O curso de Psicologia da instituição de ensino Centro Universitário Luterano de Palmas (CEULP/ULBRA), oferece aos alunos o Congresso Acadêmico de Saberes em Psicologia – CAOS e, nesse ano de 2021 o tema central é “A Psicologia e Atuação Psicossocial em Situações de Emergência”. O evento ocorrerá de forma online, pelas plataformas digitais da instituição, no mês de novembro, com duração de quatro dias (dia 03 ao dia 06) e, o mesmo conta com a organização dos acadêmicos matriculados na disciplina Intervenções em Grupos, junto à coordenação do curso. Tal congresso apresenta em seu cronograma diversas oficinas, dentre elas a mesa redonda com o tema “Intervenções frente à violência infantil no contexto pandêmico”.
A mesa redonda acontecerá no dia 05 de novembro das 09h às 12h, conta com a mediação da professora/psicóloga Izabela Querido, junto à mesma profissionais renomados como as psicólogas Raphaella Pizani Castor Pinheiro, Gabriela Fernandes Maximiano, Anitta Coêlho dos Santos Teixeira, e o assistente social Raimundo Carlos. O evento será realizado através da plataforma online Google Meet, no qual possui como capacidade máxima de participação de 100 usuários. Vale destacar que todos os profissionais convidados, em que irão compor a mesa, apresentam em seus currículos, experiência no âmbito de atuação acerca da temática.
Em decorrência da pandemia da Covid-19, no mês de março de 2020 as instituições de ensino de todo país, como medidas preventivas, foram fechadas devido à necessidade do isolamento social para a colaboração da contenção da disseminação do vírus. Grande parte das escolas do Brasil, ainda encontra-se sem o ensino presencial. Diante do tema, violência infantil, nota-se que o número de subnotificações apresentou queda, porém não significa que tais agressões não estejam ocorrendo. Isto porque, as crianças estão limitadas em seu ambiente domiciliar, no qual diminui a possibilidade de identificação de violência por outros.
Conforme os casos registrados, percebe-se que as agressões vêm apresentando um nível de gravidade alto. Isto porque há uma crescente nos números de casos de crianças que chegam ao hospital em estado crítico, muitas vezes quase mortas. Uma exemplificação disso é o caso do menino Henry Borel, 4 anos, morto em março de 2021, após ser violentado pelos responsáveis.
Portanto, diante do cenário atual, a mesa redonda propõe apresentar dados informativos a respeito da violência infantil, como também apresentará pautas sobre sua intervenção. O evento tem como objetivo trazer aos acadêmicos reflexões acerca dessas agressões, instigando nos mesmos um olhar dentro da psicologia em relação à intervenção. Por fim, para participar da mesa redonda, assim como demais oficinas basta se inscrever no site do CAOS, http://ulbra-to.br/caos/.
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Dificuldades de aprendizagem na Educação Infantil do Povo Akwê-Xerente
O processo educacional nos anos iniciais de escolarização é o desafio da maioria das crianças, em que muitos encontram dificuldades de aprendizagem nas escolas, no qual as estruturas oferecidas, a tendência é de maior dificuldade. Com isso surgem questões a saber: O que fazer para ajudar crianças com dificuldades de aprendizagem? Como devem ser as infraestruturas das escolas que recebem as crianças com dificuldades de aprendizagem? As diferenças entre as crianças que não apresenta dificuldades e aquelas com dificuldades de aprendizagem?
As dificuldades de aprendizagem nas series iniciais torna-se para as crianças indígenas como desafio a ser enfrentado na escola. Onde a criança indígena tem o seu contato com a realidade totalmente diferente do que antes já vivido, com isso, pode ocorrer da criança indígena enfrentar barreiras com contato direto dentro de uma sala de aula. As dificuldades que podem levar as crianças a terem menos rendimento na escola são constatadas quando elas apresentam o desempenho baixo diante das tarefas exigidas. O processo de ensino e aprendizado envolve toda a sociedade, tanto a rural quanto a urbana.
Diante desse exposto, é importante identificar que dificuldades são estas e como os professores que atuam na educação escolar indígena pode se posicionar a fim de amenizar os impactos sentidos por crianças ao terem contato com novos elementos de ensino até então nunca vistos na cultura tradicional indígena.
Esses desafios encontrados por crianças indígenas, geralmente aparecem quando elas têm o contato direto com outra cultura diferente da sua, esse contato, por sua vez, pode acabar influenciando no desempenho dentro da sala de aula, desencadeando em problemas de aprendizagem.
