Como lidar com a tristeza das crianças na pandemia

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Uma coisa que a pandemia nos mostrou é o quanto estamos não só preocupados com o risco de contaminação, mas também estressados, cansados e tantos outros deprimidos. Mas esse problema não atinge só adultos. As crianças estão sendo muito afetadas. Algumas se tornaram mais agressivas, outras ficaram mais tristes ou com variações de humor. 

Sabemos o quanto os pais estão transtornados com a demanda de trabalho em casa. O home office pode ter deixada as famílias no mesmo recinto, com a sensação de que estão mais próximos. No entanto, nem sempre isso significa que os pais estão dando a atenção na qual as crianças acham necessárias. Com isso, os filhos confundem a presença do adulto com a atenção em que gostariam de receber, afetando suas emoções na pandemia.

Família, amigos e colegas são fatores fundamentais que formam a sociedade, mas têm sido atravessadas pelo momento atual. Com as crianças, não são diferentes. Elas não sabem como lidar com algo que não se tem entendimento. Ainda é muito confuso para nós, adultos, imagina para eles?

Fonte: Freepik

Por exemplo, uma pesquisa conduzida, recentemente, pelo Children’s Hospital of Chicago, nos Estados Unidos, veiculada na revista médica JAMA Network Open, mostrou dados preocupantes sobre a saúde mental das crianças e adolescentes americanas e como foram afetadas pelo ensino à distância na pandemia. 

Das consultadas, uma parte, cerca de 25%, mostrou-se estressada, ansiosa e irritada. Outras, cerca de 33%, sentiram-se solitárias. Além disso, uma outra parte das crianças, cerca de 30%, que antes mostravam-se felizes, começaram a desenvolver sentimentos como raiva, ficaram deprimidas, sentindo-se solitárias ou estressadas no período em que suas escolas não recebiam os alunos fisicamente.

Isso confirma o quanto as crianças e adolescentes necessitam de uma troca afetiva entre amigos e professores. Vale lembrar que esse contato físico na primeira infância está ligado às funções emocionais cognitivas do cérebro. É nesse “ambiente família” que a escola constrói a identidade social do ser humano.

Fonte: Getty Images

O fato delas estarem isoladas dentro de casa colabora para que a criança passe a não interagir com outras crianças, nem mesmo com os adultos. Isso ainda gera comportamento agressivo, birras intensas, timidez exagerada, redução no desempenho escolar entre outros conflitos emocionais.

Portanto, pais e professores, mesmo que à distância, precisam prestar atenção na forma como os jovens se expressam e algumas atitudes que possam manifestar, pois podem ser sinalizações ou respostas de como estão se sentindo. Sempre que puderem, tirem um tempo de qualidade para conversar com eles, deem atenção e mostrem o quanto eles são importantes para vocês. Isso pode fazer toda a diferença!

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Gordofobia e culpabilização – (En)Cena entrevista a psicóloga Isaura Rossatto

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“A “obesidade” é vista como comorbidade para a COVID-19 mesmo quando não há outros indicadores em saúde que demonstrem fragilidades. Nesse sentido, o estigma de ser gorda e estar com Covid-19 representa uma sentença de morte eminente na visão das pessoas ao redor dessas mulheres”.

O Portal (En)Cena entrevista a psicóloga Isaura de Bortoli Rossatto, egressa do Ceulp/Ulbra, residente em Saúde da Família e Comunidade pela Fundação Escola de Saúde Pública (FESP) para compreender o que significa ser mulher no Brasil na pandemia pelo olhar da jovem profissional que estuda e escreve sobre a saúde mental das mulheres gordas.

No curso da sua fala, Isaura também explica os impactos da pandemia no fazer do profissional de psicologia, apontando as adaptações normativas promovidas pelo Conselho Federal de Psicologia que ampliaram as autorizações para atendimento online e realização de avaliação psicológica online e destacando os desafios enfrentados pelas profissionais que ingressam no mercado de trabalho, especialmente durante a pandemia.

Fonte: arquivo pessoal

(En)Cena – Considerando o seu lugar de fala, mulher, jovem, psicóloga e usuária ativa das redes sociais: o que é ser mulher no Brasil, durante a pandemia da COVID-19?

Isaura Rossatto – Considerando minha recente atuação como psicóloga na atenção primária e antes, como estagiária, percebi alguns acréscimos nas dificuldades que as mulheres enfrentam no dia a dia em razão da pandemia. Não é incomum deparar-se com relatos de mães precisando se desdobrar em mais uma jornada de atividades no auxílio das atividades escolares dos filhos. Mães chefes de família com dificuldades em encontrar emprego, dependendo fortemente do auxílio emergencial proposto pelo governo federal, que tende a decrescer como consequência da prolongada ineficácia das políticas de isolamento social. Ou mesmo, dificuldades nos aspectos relacionais com pares devido à convivência aumentada com o isolamento e home office. Nesse sentido, vejo impactos nos aspectos relacionais, sociais, de trabalho e renda. Algumas dessas dificuldades perpassam a população coletivamente, outras são exclusivas da condição feminina na nossa sociedade.

Fonte: Editorial Gorda Flor. https://grandesmulheres.com.br/

(En)Cena – Durante o seu tempo de trabalho na revista (En)Cena você produziu trabalhos muito elogiados sobre a perspectiva da “mulher gorda”. Levando em conta há diversas divulgações na mídia e nas redes sociais acerca de indicadores de que apontam a obesidade como fator de risco para complicações da COVID-19, como você entende o sofrimento emocional da mulher gorda durante a pandemia?

