Práticas ambientais nas Escolas: os desafios em busca da conscientização

Compartilhe este conteúdo:

Qual é o papel da escola no contexto das práticas ambientais e como ela pode contribuir para a conscientização ambiental dos alunos?

Por Rosiane Alves (pedagoga) – rosianerosalina03@gmail.com

O uso desmedido e inconsciente dos recursos naturais, bem como a poluição ambiental, vem ocasionando mudanças drásticas no meio ambiente. Sérios problemas podem levar à extinção de todas as espécies, incluindo a espécie humana. A questão é que a conscientização da preservação ambiental tornou-se uma preocupação quando o problema já havia se instalado de maneira expansiva. E para iniciar a conscientização, seria necessário uma reeducação quanto aos valores e hábitos, o que se torna ainda mais desafiador, uma vez que vivemos em uma era consumista, na qual, a cada momento, os objetos se tornam substituíveis, impulsionando o consumismo e a disputa pela igualdade e equiparação na obtenção de bens.

O crescimento das grandes metrópoles, indústrias, o desmatamento ilegal em grandes dimensões, o aumento da atividade agropecuária, e as plantações, todos esses são fatores agravantes e altamente lesivos ao planeta. No entanto, são justamente essas as atividades que vêm gerando riquezas e faturamento para as nações. Isso nos leva a refletir mais uma vez acerca de valores e princípios, pois a cultura humana foi ensinada a disputar, ser melhor que o outro em termos financeiros, e a perceberem que nunca estão satisfeitos, querendo sempre mais, mesmo que isso, inconscientemente, custe a extinção de outras espécies e até mesmo a própria vida.

Para Medina et al. (2011, p.33),

“o que cabe dizer é que o humano não possui, nos  padrões éticos tradicionais, qualquer responsabilidade ética com relação a um ente natural: árvore, alga, pássaro, cervo, mar.”

Nossos valores morais estão diretamente ligados às nossas vivências e aprendizados ao longo da vida. A construção dos nossos princípios se iniciou no nosso lar, e, infelizmente, a Educação Ambiental não era uma pauta nas gerações passadas, nem mesmo nas escolas. Isso se deve à errônea e equivocada percepção de que os recursos naturais são finitos e de que o planeta suportaria tantas agressões.

                                                                                                                                          Fonte: Freepik/fotos

 

Para Santos et al (2022, p.9)

” O grande aumento nos níveis de gases poluentes lançados na atmosfera em grande parte, é devido à produção industrial mundial relacionada aos hábitos de consumo da sociedade humana. O aquecimento global e seus sinais, tais como a redução da água doce, constantes secas e inundações ao redor do mundo tem preocupado os cientistas, surgindo consequências difíceis de serem revertidas se mudanças socioambientais significativas não forem feitas. Não há tempo para irresponsabilidade, é preciso um comprometimento coletivo, população e governo trabalhando juntos na construção de políticas, programas de conscientização e (re)educação ambiental.”

Para minimizar os impactos ambientais, foram criadas políticas públicas, como programas de conscientização para a preservação do planeta. No entanto, essa abordagem surgiu tardiamente na educação. A efetividade da educação ambiental requer que todo o corpo escolar se reeduque em práticas ambientais saudáveis, estudando, vivenciando, aprendendo para, posteriormente, ensinar. Conforme WULF (2021), mais importantes são “as leis não escritas” do comportamento moral que são executadas em contextos e práticas sociais.

A Educação Ambiental surge como uma ferramenta de transformação do paradigma social. No entanto, com ela vêm os desafios, pois, para ser efetiva, é necessário o comprometimento de colocar em prática, não apenas teoricamente. Quando falamos em agir, são necessários recursos e, principalmente, mentes abertas e dispostas a trabalhar para mudar concepções já estabelecidas.

A escola tem o papel de transformar mentes, que, por sua vez, transformam a realidade. Criar projetos que vão além dos muros da escola, impactando a realidade do aluno, do seu lar, bairro e podendo ir muito mais além, é fundamental. Esses projetos têm o potencial de impactar a sociedade em que o aluno está inserido. Além das leis e projetos, a escola tem um papel que exige tanto empenho quanto elevar vozes e ações daqueles que antes eram considerados coadjuvantes. Hoje, os alunos são protagonistas e devem discutir e solucionar problemas do seu próprio meio social.

Não há como mudar o mundo se não houver mudança em si mesmo. Levantar discussões e reflexões sobre a necessidade de mudar o próprio contexto para mudar o do próximo é essencial. Atualmente, vivemos na chamada era digital, uma geração tecnológica, imediatista e altamente consumista. A escola é desafiada a se adequar a essa nova realidade e usar a tecnologia como aliada para engajar jovens e crianças na criação de ideias e projetos para o bem comum. É importante desmistificar a ideia de que só devemos falar em Educação Ambiental em datas comemorativas, como o Dia da Água e o Dia da Árvore, por exemplo.

Observamos que os papéis estão se invertendo, e os filhos têm alertado os pais quanto às mudanças de hábitos, sendo a escola um dos fatores que tem motivado essa transformação. Pequenos hábitos, como fechar a torneira na hora da escovação, fechar o chuveiro na hora de ensaboar, o inofensivo papel de balinha jogado no chão, e atentar às luzes acesas sem necessidade, são pequenas atitudes que podem gerar impactos positivos, minimizando os danos causados e evitando a expansão dos mesmos.

                                                                                                                            Fonte: guiainfantil.com

Quando falamos em pais e filhos, trabalho e conscientização em conjunto, imediatamente nos remete à herança, e quando falamos de herança, não nos referimos somente à financeira, mas sim à herança de valores. Em que estado deixaremos o planeta para as futuras gerações? O que nos leva a refletir sobre respeito e empatia em relação aos que vêm depois de nós. Repensar os hábitos e valores não é apenas por si mesmo, não é só pelo hoje, mas pensando no amanhã. É sobre empatia, é sobre respeitar e amar quem vem depois.

