade.

Antônio Andrade enalteceu o papel do povo do Nordeste por sua luta e contribuição para o crescimento do País, do Estado do Tocantins e da cidade de Palmas. O presidente disse que não há o que falar da história e identidade brasileiras sem destacar o Nordeste. Ele afirmou que os nordestinos são reconhecidos não apenas por sua hospitalidade e alegria, mas também por sua luta e resiliência. “A marca e a contribuição dos nordestinos são perceptíveis no passado e no presente do Brasil e do Tocantins, com destaque em Palmas”, concluiu.

Vários deputados reconheceram e parabenizaram o trabalho prestado pela população do Nordeste à Capital, dentre eles Cláudia Lelis (PV), Valderez Castelo Branco (PP), Elenil da Penha (MDB), Leo Barbosa (SD), Professor Júnior Geo (Pros) e Issam Saado (PV).

Foto: Clayton Cristus

Em nome dos homenageados, falaram o professor do IFTO, Joseane Ribeiro de Meneses Granja Júnior, e a procuradora-geral de Palmas, Fernanda Cristina Nogueira de Lima. Em seus pronunciamentos, ambos destacaram as ações de sucesso realizadas por nordestinos nos campos empresarial e cultural, por exemplo.

Além de vários jornalistas que foram cobrir o evento e uma plateia repleta por nordestinos, compareceram o vice-governador Wanderlei Barbosa (PHS) e o secretário municipal de Governo e Relações Institucionais de Palmas, Carlos Braga, representando a prefeita da Capital, Cinthia Ribeiro (PSDB), autoridades da Justiça, da OAB, dos Militares, dentre outros. (Com informações da Dicom/AL)

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Ecovilas: alternativa a estruturação Capitalista da Sociedade

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José Paulo Netto (2012) afirma que duas inferências são inquestionáveis em relação as mudanças proporcionadas pelo Capitalismo nos últimos anos, que nenhuma das transformações modificou a exploração e dominação inerente a forma atual de estruturação da sociedade e que o capital esgotou a sua capacidade civilizatória.

Segundo o filósofo Herbert Marcuse, membro da primeira geração do Instituto de Pesquisa Social de Frankfurt, a sociedade atual é caracterizada pelo pensamento unidimensional, implementação de uma única forma de pensamento que leva o homem a perceber apenas um horizonte possível de existência, dando-lhes uma aparente liberdade de escolha e um ilusório estado de bem-estar, exigindo em troca submissão a lógica capitalista. Segundo ele a Sociedade Unidimensional oscila entre duas possibilidades históricas, a saber: “1) a de que a sociedade industrial desenvolvida seja capaz de sustar a transformação qualitativa durante o futuro previsível; 2) a de que existem forças e tendências que podem romper essa contenção e fazer explodir a sociedade” (MARCUSE, 1978, p. 14).

A necessidade de uma transformação qualitativa da sociedade visando o estabelecimento de uma ordem fundada na possibilidade de suavizar a vida de todos os seus membros é necessária porque quando o arranjo social estabelecido é comparado com outras maneiras possíveis de ordenamento fica escancarada a sua irracionalidade.

Não existe organização social que não apresente possibilidade de felicidade. A felicidade e a liberdade oferecida pela sociedade capitalista visam à manutenção da ordem social para o progresso e elevação do capital.

Fonte: https://goo.gl/GZhVZ8

Segundo Aldous Huxley, no prefácio ao livro “Admirável mundo novo”, publicado em 1934, a dominação só pôde ser estabelecida mediante uma grande transformação na mentalidade e nos corpos dos indivíduos. Parece que foi exatamente esta transformação que o capitalismo possibilitou. Os homens abdicaram de uma liberdade de construção da própria vida por uma ilusória promessa de bem-estar permanente. A racionalidade da sociedade capitalista é irracional porque ao mesmo tempo em que cria abundância produz escassez, miséria e destruição da natureza.

Como apontou Herbert Marcuse existem na sociedade projetos alternativos que nos levam a perceber um outro modo de organizar a vida individual e coletiva, dentre essas tendências os modelos sustentáveis de vida, conhecidos como ECOVILAS, são excelentes exemplos que estão se consolidando como opções concretas.

As ECOVILAS, são assentamentos humanos sustentáveis, que estruturam um novo modo de vida fundamentado na preservação das riquezas naturais e na economia solidária.

