Em reverência a Stan Lee, criador do meu herói favorito

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Eu adoro os super-heróis, especialmente os atormentados, os que têm dúvidas sobre os próprios poderes, os humanos o suficiente para nunca estarem totalmente certos se tais poderes são uma benção ou uma maldição.

Ultimamente têm se produzido muitos filmes protagonizados pelos clássicos heróis dos quadrinhos. Gosto particularmente, daqueles que vão além dos efeitos especiais e da eterna e manjada luta do bem contra o mal e se dedicam a nos revelar a mente atormentada do protagonista, suas fragilidades e, sobretudo, o ônus imposto pelos poderes que receberam, quase sempre, sem o direito de escolha.

Fonte: https://bit.ly/2OMglpC

De todos os heróis atormentados Hulk é o meu preferido. Uma pena os últimos filmes deste herói terem explorado mais seus músculos que sua mente atribulada, quase esquizóide. Prefiro o Hulk da década de 80, estrela do seriado Incrível Hulk, de muito sucesso na época. No seriado, Dr. Bruce Banner é um médico cientista que, depois de uma superexposição aos raios gama experimenta uma transformação intensa no corpo – acompanhada de força, resistência e vigor sobre-humanos – sempre que fica com raiva. Raiva essa que nosso herói sempre tenta, mas, nunca consegue controlar. Sendo assim, os atos heróicos do monstro verde, que sempre surge após um acesso de ira, sempre são vistos por Dr. Banner como um erro, um fracasso na tentativa de controlar-se. Fracasso que ele tenta resolver se mudando de uma cidade para outra sempre que Hulk se revela, numa tentativa, também fracassada, de fugir de si mesmo. No final de todo episódio da série, repetia-se a cena de Banner pedindo carona na estrada em direção incerta, cena embalada por uma musiquinha melancólica, aliás, inesquecível.

O que torna Hulk tão especial, a meu ver, é que, diferentemente dos demais heróis, a natureza de seus poderes é involuntária, ou seja, Banner tem muito pouco ou nenhum controle sobre eles. Hulk é para Banner um outro, um estranho. Neste caso, Banner não goza do poder que lhe foi dado, ao contrário, é o poder de Hulk que goza dele, do seu corpo e da sua vida. Nada mais humano que isso, não?

Fonte: https://bit.ly/2TbMj1D

É dito que somos animais racionais, o que supostamente nos possibilitaria ter o controle sobre nossos instintos, paixões e emoções, mas a verdade é que, a todo momento, somos tomados, atropelados por um outro que nossa razão é incapaz de controlar. O tal monstro verde invariavelmente rouba a cena e aí falamos ou fazemos o que não queríamos, poderíamos ou deveríamos falar ou fazer. Mas existe uma pergunta que Banner certamente se faz e que torna seu tormento ainda mais especial e interessante: sua verdade está em Hulk ou no Dr. Banner? Será ele é um Hulk reprimido por Banner ou um Banner atormentado por Hulk? Essa também é uma dúvida que sempre nos atormenta. Quando falamos ou fazemos algo que não queríamos, onde está o nosso eu? No que estava controlado pela razão ou no que conseguiu escapar dela?

O que me provocou a escrever este texto foi o filme – Os Vingadores – lançado nas últimas semanas*, e que eu gostei muito, aliás. Gostei, em especial, pelo Hulk do filme, porque ficou psicologicamente mais parecido com aquele do seriado da década de 80. Dr. Banner, antes de ser convidado para compor o grupo dos Vingadores, encontra-se recluso na Índia, exercendo caridosamente a medicina, evitando assim os estresses que trazem Hulk para a superfície. Fica claro no filme que Banner só aceita se unir aos Vingadores porque lhe garantem que o interesse deles é por seu conhecimento a respeito dos raios gama, ou seja, Hulk não será necessário. Neste momento fica evidente: é Banner negando Hulk.

Fonte: https://bit.ly/2K1jkcL

Mas a maior sacada do filme começa numa conversa entre Tony (o Homem de Ferro) e Dr. Banner, na qual este último, ao tratar de sua condição, se refere ao Hulk como “o outro cara”. Tony, por sua vez, ao perceber o incômodo que Hulk é para Banner, relata a este sua própria experiência de também possuir um estranho em seu corpo, no seu caso, o pequeno dispositivo eletrônico que carrega no peito e que mantém seu coração batendo. O que Tony quer mostrar a Banner é que o mesmo estranho responsável por lhe tornar uma aberração, também é o que lhe possibilitou estar vivo. O médico então conclui: – Você está dizendo que Hulk foi o quem me salvou de sucumbir aos raios gama? Tony não responde… Nem é necessário.

