Os tocantinenses que possuem alguma deficiência estão menos presentes no mercado de trabalho. É o que aponta o estudo Pessoas com Deficiência e as Desigualdades Sociais no Brasil, divulgado nesta quarta-feira, 21, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em 2019, a taxa de participação para essas pessoas era de 33,9%, quase a metade do que entre àquelas sem deficiência (63%). Esse indicador mede a proporção de ocupados e de desocupados da população com 14 anos ou mais de idade.
Conforme o estudo, que tem como principal fonte a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) 2019, publicada em agosto do ano passado, a taxa de desocupação no Tocantins, por sua vez, era ligeiramente superior para pessoas sem deficiência (7,6%) do que para as pessoas com deficiência (6,9%). Mais enquanto quase metade (40,6%) dos trabalhadores sem deficiência estavam empregados em postos formais, esse indicador (taxa de formalização) era de 24,7% entre aqueles com deficiência.
“Há dificuldades em entrar no mercado de trabalho, e quando elas conseguem, essa vaga é proporcionalmente mais informal, de pior qualidade e com menos direitos. Também existem diferenças entre os tipos de deficiência. No caso das pessoas com deficiência mental, a inserção no mercado de trabalho é ainda mais difícil”, explicou o analista do IBGE Leonardo Athias.
População com deficiência
A edição 2019 da PNS identificou que 8,4% da população do país com dois anos ou mais de idade tinham algum tipo de deficiência. A maior proporção foi observada no Nordeste (9,9%), e a menor, no Centro-Oeste (7,1%). Entre as unidades da Federação, as maiores concentrações de pessoas com deficiência estavam em Sergipe (12,3%) e na Paraíba (10,7%), enquanto as menores estavam no Distrito Federal (5,2%), seguido por Mato Grosso (5,6%). No Tocantins, 9,4% da população com dois anos ou mais tinham alguma deficiência.
A pesquisa também constatou que a deficiência se concentra na população mais idosa e do sexo feminino: 31% das pessoas com 60 anos ou mais tinham alguma deficiência, enquanto entre as pessoas de dois a 59 anos esse percentual caiu para 5,4%. Entre as mulheres tocantinenses o percentual ficou em 9,9% e entre os homens 8,7%.
Acesso a benefícios
No Tocantins, cerca de 548 mil pessoas viviam em domicílios com rendimento inferior a meio salário mínimo per capita, sendo que 8,5% (47 mil) tinham alguma deficiência. Segundo a pesquisa, 53,8% (25 mil) dessas pessoas com deficiência receberam algum benefício social em 2019. O restante, 46,2% (22 mil), não tiveram acesso a benefícios.
O saneamento básico e a internet no domicílio também foram abordados no estudo. Apenas 18,9% das pessoas com deficiência tinham acesso simultâneo a serviços de esgotamento sanitário por rede coletora, pluvial ou fossa ligada à rede, água por rede geral e coleta de lixo (seja direta ou indireta). Entre aqueles sem deficiência, esse percentual era de 25,1%. Enquanto 80,2% dos tocantinenses sem deficiência tinham internet em casa, essa proporção era de 58,1% para as pessoas com deficiência.
Educação
O estudo também apontou uma diferença entre pessoas com deficiência e sem deficiência em relação à educação: entre os tocantinenses de 10 anos ou mais com deficiência, a taxa de analfabetismo foi de 32,7%, contra 7,9% do restante da população dessa faixa etária sem deficiência. Já entre a população idosa (de 60 anos ou mais) a taxa foi de 42,4% (com deficiência), contra 31,4% (sem deficiência).
A pesquisa revelou, por fim, que 72% da população tocantinense com deficiência acima de 18 anos não tinha nenhuma instrução ou possuía apenas o ensino fundamental incompleto; 10% tinha o ensino fundamental completo e médio incompleto; 13,3% estava no grupo de ensino médio completo e superior incompleto e apenas 4,4% tinha nível superior completo. Entre as pessoas sem deficiência, esses percentuais foram de: 35,2%, 13,9%, 36,6% e 14,3%, respectivamente.
Autor:
Unidade Estadual do IBGE no Tocantins
Supervisão de Disseminação de Informações
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Dialética e TFC ajudam mulheres gestantes no mercado de trabalho
24 de setembro de 2022 bruna texeira rabelo
Insight
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Na contemporaneidade, a discriminação contra profissionais gestantes é um tema recorrente, pois muitas são desrespeitadas a partir do momento em que engravidam. Cabe lembrar que, apesar da lei impedir que profissionais gestantes com Registro na Carteira de Trabalho sejam demitidas sem justa causa, a realidade perdura, fazendo com que muitas mulheres sejam humilhadas diariamente e submetidas a níveis de estresse muito altos, além de serem vítimas de assédio moral.
Assim, esse cenário na vida da mulher nos papéis de mãe e trabalhadora pode gerar desequilíbrio emocional, decorrente do quadro de que a maternidade é vista como uma variável agravante, fazendo com que os gestores cometam comportamentos violentos, tais como: retirar a autonomia da trabalhadora gestante ou contestar, a todo momento, suas decisões; vigilância excessiva seguida de manipulação de informações; isolar fisicamente o trabalhador e presumir que a carga horária da mulher deve ser reduzida apenas por conta da gestação.
O que é Dinâmica de grupo?
De acordo com a Sociedade Brasileira de Dinâmica de Grupo (2006, p. 1), “dynamis é uma palavra de origem grega que significa força, energia, ação”. E, Segundo Tatiana Wernikoff, (Instituto de Psicologia Organizacional) “Qualquer situação em que você reúne pessoas para uma atividade conjunta, com um objetivo específico, caracteriza uma dinâmica”.
Em um artigo publicado em 1944 por Kurt Lewin, Dinâmica de Grupo é o “estudo das forças que agem no seio dos grupos, suas origens, consequências e condições modificadoras do comportamento do grupo”.
A Dinâmica de Grupo consiste em permitir que os indivíduos participantes desenvolvam suas habilidades e se tornem mais competentes por meio do que já sabem, atingindo quatro dimensões muito importantes: social, interpessoal, pessoal e profissional.
Os exercícios de dinâmicas de grupo são frequentemente utilizados para melhorar o relacionamento entre os diferentes elementos de um mesmo grupo, promovendo a autenticidade nas pessoas, além de permitir que os indivíduos lidem com opiniões e atitudes divergentes, promovendo o crescimento pessoal.
Fonte: Imagem por pch.vector no Freepik
O que é Dialética?
A Dialética é um método de diálogo que se concentra na contradição e oposição de opiniões, um jogo de ideias que se contradizem porque são diferentes umas das outras, podendo gerar novas ideias. A Dialética pode ser o debate ou a arte da persuasão, estando intimamente relacionada à retórica.
Jung define a Dialética como simplesmente uma discussão entre duas ou mais pessoas, que logo resulta em duas definições igualmente concisas, um método de construir novas sínteses.
