Desde 2013 o grupo de k-pop vem levantando reflexões de protesto e usando frases de afirmação positiva em inglês para o incentivo da saúde mental e do amor próprio.
O nome “BTS” não soa estranho para a maior parte dos fãs de música. O BTS é o grupo coreano que atualmente está na frente do movimento de popularidade da música coreana, e que já está na indústria faz nove anos. Lançado em 2013, o grupo é composto por sete membros que variam de 29 a 24 anos de idade.
Da mesma forma que o nome “BTS” não é estranho para os que acompanham música, a psicologia não é completamente desconhecida pelos artistas. Em 2019 o grupo lançou a trilogia “MAP OF THE SOUL”, que tem sua base inspirada nas teorias propostas por Carl Jung, mais especificamente nas descritas no livro “Mapa da Alma” lançado em 1998, por Murray Stein. Muito além do título do álbum, as letras e os títulos das músicas se aprofundam muito nos conceitos de Jung, compilados por Stein.
Persona, shadow (sombra), ego, não são só o nome de arquétipos e termos trabalhados por Carl Jung mas também se tornaram a tríade que segura o conceito de cada um dos álbuns. Nas músicas, intituladas persona, shadow, e ego respectivamente, são expostos cada um desses conceitos em sua forma artística e clara para um público que, grande parte, só aprendeu sobre a psicologia analítica depois de ouvir os álbuns, se interessar no assunto, e ler o livro de Murray Stein.
Mas além do aprofundamento do BTS nos estudos de Carl Jung, o BTS já tem proposto histórias que falam muito sobre a saúde mental, sobre estender a mão uns para os outros. Em uma de suas músicas mais famosas, eles cantam:
“Ay, you never walk alone”
You never walk alone – BTS
A tradução literal, ay você nunca caminha sozinhx, se tornou fonte de inspiração para diversos fãs e ouvintes, ainda mais pelas palavras usadas nas músicas sendo em inglês.
De acordo com o site Statista, em 2021 foi constatado que 1.35 bilhões de pessoas são fluentes em inglês. Esse dado conta tanto com as pessoas que usam inglês como língua nativa, como os que usam como uma segunda língua. Se comparado com o coreano, dos quais não há estatística oficial em relação aos que usam como segunda língua, apenas 77.3 milhões usam essa língua como a primeira língua. Entre o uso do inglês versus o coreano para trazer frases de impacto positivo, a escolha acaba sendo óbvia.
“You’ve shown me I have reasons I should love myself” Answer: Love Myself – BTS
A tradução literal do trecho citado acima, você me mostrou que eu tenho motivos, eu devo amar a mim mesmx, é de uma música extremamente significativa que fala sobre amor próprio. Com o título que pode ser traduzido como resposta: amar eu mesmx, BTS narra no decorrer da história a luta para atingir o amor próprio, sobre o fato de que os padrões que exigimos dos outros, são na verdade mais duros conosco mesmos.
Dentre as existentes abordagens da Psicologia, a análise do comportamento explora os tipos de comportamento, além de reforçadores que ajudam na manutenção desses comportamentos.
Skinner (1957/1978) define que comportamentos verbais: a) são comportamentos reforçados mediacionalmente; b) devem ter pelo menos um falante e um ouvinte (episódio verbal); c) falante e ouvinte devem pertencer à mesma comunidade verbal, ou seja, as práticas de reforçamento que controlam seus comportamentos devem ser similares. Nas músicas, nós temos falantes e ouvintes, que de certa forma não pertencem à mesma comunidade verbal mas que podem pertencer rapidamente, graças a ajuda de tradutores. Os comportamentos verbais estão ligados ao processo de correspondência verbal.
A correspondência verbal, por sua vez, de acordo com Medeiros (2012), os estudos em correspondência verbal investigam diferentes tipos de cadeias que variam conforme a ordem de emissão dos comportamentos verbais e não verbais. As principais cadeias são: a cadeia fazer-dizer; a cadeia dizer-fazer; e por último, a cadeia dizer-fazer-dizer (Beckert, 2005; Weschler & Amaral, 2009).
Relacionando ambos os fatos teóricos e práticos que ocorrem ao se cantar uma música, as palavras em inglês usadas por BTS, frases de fácil acesso e repetição, causam uma cadeia de dizer-fazer-dizer. Dentre os fãs, há uma clara internalização das falas de amor próprio que por efeito refletem em seus comportamentos. Ao ouvir as músicas repetidas vezes, há um reforçamento positivo pois se seus ídolos estão falando sobre o quão difícil foi, e que finalmente eles podem alcançar o amor próprio, os fãs se sentem validados em sua luta pelo amor próprio e as suas dificuldades de se encaixar.
“I’m the one I should love in this world” Epiphany – BTS (Jin)
O último trecho citado, eu sou a pessoa que eu devo amar neste mundo, faz parte de uma música que descreve uma epifania: eu sou a principal pessoa da minha vida, e por isso eu devo me amar não importa as minhas falhas.
REFERÊNCIAS:
“Answer: Love Myself” by BTS promotes self love. Disponível em: <https://tricolortimes.com/4615/showcase/answer-love-myself-by-bts-promotes-self-love/#:~:text=The%20song%20%E2%80%9CAnswer%3A%20Love%20Myself,who%20are%20learning%20self%20love.>. Acesso em 18 de mar. de 2022.
How BTS taught me to love myself. Disponível em: <https://assembly.malala.org/stories/how-bts-taught-me-to-love-myself>. Acesso em 18 de mar. de 2022.
Jung lovers: BTS delve into psychology on their album: Map Of The Soul. Disponível em: <https://www.bbc.com/news/entertainment-arts-47965524>. Acesso em 18 de mar. de 2022.
MEDEIROS, Fabio Hernandes de. Contingências de reforçamento positivo e punição negativa na correspondência verbal. 2012, TCC (graduação) – Curso de Psicologia, Faculdade da Educação e Saúde (FACES). Brasília, 2012. Disponível em: <https://repositorio.uniceub.br/jspui/handle/123456789/2610>. Acesso em 18 de mar. de 2022.
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Técnicas para se concentrar nos estudos ouvindo música
Muitos alunos têm dúvidas se ouvir música durante os estudos pode melhorar o desempenho. De acordo com um estudo da Universidade de Caen, na França, estudar ouvindo música favorece a concentração do estudante. Já a pesquisa realizada pela Universidade de Phoenix, nos EUA, apontou que os alunos que ouviam música, tinham um rendimento menor do que aqueles que não ouviam.
Vale ressaltar que cada ser humano é único e possui suas próprias características e limitações. Logo, isso não significa necessariamente que é impossível ouvir música enquanto estuda e ter um rendimento excelente.
Para começar, é preciso entender que alguns tipos de música específicos devem ser selecionados. Por exemplo, não dá para optar por um “pancadão” ou um “rock pesado” – esses estilos são ótimos para fazer atividade física – mas, durante o estudo, ao invés de te ajudar, pode acabar atrapalhando.
