Uma filha diante da luta da mãe contra um câncer

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Em setembro de 2021, minha mãe sentiu um nódulo na panturrilha, desde então, foi detectada que havia algo que não estava dentro dos padrões normais e então, o especialista solicitou exames de biópsia e imunohistoquímica, e essa notícia já nos atemorizou. Quando o resultado chegou, e foi constatado que a minha mãe encontrava-se com câncer, essa noticia foi devastadora. A princípio pensamos que tínhamos recebido uma sentença de morte, mas ao longo do tratamento tivemos o privilégio de conviver com pessoas que tiveram uma excelente recuperação, vivenciando a “cura do câncer”. 

Uma das frases que mais ouvimos foi que cada caso é um caso. Nesse processo foi importante compreendermos que cada pessoa é única, que o organismo reage de maneiras diferentes, que a doença é classificada por grau, e se a lesão está localizava em um único órgão ou se havia disseminação, conhecida como metástase. Para isso foi necessário um mapeamento do tumor, que foi realizado através de exames como a ressonância magnética, tomografia, cintilografia óssea. 

Após os resultados dos exames, o médico especialista fez uma análise para verificar qual o protocolo seria mais viável, atentando-se as condições clínicas. O caso a principio era cirúrgico, onde minha mãe foi submetida em dezembro de 2021 a uma cirurgia para retirada de um sarcoma em alto grau. Logo após, ela foi encaminhada ao setor oncológico para realização quimioterapia, onde descobrimos que existia uma diversidade de quimioterapia e maneiras de serem administradas. Mas acreditamos no trabalho da equipe, buscamos nos identificar com eles, pois foi de suma importância acreditar no tratamento recomendado. 

Foram necessários novos exames, onde foi diagnosticada uma lesão na fíbula, tendo que passar por outra cirurgia em agosto de 2022, onde está sendo submetida a vários procedimentos para cicatrização, e darmos início as radioterapias.

Diante de um prognóstico ruim, o mais importante foi entender que a vida da minha mãe não foi interrompida, e que seria necessário vivermos um dia de cada vez, buscando desenvolver uma qualidade de vida. 

Em busca da cura de um câncer, tem sido fundamental não comparar com o tratamento de outras pessoas, mas acreditando no protocolo desenvolvido para minha mãe, e mantendo a esperança viva, pensamento positivo apesar de o processo ser longo e muitas das vezes doloroso. 

A rede de apoio tem sido primordial em nossa caminhada, e ela tem sido desenvolvida através dos familiares, amigos, colegas de trabalho, igreja, profissionais da saúde. Portanto foi necessário nos permitir sermos acolhidos, e a rede de apoio tem nos motivado, encorajado, suprido as necessidades físicas, emocionais e muitas vezes financeiras. E essa segurança tem nos proporcionado um caminhar mais colorido, e trazendo saúde mental, enquanto lutamos em busca da cura.

 

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“Uma questão de vida e morte”: a dança finita da vida

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O casal americano Irvin D. Yalom e Marilyn Yalom escrevem, juntos, essa magnífica obra retratando os últimos momentos de uma vida compartilhada embasada em um amor incondicional.  Ambos os escritores, já renomados e reconhecidos mundialmente, decidem redigir juntos um livro impactante, abarcando os seus sentimentos mais profundos e reais, tornando-os palpáveis para nós, leitores. O título por si só já nos impulsiona a refletir: “Uma questão de vida e morte: Amor, perda e o que realmente importa no final”, publicado pela editora Paidós.

Fonte: encurtador.com.br/ijlyL

Essas figuras emblemáticas, sustentadas de muita coragem e sinceridade, nos convidam a entrar na dança de suas vivências mais difíceis, porém mais humanas também. Relatam as experiências e lembranças de mais de 60 anos de matrimônio com muito afinco. No meio de uma situação complicada, decidem iniciar o registro escrito, para servir como fonte de inspiração; para deixar que o livro em si perdure contando essa história, mesmo após suas vozes se silenciarem – após o fim. E claro que conseguiram tal objetivo, com maestria. É um livro para ser lido e guardado na prateleira com um zelo especial. É uma leitura inesquecível que merece ser lida ativamente, sublinhando as partes comoventes e que tanto ensinam sobre uma vida bem vivida, as relações, as adversidades que chegam e o arsenal de sentimentos que advém de cada episódio.

