Coronavírus: circuit breaker político, engenharia social e domínio de espectro total

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Circuit Breaker é um mecanismo de segurança utilizado pela Bolsa de Valores para interromper todas as operações no momento em que as ações negociadas sofrem grandes quedas consideradas atípicas.

Enquanto a grande mídia ocidental sustenta a narrativa de que o epicentro da Pandemia do COVID-19 estave numa feira de rua suja e úmida na China, reportagens da mídia do Japão e Taiwan começam a levantar evidências de que esse novo coronavírus teria sua origem nos EUA. Isso depois do repentino fechamento no ano passado de um laboratório de armas biológicas em Maryland, por ausência de salvaguardas contra vazamentos patógenos. Em seguida ocorreram crises de “fibrose pulmonar” nos EUA, cuja culpa foi colocada nos cigarros eletrônicos. Juntamente com a “coincidência” da realização dos Jogos Mundiais Militares em Wuhan pouco tempo antes da eclosão da crise, provavelmente o “Evento do Cornavírus” entrará para a História como um dos maiores eventos de engenharia social da humanidade. Marcará o início de uma nova era da biopolítica e bioeconomia: “circuit brakers” que extrapolam a simples ferramenta de frear um mercado financeiro em crise – uma nova forma de consenso social ao colocar todo o cotidiano dos indivíduos e cenários políticos em suspensão. Uma gigantesca “psy op” para criar o cenário geopolítico perfeito de “domínio total de espectro”.

Circuit Breaker é um mecanismo de segurança utilizado pela Bolsa de Valores para interromper todas as operações no momento em que as ações negociadas sofrem grandes quedas consideradas atípicas – espera-se que a tendência seja a amenização das quedas e o mercado volte ao seu movimento considerado natural. Ou seja, proteger o mercado da sua própria “mão invisível”.

De forma inédita, a Ibovespa acionou esse mecanismo três vezes em uma semana, em dias de formação de uma tempestade perfeita: a crise do petróleo com o impasse entre Rússia e Arábia Saudita no momento em que o surto mundial do novo coronavírus foi qualificado como uma pandemia pela Organização Mundial de Saúde.

E para completar, a decisão intempestiva de Trump que ajudou a derrubar ainda mais as bolsas pelo mundo: a suspensão por 30 dias viagens da Europa para os EUA, exceção aberta ao Reino Unido. Que, sabemos, não se considera parte da Europa. Além de mais uma vez revelar o modus operandi de Trump: seu gosto por muros, bloqueios, barreiras…

A ironia em tudo isso é que com a promoção do COVID-19 a uma pandemia, o circuit breaker, de ferramenta de intervenção do mercado de capitais, parece que transcendeu do sistema financeiro para se tornar uma ampla medida de ação social – de repente, parece que a sociedade está entrando em um estado de suspensão semelhante a dos mercados financeiros.

Cancelamento de eventos esportivos, suspensão de aulas em escolas e universidades, recomendações para evitar aglomerações com mais de 100 pessoas, no Rio a PM poderá interditar praias para evitar aglomerações, manifestações políticas nas ruas programadas da direita à esquerda foram proibidas, acesso a shoppings poderá ser restrito… a recomendação das autoridades é: FICAR EM CASA!

O Congresso ameaça entrar em recesso parlamentar forçado como medida para evitar a propagação do coronavírus. De repente, aos poucos toda a vida econômica, social e política começa a entrar num estado de suspensão no tempo e espaço.

Fonte: encurtador.com.br/aezI0

Circuit breaker social

Está se esboçando um gigantesco circuit breaker social, como se configura na Itália, o país mais afetado com 1.266 mortos e quase 20.000 infectados: ruas, cafés, comércio, estádios desertos, jogos e eventos suspensos, enquanto 60 milhões de italianos estão em estado de quarentena.