Isaura Rossatto – Muitas reflexões acerca desse tema podem ser extraídas. Vou me ater especialmente à minha percepção e aos relatos comuns referentes às experiências das mulheres gordas em saúde. Mesmo antes da pandemia, precisar de suporte médico e de outros profissionais da saúde já era um problema para muitas mulheres gordas. Como consequência da gordofobia, a vivência da culpabilização, a implementação do medo como estratégia de combate à gordura e a violência verbal são parte de muitas experiências de mulheres gordas no acompanhamento com profissionais de saúde. A “obesidade” é vista como comorbidade para a COVID-19 mesmo quando não há outros indicadores em saúde que demonstrem fragilidades. Nesse sentido, o estigma de ser gorda e estar com Covid-19 representa uma sentença de morte eminente na visão das pessoas ao redor dessas mulheres. Ademais, não há garantias de que se uma escolha entre vidas precise ser feita, seja por escassez de vagas ou recursos, uma pessoa magra seja priorizada por ser vista como mais saudável em razão do seu peso (como já ocorre socialmente). O sentimento é essencialmente de pânico, pois se infectar e sofrer com um quadro agravado será percebido como inteira responsabilidade da mulher gorda, como se ela merecesse esse sofrimento por ser gorda.

A humanização do acesso à saúde para pessoas gordas é uma problemática muito complexa que precisa ser abordada com emergência. A gordofobia promove a perda de direitos pela exclusão, e o direito à saúde tem sido um deles, com o afastamento progressivo dessas pessoas da rede de atenção.

Foto: Fernanda Magalhães

(En)Cena – Como psicóloga formada em 2020, qual sua perspectiva diante do mercado de trabalho tão modificado e adaptado pela pandemia com a possibilidade de atendimentos online e com a abertura para a aplicação de alguns testes psicológicos por meio virtual?

Isaura Rossatto – Na minha visão, o mercado de trabalho atual apresenta desafios para os psicólogos principalmente no que tange ao piso salarial, amplamente ignorado. Os salários podem não corresponder ao volume de trabalho, especialmente no Sistema Único de Assistência Social (SUAS) e pelo Sistema Único de Saúde (SUS), bem como os pagamentos vinculados a atendimentos por planos de saúde, que chegam a R$ 30,00 por atendimento.

Na minha percepção, os atendimentos online e a flexibilização do Conselho Federal de Psicologia (CFP) no cadastro para tanto são um avanço. Essa modalidade demanda, sim, por muitas vezes, de mais criatividade e flexibilidade do profissional e especialmente dos clientes/pacientes; porém, não perde na qualidade do processo terapêutico com adultos quando há comprimento de ambas as partes. Se antes, os atendimentos online já eram uma tendência, atualmente são quase uma habilidade fundamental a ser desenvolvida pelos profissionais.

(En)Cena – Na sua opinião, quais os desafios mais importantes da psicóloga (o) que trabalha durante a pandemia? E como as faculdades de psicologia e os conselhos de regulamentação profissional podem colaborar na preparação de profissionais para os novos desafios?

Isaura Rossatto – O próprio desenvolvimento da habilidade para atendimentos online é um desafio, assim como o risco de contaminação para os profissionais trabalhando presencialmente. Para quem deve (ou deveria) desenvolver atividades comunitárias coletivas o desafio é dobrado. Vejo a articulação multiprofissional, as atividades online e a co-contrução intersubjetiva de soluções como as ferramentas para enfrentar esses desafios.

Nesse sentido, as instituições de ensino superior e os conselhos reguladores podem oferecer oficinas sobre como realizar atendimentos online individuais e coletivos, evolução de prontuários e guarda de documentos de maneira ética durante a pandemia.

(En)Cena – Na sua opinião, qual seria o caminho para as mulheres no pós-pandemia?

Isaura Rossatto – Muitas respostas poderiam ser dadas, especialmente sobre as condições em que as mulheres encontram-se em nossa sociedade machista, misógina, gordofóbica e desigual. Vou desenvolver minha resposta em como acredito que os psicólogos podem dar suporte e promover saúde para mulheres nas condições das respostas anteriores. Não devemos ignorar as disparidades entre os gêneros que precarizam a saúde das mulheres, por serem mulheres. Seja a exaustão por jornadas triplas de trabalho no emprego e no lar, os salários inferiores aos masculinos e a desumanização das mulheres gordas no acesso a saúde. A sensibilidade é necessária, assim como a indignação e a recusa à docilização dessas demandas sociais como se fossem desvios individuais; além do estudo, imprescindível para instrumentalização do trabalho com demandas tão complexas. O conhecimento acerca do fluxo entre os serviços da rede de saúde, para oferecer assistência para pessoas em situação de vulnerabilidade é outro aspecto fundamental. Com essas medidas, talvez seja possível contribuir para um caminho mais digno para as mulheres durante e no pós-pandemia, quando pudermos vislumbrar isso.

Fonte: Editorial Gorda Flor. https://grandesmulheres.com.br/
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Sofrimento e arte – (En)Cena entrevista a artista Laís Freitas

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“A resposta é que homens amam homens, podem até ser heterossexuais mas pelo prazer sexual. Homens glorificam o mesmo sexo, não consomem conteúdos feitos por mulheres, tem apreço apenas ao que eles próprios fazem”.

O Portal (En)Cena entrevista a artista plástica Laís Freitas, de Palmas-TO, para conhecer o que significa ser mulher no Brasil na pandemia pelo olhar da jovem pintora de 18 anos que utiliza das redes sociais como meio para divulgar e comercializar seu trabalho.

Durante a conversa, Laís explica como é ser jovem, mulher e pretender viver de arte no Brasil, apontando os desafios impostos pelo machismo estrutural. A artista também fala sobre os aspectos de saúde mental na sua obra mais recente, a série de quadros “ilusão”. Para ela, o pintar e a possibilidade de se expor e se expressar têm efeito terapêutico e chama a arte de “salvação” que oportuniza tanto ao artista como ao expectador, acessar e entender sentimentos que nunca haviam sido percebido.

(En)Cena –  Considerando o seu lugar de fala, mulher, jovem, artista  e usuária ativa das redes sociais: o que é ser mulher no Brasil, durante a pandemia da COVID-19?

Laís Freitas (@aloisam_) – Como jovem artista, vejo que ser mulher nos dias atuais de pandemia é uma constante luta, em todos os aspectos. Ao longo da história conseguimos como feministas muitas conquistas, mas ainda existem muitas pautas a serem tratadas. Com um olhar sensível, observo que o sofrimento da mulher, incluindo o meu, parte de um sentimento de solidão, diante de uma cobrança muito grande que fomos ensinadas desde pequenas, o peso do mundo em nossas costas, que claro, parte de um machismo estruturado da nossa convivência.

Fonte: Arquivo Pessoal – @aloisam_

(En)Cena –  Ao falar sobre a sua série de quadros “ilusão” no post do Instagram , @aloisam, do dia 25/04/2021  você afirma ter descoberto que o pintar te salva, quando permite contar a sua história. Como você entende a relação entre arte e saúde mental?

Laís Freitas (@aloisam_) –  Como disse na minha postagem, vejo o momento da pintura como uma “quase meditação”, é o momento que mais me sinto conectada comigo mesma, pelo processo ser demorado e estar transcrevendo meus sentimentos em símbolos.

 Nunca fui de me abrir conversando sobre meus problemas, mas sinto que me encontrei na minha pintura. Acho mais fácil escrever sobre o que estou passando e transformar em desenhos, me expresso dessa forma. Às vezes quando falo sobre esse processo com alguém, brinco que se não pintasse eu explodiria, porque desconheço forma mais eficiente de expressão. A arte é salvação, tanto para o artista quanto para o expectador, com ela conseguimos acessar e entender sentimentos que nunca tínhamos percebido, ela é sensível, conta uma história.

(En)Cena –    Como artista jovem em 2021, qual sua perspectiva diante do mercado de trabalho tão modificado e adaptado pela pandemia, com inúmeras possibilidade de interações comerciais online por meio das redes sociais?

Laís Freitas (@aloisam_) –  Com a pandemia, todos tivemos que nos reinventar. Já havia o pensamento de ter uma renda com o mercado online, mas não como eixo principal. Essa adaptação, para mim, abriu meus olhos para outras oportunidades e uma interação com o público muito rápida. A necessidade de criar conteúdo nas redes sociais confesso que me assusta um pouco, percebo que é mais fácil falar com mais pessoas, mas conseguir manter uma visibilidade e crescer em cima disso é mais difícil. Em relação a vendas, uma queda bem grande, a arte querendo ou não, no sistema econômico que vivemos quem compra é quem tem dinheiro, e com a pandemia trabalho está escasso então ninguém tem renda para contribuir no trabalho de um artista.

Fonte: Arquivo Pessoal – @aloisam_

(En)Cena – Quais os desafios de ser mulher e querer viver de arte no Brasil?

Laís Freitas (@aloisam_) –   Lembro-me da primeira vez que fui ao MASP, logo quando entrei havia um poster enorme do grupo Guerrilla Girls (de Nova York) com um texto adaptado “as mulheres precisam estar nuas para entrar no Museu de Arte de São Paulo?” e logo embaixo dados afirmando que apenas 6% dos artistas do acervo em exposição eram mulheres (2017).

Como mulheres, não temos visibilidade, ainda mais na arte que temos pouquíssimas referências ao longos dos movimentos. Por exemplo, em 1909 foi lançado o “Manifesto Futurista” de F. T. Marinetti que fundamentou a vanguarda europeia “futurismo”, em que dizia em seu texto ”Queremos glorificar a guerra – única higiene do mundo -, o militarismo, o patriotismo, o gesto destruidor dos anarquistas, as belas ideias pelas quais se morre e o desprezo da mulher.”. Sabemos que a arte, assim como todas práticas intelectuais, sempre foram afastadas das mulheres mas, porque ainda não temos visibilidade até hoje?

A resposta é que homens amam homens, podem até ser heterossexuais mas pelo prazer sexual. Homens glorificam o mesmo sexo, não consomem conteúdos feitos por mulheres, tem apreço apenas ao que eles próprios fazem. Essa, na minha visão, é a maior dificuldade de ser mulher e querer viver de arte, não temos a representação e a fama que um homem teria fazendo a mesma coisa. Por isso acho tão importante o movimento de mulheres apoiarem umas as outras, pois outros não vão fazer isso por nós.

Fonte: Arquivo Pessoal – @aloisam_

(En)Cena –   Alguns dos seus quadros trazem imagens de rostos, mãos e órgãos humanos. Num tempo de pandemia em que o corpo e a saúde viraram pauta de constantes sofrimentos físicos e mentais, de que tratam os corações da retratados na sua arte?

Laís Freitas (@aloisam_) –    A arte que faço é completamente minha, todas as faces mesmo que não sejam meu rosto, de alguma forma sou eu, assim como os corações e mãos. Minha última série “ilusão”, foi uma tentativa de me colocar em primeiro lugar, sem ter vergonha de mostrar fragilidade, por isso são todos autorretratos. Antes me escondia por medo de demonstrar sentimentos, tanto que publicava os quadros, mas não conseguia escrever sobre eles para explicar para o público o intuito do quadro.