Segundo Marcio Bontempo (2011) “Ecovilas são comunidades organizadas, preferencialmente rurais, compostas por pessoas que se identificam em ideais ou princípios, que procuram viverem em harmonia com as leis naturais, através de um estilo de vida ambiental, econômica e socialmente sustentável. No escopo das ecovilas estão itens como a produção orgânica dos alimentos, a geração de energia limpa, o destino adequado dos resíduos sólidos e líquidos, a reciclagem e o reuso, a economia solidária e de troca, a recuperação de áreas degradadas e a conservação das florestas e mananciais de água”.

A proposta de organização social sustentável já está presente em todos os continentes como forma de vida alternativa que vem se firmando como uma maior capacidade civilizatória. O documentário intitulado ECOVILAS BRASIL – Caminhando para a Sustentabilidade do Ser, “ visitou 10 lugares para entender quais aspectos e valores as Ecovilas estão trazendo para a humanidade e como estes podem colaborar para uma mudança de paradigma do nosso modelo civilizatório”. Vale a pena assistir o documentário, as Ecovilas são formas de percebermos que sempre existiram formas distintas de organizar a vida, elas nos fazem lembrar que inúmeras possibilidades estão abertas. Na sociedade coexistem forças opostas, o capitalismo que busca harmonia e coesão social e, ao mesmo tempo, existe uma força capaz de romper essa ideologia de coesão.

No site do Movimento Brasileiro de Ecovilas é possível encontrar uma lista com informações sobre Ecovilas instaladas no Brasil.

Fonte: https://goo.gl/a3Vqhp

REFERÊNCIAS:

BOMTEMPO, Marcio. Ecovilas, Sustentabilidade e Consciência Planetária. 2011. Disponível em: https://mbecovilas.wordpress.com/2011/11/30/ecovilas-sustentabilidade-e-consciencia-planetaria/.

HUXLEY, Aldous. Admirável mundo novo. Tradução de Lino Vallandro e Vidal Serrano. São Paulo: Globo, 2009.

NETTO, José Paulo. Crise do capital e consequências societárias. Serv. Soc. Soc., São Paulo, n. 111, p. 413-429, jul./set. 2012.

MARCUSE, Herbert. A ideologia da sociedade industrial. Trad. Giasone Rebuá. 6° Ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1978

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A Sociedade Individualizada: a dinâmica pós-moderna no trabalho

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O livro “A Sociedade Individualizada: Vidas contadas e histórias vividas” de Zygmunt Bauman começa abordando o significado da palavra “trabalho” em seu primeiro uso e primeiros significados. Assim, de acordo com Oxford English Dictionary, a palavra trabalho se referia a um tipo de trabalho físico para suprir as necessidades de uma comunidade. Porém, séculos depois, já adquire um significado mais complexo de plural de trabalhadores que participam da produção.

Com isso, formaram-se sindicatos e associações que vincularam os dois significados e tornaram isso, uma questão política. O texto traz a ideia do economista Daniel Cohen que fala sobre a desigualdade entre as nações, que é de origem recente e que é um produto dos dois últimos séculos, época em que surgiu a concepção de que o trabalho era a fonte de riqueza e assim, surgiram também as políticas guiadas por essa suposição.

Fonte: http://zip.net/bqtJmr

A nova desigualdade global adquiriu novas noções fornecidas pela nova ciência da economia, a qual substituíra as ideias fisiocráticas e mercantilistas que estava acompanhando a Europa no caminho de sua fase moderna até o limiar da Revolução Industrial. Tais noções foram cunhadas na Escócia, país no qual estava totalmente preparado para ser o epicentro da ordem industrial emergente, mas que estava afastado do impacto cultural e econômico do vizinho. Assim, a Escócia afirma que, o trabalho é talvez, a única fonte de riqueza porque, concordando com o autor, a predisposição de formas de ação no “centro”, são sempre percebidas mais rapidamente e trabalhadas, articuladas, objetivadas e moldadas pelas “periferias” (subúrbio dos centros civilizacionais).

