Diferenciação entre pessoas de “mente aberta” e as de “mente fechadas”

Compartilhe este conteúdo:

Vivemos em um mundo em constante evolução, com a pandemia o uso e crescimento das tecnologias da informação ganharam força. Com isso, é nítido a necessidade de evoluirmos em relação a esse progresso ao qual o mundo passa. É normal sentirmos estranheza e desconforto em algumas circunstâncias que envolvem mudanças, fazendo-se necessário o ajustamento da forma em que pensamos a respeito das situações que estamos vivenciando, no caso de já termos uma opinião formada previamente onde possivelmente existe influências externas, poderá ser uma causa para que o processo de mudança ou flexibilidade de pensamento seja mais difícil de ocorrer.

De acordo com Marques (2021), para fazermos parte desse processo de evolução ao qual o mundo passa é necessário termos a mente aberta, pois isso poderá nos levar a níveis cada vez mais elevados, em todos os aspectos de nossas vidas. Mesmo sabendo disso, existe pessoas que possuem dificuldades em aceitar mudanças “São indivíduos considerados inflexíveis de mente fechada, que se sentem bem mal só de ver algo se transformando em sua rotina” (MARQUES, 2021).

Fonte: encurtador.com.br/qCK47

Com isso convido você a conhecer algumas entre as tantas características desses dois perfis de pessoas, as de mente aberta e as de mente fechada. Entre as peculiaridades existentes podemos encontrar:

  • Autoestima; as pessoas de mente fechada tendem a ser inseguras, demonstrando comportamentos próximos aos de autoritarismo, em busca de aceitação, sendo o oposto das pessoas que possuem mente aberta, tendo uma autoestima elevada, disposta à evolução e a um continuo aprendizado.
  • Falar e Ouvir; as de mente aberta dão preferencia para ouvir, são atenciosas e possuem uma observação aguçada, conseguido gerar uma maior conexão com as pessoas que estão ao seu redor; as pessoas de mente fechada, forçam as relações a ponto de serem importunas em um dialogo, querem a qualquer custo ser o centro das atenções e interrompem os demais que também estão conversando.
  • Humildade; é uma característica de fácil identificação, comumente as pessoas de mente fechada costumam procurar ter uma falsa fachada de que possui humildade. “Geralmente, quando vão emitir uma opinião, elas costumam começar a frase da seguinte maneira: “Posso estar errado, mas…” e logo dizem o que pensam.” (MARQUES, 2021). Sendo uma opinião considerada desnecessária por ser contraditória. Em contrapartida, as pessoas de mente aberta preferem se colocar no lugar de aprendizes, preferindo calar-se possibilitando uma oportunidade para quem realmente poderá favorecer.
  • Compreensão e entendimento, quem possui mente aberta não vive em busca de obrigar as pessoas a aprovarem sua forma de pensar, são compreensíveis, abertas ao diálogo, promovem respeito e discussão saudável. Referindo-se a pessoas de mente fechada, trata-se de alguém que se esforça para que todos que estão em torno de si o entenda, chegando a ser insistente e repetitivo a fim de convencer a outra pessoa para que concorde com o que está sendo dito.
  • Afirmar e Perguntar, são características que indicam que quem tem a mente fechada vivem fazendo fortes declarações sobre qualquer que seja o assunto, mesmo que não tenha propriedade no que está comunicando. “Trata-se de indivíduos que adoram opinar, porém não têm a menor paciência para ouvir a opinião dos outros.” (MARQUES, 2021). Já quem possui mente aberta, só opinam sobre algo quando verdadeiramente conhecem, pois primam pelo aprendizado com o outro.
  • Ideias desafiadas, as pessoas de mentes abertas, aceitam sem nenhum problema as ideias que as diferem de sua forma de pensar, diferente das de mente fechada que não concordam em ter suas ideias afrontadas. Pelo contrário, o que elas querem, na verdade, é que todos concordem com o que elas sugerem, sem questioná-las.

Dessa forma, “A mente é, hoje, até fácil de descrever em seus aspectos mais gerais, mas a função mental em cada circunstância específica de nossas vidas continua sendo um mistério” (IZQUIERDO, 2004, p. 07). Faz-se necessário que estejamos sempre atentos a que tipo de mentalidade que desenvolvemos: mentes limitadas ou mentes dispostas a expandir.