O que é Terapia Focada na Compaixão?
A Terapia Focada na Compaixão (TFC) tem como objetivo ajudar as pessoas a acessar e estimular suas motivações, emoções e competências de autocompaixão. É uma terapia que integra conceitos do budismo, da psicologia evolucionista e das neurociências.
De acordo com Paul Gilbert (2009), a terapia centrada na compaixão decorre da percepção de que os pacientes se tratam com muita severidade, cheios de críticas, hostilidade, raiva e desprezo. Nesse sentido, um dos principais objetivos é que os pacientes desenvolvam uma atitude mais compassiva em relação a si mesmas, desenvolvendo assim a autocompaixão, onde o paciente permite se aceitar, diminuindo as cobranças e a autocrítica.
Fonte: Imagem no jcomp no Freepik
Cabe lembrar, ainda, a diferença entre autocrítica severa e autocorreção compassiva, visto que a autocrítica se refere a uma forma de autojulgamento e auto avaliação negativos, que podem ser direcionados a diversos aspectos do self, como a aparência física, as emoções, os comportamentos, os pensamentos, a personalidade e os atributos intelectuais. Ao contrário da autocrítica, considera-se que a autocompaixão é uma resposta alternativa mais adaptativa à falha percebida. Na autocrítica severa os indivíduos funcionam como seus próprios inimigos, se auto agredindo e punindo de forma constante diante de falhas, remoendo e cultivando sentimentos de raiva, arrependimento e culpa. Já na autocorreção compassiva, o objetivo é procurar compreender que é possível aprender com os erros, que faz parte da natureza humana errar e sofrer, é parte natural da vida. Com uma atitude de aceitação e acolhimento se torna possível evoluir, aprendendo com os erros e situações adversas da vida.
”O sofrimento faz parte da vida. Que eu seja gentil comigo mesma neste momento. Que eu possa dar a mim mesma a compaixão de que preciso.”- Neff; Kristin.
Sendo assim, percebe-se que, com o uso regular das práticas supracitadas, será possível que as gestantes atinjam maior compreensão acerca da sua realidade e conquistem melhor qualidade de vida.
Referências bibliográficas
AFONSO, MARIA LUCIA MIRANDA. Oficinas Em Dinâmica de Grupo: Um Método de intervenção psicossocial. Casa do Psicólogo, 2007.
ANDRADE, Suely Gregori. Teoria E Pratica de Dinâmica de Grupo: Jogos E. Casa do Psicólogo, 1999.
GARCIA. C. F, VIECILI. J. Implicações do retorno ao trabalho após licença-maternidade na rotina e no trabalho da mulher. Fractal, Rev. Psicol. 30 (2) • Ago 2018 https://www.scielo.br/j/fractal/a/4zVSP8j3SKn9Rf9TtNvzWzn/? Acesso em 07/06/2022
PASQUALINI, Juliana C.; MARTINS, Fernando Ramalho e EUZEBIOS FILHO, Antonio. A “Dinâmica de Grupo” de Kurt Lewin: proposições, contexto e crítica. Estud. psicol. (Natal) [online]. 2021, vol.26, n.2, pp. 161-173. ISSN 1413-294X. http://dx.doi.org/10.22491/1678-4669.20210016. Acesso em 07/06/2022
A cada ano, no mês março, em que se comemora o “Dia da Mulher” em diversos países, é praticamente impossível não esbarrar em textos, frases de efeito e uma infinidade de produções na mídia e nas redes sociais que se propõem a discorrer sobre a dor e delícia de ser mulher. Em muitos casos, “A mulher” é retratada como a mãe devotada que se aproxima da uma figura sagrada da Virgem Maria. Ou ainda, aparece como a heroína dos filmes e quadrinhos criados por homens, que enfrenta suas batalhas sempre sorrindo e luta, habilmente, usando uma maquiagem perfeita e um salto agulha.
Entretanto, essa época do ano também convida a refletir sobre desafios tipicamente atribuídos ao feminino: feminicídio e violência doméstica; dupla ou tripla jornada de trabalho; equilíbrio entre maternagem e mercado de trabalho; indústria da moda e da beleza e outros temas. A partir de tais problemas, é preciso pensar: o que é ser mulher? Será possível reduzir e resumir toda pluralidade do feminino em um conjunto de palavras ou conceitos?
Lacan, psicanalista francês do século XX, afirma que “a mulher não existe”, por não haver um constructo que abarque todas as parcialidades do sujeito feminino. Existem muitas mulheres distintas e é preciso considerá-las uma a uma, em suas especificidades e nos seus lugares de fala. Com isso, diante da necessidade de saber sobre a saúde mental das mulheres, no Brasil e durante a pandemia, apresentam-se entrevistas com sujeitos femininos que falam de si e do seu lugar neste contexto plural.
Dra Camila Craveiro
Na primeira entrevista da “A mulher não existe! O que significa ser mulher, no Brasil, na pandemia?”, o Portal (En)Cena conversou com a professora Dra Camila Craveiro para entender mais sobre: o que é ser mulher, no Brasil, durante a pandemia da COVID 19.
Camila Craveiro é PhD em Ciências da Comunicação pela Universidade do Minho, em Portugal, coordenadora do curso de Publicidade da UNIGOIÁS, corresponsável pelo podcast Meia Taça e se dedica aos estudos descoloniais de gênero e migração.
(En)Cena –Camila, considerando o seu lugar de fala, de mulher, professora, publicitária, mãe e usuária ativa das redes sociais: o que é ser mulher no Brasil, durante a pandemia da COVID 19?
Dra Camila Craveiro – Quando falamos de mulheres, enquanto um grupo, essa necessariamente é uma superinclusão. Ainda que seja uma estratégia também de criar coletividade, uma ação grupal. Dentro do meu lugar de fala, da minha mulheridade, eu sinto um cansaço mental e psicológico muito grande durante a pandemia. Primeiro porque ela “starta” diferentes medos: da ausência, da morte, do desemprego, de não produzir a contento…E lidar com esse medo cotidianamente é muito complicado. Além disso, há os papéis sociais que eu desempenho enquanto mãe, professora, usuária das redes sociais e produtora de podcast. Tudo isso precisa ter minha atenção, dividida e focada ao mesmo tempo, algo que não é fácil. Mas eu sou uma mulher branca, de classe média alta, no Brasil, durante a pandemia e estou totalmente ciente dos privilégios dos quais eu gozo dentro dessas categorizações.
(En)Cena –Depois de ter estudado mulheres migrantes por 5 anos, na sua opinião, como podemos compreender o sofrimento emocional das venezuelanas que chegam ao Brasil, durante a pandemia?