É importante não nos esquecermos dos outros seres que estão deixando de existir pela ação de um ser que se acha supremo e no direito de destruir o lar de todos e de si mesmo, por pensar de maneira egoísta e mesquinha, esquecendo-se de que fazem parte do mesmo ecossistema e que ambos sobrevivem dos mesmos recursos naturais. Se não houver um equilíbrio entre as espécies, todas estarão correndo o risco de serem extintas. A escola também tem esse papel de conscientização quanto à ética, respeito e empatia pelo outro, orientando-os sobre a importância de cada espécie para o equilíbrio do ecossistema.

A Educação Ambiental no Brasil tem raízes históricas, sendo impulsionada por movimentos sociais e ambientalistas a partir da década de 1970. O país viu um marco significativo com a Política Nacional de Meio Ambiente em 1981, que destacou a importância da Educação Ambiental. Em 1992, foi criado o Ministério do Meio Ambiente pelo Governo Federal, e no mesmo ano, o Brasil sediou a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, conhecida como a Rio 92. Esse evento foi de grande relevância para as discussões ambientais no Brasil, resultando em documentos importantes, como o Protocolo de Florestas, a Carta da Terra e a Convenção da Diversidade Biológica, entre outros. A Rio 92 abriu caminhos para a criação de leis e documentos voltados para a Educação Ambiental no Brasil.

Em paralelo à Rio 92, o Fórum Global estabeleceu o Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis, traçando o marco político para o projeto pedagógico da Educação Ambiental. Segundo Branco et al. (2018), esse tratado está na base da formação da Rede Brasileira de Educação Ambiental, bem como das diversas redes estaduais que formam uma grande articulação de entidades não governamentais, escolas, universidades e pessoas que buscam fortalecer as diferentes ações, atividades, programas e políticas em Educação Ambiental. Em 1996, foi criada a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, reforçando esse compromisso e exigindo a inclusão da temática nos currículos escolares.

No entanto, apesar dos avanços normativos, desafios persistem na implementação efetiva, incluindo a capacitação de professores e a integração da Educação Ambiental de maneira transversal nos diversos níveis de ensino. Um dos maiores desafios enfrentados pelos professores em relação à implementação da EA em sala de aula é a necessidade de integração efetiva dos princípios ambientais em diferentes disciplinas, tornando-a assim uma abordagem transversal. Isso demanda não só conhecimento especializado por parte dos educadores, mas também a habilidade de conectar conceitos ambientais como conteúdo curricular, promovendo uma aprendizagem significativa para os alunos. Além disso, a falta de recursos e materiais específicos pode ser uma barreira, exigindo criatividade e adaptação por parte dos professores.

“A Educação Ambiental não deve apenas informar, deve transformar” (FREIRE, Paulo, 1992). Ao promover a compreensão dos impactos das ações humanas na natureza, a Educação Ambiental busca cultivar atitudes sustentáveis e a responsabilidade coletiva pela preservação do planeta. Essa conscientização é fundamental para enfrentar desafios ambientais, como mudanças climáticas e perda da biodiversidade, construindo sociedades mais equilibradas, resilientes e empáticas, preservando hoje para garantir o futuro saudável das gerações do amanhã. Não é apenas sobre um, mas sobre todas as espécies.

REFERÊNCIAS:

BRANCO, Emerson Pereira; ROYER, Márcia Regina; BRANCO, Alessandra Batista de Godoi. A Abordagem da Educação Ambiental nos PCN’S, nas DCNs e na BNCC. Nuances, Estudos sobre a Educação. Presidente Prudente, São Paulo. 2018. p. 185- 203 v.1

FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia. Paz e Terra, São Paulo. 1996.

MEDINA, Patrícia. OLIVEIRA, Gustavo Paschoal Teixeira de Castro. MESQUITA, Marcia. BARROS, Graciela Maria. Princípios vida e responsabilidade: o agir humano na contemporaneidade a partir das ideias de Hans Jonas. Revista ESMAT v. 9, n.12, pp. 51-74. 2017.

WULF, Christoph. Educação como Conhecimento do Ser Humano na Era do Antropoceno: uma perspectiva antropológica. Cortez Editora. São Paulo. 2021

Compartilhe este conteúdo:

Interfaces da Anorexia no filme “O Mínimo para Viver”

Compartilhe este conteúdo:

Restringir a alimentação ou passar por períodos de compulsão e purgação podem ser sinais de um transtorno alimentar. Se não tratados, os distúrbios alimentares podem ter efeitos devastadores na saúde mental e física do indivíduo.

“O Mínimo para viver”, tradução do filme “To the Bone”, é um filme lançado na Netflix em 2017 que mostra a história de Ellen sobre a luta contra a anorexia e o sofrimento que surge com esse transtorno alimentar.

O filme conta que Ellen abandonou a faculdade e está lutando para concluir o tratamento hospitalar para seu diagnóstico e, como resultado, volta a morar com o pai e a madrasta. A história segue Ellen através de seu processo de tratamento, que é auxiliado por familiares próximos, amigos e terapeutas que querem ajudá-la a continuar progredindo nessa busca pela cura. Este filme captura o impacto psicológico que a anorexia pode ter na pessoa e também na sua rede de apoio. Ele fornece uma visão sob a ótica do paciente, e seus pensamentos e sentimentos experimentados durante o diagnóstico e o tratamento do transtorno.

