Intervenção em grupo no projeto Bombeiros Mirins

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Quando se fala em intervenção, as primeiras ideias que vinham a minha mente, antes do contato direto com a temática através da matéria de “Intervenção em Grupos”, era algo distante, de difícil acesso e poucos resultados. Seja por alguma descrença pessoal construída por conceitos interpretados pessoalmente, ou pela dificuldade em ver de maneira “palpável” tudo aquilo que foi aprendido teoricamente sobre processos terapêuticos em grupo.

Ao me deparar com a necessidade de realizar um projeto de intervenção, confesso que o medo e a preocupação tomaram conta da minha mente e de meus planos, afinal a Psicologia, em sua mais pura existência, é totalmente pautada na atuação direta com pessoas reais, algo tão especial e delicado, ao mesmo tempo. Dessa maneira, vivi alguns dias me preocupando em como seria intervir com várias pessoas, adentrando em seu contexto, seu “habitat natural”, sua rotina, com abordagens, ideias e projetos totalmente novos. 

Além de tudo isso, crescia paralelamente a angústia na escolha do público-alvo para a intervenção, visto que meu desejo era poder realizar um trabalho de impacto e significado, o que não significava algo “mirabolante ou sensacional”, mas algo que realmente importasse para aquelas pessoas, ao ponto de transformá-las de alguma maneira. Assim, fomos abençoadas (eu e meu grupo) com a oportunidade de sermos as primeiras estudantes de psicologia a realizar um projeto com os adolescentes do Programa dos Bombeiros Mirins do Corpo de Bombeiros do Tocantins.

O que antes era medo transformou-se em espaço para o processamento de milhares de ideias e possibilidades, visto que o grupo escolhido se encontrava em uma faixa etária importantíssima para o olhar psicológico e terapêutico. Não queríamos ser vistas como as “tias das brincadeiras” ou “estudantes chatas”, porque não se tratava de entretenimento ou disponibilização da quantidade máxima de conteúdo, mas sim construir uma conexão segura, empática e possível com todos aqueles indivíduos que estavam tão próximos da fase adulta.

Passamos vários dias pensando, projetando, arquitetando e estruturando uma abordagem que pudesse nos conduzir a um local em que cada um daqueles jovens encontrassem em nós um acolhimento eficiente, uma porta de compreensão e uma oportunidade de cuidado e melhoria de sua saúde mental. Analisadas as estratégias, escolhemos tratar sobre ansiedade e o estresse, temas tão atuais, importantes e necessários para essas pessoas. 

Para quem estuda sobre Psicologia e atua no contexto da saúde, ouvir, falar e pensar sobre a ansiedade e estresse é muito normal, entretanto a faixa etária dos adolescentes, assim como várias outras pessoas, podem não ter acesso a esse conteúdo de maneira segura e verdadeira, que possa conduzi-los ao suporte e manejo do que pode lhes causar sofrimento e desconforto mental. E foi principalmente por esses motivos, que construímos a nossa atuação voltada para apresentar aos bombeiros mirins o que a Psicologia poderia oferecer a eles sobre o que é a ansiedade e estresse, suas causas e como tratá-los.

Com o “arsenal” de estratégias prontos, nos preparamos para os encontros, sabendo que teríamos cerca de 70 adolescentes nos ouvindo durante 6 encontros, dando a nós a importante missão de impactá-los o quanto pudéssemos. A cada encontro que ia sendo realizado, eu fui ganhando confiança, autonomia e muito apreço pela intervenção em grupo, pois pude ver como é poderoso se colocar no lugar de escuta empática de pessoas que podem estar vivendo os mesmos problemas e ainda não sabem disso.

Graças a todo o suporte que recebemos do Corpo de Bombeiros, bem como o talento e domínio técnico de todas as colegas que fizeram parte do grupo de intervenção, conseguimos repassar, de maneira eficiente, lúdica, acessível e clara a cada um daqueles adolescentes as principais informações sobre a ansiedade e o estresse no contexto da adolescência, a fim de muni-los para lidar com qualquer circunstância que fosse existente ou viesse surgir relacionada a esses temas.

E como se não pudesse ser melhor, fomos surpreendidas com alguns jovens que nos procuraram na finalização dos encontros, pedindo por “mais suporte”, em razão de situações que estavam enfrentando. Com essas situações, além dos sorrisos, os olhares de aprovação e o comprometimento deles, tivemos consciência de que todo o nosso árduo trabalho havia valido a pena, porque conseguimos oferecer para aquele grupo algo que nunca poderá ser tirado deles: o conhecimento.

Dessa maneira, finalizei a experiência com o sentimento de cumprimento de dever, gratidão e muita alegria em ter feito parte de algo tão especial, que nasceu praticamente “do zero” e trouxe impactos positivos em tão pouco tempo. Isso só me mostra o quão importante é o papel do psicólogo para o mundo, visto que ele detém do poder de estar em múltiplos contextos, cuidando de tantos tipos de pessoa, mas sempre levando consigo o dever de promover o bem-estar e a saúde mental de maneira que garanta a cada pessoa tratada um ambiente de escuta, pertencimento e de ser visto em meio a “tantos e tudo”.

Espero sinceramente que o restante da minha trajetória na graduação em Psicologia me proporcione experiências ímpares como foi esta. Agradeço ao professor Sonielson pela oportunidade e acompanhamento, assim como sou grata pelas minhas colegas de grupo (Carla, Amanda e Izabela) que também foram incrivelmente impactadas e fizeram deste projeto o melhor, sem sombra de dúvidas. O mais importante é nunca esquecermos o quanto devemos estar abertos para experiências que nos tornam ainda mais conscientes do poder que a escuta e empatia tem em transformar a vida das pessoas, desde que estejamos dispostos a isso.

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(En)Cena realiza intervenção sobre Novembro Azul na avenida JK em Palmas

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Nayara Batista de Araújo (Acadêmica de Psicologia) – nayaraaraujo@rede.ulbra.br

(En)Cena realizou nesta terça-feira, 14,  uma intervenção pública na avenida JK em Palmas. A temática da intervenção foi pautada no cuidado a respeito do Câncer de Próstata com indivíduos que estavam na avenida.

                                                                                        Fonte: Arquivo Pessoal 

As estagiárias do portal (EN)Cena Alexia Regina e Nayara Araujo conscientizaram os indivíduos sobre a importância de se prevenir, dado que, o câncer de próstata é o mais frequente entre os homens brasileiros depois do câncer de pele, ressaltando o cuidado que devem ter conhecendo fatores de risco e alguns dos principais sintomas. Em apenas dez segundos de exame é possível ter uma segunda chance de lutar contra a doença.

                                                                                                             Fonte: Arquivo Pessoal

Por meio da ação, as estagiárias puderam dialogar com os indivíduos que passavam pela avenida ao entregarem os panfletos informativos, interrogando-os acerca de hábitos que são prejudiciais para o cuidado com o corpo e que não auxiliam na prevenção da doença. Para mais, alertaram os sujeitos com o intuito de estarem atentos caso apresentem dificuldades para urinar, percebam presença de sangue na urina, disfunção erétil, dores ósseas, dentre outros sintomas, procurarem um médico.

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CAOS 2022: Palestra de encerramento aborda perspectivas para intervenção no mundo do trabalho

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Após uma vasta programação sobre saúde mental no trabalho, o Congresso Acadêmico de Saberes em Psicologia 2022 (CAOS 2022) será encerrado na sexta-feira, 25 de novembro, das 9h às 12h, com a palestra “Clínicas do Trabalho: perspectivas para intervenção no mundo do trabalho”, ministrada pela Professora Doutora Karine Vanessa Perez, sob mediação da Professora Mestra Muriel Corrêa Rodrigues.

A última palestra do evento, conduzida pela Doutora e Mestre em Psicologia Social e Institucional pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), visa abordar os segmentos que envolvem as clínicas do trabalho com foco em perspectivas de intervenção considerando a promoção de saúde mental nas vivências dos sujeitos.

Karine Vanessa Perez possui ampla experiência na área em seu currículo, como: estágio Sanduíche na Université Catholique de Louvain-la Neuve, onde desenvolveu estudos sobre a Clínica do Trabalho na Bélgica e na França. Pós Doutorado na Université du Québec à Montréal. Docente do Mestrado em Psicologia Profissional da Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC). Integrante do Laboratório de Psicodinâmica do Trabalho (PPGPSI/UFRGS). Conselheira no campo da empregabilidade em Montreal (Canadá). Experiência na área de Psicologia do Trabalho, Clínica do Trabalho, Saúde Mental e Trabalho e Psicologia Social e Institucional.

Já a mediação ficará por conta da psicóloga clínica Muriel Corrêa Neves Rodrigues, professora no curso de Psicologia do Ceulp/Ulbra, Mestra em Psicologia Clínica e da Saúde pela Universidade da Beira Interior, Covilhã/Portugal (2015).

Neste ano, a edição começa no dia 21 de novembro e segue até o sábado, 26, com o tema principal “Saúde Mental no Trabalho”. O evento promoveu palestras, apresentações especiais do “Psicologia em Debate”, minicursos e mesas redondas a fim de informar e fomentar discussões acerca da importância da saúde mental no trabalho.

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Saúde do adolescente em ação

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Parte integrante do processo avaliativo da disciplina Gestão e Políticas na Odontologia Social II, ministrada pela Professora Micheline Pimentel Ribeiro Cavalcante no Curso Odontologia, do Centro Universitário Luterano de Palmas – CEULP/ULBRA, este trabalho intitulado “PROJETO DE INTERVENÇÃO SAÚDE DO ADOLESCENTE EM AÇÃO- UMA AÇÃO INTEGRADA”. Objetiva executar o plano de intervenção idealizado pelas acadêmicas Franciele Rodrigues dos Santos, Amanda Teles Amorim, Ana Eduarda Freitas Araujo, Karen Mylla Cunha, Vanise Dias da Silva e Mariana Rezende Oliveira do Curso de Odontologia, que foi aplicado junto aos/às estudantes do 1º ao 3º ano do ensino médio no Centro de Ensino Médio Castro Alves, vinculada à Secretaria de Educação, Juventude e Esporte do Governo do Estado do Tocantins (Seduc).