Fonte: encurtador.com.br/glADT
A plataforma de streaming Spotify também realizou uma pesquisa utilizando diferentes tipos de gêneros musicais para avaliar como cada matéria se comportava com o estilo de música. Escutar música clássica, por exemplo, melhorou o desempenho nas disciplinas exatas. Já nas de linguagens, ficou entendido que músicas acompanhadas de letras não eram adequadas, principalmente quando se faz necessário muita atenção, pois o cérebro pode começar a captar a letra da música e tirar o foco da leitura.
É claro que o estilo musical de cada pessoa varia e alguns não gostam da música clássica. Por isso, o que fazer? Primeira opção: crie uma playlist com músicas que você já conhece que não tenham letras muito estrondosas. Assim, seu cérebro não vai prestar tanta atenção naquela letra, deixando apenas um som de fundo.
A segunda opção é o famoso estilo lo-fi, que tem características de leveza e simplicidade, e não tem muitos vocais. Ele ajuda a manter o foco e a concentração. E se você quer manter o ritmo de calmaria, pode optar pelo som da natureza. Assim como os bebês se acalmam com as canções de ninar, o barulho da chuva pode ser uma alternativa para te concentrar. Não existe fórmula mágica. Veja o que se aplica melhor a você e bons estudos.
Fonte: encurtador.com.br/foLT8
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K-POP: apoio emocional em relações parassociais dentro dos fandoms
O movimento do kpop é mais do que uma febre. Para várias pessoas, ele significa vida, alegria, e força para viver mais um dia
Ídolos não são figuras completamente desconhecidas na cultura pop. Eles podem ser encontrados até mesmo em 1954, com o surgimento de Elvis Presley na indústria musical americana. A sociedade não é estranha ao ato de ser fã, de idolizar indivíduos que trazem alegria a certo grupo de pessoas das quais acompanham esse ídolo. Muitos escutam as músicas de seus ídolos em busca de divertimento, para aproveitar um tempo sem preocupações. Cercados de preocupações com vida social, relacionamentos, estudos, trabalho, problemas familiares, o ser humano está em uma constante busca por alívio do peso imposto sobre elas.
O K-pop é um gênero musical que tem seu marco inicial em 1992, com o lançamento da música Nam Arayo de Seo Taiji&Boys que misturou elementos musicais coreanos, hip-hop, coreografias e letras dos quais os ouvintes jovens poderiam se identificar. Conhecido como movimento Hallyu (onda coreana), o gênero musical está se desenvolvendo no mercado musical internacional, constantemente revelando diversas camadas de gêneros e estilos musicais, imagens estéticas, e letras que ressoam com o público que as escuta. A ascensão mundial lenta porém constante se dá desde que Psy abriu as portas com a viralização de Gangnam Style em 2012.
O K-pop veio como um movimento capitalista de comercialização de música e imagem em uma tentativa bem sucedida de melhorar a economia da Coreia. No entanto, essa parte da cultura hallyu que engloba música, produtos de beleza, dramas de TV (conhecidos como doramas ou K-dramas), figuras culturais e vestimenta, se tornou muito mais do que isso para diversas pessoas.
BTS atualmente é o grupo coreano que está na frente do movimento de popularidade da música coreana. Lançado em 2013, o grupo é composto por sete membros que variam de 28 a 23 anos de idade. Cinco anos atrás, o BTS não possuía o reconhecimento que atualmente tem. Mas hoje, oito anos depois do debut (ou seja, lançamento) do grupo, existem poucas pessoas que nunca ouviram falar deles. Há oito anos, o grupo com sete membros luta contra a corrente em indústrias (tanto norte-americana quanto a coreana) que os recusam afirmando que certos membros não têm talento, que não têm beleza o suficiente, não cantam bem o suficiente, e até mesmo o racismo norte-americano desenfreado.
(BTS, grupo coreano composto por sete membros. Fonte: bit.ly/38leF2o)
Recentemente em uma entrevista do site americano Billboard divulgada em 28 de Agosto de 2021 a pessoa responsável por conduzir a entrevista abertamente acusou BTS, os fãs, e a empresa responsável por eles — Hybe Entertainment, de manipulação dos charts da Billboard. Na realidade, o esforço do fandom (fã-clube), é terminantemente mais intenso do que quaisquer outros fandoms por conta dessa barreira de racismo. Tal situação não acontece com artistas de origem americana, pois a viralização de algo americano, em inglês ou não, não é visto com estranheza pela indústria. As portas são conscientemente fechadas para esses artistas por uma clara representação de racismo e desrespeito.
Tal fidelidade, tal foco e amor aos grupos de k-pop e seus membros se dá pelo apoio emocional que muito frequentemente é fornecido aos fãs.
O apoio emocional se caracteriza como a capacidade de oferecer apoio, cuidado, conforto e segurança frente a momentos de estresse. Esse tipo de apoio faz parte de uma dimensão que engloba alguns modelos básicos de apoio social, incluindo autoestima, rede de vínculos e outros elementos que vão desde saber instruir os indivíduos na resolução de problemas a oferecer os recursos necessários para uma assistência concreta (CUTRONA; RUSSELL, 1990). O crescimento emocional está diretamente ligado ao processo de apoio emocional, por este estar diretamente ligado ao fato de que ao adquirir apoio emocional, o indivíduo encontra liberdade de desabafo, expressão das emoções, e crescimento psicológico.
Devido a diversos movimentos de desenvolvimento tecnológico e social do século XXI, foi criada uma subjetividade quanto ao que pode se apresentar como apoio emocional. Pela tecnologia, pessoas de países diferentes podem se unir em apoio e cuidado, utilizando de interesses em comum e vivências similares para dar forças uns aos outros. Tal movimento foi maximizado por conta da pandemia, e houve uma aproximação emocional dentro do distanciamento social.
Muitos fãs e ídolos entram em um processo de apoio emocional que pode até mesmo se apresentar de forma mútua. O apoio emocional por parte dos fãs é uma narrativa constante dentro desse universo, relatos dos quais os fãs afirmam que um grupo salvou a vida delx, que por causa de um grupo elx tem força para viver mais um dia, dentre diversas outras falas. O apoio emocional de fã para fã também é visível, visto que muitos passam por experiências similares de transtornos mentais tais como ansiedade, depressão, e até mesmo ideação suicida.
Grupos de K-pop perceberam a sua voz, o alcance que eles possuem, e começaram a estender a mão para os fãs da melhor forma possível.
Em Setembro de 2018 o grupo BTS entregou o primeiro discurso na câmara da UNICEF, no evento “Youth 2030: The UN Youth Strategy”, do qual tinha o objetivo de debater e levar a frente movimentos de melhoria no futuro dos jovens de todo o mundo. Foi o primeiro discurso de um total de dois (o segundo sendo feito em 2020 de forma remota), e o primeiro grupo do gênero a praticar tal ato. O discurso foi feito para levantar a campanha Love Myself, da qual eles unem forças com a UNICEF para promover doações e vendas dos quais os fundos são utilizados para proteger crianças de violência.