É necessários nos desafiarmos, a fim de que tenhamos mais proatividade e consciência de si mesmo, obtendo crescimento pessoal e profissional; para nos adaptarmos melhor com quem estar a nossa volta, tornando importante reconhecer se o outro possui uma mentalidade aberta ou fechada para um melhor relacionamento.

Referências

IZQUIERDO, Iván. A mente humana. Centro de Memória do Instituto de Pesquisas Biomédicas da PUC-RS, 3 de Out. de 2004. Porto Alegre (RS), Brasil. Disponível em: <https://www.ufmg.br/online/arquivos/IZQUIERDO.pdf >Acesso em: 17, Jul. de 2021.

MARQUES, José Roberto. Quais as principais diferenças entre pessoas de mente aberta e mente fechada?. Instituto brasileiro de coaching. 17 de Fev. de 2021. Disponível em: <https://www.ibccoaching.com.br/portal/mudanca-de-vida/quais-as-principais-diferencas-entre-pessoas-de-mente-aberta-e-mente-fechada/>. Acesso em: 17, Jul. de 2021.

Compartilhe este conteúdo:

Papeis de gênero a partir da música “Geni e o Zepelim”

Compartilhe este conteúdo:

O objetivo dessa narrativa é tecer uma análise da música Geni e o Zepelim, do compositor Chico Buarque, sob a perspectiva de papéis sociais, especialmente sobre o gênero. Lane (2006) define identidade social como “conjunto de papéis sociais, que atendem, basicamente, à manutenção das relações sociais representadas no nível psicológico, pelas expectativas e normas que os outros envolvidos esperam que sejam cumpridas”.

A música nos apresenta Geni e o Comandante. Geni, uma mulher muito conhecida e falada na cidade pelos seus comportamentos, Chico Buarque, a descreve em estrofe “…De tudo que é nego torto, do mangue, do cais, do porto, ela já foi namorada, o seu corpo é dos errantes, dos cegos, dos retirantes, é de quem não tem mais nada…”. Do mesmo modo, em estrofe nos apresenta o Comandante, “…forasteiro, o guerreiro tão vistoso, tão temido e poderoso…”. A canção tem como refrão uma expressão no qual será repetida sempre que mencionado o nome de Geni “…Joga pedra na Geni, ela é feita pra apanhar, ela é boa de cuspir, ela dá pra qualquer um, maldita Geni…”.

Nota-se que Geni é hostilizada pela forma como se comporta, nos fazendo refletir quanto a diferença de valores e comportamentos esperados em relação a mulher e ao homem, que apesar de existirem valores indistintos, como: “respeito”, “obediência”, “honestidade”, “trabalho”, existem também valores que estão relacionados apenas ao sexo feminino, como: “submissão”, “delicadeza no trato”, “pureza”, “capacidade de doação”, “prendas domésticas e habilidades manuais” (BIASOLI-ALVES, 2000).

No entanto, o Comandante tratava-se de um homem forte, temido e detentor de poder, ele havia chegado na cidade com a intenção de destruí-la, mas que ao conhecer Geni encantou-se e logo propôs a paz em troca de uma noite com ela. “Ao longo do processo histórico foram naturalizados e consolidados papéis de gênero diferenciados ao homem e à mulher: atribui-se ao homem a força e o poder, e à mulher a submissão e fragilidade” (CARVALHO; FERREIRA; SANTOS, 2010).

Fonte: encurtador.com.br/xDNY6

Dessa forma, comportamentos semelhantes são vistos e julgados socialmente de modo diferente a partir do gênero da pessoa. As mulheres ainda são estereotipadas pelos seus posicionamentos e/ou comportamentos diante da sociedade, por vezes, sendo diminuídas a rótulos pejorativos por se comportarem do mesmo modo que o homem, ou seja, enquanto a mulher é julgada e muitas vezes massacrada por sua liberdade, o homem é exaltado pelo mesmo direito.

Segundo Santos e Izumino (2014), conhecer a violência contra a mulher a partir das teorias de gênero, nos traz a compreensão sobre os tipos de violências existentes nas agressões à mulher e quais as relações de gênero envolvidas nesta problemática.

No Brasil, desde 2006 foi sancionada a Lei Maria da Penha, que através do sistema policial, garante a segurança e acolhimento às mulheres vítimas de violência, onde seus direitos, dignidade e proteção podem ser exercidos sem julgamentos.

