A depressão infantil ou mesmo episódios de crises depressivas na infância deve sempre chamar a atenção de pais, cuidadores, escolas e profissionais de saúde. O diagnóstico tardio pode fazer com que a criança mantenha os sintomas da depressão infantil para a fase da adolescência e quando adulta eternizando os prejuízos sociais e afetivos. É importante que os pais observem alguns sinais que podem revelar traços da doença para que o sofrimento do filho seja interrompido ou suavizado. Neste sentido, deve-se compreender, apoiar e buscar auxílio de especialistas para ajudar a criança com depressão.
Alguns sintomas são: dificuldades acadêmicas emergentes ou de longa data; problemas de relacionamento com os colegas de classe; falta de concentração e desinteresse em aprender; tristeza excessiva, constante e que leva a isolamento; irritabilidade sem motivo aparente; tédio, pouca energia para as atividades e relacionamentos; baixa autoestima; descrença em si mesmo; dores de cabeça ou de barriga ou nos membros inferiores; entre outros.
Fonte: encurtador.com.br/MQRU7
Além da possibilidade de se utilizar medicações específicas, há diversos tipos de tratamentos psicológicos como, por exemplo, a Terapia cognitivo-comportamental (TCC). Trata-se de uma intervenção que atua sobre os pensamentos negativos causados pela depressão trabalhando na criança formas racionais e de autocontrole na busca de ações que a ajudem a lidar com eles e os redirecionando para situações e estados emocionais positivos.
Há também a psicoterapia de orientação psicodinâmica. Essa intervenção é responsável por envolver a reativação do processo de desenvolvimento normal. Isso significa que as experiências na relação terapêutica contribuem bastante para revisões construtivas de si mesmo, expressando-se em mudanças nas representações de negativas de si e das outras pessoas, por meio do aprimoramento de habilidades reflexivas da criança. Este modelo de terapia proporciona aos pequenos a possibilidade de explorar melhor a liberdade interna, além de otimizar suas capacidades adaptativas.
Fonte: encurtador.com.br/quzQX
Ainda há a psicoterapia interpessoal. Esse modelo terapêutico procura fazer conexões entre o início dos sintomas da depressão infantil e os problemas interpessoais enfrentados atualmente pela criança. Tal intervenção lida mais com os relacionamentos dos pequenos com as pessoas. Isso enfatiza mais o contexto social imediato do paciente. O profissional busca intervir na formação dos sintomas e na disfunção social atribuída à depressão do que propriamente em aspectos da personalidade do paciente.
Como todas as condições neuropsiquiátricas, a depressão infantil também pode envolver comorbidades. Estudos sugerem que essa condição pode vir acompanhada de outros transtornos comportamentais, neurológicos e distúrbios de desenvolvimento associados. Ela pode ser diagnosticada em crianças que convivem com Transtorno de Ansiedade (TA), Transtorno de Conduta (TC), Transtorno Opositor Desafiador (TOD) e Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), Dislexia e Migrânea.
De acordo com pesquisas, o aparecimento de depressão infantil pode estar ligado a fatores tanto genéticos quanto ambientais tais como: história familiar de depressão e transtorno bipolar, uso precoce de álcool e história de alcoolismo na família, abuso físico e sexual; presença do TDAH (especialmente o do tipo desatento), perdas pessoais (de pais, irmãos e amigos); condutas inadequadas por parte dos responsáveis, bullying, entre outros.
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Depressão infantil e violência autoprovocada são foco de proposta que tramita na Câmara
16 de abril de 2018 câmara municipal de Palmas
Notícias
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Aprovado em primeiro turno de votação, projeto de Lei de autoria da vereadora Laudecy Coimbra visa criar uma campanha permanente de conscientização.
A fim de alertar a sociedade sobre a depressão infantil e violência autoprovocada, tramita na Câmara de Palmas o Projeto de Lei (PL) que institui uma campanha permanente de conscientização do problema no município de Palmas. A iniciativa é da vereadoraLaudecyCoimbra (SD).
O projeto prevê que o Poder Executivo designe uma equipe de profissionais da saúde, assistência social e educação da Prefeitura para que executem a campanha. Seriam utilizadas verbas próprias do orçamento municipal para a execução da Lei, suplementadas se necessário.
Os registros de depressão em crianças e adolescentes não são raros e aumentam a cada dia. No Brasil, há vários casos de crianças e adolescentes que chegam a tirar a própria vida devido à depressão, o que chama a atenção dos municípios para essa realidade.
Para Laudecy, é importante a conscientização sobre a saúde mental das crianças e adolescentes. “Como agentes públicos temos o dever de ampliar a divulgação do problema e, ao mesmo tempo, agir para a sua erradicação. Há ainda muito preconceito sobre a depressão, que é sim uma doença e precisa ser tratada”, destacou.
O PL foi aprovado no primeiro turno de discussão e votação, e segue na pauta para apreciação em segundo turno. Após a aprovação no Legislativo, o projeto segue para apreciação do Poder Executivo Municipal.
Melhor Filme, Melhor Diretor (Barry Jenkins), Melhor Ator Coadjuvante (Mahershala Ali), Melhor Atriz Coadjuvante (Naomie Harris), Melhor Roteiro Adaptado (Barry Jenkins), Melhor Fotografia (James Laxton), Melhor Edição ( Joi McMillon e Nat Sanders), Melhor Trilha Sonora (Nicholas Britell).
Um garotinho calado e acuado, Chiron é o protagonista que ocupa a tela do início ao fim fazendo o silêncio falar mais que a voz. O olhar tímido denuncia sua fragilidade nos três atos do filme: 1. Little, 2. Chiron e 3. Black, onde são mostradas as fases infantil, jovem e adulta do personagem, numa evolução que o leva de um menino franzino, que sofre bullying por sua personalidade quieta e introspectiva, à um homem forte fisicamente e temido. Mesmo com a transformação de sua imagem e de seu comportamento frente ao mundo, internamente, Chiron é o mesmo do início ao fim.
Little – “Ele sabe se virar”
O pai desconhecido (ausente) e a mãe usuária de crack, que se prostitui para manter o vício, ajudam a entender o pano de fundo que atua na constituição do personagem, que em sua timidez revela uma profunda falha narcísica. A solidão de Chiron fica clara desde a primeira cena, quando é perseguido por um grupo de garotos. Nessa ocasião, ele dorme fora de casa e só retorna no dia seguinte. A reação da mãe é de uma preocupação superficial, ela demonstra um certo carinho pelo filho, repreende-o por não cumprir o horário, mas ao mesmo tempo diz que, “geralmente, ele sabe se virar”.
No decorrer da história percebe-se como essa condição de “se virar” foi estabelecida na vida do pequeno. Do início ao fim, fica clara a quase invisibilidade da criança dentro de casa. A mãe se preocupa mais consigo mesma e com a manutenção de seu vício que com o filho, sua personalidade narcisista afeta Little. O senso comum nos acostumou a pensar no narcisista como alguém com autoestima elevada, até mesmo exibicionista, mas, não é assim. O próprio vício[I] denota traços narcisista à medida em que o usuário busca nesse objeto externo a sensação de onipotência (pode tudo), onipresença (é notado por todos), onisciência (sabe de tudo e por isso pode). O vício em si não está tão relacionado à substância quanto à condição psíquica do indivíduo, e nesse ponto até mesmo abordagens psicológicas divergentes encontram um ponto em comum.
Paula: uma mãe narcisista
Mães narcisistas podem assumir duas posições extremas, ser super protetoras porque veem os filhos como uma extensão de si mesma, alguém cuja existência é em função da realização de seus desejos; ou podem ser totalmente negligentes e, na dificuldade em assumir sua responsabilidade materna, exigem que os filhos desde cedo resolvam seus próprios conflitos, sejam independentes e saibam se virar sem elas. Tal situação fica evidente na família de Chiron, uma criança em uma relação invertida, que não encontra na mãe a segurança necessária para estabelecer um apego seguro[II]. Em consequência da ausência/rejeição dos pais, esse tipo de criança desenvolve a auto sabotagem, uma fácil desistência e a evitação de relações com crianças da mesma idade.
Na escola, Chiron tem apenas um amigo, mas não é ele quem procura o relacionamento e sim a outra criança, Kev. O que se percebe em relação a Chiron é uma indiferença aos seus iguais, a quem ele evita constantemente, afinal só servem para persegui-lo. O desinteresse de Chiron pela a vida denota a forte prevalência da pulsão de morte. Quando seus colegas competem sobre o tamanho do pênis no banheiro, ele só participa por ter chegado ocasionalmente, mas não demonstra qualquer entusiasmo com a situação, como é comum aos garotos de sua idade. O silêncio de Chiron grita, sua cabeça baixa e seu olhar evitante, a ausência de sua voz e sua inexpressividade entre o momento mais entusiasmante e o mais amedrontador denuncia sua dificuldade em lidar com as emoções. Nesse momento percebemos o reflexo do narcisismo da mãe no filho.
O narcisismo, como no próprio mito, diz respeito ao reconhecer-se, enxergar-se no espelho e perceber-se como um todo, e o primeiro reflexo de si mesmo não vem de outro lugar senão do olhar da mãe. Mendonça[III] descreve bem esse primeiro momento quando diz que é “pelo olhar do outro, especialmente este outro materno que encarna todas as nossas possibilidades de satisfação, prazer e segurança, que aprendemos a saber quem somos. Se o olhar deste Outro brilha por nós e se em algum momento pudermos nos sentir capazes de preencher este Outro de alegria, estaremos constituindo nosso amor próprio, aprendendo a ler no espelho do olhar do Outro, que nossa existência vale a pena e tem um sentido, nem que este sentido seja, num primeiro momento, preencher os anseios deste outro que significa tudo para nós, condição mesma de nossa existência.”
Moonlight: Paula
Se esse olhar foi indiferente, evitante, rejeitante, essa criança terá problemas em expressar outras emoções que não tenham sido apreendidas nas expressões da própria mãe. Alguém que não tenha sido suficientemente estimado também não encontrará condições para orgulhar-se de si mesmo e, consequentemente, não terá o ânimo requerido para enfrentar os desafios da vida. E por isso Little corre, foge, esconde-se, esquiva-se, de tudo e de todos.
Uma terceira pessoa, fundamental neste processo e ausente na vida desse pequeno, é aquela que exerceria a função paterna, cuja responsabilidade é a de ajudar a criança, ainda na tenra infância, a separar-se da mãe e estabelecer outros laços sociais. O pequeno, “Little”, é portante alguém que não recebeu afeto suficiente da mãe e também não conseguiu diferenciar seus desejos dela, ficando fixado em uma posição onde aguarda pelo desejo do outro, pelo amor do outro, pela iniciativa do outro para que possa sentir-se alguém. É por isso que, mesmo tendo em Kev um amigo, ele não o busca, apenas é buscado por ele vez ou outra.
Little e Kev
Little não se viu capaz de satisfazer a mãe e por isso não se acha capaz de ser desejado por mais ninguém, não acredita ser capaz de completar outra pessoa, nem mesmo identifica sua própria necessidade de um outro que lhe complemente. Afinal, desde o início, ele foi alguém obrigado a “se virar” sozinho, que não encontrou em seu primeiro amor uma resposta afetiva que lhe mostrasse que ele a complementasse, que ela precisasse dele e ele dela. Little também não teve uma figura paterna para estabelecer limites entre ele e a mãe e lhe mostrar que existem outros amores e formas de amar possíveis, e que ele mesmo é capaz de conquistá-los.
Little encontra outras pessoas que se importam com ele, mesmo assim, se mantém indiferente. Encontra um pouco mais de afeto, diálogo e escuta de suas aflições. Por ser uma criança tímida ele sofre bullying dos colegas que o chamam de “boiola”, expressão que ele não sabe o que significa. Sua indiferença para com a vida é tamanha que não o permite desenvolver interesse para com a própria sexualidade, mesmo tendo a casa cheia de homens com quem sua mãe se prostitui para manter o vício. Little demonstra o tempo inteiro uma indiferença para com a própria libido, investindo-a em si mesmo em vez de buscar objetos externos.
Juan e Teresa são personagens que se aproximam do garoto e lhe fornecem afeto e uma possibilidade de segurança, mesmo assim, não conseguem curar a ferida aberta pela mãe. Juan, um traficante, e sua namorada são quem fornecem abrigo nas fugas, alimento e dinheiro. É Juan quem o leva para passear, lhe proporciona momentos de lazer e o ensina sobre os desafios da vida. A mãe não se agrada da relação entre eles, sente ciúmes do filho, mas por outro lado não demonstra o amor do qual ele necessita, que se manifestaria com o cuidado e não apenas com palavras ou sentimento de posse.
Little e Juan
Em certo momento ela confronta Juan e pergunta se ele assumiria o cuidado por Chiron, insinuando que o filho tem tendências homossexuais pelo jeito como se comporta. Mas não é ela quem orienta o filho, e sim Juan. Apesar da afirmação materna, o que fica mais evidente em Little é um total desinvestimento da sexualidade e da própria vida. Ele apenas se preocupa sobre o que é ser “boiola”, e apresenta um primeiro questionamento a cerca de si mesmo e do que ele seria, por causa do confronto dos colegas da escola.
É possível que, pelo estilo de vida da mãe, ele tenha vivenciado precocemente situações que podem ter sido traumáticas em relação ao ato sexual. Tal possibilidade aparece na cena da mãe gritando à porta do quarto: “não olhe para mim”, cena esta que se repete ao longo do filme e com a qual Chiron tem pesadelos. A eloquente frase também remete à rejeição da mãe ainda na primeira infância, quando o filho procura em seu olhar o significado de si mesmo.
Voltando ao ato sexual, a visualização, ou mesmo a fantasia de uma criança sobre este pode implicar em diversas consequências na maneira com que uma pessoa irá significar a própria sexualidade, sobre isto vale a pena ler História de uma neurose infantil “O homem dos lobos”, caso tratado por Freud[IV] e que, apesar de ser bem diferente da situação vivenciada por Chiron, pode ser tomado como referência no que diz respeito às consequências advindas de uma possível visualização da mãe no ato sexual e o desenvolvimento de um Édipo invertido. Mas isto é apenas uma sugestão complementar, já que aqui nos propusemos a tratar mais da questão narcisista envolvendo a mãe e o filho, apesar desta não estar desconectada do Complexo de Édipo.
[I] ZIDAN, Paloma Mendes; ROCHA, Raquel Vasques da. Trauma e fragilidade narcísica nas adicções.Analytica, São João del Rei , v. 3, n. 5, p. 72-100, dez. 2014 . Disponível em <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2316-51972014000200005&lng=pt&nrm=iso>. acessos em 18 fev. 2017.
[II] BOWLBY, John. Formação e rompimento dos laços afetivos. São Paulo-SP: Martins Fontes, 2001.
[III] MENDONÇA, Terezinha. Narcisismo de vida ou de morte: Amor próprio ou impróprio? Disponível em: <http://www.iecomplex.com.br/textos/Correio%20do%20Norte.htm>.
[IV] Freud, S. (1918 [1914]/2010). História de uma neurose infantil (“O homem dos lobos”). Obras completas, v. XIV. São Paulo: Companhia das Letras.
FICHA TÉCNICA DO FILME:
MOONLIGHT: SOB A LUZ DO LUAR
Diretor: Barry Jenkins Elenco: Alex Hibbert, Ashton Sanders, Trevante Rhodes, Naomie Harris, Mahershala Ali País: EUA Ano: 2016 Classificação: 14