A escola se configura em um espaço de interação social, que promove educação, construção de valores, formação cidadã, bem como do desenvolvimento de habilidades socioemocionais e autoconhecimento. É nesse organismo vivo que se pode perceber o tecer diário na formação do sujeito, aos poucos desenhado através do pensamento crítico, da aquisição de conhecimentos e da expressividade emocional.

A Base Nacional Comum Curricular compreende que o processo educativo vai além do conhecimento e da propagação científica, sendo necessário o desenvolvimento de competências e habilidades, que contribuam na formação de atitudes e valores dos indivíduos inseridos dentro da comunidade escolar.

Em função disso, a BNCC propõe na sua oitava competência um relevante aspecto para a promoção da saúde física e mental do sujeito: Conhecer-se, apreciar se e cuidar de sua saúde física e emocional, compreendendo-se na diversidade humana e reconhecendo suas emoções e as dos outros, com autocrítica e capacidade para lidar com elas.

Diante do contexto apresentado, entende-se que há uma ciranda entre escola, educação e saúde, compreendendo que quanto mais ocorre a comunicação entre esses elementos, mais benefícios poderão ser percebidos na comunidade escolar, indo assim de encontro à perspectiva do desenvolvimento integral do aluno proposto na BNCC. Os bons níveis de educação, que envolvem a melhor compreensão dos conteúdos, podem ser percebidos em indivíduos mais saudáveis. Em função disso, a escola deve ser entendida como promotora de saúde, através de práticas interdisciplinares e multiprofissionais, intervindo nos mais diversos contextos de vida do estudante.

Nessa perspectiva, as metodologias educacionais devem priorizar a participação e a interação dos atores da escola, compreendendo que o conceito de saúde configura um conjunto de habilidades, tais como autonomia e a tomada de decisões, sendo necessário estimulá-las nos indivíduos, favorecendo atitudes mais saudáveis como a corresponsabilização e o enfrentamento das situações.

Dessa forma, diante do cenário pandêmico em que o contexto escolar está vivenciando com completa mudança da rotina e estrutura vivenciada até então, o presente projeto busca realizar ações de promoção, educação e prevenção em saúde do adolescente ampliando a integralidade do cuidado de forma interprofissional e criando elo entre a saúde e educação.

Com vistas à problematização e ao enfrentamento dos problemas elencados, este relato de experiência apresenta a execução de uma intervenção, cujo procedimento terá na utilização de grupos terapêuticos a sua referência principal.

Fonte: encurtador.com.br/uzFZ1

Discussão da Experiência

No dia 26/04/2022 e 07/05/2022 realizamos um projeto de intervenção multiprofissional “Adolescente em ação” sob responsabilidade da professora Micheline Pimentel com parcerias da Secretaria Municipal da Saúde de Palmas (SEMUS), e com a Fundação Escola de Saúde Pública (FESP) e a Universidade Federal do Tocantins (UFT) onde teve curso de nutrição, psicologia, enfermagem e agentes comunitários de saúde, na escola CEM Castro Alves, cada curso ficava em uma sala recepcionando os alunos para realizar a atividade educativa destinada a sua responsabilidade. Como palestras educativas, avaliação bucal, fisioterapia, avaliação nutricional e outros serviços.

Nosso grupo ficou responsável por apresentar uma palestra educativa que tem como objetivo sensibilizar os adolescentes quanto às fakes news sobre estética facial encontradas nas redes sociais, apresentamos para cinco turmas do turno vespertino e além das palestras teve uma orientação de higiene bucal, e aplicação de flúor. Realizamos uma dinâmica no qual os alunos descreviam em um papel os que eles sabiam a respeito do assunto abordado e colocar também pontos negativos e positivos.

A ação mobilizou a escola inteira, levando aos alunos acesso à informação sobre a saúde mental, a utilização de métodos clareadores que são comprados pela internet, sobre IST ‘s, e também sobre a gravidez, além de estimular as atividades físicas. Observamos que grande parte dos alunos não têm acesso às informações sobre alguns temas, e acaba indo em busca desse conhecimento pela internet e achando informações erradas, dessa forma mobilizar eles com a ação é um incentivo para que eles filtrem os conhecimentos que acham nesse meio na internet.

É importante ressaltar que houve a avaliação da saúde bucal e depois os alunos serão levados para unidade Básica de saúde para realizar o tratamento, a minoria dos alunos demonstrou não ter cuidado com a cavidade bucal, deixando de lado a escovação, o uso do fio dental.  A grande parte dos alunos não tem como ir ao dentista, fica com receio de ir, ou não observa a cavidade bucal, quando acontece uma ação educativa e preventiva ele tem a oportunidade de que um profissional aponte suas necessidades e o incentive a procurar um dentista para poder avaliar e melhor a cavidade bucal deles.

Considerações finais

Concluímos que o encontro foi positivo, pois eles se interessaram pelo assunto e tiraram suas dúvidas, puderam ver que as mídias sociais podem influenciar o modo como pensamos e que nem sempre isso é o melhor para nossa saúde física e mental. Ter o contato com os alunos matriculados na escola CEM Castro Alves nos motivou a ajudar a comunidade a ver suas reais necessidades e a ajudá-los a encontrar os tratamentos e resultados desejados de maneira correta baseadas em evidências científicas.

Visando que esses trabalhos são significativos para a comunidade, fica evidente a necessidade de intervenção nesse ambiente, dando amparo, acolhimento e mostrando a realidade de fake news que a mídia trás principalmente para os jovens, por isso abordamos o ensino médio onde encontra-se jovens tentando acompanhar a moda. A cada dia algo novo surge para os jovens a qual fazem de tudo para acompanhar, o que às vezes leva no prejuízo fazendo de qualquer jeito e com pessoa incapacitada de fazer certos procedimentos. Ao levar essa ação para a escola damos a oportunidade para os alunos terem conhecimento e buscar uma melhora na sua qualidade de vida.

Referências

Alencar, A.C.I.; Lemos, D.C.R.B.; Rodrigues da Silva, E.V.; Sousa, K.B.N.; Sousa Filho, P.C.B.;Ciranda entre Educação e Saúde: Aspectos da Saúde Mental do Adolescente em Contexto Escolar em Tempos de Pandemia. saúdecoletiva  •  2021; (11) COVID.

Brasil. MEC/CONSED/UNDIME. Base Nacional Comum Curricu-lar (BNCC). Educação é a Base. Brasília; 2017.

Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Orientações básicas de atenção integral à saúde de adolescentes nas escolas e unidades básicas de saúde / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. 1. ed., 1 reimpr. – Brasília : Editora do Ministério da Saúde, 2013.

Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção em Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Diretrizes nacionais para a atenção integral à saúde de adolescentes e jovens na promoção, proteção e recuperação da saúde. / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção em Saúde, Departamento de Ações Programáticas Estratégicas, Área Técnica de Saúde do Adolescente e do Jovem. – Brasília : Ministério da Saúde, 2010. 132 p. : il. – (Série A. Normas e Manuais Técnicos.

Casemiro  JP,  Fonseca  ABC,  Secco,  FVM.  Promover  saúde  na  escola:  reflexões  a  partir  de  uma  revisão  sobre  saúde  escolar  na  América Latina. Ciência & Saúde Coletiva. 2014; 19(3): 829-840.

Menezes KM, Rodrigues CBC, Candito V, Soares FAA. Educação em Saúde no contexto escolar: construção de uma proposta inter-disciplinar de ensino-aprendizagem baseada em projetos. Rev. Ed. Popular. 2020; 48-66.

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Relato de experiência sobre a execução do Planejamento Estratégico Situacional na Escola Estadual Cívico-Militar Maria dos Reis Alves Barros

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O referido Plano Estratégico que se apresenta elegeu a Escola Estadual Cívico-Militar Maria dos Reis Alves Barros como foco de ação interventiva, e verificou os seguintes problemas: a baixa autoestima dos/as estudantes, bem como a busca pela imagem perfeita visada nas redes sociais, o bullying entre os adolescentes e a crescente demanda de adoecimento psíquico, como a ansiedade. Com vistas à problematização e ao enfrentamento dos problemas elencados, este relato de experiência apresenta a execução de uma intervenção, cujo procedimento terá na utilização de grupos operativos a sua referência principal.

Quanto à escola, vale destacar que a mesma foi criada pelo Decreto Estadual de Lei Nº 2.785 de 29 de junho de 2006, e inaugurada no dia 29 de junho de 2006. O nome da escola é uma homenagem à Profa. Maria dos Reis Alves Barros, pioneira na educação do distrito de Taquaruçu, e localiza-se no bairro Taquari, no município de Palmas-TO. O perfil dos/as estudantes da escola encontra-se em torno da faixa etária de 09 a 18 anos de idade, no período diurno, nas modalidades do ensino fundamental e ensino médio. No período noturno há exceções de idade para os alunos inseridos no mercado de trabalho, a partir dos 18 anos, sendo a maioria desses/as estudantes, trabalhadores e pais (responsáveis) de famílias.

O perfil dos/as estudantes se mostra desafiador, pois compete à árdua missão de alinhar as aprendizagens desiguais em sala de aula; situação de distorção idade/série; abandono e evasão escolar; formação de vida familiar e social fragmentada, em razão de problemas econômicos; convivência realidade presente ou próxima de drogas lícitas e ilícitas; violência doméstica; a gravidez precoce que tem interrompido a vida escolar de muitas adolescentes, entre outros desafios mais relevantes.

