Palmas recebe o I Fórum Tocantinense de Redução De Danos

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O objetivo é construir um espaço de diálogo coletivo para o debate das ações e estratégias para o fortalecimento da RD no Estado do Tocantins e fortalecer a política no Brasil.

O I Fórum Tocantinense de Redução de Danos, promovido pela Associação Brasileira de Redução de Danos (ABORDA), Coletivo Antimanicomial de Palmas (COLAPA) e Universidade Estadual do Tocantins (UNITINS), com o apoio da Fundação Escola de Saúde Pública de Palmas (FESP), do Serviço Social da Indústria (SESI), do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (SENAC) e do Conselho Regional de Psicologia 23ª Região (CRP-23), e acontecerá no dia 25 de outubro de 2019, das 8:00 às 18:00, no auditório da sede administrativa da UNITINS.

Nesse espaço, pretende-se debater a atual situação da política de Redução de Danos e Saúde Mental com a rede intersetorial da Assistência Social, Educação, Justiça e Saúde, bem como entidades não governamentais, sociedade civil, Conselhos de Classe e setores do controle social. Compreendendo o cenário de retrocessos que as políticas públicas estão vivenciando, em especial no que tange à Política de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas, e as necessidades para uma construção de uma política sobre drogas humanitária que respeite os direitos humanos, a Associação Brasileira de Redução de Danos (ABORDA) vem debatendo, ao longo desse ano, os 30 anos da Redução de Danos no Brasil, seus limites e desafios.

Fonte: Divulgação

Para isso, vão se reunir instituições e atores importantes no Estado do Tocantins envolvidas com a execução da política de drogas, que executam ações de Redução de Danos e trabalham pautadas na lógica de cuidado que respeita as singularidades individuais, os direitos humanos e o exercício da cidadania, especialmente junto às populações-chave.

O objetivo é construir um espaço de diálogo coletivo para o debate das ações e estratégias para o fortalecimento da RD no Estado do Tocantins e fortalecer a política no Brasil com objetivo de minimizar os danos decorrentes do uso de drogas, diminuir o índice de contaminação pelo vírus Hiv/Aids/Hepatites Virais/Tuberculose e outras vulnerabilidades nas populações-chave (usuários e usuárias de álcool e outras drogas, pessoas vivendo com HIV, pessoas em situação de rua, pessoas em sofrimento psíquico e com transtornos mentais, trabalhadores e trabalhadoras do sexo, população periférica e outras).

Fonte: Divulgação

Para alcançar esses objetivos, o Fórum contará com uma mesa dialogada composta por representantes de instituições e movimentos sociais importantes na história da Redução de Danos no Estado, para construir uma linha do tempo da RD no Tocantins e em Palmas. No período vespertino, serão formados grupos de trabalho para discutir as dificuldades da efetivação da Redução de Danos em três eixos temáticos: Estratégias de cuidado em Redução de Danos; Redução de Danos nos espaços de Ensino e Pesquisa; Processos de gestão e garantia de direitos.

O evento é destinado aos trabalhadores, gestores, usuários e familiares das redes intersetoriais (saúde, assistência social, justiça e educação), coletivos e movimentos sociais, Conselhos de Classe, sociedade civil, Universidades e outras instituições de formação, órgãos do controle social e demais atores envolvidos na construção do cuidado pautado nos direitos humanos, respeito à liberdade individual e redução dos danos e vulnerabilidades sociais, psicológicos, biológicos.

Fonte: Divulgação

A inscrição para o evento está sendo realizada por meio do link. Os participantes receberão certificação pela Universidade Estadual do Tocantins, mediante assinatura na lista de frequência.

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(En)Cena presente no 4º Fórum Direitos Humanos e Saúde Mental

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O Fórum de Direitos Humanos e Saúde Mental acontece em Salvador- Bahia.

A acadêmica de Psicologia do Ceulp/Ulbra e estagiária do (En)Cena, Ester Cabral, participa do 4o. Fórum de Direitos Humanos e Saúde Mental, em Salvador- Bahia. O evento é promovido pela Associação Brasileira de Saúde Mental e ocorre de 21 a 22/06, no campus da UFBA. O tema escolhido deste ano foi “Racismos, desigualdades e injustiças sociais”.