(BTS, grupo composto por 7 membros durante promoção em 2020 da campanha Love Myself. Fonte: https://www.love-myself.org/eng/home/)
No discurso RM, o líder do grupo também conhecido como Namjoon, disse:
“[…] E eu gostaria de começar falando sobre mim mesmo. Eu nasci em Ilsan, uma cidade próxima de Seul, na Coreia do Sul. É um lugar muito bonito, com um lago, montanhas, e até mesmo com um festival anual de flores. Eu tive uma infância muito feliz lá. E eu era apenas um garoto comum. Eu costumava olhar para o céu para pensar, e eu costumava sonhar os sonhos de um garoto. Eu imaginava que eu era um super herói que podia salvar o mundo.
E na introdução de um dos nossos primeiros álbuns, tem uma frase que diz: ‘Meu coração parou quando eu tinha nove ou, talvez, dez anos’. Olhando para trás, acho que foi quando eu comecei a me preocupar sobre o que outras pessoas pensavam de mim, e comecei a me enxergar pelos olhos deles. Eu parei de olhar para o céu à noite e para as estrelas. Eu parei de sonhar acordado.
Ao invés disso, tentei apenas me encaixar nos moldes criados por outras pessoas. Logo, comecei a calar minha própria voz e passei a escutar as vozes dos outros. Ninguém chamava meu nome, nem eu mesmo chamava. Meu coração parou e meus olhos fecharam-se. E é assim, dessa forma, que eu, nós, todos perdemos nossos nomes. Nos tornamos fantasmas.
Mas eu tinha um refúgio, e era a música. Tinha uma pequena voz dentro de mim que dizia: ‘Acorde, cara. E escute a si mesmo!’ Mas demorou um tempo para que eu ouvisse a música chamando meu verdadeiro nome.
[…] E eu posso ter cometido um erro ontem, mas o eu de ontem ainda sou eu. Hoje, eu sou o que sou com todos os meus defeitos e erros. Amanhã, eu posso ser um pouco mais sábio, e isso também será eu. Essas falhas e erros são o que eu sou, compondo as estrelas mais brilhantes da constelação da minha vida. Eu aprendi a me amar pelo o que eu sou, pelo o que eu fui, e pelo o que eu espero me tornar.
Eu gostaria de dizer mais uma última coisa. Depois de lançar a série de álbuns ‘Love Yourself’ e a campanha ‘Love Myself’, eu comecei a escutar histórias impressionantes de nossos fãs pelo mundo, de como nossa mensagem os ajudou a superarem as dificuldades da vida e de como eles passaram a se amar. Essas histórias constantemente nos lembram de nossa responsabilidade.
Então, vamos todos dar mais um passo. Aprendemos a nos amar. Agora, eu insisto que falem por si mesmos. Eu gostaria de perguntar a todos vocês: Quais são seus nomes? O que anima vocês e o que faz seus corações baterem? Me digam suas histórias, eu quero ouvir suas vozes e ouvir suas convicções.
Não importa quem você seja, de onde você venha, sua cor de pele, sua identidade de gênero, apenas fale! Encontre seu nome e sua voz, falando por si próprio.”
O impacto de seu discurso foi tamanho que os fãs desenvolveram um movimento mundial dos quais eles filmavam vídeos curtos, faziam tweets, posts no Facebook e Instagram relatando suas vivências, dizendo seus nomes e suas origens. Por conta disso, houve uma reação em cadeia de apoio emocional e cuidados promovidos pelos próprios fãs pela validação das falas de cada um deles seguidos de respostas de apoio nos comentários desses posts.
Atualmente, a campanha tem um valor arrecadado acumulado de 2,600,000,000 KRW, que fazem cerca de 11 bilhões de reais. A campanha continua em andamento até hoje, e os efeitos sociais de Love Myself permanecem e marcam fãs até hoje.
Siga ligadx no site (En)Cena para a segunda parte.
REFERÊNCIAS
Bhrescya Ayres ABADE; Ana Letícia Guedes PEREIRA. Ídolos e Apoio Emocional: Reflexões Sobre a Dinâmica do Fã Adolescente Contemporâneo. JNT- Facit Business and Technology Journal. QUALIS B1. 2021. Julho. Ed. 28. V. 1. Págs. 74-92.
MADA, Larissa Sumi. A experiência de ser k-popper no brasil – uma visão fenomenológica sobre os armys. Universidade Federal de São Paulo. Santos, 2017.
Kpop como aliado no tratamento de doenças mentais. K4us, 2019. Disponível em <https://k4us.com.br/kpop-como-aliado-no-tratamento-de-doencas-mentais/>. Acesso em 28 de Ago. de 2021.
CRUZ, Caio Amaral da. E precisa falar coreano? Uma análise cultural do K-Pop no Brasil. 104 f. il. 2016. Monografia – Faculdade de Comunicação, Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2016.
BTS Cover Story: Inside the Band’s Business & Future. Billboard, 2021. Disponível em <https://www.billboard.com/articles/news/9618967/bts-billboard-cover-story-2021-interview>. Acesso em 30 de Ago. de 2021.
BTS Struggles & Hardships. Amino, 2017. Disponível em: <https://aminoapps.com/c/btsarmy/page/blog/bts-struggles-hardships-what-can-we-learn-from-this/xpjw_WpXh2uwG56agBwlaG33zkB2PvGjGZN>. Acesso em 29 de Ago. de 2021.
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“Essa Terra é Minha”, música de ativista indígena do Tocantins, será tocada em programa especial da Rede Globo no dia 19
Programa “Falas da Terra” vai ao ar na próxima segunda, 19 de abril, logo após o Big Brother Brasil, sendo a primeira vez que uma compositora indígena terá sua música em um programa em Rede Nacional; no mesmo dia, Narubia Werreria lançará a canção em seu canal no Youtube, Nativa.
“Essa Terra é Minha” é a mensagem de uma indígena do povo Iny, da Ilha do Bananal, no Tocantins, que se tornou música do especial “Falas da Terra”, programa especial da Rede Globo. O programa irá ao ar no dia 19 de abril, logo após o Big Brother Brasil, sendo a primeira vez que uma compositora indígena terá sua música em um programa de abrangência nacional. Narubia Werreria compôs, produziu, cantou e terá também uma participação especial no programa, ao lado dos cantores indígenas Thaline Karajá e Edvan Funi-ô.
Também no dia 19, Narubia lançará a canção em seu canal “Nativa”, no Youtube, e em breve em todas as plataformas digitais. Ela explica que, mesmo sendo compositora desde pequena, a letra da música surgiu após a participação de Thaline Karajá no The Voice Brasil.
Fonte: Arquivo Pessoal
“Como líder e ativista indígena, sinto uma angústia e indignação por todas as injustiças e mentiras que falam sobre nós, povos indígenas, e sempre pensei em fazer uma música pra cantar isso, mas não vinha. Então, na noite em que eu estava acompanhando minha amiga-irmã Thaline no The Voice, vi o momento em que ela falou que nós indígenas vamos ocupar todos os espaços porque essa terra é nossa. Fiquei muito emocionada, e infelizmente, um dos jurados tentou mudar suas palavras, mas as palavras dela tinham sido ditas em alto em bom som. Depois disso, liguei para ela e conversamos muito e passei a madrugada pensando, quando me veio a melodia e a letra juntas, eu fui cantando e gravando no celular e logo estava pronta”, afirma.
