Caos 2021 – A importância de grupos de orientação familiar para usuário de álcool e outras drogas

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No dia 04 de novembro às 19:00 aconteceu o minicurso: A importância de grupos de orientação familiar para usuário de álcool e outras drogas, mediado pela psicóloga Ana Carolina Peixoto de Nascimento, em continuação ao CAOS – Congresso Acadêmico de Saberes em Psicologia.

O mini curso iniciou com a apresentação do currículo da mediadora Ana Carolina, que contou um pouco sobre sua trajetória e primeiras experiências como profissional psicóloga. A mediadora descreveu sua experiência de trabalho com as famílias de usuários de álcool e outras drogas no CAPS, e ressaltou as dificuldades e barreiras pela busca de um tratamento.  

Após a apresentação formal, a mediadora debateu sobre o assunto que pode ser ressaltado no tema, as drogas. Neste momento, Ana Carolina apresentou o conceito proposto pela Organização Mundial da Saúde do que é uma droga, quais são elas, como se apresentam e os possíveis efeitos que estas causam nos usuários e as consequências que trazem para eles e também para a família.

Sobre a família, a mediadora aponta a sua importância e ressalta que a participação desta se apresenta em diversas nuances. A principio, a família aparece como fundamental participação no processo que o usuário vive dentro de uma instituição como CAPS, visto que sua presença vai desde o receber acolhimento da instituição enquanto família, até promover apoio ao usuário que está em situação de vulnerabilidade e sofrimento. A mediadora esclarece ainda que a participação da família é importante para garantir a compreensão de como as relações familiares destes são estabelecidas, e como elas operam no surgimento e manutenção dos sintomas apresentados pelo usuário. 

Ademais, durante todo o tempo o minicurso contou com a participação ativa dos que estavam presentes, com bastante perguntas, apontamentos e relatos pessoais. 

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Caos 2021: A importância de grupos familiares para usuário de álcool e outras Drogas

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Chegamos ao segundo dia do 6º Congresso Acadêmico de Saberes em Psicologia – CAOS. Dentre vários minicursos propostos para os inscritos no evento, nessa manhã do dia 04 de novembro, quem ministrou um dos minicursos foi a Assistente Social, graduada pela Universidade Federal do Tocantins – UFT, Maísa Carvalho Moreira.  

O minicurso abordou o tema “A importância de Grupos Familiares para Usuário de Álcool e outras Drogas”, com transmissão pelo Google Meet, e interação com a formadora pelo chat e pelo microfone.  

A Assistente Social Maísa Moreira Carvalho iniciou o minicurso agradecendo pelo convite e que é sempre importante compartilhar o conhecimento, falou também das suas experiências e sua jornada como Assistente Social, e que hoje trabalha com consultório na rua onde trata diretamente com usuários de drogas e moradores de rua.

Durante o minicurso a formadora descreveu alguns conceitos importantes para abordar o tema, como por exemplo, o tipo e uso de drogas, tanto as lícitas quanto as ilícitas e do conceito da dependência química. Relatou a sua experiência do CAPS AD III- Centro de Atenção Psicossocial, que oferta um tratamento de portas abertas e voluntário trabalhando com o vínculo afetivo e nunca obrigando o usuário ao serviço prestado. Explanou que nem todos os casos são acolhidos pelo serviço do CAPS AD III, e que são direcionados para outros serviços da rede de apoio do Sistema Único de Saúde. 

Informou que dentro dos Grupos de Familiares é importante estimular e trazer para o grupo mais pessoas para participarem aumentando as chances de resultado positivo é melhor para o paciente. Disse que não é fácil para a família estar nessa situação em ver o sofrimento do usuário e que os familiares são essenciais no tratamento do usuário de droga e que sozinho não vai conseguir lhe dar com a sua doença. E que a internação compulsória pode atrapalhar o vínculo com a família 

 Os cursistas participaram e interagiram com interesse na explanação da formadora e a mesma respondeu com tranquilidade as perguntas e indagações locando à disposição como profissional de saúde atuante com esse público, dando a sua contribuição no esclarecimento de dúvidas em relação ao tratamento dos usuários em drogas e álcool. A ministrante falou que o objetivo do minicurso não é findar a discursão sobre o assunto, mas buscar na ciência a ajuda para solucionar ou amenizar o problema.   

O segundo dia de programação do Congresso Acadêmico de Saberes em Psicologia só está começando e ainda dá tempo de se inscrever no CAOS, pelo site www.ulbra-to.br/caos/edicoes/2021/.