E junto com tudo isso, um show de “desinformação” da mídia corporativa que ajuda com o tempero do medo e do pânico. Principalmente a mídia televisiva que cria uma “desinformação” a partir da contradição entre o que os apresentadores e repórteres informam e o que a “arte” (infográficos, tabelas etc.) mostram nos cromakeys e efeitos de computação gráfica de estúdio. Como abordamos em postagem anterior – clique aqui.

Um pequeno exemplo entre os diários: na edição de sexta feira do telejornal local Bom Dia SP da TV Globo, um infográfico apresentava as universidades de São Paulo que haviam suspendido as aulas em razão de alunos infectados. Estava lá, no pé da tabela, o nome da Universidade Anhembi Morumbi. Para depois o apresentador detalhar que essa universidade apenas havia suspendido as aulas em uma turma noturna de sétimo semestre de Publicidade, determinando medidas de desinfecção da sala. Enquanto a turma seria transferida para outro prédio.

Foi o suficiente para, naquela manhã, grupos de WhatsApp compartilharem a foto do infográfico global e a Universidade amanhecer deserta com salas vazias e professores solitários. Um deles também compartilhou a foto de uma sala de aula vazia na qual jazia uma mochila em uma carteira: “nem chego perto da mochila”, comentou a assustada postagem da foto… depois se perguntam como o WhatsApp foi o responsável estratégico da vitória do atual presidente…

Fonte: encurtador.com.br/FOVW2

A nova era da Engenharia Social

Provavelmente o “Evento do Cornavírus” entrará para a História como um dos maiores eventos de engenharia social da humanidade. Marcará o início de uma nova era no sentido de que a vida após o coronavírus e o antes do coronavírus serão surpreendentemente diferentes.

Por que “engenharia social”? Porque estamos entrando na era da biopolítica e bioeconomia que trazem uma vantagem flagrantes nas formas de controle social – o prefixo “bio” transmite uma imagem “apolítica” e de “neutralidade” para o distinto público, naturalizando a economia política: eventos de suposta natureza biopatológica podem conferir aparente “cientificidade”. E dessa maneira, criar consenso social.

Desde a explosão da chamada “bolha das tulipas” de 1637, sabemos que os mercados convivem com bolhas como formas rápidas de ganhos e destruição de riquezas – momentos de otimismo da economia, um excesso de confiança dos investidores que os leva a apostar num cenário de ganhos ininterruptos.

Desde o ano passado, analistas do cassino financeiro global alertavam para a possibilidade de um novo estouro da bolha financeira, igual ou ainda pior ao crash de 2008 – a explosão da bolha dos créditos imobiliários.

Esses especialistas alertavam para o rápido crescimento da China, o crescimento exponencial do crédito estudantil norte-americano, a dívida pública extremamente elevada na Europa. Em especial da Itália – mais de 130% do PIB do país.

No Brasil, a exuberância dos investimentos nas bolsas (apresentada como a bonança financeira para as “sardinhas”, ou seja, as pessoas físicas diante do cenário de juros baixos nos rendimentos fixos) alimentadas por empresas midiáticas como a XP Investimentos, somado à fuga em massa do capital estrangeiro, criavam o cenário perfeito de um estouro iminente.

Fonte: encurtador.com.br/vFOP4

“Cair, mas com estilo”

E mais! Essa conjuntura da preocupante exuberância de uma bolha financeira contava com um igualmente preocupante cenário geopolítico para os EUA: a guerra comercial com a China. Decididamente os EUA querem arrastar o mundo junto na estratégia geopolítica de quebrar a participação cada vez maior da China da cadeia produtiva global.

 Certamente, um novo crash jamais poderia ser igual ao de 2008: em tons dramáticos, assustadores, e que rendeu um punhado de produções cinematográficas que celebrizaram o evento: Trabalho Interno (2010), Margin Call (2011), 99 Holmes (2014), The Big Short (2015), entre outros.

Então… apertem os cintos, porque vamos “cair, mas com estilo” – como Buzz Lightyear definia o seu voo na animação da Pixar Toy Story.