Narubia enviou a música para Thaline que mandou para os produtores do Especial Falas da Terra, uma vez que estavam em busca de uma música indígena escrita por uma pessoa indígena para compor o programa. “Logo o produtor musical da Globo entrou em contato comigo, disse que tinha gostado muito da música e perguntou se poderia usar no programa. Eu fiquei muito feliz com a proposta! Depois foi tudo muito rápido, fui ao Projac e gravei a música junto com a Thaline e Edvan, além da participação no Especial”, concluiu.
Significado
Narubia explica que a sua felicidade em ter a música tocada em Rede Nacional se dá também pela mensagem que será enviada a todo o Brasil sobre os povos indígenas. “Nós queremos respeito! Somos tratados como estranhos em nossa própria terra, os nossos direitos originários, os nossos corpos e nossas terras foram e são o alvo da ganância e da hipocrisia. Quero falar em alto e bom som, que somos filhas e filhos dessa terra e que ela é nossa. Concebidas na luta e na violação, mas nunca vamos parar de lutar, pois amamos essa terra. Em cada rio desse território temos uma história ancestral, as matas, as serras contam nossa história e vamos continuar lutando por uma vida digna, pelos rios límpidos, pela floresta em pé, pela onça pintada livre e pelo grande piracuru nos rios”, destaca a compositora.
Fonte: Arquivo Pessoal
Perfil – Narubia Werreira
Narubia Werreria, do povo Iny da Ilha do Bananal-TO, é filha de líderes indígenas, João Werreria e Lenimar Werreria Canela, filha de homens amáveis e mulheres fortes. Também é ativista indígena por mais de uma década, além de cantora, compositora, artista plástica, poeta, palestrante das águas do Berohoky (Araguaia). Ao lado de Thaline Karajá e Márcia Kambeba, forma o grupo musical “Indá Açu”, que significa Grande Canto.
Serviço
O quê: Participação da indígena Narubia Werreria e sua nova música “Essa Terra É Minha” no Especial Falas da Terra na Globo e lançamento da canção no Youtube Nativa.
Quando:Dia 19 de abril, logo após o Big Brother Brasil, na Rede Globo
Contato para entrevistas:(63) 99225-6044 – Lauane dos Santos/Assessoria
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Papeis de gênero a partir da música “Geni e o Zepelim”
O objetivo dessa narrativa é tecer uma análise da música Geni e o Zepelim, do compositor Chico Buarque, sob a perspectiva de papéis sociais, especialmente sobre o gênero. Lane (2006) define identidade social como “conjunto de papéis sociais, que atendem, basicamente, à manutenção das relações sociais representadas no nível psicológico, pelas expectativas e normas que os outros envolvidos esperam que sejam cumpridas”.
A música nos apresenta Geni e o Comandante. Geni, uma mulher muito conhecida e falada na cidade pelos seus comportamentos, Chico Buarque, a descreve em estrofe “…De tudo que é nego torto, do mangue, do cais, do porto, ela já foi namorada, o seu corpo é dos errantes, dos cegos, dos retirantes, é de quem não tem mais nada…”. Do mesmo modo, em estrofe nos apresenta o Comandante, “…forasteiro, o guerreiro tão vistoso, tão temido e poderoso…”. A canção tem como refrão uma expressão no qual será repetida sempre que mencionado o nome de Geni “…Joga pedra na Geni, ela é feita pra apanhar, ela é boa de cuspir, ela dá pra qualquer um, maldita Geni…”.
Nota-se que Geni é hostilizada pela forma como se comporta, nos fazendo refletir quanto a diferença de valores e comportamentos esperados em relação a mulher e ao homem, que apesar de existirem valores indistintos, como: “respeito”, “obediência”, “honestidade”, “trabalho”, existem também valores que estão relacionados apenas ao sexo feminino, como: “submissão”, “delicadeza no trato”, “pureza”, “capacidade de doação”, “prendas domésticas e habilidades manuais” (BIASOLI-ALVES, 2000).
No entanto, o Comandante tratava-se de um homem forte, temido e detentor de poder, ele havia chegado na cidade com a intenção de destruí-la, mas que ao conhecer Geni encantou-se e logo propôs a paz em troca de uma noite com ela. “Ao longo do processo histórico foram naturalizados e consolidados papéis de gênero diferenciados ao homem e à mulher: atribui-se ao homem a força e o poder, e à mulher a submissão e fragilidade” (CARVALHO; FERREIRA; SANTOS, 2010).
Dessa forma, comportamentos semelhantes são vistos e julgados socialmente de modo diferente a partir do gênero da pessoa. As mulheres ainda são estereotipadas pelos seus posicionamentos e/ou comportamentos diante da sociedade, por vezes, sendo diminuídas a rótulos pejorativos por se comportarem do mesmo modo que o homem, ou seja, enquanto a mulher é julgada e muitas vezes massacrada por sua liberdade, o homem é exaltado pelo mesmo direito.
Segundo Santos e Izumino (2014), conhecer a violência contra a mulher a partir das teorias de gênero, nos traz a compreensão sobre os tipos de violências existentes nas agressões à mulher e quais as relações de gênero envolvidas nesta problemática.
No Brasil, desde 2006 foi sancionada a Lei Maria da Penha, que através do sistema policial, garante a segurança e acolhimento às mulheres vítimas de violência, onde seus direitos, dignidade e proteção podem ser exercidos sem julgamentos.
A lei também estabelece a definição do que é a violência doméstica e familiar, bem como caracteriza as suas formas: física, psicológica, sexual, patrimonial e moral. Além disso, a Lei n. 11.340/2006 cria mecanismos de proteção às vítimas, assumindo que a violência de gênero contra a mulher é uma responsabilidade do Estado brasileiro, e não apenas uma questão familiar (INSTITUTO MARIA DA PENHA, 2018).
Apesar da criação e garantias da lei, as mulheres ainda são as principais vítimas de violência, de acordo com o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH), em 2020 foram registradas mais de 105 mil denúncias de violência contra a mulher, demonstrando que embora existam mecanismos de proteção a mulher, a cultura permanece em um sistema patriarcal.
Assim, consequentemente a violência de gênero afeta não só a saúde integral da mulher, mas também de toda a sociedade, considerando que essa se perpetua em um sistema de dominação dos homens em relação às mulheres. “O patriarcalismo compõe a dinâmica social como um todo, estando inclusive inculcado no inconsciente de homens e mulheres individualmente e no coletivo enquanto categorias sociais.” (MORGANTE e NADER, 2014). Neste sentido, comportamentos sob a lógica patriarcal são emitidos mesmo sem intencionalidade e consciência, uma vez que são reproduções da forma como se estruturou e se estrutura a sociedade.
Portanto, existe uma dominação muito bem definida que alimenta o julgamento e a violência, sempre que a mulher não ocupa um papel social determinado ou esperado pela sociedade em que está inserida. Daí a relevância de olhar para os fenômenos sociais sob a perspectiva de gênero e de uma ótica histórica e social, considerando que nesta análise, referiu-se à violência contra a mulher.
BIASOLI-ALVES, Zélia Maria Mendes. (2000). Continuidades e rupturas no papel da mulher brasileira no século XX. Psicologia: Teoria e Pesquisa. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0102-37722000000300006. Acesso em: 09 de abril. 2021.