Com muito esforço de passar por um processo de autodescoberta e aceitação, consegui parar de ter medo de demonstrar sentimentos através dos textos sobre os quadros. No primeiro quadro da minha série, que deu início a todos os outros, explico sobre essa “ilusão” de idealizar o sofrimento e até fugir dele, com medo da solidão. Mas a partir do momento que me permito sentir essa dor e percebo que faz parte do processo, essa solitude não incomoda mais, e até passo a gostar dela.

Para mim, o coração é o símbolo dos sentimentos e desse sofrimento. Demonstro as etapas da minha vida como as sensações que sentia no meu coração. Demonstrei ele pertencente a alguém, livre, sereno e também com fome.

Fonte: Arquivo Pessoal – @aloisam_

(En)Cena –   Na sua opinião, qual seria o caminho para as mulheres no pós-pandemia?

Laís Freitas (@aloisam_) –   Acredito que com essa pandemia, conseguimos ver ainda mais o que as mulheres passam em casa. As taxas de feminicídio só aumentam, relações abusivas disfarçadas de amor é o que mais têm. Que essa solidão que falei sirva de aprendizado, o sofrimento da cobrança em cima de nós é muito grande.

Revoluções assim, são de extrema importância. Todas entendemos o conceito de feminismo, ainda que tenha muito tabu em cima, devemos nos apoiar, creio que seja a única saída, o movimento de mulheres para mulheres.

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Covid-19 e Isolamento Social: influências na Saúde Mental de mulheres

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Quando falamos sobre a covid-19, sabe-se que é uma infecção respiratória, ocasionada pelo coronavírus (Sars-Cov-2), com potencial grave, de alta taxa de transmissibilidade e distribuição mundial. A infecção pode mudar de casos assintomáticos e manifestações clínicas leves, para quadros moderados, graves e críticos. Algumas manifestações mentais e neurológicas podem estar constantemente relacionadas a patologia, como delírio, agitação, acidente vascular, ansiedade, depressão, dentre outros. Assim, devido todo esse contexto o Ministério da Saúde-MS, indicou algumas medidas para enfrentamento da doença, como distanciamento social, etiqueta respiratória, higienização das mãos, uso de máscaras, isolamento, quarentena, dentre outros (BRASIL, 2020a).

A disseminação do vírus teve início na China e em razão da presença do vírus daquele local, a Organização Mundial de Saúde – OMS (2020), em 30 de janeiro de 2020, declarou que o surto de novo vírus constituía-se em uma emergência de saúde pública de importância internacional. Na declaração, o Diretor Geral da OMS, disse que já existiam 7.834 casos confirmados com o coronavírus, incluindo 7.736 na China e que 170 pessoas havia falecidas com o surto naquele país. Ressaltou ainda que a única forma de acabar com o vírus, seria todos os países trabalharem de forma conjunta, com um espírito de solidariedade e cooperação (ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DA SAÚDE, 2020).

No Brasil, em consonância com a OMS, o Ministério da Saúde, expediu a Portaria nº 188, de 03 de fevereiro de 2020, na qual declarou a Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional, também em decorrência da infecção humana, pelo novo Coronavírus (BRASIL, 2020b). Em 11 de março de 2020, o Diretor-Geral da Organização Mundial de Saúde-OMS, Tedros Adhanom, mudou a classificação da doença ocasionada pelo novo coronavírus para pandemia, tendo em vista a rápida disseminação da covid-19 (UNIVERSIDADE ABERTA DO SUS, 2020).

Assim deu-se origem umas das piores epidemias ocorridas em todo mundo, com inúmeros impactos em todos os setores da sociedade e repercussões alarmantes em vários países, bem como, em todas as regiões e consequentemente em estados do Brasil. De acordo com a Fundação Osvaldo Cruz – FIOCRUZ (2021), a pandemia não trouxe somente implicações de ordem biomédica e epidemiológica em nível mundial, mas também impactos sociais, políticos, culturais e históricos na história recente das epidemias. Neste contexto, além das consequências sobre os sistemas de saúde, na estabilidade econômica do país e da população, houve prejuízo ainda na saúde mental das pessoas, com temor pelo risco de adoecimento e morte, bem como no acesso a bens necessários como alimentação, medicamentos, transporte, dentre outros.

Fonte: encurtador.com.br/dkzHM

Em se tratando da questão da saúde mental, devido a pandemia da covid-19, surgiram os impactos sobre a saúde da mulher, decorrente da necessidade do isolamento social. Um estudo realizado por um pesquisador do Instituto de Psiquiatria (IPq) do Hospital das Clínicas (HC) da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP), no período entre maio e junho de 2020, com homens e mulheres de várias regiões do país, mostrou que mesmo antes de completar seis meses da declaração de emergência em Saúde Pública, em decorrência do Coronavírus, pelo Ministério da Saúde, as mulheres foram as mais impactadas emocionalmente, nesse período, tendo assim respondido por 40,5% dos sintomas de depressão, 34,9% de ansiedade e 37,3% de estresse (FERREIRA, 2021).

Um dado que mereceu destaque da pesquisa, foi o fato do maior número das alterações na saúde, dos aspectos investigados, ter sido em mulheres que moram sozinhas. Para o responsável pelo estudo, esse resultado poder ser reflexo da vulnerabilidade deixada pela pandemia para esse grupo. Isso caracterizado pela falta de perspectiva e ainda incertezas quanto ao futuro, que geraram nessas mulheres sensações de desconforto, angústia, ansiedade e desamparo (FERREIRA, 2021).

