A comunicação aumentativa e alternativa nas escolas

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Como o uso do Sistema da Comunicação Aumentativa e Alternativa pode beneficiar as relações e aprendizagem no ambiente Escolar.

18(En)cena entrevista Amanda Lays Santos de Lima, Fonoaudióloga, graduada pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás. Especialista em Distúrbios de Fala e Linguagem e Intervenção ABA para Autismo e Deficiência Intelectual e Experiência em CAA (COMUNICAÇÃO AUMENTATIVA E ALTERNATIVA). Atualmente está trabalhando em uma clínica que tem como público alvo crianças com atraso de neurodesenvolvimento. Intervenções Precoces no Autismo. Capacitação em ABA/TEA e Atraso no Desenvolvimento. Especialista em CAA (COMUNICAÇÃO AUMENTATIVA E ALTERNATIVA). Apraxia de Fala. PROMPT.

 

(En)cena: O que é Comunicação Aumentativa e Alternativa (CAA)?

Amanda Lays: A comunicação alternativa e aumentativa (CAA) pode ser entendida como um conjunto de intervenções que visa tornar mais efetiva a comunicação de um indivíduo. Para esse fim são utilizados sistemas de comunicação que não são essencialmente verbais vocais (como a fala), e que podem ou não ter algum tipo de recurso como auxílio. Essas estratégias são extremamente importantes para que o desenvolvimento das crianças, jovens e adultos ocorra de maneira saudável, sendo muitas vezes crucial para a inclusão escolar, estabelecimento de relações sociais e aprendizado de novas habilidades.Assim como qualquer outro conjunto de intervenções, a implementação da CAA deve ser feita por meio da avaliação por uma equipe multidisciplinar, para garantir que as necessidades da pessoa sejam atendidas.

(En)cena: Como o uso da CAA pode beneficiar alunos em ambiente escolar?

Amanda Lays: O aluno com e sem deficiência e/ou com TEA pode ter benefícios com o uso dos sistemas e recursos de CAA. Os benefícios podem estar relacionados com as habilidades de comunicação e com a adaptação das tarefas pedagógicas, facilitando assim sua interação e comunicação. E para que o aluno consiga utilizar o sistema em ambiente escolar, toda a equipe precisa passar por um treinamento por um profissional especializado, conseguindo assim realizar todas as técnicas de modelagem com o aluno.

(En)cena: Quem participa do processo de seleção e implementação dos sistemas de CAA?

Amanda Lays: Os professores e demais profissionais da equipe pedagógica da escola em conjunto com a família e profissionais da saúde, principalmente o fonoaudiólogo devem ter o conhecimento, reflexão e discussão para que os profissionais estejam sempre alinhados para uma melhor evolução do aluno.

(En)cena: Qual é o melhor momento para iniciar o trabalho com a CAA na escola?

Amanda Lays: É desejável que toda comunidade escolar tenha treinamento e discuta a respeito das linguagens alternativas para iniciar o trabalho com CAA. Mesmo que a escola não tenha um aluno com necessidade complexa de comunicação, os profissionais devem ser capacitados e treinados no uso de sistemas, recursos e estratégias da área da CAA. A escola é um ambiente favorecedor do modelo das linguagens alternativas para todas as crianças e jovens. Quando a escola recebe um aluno com necessidade complexa de comunicação deve estar preparada e organizada para atuar com a diversidade.

(En)cena: Quando podemos iniciar uma prancha de comunicação na escola?

Amanda Lays: A escola deve inserir os sistemas e recursos de CAA sempre o mais cedo possível. Quanto antes a escola envolver seus alunos no contexto das linguagens alternativas, há mais possibilidades de os alunos com alguma necessidade participarem das situações de interação, comunicação e demais tarefas pedagógicas.

Fonte: Acervo Pessoal

(En)cena: Há algum risco de o uso da CAA reduzir as possibilidades de fala do aluno com necessidade complexa de comunicação?