Dra Camila Craveiro – Eu acho que a gente precisa rever algumas questões que são mesmo do campo da Sociologia das Migrações. A primeira delas diz respeito à dupla vulnerabilidade de ser migrante e ser mulher. Neste caso, destaca-se especialmente as migrantes econômicas. Segundo Sassen (2003), a feminização das migrações, ou seja, a tendência de aumento da migração de mulheres em relação ao número de homens, deve-se, na verdade, à feminização da pobreza, à feminização da sobrevivência. Então, são mulheres que deixam as suas casas e, em alguns contextos, deixam suas famílias, para migrarem para países em que haveria maiores recursos de emprego e recursos materiais, para que elas possam também enviar dinheiro aos seus lares de origem. (…) À vulnerabilidade das venezuelanas, sexual e econômica, se soma o estereótipo negativo, pois criou-se no Brasil a ideia de uma invasão. Uma invasão de venezuelanos famintos, miseráveis e que aqui estão para concorrer pelos postos de trabalho e por alguns dos benefícios sociais dos quais gozamos.
No contexto de pandemia, as mulheres imigrantes encontram um país fechado em termos de oportunidades, especialmente, no caso das mulheres indocumentadas. Isso quer dizer de mais uma vulnerabilidade, ou seja, as assimetrias sociais que elas vivenciam as colocam numa posição de vulnerabilidade e de restrição do seu poder de margem de agência, de estratégia de sobrevivência, o que, sim, causa um dano emocional e uma subjetividade ferida.
Fonte: Arquivo Pessoal
(En)Cena –Na sua opinião, qual seria o caminho para as mulheres no pós-pandemia?
Dra Camila Craveiro – Eu torço, eu espero, eu anseio que o caminho pós-pandemia seja um caminho de ressurgimento. Ressurgimento da capacidade de mobilização, de estratégias de luta, da força que se perdeu ou que foi minada durante a pandemia. Essa exaustão que a gente falou anteriormente, foi uma exaustão sentida em todas as camadas sociais de mulheres. Eu espero que uma vez superado este contexto (quando estivermos todas vacinadas), que possamos retomar planos, sonhos e estratégias. Eu espero que a gente ressurja mais fortes, dispostas a lutar por aqueles que são nossos direitos, para garantir a promoção daquilo que já foi assegurado e pela conquista do que ainda está no nosso horizonte. Minha esperança é uma esperança de luta e de resiliência, para que a gente comece também a construção de uma sociedade que promova a igualdade de gêneros, ou seja, a igualdade de oportunidades.
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Dia Internacional das Pessoas com Deficiência celebra o crescimento de 89% de novas contratações na indústria de acessibilidade
As vendas dispararam no mercado de acessibilidade, e com isso as vagas temporárias também. Elas representam cerca de 400 mil vagas e faz girar a economia do setor. SP, RS, RJ, MG, Brasília, PR e SC, são os estados que mais contratam.
São Paulo, novembro de 2020:Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 24% da população brasileira é composta por pessoas que possuem algum tipo de deficiência. E por conta da quarentena, as pessoas com mobilidade reduzida passaram a adaptar as residências e, com isso, aquecer a indústria que não foi contaminada pela Covid-19.
O setor movimenta R$ 5,5 bilhões ao ano. Apenas um fabricante, do interior paulista, registrou aumento nas vendas e já estima um faturamento de R$ 22 milhões para 2021. RJ, RS, SP E MG são os estados que mais consomem produtos de acessibilidade.
Segundo a Projeção da Associação Brasileira do Trabalho Temporário (Asserttem) é que cerca de 400 mil vagas temporárias devem ser criadas no último trimestre. O crescimento foi de 89,5%, em relação ao ano anterior. Além das vagas, cresceram também, as vendas de barras e piso antiderrapante, devido as pessoas quererem evitar as quedas durante o isolamento social.
Para o CEO da Planeta Acessível, Marcelo Costa, tornar espaços de lazer acessíveis a todos os públicos é mais que uma simples obra.”… crianças, idosos e portadores de necessidade especial ou mobilidade reduzida, exigem atenção redobrada. A demanda na pandemia aumentou. “Vendemos cerca de 300 mil itens e estimamos um faturamento de R$ 22 milhões para 2021”, contou Costa, que projeta um faturamento de R$ 22 milhões em 2021 e já incluiu no planejamento do próximo anos a arrecadação de 2% das vendas do elevador de piscina para projetos inclusivos.
E visando o tempo de isolamento social, e com o intuito de dar mais independência, autonomia e qualidade de vida, em especial às pessoas com restrições motoras, a Planeta Acessível, a maior indústria fabricante de produtos para acessibilidade do Brasil e especialista em objetos de adaptações de ambiente para manter a segurança, aumentando ainda expectativa de vida, inovou e criou o MOBlife, uma linha de elevadores de transferência para a piscina, totalmente à base de energia solar, dispensando o uso de cabos e fiações externas.
Pesquisa realizada pela USP (Universidade Federal de São Paulo), 29% dos idosos caem ao menos uma vez ao ano e 13% caem de forma recorrente – neste período de pandemia e isolamento social, o número chegou a 30%. Segundo balanço do CEO, entre os itens mais adquiridos estão além do elevador da piscina, outros itens estão liderando as vendas. Entre eles, Barra de Apoio, Alarme Audiovisual, Banco Articulado para banho, Fechadura Acessível e Fita Antiderrapante para Banho. “Há uma procura significativa desses produtos nos Estados do Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, São Paulo e Minas Gerais”. Finaliza o empresário.
Sobre a Planeta Acessível: Maior indústria fabricante de produtos para acessibilidade do Brasil. Entre os produtos mais fabricados para construção civil, órgão públicos e residências estão a barra de apoio, piso tátil, placas de sinalização em braile e agora começam a produzir o elevador de piscina. Apoiam eventos e grandes feiras como Equipotel e Feicon, além de abraçar causas de inclusivas de responsabilidade social. A fábrica possui 70 funcionários prevê uma receita anual de R$ 22 milhões a partir de 2021.
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Criativas e dinâmicas, mulheres se reinventaram com mais facilidade para manter seus negócios vivos durante 2020
Dia Mundial do Empreendedorismo Feminino, celebrado em 19 de Novembro, marca a força e táticas das mulheres para se manterem à frente de seus próprios negócios
O Brasil tem a 7ª maior proporção de mulheres entre os empreendedores iniciais, ou seja, até 42 meses, e foram responsáveis por 34% dos empreendimentos criados no Brasil em 2018, segundo o último estudo divulgado pelo Global Entrepreneurship Monitor (GEM), maior e principal pesquisa sobre empreendedorismo no mundo, que contou com dados de 49 países. Já a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC), realizada pelo IBGE, mostrou que atualmente cerca de 9,3 milhões de mulheres estão à frente de negócios no Brasil, o que representa 34% deste universo do empreendedorismo.