Dentro desse contexto, para se somar aos demais estudos, realizou-se uma pesquisa, como atividade prática de estágio, para coletar dados referente ao impacto da saúde mental das mulheres em resposta ao isolamento social, no período da pandemia, no mês de abril/2021. A pesquisa foi realizada através de um questionário pela plataforma Google Forms, com informações sobre idade, estado civil, escolaridade, ocupação, condições gerais das participantes diante da pandemia, problemas de relacionamento, mortes de parentes e de pessoas próximas ou relevante, interferência na saúde mental, o que mais afetou, condições financeiras, dentre outros.

Das 200 (duzentas) mulheres que responderam a pesquisa, 43,5% são casadas, 37% tem pós-graduação completa, 49% foram ou tiveram pessoas próximas acometidas com a covid-19 e 64,5% sofreram interferências na sua saúde mental, em razão da pandemia. Quanto ao isolamento, 90% apresentaram ansiedade, 78% estresse, 77,5% tristeza, 72% medo, 64,5% frustração. Os pontos que mais lhe afetaram, 62,5% as incertezas da patologia, 57,5% necessidade de isolamento, 53,5% perder entes queridos e 46% sobrecarga de tarefas. Quanto à autoestima, 54% está oscilante e ainda quanto a intensidade das emoções, 42% encontra-se muito intensa.

De uma forma geral, a pesquisa demonstrou que as mulheres estão enfrentando, nesse período da pandemia, sérios impactos na saúde mental, sejam eles ansiedade, estresse, tristeza, medo ou frustrações. O processo da pandemia e isolamento social lhes afetaram em diversas áreas, como incertezas da doença, perdas, necessidade de se manter isolada e ainda na sobrecarga de tarefas, dentre outros. Percebe-se com os dados levantados, que as mulheres não tiveram respostas positivas e adaptativas à pandemia.

Independentemente da abrangência das duas pesquisas citadas e do número de mulheres alcançadas, pelos resultados obtidos, percebeu-se que a pandemia e consequentemente o isolamento social, ocasionaram grande impacto na saúde mental das mulheres, resultando assim em sérias consequências para o seu bem-estar em geral. Assim é necessário que os serviços públicos estejam preparados para enfrentar essa grande demanda e ainda os novos casos que surgirão, com destaque às mulheres.

Fonte: encurtador.com.br/enprH

Referências:

BRASIL. Ministério da Saúde. Coronavírus – covid-19. MS, 2020. Disponível em:< https://coronavirus.saude.gov.br/>, acesso em: 02 maio 2021.

BRASIL. Ministério da Saúde. Gabinete do Ministro. Portaria n. 188, de 03 de fevereiro de 2020. Declara Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional (ESPIN) em decorrência da Infecção Humana pelo Novo Coronavírus (2019-nCoV). Diário Oficial da União, ed. 24-A, seção 1, Brasília, DF, p. 1, 04 fev. 2020. Disponível em: <https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/portaria-n-188-de-3-de-fevereiro-de-2020-241408388>. Acesso em: 02 maio 2021.

FERREIRA, Ivanir. Mulheres foram mais afetadas emocionalmente pela pandemia. Portal da USP, 2021. Disponível em: <https://jornal.usp.br/ciencias/mulheres-foram-mais-afetadas-emocionalmente-pela-pandemia>. Acesso em: 02 maio 2021.

FUNDAÇÃO OSVALDO CRUZ.  Impactos sociais, econômicos, culturais e políticos da pandemia. Portal FIOCRUZ, 2021. Disponível em:< https://portal.fiocruz.br/impactos-sociais-economicos-culturais-e-politicos-da-pandemia>. Acesso em: 02 maio 2021.

ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DA SAÚDE. OMS declara emergência de saúde pública de importância internacional por surto de novo coronavírus. PAHO.ORG, 2020. Disponível em: <https://www.paho.org/bra/index.php?option=com_content&view=article&id=6100:oms-declara-emergencia-de-saude-publica-de-importancia-internacional-em-relacao-a-novo-coronavirus&Itemid=812>. Acesso em: 02 maio 2021.

UNIVERSIDADE ABERTA DO SUS.  Organização Mundial de Saúde declara pandemia do novo Coronavírus. UNA-SUS, 2020. Disponível em: unasus.gov.br/noticia/organizacao-mundial-de-saude-declara-pandemia-de-coronavirus#:~:text=Tedros%20Adhanom%2C%20diretor%20geral%20da,Sars-Cov-2)>. Acesso em: 02 maio 2021.

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Violência e opressão – (En)Cena entrevista a psicóloga Ruth Cabral

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“Em tempos de pandemia, ser mulher, é ter escancarado que o risco de violência não se limita aos espaços públicos, mas é ter insegurança, medo ainda que no espaço privado este, que inicialmente foi determinado à mulher. Lugar de sobrecarga, de naturalização da incumbência das tarefas domésticas, dos cuidados com os filhos”.

O Portal (En)Cena conversa com a psicóloga Dra Ruth Cabral, professora do curso de psicologia do Ceulp/Ulbra, Doutora em Psicologia Clínica e Cultura pela PUC-Goiás, para entender sua perspectiva acerca do que significas ser mulher no Brasil durante a pandemia da COVID-19.

A Doutora Ruth Cabral aponta o paralelo entre as restrições sociais decorrentes da pandemia somada à permanência dos homens em casa, com o aumento nos índices de violência doméstica, sexual e de gravidez indesejada. Além disso, a entrevistada aponta o risco de adoecimentos mentais, como estresse e a ansiedade, causados pelo excesso de atividades. Por fim, a professora reconhece seu lugar de fala privilegiado ante a outras formas de experiência a mulheridade e indica como um dos caminhos para oportunizar melhoras no pós-pandemia, a articulação de mulheres em prol do fortalecimento do movimento social para garantir direitos e liberdades a todas.

Figura 1 – Arquivo Pessoal

(En)Cena –  Considerando o seu lugar de fala de: mulher, professora e usuária ativa das redes sociais: o que é ser mulher no Brasil, durante a pandemia da COVID-19?

Dra Ruth Cabral – Começo a refletir a partir da pergunta em questão- em mim ressoa inicialmente o quesito “O que é ser mulher no Brasil?” para então, em uma complementariedade reflexiva discorrer sobre os tempos de Pandemia.  Reconhecer a priori, a existência da desigualdade de gênero e de suas causas, contextualizado à realidade brasileira desperta o resultante de um processo histórico que reafirma o lugar da mulher nesse espaço social frágil- lugar este, que ainda que o registro legal aponte para destituição de toda e qualquer forma de discriminação- não é suficiente para garantir equidade de gênero.

Refletir no ser mulher em tempos de pandemia remonta o pensar nos papéis instituídos desde a formação da sociedade. Em tempos de pandemia, ser mulher, é ter escancarado que o risco de violência não se limita aos espaços públicos- mas é ter insegurança, medo ainda que no espaço privado – este, que inicialmente foi determinado à mulher. Lugar de sobrecarga, de naturalização da incumbência das tarefas domésticas, dos cuidados com os filhos. Ressalto o mito do amor materno, descrito como instintivo demarca às mulheres um lugar de exclusividade do cuidado- com as crianças e  para o trabalho doméstico (modelo esse, calcado no patriarcalismo) que alcança a análise para os dias atuais de pandemia.

Como prova disso, pesquisas em tempos de pandemia (Souza et al, 2020; Macedo, 2020) apontam que paralelo às restrições sociais, os índices de violência doméstica, sexual e de gravidez indesejada aumentaram de forma significativa mediante o maior tempo de permanência dos homens em casa- o que parece responder em parte à questão provocada inicialmente. Sem me distanciar dos meus muitos privilégios, sigo tocada pelo grito daquelas que se encontram, explicitamente oprimidas, violentadas e sob as muitas vulnerabilidades. No contexto de crise econômica, social e política em que o Brasil se encontra, é importante discutir e considerar tais questões, considerando que pandemia da Covid-19 enfatiza ainda mais às narrativas e desigualdades sociais pré-existentes.

Fonte: encurtador.com.br/fjQ15

(En)Cena –  Para você, como a pandemia impacta a saúde mental (sentimentos e emoções) das mulheres?  E qual é o efeito deste impacto em casa e no trabalho?

Dra Ruth Cabral – Embora haja uma naturalização da sobrecarga contínua das mulheres nos diferentes contextos e composições familiares, a circunstância  da Pandemia agrega outros fatores que podem intensificar a fragilização da saúde mental das mulheres: o medo do adoecimento, a necessidade de proteção dos filhos (para aquelas que exercem o papel da maternidade), a sobrecarga dos múltiplos cuidados e assistências- tarefas domésticas, intermediação do ensino-aprendizagem das/dos filhas/filhos, a dedicação às atividades ocupacionais. Tais fatores podem acentuar o estresse e a ansiedade, de modo que, a alteração da rotina, o excesso de atividades pode, na sequência, alterar o sono (parte importante na regulação emocional) formando assim um ciclo que intensifica o dano a saúde mental das mulheres, que já estão, naturalmente mais suscetíveis a alguns processos de adoecimentos.

Fonte: encurtador.com.br/ityHS

(En)Cena – Quais são os maiores desafios e quais são os maiores aprendizados da sua experiência como professora durante a pandemia? 

Dra Ruth Cabral – Acredito que a vivência do estresse, do medo, a sensação de incerteza, o reconhecimento das dificuldades vivenciadas ao longo desse período de distanciamento social propõe o agir com flexibilidade, na cuidadosa busca de se compreender as nuances das dificuldades das mulheres- despertando em mim uma atuação sobressaia a empatia, no reconhecimento das vulnerabilidades- como mulheres que são além de discentes, mães, profissionais, filhas…

Posso ver o esgotamento, o cansaço, o acúmulo de tarefas- na prática, como também percebo a  persistência e a luta.   A mim, como mulher, cabe ter uma postura de escuta, cuidado, e tomada de decisão pautada no reconhecimento dos fatores dificultadores a partir do pensar coletivo, sendo uma forma indireta de um exercício de sororidade.

(En)Cena –  Como você compreende o sofrimento emocional das alunas de psicologia afetadas pela quarentena durante a pandemia?

Dra Ruth Cabral – Vejo que essas alunas do curso de psicologia representam parte do universo que compõe a pluralidade das mulheres como um todo. Ainda que marcadas por alguns privilégios (dentre esses, o acesso à educação), há uma representação das angústias experimentadas pelas mulheres no período de pandemia. Mulheres em múltiplas funções, cansadas, mas empenhadas numa luta muito mais pesada por “uma vida que valha a pena ser vivida”, ou uma vida “com algum sentido”. São mulheres, filhas, mães, algumas distante das famílias, inseguras, com diferentes possibilidades de acessos. Diante disso, como não problematizar as questões de gênero? A sobrecarga é facilmente notada: mulheres que se engajam nas atividades acadêmicas alternando o cuidado com as filhas/ os filhos, com as tarefas domésticas, envolvidas no sustento e ainda respondendo a outros fatores externos- tais como pressão estética voltados ao cuidado com o corpo em uma hierarquização de prioridades impostas socialmente.

