Marcelo Suarte Passos: engajamento em educação física e xadrez escolar

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Marcelo Suarte Passos nasceu em 1979 em Miracema do Tocantins, formou-se em Educação Física pela UNIRG de Gurupi, em 2003 e em 2004, iniciando sua carreira em sua cidade natal. Especialista em educação física escolar e aperfeiçoamento de diversas áreas, como xadrez, futsal, preparação física, gestão de eventos esportivos e primeiros socorros. Sua experiência profissional inclui atuação em diferentes cidades do Tocantins, como Aparecida do Rio Negro, Lizarda, Guaraí e Palmas.

A paixão de Marcelo pelo xadrez vai além do esporte. Ele vê no jogo uma ferramenta para a formação de caráter, desenvolvimento de planejamento e superação de falhas, além de destacar seu valor econômico crescente no mercado de trabalho, com o aumento do interesse de escolas particulares em incluir o xadrez em suas atividades curriculares e extracurriculares. Sua experiência inclui a atuação como técnico da Seleção Tocantinense de Xadrez Escolar de 2015 a 2023, treinando as divisões sub-14 e sub-18 em competições nacionais como os Jogos Escolares do Brasil (JEBS).

Atualmente é professor de xadrez na Escola Antônio Gonçalves de Carvalho Filho, em Palmas, e também ensina xadrez no Colégio Olímpo Palmas. Foi diretor de eventos da Federação Tocantinense de Xadrez (FTX), teve importante papel na divulgação do xadrez no estado, ajudou a cultivar novos talentos e a desenvolver a cultura esportiva no Tocantins. Sua trajetória exemplifica dedicação ao esporte e à educação, sempre com foco no impacto positivo na vida dos alunos e na comunidade.

Nosso grupo entrevistou o professor Marcelo Suarte Passos. Marcelo Suarte é professor de educação física na Escola Municipal Antônio Gonçalves de Carvalho filho, da aula de xadrez no colégio Olimpo e é diretor de eventos da FTX (Federação Tocantinense de Xadrez).

Quais estratégias você adota ao lidar com alunos que demonstram menor interesse em atividades físicas?

Suarte: Converso explicando a importância e necessidade da atividade física para a vida dele e a necessidade de fazer algo prático dentro do conteúdo para ser avaliado e também ofereço outras possibilidades de prática.

Que tipo de atividades ou metodologias você usa para tornar suas aulas mais dinâmicas e envolventes?

Suarte: Quando o conteúdo do bimestre não é atrativo a turma, eu busco fazer alguns acordos com os alunos e intercalar em alguns momentos, ou na semana, com atividades que eles gostam, e com isso eles participam das atividades do bimestre pois seus anseios também foram atendidos pelo professor.

De que forma você incentiva valores como cooperação, trabalho em equipe e respeito entre os alunos?

Suarte: Primeiro que esses valores são avaliados com nota na avaliação bimestral, outra coisa é a conversa constante sobre a importância desses valores, na realidade da região que trabalho é um desafio, porém estamos buscando contribuir nessa construção.

Quais estratégias você usa para incentivar a prática de xadrez fora do ambiente escolar?

Suarte: No que diz respeito ao estudo do Xadrez em casa por exemplo, eu crio desafios com o estudo, com alguma premiação para quem cumprir o que foi proposto, com relação a participação em torneio fora da Escola, eu início fazendo parceria com outras escolas para realizar eventos para iniciantes, e criando pequenos objetivos dentro do torneio, como fazer 1 ponto, ou 2 pontos, em 5 disputados, e aos poucos ir crescendo, quando tem um aluno que a gente já ver que é um talento forte, a gente já passa a trabalhar um pouco mais a lado de competir em busca de objetos maiores.

Você aborda questões de segurança e prevenção em suas aulas? Se sim, como?

Suarte: Sim, principalmente no que diz respeito aos cuidados com o colega que está na outra equipe, e em alguns momentos até adaptando alguma regra para diminuir diferenças, isso nas aulas de Educação Física, nos treinamentos esportivo escolar, não adapto regra, apenas converso sobre o jogo limpo e cuidado com você e seu oponente.

Que recursos você utiliza para incluir alunos com limitações físicas ou condições de saúde nas atividades?

Suarte: É sem dúvida um desafio durante as aulas de Educação Física. Primeiro é conversar com a turma sobre as limitações do colega e sobre o direito dele de participar e a importância dessa participação para ele tanto fisicamente quanto para seu prazer, sua alegria e a importância para nós participarmos disso. Outra forma é dependendo dessa limitação adaptar em alguns momentos atividades para ele participar e em outras oportunidades é fazer algo específico para ele paralelo com a atividade dos demais, intercalando esses momentos. Nem sempre dá certo, mas o importante é continuar buscando a participação de todos.

Que técnicas você considera eficazes para motivar seus alunos a serem ativos fisicamente, mesmo com as influências do mundo digital?

Suarte: Tento incentiva-los como foi dito mais acima, buscando apresentar esportes diferentes, atividades novas, que possam atender a gostos diferentes, e passar pesquisar onde os alunos possam ver sobre doenças causadas pelo sedentarismo, também pesquisas sobre a importância da atividade física, e “bate papo” sobre o assunto.

Em sua opinião, o xadrez pode contribuir para o desempenho acadêmico dos alunos? Como?

Suarte: O Xadrez é fundamental para o desenvolvimento cognitivo dos alunos, é um excelente exercício mental, deveria ser inclusive obrigatório em todas as Escolas no Brasil, o Xadrez trabalha o raciocínio, a análise de situações, a concentração, memorização, tomada de decisão, o poder de otimização do pensamento, exercita as análises em situação de pressão, a decisão em situação de pressão, trabalha o uso de derrotas e fracassos como forma de aprender com isso e crescer com esses resultados. São inúmeros os benefícios que praticar regular do Xadrez, que o estudo do Xadrez, pode trazer para a criança, adolescentes, jovens e todas as pessoas em geral, com o Xadrez pode ser considerado imprescindível no desenvolvimento não só acadêmico mas de uma forma integral de qualquer pessoa.

A tecnologia ajudas nas aulas? E como você faz para utilizar ela para enriquecer o aprendizado e manter o interesse dos alunos?

Suarte: Utilizo mais nas atividades de Xadrez, usando aplicativos de jogos online e de estudo como ferramenta pedagógica nas minhas aulas, auxiliando elas. Na Educação Física uso mais em pesquisas dos alunos e na apresentação de trabalhos práticos por parte dos alunos.

Você realiza competições de xadrez na escola? Se sim, como isso impacta o interesse e a motivação dos alunos?

Suarte: Sim realizo. Organizo boas premiações, e alguns objetivos para eles alcançar, isso faz com que além do campeão, outros alunos também tem a oportunidade de ganhar alguma coisa, e isso faz com que os alunos se interessa em disputar as competições e em treinar para alcançar os objetivos.

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Como a prática de Mindfulness e Musicoterapia amenizam estresse e ansiedade em pré-vestibulandos?

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A ansiedade e o estresse são termos confundidos por alguns, afirmando que são sinônimos ou até mesmo invertem os seus conceitos, já que estão intrinsecamente interligados, fazendo parte da vida cotidiana dos sujeitos. No entanto, a primeira palavra mencionada é um estado de humor que o indivíduo possui, da qual, na maioria das vezes é enxergada negativamente por conta do sistema nervoso central permitir que o “comportamento biológico” do corpo se altere mediante situações, coisas, pensamentos ameaçadores (BARLOW, 2020, p. 125). Já o estresse (embora esse termo seja idiossincrático na atualidade), é a consequência de uma situação ansiogênica, isto é, a resposta fisiológica e emocional de uma pessoa mediante uma circunstância estressora (MORRIS, 2004, p. 373).

Levando em conta o contexto, vale ressaltar que a utilização de técnicas, como o Mindfulness (WILLIAMS, 2015), que trata-se de um método de atenção plena centrada no presente, perante a ausência de julgamentos ou rotulações de si e dos outros, juntamente com a Musicoterapia, no qual caracteriza-se como um campo do saber que se volta para “o que a música proporciona no setting”, ou seja, os seus efeitos e envolve também as subjetividades dos participantes com a música sendo direcionado entre o musicoterapeuta e o grupo ao longo da intervenção (UBAM, 2018), com o intuito de amenizar o estresse e a ansiedade em adolescentes pré-vestibulandos.

A importância da dinâmica de grupo com fins terapêuticos

O grupo e sua finalidade no processo terapêutico dependem da fluidez do mesmo, no que tange a participação ativa dos integrantes como também as diversas estratégias, recursos, técnicas e atividades que incentivam a comunicação e a ação dos membros do grupo, a fim de elaborar, facilitar e esclarecer o campo dinâmico do processo grupal.

Fonte: Imagem no Freepik

Conforme Osório (2003), o grupo é um conjunto de pessoas que possuem a capacidade de se reconhecer em sua singularidade e que estão exercendo uma ação interativa com objetos compartilhados. Dessa interação, que se desenvolve a partir da organização dos aspectos sociais, culturais e normativos, surgem fenômenos que são denominados fenômenos grupais. Existem grupos espontâneos, como grupo de amigos, e grupos organizados, com objetivos específicos.

A intervenção em grupo deve-se preocupar com a possibilidade de os participantes entrarem em contato com seu mundo interno para aprenderem a lidarem com suas angústias, lançar mão de recursos até então desconhecidos para eles e garantir segurança aos membros deixando claro os objetivos da dinâmica e suas regras. Segundo Minicucci (2002, p. 32), acredita Kurt Lewin que, até certo ponto, o indivíduo tem seus próprios objetivos pessoais. Precisa de suficiente espaço de movimento livre no interior do grupo para atingir tais objetivos e satisfazer às próprias necessidades. Os objetivos do grupo não precisam ser idênticos aos objetivos do indivíduo, mas as divergências entre indivíduo e grupo não podem ultrapassar determinados limites, além dos quais um rompimento entre ambos é inevitável.

Diante disso, o psicanalista Pichon-Rivière define o grupo como “um conjunto de pessoas, ligadas no tempo e no espaço, articuladas por sua mútua representação interna, que se propõe explícita ou implicitamente a uma tarefa, interatuando para isto em uma rede de papéis, com o estabelecimento de vínculos entre si.” (AFONSO, 2006, p. 20).

 Conhecendo o Mindfulness

Fonte: Imagem de Shahariar Lenin por Pixabay

O autor Mark Williams (p.9, 2015) apresenta o prefácio de Jon Kabat-Zinn, em seu livro “Atenção Plena”, que o Mindfulness requer um empenho verídico ou participação verdadeira do indivíduo. O precursor dessa técnica de meditação científica, Jon Kabat-Zinn, enfatizou as concepções desta que Mark Williams e Danny Penman notaram:

“É um estilo de vida, e não apenas uma boa ideia, uma técnica inteligente ou uma moda passageira. É um conceito que data milhares de anos e costuma ser citado como “o coração da meditação budista”, embora sua essência seja universal” (WILLIAMS, p.9, 2015).

Outro ponto sobre este assunto é que a atenção plena faz a pessoa estar com a mente e corpo no agora, no presente. É claro, como fora mencionado, que estar mediante a esta situação só é possível quando o indivíduo estiver disposto para isso e engajar-se.

 A Musicoterapia no controle do estresse e da ansiedade

A musicoterapia é definida como um tipo de intervenção de tem a intenção de prevenir, desenvolver e restabelecer as potencialidades do indivíduo a partir dos encontros musicoterapêuticos. E pode ser tanto direta quanto indireta a intervenção (ANJOS et al., 2017, p.230).

Na interpretação de Tyson (1981) (PUCHIALLO, M.; HOLANDA, A., 2014, p. 130), nos Estados Unidos a Musicoterapia, em meados do século 20, entrou em prática oficialmente durante a Primeira Guerra Mundial e também foi utilizada no período da Segunda Guerra em soldados para fins terapêuticos, focalizando-se na recuperação e reabilitação desses indivíduos tanto física e educacionalmente.

Fonte: Imagem de PublicDomainPictures por Pixabay

E quanto à Musicoterapia, conforme Bruscia (2000; apud GARCIA et al., 2020, p.111), “as experiências utilizadas na musicoterapia são audição, recriação, improvisação e composição, podendo ser aplicadas conjunta ou separadamente”.   E por meio dela, dá para reforçar “os efeitos terapêuticos de um tratamento por meio da “produção dos sentimentos, pensamentos e atos dinamicamente transformados no contato com o outro” […].” (GARCIA et al., 2020, p. 111).

A eficácia da Musicoterapia na Argentina, mencionada por Costa (1989), em seu segundo plano surgiram resultados positivos em pacientes de “casas de depressão pós-poliomielite” (Apud PUCHIALLO e HOLANDA, 2014, p. 131). Aplicou-se a Musicoterapia de guerra a mesma utilizada nos soldados norte-americanos que fora enquadrada nesses indivíduos dessas casas (PUCHIALLO; HOLANDA, 2014).

 Adolescência e vestibular: um evento ansiogênico

Para a realização da intervenção optou-se por público-alvo, os adolescentes pré-vestibulandos. A adolescência se entende como um processo longo e complexo que envolve diversas variáveis, como as mudanças físicas advindas da puberdade, as modificações cognitivas, emocionais e socias, que se refletem em contextos sociais, econômicos e culturais (PAPALIA e FELDMAN, p.386, 2013).

Segundo Lamônica e Carvalho (2019), as diversas transformações vivenciadas pelos adolescentes, aliada a importância que os exames vestibulares tem recebido nas últimas décadas (o que o tornou um evento ansiogênico para a maior parte dos estudantes), podem contribuir para que estes sejam mais propensos à ocorrência de algumas psicopatologias, como o estresse, a ansiedade, (que serão o foco da intervenção em grupo), ademais de outros transtornos como as fobias e os comportamentos obsessivos compulsivos.

Fonte: Imagem de Gillian Callison por Pixabay

Polonia e Senna (2008), afirmam que a associação presente entre os fatores culturais, cognitivos e a escola, tem gerado debates acerca de como estes interagem como unidade e causam impacto sobre a promoção de uma aprendizagem efetiva para os indivíduos.

Evidenciando que a educação desempenha um papel significativo no desenvolvimento dos adolescentes (PAPALIA e FELDMAN, p.412, 2013), sendo influenciada diretamente através das culturas de cada país. Outros fatores que influenciam o desempenho escolar dos adolescentes, é o estilo de parentalidade dos pais, o ambiente em que ocorre a aprendizagem, o nível socioeconômico, a qualidade de ensino, a influência dos pares, a escola e autoconfiança manifestada pelos estudantes.

Referências 

AFONSO, M. L. M. (Org.). Oficinas em Dinâmica de Grupo: um método de intervenção psicossocial. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2006.

ANJOS, A.G. et al. Musicoterapia como estratégia de intervenção psicológica com crianças: uma revisão da literatura. Gerais, Rev. Interinst. Psicol., Belo Horizonte, v. 10, n. 2, p. 228-238, dez. 2017. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/pdf/gerais/v10n2/08.pdf. Acesso em: 14 set. 2022.

BARLOW, D.; DURAND, M. Psicopatologia: uma abordagem integrada. 2. ed. São Paulo: Cengage Learning. 2020.

CASTILLO, A. et al. Transtornos de ansiedade. Revista Brasileira de Psiquiatria. Porto Alegre, n. 22, 2000.

GARCIA, L. G.; et al (Orgs.). Saúde Mental: abordagens e estratégias para a promoção do cuidado. Porto Alegre: Editora Fi, 2020.

LAMÔNICA, L.C.; CARVALHO, A.L.N.; Prevalência de indicadores de ansiedade, estresse e depressão entre adolescentes vestibulandos concluintes do ensino médio. Universidade Federal Fluminense Instituto de Ciências da Sociedade e Desenvolvimento Regional Departamento de Psicologia; Campo dos Goytacazes, RJ, 2019.

MINICUCCI, A. Dinâmica de grupo: manual de técnicas. São Paulo: Atlas, 1982.

MORRIS, C. G.; MAISTO, A. Introdução à psicologia. 6. ed. São Paulo: Prentice Hall, 2004.

OSORIO, L. C. Psicologia Grupal: uma nova disciplina para o advento de uma era. Porto Alegre: Artmed, 2003.

PAPALIA, D.E.; FELDMAN, R.D. Desenvolvimento humano, 12. ed. – Porto Alegre: AMGH, 2013.

POLONIA, A.C.; SENNA, S.R.C.M. A ciência do desenvolvimento humano e suas interfaces com a educação. In DESSEN, M.A.; JUNIOR, A.L.C. et. al. A ciência do desenvolvimento humano: tendências atuais e perspectivas futuras, Porto Alegre: Artmed, 2008.

PUCHIVAILO, M.; HOLANDA, A. A história da musicoterapia na psiquiatria e na saúde mental: dos usos terapêuticos da música à musicoterapia. Revista Brasileira de Musicoterapia. n. 16. p.122-142, 2014.

UNIÃO BRASILEIRA DE ASSOCIAÇÕES DE MUSICOTERAPIA. Definição Brasileira de Musicoterapia. 2018. Disponível em: https://ubammusicoterapia.com.br/definicao-brasileira-de-musicoterapia/. Acesso em: 31 maio 2022.

WILLIAMS, M.; PENMAN, D. Atenção plena. Rio de Janeiro: Sextante, 2015.

Autores:

Annanda Larissa Aires Coimbra

Joana D’Arc Gomes Pimentel

Laura Marcela Chaves Pereira

Naomi Alves Almeida

 

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