Sarau ComVida recebe o espetáculo Gerações

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Evento gratuito na Casa com a Música, na Lapa, promove projeto com Reppolho e Danilo Dourado

O Sarau ComVida desta terça, dia 12 de novembro, vai receber um encontro de gerações cheio de talento a partir das 19h, na Lapa. Trata-se do espetáculo “Gerações”, que apresenta a oportunidade aos amantes da Música Popular Brasileira de assistir à união entre o consagrado percussionista Reppolho e o carismático e jovem cantor Danilo Dourado.

Multi-instrumentista, compositor, cantor, arranjador, produtor musical e pesquisador pernambucano, Reppolho é conhecido por acompanhar, por anos, nomes como Gilberto Gil, Moraes Moreira, Elba Ramalha, Pepeu Gomes, Elza Soares, Baby do Brasil, dentre outros grandes artistas. Tem na trajetória solos históricos em diversos shows pelo mundo desde a década de 1980, como no Festival de Montreux, na Suíça, ao lado do Gil. Atualmente, vem apresentando ao grande público seu trabalho solo, que inclui mais de seis álbuns lançados. Destaque para “Tribal Tecnológico”, que conta com participações especiais de ícones da MPB.

Fonte: Arquivo Pessoal

O cantor e compositor Danilo Dourado nasceu na cidade de Ituaçu, na Bahia, onde começou a cantar com apenas 10 anos influenciado pelas filarmônicas locais, por seu avô e por músicos que faziam som nas praças. Hoje, vive no Rio de Janeiro e vem gradualmente se destacando como um novo expoente da MPB e da Worldmusic, tendo inclusive participado do programa do Raul Gil, no SBT, com uma boa repercussão pela excelente desenvoltura. Danilo lançou recentemente o álbum Zabumba, pela Brazil Tree Records (um coletivo de selos musicais do Rio), com direção musical de Hiroshi Mizutani e Felipe Escovedo, e o clipe “Vida que Leva”, produzido pelo seu produtor geral e artístico André Misse, com a direção musical do próprio Reppolho.

O espetáculo Gerações apresenta uma mistura de ritmos variados por meio de composições próprias da dupla. Promovido pela Casa Com a Música em parceria com o Sindicato Nacional dos Compositores Musicais sempre às terças-feiras, o Sarau ComVida tem o propósito de abrir espaço para a diversidade e riqueza das manifestações artísticas. Uma atração diferente a cada terça-feira, apresentando novos talentos e nomes consagrados no universo das artes. E o microfone é aberto para quem quiser mostrar o seu talento ao longo da noite. O evento integra o conjunto de ações que a Casa, apadrinhada por Milton Nascimento, vem realizando para angariar recursos para sua reforma. A entrada é uma colaboração consciente.

Fonte: Arquivo Pessoal

Serviço:
Data: 12 de novembro, terça-feira
Início do Show: 19h
Entrada: colaboração consciente

Local: Casa com a Música

Endereço:  Rua Joaquim Silva, 67, Lapa (RJ)

Mais informações pelo link.

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A espetacularização e o culto ao corpo na contemporaneidade

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A época em que vivemos caracteriza-se por uma sociedade cujos integrantes, em parte, estão bastante preocupados com seus corpos. Para sentir-se bem, é necessário ter o padrão de beleza considerado bonito e ideal. Os valores que antes eram importantes para a construção da identidade do indivíduo, são agora substituídos por padrões estéticos. Não é preciso mais ter cultura, ideologias, crenças, se você tiver um rosto perfeito, um cabelo bonito e um corpo escultural, é possível observar o deslocamento da moral. Caracterizamos aqui a personalidade somática do nosso tempo.

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O documentário “Tabu: cirurgias Plásticas” apresenta-nos ações praticadas pelos indivíduos na busca desse ideal de beleza. Quando falamos em atingir uma identidade corporal, falamos em “Bioascese”. É grande o número de pessoas que não estão satisfeitas com seus corpos, e que, portanto, estão fazendo tudo para alcançar o “corpo ideal social”, aderindo a cirurgias plásticas, rotinas de academia intensas, dietas rigorosas, produtos de estéticas, enfim, estilos de vida que possam propiciar um padrão aceitável para a sociedade homogeneizada.