Fonte: encurtador.com.br/ahtZ9

(En)Cena –  Na sua opinião, qual seria o caminho para as mulheres no pós-pandemia?

Dra Ruth Cabral – Pessoalmente, acredito na articulação de mulheres em prol do fortalecimento do movimento- que possa gerar articulação, amparo, tomada de consciência e a não naturalização das violências vivenciadas, cotidianamente, por tantas. A formação de uma rede de apoio tecida por mulheres no reconhecimento das vulnerabilidades e privilégios, na práxis e não apenas em uma teoria sem alcance social, pautado no “fazer acontecer”. A luta por equidade, por acesso a trabalho, por andar sem medo, por ter segurança, esperança e escolhas que se façam sem o medo contínuo- tudo isso em um processo de ressignificação coletiva do que é ser mulher na luta por um protagonismo em um espaço em que nos foi dado o lugar de coadjuvantes.

Referências

MACÊDO, Shirley. (2020). Ser mulher trabalhadora e mãe no contexto da pandemia COVID-19: tecendo sentidos. Revista do NUFEN12(2), 187-204. https://dx.doi.org/10.26823/RevistadoNUFEN.vol12.nº02rex.33

SOUZA, Alex Sandro Rolland; SOUZA, Gustavo Fonseca de Albuquerque; & PRACIANO, Gabriella de Almeida Figueredo. (2020). A saúde mental das mulheres em tempos da COVID-19. Revista Brasileira de Saúde Materno Infantil20(3), 659-661. Epub 30 de outubro de 2020.https://dx.doi.org/10.1590/1806-93042020000300001

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Pandemia avança e negócios voltam a ser impactados

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Estrategista em Marketing Digital dá dicas para empreendedores manterem seus negócios lucrativos por meio da internet

É sabido que a primeira onda da pandemia do novo coronavírus causou um estrago em pequenos, médios e grandes negócios por todo o mundo. Alguns empreendedores se viram em uma situação difícil por conta de todas as restrições, e foi neste momento que muitos fecharam as portas para nunca mais abrir.

Por outro lado, vimos que a experiência de quem se adiantou e acompanhou a tendência mundial de ocupar o mercado da internet foi extremamente positiva em meio ao caos da pandemia. Algumas empresas que já vinham investindo em negócios digitais aumentaram muito o faturamento durante a crise. Ao longo do período mais crítico de isolamento social, também cresceu o número de pessoas em busca de aprender novas técnicas e das que tentavam correr atrás do prejuízo, correndo para a internet.

 – Eu vivi essa experiência na pele, quando foi anunciado o fechamento dos comércios e meus clientes começaram a ligar para cancelar o serviço. Mas, logo em seguida, tivemos um aumento exponencial de interessados que precisavam criar seu posicionamento na internet. Estamos à beira de uma situação semelhante agora e o que se espera é que tenhamos aprendido com o passado e estejamos bem posicionados nas redes desde já – alerta o estrategista em Marketing Digital, Alexandre Simões.

Alexandre Simões

Dessa vez, estamos diante de um novo desafio: a doença volta a avançar de forma acelerada, resultando em novas medidas restritivas, por parte dos governos locais, para o trânsito de pessoas e funcionamento de estabelecimentos. Para quem ainda não apostou na internet, ainda está em tempo. Criar uma estratégia de marketing digital, seu e-commerce ou começar a se posicionar na web são fundamentais. Existem muitas ferramentas para auxiliar os negócios, muitas delas são gratuitas e indispensáveis para quem está começando.

 – Criei uma série de conteúdos, sobretudo, no momento de pandemia, para auxiliar quem está procurando por soluções para os negócios online. Decidi ajudar os pequenos empreendedores a se posicionarem bem na internet oferecendo dicas e compartilhando o conhecimento que adquiri na minha carreira pelas redes sociais, uma das principais ferramentas para Marketing Digital nos dias atuais – relata Simões.

 Confira alguns tópicos abordados pelo consultor:

 1- Tanto para quem vende produtos quanto para quem oferece serviços, a grande estratégia é a diversificação. Para estar bem posicionado, é preciso estar em todos os lugares possíveis. Apostar em uma única forma de divulgação é extremamente arriscado. Alertei, no ano passado, sobre a proibição do TikTok nos EUA. Imagina se isso acontece com sua rede social favorita?

2- O seu negócio precisa estar no Google Meu Negócio, Instagram, Facebook, YouTube, Linkedin, Twitter e em todos os lugares virtuais possíveis. Logicamente, é importante avaliar qual desses lugares é o melhor para se concentrar e também se tem condições de manter todos os canais bem alimentados;

 3- Sempre falo das redes sociais como ferramenta de criar estratégias de marketing, pois sei que muitas pessoas não têm condições de injetar dinheiro em divulgação e grande parte das redes são gratuitas. Ou seja, não é preciso investir rios de dinheiro para se posicionar bem na internet. O que é necessário é uma boa estratégia;

 4- Não espere que esses problemas aconteçam com você. É necessário, neste momento, pensar em estar bem posicionado no mundo digital, pois o raio pode cair duas vezes no mesmo lugar. E quem não estiver preparado pode sofrer graves consequências.