Ester participou sob a forma de Comunicação Oral com o tema “Cuidado e promoção de saúde mental e direitos humanos a partir do portal (En)Cena”. A produção também contou com a participação dos professores Irenides Teixeira, Parcilene Rodrigues, Renata Bandeira e Sonielson Sousa.

Fonte: Arquivo Pessoal

A pesquisa abordou a atuação transdisciplinar do (En)Cena, que produz conteúdo cujos temas são o cuidado e atenção psicossocial, saúde e loucura. O Portal é fruto de uma parceria iniciada há oito anos pelos cursos de Psicologia, Comunicação Social e Sistemas de Informação do CEULP/ULBRA, com mais de 2.700 publicações.

Este ano o Fórum de Direitos Humanos e Saúde Mental recebeu centenas de propostas e mais de 900 trabalhos foram aprovados na soma geral de todas as modalidades. O evento é um dos maiores do Brasil, na área, e contou com a participação de profissionais de diferentes áreas de atuação.

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Saúde e Acolhimento das Pessoas Trans é tema de 4º Fórum Permanente de Saúde Mental

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O evento aconteceu no dia 3 de abril, as 14h, no Auditório Central do Ceulp. Fizeram parte da mesa como mediadores: Dhieine Caminski (Psicóloga Especialista em Saúde da Família e Gerente de Saúde Mental da Secretaria de Saúde de Palmas), Byanca Marchiani (Presidente da Associação das Travestis e Transexuais do Estado do Tocantins), Jéssica Bernardo Rodrigues (Área Técnica do Departamento de Apoio à Gestão Participativa/SGEP/MS). O evento foi voltado para a importância de um profissional da área de saúde estar bem preparado para efetuar um acolhimento humanizado aos transexuais.

Bianca relatou que não teve muito apoio de associações durante seu processo transexualizador, já que aqui no Estado do Tocantins as mesmas são escassas. Com 7 anos usando hormônio, surgiu nela a necessidade de organização, como a aceitação do nome social e uma boa elaboração do serviço de saúde publica para este publico. Declarou sentir muita necessidade de uma história de mudança da narrativa de vida dos transexuais, já que a maioria se encontra na prostituição.

De acordo com dados da Atrato – Associação Das Travestis e Transexuais Do Estado Do Tocantins, foi registrado que 90% dos travestis e transexuais que residem em Palmas estão na prostituição por falta de oportunidades de trabalho. O quadro de escolaridade se encontra com  apenas 59,4% das trans que estudaram até o 3º ano do ensino médio e em relação a violência física, 96,4% já sofreram ataques físicos, até mesmo pela própria família. No ano de 2017 foram registrados em Palmas apenas 3 casos de transfobia e homofobia, sendo que acontece com frequência e devido ser sempre alvo de violência e desrespeito, muitas trans se abdicam de irem em busca de seus direitos.

Outro assunto discutido foi que a estigmatização da população trans dificulta no resultado de um bom acolhimento, ainda há uma dificuldade de entender que são pessoas como qualquer outra, sendo preciso a necessidade de reconhecer a humanidade no outro. Outra questão que dificulta é o fato da comunidade supracitada estar sempre em estado de exasperação, isto porque é sempre alvo de violência. De acordo com a Atrato foram registrados no Brasil 3,7 a cada 100 mil pessoas do grupo LGBT sofrem violência, enquanto em Palmas este numero é extremamente alto, sendo 15,8 a cada 100 mil.

Em outro momento, Felipe Pinheiro relatou que iniciou seu processo transexualizador por conta própria, não teve direcionamento e a partir de muita procura foi garimpando os profissionais de saúde para lhe ajudar no processo. Relatou ter sentido muita desrespeito devido a demora por parte de profissionais em agilizarem seu processo, não se sentindo amparado. E ressaltou a importância de fazer exames rotineiros para não colocar a saúde em risco.