Após Marilyn ser diagnosticada com uma doença terminal que coloca em risco a continuação de sua existência, os dois começam a jornada de detalhar os passos seguintes e cada sensação que surgem nos dias subsequentes, bem como os pensamentos, memórias e questionamentos que vão surgindo a cada consulta médica, nos diálogos compartilhados e nos momentos finais divididos com a família e amigos.

Fonte: encurtador.com.br/JKYZ1

A cada novo capítulo mergulhamos em palavras que conseguem elucidar as emoções mais complexas que um ser humano pode chegar a experienciar. Deparamos-nos com duas perspectivas distintas inteiramente conectadas pelo amor dos dois, que se completam e dão uma força inesgotável ao relato: de um lado temos Irvin, perdendo sua esposa; e do outro, temos Marilyn, sobrevivendo – e vivendo! – os seus últimos meses ao lado do seu marido e outras pessoas importantes.

Apesar de não ser uma leitura fácil, pode ser considerada necessária, pois entramos em contato com temas que na rotina trivial, temos o hábito de ignorar e evitar. Realmente é um assunto que pode alimentar certos medos e receios, mas a finitude é uma certeza implacável que temo. Mesmo que insistamos em carrega-la em absoluto silêncio, fugir pode ser uma opção inapropriada. É fato que iremos nos deparar com um fim, então por que não nos preparamos aprendendo a desfrutar uma vida com mais significado? Esse livro, com certeza, abre nossos olhos e acalenta o coração, servindo como um meio para se encontrar respostas à questionamentos que não ousamos dizer em voz alta.

De alguma maneira, todos nós passaremos por momentos assim. Sentiremos as mesmas dúvidas, os mesmos temores, as mesmas dores, os mesmos sentimentos de gratidão, as mesmas alegrias… Então talvez, após finalizarmos a leitura, estaremos mais preparados para viver a vida até o último suspiro – seja o nosso ou de alguém especial. Estaremos preparados para dançar no ritmo da vida até a última música tocar e as cortinas se fecharem. E então conseguir estar presente, seguir existindo, nas memórias daqueles que ficam, nas fotografias guardadas com carinhos, nas palavras que ousamos escrever ainda respirando…

Por fim, um trecho do livro, para avivar a curiosidade de leitura: “Quanto estamos dispostos a suportar para permanecer vivos? Como podemos terminar nossos dias da forma mais indolor possível? Como podemos delicadamente deixar este mundo para a próxima geração? (…) Escreveremos este diário do que está por vir na esperança de que nossas experiências e observações forneçam significado e socorro não apenas para nós, mas para nossos leitores.”

REFERÊNCIAS

YALOM, I. D.; YALOM, M. Uma questão de vida e morte. São Paulo: Planeta, 2021.

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Na luta contra o câncer infantil, o diagnóstico precoce salva-vidas

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Considerado uma questão de saúde pública, em todos os quatros cantos do mundo, o câncer recebe um novo olhar quando crianças e adolescentes são acometidos da doença. Conforme, o Ministério da Saúde (MS), o câncer é a primeira causa de morte entre crianças e adolescentes, de 0 a 19 anos, totalizando 8% das mortes. Diante disso, foi sancionado pela Lei, de número 11.650, em 2008, o Dia Nacional do Câncer Infantil. 

 Celebrado no dia 23 de novembro, a data é uma forma de divulgar a sociedade sobre a importância de levar a criança com regularidade ao médico de sua especialidade, bem como possibilitar um diagnóstico precoce, com o intuito de salvar vidas.   Além disso, apoiar a criança e seus familiares, promover debates e outros eventos sobre o assunto, difundir avanços técnicos científicos relacionados ao câncer infantil estão entre os objetivos da instituição da data, que esse ano completa sete anos, de sua promulgação.