CARVALHO, Carina Suelen de et al. Analisando a Lei Maria da Penha: a violência sexual contra a mulher cometido por seu companheiro. Disponível em: http://www.uel.br/eventos/gpp/pages/arquivos/6.MoaraCia.pdf Acesso em: 09 de abril. 2021.
LANE, S. T. M. (1981). O que é Psicologia Social? São Paulo, SP, Editora Brasiliense.
SANTOS, Cecília Macdowell; IZUMINO, Wânia Pasinato. Violência contra as Mulheres e violência de Gênero: Notas sobre Estudos Feministas no Brasil. 2005. Disponível em: http://eial.tau.ac.il/index.php/eial/article/view/482. Acesso em: 09 de abril. 2021.
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Musicoterapia e Psicanálise: conceito e aproximações
A musicoterapia se respalda no uso científico da música de forma sistemática por um profissional qualificado e de um modo geral, objetiva por meio da música, “participar e interagir com o paciente” em atividades tanto grupais quanto individuais (QUEIROZ, 2013, p. 1535). Por sua importância e eficácia, é interessante realizar o esclarecimento de seu conceito e suas aproximações da abordagem psicológica psicanalítica, amplamente utilizada entre os profissionais clínicos da atualidade.
Ao dialogar sobre os fundamentos epistemológicos da musicoterapia, Ulkowski, Cunha e Pinheiro (2019) revisitam a história dessa prática que está presente na sociedade desde a antiguidade, sendo utilizada para fins terapêuticos. As autoras colocam que uma das principais características que diferem as práticas musicoterápicas realizadas antigamente para as que se fazem presentes nos últimos 50 anos, é a preocupação que atualmente se tem em relação a sua cientificidade, tendo em visto que o uso da música e seus efeitos na antiguidade tinha um cunho mais religioso e filosófico, como por exemplo, sua utilização para espantar maus espíritos em práticas mágicas antigas.
Foi no final do século XVIII e início do século XIX que as primeiras dissertações médicas sobre o uso da música no contexto terapêutico aconteceram, dando início a uma mudança no discurso que embasava sua prática. Percebe-se que a musicoterapia é uma área que desenvolveu-se primeiro pela prática para depois passar pelo processo de fundamentação (ULKOWSKI; CUNHA; PINHEIRO, 2019). Esse processo pode ter culminado no que Cunha (2018) vem chamar de interdisciplinaridade ou a hibridez da construção teórica musicoterapêutica, tendo em vista que essa é uma prática que perpassa diversos saberes e áreas (por exemplo, artes e saúde). Apesar desse pluralismo teórico, a autora fala sobre a necessidade de bases conceituais que “iluminem as interpretações, que levem a metodologias e resultados de estudos, que facilitem as discussões e construções explicativas. São elas que oferecem fundamentos para o entendimento de realidades” (ibid. p. 26).
Fonte: encurtador.com.br/dxyBL
Quando se fala sobre a fundamentação da musicoterapia no Brasil, Ulkowski, Cunha e Pinheiro (2019) relembram as atuações pioneiras na década de 1960 com Cecília Conde, Gabrielly de Souza Silva e Dóris de Carvalho sucedidas pelos primeiros cursos e palestras com enfoque científico em solo brasileiro. Outro importante nome foi a da educadora musical Clotilde Espínola Leinig que implantou a Especialização Lato Sensu em Musicoterapia, na Faculdade de Educação Musical do Paraná, e mostra como conceitos psicanalíticos estiveram presentes na fundamentação da musicoterapia no Brasil, tendo em vista que os livros do médico e psicanalista Rolando Benenzon (responsável pelo Modelo Benenzon de Musicoterapia, hoje conhecido como Terapia Não-Verbal) foram utilizados na implementação do curso.
Todo esse processo colaborou para que a prática da musicoterapia fosse reconhecida como uma atividade clínica regulamentada não somente no Brasil, como em diversos outros países. Formação reconhecida pelo MEC, o musicoterapeuta pode atuar nas áreas da saúde, educação, social/comunitária, entre outros, sempre estabelecendo um plano de cuidado que proporcione a promoção, prevenção e/ou reabilitação da saúde do sujeito, individualmente ou enquanto grupos (UNIÃO BRASILEIRA DAS ASSOCIAÇÕES DE MUSICOTERAPIA, 2018). De acordo com a Federação Mundial de Musicoterapia (1996, p. 4):
Musicoterapia é a utilização da música e/ou seus elementos (som, ritmo, melodia e harmonia) por um musicoterapeuta qualificado, com um cliente ou grupo, num processo para facilitar, e promover a comunicação, relação, aprendizagem, mobilização, expressão, organização e outros objetivos terapêuticos relevantes, no sentido de alcançar necessidades físicas, emocionais, mentais, sociais e cognitivas. A Musicoterapia objetiva desenvolver potenciais e/ou restabelecer funções do indivíduo para que ele/ela possa alcançar uma melhor integração intra e/ou interpessoal e, consequentemente, uma melhor qualidade de vida, pela prevenção, reabilitação ou tratamento.
Fonte: encurtador.com.br/lsx05
Em outras palavras, a musicoterapia pode ser utilizada como um processo de intervenção terapêutica, a partir das experiências sonoras que tocam os sentidos do corpo como um todo. Trata-se de um fenômeno criativo que mobiliza o organismo a agir, por meio de ritmos/melodias e também a comunicar-se de forma não-verbal. Pois, entende-se que muitos indivíduos portadores de deficiência possuem limitações na fala, prejudicando a fluidez da comunicação verbal (SANTOS; ZANINI; ESPERIDIÃO, 2015).
Neste sentido, esses autores revelam que a música é um experimento que pode promover auto reflexão, conscientização e exteriorização de conteúdos inconscientes. Com isso, a relação cliente-terapeuta-música pode co-construir aspectos benéficos no desenvolvimento terapêutico.
Na busca por promover um diálogo entre a musicoterapia e a psicanálise, Ulkowski, Cunha e Pinheiro (2019) refletem sobre a importância de se ter uma teoria na qual a prática musicoterápica pudesse se amparar. Além disso, essas interlocuções ampliam o exercício da psicanálise para outros modos de atuação do terapeuta, como em situações de pessoas que apresentam “doenças regressivas”, por exemplo.
Fonte: encurtador.com.br/atL27
Even Ruud, em sua obra Caminhos da Musicoterapia (1990), apresenta a ideia de que a atividade musical tem sua origem nas primeiras etapas da vida do indivíduo, ainda quando o bebê ainda não consegue discernir os limites entre o eu e a realidade, nos primeiros períodos narcísicos da organização psicológica do ego da criança. Ulkowski, Cunha e Pinheiro (2019), ao resgatar trabalhos como os de Christine Lecourt (2011), expressam a relevância das experiências sonoras até mesmo na vida pré-natal, e como esta influência no desenvolvimento verbal e musical do indivíduo.
