Os acadêmicos de Psicologia da Ulbra Palmas, Eduardo Barros Carneiro, Romário Milhomens da Silva e Waldoyana de Kácia Alves de Queiróz, realizam o manejo de Grupo terapêutico para a comunidade LGBTQIAPN+ de Palmas, sob a supervisão do Prof. Sonielson Luciano de Sousa. A próxima ação dos acadêmicos é a mediação de um evento público no dia 30/09/2023, às 17h no Parque dos Povos Indígenas. O Grupo Terapêutico tem a finalidade de abrir espaços para que a Comunidade LGBTQIAPN+ se reúna e compartilhe suas vivências, garantindo e reafirmando o seu Lugar de Fala.
O Grupo Terapêutico foi criado pensando em atender a população LGBTQIAPN+, para oportunizar aos seus integrantes perceberem melhor o seu momento, seu empoderamento e Lugar de Fala ante a uma perspectiva social capaz de reconhecer e respeitar sua história de vida. A proposta é realizar momentos em que as pessoas possam ser ouvidas e acolhidas da melhor forma possível. Ante a inviabilidade social e desigualdades de acesso pessoal, profissional e até familiar, uma escuta entre iguais, onde o compartilhar promova fortalecimento dessa população incansável, na busca de validação de direitos mínimos.
Assim será esse momento, para acolher, ouvir e compartilhar, fortalecendo assim uma rede de apoio entre os pertencentes a essa Comunidade, valorizando pessoas, informando sobre os seus direitos, valorizando a sua história, mostrando o seu Lugar de Fala e reafirmação da vida.
Os acadêmicos têm realizado ações de divulgação nas redes sociais, em locais de grande fluxo desta população, além de canais oficiais da Universidade. O projeto tem ganhado notoriedade e reconhecimento por parte das pessoas que tem participado e acompanhado as redes sociais.
O grupo terapêutico é um trabalho de extensão do Projeto CRESCER da Universidade Luterana do Brasil (ULBRA/PALMAS), na disciplina de Intervenção em Grupo. O presente trabalho tem parceria com a Instituição Casa A+ que fica localizada no Plano Diretor Norte da capital.
A casa A+ é uma organização não governamental e que acolhe a população LGBTQIA+ em situações de vulnerabilidades sociais. Buscando promover, fortalecer a saúde e os direitos humanos, sociais, econômicos, culturais e ambientais para a superação do HIV/AIDS. São quatro encontros com a comunidade dando a oportunidade de Lugar de fala, ocasião em que as pessoas LGBTQIA+ compartilham suas vivências com outras pessoas, assim, gerando o fortalecimento e vínculo com o grupo.
A realização do evento conta com a participação dos acadêmicos de Psicologia, Casa A+ e população. O presente trabalho tem o objetivo de ouvir as demandas da comunidade e contribuir nesse processo. Devido diversas demandas da comunidade LGBTQIA+, os acadêmicos estarão atentos e acolhendo a população que ainda sofre com tanta discriminação e violência.
“É preciso dar visibilidade ao nosso trabalho, porque isso é importante, não só o fazer, mas também é necessário visibilidade” – Maisa Carvalho Moreira
A pandemia do novo Coronavírus gerou impacto em todos os contextos vivenciados pelos brasileiros, inclusive os que estão em situação de rua, alguns órgãos públicos de alguns municípios levantaram medidas para evitar uma possível infecção nas pessoas que permaneceram nas ruas, sem uma forma eficaz de isolamento.
Nesta entrevista para o (En)Cena, a Assistente Social Maisa Carvalho nos traz um conteúdo muito enriquecedor acerca do trabalho com as pessoas em situação de rua e os desafios para atuar nesse contexto na pandemia. Ela é graduada pela Universidade Federal do Tocantins – UFT (2016), especialista em Gestão de Redes de Atenção à Saúde pela Fundação Oswaldo Cruz – FIOCRUZ (2018), especialista em Saúde Mental pelo Centro Universitário Luterano de Palmas e Fundação Escola de Saúde Pública, através do Programa de Residência Multiprofissional em Saúde Mental – ULBRA/FESP (2020), Responsável Técnica do Programa Piloto de Justiça Terapêutica do Tribunal de Justiça do Tocantins, atualmente atua na equipe de saúde Consultório na Rua e é pesquisadora nas temáticas voltadas para Saúde e Direitos Humanos: saúde mental, população em situação de rua e feminização de substâncias psicoativas.
Fonte: Arquivo Pessoal
(En)Cena: Durante a pandemia como está sendo trabalhar com essas pessoas? Houve um isolamento inicial no Brasil inteiro, alguns municípios adotaram algumas estratégias para também evitar essa contaminação na população em situação de rua, como está sendo isso em Palmas?
A equipe faz orientações quanto as formas de prevenção além de articular com a rede quando surgem casos positivos para acompanhamento, além de haver propostas de um local de acolhimento que não sei exatamente como está o andamento.
Atualmente o atendimento continua in loco, com administração de medicação via oral ou intravenosa, avaliações clinicas pelo enfermeiro, atividades de promoção e prevenção em saúde, discussões de casos, articulações, visitas, acompanhamento em consultas, pedido de exames, etc. A mudança, porém é que não conseguimos estar transportando todos os pacientes devido ao risco mesmo, tanto para a gente como para eles. Não deixamos de transportar, no entanto se o paciente tem uma certa autonomia, se tiver passe livre, a gente prioriza encontrar no local do atendimento, mas sempre tem aqueles necessitam de um apoio maior.
Fazemos distribuição de máscaras de tecido seguido de orientações a respeito da transmissão e os serviços que devem buscar.
Basicamente o nosso trabalho em si ele não muda muito, muda nos serviços que são da saúde ou por serviços da rede intersetorial que atendem por agendamento, pois estão trabalhando com o número reduzido de profissionais em decorrência da Covid19, o que automaticamente também os números de pessoas atendidas reduzem. Aí dentro desse contexto a gente se adapta, liga, discute o caso, faz agendamento. Mas, não parou o funcionamento, não teve nenhum momento que esse atendimento parou devido a pandemia.
Fonte: encurtador.com.br/hwQ16
(En)Cena: Uma questão na qual muito tem se falado é sobre as pessoas em situação de rua que são imigrantes, como os venezuelanos; tem se visto muito nos sinais de trânsito da cidade, eles ficam com placas, geralmente levam crianças etc. Como funciona o atendimento a essas pessoas? O que se sabe sobre essas pessoas nesse momento em Palmas?
Os venezuelanos a princípio eram um público bem flutuante, eles iam e vinham. Não só em Palmas, mas no Brasil inteiro teve essa onda de imigração, e várias cidades receberam, vários estados receberam um número muito grande de pessoas da Venezuela. Aqui em Palmas agora tem um grupo fixo que já está morando, possivelmente vão continuar, próximo de 30 pessoas mais ou menos. Elas são assistidas também, pelo Consultório na Rua, pelos serviços de atenção básica, unidade de saúde… de que forma? Vacinação, consultas, disponibilização de insumos de higiene, máscara, álcool, sabonetes, pasta de dente. O acompanhamento depende da demanda, por exemplo, quando realizamos as visitas, a enfermagem observa as demandas de saúde e a partir daí nós articulamos com as unidades de saúde mais próximas. Uma vez, tinha uma criança com um furúnculo e nós levamos o caso para a unidade de saúde para realizarem uma visita com médico e/ou agendar consulta.
Eles estão ficando numa residência com propostas de ir para um outro local ofertado pelo município. Eles estão sendo assistidos pela saúde. Já foi realizado cadastramento de todos eles na unidade de saúde, todos têm cartão SUS. Todos eles têm CPF que foi um apoio do CREAS. Quanto as ações assistências não estou por dentro, mas quanto a saúde, não estão desassistidos.
Quanto a questão de eles estarem nos semáforos com as crianças, pensa comigo, se você tivesse um filho e tivesse na situação deles, e fosse para a rua pedir algum dinheiro ou qualquer ajuda, sem ter onde deixá-los, o que você faria? Levaria com você né? Embora seja chocante ver essas pessoas com criança na rua, em pontos às vezes até em risco de atropelamento, que é uma realidade, é uma situação complicada. Inclusive, já discutimos isso em equipe sobre possíveis intervenções. A oferta de atendimento em saúde está acontecendo, quando eles precisam de qualquer demanda de saúde a gente pergunta, articula, fazemos o que está ao nosso alcance.
Fonte: encurtador.com.br/ryAVY
(En)Cena: Na equipe que trabalha com o consultório na rua não tem um Psicólogo. Como é feito se eles precisam de um atendimento psicológico? A equipe já tem um preparo maior para as situações ali na hora e depois é feito encaminhamento? Como funciona?
Atendimento psicológico acontece nos demais serviços da rede, se for um caso mais leve o encaminhamento é para o NASF-AB, caso seja um caso mais complexo articulamos com os CAPS, visto que a equipe não dispõe de psicólogo. Há um acompanhamento mais de perto, quando os residentes passam pelo consultório na rua, pois consegue dar continuidade, visto que geralmente eles passam em torno de 4 à 8 meses, depende de como está a organização do Programa no momento. Mas é um profissional, que somaria muito se tivesse compondo a equipe, é uma categoria, que faz falta no nosso serviço.
(En) Cena: É um trabalho difícil nesse sentido, de articular muito, há um gasto de muita energia e tempo?
É desafiador, além de competência, o profissional precisa ter perfil
(En) Cena: Poderia nos relatar alguma experiência, ou mais de uma, que tenha gerado um grande impacto em você, durante a atuação nesse campo?
Teve uma situação em que eu abordei um paciente que ele tem formação superior e ele está em situação de rua há muitos anos, e aí a gente o conheceu. Observei que ele tinha a escrita muito boa, conversava bem, muito esclarecido, um discurso muito bem organizado. Daí, conversando com ele em um acolhimento, tentando entender um pouco do histórico dele, perguntei porque que ele não voltava para casa, qual que era o motivo dele não retornar, talvez tentar reestabelecer essa vida que ele tinha. Ele olhou para mim e falou que ele tinha perdido a dignidade, se eu sabia o que que era perder a dignidade. Quando você perde a dignidade é algo que você não consegue acabar como se fosse a fome, “eu estou com fome, comi e voltou” e isso me marcou muito porque eu nunca tinha parado para pensar nisso. Às vezes, tem um problema você olha e você resolve, tipo, se eu estou desempregada eu vou trabalhar, é como se meu problema tivesse resolvido, eu estou doente eu vou cuidar da saúde, vou resolver. Mas quando eu me olho enquanto ser humano e vejo que eu perdi minha dignidade, por isso eu não consigo alçar voos maiores, isso é muito impactante. Esse paciente está em situação de rua por uma questão familiar. Ele não conseguiu se reestabelecer, está na rua e faz uso abusivo de álcool. Mesmo tendo formação, mesmo tendo todo um contexto, poderia estar em uma situação melhor do que está hoje. Mas que por diversos fatores, e segundo ele a da perda da dignidade, não se enxergava mais como um ser humano, isso é uma coisa que me marcou e eu segurei para não chorar, de verdade!
Fonte: encurtador.com.br/jvzN7
(En) Cena: Se você pudesse deixar algum recado, para profissionais e futuros profissionais, ou para a população em si qual seria?
Primeiramente eu convido os estudantes e acadêmicos, quem estiver finalizando para fazer a residência, em saúde mental especificamente, para passar pela gente, pelo Consultório na Rua, porquê é somente esse programa que permite viver essa experiência. A residência me abriu muito a mente, me permitiu me despir de muitos conceitos e muitos pré-conceitos. Quando você lida com outro em sofrimento psíquico, porque o uso de álcool e outras drogas traz também sofrimento psíquico… foi quando eu me tornei uma pessoa melhor de verdade. Não existe uma regra, mas para mim foi uma experiência muito positiva. Então, a primeira coisa é isso, faça uma residência, façam para saúde mental, conheçam os CAPS, conheçam o Consultório na Rua que vocês vão ter experiências ótimas, acredito que vão crescer muito profissionalmente e humanamente também.
Para os profissionais eu diria que a gente tem que ter muita empatia para trabalhar com os públicos vulneráveis. Eu trabalho com os moradores de rua, mas tem vários públicos vulneráveis. Acredito que quando a gente trabalha com eles precisamos nos despir, para entrar no mundo do outro. A saúde é isso, é tentar não medir a vida do outro com a minha régua, essa régua eu utilizo para medir a minha vida, nunca a do outro. Isso é a primeira coisa que a gente tem que pensar e colocar em prática, falar isso me emociona.
É preciso ter força, ter garra, porque não é fácil, o trabalho no SUS é lindo, mas ele é muito desafiador. A gente tem que ter muita força de vontade, precisa ter muita garra pra poder enfrentar e tentar desvendar e superar os desafios e os obstáculos que nos apresentam. Eu procuro sempre fazer isso em todos os locais que eu passo, tentar superar esses obstáculos. Não utilizar deles para estacionar, “não tem como, eu não vou fazer isso porque é muito burocrático”. Vamos superar, vamos tentar dar acesso. Porque se eu burocratizo aqui o meu trabalho, eu vou estar dificultando a vida de alguém, estar dificultando para que essa pessoa tenha uma qualidade de vida, tenha mais saúde, tenha mais acesso. É algo que é simples para a gente mas o pouco que fazemos faz muita diferença na vida do outro que a gente está atendendo ali.
Em relação à população e os serviços é preciso dar visibilidade ao nosso trabalho, porque isso é importante, não só o fazer, mas também é necessária visibilidade. Isso é importante tanto para as articulações em rede, quanto para o conhecimento do público que necessita do nosso trabalho.
REFERÊNCIA
SILVA, Tatiana Dias; NATALINO, Marco Antonio Carvalho; PINHEIRO, Marina Brito. População em situação de rua em tempos de pandemia: um levantamento de medidas municipais emergenciais. 2020.
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Experiências e práticas vivenciadas por profissionais do Consultório na Rua em Palmas-TO: Entrevista a Assistente Social Maisa Carvalho
É comum estar em um centro urbano, ou até mesmo em pequenas cidades e deparar-se com as pessoas que estão em algum lugar nas ruas de forma precária. Em sua maioria são pessoas que vivem em extrema pobreza, que ficam dias sem comer por falta de alimentos e consequentemente com baixas perspectivas de sobrevivência, vivem dos trabalhos que as ruas oferecem. Os profissionais que lidam com esse cenário enfrentam desafios diários, sendo seu trabalho de extrema necessidade para um caminho que possa levar a uma melhor qualidade de vida para as pessoas em situação de rua.
Nesta entrevista para o (En)Cena, a Assistente Social Maisa Carvalho nos traz um conteúdo muito enriquecedor acerca do trabalho com as pessoas em situação de rua e como se dá a atuação profissional nesse contexto. Ela é graduada pela Universidade Federal do Tocantins – UFT (2016), especialista em Gestão de Redes de Atenção à Saúde pela Fundação Oswaldo Cruz – FIOCRUZ (2018), especialista em Saúde Mental pelo Centro Universitário Luterano de Palmas e Fundação Escola de Saúde Pública, através do Programa de Residência Multiprofissional em Saúde Mental – ULBRA/FESP (2020), Responsável Técnica do Programa Piloto de Justiça Terapêutica do Tribunal de Justiça do Tocantins, atualmente atua na equipe de saúde Consultório na Rua e é pesquisadora nas temáticas voltadas para Saúde e Direitos Humanos: saúde mental, população em situação de rua e feminização de substâncias psicoativas.
O Consultório na Rua foi instituído em 2011 no qual está agregado à política nacional de atenção básica, seu foco principal está nas pessoas que vivem em situação de rua, sejam elas moradoras ou que vivem do que a mesma pode ofertar, como emprego e necessidades básicas. Há uma equipe específica designada para o cuidado relacionado à saúde dessas pessoas. Nessa entrevista a Assistente Social Maisa Carvalho nos traz um panorama dessas ações realizadas.
Fonte: Arquivo Pessoal
(En)Cena: Como você iniciou na área que você atua hoje, com a população em situação de rua?
Eu sou Assistente Social, conheci o Consultório na Rua em 2019, quando ingressei na residência, no Programa de Saúde Mental. Atualmente, o programa possibilita que o residente passe por 4 pontos da rede de Atenção Psicossocial, sendo os seguintes serviços: CAPS- AD, CAPS II, o NASF e por fim, o Consultório na Rua.
Quando tive esse contato eu não conhecia como funcionava exatamente, mas com a experiência passei a conhecer o fluxo, a equipe e como que funcionava. Passei alguns meses atuando no serviço como residente e depois de concluir a especialização, em 2020, fui contratada para compor a equipe.
(En)Cena: E como se deu esse ingresso na equipe?
Ingressei através do através do programa “Palmas para Todos” que é um programa da Fundação Escola de Saúde Pública juntamente com a prefeitura, onde você recebe uma bolsa para atuar em áreas que atendem as populações mais vulneráveis, e o Consultório na Rua está inserido dentro desse grupo de serviços que atendem as populações mais vulneráveis. Então, hoje eu sou profissional que compõem a equipe não mais como residente, nós recebemos outros residentes nesse serviço.
Fonte: encurtador.com.br/pTY29
(En)Cena: Você atua também como uma mentora dos residentes?
Não, porque precisa de um preceptor para acompanhar os residentes, esse papel é desempenhado pela enfermeira da equipe, que exige acompanhamento mais de perto, supervisão, aulas, enfim… mas todos nós colaboramos tirando dúvidas e compartilhando nossas experiências com os residentes.
Esses profissionais precisam ter uma pessoa para ser o preceptor que são como “mentores” dos residentes, como a preceptora também é coordenadora, as vezes pode estar em reunião ou na SEMUS, daí toda a equipe acaba dando suporte, porque a gente está ali todos os dias, orientando sobre o fluxo do serviço, mostrando quais são as nossas áreas de atuação.
Como a preceptora está de home office, quando os demais residentes entrarem, outro profissional irá assumir essa função, mas não será eu.
O fato da equipe ser multiprofissional, atendendo a modalidade 1, sendo composta por uma enfermeira, uma assistente social, uma técnica de enfermagem e um agente de ação social, ajuda muito nesse processo, se levarmos em consideração a variedade de formações.
(En)Cena: E como de fato é sua participação nesse contexto, dentro da unidade onde você atua?
Em Palmas nós temos além do Consultório na Rua, que atende especificamente na saúde, o CREAS que atende esse público também voltado para demandas assistenciais. Então, o Consultório na Rua é um serviço da Atenção Básica, garantido pela a Política Nacional de Atenção Básica no qual foi instituído em 2011.Mas, aqui em Palmas ele foi implantado em 2016. Nós trabalhamos na rua, tem um carro, ou seja, somos 5 pessoas que a gente roda na cidade de Palmas e nos distritos também, fazemos atendimento à população em situação de rua ou moradores de rua que são diferentes. Há a pessoa que mora na rua, e os que vivem em situação de rua que podem até ter casa, mas que ficam em situação de rua devido a algum transtorno mental, uso de álcool e outras drogas, conflito com a família e assim por diante.
Fonte: encurtador.com.br/dlzIR
Nosso trabalho é levar cada vez mais essas pessoas aos serviços de saúde ou assistência social, porque imagina só, a gente enquanto pessoas “organizadas” entre aspas, bem esclarecidas, as vezes encontra dificuldades de acessar alguns serviços, imagine um morador de rua alcoolizado, com as vestes que não são muito bem vistas socialmente. Então, são pessoas que têm mais dificuldade em acessar ao serviço, elas muitas vezes não são bem recebidas/atendidas, isso é uma realidade, e também por não conhecer dos seus direitos.
A gente pensa que todo mundo conhece o que é um CAPS, o consultório na rua, uma unidade de saúde, comunidade terapêutica, o que é uma clínica de reabilitação, o que é isso ou aquilo. Mas não, nem todo mundo tem esse tipo de acesso e conhecimento, e nosso trabalho é em cima disso, é realmente trabalhar in loco, com esse paciente, com esse usuário. Quando eu falo em usurário, não quer dizer necessariamente um usuário de álcool ou drogas, mas de um usuário do serviço como qualquer outra pessoa que faz uso dos serviços públicos, e nós trabalhamos com o facilitar desse acesso dos pacientes aos serviços. E, um dos serviços que a gente trabalha muito é com os CAPS, o CAPS II que é voltado para o atendimento de pessoas que têm transtorno mental, e o CAPS-AD III que é voltado para a população que faz uso prejudicial de álcool e outras drogas.
No meu serviço como assistente social, claro que a gente tem um trabalho integrado com a equipe, é um trabalho multiprofissional. No entanto, tem também os serviços específicos do serviço social. Trabalho com a viabilização dos usuários aos serviços da assistência, como os do CRAS, CREAS, habitação, alimentação, documentos, entre outros. A gente trabalha muito com o reestabelecimento do vínculo familiar, que é uma coisa muito fragilizada dentre as pessoas que vivem na rua.
Visitas, contato telefônico, essa sensibilização quanto a esse retorno, talvez uma visita que é algo simples. A gente não impõe que a pessoa precise ter o contato familiar. Mas, talvez quem sabe um dia das mães, um final de ano, talvez um fim de semana, um almoço, que a pessoa possa ir lá “fulano está preocupado com você, tá com saudade” você tem que tentar sensibilizar quanto a esse contato com a família, porque às vezes por mais que a gente trabalhe com esse usuário, dê todo o suporte, da rede, do serviço, mas se o sujeito não tem essa rede de apoio familiar o serviço fica muito mais difícil de continuar, porque quando a pessoa sair por exemplo do CAPS, do HGP ela vai retornar para a rua, que às vezes acontece também (HGP), em último caso mas acontece, quando o usuário está desorganizado, quando ele está em surto, quando está colocando em risco a vida dele ou de outras pessoas, a gente aciona o SAMU juntamente com a polícia, que já é um protocolo que o SAMU tem, para a internação no HGP.
Fonte: encurtador.com.br/eoGIZ
Essa internação serve para estabilizar a pessoa, quando ela estiver mais organizada ela volta e continua com a medicação na rua que não seria o ideal, o ideal seria voltar para casa, é por isso que existe esse foco no reestabelecimento do vínculo familiar. Imagine que quem tem a questão do vício que parte não só do desejo de parar, mas de uma doença que precisa de tratamento. Chega um momento que o organismo da pessoa sente falta da droga, como sente da agua por exemplo. Digo isso para exemplificar que não é querer parar, ela precisa ter um ambiente propício para isso, para que ela não volte a fazer esse uso, ou pelo menos que ela diminua, que tenha mais qualidade de vida, ou seja, trabalhamos muito com a redução de danos.
Trabalhamos também com acesso a documentações, isso já é uma parte bem específica do serviço social, já é uma demanda social. Do ano passado para cá a gente focou muito nisso porque eu percebia, que quando a pessoa ficava mais tranquila, ao tentar com ela o acesso aos serviços não só de saúde, como trabalho, renda, a questão também da habitação, transporte e várias outras coisas, só que geralmente 80% dos moradores de rua eles têm um problema da falta de documentação, e para você acessar qualquer serviço hoje, você só consegue exercer cidadania se você tiver o documento. Sem ele é como se realmente você não fosse ninguém, isso é uma verdade. Então, eu estava tendo muita dificuldade de estar inserindo esses usuários em outros serviços, na rede Intersetorial, devido à falta de documentação. Então, é uma coisa que a gente tem feito muito, que é dado esse acesso, democratizado esse acesso às documentações, especificamente a certidão de nascimento, porque a partir dela que você consegue os demais documentos.
Essas articulações abrem portas. A equipe já conseguiu a inserção de paciente na política de habitação, que foi contemplado, morava na rua e está morando em uma casa. Isso facilita muito a pessoa ter segurança, de estar dormindo em lugar seguro, porque a rua tem um contexto muito hostil, de exposição a muitas coisas, à violência por exemplo. E quando você consegue ajudar essa pessoa a ter acesso a esse tipo de serviço, de benefício, é algo maravilhoso, uma vez que o conjuntos de todos esses fatores contribuem para a saúde e bem estar do usuário. Não é fácil, mas é possível. Há vários casos de êxito de pacientes, depois que eles passaram a morar em uma casa eles conseguiram ter uma evolução muito grande. Quando essa pessoa tem necessidades, às vezes não é especificamente no Consultório na Rua em si, mas a gente orienta, “vamos marcar então para você ir na unidade de saúde”, a gente leva o paciente, agora não estamos transportando tanto devido ao Covid-19, então é mais arriscado, pegar um paciente, colocar no carro onde está toda a equipe, é uma exposição a um risco, tanto para o paciente quanto para a equipe, então a gente só transporta o paciente em último caso.
Quando não tem como levar, a gente marca com a pessoa no local ou órgão para acompanhar o atendimento, pois se a gente só articular tanto com o serviço como o paciente orientando o mesmo a comparecer numa consulta odontológica, uma consulta com o clínico, a chance de ela não ir é grande, porque hoje ela está sóbrio, mas no dia seguinte pode não está ou não se sentir pertencente daquele serviço. Então, a gente tenta pactuar de estar acompanhando mesmo essa pessoa, ou então marcar para ela ir no dia que a gente vai estar na unidade também.
Outra coisa, as vezes o paciente tem dificuldade de comunicação, nós temos paciente que tem problema de audição, onde há dificuldade de comunicação entre medico e ela, necessitando de um acompanhante para facilitar as orientações. A pessoa não consegue ouvir, ela não consegue seguir as orientações justamente porque ela não ouve bem, e como a gente já conhece a gente consegue se comunicar, aumenta o tom de voz, gesticula, então ela consegue entender, esse também é um trabalho que a gente faz, visto que o vínculo familiar é fragilizado e resulta na falta do mesmo nesses procedimentos. Eu já acompanhei paciente em banco por exemplo, o paciente recebe auxílio emergencial, recebe bolsa família, recebe um benefício que ele tem, mas ele não consegue entrar no banco, ele não sabe conversar com o gerente, ele não sabe dizer o que ele quer, ou então ele perdeu a senha, ele não consegue fazer esse tipo de serviço.
A gente às vezes precisa ser as pernas desses pacientes, porque isso também é saúde. Imagine só, essa pessoa tem direito a um benefício e ela não consegue sacar por exemplo, ela não vai conseguir comer bem, talvez não vá conseguir comprar um lençol para dormir na rua que seja, tudo volta para a saúde, por mais que não seja especificamente da saúde, eu poderia negar “não vou fazer isso que não é minha função ficar em banco por exemplo para acompanhar paciente porque isso já extrapola né as nossas competências profissionais”. No entanto, a gente tem muito esse trabalho da humanização mesmo, que faz parte também, tem uma política de humanização, a equipe trabalha muito em cima disso, o que vai estar melhorando a qualidade de vida desse paciente, que vai melhorar nosso trabalho também.
(En) Cena: Em relação às questões que levam as pessoas para essa situação de rua, qual você vê como mais comum em Palmas?
Eu acredito que tanto aqui quanto a nível nacional, o perfil é semelhante. A gente se depara com pessoas com vínculo familiar fragilizado ou interrompido, seja por estilo de vida, desemprego, falta de moradia, pais que não aceitam a sexualidade do filho e o mesmo acaba indo para as ruas, ou a pessoa começou a fazer uso de drogas e teve conflitos, a família não consegue lidar com a situação que também é difícil, ou perdeu um ente querido, o fato em si do uso de álcool e outras drogas, o que leva a pessoa usar outra vez, são vários motivos. Transtornos mentais levam também, acontece da pessoa desorganizar, somado a alguns conflitos familiares. Geralmente esses vínculos é um processo lento, nem sempre conseguimos, requer tempo, orientação, visto que família já está chateada, está magoada e desacreditada. Pode acontecer do sujeito está sob efeito do álcool e/ou outras drogas e agredir as pessoas, verbalmente ou fisicamente, isso causa um desgaste e até mesmo esse rompimento do vínculo. Como disse, é um desfio, a gente vai criando estratégias.
REFERÊNCIA
BRASIL. Ministério da Saúde. Gabinete do Ministro. Portaria nº 122, de 25 de Janeiro de 2011. Brasília, 2011.
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Presidente do TJTO destaca importância da prevenção à saúde física e mental de magistrados e servidores durante inauguração do NAPsi
11 de novembro de 2020 Rosimeire Alves Pereira Gonçalves
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“Esta é uma oportunidade de promover, no âmbito do Poder Judiciário tocantinense, ações, programas e projetos institucionais contínuos voltados à prevenção de riscos no trabalho e à assistência em saúde mental dos magistrados e servidores”, ressaltou o presidente do Tribunal de Justiça do Tocantins (TJTO), desembargador Helvécio de Brito Maia Neto, ao se referir ao Núcleo de Acolhimento e Acompanhamento Psicossocial (NAPsi), inaugurado na tarde desta terça-feira (10/11), no prédio do Edifício Florença, em Palmas. Maia Neto ainda destacou que a rotina de trabalho “não pode ser motivo de adoecimento e por isso o Núcleo se consolida também como um importante espaço na prevenção dos transtornos mentais e comportamentais”.
Mudança de paradigmas
“O Núcleo é um espaço de todos os magistrados e servidores e seu objetivo é contribuir para que haja mudanças subjetivas e também nas relações sociais do trabalho, viabilizando a manutenção e a promoção da saúde”, ressaltou a psicóloga Bárbara Camargo, chefe da Junta Médica do TJTO, lembrando que a implementação do NAPsi está em consonância com a Política Nacional de Atenção à Saúde e que veio em momento oportuno, principalmente neste contexto da pandemia da Covid-19.
Ainda segundo Bárbara, o espaço se constitui em mais uma Unidade de Saúde do Poder Judiciário e irá atuar na prevenção das patologias e nos processos de adoecimentos no trabalho. “Da equipe multiprofissional, espera-se a capacidade de realizar uma escuta qualificada e a habilidade de propiciar as condições necessárias para a manifestação das angústias e para a expressão das subjetividades que permeiam o intrincado ambiente de trabalho”, frisou.
Mente e corpo
“O Judiciário hoje cuida não somente do psicológico dos servidores, mas também do lado físico”, destacou a presidente da Associação dos Magistrados do Estado do Tocantins (Asmeto) e também membro do Comitê de Saúde do TJTO, juíza Odete Batista de Almeida, lembrando a frase “mente sã, corpo são” e frisando que o Núcleo é um grande complemento para a saúde dos servidores e magistrados.
Vice-presidente do Sindicato dos Servidores da Justiça do Tocantins (Sinsjusto), Raimunda Valnisa Pereira dos Santos lembrou que o momento é delicado, tendo em vista a pandemia do novo coronavírus, e ressaltou seu desejo de que o Núcleo seja estendido a todas as comarcas.
Fotos: Rondinelli Ribeiro
Presenças
Társio de Oliveira Soares, presidente do Conselho Regional de Psicologia (CRP-TO); Nemésio Tomasella, diretor 2º. Secretário do Conselho Regional de Medicina (CRM-TO), representando o presidente Jorge Pereira Guardiola; Valdeir Gomes de Santana, vice-presidente da Associação dos Servidores do Tribunal de Justiça (ASTJ); Luana Gonçalves Rodrigues, presidente do Sindicato dos Oficiais de Justiça (Sindojus); Mary Carlos Freire, coordenadora de assistência médica e social do TRE-TO; Elaine Ferreira, coordenadora do Espaço Médico do TJTO; Glacielle Torquato, chefe de gabinete da Presidência do TJ; Kenia Cristina de Oliveira, chefe de gabinete da Corregedoria Geral da Justiça; a equipe do NAPsi – Wordney Carvalho Camarço (psiquiatra); Janaína Rodrigues Araújo (psicóloga) e Silvaneide Maria Tavares (assistente social); e os diretores do TJTO Antônio Rezende (Gestão de Pessoas), Kézia Reis (Comunicação), Gizelson Moura (Financeiro), Sidney Araújo (Controle Interno), Rogério Canalli (Infraestrutura e Obras), Ronilson Pereira (Administrativo), Wallson Brito (Coges) e coronel Cláudio Thomaz (Asmil).
O NAPsi foi criado com o intuito de oferecer apoio psicológico e social aos magistrados e servidores, tendo como premissa a promoção da saúde e a prevenção dos riscos inerentes ao trabalho, e como fundamentos basilares – procura espontânea; sigilo absolutos das informações; universalidade (o que é de direito para um também o é para todos, independentemente do cargo ou função); e não atuar como interlocutor em questões administrativas e institucionais.
Os interessados em receber atendimento devem se dirigir ao Edifício Florença, localizado na quadra 103 norte, Rua NO – 07, Lote 44, Salas 2, 3 e 4 (térreo).
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“Segregação socioespacial em Palmas” é tema do Psicologia em Debate
O evento acontece no dia 25 de setembro às 19h30 no CEULP
“Ação vs Reação: processo de segregação socioespacial em Palmas “será pauta de discussão no “Psicologia em Debate”, edição especial, organizada pelas turmas de Sociedade e Contemporaneidade, ministradas pelo Prof. Me. Sonielson Luciano de Sousa. Essa edição acontecerá no próximo dia 25 de setembro na sala 223, a partir das 19h30. O tema será apresentado pelo acadêmico de Arquitetura e Urbanismo Leonardo de Almeida Santiago, do CEULP/ULBRA.
Psicologia em Debate Ação vs Reação.
O “Psicologia em Debate” é um espaço permanente para apresentação de trabalho de pesquisa e extensão, TCC, entre outros, dos acadêmicos e egressos do CEULP/ULBRA, dando oportunidade de divulgação das atividades desenvolvidas no curso. Entre os objetivos do projeto está a instrumentalização dos alunos e o estímulo para que mais acadêmicos se envolvam em atividades científicas.
O evento acontece desde fevereiro de 2016 no CEULP. A atividade é gratuita e vale horas complementares.
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Professor da Psicologia será jurado em festival de cinema
III Festival de Cinema Estudantil de Palmas ocorrerá nos dias 19 a 21 de setembro
O professor de Psicologia Me. Sonielson Luciano de Sousa foi convidado pela comissão organizadora do III Festival de Cinema Estudantil de Palmas – Você na Tela, para compor a comissão do Júri da Crítica que irá conceder Prêmio da Crítica de Melhor Filme do festival. O evento será realizado nos dias 19 a 21 de setembro com mostras competitivas no Cine Cultura e a premiação no Theatro Fernanda Montenegro no dia 21 de setembro, às 19h.
O Festival é promovido pela Fundação Cultural de Palmas em parceria com a Secretaria Municipal de Educação com a finalidade de estimular a realização e a exibição de obras audiovisuais produzidas no ambiente escolar por estudantes das redes pública e privada de ensino. As categorias serão divididas em Mostra Competitiva (Pequeno Cineasta e Jovem Realizador) e Mostra Não Competitiva, contendo obras audiovisuais produzidas no âmbito das escolas do Ensino Fundamental e Médio, além de instituições como associações comunitárias e pontos de cultura localizadas no município de Palmas.
Gravações do curta premiado “Menina Bonita de Trança”. Fonte: Agência Revive
Sonielson Luciano de Sousa atualmente é professor universitário no Ceulp/Ulbra nas disciplinas de Filosofia, Antropologia, e Sociedade e Contemporaneidade. Filósofo (UCB), é Mestre em Comunicação e Sociedade (UFT), pós-graduado em Educação, Comunicação e Novas Tecnologias; bacharel em Comunicação Social (Publicidade – Ceulp/Ulbra); sócio-fundador do jornal e site O GIRASSOL (desde 1999) e coordenador e colaborador do Portal (En)Cena (http://www.encenasaudemental.net).
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APAE de Palmas e seus desafios – (En)Cena entrevista Suelma Sousa
Segundo a FEAPAES – TO (Federação das APAES do Estado do Tocantins), a missão do Movimento Apaeano é principalmente atuar na defesa e garantia de direitos para melhorar a condição de vida da pessoa com deficiência intelectual e múltipla. Para tanto, conhecer as políticas públicas voltadas para as áreas da saúde, educação, trabalho, assistência social, esporte e lazer, entre outras é de fundamental importância, assim como conhecer das diretrizes aprovadas pela Federação Nacional das APAE’s e de utilização obrigatória pela Rede Apaeana.
Acadêmicas de Psicologia do CEULP/ULBRA, em colaboração com o (En)Cena, entrevistaram Suelma Sousa, que atua como enfermeira na APAE (Associação de Pais e Amigos Excepcionais) de Palmas – TO.
Símbolo da APAE – Palmas/TO
(En)Cena – O que é a APAE?
Suelma Sousa – É uma Associação de Pais e Amigos Excepcionais. Temos vários profissionais que atendem na área de saúde como enfermeiro, fonoaudiólogo, fisioterapeuta, psicólogo, assistente social, entre outros, e temos a parte da educação. Os pais buscam na APAE uma oportunidade de ensino especializado que atenda a demanda deles.
(En)Cena – Qual o público de vocês?
Suelma Sousa – Nós atendemos pessoas a partir de zero anos de idade, podendo passar dos 60. Trabalhamos com pessoas com síndrome de down, retardo mental (leve, moderado), autismo, paralisia cerebral. De 0 a 5 anos trabalhamos com a estimulação precoce.
(En)Cena – Você saberia dizer há quanto tempo a APAE atua em Palmas?
Suelma Sousa – Olha, acredito que mais ou menos 20 anos.
(En)Cena – Como funciona o procedimento de entrada do usuário aqui?
Suelma Sousa – O usuário passa por uma triagem onde tem o psicólogo, que depois encaminha para o/a assistente social e para o enfermeiro, aí se for comprovada a necessidade de ele ser um aluno APAE, então o psicólogo encaminha para a Secretaria Pedagógica para realizar a matrícula na Escola Especial de Integração de Palmas.
(En)Cena – Você acha esse procedimento de entrada fácil e eficaz tanto para o usuário como para você profissional?
Suelma Sousa – Sim, com certeza, e vai melhorando cada vez mais. O paciente normalmente chega com o laudo médico, mas quando não tem, encaminhamos para um neurologista.
(En)Cena – Então nem sempre vocês têm todos os profissionais de que precisam, tendo que fazer encaminhamentos.
Suelma Sousa – Sim, quando o paciente não tem um laudo médico, precisamos fazer o encaminhamento para comprovar a necessidade de ele se tornar um aluno da APAE.
(En)Cena – Você sente a necessidade de ter os profissionais trabalhando aqui ou está tranquilo como estão fazendo os encaminhamentos? Sente falta de mais profissionais trabalhando com vocês?
Suelma Sousa – Ia facilitar se tivéssemos um psiquiatra, neurologista. Porque o neurologista que temos hoje atende de forma voluntária, então ele atende um aluno por semana, e as vezes a demanda é muito grande, então ia ajudar demais se tivéssemos um profissional com a gente.
(En)Cena – E o que você acha da atuação do psicólogo nesse processo? Acha que poderia melhorar?
Suelma Sousa – Acho que quanto mais profissionais melhor, porque o processo de matrícula depende do psicólogo primeiramente.
(En)Cena – Você sabe da existência da Rede de Atenção e Cuidado à Pessoa com Deficiência? Sabe que a APAE é apenas um dos pontos dessa Rede?
Suelma Sousa – Não sabia.
(En)Cena – Você acha que o ambiente na APAE é ideal para a demanda?
Suelma Sousa – Sempre há o que melhorar, em termos de pessoal e de estrutura. Falta alguns equipamentos, na minha área, por exemplo, falta uma sala de lavagem. É, tem muita coisa para melhorar.
(En)Cena – Como acontece o cuidado dentro da APAE com as pessoas que vocês atendem?
Suelma Sousa – Da minha área, verificamos os sinais vitais, atendemos conforme a demanda, por exemplo, se há algumas intercorrências como crises compulsivas, febre alta, dentre outras, e também realizamos visitas nas salas de aula para ver como estão os alunos, realizamos visitas domiciliares conforme a necessidade, para vermos a realidade da família, prestamos o serviço de enfermagem na pré e pós consulta médica, fazemos agendamento de consultas com o doutor que presta serviço voluntário, fazemos acompanhamento dos hipertensos diabéticos, orientações sobre higiene, orientação tal que as vezes necessita da presença de um responsável.
(En)Cena – Você acha que a sociedade hoje tem informações suficientes sobre a APAE?
Suelma Sousa – Talvez uns 50%, depende da divulgação. Mas os que vêm aqui normalmente são indicados ou encaminhados por profissionais da saúde.
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Saúde LGBT: rodas de conversa são promovidas pela SEMUS – Palmas
4 de setembro de 2018 Laryssa Nogueira dos Anjos Araújo
Notícias
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Os encontros ocorrem todas as terças do mês de setembro, às 17h00, no Parque dos Povos Indígenas, Palmas – TO.
Hoje, dia 04 de setembro, acontece a primeira roda de conversa sobre a saúde LGBT no parque dos Povos Indígenas, em Palmas – TO, a partir das 17 horas. No presente mês de setembro os encontros acontecerão em todas às terças-feiras neste mesmo horário e local.
O evento é uma iniciativa da Secretaria da Saúde de Palmas (SE) que conta com a pareceria e apoio da Associação das Travestis e Transexuais do Estado do Tocantins (ATRATO) e Secretaria da Saúde do Tocantins. E tem como objetivo integrar a população através da participação popular e controle social na implantação da Linha de Cuidado em Saúde LGBT na Rede de Saúde de Palmas.