Conforme a pesquisa realizada por Melo e Giraldin (2012) as crianças indígenas têm mais de dificuldades de aprendizagem em língua portuguesa, pois estas são alfabetizadas na língua materna, uma criança da sociedade urbana tem mais facilidade por que já aprende desde pequeno a sua língua, já as crianças indígenas não, o primeiro ensinamento que elas recebem, vem dos pais, que são ensinamentos da própria cultura, passado de geração a geração. Durante cinco anos a criança indígena não recebe o conhecimento de fora, elas são livres, esses anos as crianças não têm contato com a escola. Melo e Giraldin (2012) afirmam ainda que as escolas indígenas xerente tende mais na valorização da cultura, da identidade cultural, na conservação da língua e ensinamentos ligados à sua cultura.
Um aspecto peculiar que Melo e Giraldin (2012) enfatiza é o fato das escolas xerente reelaboram constantemente o cotidiano dos moradores, pois os afazeres domésticos, as incursões no cerrado, a confecção de artesanato, o trabalho na roça, são mais privilegiados que os afazeres escolares em determinados períodos do ano.
Corrêa e Sarmento (2015) destacam que a educação assume um papel importantíssimo na vida da criança, sendo um dos maiores desafios de educadores e pais. Porém a mesmas autoras propõem que têm a possibilidade de tornar esta criança um sujeito autônomo, adquirindo sua liberdade moral e intelectual, isto é possível por meio da criatividade o que torna suas experiências significativas de satisfação, de autoria de pensamento e de fala, sendo sujeitos autores das suas próprias produções e personalidades.
Corrêa e Sarmento (2015) dizem que “a criança precisa encontrar significados e o porquê aprender a ler e escrever, sendo o princípio norteador para ocorrer esta aprendizagem” o professor deve auxiliar no encontro com esse sentido, para que o aprendizado não seja apenas algo imposto e uma prática vazia.
CORRÊA, Juliana Queiroz Matos. SARMENTO, Tatiane Da Silva. Dificuldades de aprendizagem no processo de Alfabetização. Rio Grande do Sul: Revista pós-graduação: desafios contemporâneos v.2, n. 2. 2015.
GIRALDIN, Odair e MELO, Valéria M. C. de. Os Akwe-Xerente e a busca pela domesticação da escola. Campo Grande, MS: Tellus, 2012.
Mini Currículo: MAILSON WAIKAZATE XERENTE, acadêmico de pedagogia na Universidade Federal do Tocantins – UFT.
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Brincadeiras para fazer no Dia Mundial da Alfabetização
O Dia Mundial da Alfabetização foi criado pela ONU/Unesco, em 8 de setembro de 1967, para destacar a importância social da alfabetização. A alfabetização infantil é uma etapa extremamente importante para o desenvolvimento dos pequenos e é um direito universal. A Alfabetização define-se como o processo de aquisição e de apropriação do código alfabético, ou seja, um processo de percepção do som e da grafia da letra.
Para que o processo de alfabetização ocorra, as crianças precisam se conscientizar dos sons das palavras, ou seja, compreender que as palavras são compostas de sons (fonemas). Por esse motivo, a consciência fonológica é fundamental na alfabetização. Consciência fonológica é a habilidade que temos em manipular os sons da nossa língua. É a capacidade de percebermos que uma palavra pode começar ou terminar com o mesmo som.
Algumas brincadeiras são simples e podem ser feitas em casa ajudando no desenvolvimento da consciência fonológica e na alfabetização. Indico que os pais brinquem com jogos da memória que possuam rimas, assim as crianças podem distinguir e identificar sons similares. Por exemplo: Utilize cartões com figuras de animais ou frutas e os deixe virado para baixo, como um jogo da memória normal. Mas aqui, o par deverá ser formado por palavras que rimam e não por serem iguais. Ex: o par de “leão” deverá ser “cão”, o par de “foca” deverá ser “porca”.
Os responsáveis podem aproveitar o tempo que tem com os filhos para brincar de história Sonora. Essa brincadeira envolve a aliteração, onde o foco está em identificar diferentes palavras que começam com o mesmo som. Inventem juntos uma história com muitos sons iguais, treinando a repetição e estimulando a percepção dos sons. Exemplo: “Havia um CAvalo dentro do CAstelo enquanto a CAmareira arrumava a CAma!” . Troque os sons e deixe a criatividade fluir.