Após diversas internações e tratamentos frustrados Ellen conhece o médico Dr. William Beckham (Keanu Reeves), famoso pelo seu método nada comum de tratar doenças como a dela. Depois de se convencer que o tipo de tratamento que ele oferece é sua melhor e talvez até sua última opção, Ellen começa a frequentar a clínica de Beckham, um lugar diferente, mais confortável e com ares de lar, onde ela divide o teto com outros seis pacientes.

A trama demonstra a complexidade da doença, e todas as nuances que a envolvem. Não se trata apenas de voltar a se alimentar normalmente. Como em uma relação de causa e efeito, outras enfermidades podem surgir em decorrência da anorexia, desde o mal funcionamento de órgãos à osteoporose.

A decepção consigo mesma é repetidamente vivida no corpo, entre comer e vomitar, controlando severamente e castigando seu corpo nos exercícios doloridos, para conseguir um pouco de alívio no seu sofrimento psíquico.

Fonte: encurtador.com.br/finLP

A Anorexia Nervosa (AN) é um transtorno alimentar (TA) caracterizado pela auto-inanição, ou seja, é a própria pessoa provocar um estado de debilidade extrema por falta de alimentação que leva o corpo a consumir os seus próprios tecidos para obter as calorias necessárias para se manter vivo, degradando órgãos, músculos e gordura corporal. Se caracteriza também pela preocupação exacerbada da forma física e um medo extremo de comida.

A Anorexia Nervosa tem sido associada a vários fatores de risco e manutenção de transtornos. Os fatores de risco são quaisquer situações que aumentem a probabilidade de ocorrência de uma doença ou agravo à saúde. Os fatores de manutenção predizem persistência de sintomas versus remissão ao longo do tempo em indivíduos já sintomáticos para um transtorno.

Em algumas cenas durante o filme, Ellen contava as calorias presentes na comida que estava em seu prato além de mostrar ela fazendo abdominais e medindo o braço para verificar se ela conseguia fechar a mão ao redor do bíceps. A menção ao uso de laxantes também aparece, além de mostrar a rotina da instituição na qual ela estava fazendo tratamento, com altos e baixos, recaídas e a real dificuldade do tratamento.

Estas cenas demonstram como a anorexia não só reflete na saúde física de alguém, como impacta muito a saúde mental do indivíduo, e tal fator é determinante no curso da doença. Como citado anteriormente, além da alteração física, há o medo de ganhar peso e alteração da imagem corporal e da consciência sobre o transtorno. Os pensamentos a respeito do problema influenciam fortemente na manutenção do transtorno, pois a pessoa se olha no espelho e enxerga alguém gorda ou que não está suficientemente magra, e não há evidências externas que façam a pessoa se convencer do contrário.

Nesses casos a tendência de o sujeito com anorexia falar que está com tudo sob controle ou de negar a doença é alta. Geralmente a busca por tratamento acontece já em um estado avançado e os prejuízos já estão muito acentuados.

O filme também enfatiza como é essencial a participação da família na prevenção e no curso do tratamento. É importante que os familiares estejam alinhados sobre o transtorno para o sucesso neste processo.

No caso da família da personagem principal, o filme mostrou as dificuldades que eles tinham de lidar com o transtorno. A mãe não suportou o quadro da filha e fez com que Ellen se mudasse para a casa do pai o qual é ausente e aparentemente irritado, tenta constantemente se manter alheio de todas as situações, encontrando pretextos para não se encontrar com a filha e não comparecer à terapia familiar.

A madrasta e a irmã são as mais presentes e as que mais encorajam o tratamento de Ellen, porém ambas (assim como a mãe também), fazem menções inadequadas que atingem ela, como por exemplo falar constantemente sobre como sua aparência está, e falas que não contribuem como  “coma Ellen” e “se você morrer eu te mato”.

Fonte: encurtador.com.br/uwDGQ

A Terapia Cognitivo Comportamental tradicionalmente se concentra em relatos baseados em sintomas, sugerindo que tanto o controle quanto a supervalorização do peso e forma física mantêm a AN. A TCC se baseia em dois princípios: o primeiro diz que nossas cognições têm influência sobre o nosso comportamento; o segundo refere-se ao fato de que o modo como agimos afeta nossas emoções e pensamentos.

Algumas características em relação à AN podem incluir: perfeccionismo clínico, baixa autoestima, intolerância ao humor e dificuldades interpessoais como focos adicionais de tratamento.

O tratamento pode conter diversas complicações, com probabilidade de recaídas, já que o fator psicológico tem muita influência, como ilustrado no filme. Utilizando técnicas cognitivas e comportamentais, a TCC busca aumentar a motivação para a mudança, aumentar diretamente o ganho de peso ao mesmo tempo em que aborda preocupações com peso e forma e se prepara para contratempos para manter os ganhos obtidos a longo prazo. A TCC também é importante para o trabalho da imagem corporal e dos padrões estéticos que são muito elevados nas pessoas com AN.

Dentre alguns objetivos, levar o paciente a desenvolver um padrão regular e flexível de alimentação é um grande passo na recuperação da saúde e bem estar deste indivíduo. E este resultado está intimamente ligado ao surgimento de um indivíduo com capacidade de tomar consciência, dar sentido, regular, aceitar, expressar e transformar a experiência emocional, usando-a de forma flexível e adaptativa para se conhecer, buscar formas saudáveis de agir consigo mesmo, nos seus relacionamentos e no mundo.

FICHA TÉCNICA

Título: O Mínimo para Viver
Dirigido por: Marti Noxon
Data de Estreia: 22 de janeiro de 2017
Duração: 107 minutos
Classificação: 14 anos
Gênero: Comédia/Drama
País de Origem: EUA

REFERÊNCIAS

NARDI, Helena Beyer; MELERE, Cristiane. O papel da terapia cognivo-comportamental na anorexia nervosa. Revista Brasileira de Terapia Comportamental e Cognitiva, São Paulo, v. 16, 2014. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1517-55452014000100006. Acesso em: 31/05/2022.