Amanda Lays: Não há riscos! O uso de CAA amplia as possibilidades de os alunos terem acesso à informação e fortalece a aquisição e desenvolvimento da linguagem.

(En)cena: Existe pré-requisitos e/ou idade certa para iniciar a CAA (Comunicação Aumentativa e Alternativa)?

Amanda Lays: Não! Qualquer criança que apresente dificuldade complexa de comunicação pode se beneficiar do uso da CAA, o ideal é que se inicie o quanto antes.

(En)cena: Quem são os parceiros de comunicação?

Amanda Lays: Todas as pessoas que convivem com o aluno, desde familiares, terapeutas e equipe pedagógica.

(En)cena: Como podemos definir os recursos de baixa e alta tecnologia?

Amanda Lays: Os recursos de baixa Tecnologia são os materiais de pranchas, cadernos, livros confeccionados em diferentes formatos para garantir que os alunos possam ter acesso aos sistemas de CAA. Os recursos de alta Tecnologia são os materiais como computadores, vocalizadores, tablet e demais dispositivos móveis que oferecem acesso ao sistema de símbolos.

(En)cena: O recurso de alta tecnologia é melhor que o recurso de baixa tecnologia?

Amanda Lays: Não tem melhor ou pior recurso, tem o ideal para cada pessoa. O melhor recurso é aquele que pode oferecer a funcionalidade de uso para a comunicação, interação e para a participação na tarefa pedagógica. É importante considerar: os domínios do aluno, o ambiente em que será utilizado o recurso, os parceiros de comunicação que vão participar e a tarefa que deverá ser realizada.

 

 

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TDAH ou TPAC? A necessidade do olhar singular sobre o indivíduo para um diagnóstico diferencial

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Desafios em ensinar alunos com Transtorno do Processamento Auditivo Central

Débora Gerbase – Professora e Autora de livros missgerbase@gmail.com – @deboragerbase

 Transtorno do Processamento Auditivo Central (TPAC) é uma condição que impacta a habilidade de processar e interpretar informações auditivas, mesmo em alunos com bastante potencial

Em um cenário educacional repleto de diversidade e complexidade, somos frequentemente confrontados com enigmas que desafiam nossa compreensão e habilidades de ensino. Em um capítulo memorável de minha jornada como educadora, deparei-me com uma intrigante questão: como auxiliar alunos notavelmente corteses, tranquilos e afetuosos, que, apesar de parecerem atentos, enfrentavam dificuldades em reter informações e compreender plenamente as lições apresentadas em sala?

Eles eram alunos calmos, carinhosos, que se esforçavam para prestar atenção em sala de aula. Seus olhares atentos transmitiam a impressão de que absorviam o conhecimento compartilhado. No entanto, algo desconcertante acontecia durante as nossas lições. Ainda que demonstrassem engajamento, quando indagados sobre o tópico discutido, suas vozes ecoavam: “Hã?”, “O quê?”. Era como se o entendimento de tudo que havia sido transmitido se dissipasse no ar.

Foi este momento de questionamento que me conduziu a uma jornada de descobertas acerca do Transtorno do Processamento Auditivo Central (TPAC), uma condição que impacta a habilidade de processar e interpretar informações auditivas, mesmo em alunos com bastante potencial.

Ao adentrar esse universo, tornou-se evidente que a dificuldade encontrada por esses alunos não era um reflexo de desinteresse, mas sim um desafio real. Após uma conversa com especialistas e coordenadores do departamento de bem-estar da escola, fui introduzida ao mundo complexo do TPAC. Esses alunos não buscavam confundir ou desafiar minha autoridade, mas sim enfrentavam dificuldades em processar a informação oral.

De acordo com o Núcleo de Estudos Fonoaudiológicos, o TPAC aflige aqueles que não conseguem processar e compreender os sons de maneira convencional, pois algo no seu sistema cerebral interfere na interpretação adequada dos estímulos sonoros. Ele não deve ser confundido com um distúrbio de aprendizagem. Em um ambiente de sala de aula, isso se traduz em desafios para acompanhar debates, ler e escrever, bem como compreender instruções e enunciados de problemas matemáticos.

                                                                        Fonte: https://br.freepik.com/

O TPAC é uma questão auditiva, não cognitiva, e muitas vezes, os alunos sentem-se constrangidos ao admitir que não entenderam uma instrução ou orientação.

Contudo, a American Academy of Audiology (2010) destaca que essa condição frequentemente é mal interpretada, uma vez que seus sintomas se assemelham a outros distúrbios, como atrasos na fala e transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH). Identificar o TPAC requer uma abordagem sensível e conhecimento aprofundado.

Muitas vezes, estes alunos sequer têm consciência de seu próprio problema, devido ao impacto na compreensão auditiva. O TPAC, como destaca o Núcleo de Estudos Fonoaudiológicos, é uma questão auditiva, não cognitiva, e muitas vezes, os alunos sentem-se constrangidos ao admitir que não entenderam uma instrução ou orientação.

Ainda segundo o Núcleo de Estudos Fonoaudiológicos, crianças com TPAC são diversas e podem manifestar sintomas na sala de aula. Embora somente um profissional habilitado possa diagnosticar, os educadores podem estar atentos aos sinais, como:

  • Habilidades auditivas pobres;
  • Dificuldade em acompanhar o ritmo de colegas;
  • Dificuldade com consciência fonológica;
  • Desafios em leitura e escrita;
  • Sensibilidade a ruídos de fundo;
  • Dificuldade em recordar informações verbais;
  • Repetição frequente de “Hã?”, “O quê?”, “Eu não ouvi”;
  • Necessidade de repetições ou reformulações;
  • Dificuldade em participar de discussões em sala de aula;
  • Desatenção durante as aulas;
  • Dificuldade com enunciados de problemas matemáticos.

Diante disso, como facilitar a compreensão desses alunos?

Em primeiro lugar, os pais precisam buscar ajuda especializada, como o Exame de Processamento Auditivo, conduzido por médicos e fonoaudiólogos. O diagnóstico precoce é crucial. Em segundo lugar, os educadores devem se familiarizar com o transtorno e implementar estratégias que otimizem a escuta e compreensão, a fim de criar ambientes de aprendizado inclusivos e acolhedores. O Núcleo dos Estudos Fonodiólogos sugere adaptações físicas, como:

  • Redução do ruído de fundo;
  • Posicionamento estratégico na sala de aula;
  • Repetição e esclarecimento de instruções;
  • Comunicação clara e pausada;
  • Uso de apoio visual.

Embora não haja cura definitiva, estratégias bem aplicadas podem melhorar a escuta e desenvolver a via auditiva ao longo do tempo. Crianças com TPAC podem prosperar, especialmente quando apoio e compreensão estão presentes. Como pontua o Núcleo de Estudos Fonoaudiológicos, uma atitude positiva, realista e autoestima saudável são catalisadores para o sucesso.

                                                                                                  Fonte: https://br.freepik.com/

Com a combinação certa de apoio, estratégias e sensibilização, alunos com TPAC podem atingir suas metas acadêmicas e pessoais

 

 

Lidar com alunos com TPAC requer paciência e empatia, mas também proporciona a oportunidade de empoderamento. Com a combinação certa de apoio, estratégias e sensibilização, alunos com TPAC podem atingir suas metas acadêmicas e pessoais, reforçando que a superação é alcançável para todos.

Em um mundo onde cada aluno enfrenta suas próprias batalhas em busca do conhecimento, é nosso dever como educadores compreender e abraçar cada jornada singular. Dessa forma, capacitamos nossos alunos a enfrentarem os desafios com coragem e alcançar o sucesso com confiança.

Ao compreender a complexidade do TPAC e as estratégias que podem auxiliar alunos a superar seus desafios, abrimos as portas para um ambiente educacional mais inclusivo e enriquecedor. Cada aluno é uma história única de potencial, e é nosso privilégio como educadores ajudá-los a escrever capítulos de sucesso em suas jornadas de aprendizado.