Rafael outro mediador que compôs a mesa, disse que é preciso uma ampliação do acesso da comunidade trans aos programas de saúde e direitos oferecidos, com respeito a totalidade. O mediador fez um questionamento ´´Por que precisamos discutir este assunto?“ em seguida respondendo que ´´somos uma sociedade marcada pelo escravismo e patriarcado, mulheres e negros sem autonomia. Este cenário vem se modificando, mas se encontra muito presente o machismo, o racismo e a LBGT fobia“.

Rafael ainda ressaltou a importância de um espaço de informação para discussão de gênero, pois o resultados das mesmas são determinantes sociais e é necessário que se faça parte da política de saúde. É preciso uma maior reflexão, com intuito de garantir acesso em todos os espaços da sociedade, seja na saúde, lazer ou trabalho. Declarou ´´muitos profissionais da saúde não assumem a discriminação, mas reproduzem através de aceitação de comentários e da reprodução de humor negro. Precisamos compreender a nossa responsabilidade enquanto profissionais e sociedade. O Estado brasileiro precisa se responsabilizar pela vida e segurança destas pessoas“.

Por fim o fórum terminou com perguntas/reflexões do publico presente. A acadêmica de Psicologia do Ceulp Ulbra, Monique Débora, relatou que é visível a quantidade dês colegas de curso que ainda se mantém neutros, e muitos justificam com a religião. A acadêmica gerou reflexão. ´´O que Deus fala pra você não tem de ser imposto pra vida do outro. Não existe uma Psicologia Cristã. O curso de Psicologia do Ceulp favorece, mas muitos acadêmicos não adentram a este campo. Que psicologia estamos construindo? Precisamos de mais psicologia e menos cristianismo. Podemos ser cristãos e ainda assim ter uma postura cientifica, a psicologia é uma ciência e não uma religião“, declarou.

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Florianópolis sediará Fórum Internacional de Saúde Mental

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Ocorrerá no dia 12 de Abril de 2018, das 9h às 17h, o 1º Fórum Internacional Novas abordagens em saúde mental Florianópolis, no Hotel Castelmar Florianopólis, Rua. Felipe Schmidt, 1260 – Centro, Florianópolis – SC.

O evento, que contará com congressistas da Irlanda e Inglaterra, tem por objetivo promover um espaço de debates e trocas de experiências entre pessoas e organizações que vêm construindo práticas bem sucedidas no desenvolvimento da boa qualidade dos serviços de saúde mental comunitária, e aquelas que estão em processo de implementação de estratégias de desinstitucionalização e serviços efetivos que melhorem a vida de pessoas em sofrimento psíquico.

A realização de inscrições e mais informações podem ser obtidas no site do evento.

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Vozes para além do previsível: um relato de experiência

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Eu sinceramente me surpreendi de forma positiva com o conjunto da obra do III Fórum Internacional de Novas Abordagens em Saúde Mental, evento que ocorreu neste começo de junho, em parceria com a UFRJ, na capital carioca. Em que pese eventuais problemas, de longe a programação e, sobretudo, o carisma dos conferencistas internacionais – com destaque para o psicólogo norte-americano Oryx Cohen – foram de uma enorme riqueza.

Pois bem, minha jornada pelo Fórum começou com o contato com uma nova – e instigante – maneira de intervenção usada com alguma frequência nos Estados Unidos no que concerne ao tratamento/lida com pessoas que ouvem vozes. Normalmente trata-se de pessoas que são diagnosticadas como sendo psicóticas ou, em casos mais extremos, como esquizofrênicas. Para mim foi surpresa conhecer tão de perto grupos que nos Estados Unidos e em alguns países da Europa – como a Holanda, por exemplo – já se utilizam de estruturas de intervenção onde o profissional de saúde deve se despir de tratamentos concebidos a priori e, como foco principal, ater-se á escuta ativa. Aliás, mais do que uma escuta ativa, o profissional de saúde e/ou psicólogo deve compreender que há uma dimensão da existência para além da normalidade ou da patologização. Esta perspectiva favorece a criação de vínculos de confiança entre os coordenadores de grupos – que são conhecidos como Grupos de Ouvidores de Vozes – e os usuários.