Relato de Experiência

O modelo de trabalho escolhido foi o de Grupos Operativos, este que tem como objetivo principal proporcionar uma experiência de aprendizado grupal, visando a faixa etária de adolescentes. O grupo operativo em questão é regido pelos acadêmicos do curso de psicologia, odontologia e educação física do Ceulp/Ulbra. Referente às escolhas de estratégias para serem aplicadas na resolução dos problemas, foi utilizada a dinâmica de grupo para tal objetivo. Com essa ferramenta foi possível trabalhar diversos aspectos dos indivíduos inseridos nesses grupos, como: melhora na habilidade de comunicação e relacionamento interpessoal, melhor percepção de si mesmo, instigar a interação afetiva entre os indivíduos e entre outros (ZIMERMAN, 2000).

Todas as intervenções educativas ocorreram no dia 09/04/2022 (sábado) das 07:30 às 12:00, facilitada pelos acadêmicos do CEULP/ULBRA, sendo supervisionados pela Professora Micheline Pimentel Ribeiro Cavalcante que administra a disciplina: Práticas Interprofissonais de Educação em Saúde.

Um dos temas propostos para o grupo, foi referente a Ansiedade, Técnica de Meditação mindfulness e Bruxismo. No primeiro momento foi a palestra e discussão sobre a ansiedade e a técnica das tiras de papel que continham palavras relacionadas ao tema (medo, fraqueza, suor intenso, nervosismo, preocupação, sensação de perigo, respiração acelerada e pensar claramente). No segundo momento foi a palestra sobre Bruxismo. E por último foi a técnica de meditação mindfulness (atenção plena) que teve duração de 10m. Quanto à experiência nessa intervenção, devido à preparação no decorrer da semana, foram as várias expectativas no sentido de se estar motivado, tranquilo e centrado na proposta. Ao chegar na escola houve bom acolhimento por algumas professoras que já estavam no local. Às 08:00, as turmas de alunos foram distribuídas nas salas. Apesar do aparecimento de alguns tumultos foi possível dar início à prática educativa, com a presença de um pequeno contratempo de não ter dado certo a demonstração dos slides, focando apenas na exposição verbal do tema. A princípio alguns alunos estavam dispersos, mas aos poucos eles foram interagindo de forma positiva. É importante ressaltar que o último grupo trabalhado correspondeu à prática de forma mais interativa, houve mais dialética em forma de trocas de ideias no qual alguns alunos pediram sugestões de temas de redação para o vestibular. Referente ao tema ansiedade e bruxismo, foi possível associar que o bruxismo está intimamente ligado à ansiedade e explicar que hábitos adquiridos no dia a dia, em excesso, por eles podem afetar o mesmo.
Foram trabalhadas também oficinas sobre aceitação e autoestima, onde foram trabalhadas questões de imagem real e as relações com as redes sociais, aceitação, forma de lidar com a opinião do outro, cuidado com os amigos, tentar entender o porquê da mudança de comportamento, as relações com os pais e familiares, a procrastinação com o uso excessivo das redes sociais. Nas dinâmicas em grupo, foram trabalhadas a dinâmica da caixa do espelho e do papel numerado. A dinâmica do espelho consiste em colocar um espelho dentro de uma caixa, e perguntar aos participantes quem é a pessoa mais importante de sua vida? Após a resposta, entrega-se a caixa e ao abrir se vê no espelho, observando que a pessoa mais importante é ele. A dinâmica do papel numerando e distribuindo dois pares de números e chamar um par por vez em que um fala ao outro uma qualidade e se pergunta se sabiam que o outro tinha conhecimento desta qualidade.

Dinâmicas referentes à estética corporal, a estética facial e influência na mídia foram utilizadas para levar aos alunos um conhecimento acerca dos extremos com o cuidado estético e consequentemente seus malefícios com reflexos a ansiedade e transtornos psicológicos e ainda os cuidados basilares que devem ser cultivados para a manutenção da saúde e da estética como um todo.

Outra oficina trabalhada pelos acadêmicos, refletiu sobre o Bullying, onde foram trabalhadas questões que há uma associação ou uma simultaneidade entre os atos que caracterizam os diferentes tipos de bullying, em como a intimidação sistemática pode se dar por meio de agressões físicas, social psicológico, verbal, material, cyberbullying , expressões depreciativas,  ameaças, perseguição, chantagem, isolamento social, além da tentativa de entender o porquê da mudança de comportamento, as relações com os pais e familiares, observando o comportamento tanto das vítimas quanto dos agressores, na busca de identificação de alguns padrões. Na dinâmica proposta pela oficina de Bullying, foi realizada uma dinâmica da empatia, a dinâmica foi realizada da seguinte forma, os alunos foram instruídos a formar duas filas, ficariam frente a frente, deveriam observar um colega por 1 minuto, durante a observação a música seria usada como concentração. Pouco depois, uma fila foi retirada da sala e outra permaneceu. Quando foram separados, foi necessário que eles mudassem três coisas neles, cabelo, roupas, tirar ou colocar acessórios etc. Quando eles voltaram para a sala com a outra fileira, os demais estarão de costas para eles, então eles se virarão para a frente e olharão para o mesmo colega por 1 minuto. Depois que a observação terminou, as instrutoras começaram a questionar se haviam observado alguma mudança em seus colegas. A intenção da dinâmica era sobre a importância de observar quando alguém do convívio não está se sentindo bem, cabisbaixo com algo, por algum sofrimento, até mesmo sofrido bullying na escola por algum colega. E ter alguém para ouvir sem ter nenhum julgamento é bastante importante. Assim, todos têm a possibilidade de se colocar no lugar do outro. Foi realizada a dinâmica do papel amassado também, onde cada participante recebe uma folha. Em seguida, o instrutor deve pedir que, todos os membros, olhem bem para aquela folha e depois a amassem e formem uma bolinha. Em seguida, peça que todas as pessoas tentem desamassar o papel e deixá-lo igual ao que estava antes. Todos os membros vão tentar voltar o papel ao normal e até mesmo sugerir ideias para que fique como antes, entretanto, cada folha estará alterada e não terá mais a mesma forma de antes de ser amassada, trazendo a reflexão acerca do bullying, onde agressões físicas e verbais ocorrem e mesmo que em determinado momento cessem, esse sujeito tende a não voltar a ser quem era, podendo sofrer consequências emocionais por toda a sua vida.

Fonte: acervo dos autores

Considerações Finais

Este trabalho teve como objetivo uma intervenção na perspectiva de grupos operativos, considerando temas acerca da ansiedade, bullying entre adolescentes, autoestima e as redes sociais, bem como da imagem perfeita, trabalhando-os com jovens do ensino médio Escola Estadual Cívico-Militar Maria dos Reis Alves Barros, com visitas presenciais dos acadêmicos da faculdade do CEULP/ULBRA como facilitadores. Para a condução do grupo, assuntos estudados sobre Pichon e Zimerman se fizeram presentes, associando-se assim, prática a teoria.

Com relação às atividades desenvolvidas, foram divididos e organizados temas para o encontro que aconteceriam ao sábado, das 7:30hrs às 12hrs, no dia 09/04/2022. Inicialmente, procurou-se conhecer melhor os participantes, bem como entender o que eles buscavam com suas participações no grupo e em seguida transmitir o conhecimento visando aprendizado e troca de experiências. O encontro foi marcado por grandes discussões acerca da temática, visando provocar nos participantes do grupo a busca pelo amor-próprio, autoaceitação e educação em saúde, proporcionando momentos descontraídos e de reflexão.

Ao final das atividades, foi possível perceber que os grupos onde a faixa etária era maior, o alcance bem como a participação dos envolvidos era maior. Outra percepção reflete a carência percebida de apoio emocional dos participantes, com alguns jovens apresentando pensamentos destrutivos e incapacitantes, entretanto, outros participantes buscaram as facilitadoras para esclarecer algumas dúvidas e outros temas não abordados, além de demonstrar interesse sobre o futuro e suas formações. No geral, todos os alunos foram bem comunicativos, muitos participaram corretamente e foi possível realizar uma bela apresentação para todos.

Avaliamos o projeto de intervenção como uma experiência enriquecedora, pois beneficia o desenvolvimento pessoal e profissional da equipe. Além disso, as atividades que os alunos realizaram possibilitaram perceber mudanças nas percepções e práticas dos alunos. Trabalhar de forma integrada facilita o alcance dos objetivos das atividades propostas.

Referências bibliográficas

PICHON-RIVIÈRE, Enrique. O processo grupal. Trad. Marco Aurélio Fernandes. 4. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1991.

ZIMERMAN, David E. Como trabalhamos com grupos. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997.

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Cruella – o alter ego de uma criança traumatizada

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Quem nasceu no século passado tinha alguns filmes e animações bem característicos para o público infantil, um destes fora os 101 Dálmatas. No enredo da história uma pacata família possui uma “pequena” ninhada de cachorros da raça dálmatas que são perseguidos pela vilã Cruella De Vil, que almeja criar uma peça de roupa de moda com o pelo dos pobres animaizinhos.

Recentemente foi lançado o filme da própria vilã, titulado de Cruella (2021). O filme, dirigido por Craig Gillespie, conta a história da pequena Estella (Emma Stone) e sua transformação na poderosa Cruella De Vil.

Estella é uma criança hiperativa, que sofre de uma condição rara chamada Piebaldismo, que faz com seja alvo de bullying na infância, fazendo com que esta tenha um comportamento agressivo como defesa das agressões e uma personalidade histriônica, que utiliza de sua aparência física de forma provocadora para chamar atenção dos seus pares. Esta condição da Estella é tão forte em sua personalidade que esta é fascinada pelo mundo da moda e suas pirotecnias.

Essa forma de agir é facilmente percebida pelo público no primeiro ato, quando a pequena Estella modifica seu uniforme escolar de uma forma pitoresca e extravagante, arrumando confusões sem fim.