O filme segue e, mais tarde, como era previsível, Hulk irrompe no corpo de Dr. Banner depois que este fica perigosamente preso sob uma viga. E após dar vazão a toda a sua ira, destruindo tudo por onde passa, Hulk se retira para longe, a fim de se acalmar e permitir, então, que Banner retorne. Durante sua ausência, o filme segue e chega ao seu clímax: a aguardada luta do bem contra o mal. E é quando os demais Vingadores já se ocupam desta batalha que Banner aparece entre eles, numa motocicleta. Ao vê-lo chegar em sua frágil forma humana, o Homem de Ferro sabiamente recomenda: – Acho bom você começar a ficar com raiva. E a resposta de Banner é genial, e a meu ver, vale por todo o filme. Ele diz: – Vou te contar meu segredo, (e diz isso enquanto vai se transformando no temível monstro verde e parte com sua fúria para socar o inimigo que avança sobre todos), eu sinto raiva o tempo todo. A cena é genial, porque esta frase é iniciada por Banner e finalizada por Hulk. É possível enxergar nela nosso herói atravessando seu fantasma, se apropriando de sua raiva, aquela que vinha tentando de toda maneira negar e esconder. Vemos Banner convocando e assumindo Hulk, e Hulk raciocinando e falando como Banner. Ali não se trata mais de Banner ou Hulk, mas de uma síntese que inclui Banner e Hulk.

Fonte: https://bit.ly/2PV67Yj

Freud, com seu conceito de inconsciente, nos fez compreender que, ao contrário do que tendemos a crer, o eu não é o senhor em sua própria casa. Lacan, em sua releitura de Freud, também vai tratar desta divisão do sujeito afirmando que o sujeito pensa onde não está e está onde não pensa, nos fazendo concluir que o sujeito, na verdade, está nos dois lugares. Partindo dessa premissa da psicanálise poderíamos então concluir que a verdade do meu herói preferido está em Banner e em Hulk, ou seja, ambos são importantes e necessários. A força de Banner está na ira incontrolável de Hulk e a razão de Hulk provavelmente está na inteligência racional de Banner.

Possivelmente amamos os heróis porque nos identificamos com eles. Também recebemos nossos poderes, não tão extraordinários, é bem verdade, mas igualmente perturbadores. Poderes que, às vezes, nos parecem ser nosso maior defeito, mas ao mesmo tempo os responsáveis por nossos maiores êxitos e vitórias. E como fazer se nossa mais potente força é também, nossa pior maldição? O Hulk dos Vingadores nos dá a dica.

Fonte: https://bit.ly/2Fi3s6U

 *Nota: texto produzido no ano de 2012. 

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O Sonho

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Eu estava quase subindo as escadas para me encontrar com Sandra em seu apartamento. Paro. Por que estou fazendo isso? Será que minha vida vai mudar com ela? Estamos destinados a ficar juntos a vida toda? Sandra é uma mulher de vinte e cinco anos, eu tenho vinte e três. Ela trabalha em um jornal cultural do Rio de Janeiro. Posso dizer que ela é uma mulher forte, decidida. Eu nem sei quem sou ou o que vou fazer da minha vida. Posso estar me enganando, e enganando ela.

Meus pais me apresentaram a ela há dois meses. Eles a conheceram em uma festa na Tijuca, ela estava trabalhando para o jornal cultural. Meu pai e minha mãe gostaram muito dela. Dizem que ela vai ser o amor da minha vida, a mulher perfeita, os meus filhos com ela seriam lindos. Eu quis conhece-la, pois eles queriam muito que eu saísse com ela.

Continuo parado no primeiro degrau. Eu não sei se subo para encontrar a Sandra ou se vou embora, não quero magoá-la. Eu digo que estou doente. Ou que houve um imprevisto no trabalho. Eu não quero subir essas escadas. Sento. Começo a discar o número dela. Desisto. Não quero mais ligar. Começo a chorar. Eu não quero mentir para ninguém. Eu gosto de outra pessoa. Enxugo as lágrimas e paro de chorar. Levanto.