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Habilidades sociais na infância: relato de experiência clínica

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É de extrema importância as habilidades sociais na vida das crianças, uma vez que elas vão precisar do treino para assertividade, sabe estabelecer bons relacionamentos e ter bom desenvolvimento dentro da sociedade, com os bons costumes que são esperados deles no relacionamento com os pais, familiares, professores e colegas, com quem convivem diariamente.

Foram feitos 9 encontros com o grupo. Estes encontros eram semanais, aos sábados pela manhã, com duração de uma hora e meia cada encontro. O grupo era composto por duas crianças entre nove e onze anos de idade e duas estagiárias de psicologia. Durante todo o grupo pudemos acompanhar o desenvolvimento de dois pacientes, ambos sempre participativos, mesmo diante das dificuldades encontradas para realizar as atividades, porém sempre se mostraram dispostos e interessados no processo. Enquanto acadêmicas foi muito importante essa experiência, visto que para a carreira profissional lidar com demandas que visam este crescimento pessoal e social dos indivíduos, também exige de nós novas habilidades de enfrentamento, criatividade dentro dos processos e interesse em aprender junto com eles.

O formato em que a disciplina foi ministrada foi muito eficiente visto que se teve oportunidade de aprender dentro do seu processo, que você estava conduzindo com seus clientes, bem como aprender na troca de ideias com os demais grupos no momento da supervisão com a professora. Foi possível discutir questões que poderiam aparecer durante os encontros, que ainda não haviam aparecido, bem como se preparar para situações que pudessem ocorrer.

Fonte: encurtador.com.br/klqC6

No 1º encontro fizemos uma coleta de dados e queixas, bem como a apresentação da proposta grupal para os pais. Foi proposto pela supervisora de estágio, Prof.ª Ana Beatriz, que marcássemos um horário com os responsáveis, apresentando a proposta grupal, coletando os dados e verificando se a queixa inicial permanece a mesma ou se fora alterada. Também se faz necessária a assinatura do termo de ciência referente as faltas que é de prática do serviço escola.

No 2º encontro trabalhamos o tema autocontrole e expressividade emocional. A proposta do encontro é trabalhar as emoções, sabendo reconhecer as suas e identificar a dos outros, bem como aprender a expressar as suas emoções, falar sobre elas. O objetivo era que eles soubessem identificar seus sentimentos, saber lidar com eles, controlar seu próprio humor e tolerar frustrações. Trabalhar com eles a caixinha dos sentimentos com a história da mitologia grega da “caixa de pandora”, também pedimos para eles colorirem o sentimento com a dinâmica “os sentimentos têm cores” e depois tentar identificar os sentimentos das respectivas figuras na dinâmica “eu tenho sentimentos”. Ambas as dinâmicas foram propostas por Prette (2013).

No 3º encontro falamos sobre habilidades de civilidade, entendida como expressão comportamental aceitas ou valorizadas em uma determinada subcultura, com objetivo de trabalhar as boas maneiras, compreender a necessidade de conviver com as pessoas, demonstrar criatividade, seguir regras, falar de si e ouvir o próximo. Já no 4º encontro foi tratado sobre a empatia como ferramenta contra o comportamento violento, vem de encontro com o tema da primeira sessão, porém a proposta é que agora criem-se repertórios de se colocar no lugar do outro, compreendendo e sentindo o que o outro sente. É esperado que ao final da sessão as crianças tenham trabalhado habilidades que permitam: observar, prestar atenção e ouvir o outro, demonstrar interesse e preocupação pelo outro, reconhecer sentimentos, compreender situações, demonstrar respeito às diferenças, expressar compreensão pelo sentimento e experiência do outro, oferecer ajuda e compartilhar.

Fonte: encurtador.com.br/mnU46

No 5º encontro a temática foi assertividade, pois trabalha a noção de igualdade de direitos e deveres, com objetivo de refletir a importância da sinceridade, elogiar, incentivar, compreender o significado das palavras (sim e não). No 6º encontro discutimos sobre soluções de problemas interpessoais com intuito de trabalhar habilidades sociais como de autocontrole, expressividade emocional, empatia, assertividade, relatando a importância de acalmar se diante de uma situação problema, pensar antes de tomar decisões, avaliar possíveis alternativas de soluções de problemas.

No 7º encontro os intrudimos sobre fazer amizades ao trabalhar habilidades específicas para realização de como se fazer amizades, relatar a importância da convivência com os outros, as funções das amizades, a importância de refletir sobre o sentimento gostar. No 8º e penúltimo encontro trabalhamos habilidades sociais acadêmicas. Este encontro tem como proposta trabalhar as principais classes de habilidades acadêmicas como seguir regras, prestar atenção, imitar comportamento socialmente competentes, autocontrole, orientação para a tarefa, elaborar e responder perguntas, oferecer e solicitar ajuda, busca por aprovação de desempenho, reconhecer e elogiar desempenho dos outros, cooperação, atendimento de pedidos e participação das discussões em classe.

No 9º e último encontro demos as devolutivas. Este foi o dia em que se finaliza os encontros, o encerramento será realizado com a reunião de todos os participantes, os estagiários relataram a devolutiva com os pais, realizam encaminhamentos de atendimentos se caso necessário, ou realizam o desligamento do mesmo. Com delicioso café da manhã, as crianças recebem medalhas, que serão representadas pelo seu ótimo desenvolvimento no grupo, superando suas dificuldades e aprendendo suas novas habilidades sociais.

Fonte: encurtador.com.br/bnqvL

Desenvolver as habilidades sociais na infância é poder construir relações mais efetivas, fazendo uma melhor interação com os demais. De acordo com Prette (2013) vivemos numa sociedade que se modifica rapidamente e assim devemos responder com novas práticas de habilidades e novos aprendizados, para poder lidar melhor com essa realidade, sendo mais positivo desenvolver na infância.

De acordo com Freitas (2006, p.251) “além de que outros estudos indicam que o desenvolvimento de habilidades sociais na infância pode se constituir em um fator de proteção contra a ocorrência de dificuldades de aprendizagem e comportamentos antissociais”. Contudo o fator de proteção para suas dificuldades tanto de comportamentos como aprendizado, desenvolve qualidade de vida para o sujeito desde infância.

Prette (2013) também relata em seu texto que não temos dados suficientes sobre o número de casos com as crianças brasileiras, porém elas estão relativamente presentes nos relatos das queixas dos pais em serviços públicos de atendimento. Portanto é justo ressaltar a preocupação de vários profissionais perante essa incidência, tanto psicólogos, educadores, psiquiatras, e outros profissionais.

A utilização do grupo tem como estratégia a metodologia de pesquisa sempre fazendo parte de uma investigação ativa, podendo ter diversos objetivos, como o estudo do processo grupal, das transformações ocorridas nos vínculos do grupo ou na construção do conhecimento do grupo sobre determinado tema. Há autores como Moliterno et al. (2012) que consideram que a atuação do psicólogo em grupos terapêuticos é de fundamental importância, visto que essa possibilita a elaboração psicossocial de seus participantes, fortalece sua autoestima, cria vínculos afetivos, diminui a resistência das relações interpessoais, possibilitando ainda a expressividade dos mesmos.

Fonte: encurtador.com.br/ktBIJ

De acordo com o convívio do grupo e as interações dos membros, acreditamos fielmente que o vínculo estabelecido será de um valor essencial para todos integrantes. Pichon nos deixa claro que o vínculo na relação dialética alimentam mutuamente tanto o sujeito como o objeto conhecendo que a medida que se ensina se aprende, não nos deixando dúvidas do ganho imensurável para ambas as partes envolvidas nesse processo grupal.

Para as configurações do setting se destacam o grupo homogêneo, que segundo Zimmerman & Osório (1997) grupos homogêneos são grupos que têm a mesma categoria, seja ela de idade, sexo, grau cultural, categoria de patologia, entre outros aspectos. Grupo fechado, pois o grupo fechado, após composto não entra mais ninguém. (ZIMMERMAN & OSÓRIO, 1997).

Acreditamos que o crescimento grupal é progressivo e acumulativo, ter pessoas entrando e saindo do processo dificulta que ele tenha um prosseguimento e que siga o planejamento, tendo em vista que todos tenham as mesmas experiências no processo e andem nivelados no decorrer das atividades, também devido à importância de estabelecimento do vínculo que Pichón Riviere define como “uma estrutura complexa que inclui um sujeito, um objeto, e sua mútua inter relação com processos de comunicação e aprendizagem” (BAREMBLITT, 1986)

O término do grupo é fechado, o grupo começa e termina junto. “Ao resolver as ansiedade básicas, ao alcançar a aprendizagem de comunicação e decisão etc, diz-se que atingiu a “cura” ou seja, tarefa concluída.” (BAREMBLITT, 1986).

Fonte: encurtador.com.br/qtuAO

A ênfase que os pais atribuem a esse processo tem papel fundamental, o pai que antes era o herói nesse momento passa a ser visualizado de forma diferente, deixando de ser idealizado como uma figura sanadora de angústias e problemas. De acordo com (BEE, 1997) os pais são responsáveis pela imagem que o filho constitui sobre si próprios, os padrões que os pais possuem de autoimagem são fortes influenciadores, assim como também as cobranças das atividades realizadas pelo indivíduo, se recebem ênfase ou não ao responderem com bons resultados.