A pandemia ocasionada pelo coronavírus deixou seus lastros principalmente entre elas e estimativas dão conta que cerca de 52% tiveram que fechar suas empresas, seja temporariamente ou de vez. Mas, embora as mulheres tenham sentido mais os efeitos, foram elas também quem tiveram as melhores reações para se restabelecer. A capacidade de diversificar os pontos de vista na tomada de decisão foi essencial para oxigenar o negócio e definir uma nova relação entre cliente e prestador de serviço. Não é de se espantar, portanto, que o estudo do McKinsey Global Institute projetou o impacto financeiro de um cenário com participação plena das mulheres no mundo dos negócios: os ganhos no PIB mundial chegariam a US$ 28 trilhões até 2025.
Histórias de mulheres empreendedoras inspiram, como é o caso da Rosana Braem, que deixou a carreira estável em uma emissora de televisão brasileira para se tornar freelancer e ressuscitar uma paixão: produzir brownies e cookies. De pequenas e médias encomendas, logo Rosana sentiu a necessidade de alugar um espaço que funcionou como seu ateliê. Com o ritmo fluindo, inaugurou o Bendito em 2009, em Copacabana. Com apenas 28m², a simpática loja já funcionava com sua marca bem formatada, unindo estética à qualidade excepcional. Em 2014, instalou-se em um espaço maior, de 150m² no mesmo bairro e, num intervalo de apenas quatro anos, abriu mais quatro lojas. Foi ao abrir a quinta, que a empresária decidiu entrar no franchising, unindo-se à rede Espetto Carioca.
Fonte: Rosana Braem Divulgação
Quem também abdicou de uma carreira estável no setor público para se lançar ao empreendedorismo foi Regina Jordão, CEO da rede de depilação Pello Menos. O começo na área, quando auxiliava um amigo médico, parecia mais tranquilo, até o marido ser desligado do trabalho e a necessidade bater a porta. Foi então que criou um centro de depilação em 1996, contrariando as projeções pessimistas de quem dizia que as mulheres no Rio de Janeiro não precisavam do serviço. De boca em boca e muita panfletagem, Regina mostrou às cariocas o produto de excelente qualidade que desenvolveu com uma amiga e que ameniza a dor e agiliza todo o processo. Não é a toa que o negócio que começou com investimento de R$ 40 mil alcançou um faturamento de R$ 46 milhões em 2019 e hoje tem mais de 50 lojas.
Fonte: Regina Jordão Divulgação
E foi a necessidade que fez o negócio da Paula Machado sair do papel. Dentista por formação, precisava de uma solução segura e eficaz de esterilização do consultório odontológico que, em meio a pandemia do coronavírus, continuava operando. Foi então que a startup Meister Safe ganhou vida por meio das mãos dela e de mais dois amigos. Através de raios UV-C, aliada ao uso de tecnologia, a empresa desenvolve soluções customizadas e individuais de esterilização de ambiente. O que a princípio seria apenas para utilização própria, tornou-se uma ideia de negócio. Hoje, eles também oferecem uma solução para ser acoplada aos aparelhos de ar condicionado e reduzir a transmissão do Sars-Cov-2.
Fonte: Paula Machado Lina Kyara
Já Camila Miglhorini criou o Mr Fit em 2013, a primeira rede de alimentação saudável a utilizar o conceito de fast food no Brasil. Saindo de uma reunião após o almoço, percebeu a dificuldade de encontrar um local com comida saudável e viu aí uma lacuna no mercado. Já experiente no ramo, formatou o negócio para operar por meio de franquias, com valores acessíveis e rentáveis. Vendeu o carro e apostou no sonho do negócio próprio. Hoje, comanda bem de perto as mais de 376 unidades distribuídas em 17 estados brasileiros. Durante a pandemia do coronavírus, para ganhar capilaridade, reduziu em cerca de 75% o valor de investimento dos modelos de negócios oferecidos pela sua rede e vendeu cerca de 190 novas franquias.
Fonte: Camila Miglhorini Divulgação
A necessidade também foi o motivo que impulsionou a criação da Casa de Bolos. Aos 74 anos, Sônia Maria Napoleão Ramos, ou simplesmente ‘Vó Sônia’, como é carinhosamente chamada, hoje colhe os frutos de uma atitude tomada em 2009. Quando Rafael Ramos, o filho caçula, perdeu o emprego, a família viu-se obrigada a encontrar uma maneira urgente de complementar a renda e fechar as contas do mês. A ideia de fazer os bolos caseiros e sair vendendo pela redondeza ganhou não só as ruas de Ribeirão Preto, interior de São Paulo, como pessoas que passaram a encomendar as iguarias e fazer o “boca a boca”, a propaganda mais eficaz do mundo. Hoje são 370 unidades e 10 anos de história.
Fonte: Vó Sônia Divulgação
Há 10 anos construindo sua própria história está Melina Alves, fundadora e CEO da DUXcoworkers. A jovem que saiu de Passos, interior de Minas Gerais, aos 17 anos com vontade de transformar vidas, adentrou no universo do UX, que significa User Experience, por meio da publicidade, quando veio estudar em São Paulo. Encantada com o poder do ‘bom uso’ da tecnologia, Melina rapidamente se destacou na área digital e, envolvida com o tema, desenvolveu junto com a agência em que trabalhava o primeiro app de realidade aumentada. Estudando e investindo todo o tempo possível em sua capacitação e consolidando seu nome no mercado, tornou-se pioneira no Brasil a profissionalizar o tema, criando a primeira consultoria e coworking de UX.
Fonte: Melina Alves Jhonatan Chicaroni
Enquanto umas transformam vidas de pessoas, outras transformam vidas de bichos. Foi assim com a Alexandra Gimenez, que sonhava em ter um espaço bem grande para poder socorrer os pets de rua e outros animais que precisassem de ajuda. O sonho de infância a motivou a criar um negócio: a AmahVet, uma clínica veterinária que reúne consultórios, centro cirúrgico, laboratório próprio com tecnologia de ponta e farmácia. Com boa gestão e controle de estoque, as consultas são realizadas por um preço acessível e podem ser parceladas em até 12 vezes, para proporcionar um atendimento digno a um número maior de animais de estimação. A clínica funciona há três anos, no bairro do Tatuapé, na zona leste da capital paulista e conta com mais de 10 diferentes especialidades veterinárias.
Ao se examinar a sociedade atual e seus desdobramentos sobre a questão de gênero no trabalho, faz-se fundamental revisitar a história e refletir sobre suas reverberações e influências nos dias atuais. A este respeito, no livro “A origem da família, da propriedade privada e do Estado”, Friedrich Engels explana sobre os processos históricos que influenciaram o lugar da mulher na sociedade a partir do início da civilização. Neste processo, nas tribos, os homens eram responsáveis pela caça, pesca e busca de matérias primas para alimentação, sendo assim encarregados de produzir os materiais necessários para esse fim. Já as mulheres, tinham como função a confecção das roupas, dos afazeres domésticos e preparo da comida. Aqui, tanto os homens quanto as mulheres eram proprietários dos artefatos que produziam e usavam para as atividades que eram incumbidos.
Com o passar do tempo, as tribos foram encontrando novas maneiras de se organizar, como a domesticação de animais, onde se utilizava do leite, da pele e da carne para alimentação, assim como mais tarde as plantações de cereais, que serviam não só para consumo próprio mas para trocas, consolidando a comercialização entre as tribos da época. Logo, os rebanhos e plantações passaram a não ser mais propriedades conjuntas da tribo, mas patrimônio dos chefes de família já que eram eles quem cuidavam dos gados e plantações, a mulher, no entanto, não tinha mais participação na propriedade, apenas no consumo, mesmo ainda sendo responsável pelas tarefas domésticas “o trabalho doméstico da mulher perdia agora sua importância, comparado com o trabalho produtivo do homem; este trabalho passou a ser tudo; aquele, uma insignificante contribuição” (ENGELS, 1984, p. 182).
Para que possamos compreender a presença da segregação de gênero no âmbito do trabalho atual, é preciso analisar tais aspectos sociais e culturais. Embora a estrutura ocupacional com o passar do tempo tenha apontado um avanço no que se refere às taxas de desemprego, renda e formalização das trabalhadoras, a segregação de gênero ainda é presente nos dias atuais, demonstrando sua ligação com a construção social de gênero que atribuía às mulheres apenas a reprodução, consequentemente as destinavam a responsabilidade pelas tarefas domésticas e o cuidado aos filhos, e ao homem era designado o papel de provedor do lar.
Evidenciando as atribuições designadas aos gêneros socialmente, Leite (2017, p. 51) evidencia que
Os papéis tradicionais de gênero foram socialmente construídos. De acordo com eles, os homens deveriam desempenhar o papel de “provedor”, responsável pelo trabalho produtivo, cujo salário deveria ser suficiente para o sustento da família. À mulher foi atribuído o papel de “cuidadora”, que deveria assumir responsabilidades familiares, sem remuneração. Essa ideia foi construída de acordo com a noção de que o exercício das responsabilidades familiares – cuidar de filhos/as e realizar tarefas domésticas – estaria relacionado a aptidões femininas tidas como “naturais”. Seguindo essa lógica, o mercado de trabalho foi estruturado para os homens, percebidos como trabalhadores que não precisavam se preocupar com responsabilidades familiares e, por isso, estavam totalmente disponíveis para o trabalho.
Fonte: encurtador.com.br/rwGWZ
MULHERES NO MERCADO DE TRABALHO
A entrada das mulheres brancas no sistema econômico se deu a partir do mercado matrimonial, onde a moeda que fazia o sistema girar era a da “beleza”. Assim que a estrutura social percebeu a exigência dessas mulheres em ter acesso ao poder, ela se reconfigurou usando esse mesmo artifício – o mito da beleza – para barrar o progressos das mesmas (WOLF, 2020). Conforme as mulheres tentavam driblar o sistema patriarcal que as impediam de avançar profissionalmente, mais ele encontrava novas maneiras de sabotar todo e qualquer tipo de vislumbre de uma atuação no mercado de trabalho que não mais fosse ligada a aspectos relacionados a beleza.
Com a mobilização dos movimentos feministas, que obtiveram maior força a partir da década de 70, as mulheres brancas começaram a conquistar lentamente acesso à educação, bem como outras áreas de atuação e ao mercado de trabalho. Embora seja considerada uma conquista tardia o movimento propiciou a inserção das mulheres nos espaços sociais que, no futuro, proporcionou a promulgação de leis que deveriam garantir amparo no âmbito do trabalho (VIEIRA, 2017). Apesar dos obstáculos, nota-se que a incorporação e permanência das mulheres no mercado de trabalho tem se expandido, resultando na ocupação de espaços antes preenchidos, majoritariamente, pela população masculina. No entanto, mesmo com essas conquistas as mulheres ainda não estão em pé de igualdade em relação aos homens, seja no mercado de trabalho ou em qualquer esfera da vida.
No Brasil, durante as décadas de 70 e 80, as atividades domésticas – predominantemente exercidas por mulheres – não eram contabilizadas nos levantamentos censitários e domiciliares do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Quem se classificava nesta área era colocado no levantamento da População Economicamente Inativa (PEI), ou seja, o tempo dedicado à essas atividades não era considerado como um trabalho não remunerado e sim como uma inatividade. Porém, no decorrer dos estudos, percebeu-se que esses afazeres requerem tempo e energia para não serem classificado como um trabalho (BRUSCHINI, 2007 apud CANABARRO; SALVAGNI, 2015).
Fonte: encurtador.com.br/htFOX
LUGAR DE MULHER, É ONDE ELA QUISER!
O IBGE (2018) em recente pesquisa sobre estatísticas de gênero e indicadores sociais de mulheres no Brasil, apontou que, na faixa etária de 25 a 44 anos de idade, a porcentagem de homens que completaram o ensino superior é de apenas 15,6% enquanto o de mulheres é 21,5%, com indicador de 37,9% superior aos homens. Em contrapartida, o mesmo estudo demonstra que a presença de mulheres nos campos cívico e político assumindo posições de liderança tanto público como privado são baixas.
Ainda sobre a pesquisa do IBGE, observa-se que, em 2017, no Brasil, o percentual de cargos na câmara dos deputados ou no parlamento ocupado por mulheres eram de apenas 10,5% enquanto no mundo as mulheres ocupavam 23,6%. Já nos cargos efetivos ativos da polícia militar e civil brasileira, cargo este tradicionalmente ocupados por homens, a porcentagem é de 13,4%. Há uma ocupação maior das mulheres na polícia civil devido o Art. 10-A da Lei n. 11.340, de 07.08.2006 que dispõe sobre o direito da mulher que se encontra em situação de violência de ser atendida, preferencialmente, por policiais do sexo feminino. Nos cargos gerenciais no ano de 2016 apenas 39,1% eram ocupados por mulheres enquanto 60,9% eram ocupados por homens.
Os estudos acerca do mercado de trabalho apresentam que profissões e ocupações específicas apontam uma destinação de gênero, concernente aos pressupostos culturais, a relação disso se dá pelas atribuições designadas ao homem e a mulher. De maneira que as escolhas aos cursos profissionalizantes, tanto técnico quanto superior, demonstram a ligação com essas definições sociais, tendo em vista que as áreas relacionadas ao lar e de cuidados são reservadas às mulheres e aos homens são áreas relativas à construção, administração, setores agrícolas, industriais, dentre outras (VIEIRA, 2017).
As mulheres que ousam assumir profissões tradicionalmente consideradas masculinas além da tripla jornada de trabalho, também carregam o peso da discriminação, da sexualização e do machismo. Um exemplo muito contundente é o de mulheres que trabalham como operadoras de empresas de petróleo, que relatam que elas é que devem se adaptar ao contexto do grupo de trabalho masculino e não o grupo a elas, desenvolvendo maneiras de adaptação como disfarçar não ouvir comentários que as constrangem, como consta da pesquisa de dissertação de Perrelli (2005).
Fonte: encurtador.com.br/oqsR1
RELAÇÃO FAMÍLIA-TRABALHO NO ATUAL CONTEXTO DAS MULHERES
Todos esses estereótipos e padrões ditados ao gênero feminino e a maior inserção das mulheres no mercado de trabalho geram mais cobranças e pressões dentro do âmbito familiar. Pois as mulheres se veem em um processo de intensificação do trabalho e de naturalização da exacerbada quantidade de responsabilidades atribuídas à elas, visto que sua jornada de trabalho acaba se duplicando ou até mesmo triplicando. Assim como explana Ladeira (2000) quando a mulher assume responsabilidades de cunho extra-familiar a intensificação do trabalho vem como consequência certa, por conta da prescrição social de papéis sexistas no quais, esperam que as mulheres sejam as principais responsáveis pelo cuidado familiar e doméstico.
Em relação ao contexto familiar e doméstico verifica-se na contemporaneidade que as configurações familiares sofreram mudanças, e muitas famílias passaram a ser chefiadas e sustentadas por mulheres. Dentro disso, estas lidam com pressões tanto internas quanto externas em relação ao seu papel na família, que partem da comparação destas com mulheres donas de casa, nas quais, geralmente, têm mais tempo de acompanhar o processo de aprendizagem e escolarização dos filhos. No tocante à isso, estudos mostram que as mulheres nas quais trabalham fora de casa, sentem que estão negligenciando os filhos mais do que as mulheres nas quais permanecem trabalhando em casa (BARHAM; VANALLI, 2012).
Atualmente as mulheres têm mais condições de passarem maior parte do dia trabalhando, com isso, os filhos são inseridos nas creches/escolas desde muito novos, e/ou são cuidados por babás ou um membro da família disponível (ARAUJO; POLSIN, 2017). Em relação à isso, as mulheres que trabalham fora do lar também se culpabilizam mais pelas crises no casamento, pelo fato de não estarem tanto tempo se dedicando aos cuidados dos filhos e aos afazeres domésticos, do que as mulheres que trabalham em casa. Também ocorre de críticas externas quanto às mulheres que terceirizam o cuidado com os filhos, nas quais são acusadas de serem as responsáveis quanto a danificação da qualidade de convivência familiar (BAHRAM; VANALLI, 2012).
Sendo assim, apesar da maior abertura da participação da mulher no mercado de trabalho, ainda é visível que a desigualdade de gênero influencia na dupla ou tripla jornada laborativa e na culpabilização e pressão quanto às responsabilidades familiares impostas ao gênero feminino.
Fonte: encurtador.com.br/PRUY9
CONCLUSÃO
A segregação de gênero na esfera do trabalho ainda é presente na atualidade, sendo possível identificar sua relação com a construção social de gênero. Embora com os movimentos feministas que propiciaram um avanço no que se refere à inserção e permanência das mulheres no trabalho, estas ainda não estão em nível de igualdade em relação aos homens.
As escolhas relativas aos cursos profissionalizantes reforçam a ligação com os pressupostos culturais, tendo em vista que há cursos que são reservados às mulheres e aos homens, trazendo uma destinação sexista. As questões sociais apesar de estarem em constante modificações ainda impactam negativamente nesse aspecto da vida da mulher.
As mulheres que assumem profissões consideradas masculinas tem como consequência a tripla jornada, discriminação, sexualização e machismo. O que intensifica a jornada não só no ambiente de trabalho remunerado como também o ambiente intra-familiar, estando estas mais propensas a chegar a exaustão psicológica e física.
O trabalho afeta diretamente as relações familiares, uma vez que os indivíduos não podem ser compreendidos independentemente de suas relações, portanto, afetam e são afetados dentro de todos os contextos nos quais estão inseridos. O fato das mulheres estarem inseridas em um processo de intensificação do trabalho e de naturalização da grande quantidade de responsabilidades que lhes são atribuídas, prolongam sua jornada de trabalho, o que acaba a reduzir o tempo de convivência familiar. Nisso, o risco para a conjugalidade e parentalidade podem ser considerados uma vez que, quanto maior o conflito em uma vida conjugal, menor a satisfação e os membros irão vivenciar menor proximidade afetiva.
Por fim, foi possível analisar que as mulheres estudam mais, trabalham mais e mesmo assim ainda não atingiram um patamar de igualdade entre os gêneros, além de sofrerem mais com pressões psicológicas dentro do contexto familiar. O movimento feminista luta diariamente para a desconstrução de papéis limitantes atribuídos às mulheres e na busca de direitos iguais em todo e qualquer contexto entre os gêneros.
REFERÊNCIAS
ARAUJO, Tatiane; POLSIN, Fernanda. Relação entre a interação familiar e a qualidade de vida no trabalho como provedora da satisfação para o colaborador. Brasília, v. 7, n. 2, ed. 1, p. 17-30, Jan./dez. 2017. DOI https://doi.org/10.5102/un.gti.v7i1.3550. Disponível em: https://www.publicacoesacademicas.uniceub.br/gti/article/view/3550. Acesso em: 12 set. 2020.
BARHAM, Dra. Elizabeth Joan; VANALLI, Ana Carolina Gravena. Trabalho e família: perspectivas teóricas e desafios atuais. Rev. Psicol., Organ. Trab., Florianópolis , v. 12, n. 1, p. 47-59, abr. 2012 . Disponível em <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1984-66572012000100005&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em 19 set. 2020.
ENGELS, Friedrich. A Origem da Família, da Propriedade Privada e do Estado: trabalho relacionado com as investigações de l. h. morgan. 9. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1984. 215 p.
LADEIRA, Kátia de Freitas. Dupla jornada da mulher e qualidade de vida: a influência do nível socioeconômico nas estratégias de conciliação entre o tempo laboral e o tempo familiar, 20 de Setembro de 2000. Disponível em: https://www.locus.ufv.br/handle/123456789/10745. Acesso em: 19 set. 2020.
LEITE, Marcia. Gênero e Trabalho no Brasil: Os Desafios da Desigualdade. N° 8. ed. [S. l.]: REVISTA CIÊNCIAS DO TRABALHO, Agosto de 2017. 45 – 60 p. Disponível em: https://rct.dieese.org.br/index.php/rct/article/view/144/pdf. Acesso em: 14 set. 2020.
PERRELLI, Marly Terezinha. MULHERES DO PETRÓLEO: sentidos atribuídos por homens e mulheres a tarefas tradicionalmente consideradas masculinas. 2005. 128 f. Dissertação (Mestrado) – Programa de Pós Graduação em Psicologia, Centro de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2005.