Biografia:

Fonte: Acervo pessoal

Débora Gerbase é uma professora e tradutora que atua nas áreas de inglês, português e português para estrangeiros. Atualmente, reside em São Paulo, onde concluiu sua formação em Letras – Tradução e Pedagogia e, posteriormente, obteve pós-graduações em Psicopedagogia e Formação de Docentes para o Ensino Superior.

Além de seu trabalho como educadora, Débora é autora dos livros “Sem pé nem cabeça – Expressões idiomáticas em português” e “Manual de Sobrevivência para o Professor Esgotado”, e coordenadora e coautora do livro “A realidade diversa na sala de aula: como lidar com a inclusão e a educação Socioemocional nas escolas” e coautora do livro “Alfabetização Bilíngue: benefícios e mitos na formação de crianças bilíngues”. Tem paixão pelo ensino e aprendizagem, bem como por seu compromisso com o sucesso de seus alunos.

 

Referências:

American Academy of Audiology. Clinical practice guidelines. Guidelines for the diagnosis, treatment and management of children and adults with central auditory processing disorder; 2010.

Núcleo de Estudos Fonoaudiológicos. Orientações à Escola. São Paulo.

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O impacto da audição na qualidade de vida

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Em 3 de março, é celebrado o Dia Mundial da Audição. O que deveria ser apenas um ato de conscientização, tem se tornado um importante alerta para a humanidade. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 466 milhões de pessoas sofrem de perda auditiva no mundo. A entidade afirmou ainda que, até 2050, o número pode aumentar para 900 milhões.

As razões mais comuns vão desde problemas genéticos a alta exposição aos ruídos, como também uso de medicamentos ototóxicos que possuem excesso de antibióticos e diuréticos, além de infecção por vírus e bactérias.

No entanto, os maiores vilões da audição podem estar em nossas mochilas, bolsas, pendurados em nossas orelhas ou em cima de nossas mesas: os fones de ouvido e aparelhos com som muito alto. Sabemos que há músicas que despertam diferentes sentimentos, alguns nos relembram paixões, outras ajudam a lidar com frustrações ou nos animam diante de desafios. Então, a pessoa se empolga e coloca o som lá nas alturas. O resultado é a perda de audição de maneira gradual.

Os primeiros sinais da doença aparecem quando a pessoa começa a solicitar repetições da fala, quando ela mesma começa a falar mais alto, esquece o que foi dito, irrita-se com alguns tipos de sons e, em alguns casos, passa a ouvir um zumbido frequente.

Fonte: encurtador.com.br/cktOT

Outro detalhe importante que pode ajudar é a identificação precoce, o que evita danos maiores. Vale lembrar que quem processa qualquer tipo de som é o nosso cérebro. Portanto, quando aumenta o tempo de privação de som, ele perde habilidades importantes de compreensão de fala, sendo mais difícil o tratamento. Além do mais, o adiamento do uso do aparelho auditivo pode ocasionar no maior agravamento da doença. Nesses casos de tratamento tardio, a tecnologia pode não ser suficiente.

Aqueles que estão mais expostos aos ruídos, no trabalho ou no trânsito, por exemplo, possuem riscos grandes de perder a audição ou parte dela. Caso esteja associada à genética, o risco é ainda maior. Para esses casos, o indicado é o uso de Equipamentos de Proteção Individuais (EPIs) para auxiliar e prevenir. Eles são capazes de diminuir o impacto de sons altos dentro do sistema auditivo.

No geral, o necessário é diminuir a exposição ao ruído e melhorar a alimentação. Hábitos saudáveis não auxiliam só a emagrecer, mas influenciam também em nosso corpo como um todo. Por exemplo, estudos mostram que a ingestão de zinco e magnésio podem colaborar com a prevenção para perda induzida pelo ruído. 

Outra sugestão é promover realmente um descanso auditivo.  Tente diminuir a exposição ao ruído. Caso o seu dia a dia o force a estar em lugares barulhentos, no seu momento de folga, diminua o volume do som. Ouça mais músicas de relaxamento.

