Risoterapia leva sorrisos aos pacientes internados no HGP
17 de fevereiro de 2020 Governo do Tocantins
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O grupo atua no HGP há cinco anos levando alegria e sorrisos aos pacientes, acompanhantes e servidores.
Se dedicar ao próximo é um dom incrível de diversos voluntários que realizam ações durante o ano inteiro em prol de pacientes. Com jaleco branco, adereços coloridos, nariz de palhaço e muita música, o grupo Risoterapia encantou pacientes, acompanhantes e servidores do Hospital Geral de Palmas (HGP), neste sábado, 15.
O grupo atua no HGP há cinco anos levando alegria e sorrisos a diversos semblantes, por alguns momentos minimizando a seriedade da rotina hospitalar. “Esta ação nos traz a certeza que recebemos muito mais do que doamos. Mesmo sendo por um curto período de tempo (uma vez por semana), nossas vidas têm mudado de forma incrível, nos humanizando, tocando os nossos corações e nos motivando a ajudar mais vidas a cada dia”, declarou a voluntária Ana Caroline Viana Garcia.
Foto: Nielcem Fernandes/Governo do Tocantins – Com jaleco branco, adereços coloridos, nariz de palhaço, o grupo Risoterapia encantou pacientes.
Ana Caroline ainda acrescenta que “nosso sentimento é de imensa gratidão por ter a oportunidade de realizar este trabalho e poder, ainda que de forma tão pequena, levar alegria em um momento difícil, tantas vezes de solidão, de dor e falta de esperança”. A responsável pelo Serviço de Apoio ao Usuário e Voluntário do HGP, Goiamara Borges, só tem gratidão aos voluntários. “Cada um contribui com seu tempo, talento, dom e amor e faz a diferença para os pacientes, acompanhantes e servidores na nossa unidade”, enfatizou.
A paciente Agripina Maria de Jesus, de 70 anos, realiza tratamento no HGP e adorou a visita do grupo. “Achei o trabalho bonito, engraçado e dei muitas risadas. Alegrou todos que estavam perto de mim. É muito bom, distrai nossa realidade como pacientes”, comentou.
Foto: Nielcem Fernandes/Governo do Tocantins – O grupo Risoterapia atua no HGP há cinco anos, levando alegria e sorrisos a diversos semblantes, por alguns momentos minimizando a seriedade da rotina hospitalar
Dom de fazer a diferença
A unidade conta com mais de 200 voluntários ativos cadastrados, incluindo visitadores hospitalares, grupos lúdicos, massoterapeutas, cabeleireiros, músicos e membros da capelania (religiosos). Somente em 2019, o HGP capacitou mais de 129 novos voluntários.
Foto: Nielcem Fernandes/Governo do Tocantins
Para se tornar um voluntário, é necessário participar de um curso ofertado pelo HGP, realizado duas vezes por ano, o interessado tem a oportunidade de ter o contato com os procedimentos e normas de acesso ao hospital. Para mais informações, o aspirante deve entrar em contato pelo telefone (63) 3218 7898.
Primeiramente convém analisar o significado de vida social, entender o que vem a ser o viver em sociedade. O termo “sociedade” vem do Latim societas cujo significado é “associação amistosa com outros”. Trata-se de um grupo de pessoas que compartilham semelhanças e experiências, estabelecendo interdependências, e que ao mesmo tempo são distintas umas das outras tanto em seus aspectos exteriores quanto em seus interesses subjetivos.
Branco (2011, s.p.) escreve que o primeiro grupo social no qual um indivíduo está inserido é a família, onde a criança gradativamente descobre o mundo além de seu lar. Considerando, então, que a família é o primeiro exemplo de sociedade que envolve uma pessoa, deve-se antes focar a tecnologia e sua direta atuação no ambiente familiar.
Fonte: http://zip.net/bhtJxn
Uma pesquisa feita com 1.521 crianças de 6 a 12 anos por uma revista infantil norte-americana mostrou que 62% das crianças reclamam da demasiada distração dos pais a ponto de estes não ouvirem os filhos. A pesquisa constatou que os celulares eram os principais responsáveis nesses casos. Além disso, celulares, TV’s, smartphones e tablets juntos foram a causa do distanciamento entre filhos e pais em 51% dos casos (SALEH, 2014).