VTM Neurodiagnóstico. Tratamento para anorexia e o filme “O Mínimo Para Viver”. Disponível em: https://vtmneurodiagnostico.com.br/cine_psiconeurologia/tratamento-para-anorexia-e-o-filme-o-minimo-para-viver/. Acesso em: 2/06/2022.

DESENVOLVIVER. O mínimo para viver: conscientizações e problematizações. Disponível em: https://desenvolviver.com/psicoterapia/o-minimo-para-viver-conscientizacoes-e-problematizacoes/#:~:text=%E2%80%9CO%20m%C3%ADnimo%20para%20viver%E2%80%9D%20%C3%A9,a%20realidade%20que%20este%20mostra.. Acesso em: 02/06/2022.

FRONTEIRAS PSICOLOGIA. Anorexia Nervosa e um Eu Emocional Perdido: Uma Formulação Psicológica do Desenvolvimento, Manutenção e Tratamento da Anorexia Nervosa. Disponível em: https://www.frontiersin.org/articles/10.3389/fpsyg.2019.00219/full#F1. Acesso em: 31 mai. 2022.

Compartilhe este conteúdo:

A importância do Dia Mundial da Alimentação no combate a fome e a pobreza mundial

Compartilhe este conteúdo:

Celebrado no dia 16 de outubro, o Dia Mundial da Alimentação tem como objetivo conscientizar a população sobre a importância da nutrição com uma alimentação adequada. A temática, esse ano, será “As nossas ações são o nosso futuro. Melhor produção, melhor nutrição, melhor ambiente e melhor qualidade de vida”. A iniciativa tem como meta relembrar que ainda muitas pessoas passam fome nos quatros cantos no mundo, bem como propor soluções para colocar fim a esta problemática.

Fonte: www.mundodastribos.com

Conforme a Organização das Nações Unidas para a Alimentação (FAO), a edição 2021 tem grande impacto por acontecer na pandemia de Covid 19, que desencadeou uma desaceleração da economia mundial e a diminuição da renda familiar, o que afeta justamente a subsistência, ou seja, falta comida na mesa.  A pandemia teve um efeito devastador sobre a segurança alimentar no Brasil.  Segundo a FAO, 50 milhões de brasileiros vivem em situação de insegurança alimentar devido ao desperdício de alimentos, bem como as condições inadequadas de colheitas.  A entidade explica que uma alimentação adequada saudável deve ser um direito permanente e sustentável, e para isso acontecer é preciso de uma Política de Segurança Alimentar e Nutricional no Brasil. No entanto, como mencionado, a pandemia trouxe novamente o retrato da fome no Brasil, que tem como as crianças as mais afetadas.

 De acordo com a Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Penssan), com a pesquisa “Inquérito Nacional Sobre Segurança Alimentar no Contexto da Pandemia de Covid 19, no Brasil”, 55,2% das famílias brasileiros encontram-se em insegurança alimentar e 9% convive com a fome total, sendo que menos da metade dos municípios brasileiros, o que equivale a 44,8% tinha em seus moradores a segurança alimentar. Os dados são alarmantes e assustadores, e quem mais sofre com essa crise alimentar é a zona rural, informou a pesquisa, realizada este ano. As regiões Norte e Nordeste são as mais afetadas com a pandemia, o que ocasionou um aumento do número de desempregados e endividados.

 A pesquisa foi realizada nos domicílios brasileiros com o intuito de buscar informações sobre a atual situação das famílias com a crise sanitária da Covid 19, para a tomada de decisões públicas e mobilização da sociedade civil e organizada. Nesse sentido que Maria de Fátima de Albuquerque (2009) evidencia que o direito à alimentação adequada irá se concretizar quando homens, mulheres e crianças tiverem acesso físico e econômico, sem interrupção, dos meios para sua obtenção. Em seu ponto de visto, a desigualdade precisa ser combatida para que todos possam usufruir de uma boa alimentação, por meio de ações progressistas e com o apoio do Estado, o qual é responsável pela elaboração de políticas públicas de Estado.

Fonte: Adobe Stock

A Associação Brasileira pela Nutrição e Direitos Humanos (Abrand) destacou em artigo que para garantir um caminho no avança da segurança alimentar e nutricional, além da soberania alimentar é preciso superar as violações ao Direito Humano da Alimentação.  Para a organização, é preciso que a sociedade civil busca apoderar-se de informações para assim exigir a efetivação dos direitos humanos, consagrados na Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH), a promoção da vida, dignidade humana, que passa por uma alimentação nutritiva, ou seja adequada.

Enquanto o mundo ainda passa pela onda da pandemia da Covid 19, é preciso oferecer um olhar acolhedor para as pessoas em situação de vulnerabilidade. A insegurança alimentar, em resumo, é passar fome. Um cenário devastador que assombra inúmeras famílias que não têm o que comer. Por isso, ajude quando puder. Entre em contato com Organizações Não Governamentais (ONGs) que irão direcionar suas doações. Às vezes, pode ser a pessoa que mora ao seu lado.  Juntos podemos construir um mundo melhor.

REFERÊNCIAS

Albuquerque, Maria de Fátima: A segurança alimentar e nutricional e o uso da abordagem de direitos humanos no desenho das políticas públicas para combater a fome e a pobreza1 Disponível https://www.scielo.br/j/rn/a/K8QycNXpRNRs8GxWhFCmDBP/?format=pdf&lang=pt4. Acesso 09 de out, de2021

Associação Brasileira pela Nutrição e Direitos Humanos (2010). Disponível em  < https://www.redsan-cplp.org/uploads/5/6/8/7/5687387/dhaa_no_contexto_da_san.pdf>. Acesso 09 de out, de 2021.

Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Penssan), Disponível em http://olheparaafome.com.br/VIGISAN_Inseguranca_alimentar.pdf.  (2021) Acesso 09 de out, de2021.

Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO).  Disponível em < http://www.fao.org/brasil/programas-e-projetos/programa/pt/#c356409. Acesso 09 de out, de 2021.

Compartilhe este conteúdo:

A importância da prevenção do câncer de mama

Compartilhe este conteúdo:

Com o intuito de conscientizar e alertar as mulheres sobre o câncer de mama celebra-se no mês de outubro a campanha intitulada Outubro Rosa, uma forma encontrada para divulgar informações e prevenir as mulheres sobre a doença, além de oferecer diagnóstico e tratamento.  Criado na década de 90, é considerado um movimento internacional, o qual o tem o laço rosa, como símbolo da prevenção ao câncer mama, que foi lançado pela Fundação Susan G. Komen for the Cure e entregue aos participantes da primeira Corrida pela Cura, realizada em Nova York, Estados Unidos (EUA).

Conforme o Instituto Nacional do Câncer (INCA), no Brasil o câncer de mama ocupa a primeira posição entre o público feminino no Brasil, sendo o que mais causa morte entre mulheres.  Somente este ano foi estimado 66.280 casos da doença, um aumento se comparado ao ano de 2019 que teve 18.068. Por isso faz-se necessário ter um diagnóstico precoce para o tratamento ser mais eficaz.  De acordo com o Inca, homens também podem ter câncer de mama, mas é rara, com aproximadamente 1% do público masculino afetado pela doença.

Fonte: encurtador.com.br/kCIN5

O que é Câncer de mama? É uma doença resultante da multiplicação de células anormais da mama, a qual forma um tumor que pode migrar para outros órgãos.  Segundo cartilha, divulgada pelo Inca para celebrar a sexta edição da campanha Outubro Rosa, deste ano, o risco de desenvolver a doença aumenta com a idade, sendo o grupo de maior risco, mulheres a partis dos 50 anos de idade. Obesidade, sedentarismo, consumo de bebida alcoólica, não ter amamentado, parar de menstruar após são alguns fatores de risco da doença.  É importante ficar também atenta aos fatores hereditários, como histórico familiar de câncer de ovário e mama.

O Sistema Único Nacional de Saúde (SUS) oferece atenção integral à prevenção e ao tratamento do câncer de mama. Para receber atendimento, é preciso passar pelo diagnóstico precoce nas unidades especializadas. O Ministério da Saúde (MS) informou, que para diminuir as taxas de aumento do câncer de mama, incentiva a amamentação como forma de prevenção. Dados da pasta revelam que o risco de desenvolver câncer de mama diminui de 4,3% a 6% a cada 12 meses de duração da amamentação.

Fonte: Freepick

Sintomas do câncer de mama

Caroço endurecido, pequenos nódulos nas axilas e região do pescoço e pele da mama avermelhada são alguns dos sintomas da doença. Caso, a pessoa identifique alguma alteração é necessário ir ao médico para diagnóstico, por isso a importância dos exames de rotina no caso, a mamografia, radiografia das mamas.  Ademais, a atividade física para evitar o sobre peso e o sedentarismo é uma forma de prevenção, bem como evitar o uso de cigarros e bebidas alcoólicas.

Durante todo mês de outubro, todas as Capitais do Brasil irão realizar atividades relacionadas ao movimento Outubro Rosa. Procure informar quais serão as programações da sua região. Juntas, podemos vencer a desinformação e salvar vidas, por meio do diagnóstico precoce.

REFERÊNCIAS

Cartilha do Instituto Nacional do Câncer. Disponível em < https://www.inca.gov.br/sites/ufu.sti.inca.local/files//media/document//cartilha-mama-6-edicao-2021.pdf>. Acesso 29 set de 21.

Ministério da Saúde. Disponível em < https://bvsms.saude.gov.br/outubro-rosa-mes-de-conscientizacao-sobre-o-cancer-de-mama/>. Acesso 29set de 21.

Compartilhe este conteúdo:

Setembro: mês de combate, conscientização e prevenção ao suicídio

Compartilhe este conteúdo:

O dia mundial de prevenção ao suicídio é celebrado no dia 10 de setembro, por isso o mês foi escolhido para realizar a campanha conhecida como “Setembro Amarelo” que busca conscientizar, bem como diminuir os índices de suicídio. O tema deste ano é “Agir e Salvar Vidas”. Apesar de ser ainda tabu é preciso discutir e abrir fronteiras sobre o assunto.

Conforme dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), calcula-se que a cada 40 segundos uma pessoa morre por suicídio, no mundo. No que diz respeito às tentativas, uma pessoa atenta à vida a cada três segundos. Os dados são assustadores, por isso é importante aderir à campanha para alcançar o maior número de pessoas para evitar essa prática.  Ainda, segundo a OMS, somente no ano de 2019, 700 mil pessoas vieram a óbito por suicídio.

 

Fonte: freepink

 

Célia Teixeira alerta sobre a tentativa de suicídio entre os adolescentes. Segundo a psicóloga, muitos deles têm pensamentos de autodestruição e mutilação de si próprio, e veem no suicídio uma tentativa de acabar com a dor psíquica. O assunto abordado por Célia, torna-se crucial, ainda mais com a ascensão das redes sociais, que pode potencializar pensamento suicidas. Por isso, os pais devem ficar mais atentos com o conteúdo que os filhos assistem diariamente.