Vale ressaltar que quando nossa capacidade auditiva diminui, sentimos a perda de algo importante em nossas vidas. Isso nos impede de nos comunicar e trocar experiências com outros. Há pacientes que se isolam, sofrem com pensamentos de autoestima baixa e podem enfrentar quadros de depressão. Fica claro que ouvir bem é um fator impactante na qualidade de vida, que deve ser escolha número um no ranking de prioridades de qualquer um.

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Sem medo de usar aparelho auditivo

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Antigamente, os aparelhos auditivos eram grandes e até incômodos. Mas muita coisa mudou com o avanço da tecnologia. Apesar disso, há ainda quem sente vergonha de usar ou acredita que só servem para idosos. Infelizmente, esse pensamento tira das pessoas o prazer de voltar a ouvir bem.

Atualmente, os aparelhos estão bem menores, mais discretos, com conectividade direta e processadores de sons confortáveis que facilitam o processo de adaptação. O setor se aperfeiçoou tanto que os aparelhos auditivos são chamados agora de tecnologia auditiva por conta de toda a sofisticação que engloba o sistema.

Há quem se admire com tanta evolução do mercado, como os equipamentos com Bluetooth, um sistema extremamente inteligente que capta, classifica e categoriza os sons, devolvendo ao paciente mais conforto. Além disso, há aplicativos que facilitam a adaptação conforme o ambiente e alguns até já se conectam na internet.

A não utilização de baterias convencionais ou pilhas trouxe mais comodidade e menos peso. Hoje, o carregamento é via lítio, deixando os aparelhos bem mais leves e com fácil manuseio. Antes, eles cobriam grande parte da orelha e eram bastante perceptíveis aos outros. Agora, usa-se olivas, que é tipo uma borrachinha descartável mais confortável, inclusive. Por conta do tamanho melhor, é mais fácil de colocar dentro da orelha, tornando-o quase imperceptível. 

Fonte: encurtador.com.br/eDFW8

Há diferenças entre os aparelhos. Variam de acordo com o grau e o tipo de perda auditiva, coordenação motora e até preferências. É possível escolher se quer o aparelho dentro ou fora da orelha e se deseja com tecnologia simples ou mais avançada. Lembrando que quanto maior a tecnologia, melhor será o processamento do som.

Vale ressaltar que quando a pessoa perde sua capacidade auditiva é prejudicada de diversas formas. Não consegue acompanhar as conversas de amigos e parentes. Alguns correm risco de acidente na rua, por não escutar os sinais de alerta das pessoas ou das buzinas dos carros. Há ainda aqueles que começam a ter quedas mais frequentes. É preciso deixar de lado medo e até preconceito.

Por exemplo, um paciente disse que quando ia à praia, o som do mar parecia como um chuveiro ligado ou uma descarga intermitente. Quando foi para a mesma praia com o aparelho, ele conseguiu ouvir de verdade o som do mar. Esse caso nos mostra que voltar a ouvir bem é ter mais qualidade de vida e ter de volta o prazer de compreender e sentir o mundo a sua volta.

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Perda auditiva prejudica o cérebro e pode causar demência

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A perda de audição dificulta a vida das pessoas. Além da baixa capacidade de prestar atenção no que outros estão dizendo, a falta de estímulo no cérebro pode ocasionar outros problemas, como ansiedade, depressão e até mesmo provocar demência, é o que alerta a fonoaudióloga e Audiologista Cintia Fadini.

A especialista explica que a dificuldade de ouvir bem gera diversos problemas físicos, como, por exemplo, acidentes de trânsito e quedas frequentes. “Isso acontece por não conseguir perceber o som das buzinas dos automóveis e até os alertas das pessoas na rua”.

Além disso, a perda auditiva pode provocar danos psicológicos. Ela diz que muitos ficam frustrados e com vontade de se isolar por não conseguir se comunicar com os outros. “Esse receio de sair de casa faz com que a pessoa se afaste de amigos e parentes, o que gera um quadro de ansiedade e depressão”.  