Todos esses aspectos formam a percepção de autoimagem. O sentimento de estima, de admiração dos genitores constitui o processo de autoimagem positiva, construindo assim o processo de autoestima. O não ser visto, ser reprovado, desvalorizado impede que esse processo seja fomentado no ambiente familiar.

Ainda de acordo com (BEE, 1997) processos que envolvem a autonomia como as atividades desempenhadas nos ambientes sociais  também são formadores de autoestima. O sucesso ou fracasso promove o processo de autopercepção podendo ela ser distorcida pelo meio social como exemplo o bullying que acontece frequentemente nas escolas. Para (Bee, 1997) o juízo de valor empregado por outras pessoas é um forte determinante no que se refere à estima, o que o outro pensa faz uma significativa diferença para eles. Partindo de tais configurações serão elaboradas propostas para ser trabalho temáticas referentes à autopercepção.

Fonte: encurtador.com.br/dqzRW

REFERÊNCIAS

BAREMBLITT, Gregorio. GRUPOS TEORIA E TÉCNICA. 5. ed. Rio de Janeiro: Graal Editora, 1986. 224 p.

Bee. Helen O ciclo vital / Helen Bee, brad. Regina Cortez. – Porto Alegre: Artmed. 1997.

Del Prette Z. A. P. & Del Prette, A. (2005). Psicologia das habilidades sociais na infância: Teoria e prática. Petrópolis: Vozes 6 ed.- Petrópolis, Rj: Vozes, 2013.

Freitas, Lucas Cordeiro. Resenha: Psicologia das Habilidades Sociais na Infância: Teoria e Prática. Psicologia: Teoria e Pesquisa Mai-Ago 2006, Vol. 22 n. 2, pp. 251-252

ZIMERMAN, David E.; OSORIO, Luiz Carlos. Como Trabalhamos com Grupos. Porto Alegre: Artmed, 1997. 424 p.

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Os papéis que se formam no grupo à luz de Pichon-Rivière

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Pichon-Rivière era um psicanalista francês, teve suas primeiras experiências com grupo em Rosário na Argentina, onde por volta de 1958, dirigiu grupos heterogêneos através de uma didática interdisciplinar. Onde seguia os conceitos da psicologia social, afirmava que o homem desde seu nascimento encontrava-se inserido em grupos, o primeiro deles a família, podendo ampliar esse raciocínio a amigos, escola, trabalho e sociedade. Pensava ser impossível conceber uma interpretação de ser humano sem levar em conta seu contexto, ou a influência do mesmo na constituição de diferentes papéis que se assume nos diferentes grupos pelos qual os indivíduos passam (CASTANHO, 2012).

Fonte: encurtador.com.br/duvLX

Pichon estabeleceu inicialmente que, ao se pensar o que ocorre em um grupo, deverá se ter em mente duas perspectivas nomeadas e definidas da seguinte forma: a) vertical: assinala tudo aquilo que diz respeito a cada elemento do grupo, distinto e diferenciado do conjunto, como, por exemplo, sua história de vida e seus processos psíquicos internos; b) horizontal: refere-se ao grupo pensado em sua totalidade.

Ao apresentar os dois eixos propostos por Pichon, Castanho (2012) enfatiza que em sua experiência didática, o eixo horizontal descrito acima, cria estranheza e muitas dúvidas aos profissionais ou alunos que se iniciam no campo dos estudos grupais pela primeira vez.

O autor entende que não é fácil introduzir esse paradigma fora da dimensão individual, e que o grupo é diferente da soma das partes dos indivíduos que o compõem. Continua explicando que os pesquisadores do campo, sem dúvida alguma, encontraram um “achado” (grifo do autor) com essa noção de horizontalidade; a concepção de que o grupo é diferente da soma dos seus membros, é tão contundente que teorias psicanalíticas de grupo incorporaram em seus estudos esse conceito.

Adentrando ao contexto dos estudos de Pichon, foi desenvolvida a técnica do “grupo operativo” (grifo nosso), concebendo grupo operativo como aquele centrado em uma tarefa de forma explícita, como: aprendizado, cura, diagnóstico etc.; além de outra tarefa implícita à primeira, ou seja, inconsciente, conforme Castanho (2012).

Dentro desta concepção, acima descrita, esse conceito foi se desenvolvendo de forma a possibilitar a compreensão do campo grupal como estrutura em movimento, o que deixa claro o caráter dinâmico do grupo, que pode ser vertical, horizontal, homogêneo, heterogêneo, primário ou secundário, segundo Baremblitt (1986).

O objetivo da técnica é abordar, através da tarefa, da aprendizagem, os problemas pessoais relacionados com a tarefa, levando o indivíduo a pensar; o indivíduo “aprende a pensar” (grifo do autor), passando de um pensar vulgar para um pensar científico. Sendo assim, a execução da tarefa implica em enfrentar alguns obstáculos que se referem a uma desconstrução de conceitos estabelecidos, desconstrução de certezas privadas adquiridas (zona de conforto), conforme Baremblitt (1982).

O autor enfatiza que o grupo implica em trabalhar sobre o objeto-objetivo (tarefa explícita) e sobre si (tarefa implícita), buscando romper com estereótipos e integrar pensamentos e conhecimentos. Assim, entrar em tarefa significa o grupo assumir o desafio de conquistar o desejo na produção e a produção no desejo.

Fonte: encurtador.com.br/dyKUY

Antes de entrar em tarefa o grupo passa por um período de “resistência”, chamado por Pichon (1988) de Pré-tarefa, onde o verdadeiro objetivo, da conclusão da tarefa, não é alcançado. Essa postura paralisa o prosseguimento do grupo, realizam-se tarefas apenas para passar o tempo, o que acaba por gerar uma insatisfação entre os integrantes.

Geralmente ocorrem neste período tarefas sem sentido, onde fica faltando a revelação de si mesmo. Para o autor, somente passado este período, o grupo, com o auxílio do coordenador, entra em tarefa, onde serão trabalhadas as ansiedades e questões do grupo.

A partir dessa primeira etapa, elabora-se o que Pichon (1988) chamou de “projeto”, onde aplicam-se estratégias e táticas para produzir mudanças. A intersecção entre a verticalidade e a horizontalidade, elencada em parágrafo anterior, permite aparecer os primeiros diferentes papéis que os indivíduos assumem no grupo.

Os papéis se formam de acordo com a representação que cada um tem de si mesmo que responde as expectativas que os outros têm para com o indivíduo. Constata-se a manifestação de vários papéis no campo grupal, destacando-se: porta-voz, bode expiatório, líder e sabotador, conforme enunciado pelo autor (PICHON, 1988).

Porta-voz: é aquele que expressa as ansiedades do grupo, a qual está impedindo a tarefa; Bode expiatório: é aquele que expressa a ansiedade do grupo, mas diferente do porta-voz, sua opinião não é aceita pela grupo, pode-se entender que esse papel  assume caráter depositário de todas as dificuldades do grupo, sendo culpado de cada um de seus fracassos; Líder: A estrutura e função do grupo se configuram de acordo com os tipos de liderança assumidos pelo coordenador, apesar de a concepção de líder ser muito singular e flutuante. O grupo corre o risco de ficar dependente e agir somente de acordo com o líder e não como grupo; Sabotador: é aquele que conspira para a evolução e conclusão da tarefa podendo levar a segregação do grupo (PICHON, 1988).

Fonte: encurtador.com.br/fpJWX

Portanto a observação e análise dos papéis e a forma em que se configuram, constitui uma das operações básicas, tendentes à constituição de um “ecro grupal”, conforme Pichon (1998). Cada um dos participantes de um grupo constrói seu papel em relação aos outros; assim, de uma articulação entre o papel prescrito e o papel assumido, surge a atuação característica de cada membro do grupo.

O que tem que ser observado é que este papel se constrói baseado no grupo interno, representação que cada um tem dos outros membros, onde se vai constituindo o outro generalizado do grupo. O autor enfatiza que na relação do sujeito com este “outro generalizado” ocorre a constituição do rol operativo diferenciado, que permitirá a construção de uma estratégia, tática, técnica e/ou logística para a realização da tarefa (PICHON, 1988).

No início do grupo, os papéis tendem a ser fixos, até que se configure a situação de lideranças funcionais. Na maior parte das vezes, todo grupo denuncia, mesmo na mais simples tarefa, um “emergente grupal”, isso é aquilo que numa situação ou outra se enche de sentido para aquele que observa, para quem escuta (PICHON, 1988).

O observador observa o existente segundo a equação elaborada por Pichon: EXISTENTE >> INTERPRETAÇÃO >> EMERGENTE >> EXISTENTE.

O existente só ocorre se fizer sentido para o observador, a partir de uma interpretação, se tornando o emergente do grupo. Assim este novo emergente leva à um novo existente, o qual por sua vez, requer uma nova interpretação, que levará à outro emergente, conforme Bastos (2010).

O coordenador toma um papel muito importante, à medida que é dele que faz a mediação das interpretações, dando sentido ao grupo, orientando para a comunicação intergrupal para evitar se possível a discussão frontal. É esse sentido todo que mobilizará uma aprendizagem, uma transformação grupal segundo Bastos (2010).