A criação da nova ordem industrial foi a “grande transformação” que se deu a partir da separação dos trabalhadores de seus meios de sustento, como sugeriu Karl Polanyi muitos anos mais tarde ao atualizar a visão de Marx. A partir desse ponto, o trabalho pode ser considerado uma simples mercadoria, pois a produção e a troca passaram a ser deixados do modo de vida mais amplo. Além de que o trabalho passou a ser tratado como tal mercadoria, como a terra e o dinheiro. Essa desconexão deixou a capacidade de trabalhar livre, por conseguinte, ela pode ser colocada, recombinada, de diferentes formas, bem melhores, sendo assim, o exercício mental e físico se tornou um fenômeno de direito próprio.

“Sem que essa desconexão acontecesse, haveria pouca chance de que o trabalho pudesse ser mentalmente separado da totalidade a que ele por natureza pertencia e se condensasse em um objeto autocontido.” (BAUMAN, 2008, p.29). Onde, na visão pré-industrial da riqueza, a terra era a “totalidade”. Porém, já na nova era industrial, que foi proclamado o advento de uma sociedade distinta (Inglaterra), o que dentre fatores, destruiu o campesinato e o vínculo natural entre terra e trabalhador. Como consequência, parecia aos contemporâneos da Revolução Industrial, a emancipação do trabalho.

Fonte: http://zip.net/bbtHg8

Essa emancipação do trabalho, não se estendeu livremente por muito tempo para estabelecer seus próprios caminhos. A forma de vida não tradicional, que já não era mais viável, a qual tinha o trabalho antes de sua emancipação, seria substituído por outra ordem, desta vez, já projetada e construída, produto de uma racionalização e pensamento, já que tinham descoberto que o trabalho levava a riqueza, agora explorara essa fonte de forma eficiente e planejada.

Para um novo começo era necessárias mudanças, de forma com que os antigos hábitos de convívio fossem exorbitados e deixados de lado, dando lugar a um sensacional e visível início de uma mudança que levara a diversas indagações. O real valor para o que havia acontecido estava sendo encarado de forma séria e com entusiasmo sabendo que a mudança só ocorreu mediante a auto avaliação de como seria o futuro em questão a partir da li, naquele momento a capacidade de pensar, sonhar, projetar estava sendo encarado com seriedade, pois a liberdade descoberta era motivo de grande especulação, levando assim a busca daquilo que era novo e por mais que fosse desconhecida teria que ser passada adiante para que fosse introduzida a rotina diária.

Henry Ford faz uma indagação para que possamos refletir a respeito da real forma no qual queremos viver se e com a famosa tradição imposta por muitos que outrora passada de geração a geração leva especulação, mas que de outra forma percebe que o ser humano vive bastante o hoje, porém alguns atos feitos por Ford para ganhar dinheiro fazem com que refletimos sobre a real forma de ser e estar imposta a seus funcionários, porém teve iniciativa e disse o que os outros queriam dizer a tempos.

Linha de montagem de Henry Ford. Fonte: http://zip.net/bntHn2

O tempo da modernidade pesada fez com que houvesse uma necessidade que o trabalho e o capital teriam que andar juntos um dando segmento ao outro claro que isso não viria se não fosse o fato de que os trabalhadores necessitavam sustentar suas famílias e seguir suas vidas e o capital necessitavam deles para crescerem e expandirem-se, ou seja, um depende do outro. “Para que ambos – capital e trabalho – pudessem se manter vivos, cada um precisava ser mantido como mercadoria: os donos do capital tinham de ser capazes de continuar comprando trabalho, e os donos deste precisavam estar alertas, saudáveis, fortes e de certo modo atraentes para não afastar os possíveis compradores” (BAUMAN, 2008, p.33).

Os desempregados começaram a ser vistos como substitutos ou sucessores daqueles que já trabalhavam, ou seja, o trabalho não poderia parar o capital que estava em jogo. Pensar no bem-estar social nessa situação se tornava meio ambíguo, mesmo nessas circunstâncias o bem-estar era de certa forma visto como algo que iria passar. Na Ford, mesmo com a carga horária um pouco exorbitante, ainda havia um pouco de cuidado com os jovens aprendizes que conseguiam emprego fixo na mesma, visando e uma em um pensamento duradouro sobre o futuro não só do jovem empregado como também da empresa.