 

Fonte: Freepick

 

Conforme cartilha do Instituto Nacional do Câncer (Inca), a imprecisão dos sinais e sintomas do câncer na infância e na adolescência pode ser confundida com outras doenças comuns entre os jovens, o que leva à demora no diagnóstico. De acordo com a instituição, o câncer infantil tem 80% de chance de cura se o diagnóstico for feito de forma precoce, bem como tratamento adequando. Segundo o instituto, a leucemia é o tipo mais comum de câncer em crianças, seguido de tumores do sistema nervoso central e linfomas.

Dávila (2006) alerta que quando uma criança é diagnosticada com câncer, os pais são os primeiros a necessitarem de ajuda, já que a criança desconhece a doença. “São eles quem vão transmitir ao filho todos os sentimentos provocados pela descoberta do diagnóstico, e quando a família está bem orientada, os efeitos da doença são menos prejudiciais, pois os pais saberão manejar a situação da melhor maneira possível para que ela não seja tão sofrida para a criança.” (Davilla,2006) Ou seja, nesse momento delicado, os pais precisam de uma rede de suporte familiar para lidar com a situação, no intuito de gerar um ambiente saudável, na medida do possível, para a realização do tratamento do filho.

Nesse contexto é preciso ficar atento aos demais filhos.  Sobre isso, Cavicchioli (2005), aponta que a instabilidade emocional provocada pelo câncer infantil nos irmão saudáveis, além de afetar seu comportamento dentro do contexto familiar, também repercute no ambiente escolar. “Provocando uma diminuição do rendimento devido à falta de atenção, indisciplina, agressividade, e em outros casos, introspecção”. (Cavicchioli, 2005). Diante do cenário, é recomendável procurar um psicólogo para atender toda a família.

Fonte: Freepick

 

Em Palmas, Capital do Tocantins, um grupo de pessoas que se colocam a serviço do combate ao câncer, ofertam seu tempo para apoiar, dar esperança e alegria aos pacientes oncológicos, da cidade. Atualmente, o grupo está captando recursos para a construção do Hospital do Amor, para tratamento dos pacientes com a doença, o que inclui os pequeninos. A iniciativa é sem fins lucrativos, e detém como único objetivo o tratamento. Para mais informações o interessado pode ligar no (63) 32129400.

Referências

Cavicchioli, A.C. (2005). Câncer infantil: As vivências dos irmãos saudáveis. Acesso em 05, de nov, de 2021.

Dávila, L. F. C. (2006). El duelo del paciente infantil con cáncer. Acesso: 05, de nov, de 2021.

Hospital do Amor- Disponível em< https://hospitaldeamor.com.br/?fbclid=IwAR1lRYQl1if155_uzK_FYpcx1kbGIoSiRD2AX8Q0lAzh25kBihsfBle78U> Acesso: 05, de nov, de 2021.

 Instituto Nacional do Câncer(Inca). Pelo controle do câncer infantil. Disponível em < https://www.inca.gov.br/sites/ufu.sti.inca.local/files//media_root/rrc-24-rede-pelo-controle-do-cancer-infantojuvenil.pdf> Acesso, 05 de nov, de 2021. 

Planalto, Lei 11.650. Disponível em < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007  >. Acesso 05, de out, de 2011

 

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Após quase morrer de câncer, a solidariedade

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O câncer de mama é uma das doenças malignas que mais acometem mulheres ao redor do mundo. Receber o diagnóstico não é fácil e, a partir dele, a vida se mostra repleta de desafios. Por esse motivo, é tão valiosa a campanha Outubro Rosa, pois tem como objetivo compartilhar informações e promover a conscientização sobre a doença. 