Retomando Ruud (1900), a autora discorre sobre como conteúdos do nosso inconsciente, como impulsos e desejos, podem ser transformados em arte, afinal tais conteúdos possuem uma carga libidinal. Tanto a atividade musical criativa quanto a passiva, exercem uma gratificação libidinal no sujeito, se analisado através da teoria da libido. Além disso, ela fala como “os elementos da música tais como ritmo, melodia, harmonia e modos também parece ter um significado psicodinâmico específico” tendo em vista que “a repetição rítmica e ênfase rítmica são meios de descarga; o ritmo estável conduz a um alívio gradativo da tensão sexual” (ibid, p. 37).
A música como destino pulsional de conteúdos inconscientes por meio da sublimação, devido ao fato desta expressão ser mais aceita socialmente, também é um assunto comentado pelas autoras Ulkowski, Cunha e Pinheiro (2019), que falam sobre como a musicoterapia atua como facilitadora desse processo. Além disso, essa prática orientada pela teoria psicanalítica também diz sobre a similaridade entre a música (tal como se apresenta) e o processo primário do sujeito (se refere ao ponto de vista topológico, que seriam os elementos do inconsciente, e ao ponto de vista dinâmico, que se refere ao escoamento da energia psíquica de uma representação para a outra), bem como a escuta transferencial e o seu manejo.
Fonte: encurtador.com.br/rty59
No que se refere aos processos facilitadores da musicoterapia para a expressão de conteúdos, desejos, impulsos inconscientes, Ruud (1990) retoma os trabalhos de Wright e Priestley (1972) para falar sobre como a música pode ser um instrumento para que o indivíduo mergulhe em si mesmo, podendo alcançar o inconsciente e trazer aspectos de si mesmo como sentimentos, memórias, complexos, antes encobertos, para a consciência. A autora assinala que: “a música é considerada equivalente ao conteúdo manifesto do sonho e pode ser analisada e compreendida pelas mesmas técnicas que são aplicadas na interpretação do sonho e do chiste” (RUUD, 1990, p. 38). Isso porque tais conteúdos manifestados através da música conseguem burlar a censura da consciência e dar-se com menor resistência (WHEELER, 1981).
As formas de estabelecer essa ponte são infinitas: desde deixar o paciente tocar livremente um instrumento ou escolher uma música. É fato que esse processo de percepção interna, propiciada através da música, o leva ao objetivo maior que é integrar esses elementos, agora conscientizados, em sua psiquê. Trata-se de tornar consciente aquilo que estava fora de alcance, no inconsciente. Elaborar esses elementos e integrá-los. Isso leva o indivíduo a viver de forma mais satisfatória e saudável. E isso porque todo esse processo favorece também a resolução de conflitos, aumento da autoaceitação, trabalha novas técnicas para enfrentar os problemas e fortalece a estrutura do ego do sujeito (RUUD, 1990).
Christine Lecourt (1996), já citada neste artigo, é uma pesquisadora francesa, e em seu trabalho com Lapoujade (1996) discorreu sobre como a musicoterapia contribui também em outros sentidos. Elas descrevem como ela atua na compreensão da experiência musical do indivíduo, verificando possíveis presenças de psicopatologias ligadas ao som, assim como transtornos mentais. Alguns exemplos são a hiperestesia de som, diferentes níveis de surdez, alucinações, entre outros.
Fonte: encurtador.com.br/hvyT4
Outra importante profissional na área fala sobre como a música pode ser usada também na musicoterapeuta, como forma de lidar com impasses na própria prática. Márcia Cirigliano, em A Canção Âncora (2004), declara que em situações de impasse ou impotência com o seu paciente, tendo dificuldades para interagir com ele, o musicoterapeuta pode utilizar uma canção como recurso para se apoiar nela, e a partir dela estabelecer uma interação mais segura com o seu paciente. Isto é, a música não tem funcionalidade apenas para o paciente, mas também para o terapeuta que pode se ancorar nela.
Para Benenzon (2011), a música viabiliza a possibilidade de uma comunicação entre inconscientes (do musicoterapeuta para com o paciente e vice-versa), sem precisar atravessar o pré-consciente e o consciente. É isso o que ele vem chamar de contexto não-verbal. Essa ideia corrobora com a afirmação de Wheeler (1981) sobre o poder da música de burlar as censuras. Assim, para Benenzon (2011), o objetivo principal da musicoterapia é viabilizar canais de comunicação com o paciente.
Desta forma, percebe-se como o trabalho da música está para além de uma simples forma da energia básica e desejos latentes se expressarem. O ego utiliza da música (tendo em vista que é uma atividade iniciada por ele para atingir diversos objetivos) para levar-se a gratificação das necessidades particulares, como defesa contra forças diversas, para realizar funções sintetizadoras e/ou integrativas, e etc (RUUD, 1990). Assim, fica claro como a música tem um papel significativo no desenvolvimento dos seres humanos.
REFERÊNCIAS
BENENZON, Rolando. Musicoterapia: de la teoría a la práctica. 1ª edição. Madrid: Paidós, 2011.
CIRIGLIANO, Márcia. A Canção Âncora. In Revista Brasileira de Musicoterapia. ano IX, n. 7, 2004. Disponível em: http://www.revistademusicoterapia.mus.br/wp-content/uploads/2016/11/5-A-Can%C3%A7%C3%A3o-%C3%82ncora.pdf. Acesso em: 21 de setembro de 2020.
CUNHA, R. Conceituação em musicoterapia: temos fundamentos universais? In Anais do XIX Fórum Paranaense de Musicoterapia e III Simpósio Paranaense de Pesquisa em Musicoterapia. n. 19, p. 25-32, 2018.
LAPOUJADE, Christine; LECOURT, Edith. A Pesquisa Francesa em Musicoterapia. In Revista Brasileira de Musicoterapia. ano I, n. 1, 1996. Disponível em: http://www.revistademusicoterapia.mus.br/wp-content/uploads/2016/12/2-A-Pesquisa-Francesa-em-Musicoterapia.pdf. Acesso em: 21 de setembro de 2020.
QUEIROZ, Isabela Cristina Sousa. O autismo: aspectos gerais e um breve relato de experiência. In: CONGRESSO NACIONAL DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE EDUCAÇÃO MUSICAL, 21., 2013, Pirenópolis-go. Anais […]. João Pesso: Editora da Ufpb, 2013. p. 1530-1541. Disponível em:
ULKOWSKI, Iara Del Padre Iarema; DOS SANTOS CUNHA, Rosemyriam Ribeiro; PINHEIRO, Nadja Nara Barbosa. Da musicoterapia à musicoterapia orientada pela teoria psicanalítica: fundamentos epistemológicos. Revista InCantare, v. 10, n. 1, 2020.
UNIÃO BRASILEIRA DAS ASSOCIAÇÕES DE MUSICOTERAPIA. Revista Brasileira de Musicoterapia, p. 4, 1996.
RUUD, Even. Caminhos da Musicoterapia. São Paulo: Summus, 1990.
SANTOS; Elvira Alves dos, ZANINI; Claudia Regina de Oliveira, ESPERIDIÃO; Elizabeth. Cuidando de quem cuida: uma revisão integrativa sobre a musicoterapia como possibilidade terapêutica no cuidado ao cuidador. Revista Música Hodie. V. 15, N.2, P.273. Goiânia, 2015. Disponível em: https://www.revistas.ufg.br/musica/article/download/39740/20296. Acesso em 22 de setembro de 2020.