A medida que se assumia que ficar na companhia do outro iria durar, as regras desse estar juntos eram de foco de intensas negociações. Os sindicatos refundaram a importância dos trabalhadores e resultou em restrições à liberdade de manobra dos empregadores. Essa situação mudou-se e o motivo é a nova mentalidade de curto prazo que substitui a de longo prazo.  Flexibilidade quando aplicado ao mercado de trabalho significa fim de emprego, trabalha com contratos de curto prazo. É também preciso acrescentar, porque o modo como o trabalho é conduzido do pouco, cada vez menos espaço para as suas habilidades. De maneira distinta dos tempos de dependência mútua de longo prazo, dificilmente existe qualquer estímulo para se ter um interesse sério.

Robert Reich sugere que as pessoas hoje empenhadas em atividades econômicas podem ser grosseiramente divididas em quatro grandes categorias.  “Manipuladores de símbolos”, pessoas que inventam ideias e formas de fazê-las desejáveis e vendáveis, formam a primeira categoria. Aqueles empenhados na reprodução do trabalho, educadores ou vários funcionários do Estado de bem-estar social, pertencem à segunda categoria. A terceira cobre pessoas empregadas em “serviços pessoais”. E por fim a quarta, à qual pertencem as pessoas que durante os últimos 150 anos formaram o “substrato social” do movimento trabalhista.

Fonte: http://zip.net/bmtHf2

Peyrefitte distingue a empresa que oferece empregos como o lugar mais importante para semear e cultivar a confiança. Se os empregados lutaram por seus direitos, foi porque eles estavam confiantes no “poder de controle” da estrutura na qual, como eles esperavam e desejavam, seus direitos seriam inscritos; confiavam na empresa. A procrastinação é o ato de adiar uma ação, neste sentido ela tem uma tendência a romper qualquer limite de tempo e a estender-se indefinidamente. A satisfação por sua vez fica relegada ao adiamento como uma provação simples e pura, uma problemática que sinaliza certo desarranjo social e ou inadequação pessoal.

No fundo o trabalho na modernidade leve, condensa as incertezas quanto ao futuro e ao planejamento em longo prazo, a insegurança estabelecida nas relações e a falta de garantias entre as partes. No mundo do desemprego estrutural ninguém se sente suficientemente seguro ou amparado, ou seja, a flexibilidade é o termo que rege os novos tempos. Assim a satisfação instantânea é perseguida, ao contrário do adiamento da mesma, uma oportunidade não aproveitada é uma oportunidade perdida. Não obstante, a satisfação instantânea é a única maneira de sufocar o sentimento de insegurança, recolocada aqui, não a única, mas sim uma das formas para dominar o sentimento de insegurança, haja vista, que existem outros subterfúgios a serem aplicados no campo da psicologia com esse intuito.

FICHA TÉCNICA:

A SOCIEDADE INDIVIDUALIZADA: VIDAS CONTADAS E HISTÓRIAS VIVIDAS

Autor: Zigmunt Bauman
Tradução: José Mauricio Gradel
Editora: Zahar
Páginas: 324
Ano: 2008

REFERÊNCIAS:

BAUMAN, Zigmunt. A sociedade individualizada: Vidas contadas e histórias vividas. 1. ed. Editora Zahar. Rio de Janeiro, 2008.

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As novas faces do poder em “Jogos Vorazes: Em Chamas”

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A narrativa fílmica dá continuidade à história de Katniss Everdeen (Jennifer Lawrence). A garota do distrito 12 que com muita coragem, força e esperança venceu ao lado de Peeta Mellark (Josh Hutcherson) a 74ª edição dos Jogos Vorazes.

Após a vitória dos tributos do distrito 12, a população inicia uma revolta contra o Governo. Inspirados pela atitude desafiadora de Katniss ao fim dos Jogos Vorazes, a esperança e o desejo de mudar de vida reascende no coração dos moradores dos distritos. As pessoas ficam “Em Chamas”. Assim como a Capital, que começa a tomar atitudes cruéis para conter a revolução.

“As fagulhas se acendem, as chamas se espalham e a capital quer vingança”.

Katniss Everdeen, Em Chamas

Se no primeiro filme já podemos notar uma forte presença do espetáculo, neste segundo, a teoria se faz presente o tempo todo. Como vitoriosos dos jogos Katniss e Peeta passam a viver como “modelos”, com comportamentos moldados pela Capital. Para o Presidente Snow (Donald Sutherland), Katniss deve continuar seu falso romance com Peeta. A garota deve convencer que o único motivo de não ter tentado vencer os jogos sozinha foi por estar apaixonada pelo padeiro.