Em março de 2016, quando estava com 35 anos, descobri o câncer de mama. O meu marido foi peça fundamental para a desconfiança e incentivo para procurar por ajuda. Quem descobriu foi ele, que sentiu um caroço na mama e ficou preocupado.

Na época, demorei três meses para fazer o exame. Trabalhava bastante e tinha pouco tempo. Mas aceitei a ideia de fazer o exame. No total, demorou seis meses para descobrir, pois foram três meses para o exame e mais três meses para ser diagnosticada. Parte do tratamento foi muito sacrificante. Na quarta quimioterapia, fui internada com infecção generalizada e neutropenia gravíssima, no qual os médicos me deram somente de quatro a cinco dias de vida.  

Fonte: encurtador.com.br/cEPTY

Perder meus cabelos foi a parte mais difícil. No desespero, cheguei a passar cola no meu cabelo, para não perdê-los. Foi quando realmente caiu a ficha que estava com câncer. Perdi 27 quilos na radioterapia, tive queimadura de terceiro grau e na garganta. Porém no tratamento da quimioterapia, engordei 30 quilos, por conta da grande quantidade de corticoide.

Após essa fase, achei que estava bem, pois tinha terminado o tratamento. Mas veio a suspeita de um novo tumor que demorou seis meses para ser diagnosticado no ovário. Era um tumor benigno, porém estava com várias complicações devido ao tratamento. Tive que retirar o útero e o ovário, o que me tirou o sonho de ser mãe. Foi uma histerectomia radical, levei quarenta e dois pontos na vertical.  

Mesmo após tanto sofrimento encontrei forças e motivação para ajudar outras pessoas. Fundei o Instituto “Unidas para Sempre”. Em janeiro de 2018, criei o grupo junto com amigas que também enfrentavam o câncer. Era um grupo nas redes sociais. Naquele espaço, mulheres com câncer puderam compartilhar suas dores. O número de participantes foi aumentando e tivemos a participação de profissionais que se apresentavam como voluntários. Hoje, o Instituto cresceu e pode ajudar muito mais pessoas.  

Fonte: encurtador.com.br/huQZ4

A iniciativa não ajuda só mulheres com câncer de mama. Crescemos numa proporção que hoje são mulheres com vários tipos de câncer. Também recebemos casos de homens e crianças. A instituição oferece vários serviços gratuitos como micropigmentação, acompanhamento com nutricionista, psicóloga, dermatologista, mastologista, terapeuta sexual, oncologista entre outros.  

Temos parceria com o projeto “Cabelinhos do bem”, que aplica mega hair em pacientes gratuitamente com doações de cabelo. Fazemos doações de cesta básica. Esse ano, conseguimos doar duas toneladas de alimentos. Também estamos com parceiros que oferecem tratamento dentário gratuito.  

Da minha dor, fiz uma bandeira. Por meio desse trabalho, cuido de todas como se fossem minhas filhas. Acredito que existe milagre e faço todos acreditarem que é possível. Para mim, pessoas são milagres, pessoas que ajudam a aliviar essa dor são milagres! E o futuro vai ser bem melhor para todos nós.

Fonte: encurtador.com.br/bivO6
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Auxílio psicológico a pacientes com câncer de mama

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No mês do outubro rosa, mês de conscientização para o controle do câncer de mama, é importante falarmos também de como o câncer pode afetar o psicológico de quem descobre a doença. O câncer de mama ataca a feminilidade da mulher e muitas vezes pode ser muito agressivo necessitando a retirada da mama. O apoio de um profissional da psicologia irá auxiliar a mulher a tornar possível o entendimento de seus medos, angústias, rejeições e outros fatores que influenciam na resposta ao tratamento.

A partir do diagnóstico, a mulher deve estabelecer uma rede de apoio com médicos, psicólogo, nutricionista, fisioterapia, familiares, amigos e outros que participar desse tratamento. Além disso, existem os psicólogos do serviço público que dão suporte, algumas clínicas e hospitais especializados tem esse serviço gratuito para oferecer às mulheres, e existem diversos grupos de apoio conduzidos por psicólogos. A mulher não deve se sentir sozinha nessa jornada.

Sobre a vaidade feminina, vale ressaltar que existe uma cobrança excessiva em relação as mulheres terem o corpo, cabelo e pele perfeitos. Em situações como o câncer, não se consegue ter controle sobre isso. Autoestima significa amar a si mesmo e sua composição está ligada a autoaceitação, autoconfiança e autoconhecimento. Ter autoestima não está ligado ao outro, mas, sim, a si próprio.

Fonte: encurtador.com.br/ghBR0

Além disso, a imagem está ligada à autoaceitação e ao entendimento. Trabalhar a autoestima não tem a ver com usar o lenço para esconder a falta de cabelos, a cabeça careca, e sim em usar o lenço porque você gosta e se acha bonita. Mas porque te faz bem.

Uma curiosidade que vale ser compartilhada é que a sexualidade é considerada pela OMS uma necessidade básica do ser humano. Estudos nos EUA analisam o impacto positivo que a prática sexual tem no bem-estar do paciente. Então, cuidar de si mesma, é se sentir bem, manter sua vida sexual saudável e principalmente trabalhar a tríade da autoestima: autoconhecimento, autoaceitação e autoconfiança. Não é fácil passar por um câncer, mas você pode e deve ter ajuda.

Acho necessário comentar a importância de acreditar na cura. Acreditar não é apenas uma ajuda na sensação de bem-estar.  Acreditar na cura, faz com que a mulher trabalhe todo seu organismo, seus neurotransmissores, seu cérebro para achar caminhos para cura. Acreditar é o primeiro passo para qualquer coisa que iremos fazer, principalmente a cura. A cura começa por você acreditar que irá acontecer. Sendo positiva o tratamento se torna mais leve e a esperança vem.

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A autoestima durante o tratamento do câncer

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A partir do diagnóstico, a jornada do tratamento para o câncer é repleta de desafios. Além da saúde, problemas financeiros tendem a surgir, já que a doença exige exames, consultas, especialistas e, em muitos casos, afastamento do trabalho. Vale lembrar que apenas no ano de 2018, de acordo com o INCA, foram registrados 59.700 novos casos de câncer de mama no Brasil. Não podemos negligenciar o que sentimos, todo cuidado é pouco!

Fui diagnosticada com câncer em 2016, lutei não só contra a doença, mas também contra a burocracia, mesmo com laudos, tratamentos e cirurgias marcadas. A criação do grupo “Unidas para Sempre”, que tem como objetivo dar suporte e apoio ao paciente com câncer e outras patologias, começou a partir de experiências como essa.

A vaidade é parte imprescindível, principalmente na vida das mulheres. O câncer de mama te força a buscar meios alternativos para recuperar sua autoestima, por conta dos impactos causados pelo tratamento. A prótese mamária, por exemplo, não nos deixa sentir mutiladas, como se estivesse faltando um membro.

Fonte: encurtador.com.br/syzK0

É muito além de simplesmente “devolver” a mama, é devolver a sua identidade enquanto mulher. Assim como a micropigmentação, que possui um papel importante, já que sem os pelos no rosto, é como se a gente olhasse para o espelho e ficasse nos procurando. A tatuagem de auréola é outro procedimento que ajuda na recuperação da autoestima da mulher mastectomizada. O desenho realista do mamilo traz de volta o que a pessoa perdeu.

O cabelo é tudo e, sem dúvida, é uma das coisas que mais arrasa com a mulher. Voltar a ver cabelo, mesmo por meio de uma peruca, é como devolver a identidade, o bem-estar e é uma sensação de cura também. Quando fica careca, perde-se toda a sua feminilidade, sua vaidade. É como se a ficha realmente tivesse caído. Isso remete muito a ideia de “estou doente, estou com câncer”. A sensação de colocar um mega hair ou uma peruca é incrível e nos devolve a alegria e a identidade, perdida durante o processo, que nos faz sentir mulher novamente.