Fonte: encurtador.com.br/mzMZ1

Adentrando a teoria do vínculo, ela é concebida em forma de espiral contínua, no contexto clínico, o que se diz ao paciente, determina uma certa reação desse paciente, que é assimilada pelo terapeuta, que por sua vez a reintroduz em uma nova interpretação. Para Pichon (1998), isto constitui um aprendizado, tanto do ponto de vista teórico, como do ponto de vista objetivo, pois à medida que conhece se conhece, ou à medida que se ensina, se aprende.

Esta série de pares dialéticos deve ser considerada para qualquer operação. Neste sentido, todo vínculo é bicorporal e tripessoal, ou seja, em todo vínculo há uma presença sensorial corpórea dos dois, mas há um personagem que está interferindo sempre em toda relação humana, que é o terceiro (PICHON, 1998).

Seguindo adiante com os conceitos de Pichon (1998), é necessário compreender teoricamente o “cone invertido” (grifo nosso), constituindo-se em um esquema formado pôr vários vetores na base dos quais se fundamenta a operação no interior do grupo. A partir da análise inter-relacionada destes vetores se chega a uma avaliação da tarefa que o grupo realiza. A explicitação do desenho do cone invertido (figura 01), diz respeito em sua parte superior, aos conteúdos manifestos e, em sua parte inferior, as fantasias latentes grupais.

Pichon (1998) propõe que o movimento de espiral que vai fazer explícito o que é implícito, atua ante os medos básicos, permitindo enfrentar o temor à mudança. Para tanto os vetores envolvidos no processo, são:

  1. Filiação e Pertenência – a filiação se pode considerar como um passo anterior à pertenência, é uma aproximação não fixa com a tarefa. Seriam aqueles que estão interessados pelo trabalho grupal, sendo exemplificado da seguinte forma: “os torcedores e não os jogadores”. Pertenência é quando os participantes entram no grupo, na cancha (em campo). Na dinâmica grupal, tradicionalmente é medida em relação à presença no grupo, à pontualidade do seu início, às intervenções, etc.
  2. Aprendizagem – se faz existir através da tarefa, permite novas abordagens ao objeto e o esclarecimento dos fantasmas que impedem sua penetração, permitindo a operação grupal. Para Pichon (1998), o indivíduo nos momentos de intensa resistência à mudança, voltaria regressivamente mais que a comportamentos próprios da etapa libidinal onde está predominantemente fixado (os chamados pontos de fixação da psicanálise), a repetir atitudes mal aprendidas, ou infantilizadas, que dificultaram sua passagem a uma etapa posterior.
  3.  Pertinência – é um terceiro vetor que surge da realização dos dois anteriores. Se mede pela quantidade de suor que tem a camiseta ao final da partida, é a realização da tarefa estratégica. O autor utiliza a metáfora do gol contra, seria o cúmulo da falta de pertinência. Cabe explicar que o alcance da pertinência grupal não é proposta como um ato de vontade, mas sim, como a expressão do desejo grupal, revelado na análise dos medos básicos.
  4. Comunicação – o lugar privilegiado pelo qual se expressam os transtornos e dificuldades do grupo para enfrentar a tarefa. Na medida em que cada transtorno da comunicação remete-se a um transtorno da aprendizagem, veremos os sujeitos grupais tratarem de desenvolver velhas atitudes, em geral mal aprendidas (infantilizadas), com a intenção de abordar os objetos novos de conhecimento. Este objeto pode ser nos grupos operativos, indistintamente, desde a compreensão de um conceito ao desenvolvimento de um processo terapêutico. Entendendo a aprendizagem, então, como a ruptura de certos estereótipos de comunicação e a obtenção de novos estilos, o que implica sempre reestruturações e redistribuirão dos papéis desempenhados pelos integrantes do grupo.
  5. Cooperação – é dada pela possibilidade do grupo fazer consciente a estratégia geral do mesmo. No movimento grupal, se manifesta pela capacidade de se colocar no lugar do outro.
  6. Tele – este vetor se refere ao clima afetivo que prepondera no grupo em diferentes momentos. É um conceito tomado da sociometria de Moreno, para assinalar o grau de empatia positiva ou negativa que se dá entre os membros do grupo. A fundamentação deste conceito parte da base de que todo encontro é na realidade um reencontro, ou como gostava de dizer o próprio Pichon (1998): “Todo amor é um amor à primeira vista” (grifo nosso). Isto quer dizer que o afastamento e a aproximação entre as pessoas de um grupo, não tem que ver com essa pessoa real presente, más, com a recordação de outras pessoas e outras situações que ela evoca.

CONE INVERTIDO E SEUS VETORES

Fonte: encurtador.com.br/wJW08

REFERÊNCIAS

BAREMBLITT, G. Grupos: Teoria e Técnica. Rio de Janeiro: Editora Graal, 1986.