SALVAGNI, Julice; CANABARRO, Janaina. MULHERES LÍDERES: as desigualdades de gênero, carreira e família nas organizações de trabalho. Revista de Gestão e Secretariado, São Paulo, v. 6, n. 2, p. 88-110, abr./ago. 2015.
VIEIRA, Isabela. Uma Análise da Segregação de Gênero para os anos 2000. 13° Mundos de Mulheres & Fazendo Gênero 11: Transformações, Conexões, Deslocamentos, Florianópolis, s/p, 2017. Disponível em: http://www.en.wwc2017.eventos.dype.com.br/resources/anais/1502978463_ARQUIVO_FazendoGeneroIsabelaTaitsonVieira.pdf. Acesso em: 12 set. 2020.
WOLF, Naomi. O mito da beleza: como as imagens de beleza são usadas contra as mulheres; tradução Waldéa Barcellos. – 11ª ed. – Rio de Janeiro: Rosa dos Tempos, 2020.
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Os desafios da maternidade e do mercado de trabalho
Apesar das mulheres representarem 52% da força de trabalho no mercado brasileiro, conciliar o trabalho e maternidade continua sendo um desafio para a maioria delas. A retomada da carreira profissional não é um momento fácil para a mulher que acabou de ser mãe. Com o término do período de licença-maternidade, ela terá que conciliar a atenção ao bebê com a rotina de trabalho.
Ter filhos não é fator de impedimento para uma mulher trabalhar. Por exemplo, segundo pesquisas realizadas em grandes empresas do Brasil, a mulher que é mãe é uma das funcionárias mais responsáveis. Além de tudo, uma das que mais possui habilidades emocionais e sociais para lidar com sua equipe de trabalho.
Mas vemos também que, após ter filhos, a recolocação no mercado de trabalho fica mais difícil. Em muitos dos casos, é observado a discriminação de empresas quando pensam em contratar uma mulher que tem filhos pequenos. Pois, às vezes, acredita-se que a mulher vai dar problemas por conta do filho pequeno ou de uma posterior doença da criança. Por mais que a mulher tenha uma rede de apoio, familiares ou cuidador, ela ainda é vista com péssimos olhos quando começa a buscar vagas de emprego.
Fonte: encurtador.com.br/hiG58
Por isso, busque ter na sua empresa uma forma de acolhimento para essa mãe, pois a volta da licença nem sempre é fácil. Algumas empresas possuem salas para que a mãe que amamenta possa fazer a coleta de leite. Entendam que é importante para ela estar na festa de dia das mães na escola do filho que já é maiorzinho. Não a tratem como alguém que dará problemas. Consiga extrair dela a habilidade de lidar com conflitos e habilidades sociais e emocionais.
Por outro lado, para superar as barreiras do mercado, há muitas mulheres que recorrem ao empreendedorismo. Nesse caminho, elas também encontram preconceito, pois por trabalharem em casa, muitas pessoas acham que ela não está fazendo nada, só cuidando do lar.
Doce engano. Imaginem a mulher dar conta de filhos, casa e trabalho? E se estiver em um relacionamento ainda tem o marido ou o namorado. É difícil ser mulher, ser mãe e empreendedora.
Fonte: encurtador.com.br/nyE05
Eu, por exemplo, sou empreendedora. Administro meu tempo com meus filhos e família com algumas atividades. Mas não fiquem pensando que essa administração é fácil. Não é. Muitas vezes, não tem como dar conta de tudo.
Diante das dificuldades, a frase “você é uma super mulher” cai ao chão. Isso traz uma sensação de frustração e tristeza muito grande. Por mais que ela esteja realizando o que gosta, vai perceber que não dará conta de tudo. É nessa hora que se deve rever e buscar soluções novamente. Percebem que nós, mulheres, estamos sempre buscando soluções possíveis? Então, caso empreenda, entenda que você precisa e deve buscar algo que goste.
Ser mãe é maravilhoso e, às vezes, deixa a gente de cabelo em pé. Mas para a empresa que e acredita realmente que mulher com filhos vai te dar prejuízo, não sabe que pode estar perdendo uma boa colaboradora que irá agregar muito em sua equipe. Portanto, mulheres não deixem de sonhar que uma carreira seja possível sendo mãe.
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Meu eterno talvez: a dor e os sabores de uma mulher executiva
Pesquisa aponta que quanto mais bem-sucedido é um homem maior é a chance de que ele encontre uma parceira amorosa. Por outro lado, verificou-se que quanto mais bem-sucedida for uma mulher, mais difícil será para que ela consiga um parceiro amoroso.
‘Meu eterno talvez’ é mais uma das muitas produções realizadas pela gigante do streaming contemporâneo, Netflix, no ano de 2019. O longa conta com a atuação de grandes nomes do cinema como: Ali Wong, Randall Park e o protagonista da famosa trilogia Matrix, Keanu Reeves.
Sasha (Ali Wong) e Marcus (Randall Park) são grandes amigos de infância desde quando a família de Marcus passou a cuidar de Sasha, devido o fato de seus pais sempre passarem o dia fora de casa trabalhando e não darem o mínimo de atenção para ela. Dessa forma, a relação que Sasha tinha com a mãe e o pai de seu amigo, era uma relação de paternidade, que se intensificava especialmente com a senhora Kim, com quem aprendeu a cozinhar.
A convivência dos dois amigos perdurou as fases da primeira infância até a adolescência, sendo neste último período o momento do falecimento da senhora Kim, estreitando ainda mais os laços entre Marcus e Sasha. Como fruto dessa intensificação, os dois acabaram se envolvendo amorosamente e perderam a virgindade. No entanto, após esse acontecimento eles não souberam lidar com seus sentimentos e acabaram se separando.
Sasha se mudou para L.A e 15 anos depois se tornou uma chefe de cozinha muito talentosa, famosa e bem-sucedida. Sua carreira lhe concedia prêmios frequentes das mais conceituadas empresas do ramo da culinária, e a excelência da sua comida possibilitou que ela abrisse restaurantes em vários lugares dos Estados Unidos.
Fonte: encurtador.com.br/jtE35
Já Marcus continuou morando com o pai em São Francisco e juntos trabalhavam com instalação de ar-condicionado. A vida de Marcus há 15 anos atrás era semelhante a de 15 anos depois, na qual ele tocava na mesma banda e vivia no mesmo quarto de adolescente.
O reencontro de Sasha e Marcus acontece 15 anos depois quando ela vai abrir um restaurante em São Francisco, e então eles acabam se envolvendo por perceberem que o sentimento de amor sobreviveu ao tempo. Contudo, as dificuldades de se adaptarem um ao outro vão surgindo com a convivência.
A primeira dificuldade, que por sinal o filme retrata muito bem e de forma assertiva, é o fato de Marcus se sentir amedrontado com o sucesso de Sasha e se recusar em um primeiro momento a acompanhá-la por todo os Estados Unidos lhe dando suporte em sua carreira profissional. Prova disso é uma fala de Sasha onde ela diz:“Por que não? Por que você não pode me acompanhar me dando suporte na minha carreira? Se fosse ao contrário ninguém falaria nada!”.