Além disso, o acompanhamento psicológico para essas mulheres com câncer de mama é fundamental. A psicologia é o carro-chefe para a cura. A mente tem o poder sobre todo o corpo. Eu digo que a gente não entra em guerra sozinho. Pensar assim foi o meu alicerce. Com certeza, a Psico-Oncologia se torna tão importante quanto os procedimentos médicos de fato, atuando na autoestima, no empoderamento!

Fonte: encurtador.com.br/lwNS5
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Psico-oncologia: conceito e atuação

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A psico-oncologia é uma especialidade de estudo que envolve a Psicologia e Oncologia, esta última compreendida como a ciência de estudo do câncer, seu desenvolvimento e possíveis tratamentos. O início do desenvolvimento dessa área tem suas influências, como aponta Carvalho (2002), ainda em Hipócrates e Galeno, quando questionavam-se a respeito de mente e corpo: um poderia influenciar o outro? Os dois se conectam de alguma forma ou são independentes?

Com a superação da ideia presente na Idade Média de que as doenças eram punições divinas, pôde-se, através de Freud no final do século XIX, ampliar-se o olhar sobre o tema e buscar as correspondências presentes entre os eventos de ordem orgânica e psíquica (CARVALHO, 2002). É a partir do desenvolvimento da Psicologia, Psiquiatria e dos estudos em Psicossomática que compreende-se nos dias atuais a psico-oncologia como uma área da Psicologia da Saúde, responsável por realizar o aperfeiçoamento da saúde através da identificação de fatores psicológicos, comportamentais e sociais da doença (STRAUB, 2005, apud ALVES; VIANA; SOUZA, 2018).

De acordo com Alves, Viana e Souza (2018), a atuação da(o) psicóloga(o) com o paciente oncológico e também com sua família é de crucial importância para que se tornem capazes de ressignificar o sofrimento, auxiliando no enfrentamento do câncer. Considerando que esta é uma doença que tende a ter resultados devastadores caso a descoberta e tratamento sejam tardios, entende-se que afeta todo o núcleo familiar, mobilizando os indivíduos. Tendo em vista a promoção e manutenção da saúde é que os profissionais envolvidos irão atuar, e de maneira especial, a(o) psicóloga(o), no que tange aos aspectos biopsicossociais.

Em relação ao diagnóstico do câncer, a psico-oncologia procura, segundo Holland (1990, p. 11), estudar duas dimensões, quais sejam: “1) o impacto do câncer no funcionamento emocional do paciente, sua família e profissionais de saúde envolvidos em seu tratamento; 2) o papel das variáveis psicológicas e comportamentais na incidência e na sobrevivência ao câncer” (apud Carvalho, 2002). A partir disso, depreende-se que a atuação da Psicologia na Oncologia é voltada não apenas para o paciente e no tempo corrente da doença, mas também para toda sua família e nos casos de cura ou mesmo de retorno ao quadro debilitado.

Fonte: encurtador.com.br/knoL5

No Brasil, o primeiro encontro destinado à psico-oncologia aconteceu ainda em 1989 em Curitiba e logo ocorreu também em São Paulo e Brasília, contando com a presença de vários profissionais da área dedicados a discutir sobre o tema e superar os desafios encontrados através da troca de experiências. Atualmente, contamos com a Sociedade Brasileira de Psico-Oncologia (SBPO), que através da Psico-oncologia procura aplicar-se (Gimenes, 1994, p. 46):

1º) Na assistência ao paciente oncológico, sua família e profissionais de Saúde envolvidos com a prevenção, o tratamento, a reabilitação e a fase terminal da doença;

2º) Na pesquisa e no estudo de variáveis psicológicas e sociais relevantes para a compreensão da incidência, da recuperação e do tempo de sobrevida após o diagnóstico do câncer;

3º) Na organização de serviços oncológicos que visem ao atendimento integral do paciente, enfatizando de modo especial a formação e o aprimoramento dos profissionais da Saúde envolvidos nas diferentes etapas do tratamento (apud Carvalho, 2002).