Dra. Cintia comenta também que, além dessas sequelas, a falta de estímulos em áreas específicas do cérebro pode levar a chance de adquirir algo mais grave: a demência: “É a lei da natureza: se eu não uso, eu acabo perdendo. Esse risco é maior ainda após os 30 anos de vida”.

Fonte: encurtador.com.br/crxST

– Um dia sem ouvir já é suficiente para acabar desencadeando dificuldades em atenção e memória, por exemplo – adverte.  

Fadini ressalta que o cérebro precisa ser estimulado frequentemente para que ele não perca funções cognitivas. Segundo ela, a via auditiva tem a capacidade de mantê-lo ativo constantemente.

– Oferecemos ao cérebro estímulos auditivos quando conversamos e interagimos com alguém. É como se estivéssemos exercitando-o, assim como um músculo, quando falamos e ouvimos – reforça.

Sintomas

Segundo a fonoaudióloga, geralmente, os sintomas começam com leves dificuldades de entender quando uma conversa acontece em um nível mais baixo ou quando a pessoa se incomoda com ruídos e ouve zumbidos leves. A níveis moderados, o som da televisão começa a incomodar e o pedido por repetições de fala são frequentes.  “O problema se torna mais severo e profundo quando se faz necessário gritar para entender uma fala e o zumbido se torna insuportável”.

– É importante acompanhar a saúde auditiva com exames de rotina e consultas ao fonoaudiólogo, além de oferecer ao cérebro estímulos auditivos, conversas e interações para manter o cérebro ativo. Caso se constate a perda auditiva, o indicado é iniciar imediatamente o processo de reabilitação – conclui. 

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Saúde e Educação: Núcleo de Atendimento Educacional Multiprofissional em Palmas/TO

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O Núcleo de Atendimento Educacional Multiprofissional (NAEM), inaugurado em novembro de 2013, tem o objetivo de identificar e acompanhar o desenvolvimento de alunos com altas habilidades e superdotação, auxiliando através de atendimento diferenciado alunos com problemas de aprendizagem, déficit de atenção e hiperatividade.

Em entrevista ao (En)Cena, a fonoaudióloga – com especialização em Psicopedagogia – Renata Collicchio Federighi Costa, que atua na coordenação do Núcleo, aponta que o principal objetivo é que os atendimentos não sigam o modelo clínico.

Renata Collicchio Federighi Costa – Foto: Arquivo Pessoal

Renata Costa explica que a intenção é que o trabalho permita a intervenção a partir de uma visão pedagógica que ajude a elucidar as dificuldades encontradas no processo de ensino, por meio de acompanhamento e orientação educacional aos professores, equipe gestora e família, com foco nos problemas de aprendizagem, alteração da saúde vocal e emocional relacionadas com o desgaste em sala de aula.

Segundo ela, o NAEM pretende “ir ao encontro de um modelo de ensino que busque identificar as habilidades dos estudantes e não os seus defeitos, já que o planejamento pedagógico só é efetivo desta forma”.

O Núcleo tem como público alvo, os estudantes matriculados nas unidades educacionais municipais de Palmas, professores, orientadores, supervisores e diretores das unidades de ensino desta municipalidade, pais ou responsáveis dos educando.

(En)Cena – Quais necessidades levaram as secretarias de Desenvolvimento Econômico e Emprego (Sedem), da Educação e de Desenvolvimento Social a desenvolverem esse projeto?

Renata Costa – O Núcleo de Atendimento Educacional Multiprofissional tornou-se essencial devido à necessidade dos profissionais concentrarem as atividades específicas de cada área do conhecimento em um espaço que oportunizasse o diálogo entre as diversas profissões envolvidas no apoio ao processo pedagógico, sendo este um local que permite que haja entre os multiprofissionais uma discussão interdisciplinar.