Conforme cartilha da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), o suicídio entre jovens aumentou, sendo o Brasil o terceiro da lista.  Entre as causas estão humor depressivo, rejeição familiar, negligência, abuso físico e sexual na infância. 

Segundo a ABP, doenças mentais são também causas de suicídio, por não terem sido tratadas.  A associação alerta que cerca de 60% das pessoas que morrem por suicídio, nunca se consultaram com um profissional da Saúde

Como ajudar?

Caso conheça alguém que está tendo esse tipo de pensamento, aconselhe a procurar ajuda para cuidar da saúde mental. Não deixe de ouvir a pessoa, mas evite criticar. 

Além disso, pode ligar gratuitamente para o Centro de Valorização da Vida (CVV) pelo 188 ou pelo site da instituição cvv.org.br. Em Palmas, o CVV fica na quadra AE 310 SUL Av. NS 10, Plano Diretor Sul.

Quando procurar ajuda?

Mesmo sem razão se sente triste e desmotivado;

Sente vontade de chorar sem motivo aparente;

É pessimista e tem dificuldade de enxergar a realidade de forma positiva;

Não sente alegria ou prazer em atividades ou situações que antes lhe interessavam;

Vivencia mudanças no sono, sem conseguir dormir ou, ao contrário, dormindo demais.

Sente-se cansado ou com sono todo o tempo;

Sente-se irritado, ansioso ou angustiado com frequência;

Precisa de muito esforço para fazer atividades simples, como se levantar da cama;

Percebe mudanças no apetite e no peso (aumento ou diminuição);

Sente-se culpado todo o tempo, com baixa autoestima;

Queixa-se de dores constantes ou outros sintomas sem causa física;

Tem pensamentos ou comportamentos suicidas. (Cartilha UFMG)

Referência

TEIXEIRA, Célia. Tentativa de Suicídio na adolescência da Universidade Federal de Goiás (UFG). Goiânia, (GO). Disponível em < https://www.revistas.ufg.br/revistaufg/article/view/49466/24293 >. Acesso 16, set. 2021.

 Associação Brasileira de Psiquiatria. Suicídio: Informando para prevenir.  Disponível em < http://www.flip3d.com.br/web/pub/cfm/index9/?numero=14^> Acesso 16, set 2021.

Cartilha de Prevenção ao Suicídio da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).  Disponível em< https://www.medicina.ufmg.br/setembroamarelo/wp-content/uploads/sites/86/2019/09/Cartilha-Setembro-amarelo.pdf>. Acesso em 16 de setembro de 2021.

Compartilhe este conteúdo:

Agência de modelos celebra o Dia Internacional do Albinismo

Compartilhe este conteúdo:

Data é comemorada neste domingo (13) e chama atenção para esta causa 

No próximo domingo (13) é celebrado o Dia Mundial de Conscientização do Albinismo. Instituída pela Organização das Nações Unidas (ONU), em 2015, a data tem como objetivo chamar a atenção para que sejam eliminadas todas as formas de violência e preconceito enfrentadas por pessoas com albinismo em todo o mundo, apoiar sua causa – desde suas realizações e práticas positivas até a promoção e a proteção de seus direitos. Pensando nisso, a agência Max Fama fez este editorial com alguns dos seus modelos.

“Queremos chamar atenção para esta causa mostrando que quem tem albinismo é capaz de fazer tudo”, relata a produtora de moda da agência de modelos Max Fama, Carolina Souza. “Sabemos que ainda existe muito preconceito, mas é pura falta de informação. Isso só vai diminuir ou acabar se a gente falar sobre o tema e alertar sobre a causa. Por isso fizemos este material cheio de amor”, finaliza.

Fonte: Jorge Luiz Garcia

Vale lembrar que o albinismo é uma desordem genética na qual ocorre um defeito na produção da melanina, pigmento que dá cor à pele, cabelos e olhos. A alteração genética também leva a modificações da estrutura e do funcionamento ocular, desencadeando problemas visuais.

Não existe, atualmente, nenhum tratamento específico e efetivo, pois o albinismo é decorrente de uma mutação geneticamente determinada. Pessoas com albinismo devem iniciar o acompanhamento por profissionais de saúde assim que o problema for detectado.

Fonte: Jorge Luiz Garcia

O albinismo não é contagioso, não compromete o desenvolvimento físico e mental nem a inteligência de seus portadores. Infelizmente, muitos são cercados de mitos e preconceitos que têm impacto negativo sobre sua autoestima e sociabilidade.

Vamos celebrar este dia com amor e informação, são as únicas maneiras de combater o preconceito!

Compartilhe este conteúdo:

A escuta sensível na interface Psicanálise-Paulo Freire

Compartilhe este conteúdo:

A Psicanálise faz uso do discurso que coloca o outro da relação na posição de sujeito e o psicanalista consegue recuar da sua posição de saber e poder para escutar o outro na sua verdade. Conteúdo este, que vem de encontro com a pedagogia de Paulo Freire com essa posição discursiva, de escutar o outro em sua verdade e, assim, produzir a aprendizagem e a comunicação política. Entra-se então a importância política da escuta, em tempos de cultura do ódio e do cancelamento.

Paulo Freire usou a escuta como uma grande ferramenta em sua teoria, essa escuta freiriana na prática pode mudar relações. O autor em sua obra Pedagogia da Autonomia (2009), aborda sobre a importância de respeitar o conhecimento que o discente leva para a escola. Isso implica na troca que pode ocorrer entre professor e aluno.