Fonte: https://images.app.goo.gl/Jg6owZSEq1pAmMYW9

A personalidade de Estella em sua infância foi muitas vezes “contida” pela presença da mãe adotiva da garotinha, Catherine Miller (Emily Beecham), que consegue controlar as impulsividades da jovem personagem.

O filme busca apresentar ao público o lado oculto da vilã, os aspectos por trás de sua aversão pelos animais da raça Dálmatas, além de outras condições mentais que a personagem apresenta nos clássicos da Disney. Por esta razão, temos o arco do maior trauma da vida de Estella.

Sua mãe adotiva viaja uma longa distância para casa de uma “velha amiga” em busca de ajuda, e, ao chegar ao local, pede para a pequena Estella ficar no carro para que não arrume confusões, mas, no local que estavam ocorria uma grande e luxuosa festa de moda, tudo que a jovenzinha gostaria de vivenciar, razão pela qual entra de penetra e causa o maior alvoroço.

No meio desta confusão, os cachorros da anfitriã avançam atrás da Estella e esta foge para os jardins da propriedade, porém, estes continuam avançando e acabando assassinando a mãe adotiva de Estella que fica traumatizada com o ocorrido e foge, passando a morar na rua com seus novos amigos Jasper (Joel Fry) e Horácio (Paul Walter Hauser). Fato interessante é que, após o falecimento de sua mãe adotiva, Estella torna-se mais “contida”, evitando chamar atenções para si, inclusive tingindo o cabelo para uma coloração “discreta”.

Estella cresce nas ruas, aplicando pequenos golpes para sobreviver com seus amigos, mas sempre manteve em sua mente o desejo de trabalhar para ser uma estilista famosa. Sua audácia como Estella é notável, entrando em confusões e causando problemas em uma loja de roupas de luxo, com sua visão exótica e excêntrica, acaba chamando atenção da poderosa Baronesa Von Hellman (Emma Thompson), que a convida para trabalhar em sua equipe, dando início a trama principal.

No início de seu trabalho com a Baronesa, Estella cria uma relação afetiva muito forte, com grande admiração pela poderosa e influente estilista, buscando sempre se destacar nas atividades que são ordenadas.

Ocorre que, em um diálogo entre as personagens, Estella descobre que a pessoa que causara toda a tragédia de sua vida tinha sido a própria Baronesa, que acusa a mãe adotiva de Estella de ladra por ter apresentado um joia como forma de pedir ajuda.

Essa situação faz aflorar em Estella todos os sentimentos reprimidos, trazendo à tona a poderosa Cruella, apresentando neste momento os traços do transtorno bipolar que a personagem tem consigo. Cruella é o alter ego de Estella, ambas em pleno processo de simbiose atuando em conjunto, mas em momentos distintos.

Fonte: https://images.app.goo.gl/fV84FqxtX5V1kqU16

Importante destacar que, apesar de aparentar ser outra pessoa, Cruella sempre fez parte da personalidade de Estella, sendo, no entanto, reprimida muitas vezes, o que é diferente do Transtorno Dissociativo de Identidade – TDI, onde a pessoa muitas vezes não tem noção daquela “pessoa” que vive em sua mente (como é o caso de Jack e Tyler Durden do clássico Clube da Luta).

No bipolarismo, possui uma oscilação muitas vezes entre o maníaco e o melancólico, sendo que em alguns casos uma dessas condições prevalece por mais tempo sobre a outra. Interessante sobre este ponto é quanto a personagem diz “Voilà! Cruella passou muito tempo em uma caixa. Agora é a Estella quem vai fazer participações especiais”, mostrando os fortes indícios da bipolaridade da personagem e os aspectos individuais de cada personalidade.

Cruella, com seu transtorno histriônico e sua bipolaridade aflorada por uma vilã que possui fortes traços de psicopatia e narcisismo, é uma personagem marcante, irreverente, única em toda a trama, que consegue cativar o público de formas inimagináveis.

No arco final do filme, a personagem principal descobre ter parentesco com a vilã Baronesa, descobre ainda que durante toda a gestação fora uma criança rejeitada, sem o amor de sua mãe biológica e que esta havia fingido sua morte para todos.

Esta informação é recebida por Estella/Cruella cheia de muitos significados, com isso há um monólogo magnífico onde há a transformação completa da jovem Estella para a vilã Cruella:

“Hoje é um dia confuso. Minha inimiga é a minha verdadeira mãe. E ela matou a minha outra mãe.

Acho que você sempre teve medo. Não é? Temia que eu fosse uma psicopata como a minha mãe de verdade. Isso explica aquela história de ‘controle-se, tente se adaptar’. ‘Moldar-me com amor’, creio eu, era a ideia.  E eu tentei. Eu realmente tentei porque eu te amava.

Mas a verdade é que eu não sou a doce Estella. Por mais que eu tentasse. Eu nunca fui. Eu sou Cruella. Eu nasci brilhante. Eu nasci má e meio maluquinha. Eu não sou como ela. Eu sou melhor. Enfim, é vida que segue. Há muito que vingar, reivindicar e destruir. Mas eu te amo. Sempre.”

O trecho acima da narrativa reforça que a personagem tem conhecimento e aceita, ao final, sua insanidade, assumindo o manto de Cruella De Vil, a horrível vilã perseguidora de Dálmatas para fazer casacos de pele.

Pelo pode ser extraído do filme, a transformação de Estella em Cruella leva em consideração seus aspectos genéticos e também seus estresses pós-traumáticos que influenciaram na sua forma de perspectiva de vida e ainda na construção de todo os mecanismos de defesa psicológicos que a vilã apresentou durante a trama.

FICHA TÉCNICA

Título: Cruella (Original)

Ano produção: 2021

Dirigido por: Craig Gilespie

Duração: 134 minutos

Classificação: 12 anos

Gênero: Aventura – Comédia – Família

País de Origem: Estados Unidos da América

 

REFERÊNCIAS

ALDA, Martin. Transtorno bipolar. Brazilian Journal of Psychiatry [online]. 1999, v. 21, suppl 2 [Acessado 2 Março 2022] , pp. 14-17. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/S1516-44461999000600005>. Epub 04 Out 2000. ISSN 1809-452X. https://doi.org/10.1590/S1516-44461999000600005.

ZANIN, Carla Rodrigues e VALERIO, Nelson Iguimar. Intervenção cognitivo-comportamental em transtorno de personalidade dependente: relato de caso.Rev. bras. ter. comportamento. cogno. [on-line]. 2004, vol.6, n.1, pp. 81-92. ISSN 1517-5545.

De Oliveira Pimentel, F., Della Méa, C.P., & Dapieve Patias, N. (2020). Vítimas de Bulliyng, sintomas depressivos, ansiedade, estresse e ideação suicida em adolescentes. Acta Colombiana de Psicología, 23(2), 205-216. http://www.doi. org/10.14718/ACP.2020.23.2.9

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Primeiros socorros psicológicos enquanto alternativa de intervenção em situações de crise

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A ideia de primeiros socorros psicológicos (PSP) está associada à necessidade imediata de intervenção dessa natureza em situações que configurem urgência ou emergência, como é o caso de uma catástrofe, uma situação de crise, que pode ser natural ou provocada pelo homem e que possa atingir o sujeito de forma material, física ou psicológica.

A intervenção em catástrofes requer metodologias que possam atuar com o objetivo de desenvolver mecanismos de proteção das vítimas de modo que elas possam lidar com o evento traumático, promovendo sua reorganização frente a esse contexto, como forma de reduzir danos relacionados à evolução de quadros psicopatológicos (BEJA, et al., 2018).

Os PSP podem ser conceituados como uma representação de uma abordagem psicossocial voltada para grupos de indivíduos que foram expostos a uma situação de crise, tendo por objetivo principal intervir precocemente no estresse ocasionado pelo evento considerado potencialmente traumático, de maneira a promover um funcionamento adaptativo seja a curto ou a longo prazo (BEJA, et al., 2018).

É importante ressaltar que os PSP podem se constituir em uma importante forma de intervenção, considerando o recolhimento de informações básicas que permita a realização de avaliações rápidas sobre as principais necessidades a serem atendidas ou seja refere-se ao primeiro cuidado prestado para evitar a piora do quadro de saúde, antes de ser ter acesso a um serviço especializado (TOLENTINO, et al., 2015).

Fonte: encurtador.com.br/dnqvV

Em muitas situações a oferta dessa assistência imediata é fundamental para saúde mental do indivíduo exposto a uma situação de perdas, que contribui altera diretamente o seu estado emocional de forma a desorganizá-lo e as reações podem ser das mais diversas diante do contexto, algo que impacta na sua forma de ver a sua vida naquele momento, bem como na sua projeção quanto ao futuro. O profissional abre espaço para a fala e oferece uma escuta acolhedora (LARA, et al., 2019).

Por não ser uma função adstrita ao psicólogo, qualquer profissional ou voluntário em geral devidamente treinado podem prestar os PSP. Sendo portanto, uma intervenção que se justifica diante da urgência ou emergência que surge no contexto de exposição ao risco psicossocial, se constituindo um importante método de apoio nesses casos, com estudos que comprovam sua eficácia na redução dos sintomas pós-traumáticos (LARA, et al., 2019).

É relevante destacar que os PSP não são métodos de diagnóstico ou uma intervenção psicoterapeuta, nem um interrogatório invasivo que visa esse tipo de intervenção, por isso não existir exigências rígidas quanto aos envolvidos nesse processo. Acredita-se que no momento do evento crítico, ter alguém que esteja disponível para escutar a história de vida de cada indivíduo, o quanto a situação o afeta emocionalmente, oportunizando a partilha, seja um fenômeno de proteção à saúde mental no momento, com efeitos positivos posteriormente, por isso a prática dos PSP são importantes nesses casos (BEJA, et al., 2018).

A abordagem preconizada nos PSP, diz respeito a se levantar a possibilidade de sofrimento e adoecimento psíquico frente às perdas causadas pela catástrofe, portanto é necessário que o agente envolvido na prestação da assistência esteja atento as reações iniciais, para que algumas ações possam ser realizadas, como contatar pessoas, aumentando o suporte social, oferecer informações que ajudem a lidar com os aspectos emocionais e principalmente estar disponível a realizar a escuta das suas percepções frente ao ocorrido, de maneira empática e acolhedora (LARA, et al., 2019).

Fonte: encurtador.com.br/qzGM6

Os PSP, portanto representam a possibilidade de oferecer um conforto e segurança, no intuito de tranquilizar as vítimas, garantindo que recebam os procedimentos necessários e apropriados ao processo em que estão expostos. Nem sempre ocorrem as reações mais esperadas, como a desorganização ou mesmo o estresse, muitas vezes as pessoas continuam funcionando de maneira aparentemente normal, desempenhando diversas atividades, no entanto, não quer dizer que não estejam impactadas emocionalmente, por isso é necessário estar atendo, na observação e na escuta ao se aproximar, de forma a estabelecer um vínculo seguro (TOLENTINO, et al., 2015).

As pessoas que estiverem dispostas a prestar os PSP devem estar preparadas ao enfrentamento de muitos desafios, diante de circunstâncias físicas e emocionais, cenários caóticos de destruição e sofrimento, onde intervir nesse contexto se torna também potencialmente adoecedor.  Por isso é de fundamental importância que ao se envolverem nesse trabalho, tenham acesso aos cuidados de saúde necessários à sua manutenção e assim possam dar continuidade a esse tipo de trabalho tão importante (BEJA, et al., 2018).

Os PSP são intervenções que merecem atenção, pois a qualquer momento pode ocorrer um evento crítico, uma crise e contar com o apoio de pessoas que estejam disponíveis a ajudar, até mesmo de forma voluntária, com um suporte emocional adequado, com certeza pode ser um diferencial na vida de grupos de indivíduos que estão inseridos nesse processo, algo que pode impactar positivamente no manejo das consequências de um fenômeno traumático.

REFERÊNCIAS

BEJA, M.J.et al. Primeiros socorros psicológicos: intervenção psicológica na catástrofe. Psychologica, vol. 61 nº 1, p. 125-142, 2018. Disponível em: https://doi.org/10.14195/1647-8606_61-1_7. Acesso: 30 de ago. 2021.

LARA, P.G. et al. Primeiros socorros psicológicos: intervenção em crise para eventos de violência urbana. Revista Educar Mais, nº especial, p. 9-16, 2019. Disponível em:
http://dx.doi.org/10.15536/reducarmais.3.2019.9-16.1607. Acesso: 30 de ago. 2021.

TOLENTINO, F. C, et al. Primeiros socorros psicológicos aplicados a reações de estresse em operações militares. Revista Interdisciplinar de Ciências Aplicadas à Atividade Militar, nº1, 2015. Disponível em: http://www.ebrevistas.eb.mil.br/RICAM/article/view/2614/2078. Acesso: 30 de ago. 2021.

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Utilização do sistema sensorial como prática inclusiva para pessoas com necessidades especiais

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Apesar de algumas iniciativas em prol da inclusão social e escolar de pessoas com deficiência terem sido desenvolvidas, ao longo da história do Brasil e do mundo, um grande marco na garantia de direitos desse público se deu através da Declaração de Salamanca

Os conceitos e práticas referentes à inclusão escolar permeiam uma série de condicionantes históricos e sociais. Machado, Almeida e Saraiva (2009) explicam esse fenômeno como fortemente influenciado por um funcionamento social que data de séculos, enraizado em práticas de exclusão e preconceito. Mantoan (2003) entende essa lógica como um conjunto de regras, crenças e valores que norteiam o comportamento da sociedade durante um determinado período, ou seja, paradigmas. Dessa forma, trabalhar a inclusão significa, necessariamente, reconhecer e quebrar com paradigmas e ações individuais, sociais e institucionais promotoras de exclusão.

Quanto à inclusão de pessoas com deficiência, entendendo os paradigmas que fundamentam a exclusão desse público, Castro (2015) fala sobre o papel de pesquisas e práticas ocidentais que, durante vários períodos históricos, segregaram e promoveram violência a essas pessoas, construindo saberes e conhecimentos pautados apenas no viés biológico da deficiência, contribuindo para o desenvolvimento de práticas de medicalização e internação compulsória. Essa visão, ainda influente na sociedade, desconsidera os condicionantes sociais, psicológicos, culturais e até mesmo institucionais que permeiam o fenômeno da deficiência, o que, sem dúvidas, dificulta a implementação de práticas inclusivas.

 Apesar de algumas iniciativas em prol da inclusão social e escolar de pessoas com deficiência terem sido desenvolvidas, ao longo da história do Brasil e do mundo, um grande marco na garantia de direitos desse público se deu através da Declaração de Salamanca, em 1994, na Espanha, que se trata de um acordo estabelecido entre 92 países e 25 organizações internacionais a respeito do direito da pessoa com deficiência (CASTRO, 2015). Dessa forma, todas as crianças, independentemente de quaisquer diferenças que possam ter entre si, possuem o direito de conviver e interagir no mesmo espaço escolar, usufruindo dos mesmos direitos.

No que tange à educação de pessoas com deficiência intelectual e múltipla, no Brasil, a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE), fundada em 1954 no Rio de Janeiro, segue sendo a principal instituição responsável por realizar a inclusão escolar desse público. Pensando na importância das ações desenvolvidas pela APAE, e levando em consideração a inserção da psicologia nesse campo, o presente trabalho foi desenvolvido a partir de práticas e intervenções em uma unidade da APAE de Palmas – To, na Rua 706 Sul Alameda 14.

O foco da intervenção foram os alunos de uma sala da unidade da APAE. O principal aspecto trabalhado foi a integração sensorial, sendo o objetivo principal a utilização e desenvolvimento destes aspectos. Lira (2014) reforça a importância da aquisição e regulação das habilidades sensoriais para o desenvolvimento da interação social e comunicação no ambiente escolar, principalmente no que tange às crianças com transtornos cognitivos e comportamentais, para que possam se relacionar melhor com o ambiente e processar as demandas deste com mais facilidade e adaptação.

Visto que o preconceito e exclusão de pessoas com deficiência segue sendo uma realidade no Brasil, este trabalho inseriu acadêmicos de psicologia em um campo promovedor da inclusão a fim de ampliar a visão destes e propor uma intervenção de qualidade. Segundo Mantoan (2003), faz-se necessário implantar uma nova ética no âmbito escolar, que provém da individualidade e do social. Desse modo, a intervenção não foi composta somente para os professores e pedagogos, que estão diariamente sendo desafiados pela proposta inclusiva, mas também para os alunos da instituição, que são aqueles que mais estão expostos ao preconceito e à exclusão por parte da sociedade.

Trilha metodológica

Este trabalho é uma pesquisa aplicada, de campo, com objeto metodológico exploratório de natureza qualitativa, via relato de experiência. Para a elaboração deste, primeiramente houve o estudo por meio de aulas expositivas, utilizando principalmente o espaço da sala de aula para discussões e buscas na literatura sobre práticas inclusivas que abordavam principalmente o meio educacional de pessoas com deficiência, expondo os desafios e dificuldades da inserção de uma prática inclusiva em escola de ensino regular e porque as políticas educacionais ainda resistem em adequar essa prática. Posteriormente, deu-se início à confecção do projeto.

Como já apresentado, o presente trabalho é uma pesquisa aplicada, cuja prática é guiada pela amenização de determinadas demandas que o campo apresenta, este sendo o local (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais – APAE) onde ocorreu a pesquisa e a coleta de dados. Além disso, a pesquisa é do tipo exploratória, que tem como objetivo propiciar uma maior proximidade com a demanda a fim de levantar hipóteses.  Teve a adequação de uma pesquisa qualitativa, que, segundo Córdova e Silveira (2009) possui preocupação com as questões da realidade que não podem ser quantificadas, tendo foco principal na compreensão e explicação da dinâmica das relações sociais e procedimentos de uma Pesquisa-ação, baseada em um relato de experiência. Esta, como define Thiollent (apud SILVEIRA; CÓRDOVA, p.40, 2009),

(…) é um tipo de investigação social com base empírica que é concebida e realizada em estreita associação com uma ação ou com a resolução de um problema coletivo no qual os pesquisadores e os participantes representativos da situação ou do problema estão envolvidos de modo cooperativo ou participativo.

Além do método da observação, foi utilizado um diário de campo para o registro de informações referentes à demanda e a proposta de intervenção que está presente no cronograma deste projeto. Os encontros aconteceram uma vez por semana, na quinta-feira, no período das 10:00 às 11:00 Este horário poderia estar sujeito a alterações ao longo do semestre, pois a instituição possui um cronograma próprio, podendo acontecer atividades internas no mesmo horário das intervenções. O principal público-alvo desta intervenção foram os alunos da instituição.  Cada grupo de acadêmicos de Psicologia foi sorteado a ficar em uma sala para levantar demandas, para que posteriormente pudessem delinear um projeto que se adequasse aos alunos daquela sala. O projeto que foi delineado está presente no cronograma das atividades realizadas no tópico 3 deste trabalho.

Encontros de Observação

O início das atividades no campo, logo após o encontro com o psicólogo da APAE, se deu nos dias 5 e 12 de setembro, quando os estagiários tiveram contato direto com as atividades de sala de aula programadas pela instituição. Foi possível estabelecer vínculo facilmente com a professora responsável pela turma foco da intervenção. Em ambas as datas, o levantamento de dados foi o eixo principal do trabalho realizado. A princípio, três alunos foram apresentados aos estagiários: L., S. e W., que, no primeiro dia, mostraram-se tímidos.

Durante os dois dias, especialmente no primeiro, os minutos de encontro foram utilizados principalmente para conhecer o ambiente da sala de aula, bem como a rotina da professora, sua interação com os alunos e suas possíveis dificuldades naquele contexto. A comunicação com os alunos aconteceu de maneira mais significativa no segundo dia de observação, quando foi possível estreitar vínculos com os três. Durante os dias de observação, algumas demandas foram levantadas explícita e implicitamente no contexto da sala de aula, como a necessidade de melhorar o ambiente, tornando-o mais lúdico e confortável, além de demandas implícitas psicológicas e relacionais, atreladas às necessidades de trabalhar as relações interpessoais entre alunos, envolvendo também a professora. Algo bastante presente nos dois dias de observação foi a temática sensorial, pois o aluno L. possui diagnóstico de paralisia cerebral, além de ser deficiente auditivo e mudo. Sua comunicação ocorre principalmente por meio do toque, o que afugenta e assusta alunos e visitantes, dificultando o processo de interação, socialização, e consequentemente, de inclusão desse aluno.

A necessidade de trabalhar aspectos sensoriais na sala de aula também foi levantada a partir da percepção dos estagiários a respeito de hábitos alimentares disfuncionais relatadas pelo aluno W, que disse “já ter comido um pote inteiro de Arisco” (sic). Dessa forma, a integração sensorial foi pensada para ser trabalhada privilegiando as sensações táteis e gustativas. Quanto às relações interpessoais, pensando principalmente na aluna S., percebeu-se que esta possui uma grande necessidade de se comunicar e interagir. Tem apreço pelos colegas e pela professora, além de ser extremamente afetiva, prestativa e alegre. Apesar dessas características, o vínculo entre S. e seus colegas pareceu frágil, principalmente devido a dificuldades de comunicação com estes, especialmente com L., que é surdo e mudo. Dessa forma, despertou-se nos estagiários o interesse em trabalhar aspectos interpessoais de convívio e interação.

Encerrando os dois encontros de observação, três eixos principais foram pensados para a intervenção:

  1. Trabalho dos aspectos sensoriais, com foco no tato e paladar;
  2. Trabalho das relações interpessoais entre alunos e professora;
  3. Decoração e planejamento de uma sala de aula mais lúdica e confortável.

1º encontro

No primeiro dia de atividades de intervenção, os estagiários levaram para a sala de aula um pote de brigadeiro. A atividade inicial, além de possuir como intuito secundário a aproximação entre estagiários, professora e alunos, foi pensada para estimular os últimos a tocar nos alimentos, fazendo as bolinhas e colocando-as nas forminhas. Lira (2014) ressalta que, no ambiente escolar, é possível propiciar um espaço onde os alunos tenham suas habilidades sensoriais estimuladas e/ou moduladas, de modo a promover aprendizagem.

Desse modo, a atividade programada foi pensada para o contato direto com o alimento por meio das sensações, entretanto, a professora não permitiu o toque, alegando que os alunos poderiam sujar os materiais. Além disso, no dia do encontro, uma atividade com o corpo de bombeiros havia sido programada pela instituição e foi necessário que os alunos participassem. Sendo assim, os estagiários agilizaram a intervenção, servindo o brigadeiro aos alunos com colheres.

Apesar do objetivo de a atividade não ter sido atingido de maneira íntegra, os alunos degustaram o alimento, e foi possível orientá-los quanto ao modo de consumo. W., o aluno cuja alimentação mostrou-se desregulada, foi orientado a comer devagar e levar colheradas menos cheias à boca. W. foi receptivo às orientações. O aluno L. ingeriu uma grande quantidade do doce, e a professora falou sobre sua compulsão por alimento. Maturana (2010 apud PERLS, 1947), ao tratar sobre a relação entre o sujeito e o objeto de alimentação, fala sobre o desajuste alimentar. De acordo com a autora, a relação banalizada com o alimento, seja por consumi-lo apenas para se satisfazer ou para suprir uma outra necessidade, caracteriza um comportamento pré-reflexivo, onde o indivíduo não se encontra presente na experiência, ou seja, mantém com a comida uma relação banal e instintiva. No caso de L., essa dinâmica é percebida principalmente por se tratar de um aluno cujo contato estabelecido com o meio é disfuncional e até mesmo inoperante.

No caso de W., foi informado pela professora aos estagiários que sua relação com o excesso de comida ocorre por questões familiares. Maturana (2010) também cita a importância do processo familiar na dinâmica da alimentação. Conforme a autora, a família transmite regras e condutas específicas a respeito do ato de se alimentar, que também passam a constituir a personalidade do sujeito. O aluno em questão, de acordo com as palavras da professora, utiliza da alimentação desregulada como forma de enfrentar as regras impostas por seu contexto familiar, mantendo uma relação disfuncional com o alimento à medida que o “introjeta” de maneira agressiva.

Com essas informações, o encontro foi encerrado. A atividade com os bombeiros aconteceu de maneira paralela às intervenções dos estagiários no campo, desse modo, não foi possível integrar as duas programações.

2º encontro

No segundo encontro, os psicólogos em formação levaram para a intervenção alguns materiais, como letras do alfabeto e números em EVA, um painel e post-its para decoração da sala. Neste dia, apenas W. ficou na sala de aula, pois a professora mandou a maioria dos alunos para a aula de música. O intuito do encontro, a princípio, era trabalhar concomitantemente as três demandas levantadas: decoração da sala, integração sensorial e relações interpessoais. Como a maioria dos alunos não puderam estar presentes, a dinâmica do encontro girou em torno da interação dos estagiários com a professora a partir da decoração da sala.

De acordo com Miglioranza (2013), a promoção de atividades lúdicas para pessoas com deficiência intelectual é importante pois permite que estas explorem possibilidades até então desconhecidas, devido às limitações cognitivas. O uso de jogos, colagens, brinquedos e decorações chamativas pode propiciar um clima de aprendizagem onde o aluno é estimulado, sem que a atividade se torne penosa, punitiva ou cansativa. Sendo assim, os estagiários pensaram em decorar as paredes com letras e números em EVA, de modo a tornar o ambiente de sala de aula mais interativo. Em conjunto com a professora, também foi elaborado o “quadro dos pensamentos”, utilizando um painel e post-its. Este último instrumento foi pensado para ser utilizado a longo prazo na sala de aula, com o propósito de permitir que os alunos se expressem desenhando, escrevendo ou pintando a respeito de suas emoções, sensações, pensamentos e sentimentos.

A interação com a professora aconteceu de modo espontâneo e leve. Ela pôde se expressar a respeito da sua rotina, bem como conversar a respeito de assuntos relacionados ao seu contexto de trabalho, além de sua vida pessoal, o que reforçou o estreitamento de vínculo entre a profissional e os estagiários. Entretanto, os alunos não puderam participar da intervenção, o que resultou em certo prejuízo na realização das atividades. W., apesar de presente no ambiente, não quis participar da decoração da sala. Pareceu menos confortável e disposto a interagir com os estagiários.

3º encontro

No terceiro encontro, outra intercorrência aconteceu. A equipe da APAE levou todos os alunos para um passeio no parque, e essa atividade não foi informada a tempo aos estagiários. Entretanto, todos chegaram a tempo da intervenção. Para o encontro, foi levada uma geleca (slime), com o objetivo de continuar o trabalho sensorial desenvolvido. Os estagiários observaram que os três alunos, L., S. e W., chegaram agitados das atividades do parque. Para que todos interagissem de alguma forma, cada estagiário ficou responsável por um aluno, porém, nesse dia, a intervenção ganhou mais um componente, o aluno B., que até então não havia sido apresentado nem comparecido aos encontros anteriores.

Foi possível perceber que L. possui uma forma particular de aprender, que é a partir da observação e imitação. Melo-Dias e Silva (2019) caracterizam esse tipo de aprendizagem como fundamental para a sobrevivência, pois, desde os mais remotos tempos, os seres observam-se mutuamente e repetem esquemas e padrões de comportamento de modo a garantir a própria segurança. Trazendo para o contexto em questão, L., apesar de seu comprometimento cognitivo, é capaz de reproduzir o que vivencia no dia a dia. A própria professora relatou que o aluno, desde o seu primeiro dia na instituição, aprendeu a adequar seu comportamento à medida que participava das aulas e convivia com outros alunos. Sendo assim, as interações com L. foram permeadas por representações gestuais e não-verbais, de modo que o aluno conseguisse adquirir novos repertórios comportamentais que se adequassem à sua maneira de aprender.

A aluna S., como dito anteriormente, é extremamente afetiva e alegre. Sua afetividade foi visível com os estagiários, que construíram um vínculo forte de amizade com esta. Ao longo do encontro, S. os presenteou com um desenho caracterizando-os, e também demonstrou afeto a partir de abraços. Conforme Mattos (2008), o trabalho da afetividade em contextos escolares de inclusão mostra-se imprescindível, visto que constitui um dos combustíveis necessários para o bom funcionamento cognitivo. Esse fator também serve como canal facilitador da aprendizagem. Levando em conta essas particularidades, os estagiários utilizaram do contato afetivo para estimular a aluna a participar das atividades e a relacionar-se com os colegas, promovendo a aproximação entre todos.

Quanto ao trabalho sensorial com a geleca, foi possível perceber que cada aluno interagiu e reagiu de maneira diferente ao objeto. L. demonstrou estranhamento e repulsa a partir de suas expressões faciais e mãos, enquanto S. e W. brincaram sem restrições. No caso da aluna, esta utilizou o brinquedo para escondê-lo, jogando caça ao tesouro com os estagiários. Sua dedicação à brincadeira foi reforçada, de modo que ela se empolgou e quis continuar brincando.

O aluno B., apesar de ter se mostrado levemente retraído, conseguiu manter uma comunicação de qualidade com os estagiários, e assim o vínculo foi estabelecido sem problemas. Percebeu-se que B é afetivo e inteligente. Conversou com os estagiários a respeito de assuntos como faculdade e política, demonstrando ser atento às notícias e atualidades.