A Consciência de Sílabas pode ser desenvolvida em brincadeiras como “Que bicho é esse?”. Por exemplo, apresente imagens de animais para a criança e peça para que ela repita o nome do animal em voz alta, após você. Agora repita o nome do animal realizando a divisão silábica e peça para a criança fazer o mesmo. “Esse bicho é o CA-VA-LO”, “Esse bicho é o E-LE-FAN-TE”.
Já a Consciência de Palavras pode ser desenvolvida com a brincadeira “Quantas palavras eu falei?”. Comece com frases curtas e depois vá aumentando o número de palavras na frase de acordo com o desempenho da criança. Diga: “João está feliz” e pergunte “quantas palavras eu falei?”. A criança deverá responder “três”. Capriche na entonação para que a criança consiga distinguir.
Os pais também podem ajudar no desenvolvimento da consciência fonêmica, brincando de Manipulação Fonêmica. Apresente uma palavra para a criança e manipule os sons individualmente. Comece pelas vogais e apresentando palavras curtas, depois vá aumentando conforme o progresso da criança. Peça para que a criança repitir o som de cada letra individualmente da palavra “FOCA”. Agora, peça para que ela diga outras palavras que comecem com essas letras! “Formiga, Ornitorrinco, Cachorro e Abelha.”
Essas brincadeiras podem parecer simples, mas trazem inúmeros benefícios e facilidades para que a criança desenvolva a leitura e escrita. Além disso podem ser feitas em qualquer lugar ou tempo livre em que as crianças estejam entediadas. Assim elas aprendem brincando e se desenvolvendo.
A matemática pode não ser tão atrativa e, muitas vezes, considerada uma matéria chata para algumas pessoas, mais ainda para as crianças. Porém, há várias maneiras de inseri-la no dia a dia e desmistificar esse conceito, transformando a atividade em oportunidade de aprendizados leves e divertidos. Além disso, o processo também vai ajudar os pequenos a entenderem melhor todo o conteúdo que é ensinado na escola.
Algumas dicas sobre como inserir o tema envolvem brincadeiras que podem ser feitas em casa. Uma delas é a do empilhamento de copos. Junte copos plásticos e enumere todos. Depois, peça para a criança empilhar os copos em ordem e contar em voz alta, formando uma torre. Durante o empilhamento, vá contando até a torre cair. O objetivo é usar todos os copos sem derrubá-la e, depois, contar quantos copos foram usados para, por fim, derrubá-la.
Outra sugestão é o Bingo. Primeiro, você deve pegar uma cartela de bingo e numerar cada quadrado aleatoriamente entre 1 e 20. Em pequenos pedaços de papel, escreva os números que serão sorteados e coloque-os em uma caixa. Sorteie os números com a criança e faça ela marcar na cartela o número certo. Quem completar primeiro, vence.
Colagem e desenho é outra opção. Com a ajuda de um papel (preferencialmente colorido, pois estimula o interesse), lápis, tintas, cola e tesoura, peça para a criança desenhar diferentes formas, recortar e fazer colagens. Estimule-a a criar obras de arte abstratas.
Já o Quebra-Cabeça auxilia no desenvolvimento do raciocínio e no reconhecimento de formas, tamanhos e sequência das peças. Os Jogos de Montar auxiliam a desenvolver as habilidades matemáticas e de geometria, envolvendo organização.
Além dos jogos, insira a matemática nas suas obrigações e nas atividades que as crianças podem auxiliar os adultos, como em tarefas básicas de casa. Durante o preparo do almoço, por exemplo, peça para a criança separar os ingredientes e pesar cada um deles com o auxílio de uma balança. A percepção de pesos e medidas ajuda a construir conceitos matemáticos.
Outro exemplo é levar a criança como companhia ao mercado. Durante as compras, peça ajuda para contar a quantidade de frutas necessárias para formar um quilo ou também para ir anotando o valor de cada item para somar o total no final. Com essas dicas, as crianças vão achar a matemática bem mais divertida.
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Habilidades sociais na infância: relato de experiência clínica
É de extrema importância as habilidades sociais na vida das crianças, uma vez que elas vão precisar do treino para assertividade, sabe estabelecer bons relacionamentos e ter bom desenvolvimento dentro da sociedade, com os bons costumes que são esperados deles no relacionamento com os pais, familiares, professores e colegas, com quem convivem diariamente.
Foram feitos 9 encontros com o grupo. Estes encontros eram semanais, aos sábados pela manhã, com duração de uma hora e meia cada encontro. O grupo era composto por duas crianças entre nove e onze anos de idade e duas estagiárias de psicologia. Durante todo o grupo pudemos acompanhar o desenvolvimento de dois pacientes, ambos sempre participativos, mesmo diante das dificuldades encontradas para realizar as atividades, porém sempre se mostraram dispostos e interessados no processo. Enquanto acadêmicas foi muito importante essa experiência, visto que para a carreira profissional lidar com demandas que visam este crescimento pessoal e social dos indivíduos, também exige de nós novas habilidades de enfrentamento, criatividade dentro dos processos e interesse em aprender junto com eles.
O formato em que a disciplina foi ministrada foi muito eficiente visto que se teve oportunidade de aprender dentro do seu processo, que você estava conduzindo com seus clientes, bem como aprender na troca de ideias com os demais grupos no momento da supervisão com a professora. Foi possível discutir questões que poderiam aparecer durante os encontros, que ainda não haviam aparecido, bem como se preparar para situações que pudessem ocorrer.
No 1º encontro fizemos uma coleta de dados e queixas, bem como a apresentação da proposta grupal para os pais. Foi proposto pela supervisora de estágio, Prof.ª Ana Beatriz, que marcássemos um horário com os responsáveis, apresentando a proposta grupal, coletando os dados e verificando se a queixa inicial permanece a mesma ou se fora alterada. Também se faz necessária a assinatura do termo de ciência referente as faltas que é de prática do serviço escola.
No 2º encontro trabalhamos o tema autocontrole e expressividade emocional. A proposta do encontro é trabalhar as emoções, sabendo reconhecer as suas e identificar a dos outros, bem como aprender a expressar as suas emoções, falar sobre elas. O objetivo era que eles soubessem identificar seus sentimentos, saber lidar com eles, controlar seu próprio humor e tolerar frustrações. Trabalhar com eles a caixinha dos sentimentos com a história da mitologia grega da “caixa de pandora”, também pedimos para eles colorirem o sentimento com a dinâmica “os sentimentos têm cores” e depois tentar identificar os sentimentos das respectivas figuras na dinâmica “eu tenho sentimentos”. Ambas as dinâmicas foram propostas por Prette (2013).
No 3º encontro falamos sobre habilidades de civilidade, entendida como expressão comportamental aceitas ou valorizadas em uma determinada subcultura, com objetivo de trabalhar as boas maneiras, compreender a necessidade de conviver com as pessoas, demonstrar criatividade, seguir regras, falar de si e ouvir o próximo. Já no 4º encontro foi tratado sobre a empatia como ferramenta contra o comportamento violento, vem de encontro com o tema da primeira sessão, porém a proposta é que agora criem-se repertórios de se colocar no lugar do outro, compreendendo e sentindo o que o outro sente. É esperado que ao final da sessão as crianças tenham trabalhado habilidades que permitam: observar, prestar atenção e ouvir o outro, demonstrar interesse e preocupação pelo outro, reconhecer sentimentos, compreender situações, demonstrar respeito às diferenças, expressar compreensão pelo sentimento e experiência do outro, oferecer ajuda e compartilhar.
No 5º encontro a temática foi assertividade, pois trabalha a noção de igualdade de direitos e deveres, com objetivo de refletir a importância da sinceridade, elogiar, incentivar, compreender o significado das palavras (sim e não). No 6º encontro discutimos sobre soluções de problemas interpessoais com intuito de trabalhar habilidades sociais como de autocontrole, expressividade emocional, empatia, assertividade, relatando a importância de acalmar se diante de uma situação problema, pensar antes de tomar decisões, avaliar possíveis alternativas de soluções de problemas.
No 7º encontro os intrudimos sobre fazer amizades ao trabalhar habilidades específicas para realização de como se fazer amizades, relatar a importância da convivência com os outros, as funções das amizades, a importância de refletir sobre o sentimento gostar. No 8º e penúltimo encontro trabalhamos habilidades sociais acadêmicas. Este encontro tem como proposta trabalhar as principais classes de habilidades acadêmicas como seguir regras, prestar atenção, imitar comportamento socialmente competentes, autocontrole, orientação para a tarefa, elaborar e responder perguntas, oferecer e solicitar ajuda, busca por aprovação de desempenho, reconhecer e elogiar desempenho dos outros, cooperação, atendimento de pedidos e participação das discussões em classe.
No 9º e último encontro demos as devolutivas. Este foi o dia em que se finaliza os encontros, o encerramento será realizado com a reunião de todos os participantes, os estagiários relataram a devolutiva com os pais, realizam encaminhamentos de atendimentos se caso necessário, ou realizam o desligamento do mesmo. Com delicioso café da manhã, as crianças recebem medalhas, que serão representadas pelo seu ótimo desenvolvimento no grupo, superando suas dificuldades e aprendendo suas novas habilidades sociais.
Desenvolver as habilidades sociais na infância é poder construir relações mais efetivas, fazendo uma melhor interação com os demais. De acordo com Prette (2013) vivemos numa sociedade que se modifica rapidamente e assim devemos responder com novas práticas de habilidades e novos aprendizados, para poder lidar melhor com essa realidade, sendo mais positivo desenvolver na infância.
De acordo com Freitas (2006, p.251) “além de que outros estudos indicam que o desenvolvimento de habilidades sociais na infância pode se constituir em um fator de proteção contra a ocorrência de dificuldades de aprendizagem e comportamentos antissociais”. Contudo o fator de proteção para suas dificuldades tanto de comportamentos como aprendizado, desenvolve qualidade de vida para o sujeito desde infância.
Prette (2013) também relata em seu texto que não temos dados suficientes sobre o número de casos com as crianças brasileiras, porém elas estão relativamente presentes nos relatos das queixas dos pais em serviços públicos de atendimento. Portanto é justo ressaltar a preocupação de vários profissionais perante essa incidência, tanto psicólogos, educadores, psiquiatras, e outros profissionais.
A utilização do grupo tem como estratégia a metodologia de pesquisa sempre fazendo parte de uma investigação ativa, podendo ter diversos objetivos, como o estudo do processo grupal, das transformações ocorridas nos vínculos do grupo ou na construção do conhecimento do grupo sobre determinado tema. Há autores como Moliterno et al. (2012) que consideram que a atuação do psicólogo em grupos terapêuticos é de fundamental importância, visto que essa possibilita a elaboração psicossocial de seus participantes, fortalece sua autoestima, cria vínculos afetivos, diminui a resistência das relações interpessoais, possibilitando ainda a expressividade dos mesmos.
Fonte: encurtador.com.br/ktBIJ
De acordo com o convívio do grupo e as interações dos membros, acreditamos fielmente que o vínculo estabelecido será de um valor essencial para todos integrantes. Pichon nos deixa claro que o vínculo na relação dialética alimentam mutuamente tanto o sujeito como o objeto conhecendo que a medida que se ensina se aprende, não nos deixando dúvidas do ganho imensurável para ambas as partes envolvidas nesse processo grupal.
Para as configurações do setting se destacam o grupo homogêneo, que segundo Zimmerman & Osório (1997) grupos homogêneos são grupos que têm a mesma categoria, seja ela de idade, sexo, grau cultural, categoria de patologia, entre outros aspectos. Grupo fechado, pois o grupo fechado, após composto não entra mais ninguém. (ZIMMERMAN & OSÓRIO, 1997).
Acreditamos que o crescimento grupal é progressivo e acumulativo, ter pessoas entrando e saindo do processo dificulta que ele tenha um prosseguimento e que siga o planejamento, tendo em vista que todos tenham as mesmas experiências no processo e andem nivelados no decorrer das atividades, também devido à importância de estabelecimento do vínculo que Pichón Riviere define como “uma estrutura complexa que inclui um sujeito, um objeto, e sua mútua inter relação com processos de comunicação e aprendizagem” (BAREMBLITT, 1986)
O término do grupo é fechado, o grupo começa e termina junto. “Ao resolver as ansiedade básicas, ao alcançar a aprendizagem de comunicação e decisão etc, diz-se que atingiu a “cura” ou seja, tarefa concluída.” (BAREMBLITT, 1986).
A ênfase que os pais atribuem a esse processo tem papel fundamental, o pai que antes era o herói nesse momento passa a ser visualizado de forma diferente, deixando de ser idealizado como uma figura sanadora de angústias e problemas. De acordo com (BEE, 1997) os pais são responsáveis pela imagem que o filho constitui sobre si próprios, os padrões que os pais possuem de autoimagem são fortes influenciadores, assim como também as cobranças das atividades realizadas pelo indivíduo, se recebem ênfase ou não ao responderem com bons resultados.
Todos esses aspectos formam a percepção de autoimagem. O sentimento de estima, de admiração dos genitores constitui o processo de autoimagem positiva, construindo assim o processo de autoestima. O não ser visto, ser reprovado, desvalorizado impede que esse processo seja fomentado no ambiente familiar.
Ainda de acordo com (BEE, 1997) processos que envolvem a autonomia como as atividades desempenhadas nos ambientes sociais também são formadores de autoestima. O sucesso ou fracasso promove o processo de autopercepção podendo ela ser distorcida pelo meio social como exemplo o bullying que acontece frequentemente nas escolas. Para (Bee, 1997) o juízo de valor empregado por outras pessoas é um forte determinante no que se refere à estima, o que o outro pensa faz uma significativa diferença para eles. Partindo de tais configurações serão elaboradas propostas para ser trabalho temáticas referentes à autopercepção.
BAREMBLITT, Gregorio. GRUPOS TEORIA E TÉCNICA. 5. ed. Rio de Janeiro: Graal Editora, 1986. 224 p.
Bee. Helen O ciclo vital / Helen Bee, brad. Regina Cortez. – Porto Alegre: Artmed. 1997.
Del Prette Z. A. P. & Del Prette, A. (2005). Psicologia das habilidades sociais na infância: Teoria e prática. Petrópolis: Vozes 6 ed.- Petrópolis, Rj: Vozes, 2013.
Freitas, Lucas Cordeiro. Resenha: Psicologia das Habilidades Sociais na Infância: Teoria e Prática. Psicologia: Teoria e Pesquisa Mai-Ago 2006, Vol. 22 n. 2, pp. 251-252
ZIMERMAN, David E.; OSORIO, Luiz Carlos. Como Trabalhamos com Grupos. Porto Alegre: Artmed, 1997. 424 p.
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Detainment: a história real de duas crianças acusadas de um crime brutal
O curta-metragem indicado ao Oscar, “Detainment”, apresenta a história real de um dos mais perturbadores assassinatos do século XX. O curta de 30 minutos revive o assassinato de uma criança de 2 anos de idade, em 1993, tendo como base as transcrições das entrevistas que ocorreram entre a polícia e os meninos Robert Thompson e Jon Venables, ambos com 10 anos, logo após às suas prisões. Os meninos, ao final, foram condenados pela justiça inglesa pelo sequestro, tortura e assassinato de James Bulger. Os dois garotos atraíram a criança em um shopping center próximo a Liverpool, depois o torturaram, violaram e mataram.
O filme do diretor Vicent Lambe provocou a indignação de várias pessoas na Grã-Bretanha, inclusive foi feita uma petição, iniciada por Denise Fergus, a mãe do bebê assassinado, que contou com mais de cem mil assinaturas solicitando que o curta fosse retirado da lista do Oscar, o que não aconteceu. O diretor do filme disse à BBC , antes da indicação ao Oscar, que “o motivo pelo qual o filme foi feito foi uma tentativa de buscar uma compreensão sobre como esses dois garotos de 10 anos puderam cometer um crime tão horrível, pois acho que, se não entendermos a causa disso, é provável que algo similar aconteça novamente no futuro” [1].
Para o diretor, ao adaptar quase 15 horas de entrevistas em um drama de 30 minutos, tem-se um breve vislumbre do que aconteceu durante o procedimento da entrevista. Segundo ele, tudo no filme é inteiramente factual, sem nenhum embelezamento. E acrescentou que “há certos eventos na história que são deixados intocados por um longo tempo e este é um deles. É um assunto extremamente sensível – de medo, desespero e tão horrível que muitas pessoas evitam absorver mais fatos sobre isso” [2].
Fonte: https://goo.gl/WKrYiR
Segundo artigo publicado em [3], casos de crianças (12 anos de idade ou ainda mais novas) que mataram outras crianças são extremamente raros.
David Finkelhor e Richard Ormrod, professores da Universidade de New Hampshire, em um estudo realizado para o Departamento de Justiça Juvenil e Prevenção da Delinquência (OJJDP), descobriram que os assassinatos de crianças cometidas por menores de 11 anos representam menos de 2% de todos assassinatos de crianças nos EUA Os casos também tendem a diferir significativamente, por isso as conclusões podem ser difíceis de serem feitas. Mas há algumas semelhanças que surgiram, esclarecendo um pouco mais sobre o perfil de quem, ainda bem jovem, comete esse tipo de crime. [3]
Algumas conclusões apresentadas nesses estudos mostram que as crianças que cometem o crime de assassinato, geralmente, foram severamente maltratadas ou negligenciadas, além de terem tido uma vida doméstica tumultuada. Para o psicólogo Terry M. Levy [3],
as crianças que têm sérios problemas de apego (que geralmente resultam de cuidados ineficazes) e uma história de abuso podem desenvolver comportamentos muito agressivos, assim como também podem ter dificuldades em controlar as emoções, o que pode levar a explosões impulsivas e violentas dirigidas a si ou aos outros.[3]
Segundo pesquisa realizada pelo cineasta em relação às origens das famílias dos dois meninos, suas personalidades e como funcionava a dinâmica em suas casas, ele relatou em entrevista que [2]: Jon veio de uma família de classe média, respeitável, seus pais estavam separados, mas conduziam juntos a educação do filho. Jon passava parte da semana com a mãe e a outra parte com o pai. Nessas pesquisas, foi apresentado que Jon era hiperativo e fazia brincadeiras um tanto violentas na escola. Ele conheceu Robert quando foi transferido de escola. Ambos haviam repetido de ano e começaram a estudar juntos. Já Robert fazia parte de uma família terrivelmente disfuncional. Seu pai era um homem abusivo, que bateu em sua mãe durante o tempo que ficou em casa e deixou a família quando Robert tinha 5 anos. Sua mãe tentou se suicidar com overdose de comprimidos, mas acabou recorrendo à bebida como meio de fuga. Em síntese, a família Thompson era um caos completo, seis filhos, uma mãe alcoólatra e um pai ausente. Enquanto Robert era agredido e espancado por seus irmãos mais velhos, seu comportamento refletia também na forma que tratava seus irmãos mais novos e vulneráveis, ou seja, espancando-os como era espancado.
Fonte: https://goo.gl/DLfT41
Enquanto Robert tem um tipo de contexto familiar que se assemelha aos perfis traçados de assassinos muito jovens, Jon aparentemente não tinha um ambiente que suscitasse tal falta de controle e violência. Em parte do tempo do interrogatório, conforme toda a documentação disponibilizada para domínio público, e como foi apresentado no filme, Jon se mostrava extremamente emotivo, angustiado. Enquanto foi possível, negou com toda veemência que havia cometido o crime, e fazia isso entre lágrimas, abraçando a mãe e até o investigador. Mas na medida em que sua culpa se tornava mais evidente, ele tentava mostrar que a ação de Robert tinha sido maior na consecução do crime. Robert, por sua vez, agia de forma mais fria, dura, tentava não demonstrar emoções, argumentava com mais facilidade e, também, insistiu em sua inocência. Quando as provas tornaram-se mais contundentes para a resolução do assassinato, um menino tentou responsabilizar o outro em relação às partes mais violentas do crime.
Fonte: https://goo.gl/BzcU8Y
É aterrador tentar entender como duas crianças espancaram de forma tão brutal e sem piedade um bebê e o deixou jogado em um trilho de trem para morrer. O corpo de James foi encontrado dois dias depois. “Um legista disse mais tarde que seus ferimentos eram tão intensos, que não tinha como dizer qual ‘golpe’ o matou, pois havia cerca de 42 ferimentos em seu corpo, além de ter sido atropelado por um trem” [4].
Esse caso provocou atenção internacional e desencadeou intensos debates sobre quais motivos eram capazes de gerar tamanha violência. Para alguns, não haviam motivos, os meninos tinham simplesmente nascido maus, só precisaram de um gatilho para despertar tais instintos maléficos. No entanto, não vimos de forma frequente crianças com impulso de matar ou mutilar, isso é raro, conforme pesquisas apresentadas em [3]. Então, quando ocorre a exceção, de quem é a culpa? Somente da criança? Ou da família, do contexto? Essa é a pergunta mais perturbadora, pois isso retira os impulsos ocultos do foco e traz à tona comportamentos violentos, abusivos, ausentes ou inadequados capazes de modificar ou extinguir a noção de empatia.
Para Katie Woodland, psicóloga do desenvolvimento com ênfase em criminologia, “nós nunca olhamos para trás e perguntamos ‘por que isso aconteceu?’ Há uma percepção criada há 25 anos de que esses garotos eram apenas maus. Nós, como sociedade, temos dificuldade em examinar esse caso horrível porque temos medo” [5]. E ainda acrescentou que:
“Sim, existe uma interação genética, sim, há muitos fatores, mas durante a infância, a responsabilidade da sociedade é garantir que as crianças cresçam bem. É mais seguro pensar em mim como mãe: não há como meus filhos crescerem dessa maneira, eles não são maus. Mas quando você recua e trabalha todas as pequenas coisas que aconteceram para levar a algo, como ofensas violentas ou falta de cuidados, você começa a se questionar.”[5]
Fonte: https://goo.gl/HKfLAA
Em 2016, a APA (American Psychological Association) publicou um estudo abrangente sobre a violência juvenil (disponível em [5]). Atos de violência são frequentemente influenciados por múltiplos fatores, assim análises em relação ao comportamento violento possuem grande complexidade. Uma síntese desse estudo foi realizada em [4] e é apresentada a seguir:
Pesquisadores descobriram que a influência da família desempenha um papel descomunal em crianças que cometem atos potencialmente violentos. Os pais que são autoritários, rejeitam seus filhos, cometem atos de violência doméstica, negligenciam seus filhos ou não monitoram seu comportamento, muitas vezes têm filhos que mostram sinais anteriores de comportamento violento. Crianças sem vidas familiares estáveis podem ser violentas e têm maior probabilidade de ter abuso de substâncias e problemas de saúde mental. Além disso, a violência na mídia popular, o abuso de drogas, a rejeição social e a doença mental diagnosticada também podem desempenhar um papel na determinação do motivo pelo qual um ato violento foi cometido.
Quando o crime ocorreu, segundo Vicent Lambe, a mídia em geral, buscando refletir a indignação das pessoas, rotulou os meninos como “monstros “, “cria de Satanás” e “aberrações da natureza”. Para ele, o curta metragem mostra Jon e Robert, pela primeira vez, “não como os monstros malignos da imaginação popular, mas simplesmente como eles eram – dois garotos de dez anos que cometeram um crime horrendo e não sabem explicar o porquê”. E acrescentou que “o filme não teve a intenção de ser simpático aos meninos ou de dar desculpas de qualquer forma, mas ao dramatizar autenticamente as transcrições das entrevistas, talvez nos força a reconhecer o pior do potencial humano e ainda ver a humanidade” [2]. Para a psicóloga Katie Woodland, ao mostrar Jon e Robert como seres humanos e, portanto, complexos, o filme “abre um diálogo necessário para entender esse tipo de ofensa violenta e abominável”, e acrescenta “e isso nunca teve como propósito diminuir o dano em relação ao que eles causaram e como tais atos terríveis afetaram a família do bebê James, mas sim sobre o fato de que se não entendermos o porquê, não podemos melhorar” [5].
Robert Thompson e Jon Venables – imagens reais
Robert Thompson e Jon Venables foram os mais jovens assassinos condenados na Inglaterra, mas devido à sua idade, eles foram libertados da prisão quando completaram dezoito anos, em 2001. A partir desse ano, ficaram em liberdade condicional vitalícia e adotaram novas identidades. Jon quebrou sua liberdade condicional duas vezes (em 2010 e em 2017), em ambos os momentos porque a polícia encontrou fotos de pornografia infantil em seu computador [6]. Os últimos acontecimentos parecem indicar que Jon Venables terá problemas em relação ao seu comportamento inadequado e criminoso pelo resto de sua vida, e continuará preso pelos próximos 3 anos. Já Robert Thompson, que no interrogatório se mostrou mais frio e maduro para sua idade, vive no anonimato e nunca violou a condicional.
Duas crianças tomam uma decisão aos 10 anos de idade e modificam por completo suas vidas, a vida de suas famílias e, em especial, da família da vítima, pois todos os sonhos que os pais haviam tido em relação ao seu bebê foram brutalmente interrompidos. Para [4], a questão não é “se devem ou não ser perdoados, mas o que levou esses dois garotos a se transformarem em monstros”.
Crimes como esse tendem a desencadear pensamentos binários sobre a natureza do ser humano. É mais fácil acreditar que alguns já nasceram maus, pois isso nos liberta da reflexão sobre os corriqueiros atos que nos torna mais e mais insensíveis a dor do outro. Se o mal vem de uma conjunção genética, então não há o que discutir, o que refletir, o que mudar, apenas há o isolamento e o castigo para quem nasce assim, sem remorsos ou culpa. Humanizar alguém não é torná-lo bom, é entender, sobretudo, que o ser humano não está situado entre dois polos (bom ou mau), mas está em trânsito entre uma série de complexos fatores.
FICHA TÉCNICA DO FILME
DETAINMMENT
Título Original: Detainment
Direção: Vicent Lambe Elenco: Ely Solan, Leon Hughes Ano: 2018 Reino Unido Drama, História
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