WHEELER, B. The relationship between music therapy and theories of psychotehrapy. In Music Therapy. v. 1, issue. 1, p. 9-16, 1981. Disponível em: https://academic.oup. com/musictherapy/article/1/1/9/2757052. Acesso em: 22 de setembro de 2020.
Meu pai só gostava de músicas sertanejas, mas quando o cantor Roberto Leal aparecia na TV, ele me chamava para assisti-lo e ficava ouvindo junto. Ele sabia que aquele loirinho era o ídolo da filha de 15 anos. Numa época sem Internet e YouTube, eu dependia da TV para ver meu cantor predileto e das rádios para ouvir suas músicas. Seus discos me inspiraram a criar diários e a sonhar com o amor. Um dia lhe escrevi uma carta. A resposta veio rápida e com uma foto autografada.
Aos 17 anos, mudei-me para São Paulo. Estaria mais perto do ídolo, mas continuei o vendo só pela TV e ouvindo suas músicas pelas rádios, porque assistir a um show para mim era um luxo na época. O tempo passou e substituí o ídolo da adolescência por outros da minha juventude. As décadas passaram e ao passar de meio século de vida, eu tive uma crise de flashback. Mergulhei nas profundezas do tempo e na descida encontrei algumas frustrações e tristezas que deixei no fundo do mar do passado onde já estavam naufragadas. Para a superfície, resgatei alguns tesouros, como a paixão pelo ídolo dos 15 anos.
Fonte: encurtador.com.br/CTY08
O ano era 2017 e, na ânsia de dar vida a desejos antigos, decidi assistir a um show do cantor. 365 dias voaram. Adiei o desejo para 2018. Mais um ano voou e veio 2019. Prometi que daquele ano não passaria. Eu estava certa. Jamais passaria de 2019. Um dia, olhando mensagens no celular, uma notícia me paralisou. A vida tinha me dado uma rasteira por ter me esquecido do hoje e confiado no amanhã. Os olhos do cantor loirinho Roberto Leal que tantas alegrias me deu na adolescência se fecharam em 15 de setembro de 2019. Não o vi e jamais o verei num palco. Restou a imortalidade do ídolo.
Eu não sabia da luta do cantor contra o câncer. Mas sabia que a morte é a realidade da vida. No vídeo de seu último show, Roberto Leal disse que jamais se imaginou cantando sentado e eu que sempre me imaginei aplaudindo-o de pé. Um ano após sua morte, o consolo é a foto autografada emoldurada e os vídeos no YouTube.
Os sonhos são os combustíveis da vida. Existem aqueles sonhos mais singelos e acessíveis de curto prazo e os grandes de longo prazo. Não importa o tamanho e o tempo de um sonho, o importante é não se iludir com mais 365 dias de um ano vindouro para dirigir alguns quilômetros rumo a uma casa de show ou para dar pequenos passos diários rumo aos grandes sonhos de longo prazo.
A luz da vida do cantor se apagou. As músicas brilharão para sempre.
Vira-vira! Arrebita!
Aplausos ao show da vida!
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O Cérebro de Hugo: “Eu tinha um filho com olhos de vidro, que pareciam de mentira”
“O Cérebro de Hugo” é uma ponte que transpassa um rio torrencial, atulhado de espirais astutas, como a insipiência e o preconceito. Todavia, aquele que é capaz de chegar à outra borda, compreenderá que eles, do mesmo modo que nós, aspiram, unicamente, serem aceitos, respeitados e amados.
Sob a direção de Sophie Révill, “O Cérebro de Hugo”, originalmente “Le Cerveau D’Hugo” é um documentário ficcional produzido na França em 2012 que traz uma série de depoimentos de pessoas autistas (com Transtorno do Espectro Autista – TEA) acerca dos múltiplos obstáculos vividos, do processo de diagnóstico e seu convívio com familiares, bem como sobre as principais intervenções realizadas por psiquiatras pesquisadores da área, como Leo Kanner, Hans Asperger, Bruno Bettelheim, Margaret Bauman e Thomas Kemper. O longa também discorre e põe em destaque a história de um personagem fictício chamado Hugo.
Hugo era um menino que possuía a Síndrome de Asperger, também conhecida e apresentada como autismo de alto funcionamento (Nível 1). Segundo o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais – DSM-5 (APA, 2014), esse é um transtorno no qual os sinais tornam-se mais evidentes e acentuados na primeira infância, prolongando-se por toda a vida do sujeito (SILVA; GAIATO; REVELES, 2012). O TEA caracteriza-se por déficits perseverantes na comunicabilidade e interação social em numerosos cenários, como também pela existência de padrões limitados e recorrentes de comportamento, interesses ou atividades, cuja etiologia estaria ligada à fatores genéticos e biológicos, sendo assim, presente desde o nascimento e não desenvolvida ao longo da vida, conforme apresentado no filme.
Fonte: https://bit.ly/38RmJas
Muitos dos indivíduos com o Transtorno do Espectro Autista também podem apresentar algum tipo de comprometimento intelectual e/ou da linguagem, déficits motores (marcha atípica, falta de coordenação), redução ou ausência de contato visual, estereotipias ou movimentos repetitivos, assim como o uso de objetos e fala de forma repetitiva.
Segundo o DSM-5 (APA, 2014), o TEA apresenta três níveis de gravidade, que são distinguidos a partir da obtenção de dados e observação clínicos, conforme a exigência de apoio que o indivíduo necessita. São eles:
Nível 1 – Exigindo Apoio: dificuldade para iniciar interações sociais, bem como interesse reduzido por estas (comunicação social); dificuldade em trocar de atividades; planejamento e organização disfuncionais (comportamentos restritos e repetitivos);
Nível 2 – Exigindo Apoio Substancial: limitação em dar início a interações sociais, déficits graves na comunicação verbal e não verbal, apresentando prejuízos sociais aparentes mesmo na presença de apoio (comunicação social); presença de comportamentos restritos e repetitivos, inflexibilidade, sofrimento em lidar com a mudança, como também, em mudar o foco ou as ações (comportamentos restritos e repetitivos);
Nível 3 – Exigindo Apoio Muito Substancial: déficits e prejuízos graves nas capacidades de comunicação social verbal e não verbal, vasta limitação em dar início a interações sociais e retorno ínfimo a estas (comunicação social); inflexibilidade, extrema dificuldade em lidar com a mudança, ocorrência de grandes prejuízos no funcionamento do sujeito na sociedade em decorrência de comportamentos restritos e repetitivos, grande dificuldade para mudar o foco ou as ações (comportamentos restritos e repetitivos).
Fonte: encurtador.com.br/pHV15
Logo ao nascer, a mãe de Hugo (Elisa) percebeu que o filho apresentava certas características que o distinguia das demais crianças. Além de não interagir com seus pais e mostrar-se indiferente em relação aos cuidados de sua mãe, Hugo chorava excessivamente e nada o consolava. Quando mais velho, exibia comportamentos “estranhos”, como alinhar incansavelmente determinados objetos; correr de um lado ao outro sem parar e balançar as mãos (comportamentos repetitivos e estereotipados); comportamentos autolesivos e ataques de fúria; ausência de contato visual; rejeição ao contato físico; interesse restrito a uma atividade e assunto; desordem frente a erros e exposição; sensibilidade auditiva e dificuldades em relacionar-se com outras crianças e em comunicar-se com outrem, pronunciando as primeiras palavras após os seis anos de idade.
Devido ao seu comportamento “imaturo”, diversos profissionais acreditavam que Hugo possuía retardo mental severo, o qual, atualmente, é compreendido como Deficiência Intelectual (DI), e abarca déficits em capacidades mentais genéricas (raciocínio, planejamento, pensamento abstrato, aprendizagem, solução de problemas, entre outros) e funcionais, tanto adaptativos quanto intelectuais, nas habilidades conceituais, sociais e práticas. Estes déficits originam perdas no funcionamento adaptativo do indivíduo e limitam o desempenho esperado em atividades cotidianas, como por exemplo, a comunicação, afetando também a participação social e independência em copiosas esferas, tais como escola, trabalho, casa e sociedade (APA, 2014).
Fonte: encurtador.com.br/pHV15
Apesar de determinadas características do TEA serem semelhantes a certos aspectos da DI, como a dificuldade na área de comunicação, e a última poder ser uma comorbidade do transtorno (APA, 2014), ao longo do tempo, percebeu-se que o diagnóstico dado à Hugo poderia estar incorreto. Descobriu-se que ele tinha “um traço cognitivo raro caracterizado pela capacidade de identificar a altura de qualquer nota musical sem referência externa” (GERMANO et al., 2013, p. 1), designado ouvido absoluto, o qual lhe conferia uma grande aptidão para a música. A paixão de Hugo se tornou o piano e mesmo com inúmeras dificuldades, sua dedicação fez com que se destacasse, principalmente na idade adulta.
O documentário, muito além de retratar os critérios diagnósticos do Transtorno do Espectro Autista, a trajetória de Hugo e seu progresso na vida e na música e, as histórias de outras pessoas com TEA, evidencia o percurso dos tratamentos e intervenções psicológicas, destacando os principais psiquiatras que estudaram e desenvolveram metodologias a fim de minimizar o transtorno e, dia após dia, afastar o indivíduo de sua “prisão interior”.
Ainda, traz críticas a respeito dos métodos de ensino, os quais denegavam crianças atípicas em função de sua forma singular de aprender; e sobre a importância de uma avaliação minuciosa para um diagnóstico correto, uma vez que esse processo implica consequências na vida dos familiares e envolvem questões emocionais, reajustes no orçamento para melhor cuidar dessa criança e readaptação às novas condições.
O documentário traz à tona a realidade do cotidiano de Hugo e outros autistas, os impasses em viver como crianças/adultos típicos, em relacionar-se com familiares e estranhos, viverem em sociedade, em serem admitidos em um emprego e como são menosprezados e, tantas vezes, considerados deficientes intelectuais, quando de fato, podem ser grandes prodígios. Outrossim, também enfatiza o afinco de todos àqueles que os estimam para que sejam capazes de construírem laços afetivos e perscrutarem suas competências intelectuais e artísticas.
“O Cérebro de Hugo” é uma ponte que transpassa um rio torrencial, atulhado de espirais astutas, como a insipiência e o preconceito. Todavia, aquele que é capaz de chegar à outra borda, compreenderá que eles, do mesmo modo que nós, aspiram, unicamente, serem aceitos, respeitados e amados.
FICHA TÉCNICA:
O CÉREBRO DE HUGO
Título original: Le Cerveau D’Hugo Direção: Sophie Révill Elenco: Thomas Coumans, Guillaume Briat, Thierry Godard, Jennifer Decker; Ano: 2012 País: França Gênero: Documentário ficcional.
REFERÊNCIAS:
AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION et al. DSM-5: Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais. Artmed Editora, 2014.
GERMANO, N. D. G. et al. Categorização de ouvido absoluto em estudantes de música de nível universitário das cidades de São Paulo e Brasília. Anais do IX Simpósio de cognição e artes musicais, p. 21-32, 2013.
O CÉREBRO DE HUGO. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=PKhS4WlG234> Acesso em: 02 jul. 2020.
SILVA, A. B.; GAIATO, M. B.; REVELES L. T. Mundo singular: Entenda o Autismo. Rio de Janeiro: Editora Fontana, 2012.
Evento gratuito na Casa com a Música, na Lapa,promove projeto com Reppolho e Danilo Dourado
O Sarau ComVida desta terça, dia 12 de novembro, vai receber um encontro de gerações cheio de talento a partir das 19h, na Lapa. Trata-se doespetáculo “Gerações”, que apresenta a oportunidade aos amantes da Música Popular Brasileira de assistir à união entre o consagrado percussionista Reppolho e o carismático e jovem cantor Danilo Dourado.
Multi-instrumentista, compositor, cantor, arranjador, produtor musical e pesquisador pernambucano,Reppolho é conhecido por acompanhar, por anos, nomes como Gilberto Gil, Moraes Moreira, Elba Ramalha, Pepeu Gomes,Elza Soares, Baby do Brasil, dentre outros grandes artistas. Tem na trajetória solos históricos em diversos shows pelo mundo desde a década de 1980, como no Festival de Montreux, na Suíça, ao lado do Gil. Atualmente, vem apresentando ao grande público seu trabalho solo, que inclui mais de seis álbuns lançados. Destaque para “Tribal Tecnológico”, que conta com participações especiais de ícones da MPB.
Fonte: Arquivo Pessoal
O cantor e compositor Danilo Dourado nasceu na cidade de Ituaçu, na Bahia, onde começou a cantar com apenas 10 anos influenciado pelas filarmônicas locais, por seu avô e por músicos que faziam som nas praças. Hoje, viveno Rio de Janeiro e vem gradualmente se destacando como um novo expoente da MPB e da Worldmusic, tendo inclusive participado do programa do Raul Gil, no SBT, com uma boa repercussão pela excelente desenvoltura. Danilo lançou recentemente o álbum Zabumba, pela Brazil Tree Records (um coletivo de selos musicais do Rio), com direção musical de Hiroshi Mizutani e Felipe Escovedo, e o clipe “Vida que Leva”, produzido pelo seu produtor geral e artístico André Misse, com a direção musical do próprio Reppolho.
O espetáculo Gerações apresenta uma mistura de ritmos variados por meio de composições próprias da dupla.Promovido pela Casa Com a Música em parceria com o Sindicato Nacional dos Compositores Musicais sempre às terças-feiras, o Sarau ComVida tem o propósito de abrir espaço para a diversidade e riqueza das manifestações artísticas. Uma atração diferente a cada terça-feira, apresentando novos talentos e nomes consagrados no universo das artes. E o microfone é aberto para quem quiser mostrar o seu talento ao longo da noite. O evento integra o conjunto de ações que a Casa, apadrinhada por Milton Nascimento, vem realizando para angariar recursos para sua reforma. A entrada é uma colaboração consciente.
Fonte: Arquivo Pessoal
Serviço:
Data: 12 de novembro, terça-feira
Início do Show: 19h
Entrada: colaboração consciente