A respeito dos desafios encontrados, podemos citar o modelo biomédico que pensa a doença apenas como uma manifestação orgânica, sem relação com o psicológico; variedade de abordagens psicológicas e suas respectivas formas de lidar com o paciente oncológico, gerando discussões sobre que aspecto deve ser o norteador da prática; prognóstico do câncer; personalidade do paciente; dificuldade em realizar o trabalho com a equipe multidisciplinar e outros (CARVALHO, 2002).

Diante dos desafios que ainda se encontram e com o objetivo de fomentar a discussão do tema, novos encontros e trabalhos continuam sendo publicados. No mais, como apresentam Alves, Viana e Souza (2018, p. 530), a atuação do profissional em Psico-oncologia vem de ser o de facilitador na “identificação dos medos, dúvidas  e  expectativas  do  paciente”, promovendo bem-estar na medida do possível, além de uma melhor comunicação entre médico e paciente.

Fonte: encurtador.com.br/nC139

REFERÊNCIAS

CARVALHO, Maria Margarida. Psico-oncologia: história, características e desafios. Psicol. USP, São Paulo, v. 13, n. 1, p. 151-166, 2002. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-65642002000100008&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 25  nov. 2020. https://doi.org/10.1590/S0103-65642002000100008.

ALVES, G. DA S.; VIANA, J. A.; SOUZA, M. F. S. DE. Psico-oncologia: uma aliada no tratamento de câncer. Pretextos – Revista da Graduação em Psicologia da PUC Minas, v. 3, n. 5, p. 520-537, 7 mar. 2018. Disponível em: <http://periodicos.pucminas.br/index.php/pretextos/article/view/15992/13025>. Acesso em: 25  nov. 2020.

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“Sete minutos depois da meia noite” e o enfrentamento do luto

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“E no fim, Connor, não importa o que você pensa. O que importa é o que você faz.”

Sete Minutos depois da Meia-Noite é um filme dirigido por Juan Antonio Bayona lançado em 2017. O longa é baseado no livro de mesmo nome escrito por Patrick Ness, tendo como elenco: Lewis MacDougall, Sigourney Weaver e Felicity Jones.

A história se inicia com uma narração que já chama atenção para os dois personagens principais do filme, que diz: “Como essa história começa? Começa como muitas histórias, com um garoto velho demais para ser criança e muito jovem para ser adulto.”

Connor O’Malley é um garoto que não tem uma infância das mais felizes possíveis. Sua mãe está doente de câncer e se encontra numa fase da doença em que nenhum tratamento tem funcionado mais. Além disso, ele sofre bullyng na escola, sendo alvo de constantes violências físicas e morais por parte de um grupo de garotos. Esse cenário difícil e triste tem colaborado para que todas as noites Connor tenha o mesmo pesadelo. Nesse, ele sonha com sua mãe sendo engolida por uma cratera, enquanto ele agarra sua mão tentando segurá-la, acordando sempre antes do fim sem “saber” se ela cai ou não no buraco.

Fonte: encurtador.com.br/fCMTZ

Certo dia, depois de ter tido o pesadelo, O’Malley está desenhando no seu quarto, quando de repente uma árvore gigante e falante aparece em sua janela, dizendo que lhe contará três histórias e que a quarta história será contada por ele e esta será a “sua verdade”.

A primeira história fala sobre um príncipe que assassinou sua amada, para obter o trono enganando sua nação e ainda sendo coroado rei e adorado por estes; a segunda história fala sobre um apotecário (farmacêutico) que se mostrou mais honesto e sincero que um padre; a terceira história fala sobre um homem que era invisível e desejava não ser, mas que ao ter seu desejo realizado não soube lidar com a notabilidade. E o que essas três histórias tinham a acrescentar na vida de O’Malley? Ajudá-lo a enfrentar o processo de luto pelo qual ele iria passar quando sua mãe morresse!