Ter uma boa aparência se tornou sinônimo de sucesso social. Aqueles indivíduos que não se enquadram nesse novo e “único” modelo de vida passam a ser e sentirem-se excluídos e inferiorizados pela “massa dominante”. É importante destacar que no decorrer desse processo de adequação social estético, o núcleo da identidade do indivíduo vai sendo atingido e deteriorado cada vez mais. A preocupação em ser aceito é tão grande, que todas as outras faces que poderiam ser desenvolvidas e melhoradas são deixadas de lado, desinvestidas literalmente.

As consequências do ideal de corpo perfeito sobre a autoestima e a autoimagem dos indivíduos

Entende-se por autoestima, a auto-aceitação ou auto-rejeição que o ser tem de sua própria imagem. A autoimagem pode ser descrita como a percepção que o indivíduo tem sobre ele mesmo, e sobre os retornos referentes aos seus sentimentos e ações nas relações interpessoais por ele estabelecidas. (FLORIANI, MARCANTE, BRAGGIO, 2010).

A aparência pessoal está intimamente ligada com a satisfação ou insatisfação da pessoa. Quando existe a satisfação com a aparência, a pessoa se gosta, se aceita, e ela só quer manter a sua auto-estima e auto-imagem, consequentemente a sua qualidade de vida. Quando existe insatisfação, a pessoa busca incansavelmente recursos da estética e nunca está contente com ela mesma, quando deveria tratar o seu interior. Nos dois casos, tanto da satisfação quanto da insatisfação pessoal, a pessoa busca pelos recursos da estética. (FLORIANI, MARCANTE, BRAGGIO, 2010, p.1)

Diante disso, nota-se a importância de se ter uma boa aparência na sociedade atual, já que além de estar interligada à uma boa auto-imagem e consequente auto-estima, também tem sido um dos fatores facilitadores no estabelecimento de novas relações sociais.Buscando então um corpo ideal e uma imagem satisfatória, muitos indivíduos se submetem a procedimentos cirúrgicos estéticos, à utilização de cosméticos e a prática de exercícios pesados em academias (FLORIANI, MARCANTE, BRAGGIO, 2010).

É válido ressaltar ainda a relação existe entre a auto-estima e autoconfiança, já que quanto maior for a autoestima da pessoa, maior será também a confiança que ela vai ter ao tomar suas próprias decisões. (FLORIANI, MARCANTE, BRAGGIO, 2010).  Depreende-se então que na contemporaneidade, há uma busca por um corpo mais embelezado, decorrente da supervalorização de determinados padrões de beleza, estabelecidos pela própria sociedade. (SAMPAIO, FERREIRA, 2009).

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Fonte: http://migre.me/vpQ6u

O capitulo “O espetáculo do ringue: o esporte e a potencialização de eficientes corporais” do livro Corpos Mutantes, apresenta informações sobre a potencialização e a grande expansão do uso da imagem como fenômeno de conquista de vários objetivos, dentre eles os esportes corporais como o boxe, o MMA e esportes fisiculturistas. É evidente que atletas precisam e utilizam do seu corpo como objeto para conquistas de competições e de campeonato, consequentemente eles utilizam de varias técnicas para o aperfeiçoamento da condição física, estética e funcional do corpo. No texto escrito por Claudio Ricardo e Silvana Vilodre “O espetáculo do ringue: o esporte e a potencialização de eficiente corporais” é retratado um pouco da história, bem como o desenrolar desse processo de potencialização corporal.

Há diferença na potencialização do corpo entre os atletas e pessoas amadoras. Os atletas buscam solidificação e resistência corporal, a fim de ter maior capacidade física, por exemplo, de levantar pesos, correr, saltar, entre outras modalidades, eles buscam apresentar maior condição física para executar os esportes com maior eficiência e qualidade. Já as pessoas amadoras buscam a prática de esporte como a musculação, apenas para um fim estético, raramente com exceções objetivando a saúde e o bem-estar. Portanto o desempenho e os ganhos entre as duas características são diferentes.

Dentro dessas performances afirma-se que “ainda que apanhar, bater e resistir, sejam atitudes vinculadas ao aprendizado pessoal do lutador e ao seu repertorio corporal, a preparação de seu corpo passa, também pela apropriação de conhecimentos tecnológicos e do nível de cientificização do seu treino” (NUNES, GOELLNER, 2007). Há portanto, um aprendizado corporal e significativo para a conduta do atleta, tanto dentro do ringue como fora dele. Esta preparação é capaz de mostrar ao atleta a capacidade de conseguir sofrer lesões; maior capacidade de suportar dores recorrentes de lesões devido ao grande esforço nos treinamentos; capacidade de adquirir maior resistência física, corporal e também psicológica; capacidade lhe dar com a pressão do esporte, do treinador, das dores constantes, do campeonato, do seu adversário.

Na construção muscular é apresentado diversas técnicas de aprimoramento no ganho de força e resistência física, objetivando a construção corporal do atleta lhe dando uma “identidade” como é o atleta dentro do esporte, se é forte o bastante para vencer uma possível lutar, a genialidade de utilização de técnicas, golpes, se seu corpo é tão esteticamente perfeito afim de intimidação, que se certa forma ele consiga “ostentar” com sua capacidade física, motora, técnica e corporal de atleta. Afirmam também que o confronto visual dos atletas antes da luta gera e expressam nos atletas atributos como força, concentração, fibra, coragem e destemor, sentimentos que na realidade eles precisam para conseguir derrotar o oponente e vencer a luta.

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Fonte: http://migre.me/vpPLQ

 O consumismo vem sendo uma marca registrada em todo o mundo, onde para ter o corpo desejado é preciso gastar com academias, suplementos, esteróides anabolizantes, personal trainner entre outros. O capítulo “o espetáculo do ringue: o esporte e a potencialização de eficientes corporais”, tem como ponto de partida a forma como as pessoas se percebem em meio às outras:

A potencialização do corpo está na forma como percebemos nossas eficiências e deficiências mensuradas na contemporaneidade, através de nossa anatomia e contornos corporais. Julgamos a nós mesmos a partir de um referente corporal cuja  expressão primeira aproxima – se da potência, da jovialidade, da produtividade […] que marca os corpos a partir das performances cada vez mais aproximadas, demarcando sua aparição como um espetáculo a atrair e prender sobre si o olhar do outro. (NUNES, GOELLNER, 2007) 

Observa–se atualmente uma grande espetacularização do corpo, em prol da saúde, beleza ou por uma questão social. A mídia é um dos fatores sociais que vem exercendo grande influência na vida das pessoas, propagando um corpo a ser seguido e a ideia de que “somos o que aparentamos ser”.

Nota-se que na atualidade boa parte da juventude e adultos estão preocupados com a aparência física. Muitos passam a aderir a uma vida de alimentação saudável, frequentam academias e alguns usam o discurso que o faz em prol da saúde, mas na verdade seu objetivo real é o espetáculo do seu corpo. Esta espetacularização está presente em várias instâncias da vida das pessoas, como por exemplo nas redes sociais, como uma forma de propagação de seu desempenho.

Pensar, portanto, o esporte e a cultura física como instância sociais a produzir novas eficiências corporais significa analisar o quanto representações idealizadas de saúde, de beleza estética e de performance estão colaborando para designar, na atualidade, os corpos que não se ajustam a essas eficiências construídas por nossas culturas como sendo deficientes e, por consequência, hierarquicamente inferiorizados ante a expressão de tamanha perfectibilidade(NUNES, GOELLNER, 2007)

Diante de uma análise geral sobre o capítulo, sintetiza-se o seguinte: dois corpos que foram bastantes treinados, entram em uma disputa pelo espetáculo, espetáculo esse experimentado em forma de glória, que é proporcionado pela plateia.

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Fonte: http://migre.me/vpPYU

Os sujeitos fora do padrão de beleza dominante, são tachados como “doentes” mesmo que estejam em ótimas condições de saúde, apenas por terem outros tipos de beleza. A partir daí surgem os preconceitos, os desprezos, a falência da empatia, pelo outro que é diferente do resto. Toda essa compulsão por beleza traz sofrimento e frustração a todos nós. É triste perceber que de fato somos por “dentro” invisíveis, sendo o externo o que temos de mais importante e valorizado pelos outros.

REFERÊNCIAS:

Beleza, identidade e mercado. Psicol. rev. (Belo Horizonte) [online]. 2009, vol.15, n.1, pp. 120-140. ISSN 1677-1168. Acesso em: 08 set. 2016.

DANTAS, Jurema Barros. Um ensaio sobre o culto ao corpo na contemporaneidade. 2011. Disponível em: <http://www.revispsi.uerj.br/v11n3/artigos/pdf/v11n3a10.pdf>. Acesso em: 08 set. 2016.

FLORIANI, Flávia Monique; MARCANTE, Márgara Dayana da Silva; BRAGGIO, Laércio Antônio. Auto estima e auto imagem: A relação com a estética. 2010. Disponível em: <http://siaibib01.univali.br/pdf/FlaviaMoniqueFloriani,MárgaraDayanadaSilvaMarcante.pdf>. Acesso em: 08 set. 2016.

NUNES, Cláudia Ricardo Freitas; GOELLNER, Silvana Vilodre. O espetáculo do ringue: O esporte e a potencialização de eficiente corporais. In: SOUZA, Edvaldo. GOELLNER, Silvana Vilodre (Org.). Corpos mutantes: ensaios sobre novas (d)eficiências corporais. Porto Alegre: UFRGS, 2007. p. 55-71.

SANTOS, Verônica Moura; MEZZAROBA, Cristiano. A percepção da imagem corporal: algumas representações de corpo na juventude. 2013. Disponível em: <http://www.efdeportes.com/efd182/a-percepcao-da-imagem-corporal-na-juventude.htm>. Acesso em: 08 set. 2016.

Tabu Brasil: Cirurgias Plásticas. Direção: Eduardo Rajabally. Coordenação de Produção: Luana Binta. National Geographic, 2013. 47’35. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=7N9wVtONEMY>. Acesso em: 24 mar. 2016.

Fontes da imagem: <http://migre.me/vpP8K>, <http://migre.me/vpP9Q>, <http://migre.me/vpPam>.

 

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A Civilização do Espetáculo: crítica à hipervalorização do entretenimento

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Um público comprometido com a leitura é crítico, rebelde, inquieto,
pouco manipulável
e não crê em lemas que alguns fazem passar por ideias.
Mário Vargas Llosa

 Em seu mais recente lançamento editorial, “A Civilização do Espetáculo”, Mário Vargas Llosa – escritor peruano e Prêmio Nobel de Literatura – traz uma importante provocação acerca do atual panorama cultural do Ocidente, sobretudo no que ele qualifica como o declínio da linguagem – escrita e falada – e a hipervalorização do entretenimento, que passa a ser confundido com a própria cultura (em sentido stricto), conceito que está longe de ser verdade, de acordo com Llosa. “A cultura, no sentido tradicionalmente dado a esse vocábulo, está prestes a desaparecer em nossos dias. E talvez já tenha desaparecido, discretamente esvaziada de conteúdo”, denuncia.

Com 208 páginas e publicado no Brasil pela Editora Objetiva, o livro é um pequeno e poderoso ensaio que lamenta a derrocada da alta cultura, aquela que inevitavelmente leva à reflexão, e aponta para o ápice do entretenimento e da falta de profundidade nas produções artísticas. O resultado deste movimento é que as pessoas estão cada vez mais arredias a temas espinhosos e à própria tomada de consciência quanto à responsabilidade sobre os rumos da própria vida. Neste panorama, “qualquer empreendimento que exija algum esforço intelectual maior tende a ser rejeitado pelo leitor/consumidor em busca de prazeres fáceis e instantâneos”.

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Outro ponto importante, notadamente a partir do ápice secularista no Ocidente, é que a arte passa a ser vista como uma espécie de provedora de experiência estética, algo que até então era visto exclusivamente sob o domínio das religiões – em que pese estas apontarem para a dinâmica religiosa como algo que transcende a mera percepção cognitiva. Neste processo, Vargas Llosa defende a tese de T. S. Eliot, para quem “a divisão entre classes sociais e as respectivas culturas de classe é que mantém coeso e faz prosperar o conjunto da sociedade”. Além disso, num movimento mais aprofundado, Llosa parece se alinhar a Eliot no conceito de que “o legado do cristianismo, berço do pensamento europeu”, não pode ser subestimado. Neste processo, “a religião é necessária, por proporcionar o arcabouço para a cultura e proteger a massa da humanidade do tédio e do desespero”.

O livro também aponta para o fato de que atualmente há uma associação orgânica “entre o julgamento de valor e o sucesso comercial”, o que acaba por tolher produções genuinamente autênticas, referendadas por setores considerados mais eruditos. “A imensa maioria do gênero humano não pratica, não consome nem produz hoje outra forma de cultura que não seja aquela que, antes, era considerada pelos setores cultos, de maneira depreciativa, mero passatempo popular, sem parentesco algum com as atividades intelectuais, artísticas e literárias que constituem a cultura. Esta já morreu, embora sobreviva em pequenos nichos sociais, sem influência alguma sobre o mainstream”, pontua Llosa, para quem

“A distinção entre preço e valor se apagou, ambos agora são um só, tendo o primeiro absorvido e anulado o segundo. É bom o que tem sucesso e é vendido; mau o que fracassa e não conquista o público. O único valor é o comercial. O desaparecimento da velha cultura implicou o desparecimento do velho conceito de valor. O único valor existente é agora o fixado pelo mercado”. (LLOSA, 2013)

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Ainda sobre este ponto, em recente conferência para o projeto Fronteiras do Pensamento, em São Paulo, o escritor chega a comparar os artistas contemporâneos a palhaços, num cenário de constante confusão e oportunismo. Desta forma, os “maiores patifes e embusteiros são celebrados como grandes artistas, e o descaramento e o marketing substituem o talento”. Aliás já não é possível, afirma o autor, discernir com certa objetividade o que é ter ou não ter talento, “o que é belo e o que é feio, qual obra representa algo novo e duradouro e qual não passa de fogo de palha”.

Outra grande crítica feita pelo peruano atinge de cheio o chamado jornalismo sensacionalista. Para ele, esta área foi uma das maiores responsáveis pela propagação da inadequada aproximação entre os conceitos de cultura engajada e a mera produção de entretenimento para as massas. Diante destas circunstâncias, segundo Vargas Llosa, “os intelectuais que alcançam alguma visibilidade na mídia são aqueles que estão mais preocupados com a autopromoção e o exibicionismo do que com a defesa de algum princípio ou valor: afinal de contas, na civilização do espetáculo, o intelectual só interessa quando encarna o papel de bufão”. E mais, Llosa diz que já não há mais uma fronteira que delineia o jornalismo considerado “sério” e o entretenimento puro e simples.

[…] em nossos dias é difícil estabelecer diferença nos vários meios de informação. Porque uma das consequências de transformar o entretenimento e a diversão em valor supremo de uma época é que, no campo da informação, isso também vai produzindo, imperceptivelmente, uma perturbação subliminar das prioridades: as notícias passam a ser importantes ou secundárias sobretudo, e às vezes exclusivamente, não tanto por sua significação econômica, política, cultural e social, quanto por seu caráter novidadeiro, surpreendente, insólito, escandaloso e espetacular. Sem que isto tenha sido proposto, o jornalismo de nossos dias, acompanhando o preceito cultural imperante, procura entreter e divertir informando […]. (LLOSA, 2013)

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Fonte: https://marlanaesquire.files.wordpress.com/2015/12/facebook-detox.jpg?w=676

E o conjunto da sociedade, continua Vargas Llosa, estaria todo “contaminado” por essa “frivolidade” que é mais evidente nos meios de comunicação e meios de produção cultural. Sendo assim, “a cultura procura hoje, mesmo que não o deixe explícito, sobretudo divertir, entreter”. E assim como esta não era a função da imprensa, também não o era da cultura. “A cultura tentava responder às grandes perguntas: que fazemos neste mundo? Temos um destino ou não? Somos realmente livres ou somos seres movidos por forças que não controlamos? Toda essa problemática, que era à qual a cultura procurava dar resposta, praticamente se extinguiu hoje em dia, desapareceu”, lamenta.

Como já apontado indiretamente no alinhamento aos excertos de T. S. Eliot, Llosa também dá especial ênfase aos valores religiosos como elementos estruturantes. Assim, por mais equitativa que seja a lei – um dos baluartes do secularismo –,

“a justiça nunca chega a ser uma realidade tangível e ao alcance de todos […]. Suporta melhor a discriminação, a exploração e o desrespeito quem acredita que após a morte haverá desagravo e reparação para tudo isso”. E por que Deus existe, então? Porque “os homens […] não confiam em si mesmos. E a história demonstra que não deixam de ter razão, pois até agora não demonstramos que somos confiáveis”. (LLOSA, 2013)

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Por fim, em “A civilização do espetáculo”, Mario Vargas Llosa se revolta contra o que classifica de “banalização das artes e da literatura, e o triunfo do jornalismo sensacionalista e da política frívola”. Pessimista e inconformista, faz uma dura radiografia da contemporaneidade a partir de diferentes referenciais histórico-literários, e vaticina que a deterioração da cultura mergulha a todos em crescente embaraço, do qual “poderia resultar, no curto ou longo prazo, um mundo sem valores estéticos, em que as artes e as letras teriam passado a ser pouco mais que formas secundárias de entretenimento, na rabeira daquilo que os grandes meios audiovisuais oferecem ao grande público”. O cenário futuro – assim como ocorre nas assertivas de Nicholas Carr – é sombrio. Pelo respeito e peso que representa Vargas Llosa, deve ser levado a sério e discutido com esmero, sobretudo nas esferas acadêmicas.

 

FICHA TÉCNICA DO LIVRO

A CIVILIZAÇÃO DO ESPETÁCULO

Daniel Pereira
Daniel Pere

Editora: OBJETIVA
Assunto: CIÊNCIAS SOCIAIS – ANTROPOLOGIA
Idioma: PORTUGUÊS
Ano: 2013
Encadernação:  BROCHURA
Páginas: 208

REFERÊNCIAS:

LLOSA, Mario Vargas. A Civilização do Espetáculo; tradução Ivone Benedetti. – 1. Ed. – Rio de Janeiro: Objetiva, 2013;

Em “A Civilização do Espetáculo”, Vargas Llosa analisa a decadência da cultura. Disponível em <http://g1.globo.com/platb/maquinadeescrever/2013/10/13/em-a-civilizacao-do-espetaculo-vargas-llosa-analisa-a-decadencia-da-cultura/> . Acesso em 26/02/2016;

Mario Vargas Llosa e a banalização da cultura. Disponível em <http://www.fronteiras.com/entrevistas/mario-vargas-llosa-e-a-banalizacao-da-cultura> . Acesso em 26/02/2016.

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Programa PET-Saúde: desafios e caminhos para a integração das políticas públicas

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O Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde – PETs, foi desenvolvido pelo Governo Federal, com o objetivo de melhoria dos serviços oferecidos pelas instituições de saúde, através da capacitação e estimulando a produção do conhecimento nos acadêmicos. O programa é direcionado aos cursos da área da saúde: Medicina, Enfermagem, Nutrição, Farmácia, Serviço Social, Fisioterapia, Biomedicina e Psicologia.

O PET-Saúde, busca aproximar os futuros profissionais com a realidade das comunidades atendidas pelas políticas públicas de saúde, através de pesquisas, articulações das práticas e dos serviços, no sentido de integração das atividades. Os acadêmicos bolsistas, auxiliados pelos tutores das universidades e os preceptores, profissionais que atuam nas instituições de saúde, acompanham os atendimentos nas redes públicas e fazem um mapeamento dos serviços e das famílias atendidas, identificando suas necessidades, para as ações de intervenção e solução nos projetos.

O programa oferece como incentivo, uma bolsa no valor de R$ 400,00 para os selecionados. Ismarina Ferreira Fernandes, 23 anos, é estudante do 4°período no curso de psicologia do CEULP/ULBRA. Ela conta que, participou do processo seletivo do PETS-Saúde, com interesse no benefício da bolsa. “Hoje, é a única renda que eu tenho, essa bolsa do PETs, ajuda a custear, transporte, xerox, livros…”, diz.

Ismarina Ferreira Fernandes, acadêmica bolsista do projeto em Saúde Mental – Foto: Walquerley Ribeiro

Depois de ser aprovada na seleção e participar da etapa de conhecimento, a acadêmica Ismarina, viu como funcionam na realidade as instituições de saúde. “É como um conto de fadas – fiquei chocada, leio as leis, vejo as teorias, mas, quando vou acompanhar, a realidade é totalmente diferente”, explica à acadêmica, revelando ainda que, não desanimou diante das situações inversas. “Esse programa veio, além do benefício, aproximar os estudantes da realidade, a faculdade não é abrangente, apenas duas ou três matérias trabalham com as políticas da Rede SUS”, enfatiza.

Pollyana Mota Prates, Precptora do projeto em Saúde Mental –  Foto: Walquerley Ribeiro

Segundo a preceptora do Pets-Saúde, Pollyana Mota Prates, psicóloga do Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas), de Palmas-TO, o público alvo da instituição, são as pessoas com os direitos violados. A psicóloga acredita que, grande parte dos casos de violação dos direitos humanos, pode oportunizar algum tipo de abertura e desencadear algum tipo de fragilidade em relação a problemas com a saúde mental. “Casos de abuso sexual e consumo de drogas, podem ser relacionados como negligência dos pais. Um público muito parecido entre as duas políticas, o SUS e o SUAs, e o PETS-Saúde, através de seus projetos, vem para integrar essa realidade”, ressalta.

Reunião do grupo do Projeto de Saúde Mental – Foto: Walquerley Ribeiro

Projeto: Saúde Mental – Rede

Um dos projetos selecionados pelo Ministério da Saúde tem o objetivo de, articular o Sistema Único de Saúde-SUS e o Sistema Único de Assistência Social-SUAS, integrando os equipamentos desses serviços oferecidos por essas duas instituições em contexto com as redes de atenção em saúde mental. O projeto foi desenvolvido pelas parcerias entre a Universidade Luterana do Brasil – CEULP/ULBRA, Universidade Federal do Tocantins – UFT e Secretaria de Saúde da cidade de Palmas-TO.

De acordo um dos tutores do projeto, o professor de psicologia do CEULP/ULBRA, Jonatha Rospide, a ideia é fazer um mapeamento de todas as potencialidades e fraquezas desses atendimentos e que melhorariam com a integração dos serviços entre o SUS e o SUAs. “Percebemos que existem varias famílias atendidas pelos equipamentos da saúde mental do SUS e ao mesmo tempo por equipamentos do SUAs. Diante disso, podemos trabalhar juntos com esses instrumentos para chegarmos na integralidade, que é um dos princípios do SUS”, diz

Jonatha Rospide, tutor do projeto em Saúde Mental – Foto: Walquerley Ribeiro

O psicólogo, Jonatha Rospide, destaca ainda, a importância do projeto no âmbito acadêmico. “São diversos os benefícios recebidos por esses estudantes bolsistas, a produção de conhecimento, uma melhor formação alinhada com as condições, práticas e realidade dos serviços. Certamente vão poder contribuir melhor com as políticas públicas de acordo com as necessidades da população”, finaliza.

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Jogos Vorazes: a vida como um mero espetáculo

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E se para sobreviver você tivesse que deixar de ser quem é para agradar aos outros?
E se para isso você tivesse que transformar sua vida em um espetáculo?
Você conseguiria?

O filme Jogos Vorazes, lançado em 2011, é uma adaptação do primeiro livro da trilogia também chamada Jogos Vorazes.  Ao assistir o longa, nos damos conta da quantidade de valores que são passados: esperança, perseverança, amizade, amor, coragem. Valores esses que estão sendo esquecidos no dia a dia.  Embora esses valores sejam muito visíveis no filme, é possível notar uma “diminuição” do ser humano, que passa a ser considerado apenas como um produto.

O filme pode ser associado à Teoria do Espetáculo, proposta por Guy Debord (1931-1994). Trata-se de uma teoria crítica sobre consumo, sociedade e capitalismo.

“O espetáculo apresenta-se como algo grandioso, positivo, indiscutível e inacessível. Sua única mensagem é «o que aparece é bom, o que é bom aparece». A atitude que ele exige por princípio é aquela aceitação passiva que, na verdade, ele já obteve na medida em que aparece sem réplica, pelo seu monopólio da aparência” (Trecho do livro, A Sociedade do Espetáculo, de Guy Debord).

Após cometer crime de traição, “como punição pela revolta, cada um dos 12 distritos deve oferecer um garoto e uma garota com idade entre 12 e 18 anos para a “Colheita”. Esses tributos ficarão sobre custodia da Capital e serão transferidos para a Arena Pública, onde irão lutar até a morte, até que reste somente um vencedor.”

Katniss Everdeen, interpretada por Jennifer Lawrence é uma jovem tímida do distrito 12 que perdeu o pai na explosão de uma mina e vive uma vida difícil, com a mãe e a irmã, com quem ela possui uma relação muito bonita.

Chega o dia da colheita e todas as mães de coração partido arrumam os jovens pra o evento. No dia do sorteio a irmã de Katniss é a garota escolhida, mas ela se oferece para ir em seu lugar, um ato de coragem e amor. O outro tributo do distrito 12 é Peeta Mellark interpretado por Josh Hutcherson, um jovem forte e determinado.

Antes de partir para a capital, onde serão apresentados a sociedade e treinados para os Jogos, Katniss promete a irmã que será a vencedora, por ela, e também se despede de seu melhor amigo Gale.

Katniss e Peeta então são levados a Capital, sem saberem se um dia ainda verão suas famílias. Eles embarcam em uma jornada sem volta, tudo muito diferente de suas realidades.

Os 24 tributos são tratados muito bem, adorados pelo público que é fanático pelos Jogos Vorazes, que está agora em sua 74° edição. A única estratégia para se dar bem no jogo é fazer com que as pessoas gostem de você, dessa forma patrocínios irão surgir e com eles virão as regalias. Katniss pensa que não conseguirá, pois não é boa em fazer amigos, mas sua simpatia aparece de forma inesperada e o público passa a adorá-la.

Ao longo dos dias na Capital, Katniss e Peeta são submetidos a mudanças em suas aparências e treinados para se apresentarem bem em público, ou seja, são forçados a se tornar pessoas que não são, tudo isso para agradar os telespectadores. Durante uma entrevista Peeta revela o seu amor não correspondido por Katniss, mas ela pensa que isso não passou de uma estratégia dele para conseguir mais patrocinadores e resolve levar o suposto romance adiante, transformando tudo em um grande espetáculo.

“À medida que a necessidade se encontra socialmente sonhada, o sonho torna-se necessário. O espetáculo é o mau sonho da sociedade moderna acorrentada, que ao cabo não exprime senão o seu desejo de dormir. O espetáculo é o guardião deste sono.” (Trecho do livro, A Sociedade do Espetáculo, de Guy Debord).

Os Jogos Vorazes começam e já no primeiro dia 11 tributos são mortos. Katniss se separa de Peeta e passa a sobreviver devido a suas habilidades de caça. A garota faz uma breve aliança com Rue, uma garotinha do distrito 11. Rue é assassinada, Katniss mata o assassino, e envolve o corpo da menina com flores, um gesto emocionante, já que em um cenário de completo terror ainda é possível ver um pouco de amor e respeito.

O assassinato de Rue causa uma profunda revolta nos moradores do distrito 11, então os organizadores dos Jogos precisam de uma nova estratégia para atrair a atenção do público. Eles então resolvem promover o “amor jovem” de Katniss e Peeta e anunciam uma nova regra: podem haver dois vencedores nos Jogos Vorazes, desde que estes sejam do mesmo distrito. Depois de ouvir a notícia Katniss vai em busca de Peeta, quando o encontra percebe que ele está muito machucado, ela cuida dele e o público fica vidrado na suposta relação de amor dos dois.

Os dois tributos do distrito 12 conseguem ser os últimos e quando acreditam que venceram o jogo os organizadores anunciam que a  regra que dizia que dois poderiam vencer foi suspensa e só um pode sair vivo. Os dois jovens não querem matar um ao outro e concordam em cometer o suicídio comendo amoras envenenadas, pois acreditam que a Capital irá mudar de ideia e preferirá dois vencedores ao invés de um, a estratégia funciona e os dois são declarados vencedores da 74° edição dos Jogos Vorazes.

Embora tenha sobrevivido junto com Peeta, o mentor de Katniss a avisa que ela se tornou um alvo político por ter desafiado os líderes da sociedade publicamente. O filme termina com Katniss e Peeta se apresentando ao seu distrito, felizes por terem conseguido voltar para casa.

Após assistir o filme a mensagem que fica é: na sociedade capitalista e consumista em que vivemos a vida nada mais é que um espetáculo, em que somos meros atores.

REFERÊNCIAS:
http://www.ebooksbrasil.org/eLibris/socespetaculo.html

FICHA TÉCNICA DO FILME:

JOGOS VORAZES

Título Original:  The Hunger Games
Direção e roteiro:  Gary Ross
Elenco: Jennifer Lawrence, Josh Hutcherson, Liam Hemsworth, Donald Sutherland;
País: EUA
Ano: 2012
Gênero:  Ação

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