Não se trata – pelo que percebi – de uma tentativa de desqualificar os saberes técnico/acadêmicos ou profissionais, mas, antes, de inverter a lógica do processo terapêutico, onde de fato a centralidade se encontra em cada sujeito, e não no conjunto de técnicas interventivas. É algo radical, num primeiro momento, mas que vem demonstrando resultados surpreendentes, de acordo com os dados apresentados por Oryx. Um destes dados se refere a um estudo longitudinal realizado nos EUA onde se observou dois grupos de pessoas reconhecidas como necessitadas de tratamento psiquiátrico. Um dos grupos recebeu a intervenção num hospital psiquiátrico e o segundo grupo, no mesmo período de tempo, foi cuidado por estudantes universitários – ainda sem discursos que presumem um suposto saber – em casas privadas. Ao final da pesquisa, observou-se uma significativa melhora do segundo grupo em relação ao primeiro.

Chamou-me a atenção o fato de Oryx destacar que, com isso, não quer dizer que todo o saber acumulado e a própria medicalização devem ser rechaçados. No entanto, no mínimo é importante repensar as práticas de intervenção que vem sendo executadas nestes últimos 30 anos. Haveria, portanto, uma tendência a despatologizar os fenômenos – no caso em específico, tornar normal o fato de alguém ouvir vozes – e, com isso, adentrar-se ao universo das pessoas. Literalmente, é preciso ouvir mais para só então o profissional de psicologia ter condições de ser eficaz em sua relação com o outro.

Oryx citou as teses de Carl Jung em uma de suas intervenções, notadamente dentro do conceito do arquétipo do ‘curador ferido’. Parte do pressuposto de que, por um lado, o curador é também um igual ao sujeito adoecido, na medida em que todos compartilham um mal-estar existencial comum á espécie; por outro lado, este curador precisa entender os seus próprios processos internos para, então, com menos resistências, colaborar com os outros. Pareceu-me um exemplo clássico de alteridade, algo preconizado insistentemente na Psicologia e que, dada a sua importância, deve ocupar lugar central na prática.

No mais, para além das palestras proferidas por professores e profissionais do Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul, me chamou a atenção o perfil dos psiquiatras presentes ao evento. Todos foram unanimes em dizer que uma das formas de se estabelecer uma saúde mental pública de qualidade é optando pela não horizontalização dos saberes, evitando assim que o saber médico funcione como gestor, subjugando as demais especialidades.

Juventude e saúde mental

Senti-me extremamente gratificado em ter apresentado um trabalho como parte de meu mestrado interdisciplinar – na UFT – e em consonância com os temas abordados no portal (En)Cena. Com o tema ‘Impacto da Pós-Modernidade na Saúde Mental de Jovens’, pude contribuir com um olhar filosófico, sociológico e psicanalista sobre as eventuais causas de adoecimento dos jovens na atualidade.

Para tanto, me utilizei de autores como Birman, Freire Costa, Bauman, Lipovetsky, Hall, Han, dentre outros tantos. A minha apresentação ocorreu nas dependências do Instituto de Psiquiatria da Universidade Federal do Rio de Janeiro e foi acompanhada predominantemente por psicólogos do Rio de Janeiro, Paraná e Rio Grande do Sul.

Ao final da apresentação abrimos o espaço para uma rodada de conversa, onde puder perceber o interesse dos profissionais da psicologia em se envolver cada vez mais na interdisciplinaridade, sobretudo no que se refere á ampliação do olhar sobre o fenômeno humano, que comporta uma explicação cada vez mais ampla e desafiadora.

Por fim, gostaria de registrar que esta é a segunda vez que viajo com a equipe do (En)Cena e, como já era de se esperar, tudo ocorreu numa enorme harmonia. O portal conseguiu apresentar de forma significativa os serviços que são produzidos pela comunidade acadêmica do Ceulp/Ulbra, foi alvo de muitos elogios e iniciou futuras parcerias, sobretudo com associações de apoiadores e/ou amigos dos usuários do sistema de saúde mental.

Em súmula, a viagem rendeu um enorme crescimento pessoal e profissional. Além da expectativa de, no futuro, montarmos um grupo de Apoio aos Ouvidores de Vozes em Palmas. Um desafio e tanto, mas a altura de qualquer profissional que queira, ao se espelhar na vida de Jung, ser um curador ferido de almas.

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Psicólogo diz que profissional tem que ouvir mais para conseguir empoderar os sujeitos

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No segundo dia de conferências do III Fórum Internacional: Novas abordagens em saúde mental – Rio de Janeiro, a temática do psicólogo norte-americano Oryx Cohen sobre “Grupos e Redes de Ouvidores de Vozes” dominou os debates.

O The Hearing Voices Approach (Abordagem Ouvir as Vozes) consiste numa dinâmica de ouvir uma voz ou vozes que são inaudíveis para outros, num contexto em que até então estas vozes (comparadas à psicose ou, em casos mais graves, com a esquizofrenia) eram rotuladas como sintomas de psicopatologias. De acordo com Oryx, no entanto, não significa que alguém esteja mentalmente doente. Mas, então, como é possível ouvir vozes e ser saudável? Como é possível sair da tentativa de “enquadramento” por diagnóstico e, em seguida, intervir a partir dos saberes estabelecidos pela Psicologia?

Primeiro, para o psicólogo Oryx é necessário que o Grupo de Ouvidores de Vozes (que só pode ser composto por pessoas que ouvem vozes) e/ou as Redes de Ouvidores de Vozes (que aceitam pessoas que não ouvem vozes, mas entendem o processo) deve manter uma espécie de núcleo ético que seja impermeável a alguns aspectos, como a não interferência ou intervenção dos chamados saberes das abordagens clássicas – “afinal, quem melhor do que a própria pessoa para falar de suas demandas?”, questiona Oryx – além de primar por uma conexão estreita entre os integrantes e, por fim, tornar os grupos ou redes como uma dinâmica de comunidade, para evitar serem enquadrados como serviços de saúde mental (o que por si só já implicaria na sobreposição de um saber sobre a vivência de cada integrante do grupo).

De acordo com Oryx, estudos de longo prazo concluídos há alguns anos nos Estados Unidos apontaram para uma eficácia muito maior em abordagens que procuram mergulhar nos universos particulares de cada integrante eventualmente estigmatizado com transtorno mental. “É preciso evitar linguajar técnico, além de que os facilitadores de tais grupos deve se colocar como igual, deixando os seus títulos acadêmicos na entrada do local”, alerta. O pressuposto, então, é enfatizar a experiência de ouvir vozes como um terreno rico de significados e de originalidade. “Perceber o ouvidor de vozes por este prisma amplia a empatia do facilitador e possibilita o desenvolvimento dos integrantes dos grupos”, diz Oryx, ao afirmar que Pesquisa e prática desenvolvidas em parceria com ouvidores de vozes pelos últimos vinte e cinco anos indicam que é este o melhor caminho até este momento.

O III Fórum Internacional: Novas abordagens em saúde mental – Rio de Janeiro é promovido pelo Centro Educacional Novas Abordagens Terapêuticas – CENAT – e conta com o apoio do IPUB/UFRJ (Instituto de Psiquiatria ligado a UFRJ).

Grupos e Redes de Ouvidores de Vozes

Há Redes de Ouvidores de Vozes em 35 países do mundo, incluindo o Brasil. Há mais de 170 grupos de Ouvidores de Vozes só na Inglaterra.

Esta abordagem empoderadora de ajudar pessoas (tanto adultos como crianças) que ouvem vozes está sendo desenvolvida hoje no Brasil. Ela também já tem encontrado impacto significante no modo como ouvidores de vozes e serviços de saúde mental tratam a experiência de ouvir vozes. Esta mudança de perspectiva tem levado a transformações importantes na prática de provedores de serviço em respeito a intervenções com pessoas que ouvem vozes, assim como o desenvolvimento de uma vigorosa rede de suporte de grupo.

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III Fórum Internacional de Saúde Mental conta com conferencista norte-americano

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No primeiro dia de junho de 2017, no South American Copacabana Hotel, Rio de Janeiro, deu-se início ao III Fórum Internacional de Saúde Mental. Com uma programação cheia durante todo o dia, destacou-se a participação do psicólogo norte americano Oryx Cohen, chefe de operações da NEC (National Empowerment Center) e coprodutor do documentário Healing Voices.

Ele iniciou sua fala abordando sobre o arquétipo do curador ferido, que segundo Jung (1919, apud NATEL, 2012) que indica que “a capacidade de curar o outro exige de cada curador o ato de curar a si mesmo”. Nesse sentido, Cohen disse que esse curar a si mesmo está relacionado com o aprender a ouvir melhor e que esse aprender a ouvir melhor pode aprimorar o ambiente para aqueles que convivem com vozes na cabeça (psicose) e que, em muitos casos, são discriminados por isso.

Sobre esta questão foi desenvolvido, nos Estados Unidos, com liderança de Oryx, o programa eCPR, com o intuito de ensinar pessoas a ajudar outras pessoas em momentos de crises emocionais, a partir de três passos: conectar, empoderar, revitalizar.

Cohen explanou sobre o significado de cada letra, em que o “C” leva a pessoa a se conectar emocionalmente com a outra, de coração para coração, apenas ouvindo, demonstrando que está junto dela. O “E” se refere ao ato de, junto da pessoa em crise, criar um ambiente favorável para que ela se empodere, com a premissa de que o poder está dentro de cada um. E finalmente, mas não menos importante, o “R” que induz a pessoa a revitalizar a outra, vendo essa “voltar a vida, voltar com o brilho nos olhos” (sentido figurado).

Esse programa propõe a mudança de pensamento e de discurso daqueles que julgam quem passa por esses momentos de crise, em que as vozes na cabeça surgem com intensidade. Essas pessoas são estigmatizadas como “loucas, doidas, doentes mentais” e afins. Cohen colocou que a pergunta é: “Essas pessoas estão doentes ou estão reagindo a algum problema? O problema está na pessoa ou na sociedade em que ela vive?”. Sociedade essa “que tapa os ouvidos” e todos os outros sentidos, geralmente procurando internação ou intervenção medicamentosa para quem está na crise.

Desse modo, agem de forma analógica a drapetomania, processo no qual, segundo Cohen, os escravos eram diagnosticados como “loucos” quando tentavam fugir e o “tratamento” era receber chibatadas e terem os dois dedões dos pés cortados.

Para finalizar, Cohen deixou duas frases que considera descritivas do programa: “Seja a mudança que você deseja ver no mundo”, de Mahatma Gandhi, e “a salvação do mundo está nas mãos daqueles que são criativamente desajustados”, de Martin Luther King.

O III Fórum Internacional de Saúde Mental continua nesta sexta, dia 2, com uma vasta programação. A equipe do (En)Cena está participando ativamente de todas as atividades e, neste sábado, dia 3, irá apresentar quatro trabalhos durante o evento.

REFERÊNCIA:

NATEL, R. M. G. L. O curador ferido: Xamã e Psicoterapeuta Junguiano, Aproximações do Mito na Formação Junguiana. Associação Junguiana no Brasil, Monografias, SP, 2012. Disponível em: <http://www.ajb.org.br/monografias.php?monografia=63>. Acesso em 01 mai. 17.

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XXIV Encontro Brasileiro de Psicologia e Medicina Comportamental acontece em SP

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O evento será realizado na Universidade São Judas Tadeu em São Paulo

Acontecerá entre os dias 19 e 22 de agosto o XXIV Encontro Brasileiro de Psicologia e Medicina Comportamental. O evento será realizado na Universidade São Judas Tadeu em São Paulo.

O congresso pretender abarcar todas as esferas da análise do comportamento dentro de variados temas, tais como, processos comportamentais básicos e complexos, psicologia clínica, desenvolvimento atípico,  saúde, educação, trabalho, esporte, economia, política, cultura, entre outros.
O objetivo do encontro é o de atender desde os iniciantes da análise do comportamento até os mais profundos estudiosos da área.
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