4º encontro

No quarto encontro, ao chegar na sala, os estagiários perceberam a ausência da professora e dos alunos, com isso saíram para localizá-los. Ao encontrar a professora, ela os informou que estava cuidando de um aluno em outro ambiente, assim, os alunos pelos quais ela é responsável estavam em outras salas.  Os estagiários foram à procura dos alunos, e ao encontrá-los, os convidaram a irem para sala onde aconteceria a intervenção. Assim, as atividades desenvolvidas foram o uso de massinha com intuito de trabalhar a criatividade e também aspectos sensoriais, além do uso de uma atividade imprimível contendo um labirinto na folha de papel, com objetivo de trabalhar as habilidades motoras, sendo que, somente S. desenvolveu essa atividade, ainda assim demonstrando  dificuldade em encontrar a saída do labirinto. Souza, França e Campos (2006) considera que a solução desse teste envolve a operacionalização da intenção de movimentar-se para alcançar um objetivo. A estabilização do desempenho pode indicar a utilização de estratégias cognitivas e formação de um programa de ação.

Com o aluno L., trabalhou-se também o desenvolvimento motor. Com a utilização de uma folha em branco, um dos estagiários desenhou a mão do aluno na expectativa deste repetir a ação. Com isso, foi possível observar que L. acompanhou atentamente os movimentos do estagiário durante a prática do desenho, e em seguida tentou fazer o mesmo, ou seja, houve uma tentativa de repetição do desenho, o que reforça o que os estagiários haviam percebido anteriormente a respeito da aprendizagem do aluno em questão.

5º encontro

Os estagiários programaram uma atividade de adivinhação para os alunos e a professora da sala. Levaram uma venda para os olhos e alguns objetos como pena, urso de pelúcia, pincel, etc., e balões para animar o clima da sala de aula, com o intuito de trabalhar aspectos sensoriais do tato. Cardoso (2013) ressalta que o contato por meio dos órgãos sensoriais promove aprendizagem e gera conhecimento. Cita o processo sensório-perceptivo como basilar para o desenvolvimento psíquico e biológico, caracterizando esse tipo de aprendizagem como antecedente às abstrações científicas, filosóficas e racionais. Sendo assim, explorar o corpo e o ambiente, ainda conforme Cardoso (2013), promove retorno a um nível de abstração primário do ser humano, possibilitando que a aprendizagem aconteça de maneira íntegra. A respeito disso, Dusi, Neves e Antony (2006) alegam que o aprender significativo é aquele que integra as dimensões cognitivas, sensoriais e motoras do indivíduo, numa perspectiva holística de compreensão do ser humano.

Assim, no contexto em questão, a intervenção realizada permitiu trabalhar as potencialidades da deficiência de cada um, possibilitando que cada aluno pudesse, dentro de suas capacidades, apreender a experiência sensorial e incorporá-la como aprendizado. Os alunos B. e W., por exemplo, surpreenderam a todos com suas capacidades de adivinhação a partir do tato. Conseguiram acertar sem dificuldades os objetos que tocaram em um tempo razoável. No caso de L., apesar de não conseguir raciocinar ou verbalizar sobre a experiência, notou-se que o aluno, ao ser vendado, reagiu com estranheza. Pareceu se divertir após a remoção da venda, sorrindo e ficando agitado quando os colegas participavam da brincadeira.

Todos os alunos estavam presentes e juntamente com os estagiários, encheram os balões e colaram na parede. A professora se animou bastante e até pegou outros objetos de outras salas para a brincadeira continuar. Até os estagiários e a própria professora participaram, dando até a ideia de chamar outras salas para entrarem na brincadeira em encontros futuros. Após o fim da brincadeira, os estagiários se despediram e foram embora.

É possível afirmar que houve aprendizagem de todas as partes envolvidas no processo: professora, alunos e estagiários. A experiência propiciou a vivência de relações íntimas com o ambiente a partir do tato, e consequentemente, o estabelecimento de relações interpessoais entre os indivíduos. Dusi, Neves e Antony (2006) definem como contato toda a experiência que ocorre entre indivíduos ou entre indivíduo e meio e possibilita crescimento pessoal, a partir da apreensão do novo. Dentro dessa dinâmica, pode-se dizer que o contato ocorreu com qualidade, propiciando aprendizagem e estreitamento de vínculos entre todos.

6º encontro

Neste encontro, a principal proposta foi uma dinâmica, que consistia em um leque de elogios com os alunos, além da confecção de um porta-retrato com palitos de picolé. Devido ao ônibus da instituição estar quebrado, apenas 2 alunos compareceram. Durante a dinâmica, o aluno B. teve dificuldade ao fazer as dobraduras do leque, então com o auxílio da estagiária, ele fez, e assim, deu-se início a rotação. Cada leque iria passar por todas as pessoas da roda e cada uma delas teria que escrever um elogio ou algo que poderia melhorar. A execução da dinâmica foi possível pois apenas os alunos B. e W. estavam presentes, e ambos possuem um nível cognitivo satisfatório para a leitura e escrita.

Melo (2010), no que tange à comunicação com pessoas com deficiência, especialmente as do tipo intelectual, cognitiva ou múltipla, orienta que a fala seja carregada de afeto e atenção. Além disso, ressalta a importância de serem evitadas condutas de superproteção e infantilização desses sujeitos, deixando que estes se manifestem de maneira autônoma e apenas sejam auxiliados quando realmente houver necessidade. Dessa forma, durante a atividade, os estagiários e a professora deixaram que os dois alunos presentes, B. e W., dobrassem o leque e escrevessem os adjetivos. Foi necessário auxiliar o aluno B. na atividade, pois este tinha dificuldade para ler. Entretanto, estagiários e professora incentivaram o aluno a desenvolver sua autonomia, apoiando-o e incentivando-o.

Todos pareceram estar se divertindo e gostando dos elogios. Dantas e Martins (2009) falam sobre a importância do desenvolvimento de relações interpessoais construtivas entre pessoas com deficiência no ambiente escolar, sejam destas com seus colegas, com profissionais, funcionários ou professores. De acordo com as autoras, o contato com o outro propicia desenvolvimento inter e intrapessoal, pois é a partir da mediação social que o sujeito pode se constituir como pessoa. A troca de elogios entre professora, estagiários e alunos propiciou diversão e afeto, aumentando a interação entre todos.

No fim da dinâmica, os estagiários pediram para os alunos fazerem desenhos, e assim, começarem a fazer os porta-retratos. Inicialmente, seriam fotos para compor os porta-retratos, mas como um dos alunos não estava na foto, foi de maior valia fazer um desenho. Nenhum estagiário interferiu no desenho dos alunos, de modo a permitir que cada um pudesse se manifestar autenticamente a partir de suas potencialidades, indo ao encontro com o que Melo (2010) postula a respeito do manejo de pessoas com deficiência intelectual.

7º encontro

Para este encontro, foi planejado fazer pinturas na pele dos estudantes e estes fazerem pinturas nos estagiários, para que todos tivessem um maior contato sensorial. Os estagiários levaram tinta para pintura na pele e pediram primeiramente a permissão da professora para poderem realizar a atividade. Conforme Guero (2013), os órgãos sensoriais são imprescindíveis para a aprendizagem. Sabe-se que o aluno L. possui deficiência auditiva e possivelmente visual, além de seu comprometimento cognitivo, entretanto, consegue apreender o mundo e os objetos a partir de outras maneiras, como pela sensação tátil. Neste encontro, apenas W. e este aluno compareceram. A atividade foi realizada de modo que ambos pudessem sentir o contato da tinta no corpo, tocá-la e cheirá-la. Guero (2013) refere-se a esse tipo de interação sensorial como sensações exteroceptivas, ou seja, pertencente a estímulos externos que ativam onde há a utilização dos sentidos (paladar, tato, olfato, audição e visão).

Uma das estagiárias desenhou no braço de W. o que este havia pedido, uma aranha com seu nome embaixo. O aluno demonstrou interesse e empolgação com a atividade, e se comprometeu em pintar as duas estagiárias. Matera e Leal (2016) falam sobre o papel da arte na educação inclusiva, ressaltando que esta abre caminhos para novas experiências, permitindo a superação de limitações e desenvolvimento de habilidades. A aprendizagem artística foge aos padrões convencionais de educação e promove inclusão à medida que possibilita que cada aluno se expresse de maneira única e autêntica.

No caso de L., o aluno reagiu inicialmente de modo estranho à sensação da tinta em seu corpo. Com a acomodação da experiência, conseguiu até mesmo espalhar a tinta pelo corpo, divertindo-se e interagindo com o estagiário à medida que este o pintava. O contato com o novo é um processo que abala o campo inter-relacional entre indivíduo e meio. L., ao entrar em contato com o elemento tinta, abriu várias possibilidades de aprendizagem. Dusi, Neves e Antony (2006) explicam o ciclo do contato como um processo de várias etapas onde podem ocorrer diversas formas de relacionamento com o meio. No caso de L., o contato inicial com a experiência aconteceu com fixação, houve resistência e medo. Entretanto, à medida que a situação foi assimilada e acomodada, maior foi a fluidez do processo, e o aluno pôde experimentar sensações e agregá-las à sua totalidade. Em dado momento, L., energizado pela experiência, conseguiu partir para a ação, repetindo os movimentos do estagiário e pintando-o.

Como dito anteriormente, L. é um aluno que aprende predominantemente por imitação e observação. Aguiar (1998) salienta que esse modelo de aprendizagem não é meramente uma cópia de um símbolo externo, mas uma reorganização individual de um significado. Dessa forma, apesar de seu comprometimento neurocognitivo, o aluno apresenta um funcionamento próprio no que tange à exploração do meio, o que pôde ser reforçado através da atividade de pintura.