Outro ponto importante a se retirar importância de lidar com o outro, é praticar essa escuta sem objetificação. A escuta política surge como uma arma potente para aqueles que querem utilizá-la. “Tem significação precisamente porque os sujeitos dialógicos não apenas conservam sua identidade, mas a defendem e assim crescem um com o outro” (FREIRE, 2009, p. 118).

Fonte: encurtador.com.br/htFN0

Freud em sua essência traz essa preocupação com a escuta qualificada, abordando sobre o valor dado ao autoconhecimento e consequentemente a liberdade pessoal, a partir essa escuta trabalhada, isto foi considerado como um diferencial entre a psicanálise e as demais abordagens.

A importância dessa escuta para Freud é evidenciada a partir do momento em que você começa a ler os seus textos. Para além, pode observar uma crítica ao analista:

É possível pretender que fórmulas simples permitam compreender o processo analítico? Não, analisar é hipercomplexo: escutar com atenção flutuante, representar, fantasiar, experimentar afetos, identificar-se, recordar, auto-analisar-se, conter, assinalar, interpretar e construir (2003, p. 105).

Fonte: encurtador.com.br/cFJWY

Observa-se a preocupação entre os dois autores em relação a escuta, uma vez que esta prática está interligada a compreensão de realidades concretas, do seu contexto histórico, para além disso, observa a sua inserção no mundo a partir dessa escuta.

A escuta produz a conscientização libertadora e transformadora. Conscientização esta que traz um caminho para reinvenção de novos seres, cada um com a sua subjetividade, buscando a necessidade de coerência para ação e reflexão do ser existencial.

REFERÊNCIA

HORNSTEIN, L. Intersuibjetividad Y clínica. Buenos Aires: Paidós, 2003.

SOUZA, Anna Inês. Paulo Freire: vida e obra. São Paulo: Expressão Popular, 2001.

FREIRE, Paulo. Pedagogia Autonomia: Saberes Necessários à prática da educativa. Editora Paz Terra, Rio de Janeiro. 2009. Disponível: https://nepegeo.paginas.ufsc.br/files/2018/11/Pedagogia-da-Autonomia-Paulo-Freire.pdf

Compartilhe este conteúdo:

Mães relatam avanços e desafios para crianças autistas na pandemia

Compartilhe este conteúdo:

Relatos marcam Dia Mundial da Conscientização do Autismo

“Todo dia é dia de a gente se conscientizar sobre ser diferente, algo inerente à condição humana. O autismo é só mais uma das diferenças”, afirma a professora Mônica Costa, mãe do José Miguel, 5 anos, diagnosticado com Transtorno do Espectro Autista com 1 ano e meio de idade. Neste 2 de abril, Dia Mundial da Conscientização do Autismo, mães relatam como o isolamento social tem sido desafiador para esse grupo social, mas afirmam que também é possível mostrar avanços no desenvolvimento.

Mônica, que é doutoranda em educação inclusiva, diz que o começo foi mais difícil, pois Miguel tinha uma rotina muito movimentada, com as atividades terapêuticas e a escola. “A pessoa com autismo é extremamente apegada a rituais, rotinas. Aí houve essa ruptura. Isso trouxe para ele sofrimento, entrava em crise durante o dia, chorava, se desorganizava. O que tentei fazer foi manter os mesmos horários e ir promovendo ao longo do dia atividades que ele costumava fazer”.

Os passeios de moto ao entardecer foram fundamentais para Anna Clara, 14 anos. “Ela gosta muito de andar de moto, então todo dia, no fim da tarde, a gente dava uma voltinha. Ela escolhia o caminho. Essa volta de moto era muito significativa, porque era o momento em que ela se soltava mesmo”, relata a mãe Laura Marsolla, também professora. Clara foi diagnosticada aos 7 anos com um grau leve do Espectro Autista. “Como é verbal, ela se comunica muito bem e ia dando dicas pra gente: estou com vontade disso, não quero aquilo.”

Karina Frizzi, psicóloga e analista do comportamento do Grupo Conduzir, clínica especializada, percebe que há muitos esforços dos pais nesse acompanhamento. “Os pais estão sempre preocupados em estimular os filhos, então acaba sendo uma carga grande, principalmente para as famílias que não tem um suporte”.

Segundo dados do Centro de Controle de Doenças e Prevenção, dos Estados Unidos, existe hoje um caso de autismo a cada 59 crianças. Ainda de acordo com o centro, pessoas com transtornos no desenvolvimento cognitivo, independentemente da idade, têm risco maior de contágio pelo novo coronavírus. Além disso, se forem infectadas, podem apresentar formas mais agudas da doença.

Avanços

Apesar de apresentar mais dificuldades na interação social, Mônica afirma que percebe ganhos importantes de Miguel na comunicação e em atividades cotidianas. “Como estou em casa, pude acompanhar mais de perto esse processo de desfralde, por exemplo. São ganhos que para alguns podem ser pequenos, mas para ele são muito significativos: uma comunicação mais eficiente e ganhos de habilidade da vida diária, como se alimentar sozinho, desfraldar e usar o banheiro”.

Com Anna Clara, a necessidade de estabelecer uma rotina com as aulas online contribuíram para avanços na autonomia e responsabilidade. “A gente fica muito feliz em ver o quanto ela foi treinada na resolução de problemas nesse período”, relata Laura. A mãe lembra que também percebe dificuldades resultantes da falta de interação. “Na escola, ela acompanha a turma, a linguagem do pessoal, então vai aprendendo junto com os pares. Ficando em casa, já não tem essa troca”.

 Diagnóstico

Por não se tratar de uma doença, mas de uma condição que tem relação com o desenvolvimento neural, tanto Mônica quanto Laura relatam dificuldades na definição do diagnóstico. “Essa busca não foi fácil. Ele era muito novo e também há essa cultura dos médicos de invalidar, deslegitimar a fala das mães, que por vezes dificulta o diagnóstico. Como o autismo é um conjunto de comportamentos, às vezes aqueles comportamentos não se manifestam no consultório do médico.”