HOW CONVEEEEENIENT! Exclamaria a impagável Church Lady do humorístico Saturday Night Live. Explode uma pandemia do novo coronavírus na província chinesa de Wuhan no final de 2019 que arrastaria o mundo para uma pandemia, derrubando os mercados financeiros globais, trazendo pesados prejuízos econômicos à China e expandindo o conceito de “circuit braker” de ferramenta financeira para estratégia de engenharia social.

Colocar o mundo da economia real em suspensão, enquanto o cassino global recebe pesados aportes de dinheiro público no manjado script da socialização das perdas: Trump injeta mais de US$ um trilhão e meio em liquidez no sistema financeiro, enquanto Bolsonaro fala em ajuda a companhia aéreas e “pacote de medidas econômicas”. Prepare-se para mais socialização das perdas, enquanto os “tubarões” engolem as “sardinhas no cassino financeiro, concentrando ainda mais riqueza.

Temos epidemias o tempo todo no mundo. Além disso, temos eventos violentos ocorrendo continuamente: desde erupções vulcânicas, tsunamis ou tornados, até agitação social ou guerras. Por que, então, foi esse evento que capturou a atenção das pessoas de maneira tão profunda e poderosa?

Na opinião desse humilde blogueiro, porque estava na hora!

Novo coronavírus não é chinês

A mídia ocidental criou a narrativa oficial de que o surto de COVID-19 surgiu na China, precisamente em animais em um mercado de rua sujo e úmido em Wuhan. Mas jamais o mítico “paciente zero” foi localizado e identificado. Isso porque talvez a origem não esteja na China.

Enquanto isso a mídia oriental (Japão e Taiwan) começou a levantar evidências de que esse novo coronavírus teria sua origem nos EUA. Em fevereiro de 2020, uma reportagem da japonesa Asahi (impressa e TV) afirmou que o coronavírus se originou nos EUA, não na China , e que algumas (ou muitas) das 14.000 mortes americanas atribuídas à influenza poderiam ser resultantes do coronavírus. Sugeriu que o governo dos EUA pode não ter conseguido entender o quão desenfreado o vírus foi em solo americano – clique aqui.

Fonte: encurtador.com.br/qrwCJ

Em 27 de fevereiro um programa de TV de Taiwan apresentou diagramas e fluxogramas sugerindo que o coronavírus se originou nos EUA. O homem no vídeo é um dos principais virologistas e farmacologistas que realizou uma pesquisa longa e detalhada da origem do vírus. Ele passa a primeira parte do vídeo explicando os vários haplótipos (variedades), e explica como eles estão relacionados, como um deve ter chegado antes do outro e como um tipo é derivado do outro. Ele explica que isso é apenas uma ciência elementar e nada tem a ver com questões geopolíticas – clique aqui para acessar o vídeo (em chinês).

A lógica básica é que a localização geográfica com a maior diversidade de linhagens de vírus deve ser a fonte original, porque uma única linhagem não pode surgir do nada. Ele demonstrou que apenas os EUA têm todas as cinco linhagens conhecidas do vírus (enquanto Wuhan e a maior parte da China têm apenas uma, assim como Taiwan e Coréia do Sul, Tailândia e Vietnã, Cingapura e Inglaterra, Bélgica e Alemanha), constituindo a tese de que os haplótipos em outras nações podem ter se originado nos EUA.

O virologista afirmou ainda que recentemente os EUA tiveram mais de 200 casos de “fibrose pulmonar” que resultaram em morte devido à incapacidade dos pacientes de respirar, mas cujas condições e sintomas não puderam ser explicados pela fibrose pulmonar. As autoridades do país foram informadas a considerar seriamente essas mortes. Mas apenas culparam os óbitos aos cigarros eletrônicos. Para depois encerrarem a discussão.

Laboratório de armas biológicas de Fort Detrick (EUA): fechado por falta de segurança – Fonte: encurtador.com.br/lopu6

Ainda declarou que em setembro de 2019, alguns japoneses viajaram para o Havaí e voltaram para casa infectados, pessoas que nunca haviam estado na China. Isso ocorreu dois meses antes das infecções na China e logo após o Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA (CDC) encerrar repentina e totalmente o laboratório de armas biológicas de Fort Detrick, Maryland, alegando que as instalações não possuíam salvaguardas contra vazamentos de patógenos, segundo o jornal New York Times – clique aqui.

Foi imediatamente após esse evento que surgiu a “epidemia do cigarro eletrônico”. Wuhan tornou-se supostamente o epicentro da pandemia do COVID-19 logo depois dos Jogos Militares Mundiais (18 a 27 de outubro de 2019). Alguns membros da equipe dos EUA, infectados pelo incidente em Fort Detrick e após longo período de incubação, teriam manifestado sintomas menores e infectado potencialmente milhares de residentes locais da província chinesa.

Kristian Andersen, biólogo evolucionária do Scripps Research Institute, analisou sequências do COVID-18 para tentar esclarecer sua origem. Ele disse que o cenário é “inteiramente plausível” de pessoas infectadas trazendo o vírus para a Wuhan de algum lugar externo.

Andersen publicou sua análise dos 27 genomas disponíveis do COVID-19 em 25 de janeiro em um site de pesquisa em virologia. Ele sugere que eles tinham um “ancestral comum mais recente” – o que significa uma fonte comum – desde 1 de outubro de 2019.

A grande mídia ocidental inundou suas páginas por meses sobre o vírus COVID-19 originário do mercado de frutos do mar de Wuhan, causado por pessoas que comem morcegos e animais selvagens. Tudo isso foi provado errado.

O vírus não surgiu no mercado de frutos do mar de Wuhan, como agora ficou provado, mas foi trazido para a China a partir de outro país. Parte da prova dessa afirmação é que as variedades genômicas do vírus no Irã e na Itália foram sequenciadas e declaradas não pertencendo à variedade que infectou a China e, por definição, devem ter se originado em outros lugares.

Parece que a única possibilidade de origem está nos EUA, porque somente esse país tem o “tronco de árvore” de todas as variedades. E, portanto, pode ser verdade que a fonte original do vírus COVID-19 foi o laboratório militar de bioguerra dos EUA em Fort Detrick.

Fonte: encurtador.com.br/erBI3

Ponto de inflexão

Essa crise do novo coronavírus representa também um ponto de inflexão. Porque a maneira como as pessoas interagem mudou e se tornou muito diferente do que costumávamos ter há apenas 10 anos. Porque a maneira como as informações são produzidas e transmitidas atingiu um importante ponto de inflexão.

Uma atmosfera de onisciência midiática que cria efeitos mais amplos do que a doença real.  O COVID-19 é uma doença real e grave.

Mas, como eu disse, não é o único problema endêmico, epidêmico ou pandêmico que temos. Temos surtos gripais todos os anos e não se verificam regiões ou países inteiros isolados e monitorados.

Temos escassez de alimentos e água em muitas partes do mundo, levando a muito mortes todos os dias, e não há esforços concentrados e coordenados e um alarme midiático para que esses problemas possam ser resolvidos.

Por que? Porque a quantidade de informações em torno desses eventos não é tão relevante quanto as em torno da onipresença das informações sobre o novo coronavírus.

Explicando melhor, parece não haver ligação direta entre a magnitude ou o perigo potencial de um evento específico e a quantidade de informações sobre esse evento.

Domínio de espectro total

As informações de Japão e Taiwan e esse ponto de inflexão criado pela onipresença midiática na qual a quantidade de informações necessariamente não corresponde à magnitude real de um evento, sugere essa dúvida plausível: estamos diante do início de uma nova era de engenharia social?

Fonte: encurtador.com.br/aCS15

No Brasil, a pandemia do coronavírus chega num momento muito conveniente, lembrando bastante o conceito de “domínio de espectro total” – conceito de estratégia militar que utiliza um vasto leque de técnicas de guerra psicológica e econômica.

Num momento em que econômica e politicamente o País caminhava para um cenário de acirramento de crise (da iminente explosão da bolha financeira à queima de arquivos vivos comprometedores ao clã Bolsonaro como a morte do ex-PM Adriano Nóbrega e o “conveniente” enfarto fulminante do ex-ministro Gustavo Bebbiano), o “circuit braker” econômico, político e social da pandemia COVID-19 é como se colocasse tudo em suspensão diante de uma emergência biológica.

E desse um conveniente tempo para as peças voltarem a se organizar, como se fosse uma parada técnica ou um intervalo num evento esportivo, demonstrando na prática a estratégia de “domínio de espectro total”:

(a) proíbe-se manifestações de rua;

(b) Assim como a greve dos caminhoneiros serviu de álibi para a estagnação econômica durante a Era Temer, da mesma forma a Pandemia Coronavírus será o bode expiatório para a continuidade do desemprego e da crise. Coloca-se a compulsória agenda neoliberal fora de discussão;

(c) Para a esquerda, a crise biopolítica tem lá sua serventia: livra-se de um potencial fracasso em levar as massas para as ruas, já que nos últimos anos ela se desconectou das bases sociais;

(d) Além disso, as águas da crise da Pandemia movem o moinho da oposição do “quanto-pior-melhor”: a esperança de que a paralisia gestora do Governo e o aprofundamento da crise econômico façam Bolsonaro politicamente sangrar ainda mais;

(e) Porém, para a extrema-direita pouco importa as ruas ficarem desertas e as manifestações de rua proibidas: a força da sua guerra simbólica está nas mídias digitais, respirando a atmosfera das informações contraditórias, medo, pânico e ódio.

Por isso, o circuit braker da Pandemia COVID-19 cada vez mais se assemelha a uma psy op cujo resultado é o domínio total de espectro: colocar todo o espectro político em estado de suspensão, no qual cada lado tenta puxar a brasa da crise para a sua sardinha… Enquanto tudo permanece como está.

REFERÊNCIAS

– New York Times;

– Global Research – Centre of Research on Globalization;

– Isto É;

– Aangirfan;

– Dragos Roua. 

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As formas patológicas de amar

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Recente edição do Psicologia em Debate foi embasada no livro de Zimerman, “Manual de Técnica Psicanalítica”, mas especifico no capitulo sobre o vínculo tantalizante. Este estaria baseado em dois tipos de personagens: um dominador-sedutor e um dominado-seduzido. Com relação ao dominador-sedutor, o autor traz que ele é incapaz de estabelecer uma união estável por alegar não conseguir gostar de ninguém.

Apresenta também atitudes inconstantes em relação ao compromisso amoroso, como por exemplo, ele não se separa da pessoa, mas também não estabelece uma relação fixa/séria. Enquanto o dominado-seduzido irá aceitar ficar nessa relação incerta, aceita o papel de ficar na reserva/excluída. Não consegue ter posições definidas e assim fica em um dilema: o lado que deseja fugir daquele “romance” e o lado que está intimamente em conluio/negociação – inconsciente – com o dominador.

dominador, dominante, sedutor, seduzido
Fonte: http://zip.net/bhtJtH

 

Em uma relação nessa configuração, observar-se-ão quatro tipos de vínculos, de acordo com o autor. O primeiro é o de Domínio, onde o individuo se apropria do outro e desconsidera as suas questões internas, não aceita a liberdade do outro, pega para si os desejos do outro, abolindo suas diferenças e sua autonomia (esquecendo-se de quem se é). O segundo é o de Apoderamento, em que o dominador acredita ter poder e posse TOTAL em relação ao corpo/mente/espirito do outro, porque dessa forma, ter poder sobre o outro é a melhor forma de consegui-lo para si.

Além de que, para uma pessoa que apresenta tal tipo de comportamento, é uma forma de estar seguro contra o desamparo, para que o dominado nunca pense em abandoná-lo, visto que toda essa vivacidade e atitude “firme” do dominador é uma forma de esconder seu completo vazio interior. Tanto ele, quando o dominado, apresentam esse vazio – vazios diferentes -, e acabam por buscar no outro o que lhe falta e vice-versa.

“Ninguém jamais te amará tanto quanto eu.”
Fonte: http://zip.net/bftJhs

 

O terceiro vínculo é o de Sedução, o dominador, aqui, busca despertar um deslumbramento no seduzido seja de ordem física, intelectual, retórica e/ou econômica. Promete ao outro uma vida completa, e só ele (sedutor) será capaz de lhe proporcionar tal completude. E o por fim, o vínculo tantalizante, que seu conceito está baseado no Mito de Tântalo, onde o dominador busca, nessa configuração de relacionamento abusivo, castigar o dominado (sofrimento eterno) – seja de forma física, ameaças, corte na comunicação. Nesse tipo de vínculo, o dominador tanto dá carinho, proteção e elogios, quanto também impunha rígidas condições.

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Relacionamentos Abusivos: uma forma patológica de amar

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Recentemente, pôde-se acompanhar através das mídias e redes sociais, a polêmica envolvendo o casal Marcos e Emilly, no reality show Big Brother Brasil, edição 2017. O BBB 17, transmitiu na edição deste ano um relacionamento abusivo. Emilly era alvo de constantes ataques psicológicos, e ameaças à sua integridade física, por parte de Marcos, que se mostrava extremamente agressivo e opressor. O Brother chegou a apontar o dedo e encurralar a jovem contra a parede algumas vezes, deixando-a em posição de subordinação e humilhação. Como resultado, Marcos acabou sendo expulso do reality, na noite desta segunda-feira.

Há bastante semelhança entre a questão dos relacionamentos abusivos, e a forma patológica de amar, trazida por Davi E. Zimerman. A psicóloga Raquel Silva Barreto, em entrevista ao Repórter Unesp, disse que uma “Relação abusiva é aquela onde predomina o excesso de poder sobre o outro. É o desejo de controlar o parceiro, de tê-lo para si. Esse comportamento, geralmente, inicia de modo sutil e aos poucos ultrapassa os limites causando sofrimento e mal-estar. ”

Fonte: http://zip.net/bwtG3z

Zimerman, psicanalista norte americano, traz em seu livro Manual de Técnica Psicanalítica, em específico no capítulo intitulado Uma forma patológica de amar: O vínculo tantalizante, uma temática de grande relevância, no que se refere aos vínculos constituídos em forma de relacionamentos amorosos. Ao caracterizar-se os participantes desse vínculo amoroso, identifica-se dois personagens, um é o Dominador-sedutor, e o outro é o Dominado-seduzido. Na maioria das vezes, o homem assume o primeiro papel, enquanto a mulher assume o segundo. No entanto, também existem casos em que os papéis se invertem.

Zimerman, confere uma série de características pertinentes a esses dois personagens. Características essas que conotam uma forma patológica de amar, uma vez que percebe-se os sofrimentos decorrentes de tal configuração amorosa. O indivíduo que se encontra na posição de Dominador-sedutor é aquele que detém o poder/posse sobre o outro, das mais variadas maneiras, objetivando ser a “coisa” mais importante para seu parceiro, instituindo uma dependência, provocando assim a sensação de que o outro não consegue viver sem ele. Já o sujeito que ocupa o lugar de Dominado-seduzido é o inferiorizado da relação, sempre se comportando de forma submissa, encontrando-se na maior parte do tempo rendido, curvado e suplantado, ao seu dono Dominador.

Fonte: http://zip.net/bntHxf

Nota-se que há uma complementação de um com o outro, visto que o Dominador encontra no Dominado aquilo que ele precisa, e vice-versa, o que de acordo com Zimerman torna a separação tão complicado e sofredora para ambos. O autor divide o Vínculo amoroso tantalizante em quatro partes, sendo elas: Domínio, Apoderamento, Sedução, e Tantalizante. É importante destacar que as quatro partes existem e se concretizam concomitantemente nesse tipo de relacionamento.

O Domínio acontece quando o Dominado “Exerce uma apropriação, quase indébita, através de uma desapropriação dos bens afetivos e de uma violência a liberdade do outro” (ZIMERMAN, 2003, p. 335 ). O Sedutor possui a necessidade de exercer poder sobre o Seduzido, e para isso ele usa de variados recursos que possam torná-lo grande e poderoso. A dominação pode ser de caráter intelectual, moral, econômico, político, religioso, afetivo (ZIMERMAN, 2003).

O Dominador não permite que o outro tenha autonomia e escolhas próprias e diferentes das suas, já que isso seria considerado uma perda do controle que ele exerce sobre o Dominado. Vale ressaltar que o Sedutor também usa de marcações no corpo do outro, percebidas em forma de chupões e arranhões, como forma de determinar seu poder/controle sobre seu parceiro. Quando o Seduzido curva-se a esse poder e controle, consequentemente sente-se subjugado e minimizado.

Fonte: http://zip.net/bftHsY

O Apoderamento é descrito pelo autor como sendo um “Poder e posse total em relação ao corpo, mente e espírito do outro” (ZIMERMAN, 2003, p. 335 ). De acordo com David E. Zimerman, o Dominador vê nessa atitude de posse, o único meio para conseguir o respeito e amor do outro, uma vez que na realidade ele sente medo de se encontrar desamparado em algum momento.

A Sedução consiste em uma das técnicas mais intensas usadas pelo Dominador-sedutor, com o objetivo de despertar no Seduzido uma espécie de fascinação e encantamento, fazendo com que o Dominado veja o Dominador como o “objeto” mais almejado e incrível que alguém poderia ter. Promete-se, “ (…) uma completude paradisíaca, que em pouco tempo se revelará como não mais do que ilusória e pelo contrário, se concretizará, como um emaranhado círculo vicioso de sucessivas decepções e renovadas ilusões (…)” (ZIMERMAN, 2003, p. 336 ).

A última parte que caracteriza esse vínculo adoecido, chamada de Tantalizante, pode ser explicada no seguinte excerto, “ Aquele que tantaliza, isto é, que espicaça ou atormenta com alguma coisa que, apresentada à vista, excite o desejo de possuí-la, frustrando-se este desejo continuamente por se manter o objeto fora de alcance, à maneira do suplício de tântalo. ” (ZIMERMAN, 2003, p. 337). É necessário explicitar aqui, que a escolha desse termo provém do Mito Grego de Tântalo, no qual Tântalo, por ter roubado o manjar dos deuses, foi castigado por eles, sendo acorrentado imerso nas águas de  um lago, sem conseguir se alimentar e beber, uma vez que às águas do lago trazem a comida, no entanto Tântalo nunca consegue alcança-la, consistindo-se num sofrimento eterno.

Fonte: http://zip.net/bjtHtk

A relação análoga entre o mito e a forma patológica de amar, é vista quando há esse constante “dar e tirar” por parte do Dominador, que sempre se coloca em posição de impedimento em assumir um relacionamento estável, acontecendo assim periódicos términos e reaproximações, provocando um constante sofrimento, comparado ao mito de Tântalo que nunca consegue obter o que deseja. Contudo, David E. Zimerman, traz ainda em seu livro que para haver uma dissolução dessa relação adoecida e desses papéis adoecidos, é de suma importância que ambos os personagens, passem por tratamento psicológico, indicado por ele, como preferencialmente de cunho psicanalítico.

REFERÊNCIAS:

ZIMERMAN, David. Manual de Técnica Psicanalítica. Editora: Artmed,  2003

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É Preciso Vida

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É preciso vida, vivência, experiência, experiência de vida… Cada vez mais nos afastamos da vida vívida em prol de uma vida plastificada. Quando leio os artigos ditos “científicos” de nossa época fico estupefato com a neutralidade esterilizada dos posicionamentos políticos – isto quando os autores se arriscam a fazê-lo! -, com a simetria pasteurizada dos conceitos e com a beleza morta e inatingível de uma ética transcendente.

Podemos dizer que a produção de uma vida plastificada, e que está à venda nos sites de compras coletivas, tem como efeito o engendramento dos exitosos, dos vencedores, dos bem sucedidos da sociedade dos valores da decadência. Por outro lado, podemos dizer, também, que a produção de uma vida vívida, e que está à disposição em qualquer vivência no aqui-e-agora, tem como efeito a produção de sentidos, de consistência subjetiva, de novos valores para a existência.

É claro que não se trata de uma dicotomia, ou seja, de um lado a vida plastificada e de outro a vida vívida. Muito menos que ou produzimos nossa existência a partir da vida vívida ou a partir da vida plastificada. Nada disso! Estamos falando de forças que produzem materialidades (valores, jeitos de ser e de viver…), de forças que coexistem entre nós e em nós. É como se houvesse uma superfície contínua, onde de um lado a concentração de forças da vida plastificada fosse maior e de outro a concentração de forças da vida vívida se sobrepusesse. Entre estas extremidades há múltiplas possibilidades, combinações, arranjos; sempre com seu embate, sua luta incessante e, por fim, uma força vencedora.

Como estava dizendo antes, quando leio artigos científicos, quando escuto palestras em congressos, exposições de casos clínicos, etc. É sempre a mesma coisa! Só há, ou melhor, o que aparece, na maioria dos casos, são profissionais exitosos em suas investidas, com resultados promissores, interpretações sagazes; todos com seus olhos de lince e suas bocas de hiena sorridentes. Nestes casos, o olfato mais apurado pode sentir o cheiro de nada, pois são tão perfeitos e irremediavelmente inabaláveis que seus corpos não produzem o odor próprio da vida. Não há envolvimento (é possível isso?!), o que impera é a covardia política travestida de neutralidade, a falácia da necessidade de distanciamento entre pesquisador e seu objeto de pesquisa. Nesta forma de existir os conceitos produzidos são como um adorno que admiramos, tiramos o pó e não deixamos as crianças pegá-los. Em relação à ética, é evidente que se trata de algo que nos diminui, que nos iguala, e que não corresponde ao cotidiano de nossas vidas.

Mas o objetivo deste texto não é dar a impressão de “terra arrasada”, muito menos de disseminar o famoso jargão “está tudo dominado”, pelo contrário, o objetivo que temos aqui é de mostrar que a vida não se deixa enquadrar, a vida mesma é intempestiva, imprevisível.

Quando as forças da vida vívida dominam um determinado corpo, o que ocorre é a produção de valores a partir de experiências vivas. Não há somente vencedores, mas também vencidos, perdedores. Como diria Elisa Lucinda “na vida não tem ensaio, mas tem novas chances”. Quando estamos regidos por estas forças da vida vívida, estamos plenos de nosso eterno inacabamento, cientes de que não controlamos nada ou quase nada, temos a certeza inabalável da incerteza do rumo de nossas vidas, nos responsabilizamos por nossa existência e, sem dúvida alguma, esquecemos…

Estas forças regendo a produção de existência nos possibilitam enxergar que estamos sempre implicados com o que fazemos e que, desta forma, o importante é como estamos implicados nisto ou naquilo. Mais ainda, que nossa implicação diz de uma política de vida, da produção de determinadas formas de existir as quais produzimos ao mesmo tempo que as existencializamos; diz da produção de determinados valores que guiam a vida e são materializados por esta mesma vida. Enfim, dizem da escultura de si, da produção de uma ética, a produção de existência como obra de arte.

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