A fala retratada anteriormente remete ao processo de inversão de papéis que muitas vezes não é bem recebida pela sociedade machista, que tem como norma a figura da mulher como aquela que precisa abdicar de sua vida para acompanhar o homem na sua carreira profissional. É muito comum que mulheres executivas não ascendam em suas carreiras como poderiam, pelo fato de não aceitarem o processo de constantes viagens, colocando em primeiro lugar o bem estar do marido e dos filhos (NETO; TANURI; ANDRADE, 2010).
Fonte: encurtador.com.br/nEQ67
No entanto, o longa coloca em xeque essa prática machista, na medida em que Sasha não abdica de sua carreira profissional para atender aos anseios de Marcus. Pelo contrário, ela afirma para ele que não deixará de construir sua carreira estando ele ou não ao seu lado e deixa bem claro que o sentimento de amor existe e que a escolha será dele.
Essa dinâmica de trabalho que não é mais baseada em estar fixado em um único lugar mas sim trabalhar fora da região geográfica em que vive, é conhecida como expatriação (GLANZ; WILLIAMS; HOEKSEMA, 2001 apud NETO; TANURI; ANDRADE, 2010). Nesse sentido, a literatura aponta que o homem que acompanha a esposa expatriada se sente perdido, entediado e inferiorizado, experimentando uma sensação de diminuição da sua influência social.
Outro ponto a ser observado diz respeito à diferença existente para que um homem executivo e uma mulher executiva consiga encontrar um parceiro amoroso. Hewlett (2002) apud NETO, TANURI, ANDRADE (2010) constatou em um pesquisa realizada nos Estados Unidos que, quanto mais bem-sucedido é um homem maior é a chance de que ele encontre uma parceira amorosa. Por outro lado, verificou-se que quanto mais bem-sucedida for uma mulher, mais difícil será para que ela consiga um parceiro amoroso.
Marcus deixa Sasha ir embora e decide não acompanhá-la, no entanto, a inquietação do seus sentimentos em relação a ela, faz com que ele repense algumas práticas de vida que há muito tempo havia deixado de se preocupar. A verdade é que Marcus teria se acostumado com a zona de conforto que era morar com o pai e nunca tinha investido em um futuro que fosse mais arriscado e potencialmente lhe inserisse em novas experiências.
O desfecho da trama foge a regra e adere a nova onda que as mídias têm adotado, onde as mulheres estão sendo colocadas como protagonistas e ocupado espaços e papéis que antes eram destinados apenas aos personagens masculinos. Ao final, Marcus procura Sasha e decide estar ao seu lado amorosamente e ainda acompanhá-la na sua carreira profissional.
A reflexão que o filme traz possibilita ao telespectador repensar mais essa prática machista que perdura no meio corporativo, onde a mulher ainda enfrenta grandes dificuldades em ocupar cargos de alto escalão, por sofrer pressões sociais, empresariais, maritais entre outras. O desejo que fica é de que casos como o de Sasha e Marcus não sejam apenas exceções, mas passem a ser comuns, assim como o oposto é!
FICHA TÉCNICA DO FILME:
MEU ETERNO TALVEZ
Título original: Always Be My Maybe Direção: Nahnatchka Khan Elenco: Ali Wong, Randall Park, Keanu Reeves País: EUA Ano: 2019 Gênero: Comédia, Romance
REFERÊNCIAS:
CARVALHO NETO, Antonio Moreira de; TANURE, Betania; ANDRADE, Juliana. EXECUTIVAS: CARREIRA, MATERNIDADE, AMORES E PRECONCEITOS. Raeeletronica, Minas Gerais, v. 9, n. 1, p.1-23, jun. 2010. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/raeel/v9n1/v9n1a4>. Acesso em: 06 jun. 2019.
HEWLETT, Sylvia Ann. Executive Women and the Myth of Having It All. Harvard Business Review, Estados Unidos, v. 1, n. 1, p.1-8, abr. 2002. Disponível em: <https://hbr.org/2002/04/executive-women-and-the-myth-of-having-it-all>. Acesso em: 06 jun. 2019.
Há muitos mitos em torno de pessoas autistas e um deles é de que elas não podem entrar no mercado de trabalho. Pelo contrário, é possível. Quem tem TEA pode conseguir se firmar num emprego de maneira independente. É importante ressaltar sobre a existência de graus de autismo. Aqueles que são mais funcionais e com menos prejuízo cognitivos irão conseguir se sair melhor.
Para que um autista possa se desenvolver bem, é muito importante a detecção precoce. Quanto mais cedo o autismo for diagnosticado e havendo uma intervenção, melhor será o prognóstico e processo de inclusão social futura. Desde cedo, a família deve trabalhar a autonomia da criança e ver as habilidades e interesse dela e focar nisso.
O quadro autístico é extremamente elástico. Por exemplo, a pessoa pode se transformar num médico excepcional, mas por outro lado pode nunca deixar de ser dependente dos seus pais.
Fonte: encurtador.com.br/hoBLN
No seriado The Good Doctor, estrelado por Freddie Highmore, vemos a história do personagem Shaun Murphy, um médico residente com caso de TEA leve. A série mostra as suas dificuldades de comunicação e para se socializar dentro do ambiente de trabalho. No entanto, realiza de maneira brilhante o seu trabalho.
Para que o autista se saia bem na carreira, depende muito do interesse dele por determinado assunto. Podemos ter pessoas com TEA que se interessem por música, jogos ou informática. Depende de cada caso. Porém, quando eles realmente focam conseguem sair-se muito bem no mercado de trabalho.
Para as empresas é uma vantagem ter um profissional autista, pois são bem focados, honestos (tem dificuldade em mentir), perfeccionista, atenção aos detalhes, são organizados, aderem com facilidade a rotinas e cronogramas.
Fonte: encurtador.com.br/vwyT9
Uma característica comum do autismo são as restrições ao expressar emoções, ao entender linguagem de duplo sentido, além expressões faciais e mudanças de tom da voz. Mas como eles não tem preocupações sociais, eles não se preocupam em competir com os outros, não se preocupam também em ter sucesso daquilo que ele faz. Ele quer que dê certo o que se propôs a fazer.
Ele quer terminar o processo sem se preocupar se vai ser elogiado, se vai ser promovido, se ele vai ser excessivamente acarinhado por todos ou bem ou mal aceito. O indivíduo com autismo não se preocupa com esse tipo de coisa, ele só quer fazer aquilo que ele gosta. Portanto, as empresas que tiverem autistas de grau leve só tem a ganhar.
A saber:
Clay e Luciana Brites são fundadores do Instituto NeuroSaber. A iniciativa tem como objetivo compartilhar conhecimentos sobre aprendizagem, desenvolvimento e comportamento da infância e adolescência.