Penso na primeira vez que eu e Sandra saímos. Confesso que ela estava linda. Usava um vestido preto com um brilho prateado. Os brincos de prata. Batom vermelho. Nós conversamos sobre tudo da vida. Contei a ela que estava terminando a faculdade de direito. Ela me perguntava várias coisas sobre o curso, tinha um grande interesse na área. Eu me sentia bem com ela. Mas apenas como amigos. Não sei o por quê de eu estar forçando as coisas.

Eu gosto de outra pessoa… Ricardo, um amigo que conheci na faculdade, ele faz letras. Nós sempre conversamos quando saímos para beber. Tenho uma grande afeição por ele. Temos tanta coisa em comum. Um dia nós estávamos em um bar e ele me falou que uma vez estava sozinho na praia do Arpoador em Ipanema, e ele ficou sentado na areia. Era fim de tarde. Várias pessoas passando por ele. E ele imaginou que um dia ele iria ter uma casa com vista para o mar, era seu maior sonho. E nesse lugar ele iria escrever vários livros. Uma grande inspiração, o mar. E ele não parava de falar nisso. Eu perguntei se ele iria viver sozinho nessa casa, respondeu que não sabe. Falei que todo mundo precisa de alguém para viver, todos precisam de um amor. Ele discordou. É uma das coisas que não temos em comum. Ele é engraçado.

Ainda estou parado perto da escada. Meu celular toca. Era Sandra. Não sei o que faço. Acabo atendendo. Ela disse que eu estava demorando muito para chegar ao apartamento dela. Digo que não posso ir, pois minha mãe estava passando mal e eu tinha que vê-la. Sandra acredita. Falo com ela que marcamos outro dia para nos encontrar. Saio do prédio.

Fico andando na calçada, sem um rumo. Chego à praia do Arpoador depois de quarenta e cinco minutos perambulando pela cidade. Decido que vou ficar um tempo sentado na areia observando a noite. Olho para o céu escuro, as estrelas, e a lua, tudo ali mexe comigo. Cada estrela tinha seu lugar no céu, cada uma tinha o que fazer na noite, brilhar. Estava sozinho olhando aquela multidão de estrelas. Eu percebo que estou confuso. Algo está acontecendo dentro de mim. É o fim.

Meu celular toca novamente. Ricardo estava ligando. Eu atendo e digo para ele que estava na praia do arpoador. Disse que me aconteceu quase a mesma coisa que ele teve, mas dessa vez eu não via meu sonho. Eu estava no escuro. Não sabia o que iria acontecer comigo, eu estava perdido. De repente ele me convida para conhecer seu novo apartamento, que era ali em Ipanema mesmo. Disse que tinha umas cervejas para beber. Falei que eu iria e ele me disse o endereço. Levantei-me da areia e fui andando até o apartamento. Cheguei ao prédio.

Quase subindo a escada, paro no primeiro degrau. Eu preciso subir. Penso em como vai ser lá em cima na casa de Ricardo, será que ele está sozinho? Eu preciso soltar o que está aqui dentro do meu peito. Necessito desabafar com ele. Eu preciso dizer algo para Ricardo. Ele tem que me entender. Eu começo a subir as escadas e vejo uma luz, enxergo meu sonho.

Ilustração: Hudson Eygo

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Voltaire – Toda teoria pode ser desafiada

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Posso não concordar com nenhuma das palavras que você disser,
mas defenderei até a morte o direito de você dizê-las.

Voltaire

Conhecido por expressar o ceticismo de forma engenhosa durante certa fase do Iluminismo (embora esta “corrente” exista desde a filosofia grega clássica), Voltaire (1694-1778) engrossou o coro dos que desafiaram as autoridades constituídas de seu tempo, notadamente a Igreja e a Monarquia, e questionou o cânon vigente, colocando em xeque as explicações “prontas” oferecidas até então por estas instituições.

Voltaire, na verdade, era o pseudônimo do pensador parisiense François Marie Arouet, nascido de família classe média e amante da escrita. Com ele, pôde-se concluir que todo fato ou teoria “na história foi revisto em algum momento”, uma vez que seria inconcebível “nascer com ideias e conceitos prontos em nossas cabeças”. Estas observações, não por menos, são precedidas das ideias do filósofo britânico John Locke, para quem a experiência sensorial (e não a reminiscência platônica) “permite a crianças e adultos adquirir conhecimento confiável sobre o mundo externo”.

A partir desta concepção “libertadora” para a época, Voltaire diz que “toda ideia ou teoria pode ser desafiada”, e apesar de as “certezas” oferecidas pelas instituições serem acalentadoras, “por ser mais fácil aceitar as declarações oficiais”, se analisadas a fundo, [tais certezas] não passam de um completo absurdo. Ora, se não existem ideias inatas, tão pouco é concebível um escopo teórico/prático que esteja além da construção cultural, e que vem sendo preservado pela “tradição” e pela história. Daí sua “rebelião” contra as instituições tradicionais.

O leitor já deve ter percebido que em Voltaire é a “dúvida” que se configura como “único ponto de vista lógico”. Como esta postura pode levar a um relativismo e “desacordo sem fim […], Voltaire enfatizou a importância da ciência para estabelecer o acordo (mediação)”. E a educação é outro ingrediente indispensável para esta receita que, segundo o francês, “levam ao progresso material e moral”.

O que diferencia céticos como Voltaire dos sofistas? Para Comte-Sponville, há no ceticismo uma busca pela verdade, o que afasta o viés sofista e configura-se como trajeto tipicamente filosófico, no entanto nunca estão “certos de tê-la encontrado [esta verdade]”. Assim, [os céticos] também se distanciam dos dogmáticos. “Não é a certeza que eles amam, mas o pensamento e a verdade. Por isso gostam do pensamento em ato, e da verdade em potência”. Esta visão, para vários pensadores como Jules Lagneau (1851-1894), é a que deveria nortear todos os filósofos.

Desta forma, é descarta – em linhas gerais – uma eventual inclinação do ceticismo ao pessimismo e/ou negativismo epistemológico. “Cético não é aquele que afirma que a verdade não existe, mas sim aquele que confessa não conhecê-la, sem com isso desistir de procurá-la”, define o pós-doutor Paulo Jonas de Lima Piva, da Universidade São Judas Tadeu.

A Queda da Bastilha, durante a Revolução Francesa, foi um evento fortemente influenciado pelo pensamento de Voltaire

O pensamento de Voltaire influenciou de forma direta a Revolução Francesa, que viria a ocorrer 11 anos após a morte do filósofo – também exerceria a mesma influência sob a Independência dos Estados Unidos. No bojo das demandas apresentadas pelos revoltosos, havia outra concepção voltairiana poderosa: uma preocupação com a liberdade, notadamente a liberdade de pensar. Desta forma, era necessário garantir que as pessoas pudessem expressar seus pontos de vista, mesmo que estes fossem conflitantes com o “establishment”. Daí surge a popular frase atribuída a Voltaire: “Posso não concordar com nenhuma das palavras que você disser, mas defenderei até a morte o direito de você dizê-las”¹.

Vida pessoal

A mãe de Voltaire morreu durante o parto, e o filósofo foi criado com certa “liberdade” pelo pai. De saúde frágil, o francês foi pajem do marquês de Châteauneut, o que lhe possibilitou viajar para a Holanda (Haia), local aonde viria a ocorrer a primeira “peripécia” de Voltaire, o envolvimento com a jovem Olympe Runoyer. Mandado de volta à França, logo se envolve em novo “romance”, desta vez com Susanne de Livry, e inicia uma frutífera produção de escritos, que variaram de poemas a peças teatrais. Numa das obras, com teor sátiro, acaba por ofender ao rei Henrique 4º, o que lhe rendeu um ano preso na Bastilha, local onde recebeu o nome pelo qual ficaria mundialmente conhecido.

Já em liberdade, se envolve numa briga com um cavaleiro da corte e tem que se exilar por três anos na Inglaterra. Lá, conhece pensadores como Young Pope e Berkeley, e lhe chama a atenção como a “liberdade de expressão, a tolerância religiosa e a filosofia” eram nutridas naquele país. Vários anos depois, numa gradativa reaproximação com a França, Voltaire torna-se historiógrafo real e, em 1749, já em Paris, é eleito para a Academia Francesa. Neste ínterim, é convidado para dar aulas de francês ao rei Frederico 2º, da Prússia. “Tudo ia bem até que Voltaire publicou um panfleto atacando Malpertuis, protegido do rei e presidente da academia de Berlim”.

Fugitivo mais uma vez, Voltaire passa a morar em Genebra, e é de lá que ele termina suas maiores obras: “Um Ensaio sobre o Costume e o Espírito das Nações e sobre os Principais Fatos da História, de Carlos Magno a Luís 13”; e “A Era de Luís 14”. Em 1764, em Ferney, publica o “Dicionário Filosófico”.

Diferenças

É interessante observar que não se pode confundir o ceticismo filosófico de que trata Voltaire com o ceticismo científico, para se evitar que se tome “como cético todo o homem que adota para si e sobre as coisas uma postura crítica”. O cientista, ao abraçar uma atitude cética, “faz uso de metodologia específica para criticar conceitos estabelecidos ou fatos tais como se apresentam à investigação científica”.

A separação entre Ciência e Filosofia, no entanto, não é uma questão simples. O método científico, cujo fundamento bebeu de fontes primárias do pensamento universal, consideradas na Filosofia da Ciência, dizem, parece ter perdido muito com esse distanciamento. Questiona-se a divisão entre Ontologia (estudo da natureza do ser) e Epistemologia – afastando questões metafísicas das investigações – e o estabelecimento de certo cientificismo no desenvolvimento da própria Filosofia, influenciado pelo positivismo. Pensadores como Rousseau, Marx e o próprio Gramsci chegaram a mostrar que o avanço científico linear é insuficiente no auxílio à humanidade e seus problemas de toda ordem.²

Voltaire é um dos filósofos mais conhecidos durante o “resgate”, a seu modo, do ceticismo no Renascimento. E os ideais cristalizados pelo francês se tornam, desta maneira, barreiras a serem superadas. Do lado cristão, quem tomou para si esta empreitada foi o filósofo Blaise Pascal (1623-1710), para quem “o ceticismo teria consequências desesperadoras no plano existencial, como o ateísmo”.

Quando morreu, em 1778, Voltaire provavelmente jamais imaginaria que suas posturas sobre as instituições fossem influenciar gerações de estudiosos. Foi através de seus posicionamentos que várias mudanças ocorreram na França, notadamente em relação à liberdade de imprensa, a diminuição dos privilégios do clero e à tolerância religiosa (num país marcado pela luta entre católicos e protestantes). O pensamento de Voltaire também causou grande impacto sobre o que viria a ser a aplicação da proporcionalidade tributária. Curiosamente, a mesma Revolução Francesa que Voltarei ajudaria a eclodir (post mortem), acabou por instaurar o aumento de impostos “para financiar guerras, tanto coloniais quanto napoleônicas”. Enfim, tudo o que se desfruta hoje em termos de liberdades (em todos os sentidos) se deve, e muito, ao filósofo parisiense, que se imortalizou, dentre outras coisas, por acreditar que se deve julgar um homem “mais pelas suas perguntas que pelas suas respostas”.

Primeiro encontro de Voltaire com Frederico, o Grande (Harper’s New Monthly Magazine)

Notas:

¹ – Disponível em http://pensador.uol.com.br/posso_nao_concordar/ – Acesso em 20/01/2014.

² – Trecho da matéria “A evolução do pensamento Cético”, publicada na Revista Filosofia Ciência & Vida – Disponível em http://portalcienciaevida.uol.com.br/ESFI/Edicoes/22/imprime87204.asp – Acesso em 21/01/2014.

Referências:

COMTE-SPONVILLE, André. Dicionário Filosófico. São Paulo: WMF, 2011.

O Livro da Filosofia (Vários autores) / [tradução Douglas Kim]. – São Paulo: Globo, 2011.

Voltaire – Disponível em http://en.wikipedia.org/wiki/Voltaire  – Acesso em 20/01/2014.

Filósofo e escritor francês Voltaire – Disponível emhttp://educacao.uol.com.br/biografias/voltaire.jhtm – Acesso em 19/01/2014.

Ensaios Sobre o Ceticismo / [organizados por SMITH, PLINIO JUNQUEIRA; SILVA FILHO, WALDOMIRO J.]. – São Paulo: Alameda, 2007.

PIVA, Paulo Jonas de Lima. A evolução do pensamento Cético – artigo publicado na Revista Filosofia Ciência & Vida – Disponível emhttp://portalcienciaevida.uol.com.br/ESFI/Edicoes/22/imprime87204.asp – Acesso em 21/01/2014.

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