A “verdade” de Connor era essa, conseguir contar e experienciar o pesadelo que ele sempre tinha até o final. Nesse vivenciar, ele conta todo o sonho para a árvore e descobre que o momento em que segura a mão de sua mãe no penhasco, ela cai e é engolida pela cratera.

Fonte: encurtador.com.br/EFUV1

Contudo, ao contar a sua verdade ele se sente muito mau e pergunta a árvore: “Eu não queria que ela caísse, mas eu soltei a mão dela! Como eu pude fazer isso? É tudo culpa minha.” A árvore então lança a reflexão que amarra todo o enredo do filme e diz: “Como um príncipe pode matar e ser amado pelo seu povo? Como um homem pode se sentir mais sozinho quando é visto? (…) Porque os humanos são coisas complicadas. Acreditou em mentiras confortáveis mesmo sabendo a verdade dolorida que fez essas mentiras serem necessárias. E no fim, Connor, não importa o que você pensa. O que importa é o que você faz.”

Portanto, as quatro histórias são usadas para mostrar o quanto o processo de perda de um ente querido se torna doloroso, fazendo com que muitas vezes o familiar se negue a perceber que a morte acontecerá. Del Bianco Faria e Cardoso (2010, p.18) trazem que muitas vezes “as pessoas evitam enfrentar conscientemente a realidade que as ameaça”, na tentativa de amenizar o sofrimento de tal experiência.

Outro ponto a ser observado é o sentimento de culpa experimentado por Connor ao perceber que ele tinha soltado a mão da mãe, numa alusão ao processo de aceitação da morte como certa e inevitável. Nesse momento, ele sente extrema dificuldade em admitir que aceita a morte da mãe, uma vez que a dor e o sofrimento que ele experienciou eram muito intensos, fazendo com que ele desejasse o fim dessas sensações.

Fonte: encurtador.com.br/ijlJP

Muitas vezes os cuidadores de pessoas com câncer se sentem extremamente cansados do processo de contexto da doença. Não por não gostarem do familiar adoentado, mas por sofrerem muito ao verem a pessoa que amam morrer aos poucos. Quando eles chegam a esse ponto, passam a desejar o fim de tudo isso, o que em suas cabeças pode ser confundido com querer a morte do ente querido, acarretando assim em sentimentos de culpa (ULLYSSES DE CARVALHO, 2007)

Connor precisou de tempo para aceitar que a morte da mãe aconteceria, e precisou entender que o fato de aceitar, não o tornava culpado pelo seu falecimento. “Sete minutos depois da meia noite” refere-se ao luto e a morte de forma delicada e verdadeira, demonstrando que a perda é, e ainda será, uma das barreiras mais difíceis a serem enfrentadas pelo ser humano!

FICHA TÉCNICA DO FILME

Fonte: encurtador.com.br/qKTU3

Título original: A Monster Calls
Direção:
Juan Antonio Bayona
Elenco:
Lewis MacDougall,Sigourney Weaver,Felicity Jones
País:
 EUA,Espanha,Reino Unido
Ano:
2017
Gênero: 
Fantasia,Drama

REFERÊNCIAS:
CARVALHO, Célia da Silva Ulysses de. A Necessária Atenção à Família do Paciente Oncológico. Revista Brasileira de Cancerologia, Rio de Janeiro, v. 54, n. 1, p.87-96, nov. 200787. Disponível em: <http://www1.inca.gov.br/rbc/n_54/v01/pdf/revisao_7_pag_97a102.pdf>. Acesso em: 19 maio 2019.

FARIA, Ana Maria del Bianco; CARDOSO, Carmen Lúcia. Aspectos psicossociais de acompanhantes cuidadores de crianças com câncer: stress e enfrentamento. Estudos de Psicologia, Campinas, v. 27, n. 1, p.13-20, mar. 2010. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/estpsi/v27n1/v27n1a02>. Acesso em: 19 maio 2019.

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