Nem mesmo quando a família está à mesa para refeições os smartphones são poupados. Momentos que deveriam ser oportunidades únicas para dialogar e estreitar laços familiares são desperdiçados, o que é lamentável principalmente quando os próprios pais não dão o bom exemplo nesses infrequentes momentos em que estão perto dos filhos. Em virtude disso, os filhos pequenos seguem o mesmo caminho, o que traz mais danos ao ambiente familiar e afetarão negativamente outras áreas da vida.
Fonte: http://zip.net/bptJ4b
Paiva e Costa (2015, p. 4) ressaltam que desde muito cedo a criança tem contato com tecnologias como celulares e tablets, o que provoca questionamentos devido ao fato de tratar-se de um ser que ainda não tem maturidade para lidar bem com esses aparatos. Diante de variadas opções de entretenimento, a mente de uma criança logo se apega a esse impressionante mundo virtual, caracterizado por jogos eletrônicos, jogos onlines e redes sociais, gastando tempo e energia.
Inevitavelmente são menosprezadas as brincadeiras tradicionais tais como amarelinha, pega-pega, esconde-esconde e jogar bola, atividades que envolvem esforço e contatos físicos. Percebe-se, portanto, o prejuízo da interação social, já que a criança passa a maior parte do seu tempo dentro de sua casa, sozinha com um equipamento eletrônico.
De acordo com o psicólogo Cristiano Nabuco, quanto mais uma criança é apegada à tecnologia, mais distante ela fica do ambiente social, tornando-se incapaz de se entrosar com outras. Ainda segundo o psicólogo, essa incapacidade impede de serem desenvolvidas habilidades sociais que compreendem a inteligência emocional, portanto, a criança ligada à tecnologia não é capaz de empatizar, sentir-se no lugar do outro, um nobre gesto indispensável para uma sociedade melhor (FOLHA DE SÃO PAULO, 2014).
Fonte: http://zip.net/bktJpD
Eisenstein e Estefenon (2011) escrevem que a criança se vê envolvida numa mistura de mundo real com o mundo virtual. No caso das redes sociais, são criados novos códigos de relacionamentos, resultando na aquisição de novos “amigos”. São construídas uma ou várias versões virtuais de identidade. Nesse caso, o nome já não é tão importante, sendo substituídos por logins e senhas.
Já que a criança está por perto, contidamente entretida com a tecnologia, dentro de casa, os responsáveis ficam mais tranquilos, sentindo-se sob o controle, mantendo a ordem sem grandes dificuldades. Henríquez (2014, s.p.) diz que isso pode ser útil a curto prazo, mas a longo prazo os efeitos viciantes desses aparatos trarão consequências nefastas ao vínculo familiar e à vida futura da criança.
Portanto, é necessário analisar a que ponto a situação da criança pode estar chegando, e se isso está sendo benéfico ou maléfico, esse papel cabe exclusivamente aos pais, pois a criança ainda não tem discernimento sobre si mesma e poderá desenvolver uma profunda dependência da tecnologia, acarretando por fim o isolamento social.
Assim sendo, é inerente aos pais ou responsáveis a responsabilidade de zelar pela vida social das crianças, estimulando a interação pessoal dela com os colegas do bairro ou da escola, leva-las a passeios e programações culturais.
Ações como esse fortalecem o vínculo familiar e causam efeitos positivos não só no presente como no futuro, tornarão a criança em um adulto de saudáveis relacionamentos cognitivos, profissionais e afetivos, aprimorando, portanto, todo o viver em sociedade. A participação dos adultos é essencial para que a criança compreenda a função das tecnologias presentes em seu dia a dia, para que elas as usem com confiança (KELLY, 2013, s.p.).
Fonte: http://zip.net/bxtKf4
Efeitos negativos da tecnologia na vida educacional da criança
É inquestionável a grandeza do papel escolar na vida do ser humano, especialmente nos primeiros anos de sua existência. Quinalha (2010, s.p.) escreve que a escola é o segundo lugar mais importante na vida da criança, vendo-o como o ambiente onde emerge “uma segunda sociabilidade”. Tal relevância se deve ao fato de que é na escola onde a criança irá aprender a observar e questionar, constituindo-se assim como um ser pensante, além de prepará-la para um pleno exercício da cidadania.
Assim sendo, deve-se garantir que, ao adentrar no ambiente educacional, o estudante tenha suas capacidades fisiológicas e cognitivas preservadas para que seu aprendizado seja pleno. Infelizmente, pesquisas têm apresentado relações de causa e efeito entre o uso abusivo da tecnologia e problemas de aprendizagem.
É importante ressaltar que, para fins de debate e reflexão, o presente trabalho abrange somente os efeitos deletérios da tecnologia usada de forma abusiva ou em fases não adequadas para crianças, portanto, essa pesquisa não tem um caráter generalizador e nem radical.
Fonte: http://zip.net/bktJpG
Estudos têm mostrado que uma ou duas horas de TV (televisão), sem a supervisão dos responsáveis, trazem significativos efeitos danosos ao rendimento escolar de crianças, especialmente no quesito leitura (ROJAS, 2008). A televisão dá aos pequenos uma série de informações já prontas, o que, de modo geral, os impede de raciocinar e desenvolver seu pensamento crítico. Isso explica o fato de a leitura, que envolve não só a decodificação de palavras, mas também o assimilar do conteúdo, tornar-se dificultosa e por fim ser desprezada por quem gasta expressivas horas com tecnologias.
Problemas de atenção também advêm do uso abusivo de aparatos eletrônicos, especificamente da televisão. Um efeito do abuso desse aparelho é a hiperatividade, uma condição física que se caracteriza pelo subdesenvolvimento e mau funcionamento do cérebro, cuja principal característica é a atenção deficiente. Setzer (2014, s.p.) declara:
A produção de hiperatividade pela TV é fácil de ser compreendida: crianças saudáveis não ficam quietas, estão sempre fazendo algo, pois é assim que aprendem, desenvolvem musculatura, coordenação motora etc. Uma criança saudável só fica parada se ouvir uma história: aí se pode observar que ela fica como que olhando para o infinito, pois está imaginando interiormente os personagens, o ambiente e a ação. No caso da TV, a criança fica fisicamente estática […], não tendo nada a imaginar, pois as imagens já vêm prontas e se sucedem com rapidez. Ao se desligar o aparelho, a criança tem uma explosão de atividade, para compensar o tempo que ficou imóvel e passiva […].
Por sua vez, a hiperatividade afeta negativamente o aprendizado da criança, já que a atenção desta está desordenada. Santos (2016, s.p.) escreve que as escolas frequentemente lidam com esta questão, registrando que pesquisas apontam que para cada vinte alunos de uma turma escolar, cinco apresentam comportamento hiperativo.
Amâncio (2014, s.p.) cita a sobrecarga cognitiva como outro resultado negativo da exposição às tecnologias da informação. Rebouças (2015, s.p.) explica:
Toda demanda de memória utilizada no processo de aprendizado é referida como carga cognitiva, ou seja, toda quantidade de conteúdo e desdobrar de conhecimento que a pessoa registra em sua memória durante a instrução e capacitação. No uso do computador e da internet como meios de instrução, a carga cognitiva abrange o processo mental capaz de acessar e interpretar o conteúdo apresentado em janelas, ícones e objetos. A sobrecarga cognitiva gera um descompasso entre experiência, habilidade e temperamento da pessoa. Além de prejudicar o nível de detalhes e qualidade de uma tarefa.
De acordo com Luiz Vicente Figueira de Mello, do Ambulatório de Transtornos Ansiosos do Hospital das Clínicas, da Universidade de São Paulo (USP), o excesso de informações, que supera a capacidade neuronal, leva à sobrecarga das conduções elétricas do cérebro e ao estresse (REDE GLOBO, 2016). Não é ilógico concluir que uma sobrecarga cognitiva é extremamente danosa ao cérebro de uma criança, órgão este que ainda está em formação, e extremamente prejudicial a ela como aluna, seu aprendizado escolar é limitado.
Fonte: http://zip.net/bwtHVL
Agora falando especificamente sobre a Internet, esta trouxe novas formas de escrever e expressões. Deve-se ressaltar o tão falado “internetês”, que consiste em abreviar palavras e ignorar pontuações, desrespeitando assim as normas gramaticais. Alguns exemplos são: “Td d bom p vc”; “xau bju” e “A gnt se fla por aki”. (O certo seria “Tudo de bom pra você”; “tchau, beijo” e ”a gente se fala por aqui”). O problema está no fato de tal linguagem ser usada no ambiente escolar, devido à confusão gerada por diferentes formas de escrita.
Hamze (2008, s.p.) ressalta o seguinte:
Em português, ou em qualquer outra língua do mundo, a Internet já começa a modificar os habituais meios de comunicação considerados como politicamente corretos. É melhor pensar nas consequências desse acontecimento antes que haja uma descaracterização dos idiomas cultos pela extrema e cada vez mais rápida fama da rede.
Não se deve demonizar o “internetês” que facilmente pode ser assimilado pela criança, nem proibir o seu uso, mas ressaltar aos pequenos a maior importância da língua materna, falando-lhes sobre os benefícios que existem em obedecer às normas gramaticais, e não se desvincular delas. Papéis não podem ser invertidos, é, portanto, dever dos responsáveis de averiguarem se esses novos dialetos não estão confundindo a criança em seu ambiente escolar.
Portanto, percebe-se que o abuso da tecnologia por parte das crianças traz a elas efeitos negativos a curto e longo prazo. Diante dessa situação, é reafirmado o fato de que recai sobre os pais a responsabilidade de monitorar os filhos, sempre dialogando com eles sobre a importância do uso adequado desses aparelhos que inevitavelmente compõem o cotidiano do presente século, características marcantes da sociedade da informação.
Os pais devem orientar seus filhos do mesmo modo que o fariam em relação às atividades e relacionamentos convencionais. O diálogo deve preceder o uso consciente da internet (PERES, 2015).
Fonte: http://zip.net/bwtHVM
A recomendação supracitada deve estender-se além da internet, abrangendo a tecnologia em suas mais diversas formas de representação. Como consequência do esclarecimento a respeito desses aparatos eletrônicos, aliado à orientação dos responsáveis, a criança terá uma plena participação no contexto social, garantirá um pleno aprendizado no ambiente educacional e, portanto, terá um futuro com menos problemas.
REFERÊNCIAS:
AMÂNCIO, Wagna Ferreira S. Pontos Positivos e Negativos em relação ao uso da Tecnologia no Processo de Ensino-Aprendizado. Disponível em: <http://www.pedagogiaufesead2014.blogspot.com.br/>. Acesso em 04 outubro 2016.
BRANCO, Anselmo Lázaro. Sociedade: Relações sociais, diversidade e conflitos. Disponível em: <http://www.educação.uol.com.br/>. Acesso em 08 outubro 2016.
EISENSTEIN, Evelyn; ESTEFENON, Susana B. Geração Digital: Riscos das novas tecnologias para crianças e adolescentes. Revista Hospital Universitário Pedro Ernesto, Rio de Janeiro, v. 10, 2011. Disponível em: <http://www.revista.hupe.uerj.br>. Acesso em 27 setembro 2016.
HAMZE, Amelia. Internetês. Disponível em: <http://www.web.archive.org>. Acesso em 06 outubro 2016.
HENRÍQUEZ, Omar. Adicción a la tecnología em los niños. El papel de los padres em la prevención. Disponível em <http://www.colombianosune.com>. Acesso em 03 novembro 2016.
KELLY, Clare. Los niños y la tecnología. Disponível em: <http://www.cbeebies.com/>. Acesso em 03 outubro 2016.
PAIVA, Natália Morais de; COSTA, Johnatan da Silva. A influência da tecnologia na infância: Desenvolvimento ou ameaça? Psicologia, Teresina, 2015. Disponível em: <http://www.psicologia.pt>. Acesso em 26 setembro 2016.
QUINALHA, Ivone Honório. A importância da escola e seu lugar na constituição humana. Disponível em <http://www.cuidademim.com.br/>. Acesso em 19 novembro 2016.
REBOUÇAS, Fernando. Sobrecarga cognitiva. Disponível em: <http://www.agendapesquisa.com.b/r>. Acesso em 04 outubro 2016.
REDE GLOBO. Excesso de informação pode causar exaustão do sistema nervoso central. Disponível em: <http://www.redeglobo.globo.com/>.
ROJAS O., Valéria. Influencia de la televisión y vídeo juegos en el aprendizaje y conducta infanto-juvenil. Revista Chilena de Pediatría, Santiago, v. 79, 2011. Disponível em: <http://www.scielo.com>. Acesso em 27 setembro 2016.
SALEH, Naíma. A tecnologia está afetando as relações familiares dentro da sua casa? Disponível em: <http://www.revistacrescer.globo.com/>. Acesso em 08 outubro 2016.
SANTOS, Bárbara. Como agir com crianças hiperativas e desatentas na escola. Disponível em <http://www.centropsicopedagogicoapoio.com.br>. Acesso em 17 novembro 2016.
SETZER, Valdemar W. Efeitos negativos dos meios eletrônicos em crianças, adolescentes e adultos. Disponível em <http://www.ime.usp.br>. Acesso em 17 novembro 2016.
UOL. Infância sem risco – Saiba como proteger as crianças dos criminosos digitais. Disponível em: <http://www.uol.com.br>. Acesso em 06 outubro 2016.
O tempo era uma lesma e Manoel se arrastava com ela. Suspirou, bocejou, conteve sua vontade de olhar par o lado para não levar uma advertência: poderia ser desclassificado automaticamente. Como se ao mero sinal suspeito de movimento, um botão fosse apertado e sua cadeira pudesse cair em um infinito buraco negro. Olhou a prova, tinha que voltar sua atenção para ela.
“Assinale a alternativa que corresponda ao nome do atual Secretário da Fazenda”
Pensou…se perguntassem o nome do camisa 5 de qualquer time da primeira divisão responderia sem erro. Aliás, era bom o seu time se esforçar para sair da segunda divisão. Talvez devesse mudar de clube, não aguentava mais sofrer, “Vou escolher um time que só me traga alegria”, decidiu Manoel. Gostaria de ter satisfação, pelo menos no futebol. “Para de pensar em jogo mané, presta atenção na prova.”
“O atual Governo criou um financiamento para os Estado brasileiros chamado”
( ) PAC ( )Bolsa Família ( ) Casa Própria
“Essa eu sei”, Manoel riu preenchendo o círculo. Lembrava-se muito em quando viu a notícia no jornal da manhã, do almoço, do jantar e da meia-noite. Brincou com a sigla:
Pague As Contas, seu programa pessoal. Mas isso ia mudar, porque iria passar no concurso. Receberia mil e quinhentos reais, fora os descontos, e não trabalharia muito. Pensou em como gastar todo esse dinheiro: primeiro financiaria um carro e, depois, uma casa. E, talvez, tivesse que pedir Joana em casamento. Sete anos juntos e suas desculpas para não se ajuntarem sempre envolveram dinheiro, agora não teria para onde correr. Pensou em Joana…namoravam a tanto tempo que ele não saberia viver sem ela. Sua presença era como uma planta que tinha suas raízes nele, difícil de soltar, na verdade não queria. Não reafirmava seus sentimentos com a mesma frequência do início do romance, mas quando aqueles olhinhos amendoados imploravam, ele dizia “Eu te amo”, palavras que eram como chuva sobre a planta que ele não deixava morrer.
O fiscal da sala se levantou e foi até o quadro negro e escreveu: 16:00. “Se eu quiser já posso entregar isso e ir embora”, e ficou passando as folhas da prova entre os dedos. Sentiria falta dos amigos do seu antigo emprego. Lembrou das piadas, das brincadeiras, da cerveja gelada no fim de tarde. Até do chefe sentiria saudades, Sr. Capixaba era muito gente fina com ele.
De soslaio olhou para as carteiras que o cercavam. Os outros candidatos pareciam concentrados, “Com certeza já estavam estudando há uns dois anos para este concurso”, a tristeza caiu dissimuladamente. Manoel tinha começado a estudar há menos de dois meses, exatamente no dia que tomou conhecimento do edital. Pagou até cursinho, faltou a algumas aulas, horas de estudos que pesavam em sua consciência agora. Suspirou e bocejou. “Deve ser umas quatro e quinze agora, o jogo do domingão já deve ter começado…” pensou, recobrando o entusiasmo. “Zezinho Canhoto deve meter uns três gols no adversário hoje, mudo de time se isso não acontecer”.
O que Manoel tinha nas mãos agora era só papeis, repassou as questões rapidamente, para não perder mais tempo, “Nesse aqui acho que não vai dar para passar não”, levantou, entregou a prova e o gabarito, pegou o celular e saiu. “Da próxima vez eu estudo mais e passo, prometo. Joana espera mais um pouco”. Fez a promessa em um turbilhão de pensamentos, que logo a levaram para um espaço longínquo. Manoel já estava ligando para os amigos, queria saber quanto estava o placar do jogo.
Procrastinação vem do latim procrastinatus. O radical pro indica à frente e crastinus traduz-se como amanhã, assim, literalmente, procrastinar significa depois de amanhã – o que pode nomear o hábito tão costumeiro do brasileiro de “deixar pra depois”.
Entretanto, o hábito de procrastinar não é somente uma característica simpática do povo brasileiro, que faz companhia a outras como o famoso “jeitinho brasileiro” e a infame mania de “querer levar vantagem em tudo”. Na verdade, poderia ser chamado até de vício, visto o conjunto de malefícios que ele pode provocar à própria pessoa e até ao convívio social e a possibilidade que existe de nos tornarmos dependentes da prática da procrastinação.
Ao procrastinar podemos não estar somente deixando pra depois uma tarefa chata que temos que realizar. Podemos, também, estar empurrando pra frente uma responsabilidade grande que nos foi passada e da qual talvez fujamos por medo de falhar, por insegurança quanto à sua realização com sucesso ou, pura e simplesmente, por uma grande dose de irresponsabilidade.
Seja qual for o motivo, as consequências da procrastinação podem ser muito graves caso a pessoa não consiga, naquela “ultíssima” hora, dar conta da tarefa tão adiada. A perda do emprego seria somente uma delas, mas podem-se alcançar dimensões muito maiores. Não são poucas as pessoas que acabam se afastando de seus afazeres cotidianos à medida que, por procrastinação, deixam de cumprir não somente suas obrigações profissionais, mas também as ações ligadas ao convívio social. Por terem deixado pra última hora a concretização de suas atividades, acabam deixando de participar deste ou aquele evento social (um futebol de fim de semana, um happy hour com os amigos, uma comemoração com a família) para tentar ao menos não fazer feio perante aqueles com os quais estão comprometidos (o chefe, o cliente, o filho). E esta ausência da vida social normal, aliada à sensação de fracasso pelas tarefas que deixam de ser realizadas com a qualidade habitual, acabam por levar algumas pessoas a uma depressão leve que tende a agravar-se com o tempo, caso a dinâmica da procrastinação não seja interrompida.
O procrastinador contumaz é hábil em justificar suas faltas, inclusive para si mesmo. Uma das desculpas mais comuns está em culpar a atividade A pela protelação da atividade B; e na sequência culpar a atividade B pelo insucesso em concluir a atividade A. Nesta dinâmica, ele busca convencer-se de que a responsabilidade pela sua falha é externa, o que acaba fugindo de sua competência.
Mas a procrastinação não se dá a troco de nada. Ele surge de uma troca simples entre algo desagradável por algo prazeroso e isso começa desde a infância, quando a tarefa de casa é deixada de lado por uns minutos a mais de brincadeiras com os amigos, e vai sendo “aprimorada” com o tempo: uma atividade é trocada por uma conversa entre amigos; uma tarefa é substituída por um joguinho no computador… Ah! E como os joguinhos de computador sabem ser prazerosos proporcionando aqueles momentos, que se esperam rápidos, de distração. Sim, “se esperam rápidos” porque, de pequenos intervalos “rápidos” chegam-se às horas em que as responsabilidades foram deixadas para depois de “só mais uma jogadinha”, “só mais um nível”, “só esta fase”.
E os jogos disponíveis em redes sociais como o Facebook oferecem vários elementos que acabam tornando o apelo pela procrastinação maior do que qualquer sentimento de responsabilidade: a competição entre os amigos com o ranqueamento das pontuações obtidas; a realização de tarefas simples e intuitivas; as dificuldades em um grau menor no início mas que seguem em um crescente motivador; enfim, tudo que torna os pretensos poucos minutos de jogo mais atraentes que as muitas horas de trabalho (isso se os poucos minutos não fossem se acumulando até tomarem todo o espaço de tempo que deveria ser dedicado às atividades que o mundo real exige).
Dentre estes jogos tem-se como o mais “atraente”, hoje (e com a possibilidade de não sê-lo mais amanhã), o Candy Crush Saga.
O Candy Crush Saga é um jogo simples em sua estrutura, o que atrai os mais variados públicos. Deve-se juntar três doces iguais (com a mesma cor e formato) que serão eliminados aumentando a pontuação do jogador.
Em cada nível do jogo surgem objetivos como, por exemplo, obter certo número de pontos em uma quantidade determinada de movimentos ou em um tempo específico – o não cumprimento do objetivo leva a perda de uma “vida”. São ao todo quatrocentos níveis disponíveis hoje, sendo que o jogador conta com cinco vidas para dar cabo dos objetivos apresentados.
Em uma relação colaborativa, cooperativa e, de certa forma, “viciadora”, à medida que as vidas se vão, podem-se obter novas vidas através de doações dos amigos que compartilham o jogo. Da mesma forma, bônus como maior quantidade de movimentos, ou doces com determinados poderes, podem ser presentados pelos amigos. Caso não receba uma nova vida de um amigo, a cada trinta minutos o jogo restabelece uma vida – tempo esse informado em um cronômetro decrescente que indica quanto falta para poder voltar ao jogo, o que chega a ser angustiante para algumas pessoas.
Há também, e é algo que vem bem a calhar nestes casos, a possibilidade de adquirir (isso mesmo, pagando) novas vidas e alguns bônus, o que leva a casos mais complexos de jogadores que, além de utilizarem-se do jogo como elemento motivador de suas procrastinações, ainda acabam desfazendo-se de muito do seu dinheiro em função do jogo – o que seria conteúdo para um outro texto sobre o Candy Crush e jogos semelhantes.
Como há a possibilidade de jogar até o fim das cinco vidas, muitos jogadores utilizam esta condição como seu limite de tempo de jogo. Outros utilizam como estratégia de gerenciamento de tempo de jogo a passagem por certa quantidade de níveis. Entretanto, a existência do ranqueamento entre os jogadores e também a possibilidade de pedir aos amigos que os presenteiem com vidas e bônus acaba fazendo com que as promessas de limitação de tempo sejam quebradas e, com isso, a procrastinação acaba ocupando seu espaço nas vidas profissionais de muita gente. Para que se possa imaginar o alcance, basta saber que Candy Crush é jogado mais de 600 milhões de vezes por dia por 50 milhões de usuários.
Matéria recente na Globo.com fala ainda da existência do efeito Zeigarnik:
Para o professor de psicologia e ciências cognitivas Tom Stafford, da Universidade de Sheffield, na Grã-Bretanha, o vício em Candy Crush se relaciona a um fenômeno psicológico chamado efeito Zeigarnik. O psicólogo russo Bluma Zeigarnik dizia que os garçons costumam ter uma memória impressionante para lembrar dos pedidos, mas só até que os cumprem. Uma vez que a comida e a bebida são levadas até a mesa, eles se esquecem completamente de algo que sabiam momentos antes. ‘Zeigarnik deu nome a todos os problemas em que uma tarefa incompleta fica fixada na memória. E Candy Crush gera uma tarefa incompleta’, disse Stafford à BBC.
Aliando-se o efeito Zeigarnik à característica natural do brasileiro de deixar tudo para depois, tem-se no Candy Crush Saga um incentivo claro ao vício da procrastinação.
Observação: O autor deste texto procrastinou o quanto pode escrevê-lo pois estava tentando superar o nível 139 do Candy Crush. Ele não conseguiu até o momento em que este texto foi para o site.