A lei também estabelece a definição do que é a violência doméstica e familiar, bem como caracteriza as suas formas: física, psicológica, sexual, patrimonial e moral. Além disso, a Lei n. 11.340/2006 cria mecanismos de proteção às vítimas, assumindo que a violência de gênero contra a mulher é uma responsabilidade do Estado brasileiro, e não apenas uma questão familiar (INSTITUTO MARIA DA PENHA, 2018).

Fonte: encurtador.com.br/owOSU

Apesar da criação e garantias da lei, as mulheres ainda são as principais vítimas de violência, de acordo com o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH), em 2020 foram registradas mais de 105 mil denúncias de violência contra a mulher, demonstrando que embora existam mecanismos de proteção a mulher, a cultura permanece em um sistema patriarcal.

Assim, consequentemente a violência de gênero afeta não só a saúde integral da mulher, mas também de toda a sociedade, considerando que essa se perpetua em um sistema de dominação dos homens em relação às mulheres. “O patriarcalismo compõe a dinâmica social como um todo, estando inclusive inculcado no inconsciente de homens e mulheres individualmente e no coletivo enquanto categorias sociais.” (MORGANTE e NADER, 2014). Neste sentido, comportamentos sob a lógica patriarcal são emitidos mesmo sem intencionalidade e consciência, uma vez que são reproduções da forma como se estruturou e se estrutura a sociedade.

Portanto, existe uma dominação muito bem definida que alimenta o julgamento e a violência, sempre que a mulher não ocupa um papel social determinado ou esperado pela sociedade em que está inserida. Daí a relevância de olhar para os fenômenos sociais sob a perspectiva de gênero e de uma ótica histórica e social, considerando que nesta análise, referiu-se à violência contra a mulher.

Fonte: encurtador.com.br/eloAP

Referências:

BIASOLI-ALVES, Zélia Maria Mendes. (2000). Continuidades e rupturas no papel da mulher brasileira no século XX. Psicologia: Teoria e Pesquisa. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0102-37722000000300006. Acesso em: 09 de abril. 2021.

BUARQUE, CHICO. Geni e o Zepelim. Philips Records, 1979. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=jWHH4MlyXQQ. Acesso em: 09 de abril. 2021.

Canais registram mais de 105 mil denúncias de violência contra mulher em 2020. Governo do Brasil. 2021. Disponível em: https://www.gov.br/pt-br/noticias/assistencia-social/2021/03/canais-registram-mais-de-105-mil-denuncias-de-violencia-contra-mulher-em-2020. Acesso em: 09 de abril. 2021.

CARVALHO, Carina Suelen de et al. Analisando a Lei Maria da Penha: a violência sexual contra a mulher cometido por seu companheiro. Disponível em: http://www.uel.br/eventos/gpp/pages/arquivos/6.MoaraCia.pdf Acesso em: 09 de abril. 2021.

LANE, S. T. M. (1981). O que é Psicologia Social? São Paulo, SP, Editora Brasiliense.

MORGANTE, M. M. & Nader, M. B.. (2014). O patriarcado nos estudos feministas: um debate teórico. Anais do. XVI Encontro Regional de História da ANPUH. Disponível em: http://encontro2014.rj.anpuh.org/resources/anais/28/1399953465_ARQUIVO_textoANPUH.pdf. Acesso em: 09 de abril. 2021.

SANTOS, Cecília Macdowell; IZUMINO, Wânia Pasinato. Violência contra as Mulheres e violência de Gênero: Notas sobre Estudos Feministas no Brasil. 2005. Disponível em: http://eial.tau.ac.il/index.php/eial/article/view/482. Acesso em: 09 de abril. 2021.

Compartilhe este conteúdo:

Quando uma mulher fala, é melhor ouvir

Compartilhe este conteúdo:

A convite da idealizadora da série “A mulher não existe! O que significa ser mulher no Brasil na Pandemia?”, Carolina Vieira de Paula (acadêmica de Psicologia do Ceulp/Ulbra e estagiária do Portal (En)Cena), sinto uma urgência. Uma exclamação onde deveria haver um ponto me convoca a escrever sobre esse tema que tenho um verdadeiro apreço. Foi justamente esse sinal que me deu o tom de intensidade, de afeto e de ânimo para tentar me aproximar, através da escrita, do modo de sofrer singular da mulher brasileira na pandemia. Seguindo esse famoso aforisma lacaniano e, não sem o ponto de exclamação, vemos que algo excede às palavras desde o título dessa série tão importante que visa dar voz e fazer falar o sofrimento singular de cada uma.

O aforisma é conhecido, a novidade que se faz presente aqui é o ponto de exclamação que o excede, transborda e consegue dizer mais do que as palavras postas no título. De um ponto de exclamação que dá o tom de intensidade e de surpresa, ao ponto de exclamação com um tom imperativo, temos no meio disso até uma junção de um ?!, que pode expressar dúvida e surpresa, sem deixar de lado a intensidade. A intensidade que está presente na exclamação, é o que excede, é o que carrega de sentido sem muito dizer ou explicar.

A intensidade se aproxima do gozo (opaco e feminino) justo por exceder ao significante que tenta dar conta de pôr em palavras qualquer experiência ou afeto no mundo dos humanos. O tom carregado de intensidade também se faz presente nas palavras de tom imperativo, que nós da psicanalise costumamos chamá-las de superegóicas [1], como por exemplo uma noção de sofrer que está mais ou menos presente em grande parte das falas das mulheres entrevistadas nessa série, algo como “devo ser boa em todos os papéis, sem demonstrar fraqueza ou falha”. De surpresa à uma ordem de ferro imperativa, a intensidade deixa de ser aberta para o inesperado para tornar-se uma ordem, motivo de um sofrer excessivo para o sujeito submetido a ela. Será que suportar tudo, sem falhas, é o único lugar que resta para a mulher?

Fonte: encurtador.com.br/ryQ04

O título dessa série expressa o que Freud e, posteriormente Lacan, tentaram localizar de sofrimento específico e de singular no feminino, em cada mulher. Freud chamou de “enigma” para aquilo que ele não conseguia dizer sobre o feminino. Já Lacan criou o aforisma “A mulher não existe”, para tentar dizer do caráter impossível de generalizar e de definir o que é A mulher, no sentido de que é impossível definir um conjunto, um grupo ou um plural de mulheres. Vejo que ambos apostaram na ausência de uma definição universal, o que me faz pensar em um lugar vazio de definição. Dizer que A mulher não existe ao mesmo tempo em que aponta para a inexistência de uma definição universal da mulher, transmite a noção de que a mulher existe, cada uma, de forma singular.

Essa aposta de um lugar vazio contrasta com uma série de impropérios ditos sobre a natureza da mulher no decorrer da história da humanidade. Se fizermos uma pesquisa rápida não faltarão exemplos disso, como no livro Gênesis quando Deus afirma que a mulher induziu o homem a comer o fruto proibido e lança uma punição, dizendo: “Multiplicarei grandemente a tua dor e a tua conceição; com dor terás filhos; e o teu desejo será para o teu marido, e ele te dominará”. Para acrescentar, podemos revisar os ditos de alguns filósofos, como por exemplo Voltaire (sec. XVIII): “Uma mulher amavelmente estúpida é uma bendição do céu”; e também Hegel (sec. XIX): “A mulher pode, naturalmente, receber educação, porém, sua mente não é adequada às ciências mais elevadas, à filosofia e a algumas artes”.

A investigação clínica do sofrer feminino foi a forma de entrada da psicanálise e, desde então, essa práxis se reinventa de acordo com as mudanças da sociedade. De Freud a Lacan e, hoje com os psicanalistas de nossa época, o percurso que se faz no tratamento clinico é sempre uma aposta de conseguir dizer sobre o sofrimento de uma forma singular, de qualquer ser falante, independentemente de sua identidade de gênero. É que a psicanálise vai além da identidade, seja ela qual for. No fim de sua obra, Lacan consegue inclusive formalizar esse ponto ao dizer que o gozo feminino é o gozo como tal e o nomeia de gozo opaco em que todo sujeito, independente de seu genital, possui um gozo (ou modo de sofrer) da ordem do indizível. Isso significa dizer que toda tentativa de apreender uma experiencia através de um conceito tem o efeito de se perder sempre uma parcela da experiencia. O conceito nunca consegue definir totalmente uma experiência, e isso é o mesmo que pensar que toda palavra não consegue dizer de forma exata como um sujeito sofre ou que o significante não consegue dar conta do gozo por completo. Portando, o gozo feminino ou gozo opaco na psicanálise é um modo ser e/ou sofrer específico, sem palavras que o definam e que atravessa qualquer ser de linguagem independente de sua identidade sexual.

Fonte: encurtador.com.br/egjoV

A realidade que a situação atual nos impõe é de uma solidão forçada com um adicional de sofrimento, causado pela ausência de uma solução coletiva por parte de nossos governantes para enfrentar a Pandemia da Covid 19 e, por isso, o Brasil hoje ocupa o segundo lugar no ranking de número de mortes e de casos confirmados no mundo (OMS). Com nossa curva ascendente e sem uma proposta de enfrentamento a Covid 19, a questão levantada nessa série sobre o sofrer da mulher na pandemia tem uma importância ímpar, e a exclamação de A mulher não existe! comporta um grito e uma urgência em fazer-se ouvir.

Dar voz ao que não tem ou ao que insiste em calar-se, é uma aposta em fazer existir um sofrimento em palavras para fazer parte do mundo simbólico do qual está excluído. Fazer um esforço da escrita que consiga questionar e delimitar certo modo de sofrer específico de cada mulher brasileira durante a pandemia é uma aposta valiosa, afinal estamos investigando o modo de sofrimento intenso de cada uma: um sofrimento que aparece nas relações que a mulher estabelece com o mundo. O que é isso que faz a mulher suportar mais coisas? A força da mulher extrapola limites. O que excede os limites é àquilo que chamamos de gozo, pois é isso que extrapola os limites da linguagem. Por um lado, temos a coragem, que é uma característica típica de sujeitos que “não tem o que perder”, por outro lado isso pode apontar para o excesso: manter relações de sofrimento, manter relações excessivas de trabalho e o resultado disso é um mal-estar constante.

Me parece que a preocupação com a excelência vem da tentativa de reconhecimento por parte do outro, o que não é comum acontecer. Na tentativa a qualquer preço de não se haver com a própria solidão e com o próprio sofrimento, a mulher faz uma aposta pela via da parceria, por pior que ela seja. Há que saber perder, há que conseguir perder, mas perder o que? Talvez a fantasia de que a solidão possa ser resolvida com alguém.

@aloisam_ https://www.instagram.com/p/CMhhG05MqPE/?igshid=1kbxw749v859s

A artista Laís Freitas, em um post que fez na sua conta do Instagram (@aloisam_), consegue transmitir algo da solidão, tanto na pintura quanto na escritura, de uma maneira singular. Ela escreve: “Dia 31/jul/2020, pintei-me aos prantos em forma de preocupação e angústia de ver um coração que no futuro seria livre. Tentei me esconder em espadas de São Jorge e faces que não a minha, disfarçando o que eu sentia, para tentar consertar as coisas, com medo da minha previsão estar certa. Por estar acostumada a aguentar a fome e o excesso, me culpei por optar seguir sozinha pelo meu bem. Falei que o coração estava livre de você e que “ninguém pode pegar o que é seu”. Menti. Idealizando mais uma vez o sofrimento, vivendo uma ilusão que agora que encontrei um conforto em “cristalizou em mim a solidão” se desvinculou de mim.” A saída que cada uma encontra para lidar com a própria solidão é única e aqui estamos em um terreno que não cabe qualquer ensinamento.

Nota:
[1] “Qual é a essência do supereu? […] Qual é a precisão do supereu? Ele se origina precisamente nesse Pai original mais do que místico, nesse apelo como tal ao gozo puro, isto é, à não castração. Com efeito, que diz esse pai no declínio do Édipo? Ele diz o que o supereu diz. […] O que o supereu diz é: Goza!”. E acrescenta: “ É essa a ordem, a ordem impossível de satisfazer, e que está, como tal, na origem de tudo o que se elabora sob o termo “consciência moral”, por mais paradoxal que isso possa parecer” (Lacan, [1971] 2009. p. 166).

Compartilhe este conteúdo:

Sem medo de usar aparelho auditivo

Compartilhe este conteúdo:

Antigamente, os aparelhos auditivos eram grandes e até incômodos. Mas muita coisa mudou com o avanço da tecnologia. Apesar disso, há ainda quem sente vergonha de usar ou acredita que só servem para idosos. Infelizmente, esse pensamento tira das pessoas o prazer de voltar a ouvir bem.

Atualmente, os aparelhos estão bem menores, mais discretos, com conectividade direta e processadores de sons confortáveis que facilitam o processo de adaptação. O setor se aperfeiçoou tanto que os aparelhos auditivos são chamados agora de tecnologia auditiva por conta de toda a sofisticação que engloba o sistema.

Há quem se admire com tanta evolução do mercado, como os equipamentos com Bluetooth, um sistema extremamente inteligente que capta, classifica e categoriza os sons, devolvendo ao paciente mais conforto. Além disso, há aplicativos que facilitam a adaptação conforme o ambiente e alguns até já se conectam na internet.

A não utilização de baterias convencionais ou pilhas trouxe mais comodidade e menos peso. Hoje, o carregamento é via lítio, deixando os aparelhos bem mais leves e com fácil manuseio. Antes, eles cobriam grande parte da orelha e eram bastante perceptíveis aos outros. Agora, usa-se olivas, que é tipo uma borrachinha descartável mais confortável, inclusive. Por conta do tamanho melhor, é mais fácil de colocar dentro da orelha, tornando-o quase imperceptível. 

Fonte: encurtador.com.br/eDFW8

Há diferenças entre os aparelhos. Variam de acordo com o grau e o tipo de perda auditiva, coordenação motora e até preferências. É possível escolher se quer o aparelho dentro ou fora da orelha e se deseja com tecnologia simples ou mais avançada. Lembrando que quanto maior a tecnologia, melhor será o processamento do som.

Vale ressaltar que quando a pessoa perde sua capacidade auditiva é prejudicada de diversas formas. Não consegue acompanhar as conversas de amigos e parentes. Alguns correm risco de acidente na rua, por não escutar os sinais de alerta das pessoas ou das buzinas dos carros. Há ainda aqueles que começam a ter quedas mais frequentes. É preciso deixar de lado medo e até preconceito.

Por exemplo, um paciente disse que quando ia à praia, o som do mar parecia como um chuveiro ligado ou uma descarga intermitente. Quando foi para a mesma praia com o aparelho, ele conseguiu ouvir de verdade o som do mar. Esse caso nos mostra que voltar a ouvir bem é ter mais qualidade de vida e ter de volta o prazer de compreender e sentir o mundo a sua volta.

Compartilhe este conteúdo:

Perda auditiva prejudica o cérebro e pode causar demência

Compartilhe este conteúdo:

A perda de audição dificulta a vida das pessoas. Além da baixa capacidade de prestar atenção no que outros estão dizendo, a falta de estímulo no cérebro pode ocasionar outros problemas, como ansiedade, depressão e até mesmo provocar demência, é o que alerta a fonoaudióloga e Audiologista Cintia Fadini.

A especialista explica que a dificuldade de ouvir bem gera diversos problemas físicos, como, por exemplo, acidentes de trânsito e quedas frequentes. “Isso acontece por não conseguir perceber o som das buzinas dos automóveis e até os alertas das pessoas na rua”.

Além disso, a perda auditiva pode provocar danos psicológicos. Ela diz que muitos ficam frustrados e com vontade de se isolar por não conseguir se comunicar com os outros. “Esse receio de sair de casa faz com que a pessoa se afaste de amigos e parentes, o que gera um quadro de ansiedade e depressão”.  

Dra. Cintia comenta também que, além dessas sequelas, a falta de estímulos em áreas específicas do cérebro pode levar a chance de adquirir algo mais grave: a demência: “É a lei da natureza: se eu não uso, eu acabo perdendo. Esse risco é maior ainda após os 30 anos de vida”.

Fonte: encurtador.com.br/crxST

– Um dia sem ouvir já é suficiente para acabar desencadeando dificuldades em atenção e memória, por exemplo – adverte.  

Fadini ressalta que o cérebro precisa ser estimulado frequentemente para que ele não perca funções cognitivas. Segundo ela, a via auditiva tem a capacidade de mantê-lo ativo constantemente.

– Oferecemos ao cérebro estímulos auditivos quando conversamos e interagimos com alguém. É como se estivéssemos exercitando-o, assim como um músculo, quando falamos e ouvimos – reforça.

Sintomas

Segundo a fonoaudióloga, geralmente, os sintomas começam com leves dificuldades de entender quando uma conversa acontece em um nível mais baixo ou quando a pessoa se incomoda com ruídos e ouve zumbidos leves. A níveis moderados, o som da televisão começa a incomodar e o pedido por repetições de fala são frequentes.  “O problema se torna mais severo e profundo quando se faz necessário gritar para entender uma fala e o zumbido se torna insuportável”.

– É importante acompanhar a saúde auditiva com exames de rotina e consultas ao fonoaudiólogo, além de oferecer ao cérebro estímulos auditivos, conversas e interações para manter o cérebro ativo. Caso se constate a perda auditiva, o indicado é iniciar imediatamente o processo de reabilitação – conclui. 

Compartilhe este conteúdo: