Tocantinenses são destaque no 2º Festival de Cinema Negro Zélia Amador de Deus

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Evento on-line começa nesta quarta-feira (25) e busca valorizar a produção audiovisual amazônica

Discutir o racismo através do audiovisual e valorizar a produção de cinema realizada por afro-brasileiros, sobretudo da Região Amazônica, são os objetivos do II Festival de Cinema Negro Zélia Amador de Deus. O evento ocorre entre os dias 25 de novembro e 10 de dezembro de 2020 de forma virtual por meio da plataforma www.todesplay.com.br e redes sociais do Cine Diáspora.

Esta edição homenageia a diretora de cinema e atriz Rosilene Cordeiro, que também é professora, produtora e colaborou com o curso de Licenciatura em Teatro da Universidade Federal do Pará (UFPA). A programação inclui debates, premiação e exibição de filmes. A abertura será feita através de live nas redes sociais, com a exibição do filme Princesa do Meu Lugar, de Pablo Monteiro (São Luís/MA).

Nesta edição, 135 produções foram recebidas, sendo 56 (41,48%) da Região Amazônica e 79 (58,52%) de outras regiões do país. Desses, 21 projetos de cineastas amazônicos foram selecionados e concorrem ao prêmio Zélia Amador de Deus nas categorias: Clipe da Região Amazônica; Projeto para Web da Região Amazônica; e Curta-Metragem da Região Amazônica. Dentre eles, destacam-se as obras A Sússia, de Lucrécia Dias (Arraias/TO), e Romana, de Helen Lopes (Natividade/TO).

Cena de “Romana” por: Helen Lopes

Acessibilidade – Visando a ampliação do entretenimento, o Festival de Cinema Negro também terá uma sessão especial com ferramentas de acessibilidade para pessoas com deficiência auditiva e surdas. Com interpretação na Linguagem Brasileira de Sinais (Libras) e dirigidas por negras, Blackout, de Rossandra Leone (RJ), e Seremos Ouvidas, de Larissa Nepomuceno (PR), são duas das obras selecionadas.

Confira as sinopses: Seremos Ouvidas – “Como existir em uma estrutura sexista e ouvinte? Gabriela, Celma e Klicia, 3 mulheres surdas com realidades distintas, compartilham suas lutas e trajetórias no movimento feminista surdo”.

Blackout – “Em um Rio de Janeiro futurista nada parece ter mudado. Abuso de autoridade, violações de direitos, racismo e machismo ainda dão o tom da relação do poder público com a favela. Dessa vez, entretanto, algo parece estar para mudar”.

O projeto – A primeira edição do festival ocorreu em novembro de 2019, e recebeu 107 filmes de todo o Brasil – a maioria da Região Amazônica, e teve 14 pontos de exibição nas periferias da Grande Belém. A iniciativa, batizada com o nome da professora emérita da UFPA, ativista e atriz Zélia Amador de Deus, é uma realização da produtora audiovisual Cine Diáspora e tem o apoio do Prêmio Preamar de Cultura e Arte da Secretaria de Estado de Cultura do Pará (Secult).

“O II Festival Zélia Amador de Deus parte de uma construção coletiva feita a partir de uma reunião de amigos artistas, cineastas e produtores culturais negros, que sentem em suas vidas a importância do cinema, o percebem como instrumento de mudança de mentalidades, incentivando práticas antirracistas e de valorização da produção artística afrodiáspórica e africana”, conta Fernanda Vera Cruz, da curadoria e produção da iniciativa, que contribui na renda de 24 profissionais negros e periféricos da periferia de Belém.

Serviço – II Festival de Cinema Negro Zélia Amador de Deus ocorrerá entre os dias 25 de novembro e 10 de dezembro via www.todesplay.com.br e Instagram (@cinediaspora) e Facebook (/cinediasporapa).

Indicados por categoria:

Clipe da Região Amazônica
– Estorvo – Mc Super Shock por Saturação (Macapá/AP)
– Batidão – Enme por Jessica Lauane (São Luís/MA)
– Pretinha – Taslim por Nádia D’Cassia (São Luís/MA)
– Eu sou Tambor – Vanessa Mendonça (Belém/PA)
– Retomada Ancestral – Vanessa Mendonça (Belém/PA)
– Pesadelos – Bruna BG por Anna Suav (Belém/PA)

Projeto para Web da Região Amazônica
– Enme No Corre – Enme Paixão (São Luís/MA)
– AfricAmazônia – Amérika Bonifácio (Icoaraci-Belém/PA)
– Teia de Aranha – Emily Cassandra Bonifácio (Belém/PA)
– Medo de Travesty – Attews Shamaxy (Ananindeua/PA)
– Turva Preamar Marejante – Samily Maria (Belém/PA)

Curta-Metragem da Região Amazônica
– Brilhos Apagados – Nilce Braga (São Luís/MA e Buenos Aires/ARG)
– Quedaria – Brenna Maria (São Luís/MA)
– Sobre Aquilo que Fica – Thais Sombra (Belém/PA)
– Mametu Muagile Rainha de Angola – Elizabeth Leite Pantoja (Belém/PA)
– Que Liberdade é Essa? – Sol Oliver (Belém/PA)
– A Sússia – Lucrécia Dias (Arraias/TO)
– Romana – Helen Lopes (Natividade/TO)
– Minguante – Maurício Moraes (Belém/PA)
– Traçados – Rudyeri Ribeiro (Belém/PA)
– São Geraldo – Homem de Música e Planta – Keila dos Santos (Manaus/AM)

Curta-Metragem Nacional
– Blackout – Rossandra Leone (RJ)
– Alfazema – Sabrina Fidalgo (RJ)
– 111+ – Ivaldo Correa (RJ)
– Um Grito Parado no Ar – Leonardo Souza (RJ)
– Joãosinho da Goméa – O Rei do Candomblé – Janaina Oliveira Refem e Rodrigo Dutra (RJ)
– A Cama, o Carma e o Querer – Daniel Fagundes (SP)
– Alforria Social Beat – Rodjéli Salvi (SP)
– Minha Deusa e Eu – Gabrela Vieira (SP)
– Barco de Papel – Thais Scabio (SP)
– Dádiva – Evelyn Santos (SP)
– Aurora – Everlane Moraes (SP)
– Corre – Carolen Meneses e Sidjonathas Araújo (SE)
– Filhas de Lavadeira – Edileuza Penha de Souza (DF)
– Pernambués – Quilombo Urbano de Lúcio Lima (BA)
– Adventício – Abdiel Anselmo (CE)
– Live – Adriano Monteiro (ES)
– Rio das Almas e Negras Memórias – Taize Inácia Thaynara Rezende (GO)
– Nove Águas – Gabriel Martins e Quilombo dos Marques (MG)
– Reflexo Reverso: O Outro em Branco – Fernanda Thomaz (MG)
– Banho de Flor – Hiura F. (PB)
– Seremos Ouvidas – Larissa Nepomuceno (PR)
– 2704 km – Letícia Batista (PE)
– Notícias de São Paulo – Priscila Nascimento (PE)
– Os Verdadeiros Lugares Não Estão no Mapa – João Araió (PI)
– Por Gerações – Leila Xavier (RJ)
– Encruza – Bruna Andrade, Gleyser Ferreira, Maíra Oliveira e Uilton Oliveira (RJ)
– Por Trás das Tintas –  Alek Lean (RJ)

Filmes Convidados

– Princesa do Meu Lugar – Pablo Monteiro (São Luís/MA)
– O Nikse é Que Nos Socorre – Weverton Ruan Vieira Rodrigues (Belém/PA)

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O Exótico Hotel Marigold: vida que pulsa na Terceira Idade

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Muita gente ainda não se deu conta de que o avanço da idade e, em alguns casos, as limitações físicas impostas pelos anos, não são fatores que necessariamente limitam a vontade de viver, viver intensamente uma vida que pulsa e que ainda tem muito a oferecer. E é essa a abordagem do filme “O Exótico Hotel Marigold” (2011), dirigido por John Madden (Shakespeare Apaixonado e A Grande Mentira) e que contou com as belíssimas atuações de Judi Dench (personagem de Evelyn Greenslade), Tom Wilkinson (que faz Graham Dashwood) e Dev Patel (Sonny), entre outros.

 

A narrativa é baseada no livro “These Foolish Things” da inglesa Deborah Moggach, e apesar de os personagens viajarem à Índia por motivos pessoais diferentes – que variam de uma busca por tratamento médico a uma oportunidade de resolver problemas amorosos -, no fundo acaba por retratar que os sonhos, as paixões e as perspectivas não se exaurem com o avançar da idade.

No Hotel Marigold, os hóspedes “deslancham” uma série de tramas que, em alguma medida, se transformam numa espécie de acerto de contas com o passado, um “desanuviar” da mente ao estilo “Comer, Rezar e Amar” cujo objetivo é fazer “ritos de passagem” que, em outras circunstâncias e perto da parentela, certamente não seriam executados. Aos poucos os personagens vão “tirando os pesos de suas costas”, tomando decisões que já deviam ter sido tomadas e, por fim, optando pelo valioso momento presente.

 

 

Mas as mudanças cobram o seu preço. Nos prós e contras de cada escolha, alguns preferiram o conforto de suas rotinas na Inglaterra a ter que enfrentar o esforço da adaptação na Índia. Outros viviam das lembranças do passado. Nestas circunstâncias, desistir é a alternativa aparentemente menos assustadora. De forma geral, no entanto, e para aqueles que persistiram no “domínio do desconhecido”, que perceberam a grande aventura que é a própria vida, o longa mostra que esta busca genuína pela felicidade pode ser um combustível poderoso para ampliar a visão de mundo, abrir-se para o diferente e, por que não, dar espaço para que o coração amoroso receba alento.

Apesar de alguns críticos apontarem a ausência de profundidade nas estórias (o que o livro, comentam, faz com maestria), “O Exótico Hotel Marigold” é um filme muito simpático, sobretudo pela atuação de Dev Patel (estrela de dois outros conhecidos longas: “Quem Quer Ser Um Milionário? [2008]” e “O Último Mestre do Ar” [2010]), que incorpora o visionário Sonny, idealizador do hotel para a terceira idade, e que mesmo fazendo uma propaganda nada verossímil do local, acaba por conquistar boa parte dos hóspedes ao demonstrar uma incomum sensibilidade no trato com as pessoas.

Por evidenciar uma vontade de fazer a coisa certa, e ao enfrentar os crescentes problemas de estrutura do hotel, que ocupa uma antiga construção da sua família, a atuação de Sonny, de certa forma, representa uma analogia à própria reinvenção da vida dos idosos/hóspedes, ainda efervescentemente ativos “em suas construções internas/mentais”, mas que veem seus corpos gradativamente perderem o ritmo de outrora. No entanto, é possível fazer muito com o “pouco” que lhes resta. O próprio romance de Sonny com uma jovem de sua região, e os desafios que tem de enfrentar para levar os projetos pessoais e o relacionamento amoroso à frente, também se apresenta como síntese dos encontros e desencontros da longa existência daqueles hóspedes que se aproximam do fim da “jornada”, mas que nem por isso se eximem de viver, de amar.

 

 

O filme, dentre outras coisas, mostra uma tendência já comum na Europa, que é a existência de hotéis especializados em lidar com pessoas da terceira idade que se prepararam para passar a aposentadoria longe dos familiares (isso quando têm família). São lugares que procuram ao máximo preservar a autonomia e privacidade dos idosos, tratando-os com dignidade e respeitando suas demandas, algumas delas não muito diferentes daquelas apresentadas em suas tenras idades. Afinal, quem disse que idoso não pode se apaixonar?

Esta tendência, aos poucos, também aparece no Brasil. No interior de São Paulo, em Balneário Camboriú (SC) e em alguns bairros do Rio de Janeiro, como Copacabana, por exemplo, já existem muitos locais específicos para que os idosos possam passar a aposentadoria. E capitais do Nordeste como Fortaleza (CE) e João Pessoa (PB) já são apontadas por algumas publicações especializadas do exterior (Internacional Living) como lugares apropriados para se viver a terceira idade.

Os preços e as condições físicas de cada local são os mais variados possíveis, para atender a todas as condições sociais. Provavelmente esta é uma tendência irreversível para um país que envelhece a passos largos e que, de acordo com os últimos dados do IBGE, conta com aproximadamente 3 milhões de idosos que moram sozinhos, num universo de 14,9 milhões nesta faixa etária em 2013. E o mesmo IBGE projeta que, até 2060 esta população irá quadruplicar, chegando à casa dos 58,4 milhões de pessoas, ou 26,7% da população total.

“O Exótico Hotel Marigold” é um convite para que se observe a pessoa além da sua idade, já que também há na velhice uma efusiva construção de subjetividade que não pode se tornar objeto de preconceito e/ou discriminação, que não pode ser negligenciada. Afinal, não existem barreiras para quem quer apossar-se da felicidade, seja em qual idade estiver.

REFERÊNCIAS:

João Pessoa e Fortaleza entre as melhores cidades do mundo para desfrutar aposentadoria. Disponível em:<http://ne10.uol.com.br/canal/cotidiano/nordeste/noticia/2012/08/01/joao-pessoa-e-fortaleza-entre-as-melhores-cidades-do-mundo-para-desfrutar-aposentadoria-358580.php  >. Acesso em 25/01/2014.

Velhice sem tabus: quase 3 milhões de idosos moram sozinhos no Brasil – Disponível em: <http://sites.uai.com.br/app/noticia/saudeplena/noticias/2014/01/11/noticia_saudeplena,147017/velhice-sem-tabus-quase-3-milhoes-de-idosos-moram-sozinhos-no-brasil.shtml >. Acesso em: 25/01/2014.

Número de idosos no Brasil vai quadruplicar até 2060, diz IBGE – Disponível em: <http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2013/08/130829_demografia_ibge_populacao_brasil_lgb.shtml>. Acesso em: 25/01/2014.

O Exótico Hotel Marigold – Disponível em: < http://www.adorocinema.com/filmes/filme-186338/ >. Acesso em: 25/01/2014.

 

FICHA TÉCNICA:

O EXÓTICO HOTEL MARIGOLD

Título Original:The Best Exotic Marigold Hotel
Dirigido por:John Madden
Elenco: Judi Dench, Maggie Smith, Bill Nighy, Penelope Wilton, Tom Wilkinson, Ronald Pickup, Celia Imrie
Duração: 124 minutos
Classificação: 10
Gênero: Comédia/Drama
Ano: 2012
País: Reino Unido

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laranjas mecânicas

Laranja Mecânica: uma experiência sensorial

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Um filme pra ser mais sentido do que propriamente assistido.

Laranja Mecânica (A Clockwork Orange) é uma adaptação cinematográfica feita por Stanley Kubrick do livro de Anthony Burgess.

Na Inglaterra, em um futuro não determinado, Alex DeLarge vive de forma um tanto caótica. Transgredindo regras e convenções sociais por puro prazer, degustando de ultraviolência a Beethoven e criando neologismos misturando o idioma inglês com o russo.

Alex é o violento líder de uma gangue de delinquentes que matam, roubam, estupram, brigam com outras gangues; verdadeiros agentes do caos. Preso, ele recebe o convite para participar de um programa que pode reduzir o seu tempo de pena. Alex torna-se cobaia de experimento chamado Tratamento Ludovico[1].

A combinação dos nomes do protagonista nos mostra quem realmente é o personagem. Alex, etimologicamente, provém do latim “Lex” que significa lei e o “A” é o prefixo referente a afastamento, negação, privação, a sua principal característica psicológica e/ou comportamental, o desrespeito à ordem e consequentemente a disseminação do caos.

O sobrenome DeLarge não é citado no livro, porém afirma-se que Kubrick fez referência a um momento do livro em que Alex chama a si mesmo de “Alexander, The Large”. A forma que nos é apresentado o personagem e a forma como o acompanhamos no decorrer do filme nos faz sentir ódio, repulsa e, às vezes, até pena. Uma divina interpretação de Malcolm McDowell, o ator que dá vida a Alex, também é um dos grandes fatores que nos levam a esses sentimentos.

A cena inicial é, de todas do filme, para mim a mais importante. Uma cena bastante “Kubrick’ana”, ou seja, cada elemento constituído na moldura/quadro é extremamente calculado para criar uma diegese hiper característica de Kubrick. A cena é criada com uma tela toda vermelha e uma música intensa, mostrando-nos previamente o que será o filme: sangue e uma trilha sonora intensamente sensorial.

Segue, então, um close em Alex com uma expressão de significados sentimentais indecifráveis. A moldura/quadro vai ficando mais ampla com o movimento de recuo da câmera e nos apresentando o mundo do personagem, onde suas roupas brancas têm pequenos adereços bizarros em vermelho (metaforicamente representando a pureza do homem social e a possível violência a ser expressada por seu lado animal), manequins femininos com cabelos e pelos pubianos em destaque são usados como objetos (ou seja, a desvalorização da mulher que em cenas ao decorrer do filme é mostrada com estupros), pessoas catatônicas estão sentadas a observar aquele lugar (nós espectadores, que sabemos que todo aquele caos existe e sabemos onde… porém, apenas assistimos).


Stanley Kubrick (26/07/1928 – 07/03/1999), o diretor, tem como característica principal o perfeccionismo em suas filmagens. Enquadramentos geograficamente estudados para constituir uma significação adequada à narrativa de suas obras. Destaco, como minhas preferidas, as obras: Dr. Fantástico (Dr. Strangelove or: How I learned to stop worrying and love the bomb – 1962);  2001: Uma odisséia no espaço ( 2001: A space odyssey – 1968), Laranja Mecânica (A clockwork Orange – 1971); Barry Lyndon (Barry Lyndon 1975); O Iluminado (The Shining – 1975); e De olhos bem fechados (Eyes wide Shut – 1999).

[1] É uma terapia fictícia. Consiste em expor obrigatoriamente o paciente a assistir imagens violentas por grandes períodos de tempo sob efeito das drogas, o que provoca um efeito de experiência de quase morte. Ao ser obrigado a ver imagens horríveis de estupros, assaltos e outros atos de violência enquanto sofre os efeitos das drogas, o paciente assimilará a sensação e tornar-se-á incapacitado a ou sentir-se-á indisposto se tentar realizar ou simplesmente testemunhar tais atos de violência.

FICHA TÉCNICA DO FILME:

LARANJA MECÂNICA

Diretor: Stanley Kubrick
Roteiro: Stanley Kubrick
Elenco: Malcolm McDowell, Patrick Magee, Adrienne Corri, Aubrey Morris;
Ano: 1971
País: Inglaterra/ EUA
Gênero: Drama

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