O diagnóstico de Anna Clara, por sua vez, foi aos 7 anos. “Levamos em vários profissionais e eles diziam que viam algumas características que eram de autismo, mas ela tinha muita coisa que não era. Ela falava, conversava bastante, não tinha problema de pedir as coisas para os outros, olhava nos olhos, abraçava, era muito afetiva, então foi difícil fechar o diagnóstico”, lembra.

Rio de Janeiro – 8ª Caminhada do Dia Mundial da Conscientização do Autismo, promovida pelo Grupo Mundo Azul, no Leblon, zona sul da cidade. O grupo luta por centros de tratamento e reabilitação para autistas, por atendimento multidisciplinar diagnóstico precoce, educação especial, além de lar terapêutico para os órfãos (Tânia Rêgo/Agência Brasil)

Desconhecimento

“A criança é mimada”, “A mãe não deu limite”, “A criança faz birra e se joga no chão”. Essas são alguma das frases e dos olhares condenatórios ao qual pais e responsáveis por pessoas com autismo precisam lidar. Por isso, informação é fundamental. As duas mães foram taxativas ao destacar a necessidade de mais conhecimento sobre essa condição na sociedade.

“O autismo não determinará até onde ela vai chegar, ou deixar de chegar, são as condições, as possibilidades que são dadas a esse sujeito, as oportunidades sociais, escolares, de intervenções terapêuticas que vão fazer toda a diferença”, diz Mônica, acrescentando a necessidade de melhor acolhimento nos serviços de saúde. “Existem ações pontuais, mas é preciso uma política mais efetiva para garantir os direitos deles.”

“O desconhecimento do autismo era uma coisa que vivia em mim”, reconhece Laura. Ela conta que associava a condição às estereotipias, que são ações repetitivas ou ritualísticas vindas do movimento, da postura ou da fala. “Quando saiu o diagnóstico de que ela era autista, aí que nós fomos descobrir que existem muitas diferenças entre eles. E que ela é sim autista, e tudo bem.”

Atendimento

Na capital paulista, o atendimento a pessoas com autismo é feito por unidades básicas de Saúde (UBS), por centros especializados em Reabilitação (CER) e centros de Atenção Psicossocial (CAPS). “O trabalho dos CAPS consiste no serviço de apoio e subsídio ao processo diagnóstico, à articulação de serviços de saúde, ao apoio às equipes que trabalham em rede, acompanhamento direto das situações de gravidade e corresponsabilidade na atenção às urgências.”

Compartilhe este conteúdo:

Novembro Azul: medo ou vergonha?

Compartilhe este conteúdo:

Novembro Azul é uma campanha que tem como objetivo conscientizar sobre a necessidade da prevenção e do diagnóstico precoce do câncer de próstata. Devemos falar sobre esse tema, pois, muitas vezes o machismo e o preconceito do homem atrapalham a procura por atendimento para o cuidado da própria saúde. A dificuldade cultural faz com que muitos só busquem ajuda quando surgem os sinais de agravamento. Nesse caso, o tratamento é mais delicado e longo, aumentando também a necessidade de uma cirurgia.

Sabemos que os modos de dominação estabelecidos culturalmente pelo machismo oprimem mulheres e outras minorias, mas igualmente aprisionam sujeitos do sexo masculino. Existe a ideia de que o sujeito forte é aquele inabalável, que não tem nenhum problema de saúde, a falácia de que o homem não deve sentir dor. Esse pensamento é muito mais comum em gerações passadas, nas quais alguns homens se gabavam de nunca terem ido ao médico.  A negação do sofrimento, da doença e da dor pode ser entendida como um sinal de superioridade. 

A prevenção de câncer feminino entre as mulheres, ao contrário do que ocorre com a população masculina, já é um assunto corriqueiro. É comum também que as mães levem as meninas para os próprios exames ginecológicos e essa cultura naturaliza as falas e a necessidade de prevenção entre o público feminino. Lamentavelmente, o mesmo ainda não ocorre no que diz respeito à saúde masculina permanecendo incomum que os homens falem com seus filhos e mesmo entre si a respeito do tema. Contudo, essa cultura vem mudando ao longo do tempo e campanhas como novembro azul têm sido fundamentais para alertar sobre um problema que ocorre obviamente durante todo o ano. 

Fonte: encurtador.com.br/KY089

Cabe ressaltar que as diversas funções da presença feminina – mãe, esposa, amiga, namorada – podem representar uma força determinante na desconstrução da pretensa invulnerabilidade masculina. Considerando que a maioria dos chefes da família em nosso país são mulheres, essa colaboração se torna mais relevante quando pensamos em mudança de perspectiva sobre os cuidados à saúde masculina. Espaços público de socialização – escolas, mídia, internet – igualmente podem ser estimulados a dar visibilidade para a necessidade de acompanhamento.

Lembrando que 75% dos casos ocorrem a partir dos 65 anos, o que significa que cerca de 35% de homens abaixo dessa idade também podem apresentar o quadro de câncer prostático e isso representa um grande desafio para todos. O processo de diagnóstico de câncer de próstata gera inúmeros conflitos que serão mais árduos quando maior for o preconceito masculino. Um percurso de psicanálise pode ser de auxílio fundamental para ressignificar esse aprisionamento masculino de modo individual. A informação adequada replicada ao longo do tempo no tecido social pode naturalizar os cuidados à saúde masculina como ocorre com a saúde da mulher. São construções e como tais exigem um bom e necessário trabalho de todos.

Compartilhe este conteúdo: