Infantilização do Idoso e os Impactos em sua autonomia

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O processo de envelhecimento é algo inerente a qualquer ser vivo. Todos e todas iremos envelhecer e o modo que idosos são tratados em sociedade é algo que muda conforme a cultura. Em nossa sociedade ocidental o velho e a velha são considerados cidadãos de menor valor. A violência contra a população idosa é praticada de várias formas. Entende-se violência como qualquer ato que gere danos físicos ou mentais e podem ser praticadas de forma ativa ou passiva.

Dentre as violências físicas, as mais conhecidas e, embora sejam condenadas socialmente, ainda são muito presentes no dia-a-dia, podem ser entendidas como as omissões de cuidados, violência física e sexual como também a patrimonial. Mas existe também um tipo de violência praticada contra essa população que não é percebida, em muitas ocasiões é até mesmo fomentada e incentivada, confundida com o excesso de cuidados, mas que são entendidas como violências simbólicas.

Uma das formas de violência simbólica contra a população idosa é a negação de sua autonomia e esta pode ser percebida de várias formas, uma delas é a maneira infantilizada como esta população é tratada sendo caracterizada pelos exageros de mimos e excesso de diminuitivos no processo de comunicação.

Imagine as familiares da atriz Fernanda Montenegro dizendo: “cada minha gatinha?? vamos gravar a novelinha?!” Ou do ator Anthony Hopkins: “E esse mocinho?? Vamos lá ganhar um oscarzinho?” Pode parecer carinhoso e cuidadoso, mas se referir aos pais e aos avós como crianças: “agora virou meu/minha filhinho/a”, “vamos tomar bainho” é uma forma sutil de violência simbólica que mina a autonomia destes cidadãos e cidadãs. Negar-lhes o direito de ir e vir com a premissa de cuidados não proporciona à essa população a autonomia que lhes é de direito.

Diante do exposto, entendemos que esta é uma forma sutil e dissimulada de violência simbólica contra a população idosa mascarada de cuidado, mas que na verdade nega à essa população parte de sua autonomia uma vez que não se trata de “crianças crescidas” e sim de adultos que possuem plena capacidade cognitiva, mesmo que algumas situações as limitações próprias da idade os impeçam ou limitem a executar algumas funções.

Entendemos que estes comportamentos são práticas comuns em nossa sociedade e não exercida de forma premeditada ou com má intensão e a desconstrução desses padrões é algo que não será de imediato, mas que o debate aberto e sincero é fundamental para a promoção de uma velhice saudável e autônoma, com os devidos cuidados necessários à essa fase da vida. Estamos nos referindo a pessoas que envelheceram. Apenas.

Referencias:

SERRA, J. do N. Violência Simbólica contra os Idosos: Forma Sigilosa e Sutil de Constrangimento. R. Pol. Públ. São Luís, v.14, n.1, p. 95-102, jan./jun. 2010. ISSN 2178-2865. Disponível em: http://www.periodicoseletronicos.ufma.br/index.php/rppublica/article/view/357.

SANTOS, A. A. e S. Et. Al. Atenção no Cuidado ao Idoso: Infantilização e Desrespeito à Autonomia na Assistência de Enfermagem. Rev Pesq Saúde, 17(3): 179-183, set-dez, 2016.

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CAOS: População idosa também merece cuidados

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Nesta quinta-feira 24 de agosto, ocorreu na sala 405 do Ceulp/Ulbra as sessões técnicas com apresentações de trabalhos acadêmicos, no Congresso Acadêmico de Saberes em Psicologia – CAOS. Um dos trabalhos apresentados levava o título “As eventuais infrações contra o ordenamento jurídico brasileiro nas instituições de longa permanência de idosos no estado do Tocantins”, por Victor Hugo Martins Correa e Vinícius Renato de Paula Pires, acadêmicos de Direito da Faculdade Católica do Tocantins (FACTO).

Essas instituições de longa permanência de idosos (públicas ou privadas) são alternativas de cuidados para essa população, onde Estado e mercado dividem com a família essa responsabilidade. No entanto, essa não é uma prática comum no Brasil, sendo muitas vezes confundida com asilos. Através de pesquisa qualitativa, os autores do trabalho buscaram compreender, interpretar e sistematizar como ocorre o cuidado com a população idosa nessas instituições.

Os pesquisadores levantaram algumas necessidades dessa população, como “métodos de prevenção e asseguração em todos os setores e níveis de atuação, independentemente de quaisquer discrepâncias, como as socioeconômicas” e a atuação de profissionais da saúde, inclusive de psicólogos, que se faz imprescindível.

Os resultados e discussões demonstraram que os funcionários seguem as orientações de Tipificação Nacional de Serviços Socioassistenciais para o cuidado dos idosos, promovendo a autonomia, a inclusão social e a melhoria da qualidade de vida dos idosos e que, ainda que os cuidados com os idosos na instituição sejam simples, eles são adequados no que diz respeito as necessidades dos residentes.

Por fim, concluíram que os cuidados não se concentram apenas na área da saúde, mas também na moradia, proteção, alimentação, educação, cultura, lazer, respeito e nos demais direitos assegurados no Estatuto do Idoso, sendo esses adotados nos procedimentos de cuidados da instituição.

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