De discursos forjados a um casamento de fachada, Katniss e Peeta fazem de tudo para tentar conter a revolução vivendo uma falsa história de amor.

“O espetáculo que inverte o real é produzido de forma que a realidade vivida acaba materialmente invadida pela contemplação do espetáculo, refazendo em si mesma a ordem espetacular pela adesão positiva. A realidade objetiva está presente nos dois lados. O alvo é passar para o lado oposto: a realidade surge no espetáculo, e o espetáculo no real. Esta alienação recíproca é a essência e o sustento da sociedade existente”. (Trecho do livro, A Sociedade do Espetáculo, de Guy Debord)

“ – Incline-se um minuto primeiro – ele diz – Preciso te dizer algo.

Eu me inclino e coloco meu ouvido bom nos lábios dele, o que provoca cócegas quando ele sussurra.

– Lembre-se, estamos loucamente apaixonados,
então não tem problema me beijar quando sentir vontade”.

Katniss e Peeta, Em Chamas

Se a realidade surge no espetáculo, e o espetáculo no real, até que ponto as atitudes, sentimentos e emoções podem ser fingidos? O verdadeiro passa a ser momento do falso e vice-versa. Os tributos vencedores apropriam-se do espetáculo e passam a realmente viver a farsa, embarcando em um romance que vai surgindo aos poucos.

“Se você morrer, e eu continuar vivo, acaba a vida pra mim no Distrito 12.
Você é toda a minha vida. Eu nunca mais seria feliz”.

Peeta Mellark para Katniss Everdeen, Em Chamas

O clima de romance é destruído quando Snow anuncia uma edição especial dos Jogos Vorazes, o Massacre Quartenário, que acontece a cada 25 anos e obriga dois vitoriosos de cada distrito a participar.

Snow não poupa esforços para derrubar Katniss, a heroína símbolo de esperança para os 12 distritos de Panem. A protagonista do filme deixa cair por terra a ideia de que a mocinha é frágil e quer apenas viver um grande amor.

Katniss parece estar o tempo todo procurando seu lugar no mundo enquanto ele desmorona ao seu redor. Ela não precisa ser salva, ela salva. Além de ter que se preocupar em salvar a própria pele, a protagonista ainda é responsável pela segurança do ‘frágil’ Peeta e de toda a família, além de ser a ‘líder’ de toda uma rebelião contra o governo.

Jogos Vorazes dá a mulher um novo papel, de heroína, forte, batalhadora, que não precisa de um homem para salvá-la. A estória de amor tem papel secundário na série, e deixa espaço para uma estória muito mais interessante, a de uma guerra civil em uma distopia futura. Katniss Everdeen é o tipo de mulher que você ia querer ao seu lado em uma batalha apocalíptica.

“Chorar não é uma opção”

Katniss Everdeen, Em Chamas

O filme conquista e deixa o telespectador vidrado, incríveis cenas de ação provocam diversos sentimentos em quem assiste: entusiasmo, ansiedade, angústia, tudo isso mesclado com esperança, amor, solidariedade, que dominam os corações até dos mais durões.

O longa desperta questionamentos típicos da atual sociedade em que vivemos. Poder, dinheiro, fama é realmente tudo o que precisamos? E se para salvar os que você ama você precisasse deixar de ser quem é e se transformar em um personagem? Até que ponto o real é falso e o falso é real? Será que somos realmente importantes na vida de alguém? E se morrêssemos, sentiriam nossa falta?

São perguntas que podem, ou não, ser resolvidas ao final do filme, que termina de maneira tensa, preparando o terreno para a parte três. O filme vale a reflexão… Você sairá literalmente Em Chamas.

 

“E que a sorte esteja sempre a seu favor”

The Hunger Games

 

Referências:

http://www.ebooksbrasil.org/eLibris/socespetaculo.html

 

FICHA TÉCNICA

JOGOS VORAZES: EM CHAMAS

Título Original: The Hunger Games: Catching Fire
Direção: Francis Lawrence
Elenco: Jennifer Lawrence, Josh Hutcherson, Liam Hemsworth, Elizabeth Banks, Sam Claflin, Jena Malone, Stanley Tucci, Philip Seymour Hoffman, Woody Harrelson
País de Origem: EUA
Gênero: Aventura
Classificação etária: 12 anos
Tempo de Duração: 146 minutos
Ano de Lançamento: 2013

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