A existência de um espaço físico que una as diversas especialidades também proporcionará o desenvolvimento de ações focadas na orientação e formação mais globais, que incluam os dois públicos e consequentemente serão mais eficazes para o processo de ensino na busca de soluções mais promissoras quanto às dificuldades e distúrbios de aprendizagem e a orientação devida ao atendimento dos alunos com altas habilidades/superdotação, onde nestes casos especificamente são necessárias orientações e planejamentos pedagógicos mais específicos, visando a melhoria no desempenho acadêmico e o desenvolvimento do aluno como um todo.

Nesta perspectiva, a equipe multiprofissional da Gerência da Diversidade e Inclusão da atual gestão da Secretaria Municipal de Educação de Palmas / TO – reconhecendo a necessidade desse suporte e diante de seu compromisso com a educação de qualidade, respeitando e valorizando a diversidade humana e cultural, princípio básico para uma Educação Para Todos – propõe a criação do Núcleo de Atendimento Educacional Multiprofissional da Rede Municipal de Ensino. Este em parceria com a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico e Emprego e a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social, por ser uma ação conjunta de forma a fortalecer esta ação, sendo assim uma proposta de política pública municipal.

(En)Cena – Como o núcleo irá identificar esses alunos com habilidades especiais?

Renata Costa – Inicialmente a escola identificará o aluno com suspeita de altas habilidades/superdotação e encaminhará ao NAEM, onde será agendado e a família fará a primeira entrevista com Serviço Social, após por meio de avaliação pedagógica e psicológica e quando necessário fonoaudiológica o aluno será avaliado.

A equipe multiprofissional atuará na perspectiva do modelo da teoria da problematização, para discutir as demandas recebidas e realizar as devidas intervenções.

(En)Cena – O Núcleo, que funciona desde novembro de 2013, oferece quais serviços aos alunos identificados?

Renata Costa – Realiza, pela equipe multiprofissional da Rede Municipal de Ensino, acompanhamento e orientação educacional aos professores. Acompanha ainda a equipe gestora, com foco nos problemas de aprendizagem, alteração da saúde vocal e emocional relacionadas com o desgaste em sala de aula, bem como avaliação psicológica, fonoaudiológica, pedagógica e psicopedagógica aos educandos, com foco nos processos de aprendizagem e no desenvolvimento e acompanhamento dos alunos com altas habilidades/superdotação.

Cabe ressaltar que isso só dá certo porque temos uma equipe multiprofissional. Desenvolvemos uma orientação e planejamento pedagógico global, onde incluímos a escola e a família – já que sua participação é indispensável – para que a avaliação dos educandos tenham caráter multidimensional e para que as análises transcorram de forma mais precisa e clara em relação a problemática encontrada

(En)Cena – E quanto aos professores, como o núcleo auxilia os professores a lidarem com esses alunos?

Renata Costa – O Núcleo realiza capacitação e orientação aos professores, orientadores, supervisores, diretores, e também auxilia os pais e educandos. Sempre, a partir das demandas focadas nas dificuldades e distúrbios da aprendizagem, no processo ensino– aprendizagem e na docência. Esse cuidado vem de especialistas das áreas da fonoaudiologia, psicologia, psicopedagogia, pedagogia e serviço social, no intuito de auxiliar o processo do desenvolvimento tanto criativo com o acadêmico por meio do desenvolvimento teórico.

(En)Cena: – O acompanhamento dos alunos identificados é feito apenas em sala de aula, ou também é desenvolvido algum trabalho dentro de suas casas?

Renata Costa – É feito a partir da identificação das demandas apontadas pelas unidades escolares do Sistema Municipal de Ensino, por meio de um questionário escolar, onde por meio dos resultados, a equipe multiprofissional levanta a demanda para realização das avaliações pedagógica, fonoaudiológica, psicológica e psicopedagógica, para por meio destas planejar e executar acompanhamento e orientação aos professores, equipe gestora e a família. A partir, deste levantamento também são relacionadas as demandas que necessitem de encaminhamentos específicos para outros órgãos competentes. Há ainda, quando necessário, acompanhamento psicológico para os familiares dos alunos atentidos.

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