BASTOS, Alice Beatriz B. Izique. A técnica de grupos-operativos à luz de Pichon-Rivière e Henri Wallon. Psicol inf., São Paulo,  v. 14, n. 14, p. 160-169, out.  2010. Disponível em: <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-88092010000100010&lng=pt&nrm=iso>. Acesso: 12.09.2018.

CASTANHO, Pablo. Uma Introdução aos Grupos Operativos: Teoria e Técnica. Vínculo, São Paulo,  v. 9, n. 1, p. 47-60, jun. 2012. Disponível em: <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1806-24902012000100007&lng=pt&nrm=iso>. Acesso: 12.09.2018.

PICHON-RIVIÈRE, E. Teoria do vínculo. São Paulo: Martins Fontes, 1988.

__________________. O processo grupal. São Paulo: Martins Fontes, 1998.

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Relato de experiência como paciente do CAPS AD Vila Nova

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Me chamo José Francisco Angelim (Kiko), tenho 54 anos e minha qualificação profissional é como consultor  de projetos e processos. Como hobby faço alguns trabalhos, que alguns consideram como arte e cenários para peças de teatro. No último semestre de 2012 fiz o cenário completo da peça Piá Farroupilha e alguns itens para a peça Gregos e Freudianos. Ambas sob a direção de Bob Bahlis.

Já fiz uso de quase todos tipos de drogas, mas minha preferência recai sobre o consumo de álcool. Para os padrões atuais de iniciação ao alcoolismo comecei a me interessar por bebida com uma idade bem  avançada. Após os 20 anos.

Nos últimos 03, 04 anos o consumo de álcool tornou-se exagerado culminando na minha primeira internação (21 dias) no hospital Vila Nova. Internação que não deixou nenhum aprendizado em virtude do tempo de internação (ninguém se recupera neste tempo) e inexistência de programa específico de tratamento, exceto algumas aparições de membros do AA.

Após alta da internação passei a ter acompanhamento psiquiátrico e a freqüentar grupos de AA duas vezes por semana. Pesquisei muito sobre a história do AA desde a sua criação em 1935. Posso afirmar que conheço muito sobre a filosofia “escrita”, chegando a ser convidado para dar palestras em hospitais. Convite que declinei porque seriam em locais de tratamento com internações em ambientes como o hospital Vila Nova e que não vejo nenhuma possibilidade de recuperação para os que lá estão internados.

No grupo do AA que participava (Nossa Senhora das Graças) comecei a me sentir desconfortável com a forma que os grupos eram conduzidos. Sem a aplicação de uma metodologia adequada, cada um falando assuntos diversos, sem debater os doze passos e tradições, sem uma orientação médica/terapêutica etc, etc, etc.

Então cheguei a conclusão que o meu desconforto poderia ser com “aquele” grupo que estava participando e passei a freqüentar outro grupo (São Vicente) simultaneamente, onde me deparei com a mesma realidade. Não satisfeito passei a freqüentar mais um grupo (Santa Rita) e minha insatisfação permaneceu.

Após 09 meses, mesmo com a minha participação em três grupos diferentes (simultaneamente) resolvi desistir do AA por questões que já foram relatadas.

Com 07 meses de abstinência comecei a ter recaídas que culminaram em uma nova internação. Minha psiquiatra, por me conhecer muito bem, sugeriu que eu fosse internado na clinica São José onde fiquei 54 dias que foram suficientes  para que eu conhecesse procedimentos totalmente diferentes da minha experiência anterior de internação. Muitas atividades, equipes multidisciplinares,  ótima estrutura, atenção com a saúde etc, etc, etc.

Na minha primeira consulta (pós alta) minha psiquiatra perguntou se eu conhecia o trabalho do CAPS. Respondi que não e ela comentou que seguia uma linha de tratamento muito próxima do que eu me identifiquei na clinica São José e que seria interessante que eu conhecesse.

Pesquisei o que pude sobre o CAPS e encontrei pouco material disponível. Para mim isto já foi um ponto negativo porque vinha da escola do AA onde encontrei farta publicação. Levei um tempo para entender que o AA foi fundado em 1935 e que o CAPS, ainda é uma criança, que já nasceu com uma proposta forte, mas ainda é uma criança.

Mais na frente, “se começarmos a nos preocupar agora”, o CAPS também poderá ter as suas histórias registradas, publicadas e que poderá ser mais uma ferramenta disponível para os que estão buscando a sua recuperação.

Fiz uma visita ao CAPS AD Vila Nova onde passei por uma entrevista de acolhimento, recebi informações sobre a sua estrutura, filosofia, metodologia de acompanhamentos e resolvi começar a participar.

Retornando a minha psiquiatra relatei que havia começado a participar dos grupos do CAPS e que iria continuar. Foi então que minha psiquiatra sugeriu que as nossas consultas fossem suspensas porque eu teria um acompanhamento bem mais efetivo/diferenciado através dos profissionais do CAPS.

Faz 10 meses que participo dos grupos de segundas, quartas e sextas feiras no período da manhã e sempre que possível procuro me envolver nas atividades extras grupos como por exemplo: eventos, datas comemorativas, etc.

No CAPS encontrei uma engrenagem/sintonia interessante na parceria PMPA/SUS e Hospital Mãe de Deus. Fazendo uma analogia com uma engrenagem qualquer, deve-se ter muito “presente” a necessidade de manutenções, atualizações freqüentes e periódicas.

Governo municipal então responsável pela estrutura física deve estar sempre atento as condições oferecidas/disponibilizadas aos profissionais, pacientes e familiares. Quando falo em condições refiro-me a à investimento em automação (tecnologia),  instalações, manutenções preventivas e corretivas das ferramentas/estruturas que são utilizadas. Cabe lembrar que mesmo instalações como as oferecidas pelo recém inaugurado CAPS Partenon, se não tiver uma manutenção/atualização constante, em pouco tempo estará sucateada.

Hospital Mãe de Deus então responsável pelo corpo clínico tem a missão permanente de busca/formação de novos talentos que se identifiquem com a causa da dependência química. Sabemos que são poucos os profissionais disponíveis com esta qualificação e  que quando identificados, ainda precisarão de “muita” lapidação para entender/viver a drogadição e “principalmente” trabalhos em grupo.

No meu modo de ver somente a formação acadêmica é insuficiente para que um profissional execute plenamente as suas atividades no tratamento da dependência química.

Nunca esquecendo que os profissionais já residentes também merecem uma atenção especial do que se refere a atualizações, intercâmbios, legislações etc.

Minha experiência no CAPS tem sido extremamente positiva porque é onde encontrei um modelo de tratamento que preocupa-se, inicialmente, com a saúde, equipe multidisciplinar, valorização da liberdade de expressão e troca de experiências até mesmo entre corpo clínico, pacientes e familiares.

Outra situação que deve ser valorizada é que recebe-se uma atenção até mesmo fraternal, o que torna o relacionamento mais sincero, mais aberto e de fácil comunicação. Temos grupos, temos consultas individuais, temos olho no olho e assim sabemos que na menor mudança de comportamento, ausências, seremos procurados, nem que seja por telefone, para que seja entendido o que está acontecendo.

Tenho ciência que o CAPS (representado por uma ponte) é uma passagem e que terei muitas saudades quando o objetivo da recuperação plena for alcançado.

No início do texto citei que o CAPS ainda é uma criança e como toda criança tem o seu início de aprendizado. No meu entender algumas situações já poderiam merecer uma atenção especial.

  • Estudar a viabilidade de grupos noturnos. Na configuração atual quando um paciente, ainda em tratamento, retorna ao mercado de trabalho, vê-se obrigado a abandonar o tratamento;
  •  Aumento do número de oficinas principalmente focadas a atividades artísticas. Música, teatro, dança, dobraduras, bisqui, marcenaria, etc;
  • Laudos mais contundentes para serem apresentados quando da renovação dos benefícios junto ao INSS. Claro que dentro de uma minuciosa análise médica, assiduidade, comprometimento com o tratamento, etc;
  • Redes de relacionamentos/internet. Criação de veículos que possibilitem maior visibilidade. Vale lembrar que depois de várias citações sobre o AA numa novela das 8hs, o programa se fortaleceu muito.

Existem várias outras situações que poderiam ser exercitadas mas vejo nestas quatro, um bom desafio, um bom começo.

Finalizando, não poderia deixar passar a oportunidade de enaltecer o profissionalismo, a dedicação, o comprometimento e o caráter  dos profissionais residentes no CAPS AD Vila Nova.

Sempre brinco que eles são empregados de um respeitado grupo hospitalar, poderiam estar numa bela sala com todo conforto, ficando mais expostos a ascensões profissionais (porque não?), local de trabalho mais adequado para a execução das suas atividades e foram parar aonde? No meio do mato.

Para muitos o bairro Vila Nova só é conhecido pela existência da feira do pêssego. Pois é! Eles aceitaram o desafio de trabalhar no mato, conviver com maluquinhos (não somos santos), não ter tanto conforto mas fazem o que gostam e se dedicam ao extremo dentro das condições disponíveis para a execução das suas atividades.

Receita simples (aquelas de liquidificador). Faça com amor e seja o melhor!

Esta foi a minha contribuição.

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