O final do encontro foi marcado por outra experiência sensorial entre o estagiário e o aluno L. Este foi higienizado com água e sabão, de modo a se limpar da tinta. Foi colaborativo com o estagiário e demonstrou apreço pela limpeza, divertindo-se com a água. A interação do aluno com a limpeza reforçou a observação dos estagiários da importância das sensações táteis para L. O outro aluno, W., desejou continuar pintado. Pode-se dizer que ambos, em suas próprias maneiras, apreenderam a experiência e ampliaram o contato com o ambiente e com o outro, um dos objetivos do encontro.

8º encontro

Para o último encontro, foi planejado dar um feedback para a professora de todas as atividades realizadas durante o semestre, juntamente com um lanche e uma lembrancinha. Os estagiários, ao invés de dar uma lembrancinha para cada um, se juntaram e compraram um jogo onde todos da sala poderiam jogar juntos. O jogo em questão é o pula-pirata, onde ao colocar as espadas no barril do pirata, é acionado um mecanismo onde o pirata pula. O brinquedo foi pensado para que todos os alunos brinquem juntos, o que propiciaria maior interação entre todos. A escolha levou em conta as particularidades do aluno L., que, como citado anteriormente, possui o tato como sentido mais aguçado, além de aprender principalmente por observação. Mafra (2008) aponta que o processo de brincar é fundamental para pessoas com deficiência, pois o papel principal do lúdico nesse contexto é de facilitar e promover a aprendizagem e o desenvolvimento cognitivo, neurológico, afetivo e social desses sujeitos. Dessa forma, a presença de um brinquedo a mais no ambiente de sala de aula, sendo ainda um brinquedo que requer interação, mostra-se de grande contribuição.

Os acadêmicos fizeram um apanhado de todos os encontros, desde a principal demanda que levantaram, até às reações dos alunos e da professora. Esta deu um feedback bastante positivo em relação aos encontros. Disse que L., que possui deficiência na fala, audição e cognição, teve melhoras positivas em suas relações interpessoais. Ela, que antes dizia que este não se comunicava, começou a perceber que ele se comunica com as outras pessoas de um modo diferente, que é a partir do toque, da observação. Os estagiários levaram pipoca como lanche de despedida. Além da própria professora, apenas L. estava presente.

CONCLUSÃO

Diante do exposto, pode-se constatar que as atividades propostas foram concluídas encontro após encontro, atingindo os objetivos propostos no início do projeto. O foco das intervenções foi se adaptando conforme as demandas foram se apresentando. É importante salientar que nem todas as atividades planejadas pelos estagiários foram efetivadas por motivo de intercorrências no campo, visto que este já possuía um cronograma estabelecido para o semestre, no entanto, as atividades foram adaptadas no momento para que fossem concluídas.

Os alunos que obtiveram maior benefícios das intervenções foram S. e L., respectivamente pelas demandas de relacionamento interpessoal e comunicação não verbal. Os estagiários conseguiram desenvolver vínculo com a turma onde realizaram o relato e em relação aos objetivos alusivos à integração sensorial, com a utilização de atividades que envolviam esse aspecto, foram adaptados para determinados momentos e finalizados. Desse modo, é possível concluir e reafirmar a importância da Psicologia em espaços que dizem promover a inclusão, pois esta ciência está em constante evolução, propõe um olhar acolhedor e empático, além de possuir como uma das premissas a prática inclusiva.

REFERÊNCIAS

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CARDOSO, D. S. Despertar da percepção na educação infantil: caminhos para uma aprendizagem totalizante. 2013. 111f. Monografia (Mestrado em Educação, Arte e História da Cultura) – Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo, 2013.

CASTRO, F. M. O papel da APAE frente à inclusão de estudantes com deficiência na rede pública de ensino em Carinhanha-BA. 2015. 47 f. Monografia (Especialização em Desenvolvimento Humano, Educação e Inclusão Escolar)—Universidade de Brasília, Universidade Aberta do Brasil, Brasília, 2015.

DANTAS, D. C. L; MARTINS, L. A. R. Pessoas com deficiência intelectual na escola regular: a educação inclusiva é possível. V Congresso Brasileiro Multidisciplinar de Educação Especial, 3 a 6 de novembro de 2009, Londrina, Paraná, Brasil.

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GUERO, M. G. Capítulo I: 1 – Deficiência Intelectual; Áreas do Desenvolvimento; Área Cognitiva; Sensação. In: PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Superintendência de Educação. Os Desafios da Escola Pública Paranaense na Perspectiva do Professor PDE. 2014. Curitiba: SEED/PR., 2016. V.1. (Cadernos PDE).

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MAFRA, S. R. C. O Lúdico e o Desenvolvimento da Criança Deficiente Intelectual. SEED/PDE-Programa de Desenvolvimento Educacional, 2008.

MANTOAN, M. T. E. Inclusão escolar: o que é? por quê? como fazer?. São Paulo: Moderna, 2003.

MATERA, V. S. M; LEAL, Z. F. R. G. ARTE E DEFICIÊNCIA INTELECTUAL: caminhos, possibilidades e aprendizagem. In: PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Superintendência de Educação. Os Desafios da Escola Pública Paranaense na Perspectiva do Professor PDE. 2016. Curitiba: SEED/PR., 2016. V.1. (Cadernos PDE).

MATTOS, S. M. N. A afetividade como fator de inclusão escolar. TEIAS: Rio de Janeiro, ano 9, nº 18, pp. 50-59, julho/dezembro 2008.

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SILVEIRA, D. T.; CÓRDOVA, F. P. Métodos de pesquisa. [organizado por] Tatiana Engel Gerhardt e Denise Tolfo Silveira; coordenado pela Universidade Aberta do Brasil – UAB/UFRGS e pelo Curso de Graduação Tecnológica – Planejamento e Gestão para o Desenvolvimento Rural da SEAD/UFRGS. – Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2009.

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Mesa redonda discute a assistência em situações de crise

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Participaram da mesa Alex Matos Fernandes (profissional da Defesa Civil); Karlla de Souza Luz e Claudete Nascimento (profissionais do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência – SAMU); e Andreya Bueno, (Tenente Coronel do Corpo de Bombeiros Militar).

Ocorreu na manhã da última quarta-feira, dia 02 de outubro, nas dependências do CEULP/ULBRA, a mesa redonda “Intervenção em Situações de Crise”, organizada pela professora Izabela Querido e os acadêmicos de Psicologia da disciplina de Intervenção em Situações de Crise. A mesa redonda teve o objetivo de abordar a assistência prestada por profissionais nas mais diversas situações de crise, como suicídio, surtos psicóticos, desastre e violências.

       Participaram da mesa Alex Matos Fernandes (profissional da Defesa Civil); Karlla de Souza Luz e Claudete Nascimento (profissionais do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência – SAMU); e Andreya Bueno, (Tenente Coronel do Corpo de Bombeiros Militar). Como mediadora, a professora Izabela Querido iniciou com a apresentação do evento, abrindo para as apresentações dos profissionais convidados.

      A tenente Coronel Andreya Bueno, do Corpo de Bombeiros, atualmente no cargo de diretora do Departamento de Ensino e Pesquisa, abriu a fala dos convidados da mesa. Inicialmente abordou sobre a sua experiência pessoal com a Psicologia, reconhecendo a importância das intervenções do profissional psicólogo. Durante a sua fala explicou sobre o trabalho de capacitação para situações de emergência que realiza nas instituições de ensino, o qual envolve crianças do primário até universitários, focando na prevenção como também no manejo em caso de incidentes.

(Da esquerda para a direita: Karlla de Souza, Claudete, professora Izabela Querido, Andreya Bueno e Alex Matos Fernandes )

         Dando continuidade às falas da composição da mesa redonda, a enfermeira Karlla de Souza Luz, do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), relatou como ocorre a assistência e os procedimentos em casos de emergências, em que os profissionais do SAMU são acionados para prestar assistência direta ao paciente ajudando e fornecendo o atendimento pré-hospitalar às vítimas em situações de urgência. Karlla relatou sobre algumas experiências que foram marcantes em sua vida profissional, demandas relacionadas aos atendimentos direto com os pacientes em situações de urgência. Compondo também a mesa, a  profissional do SAMU, Claudete Nascimento, explicou sobre a simulação de acidente com múltiplas vítimas ocorrido na Teotônio Segurado, que teve o objetivo de preparar os profissionais de salvamento e segurança.

       Alex Matos foi o responsável por descrever a atuação da Defesa Civil na cidade de Palmas-TO. Esta representa um conjunto de ações preventivas de socorro, assistenciais e reconstrutivas visando preservar a integridade física e moral das pessoas em situação de vulnerabilidade. Alex explicou que o papel da Defesa Civil vai além de apenas salvar uma vida em situação de perigo, sua atuação também envolve oferecer suporte para que as vítimas se sintam acolhidas. Um exemplo citado foi o de oferecer brinquedos para crianças que estão em abrigos temporários depois de desastres, sejam estes causados por eventos naturais ou decorrentes de incidentes tecnológicos. Na pauta do evento, também foi discutida a questão de cadastros de profissionais para auxiliarem em situações de desastre.

      Na ocasião da mesa redonda os profissionais aproveitaram para reforçar a necessidade de desenvolver ações que promovam saúde mental para as pessoas que intervêm nas situações de crise. Andreya apontou que cresce o número de mortes por suicídio em profissionais da segurança pública enquanto Karlla e Claudete citaram o adoecimento físico e mental de profissionais da saúde. De acordo com os depoimentos, o suicídio é uma experiência vivenciada com colegas próximos tanto da corporação do Corpo de Bombeiros quanto em áreas da saúde.

           O encontro foi encerrado com a reflexão da importância de discutir e abrir espaço para abordar cada vez mais sobre a atuação desses profissionais, construindo juntamente com acadêmicos  um trabalho intersetorial em que diferentes áreas poderão articular para atender as necessidades vigentes.

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