 Mais da metade da população brasileira utiliza as redes sociais

 Ao longo do último ano, os acessos à internet bateram recorde no Brasil. Com as pessoas em casa na quarentena, a internet se tornou o meio mais forte de comunicação e de trabalho. O panorama de crescimento de acesso veio junto com o crescimento de uso das redes sociais; quase todo mundo que acessa internet no Brasil está presente nas redes. Diferentemente do que ocorre nos Estados Unidos e na Europa, mais de 50% da população brasileira utiliza as redes sociais, dado que as reforça como lugares privilegiados para fazer campanhas de marketing.

 Mais informações em www.alexandresimoes.com   

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Paciência e adaptação – (En)Cena entrevista Delcilene Vieira

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“A pandemia apenas escancara os desafios impostos às mulheres mães de família que precisam trabalhar fora de casa. Principalmente mulheres responsáveis pela renda familiar”.

O Portal (En)Cena entrevista Delcilene Baptista Vieira para compreender o que significa ser mulher no Brasil na pandemia pelo foco de uma mãe solo, de dois filhos, sendo um deles pessoa com deficiência, que enfrenta os desafios de manter o trabalho presencial como empregada doméstica em casa de família, durante a calamidade da COVID-19, se deslocando por meio de transporte público e se utilizando exclusivamente dos serviços de saúde pública oferecidos pelo SUS – Sistema Único de Saúde.

A conversa com Delcilene permite identificar reflexos nocivos da pandemia na saúde mental, especialmente, destacam-se as questões relativas à atuação das mulheres que atuam como empregadas domésticas, e que pela natureza da sua atividade, mesmo durante a pandemia, tiveram que deixar suas famílias e continuar a trabalhar presencialmente, enquanto muitos profissionais de áreas distintas puderam ser beneficiados pelo trabalho em home office (em casa).

Fonte: Arquivo Pessoal

(En)Cena –  Considerando o seu lugar de fala, de mulher, mãe-solo, profissional do lar e usuária ativa das redes sociais: o que é ser mulher no Brasil, durante a pandemia da COVID-19?

Delcilene Vieira – A pandemia apenas escancara os desafios impostos às mulheres mães de família que precisam trabalhar fora de casa. Principalmente mulheres responsáveis pela renda familiar. Já era bastante difícil ser mãe antes da pandemia, onde ninguém nos respeita, principalmente os “homens”. Somos a maioria, mas mais ainda falta muito para nós chegarmos ao topo. Nós mulheres durante a pandemia tivemos que nos reinventar em todos os aspectos. Tivemos que trabalhar e cuidar da nossa própria casa, ensinar as tarefas para os filhos. Mas também ficamos mais empreendedoras e unidas. Somos leoas independentemente de qualquer situação.

(En)Cena –  Como a saúde mental (sentimentos e emoções) das mulheres interfere em tomadas decisões acertadas ou equivocadas em casa e no trabalho?

Delcilene Vieira – Na minha opinião quando uma mulher está com a saúde mental afetada, isso interfere sim nas suas tomadas de decisões. Ela perde o controle das suas emoções e com isso acaba tomando decisões diferentes das que tomaria se ela estivesse bem.

Em qualquer situação, seja na pandemia ou não, devemos aprender a controlar nossas emoções, o nosso equilíbrio mental. Com a COVID, o meu psicológico ficou muito abalado, pois tive que aprender a trabalhar com todos em casa. Não foi fácil para mim, nem para eles. Tivemos que nos adaptar ao novo e aprender a ter paciência com todos e com tudo que está acontecendo.

Fonte: encurtador.com.br/ixHJN

(En)Cena – Quais os desafios de cuidar de outra família sendo mãe e mulher, durante a pandemia?

Delcilene Vieira – Estes desafios sempre estiveram presentes em minha vida, pois fui mãe muito nova (aos 15 anos). Eu, sendo mãe e mulher chefe de família, tive que abrir mão da convivência com os meus filhos, para ter zelo e responsabilidade com outras famílias. E essa ausência as vezes traz um preço muito alto para os nossos filhos. Ainda mais no meu caso que tenho um filho especial. O tempo com os meus filhos foi muito pouco, pois sempre passei a maior parte do tempo no trabalho.

Para cuidar de outra família, a pessoa tem que ter muita responsabilidade, controle das suas emoções, respeito, paciência e acima de tudo muito amor a todos, principalmente quando se tem crianças.

Fonte: encurtador.com.br/amsz0

(En)Cena – Na sua opinião, qual seria o caminho para as mulheres no pós-pandemia?

Delcilene Vieira – Na minha opinião o caminho é: buscar dentro de si motivos para sorrir; ser grata pela vida; procurar alimentar sua mente de coisas positivas; fazer o que gosta. Com isso, as mulheres conseguirão manter o equilíbrio das suas emoções.

Após a pandemia temos que investir mais em nós, fazer cursos, sermos mais empreendedoras e correr atrás dos objetivos para conseguirmos conquistar nosso espaço.

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Sobrecarga e equilíbrio – (En)Cena entrevista a professora Vanessa Oster

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“Falar de saúde mental neste período é algo difícil, vivo no limite. Existe uma linha muito tênue entre a sanidade e o surto. Durante o dia tenho várias alterações de humor e isso reflete em todas as minhas atividades, principalmente no trabalho”.

O Portal (En)Cena entrevista a professora e pesquisadora do Instituto Federal de Tecnologia do Tocantins (IFTO), doutoranda  em educação pela UNICID, Vanessa Oster, para entender sua perspectiva acerca dos desafios que o Brasil da pandemia impõem à  mulher, profissional, cientista, esposa, mãe de duas crianças em idade de alfabetização no ensino remoto.

Em sua fala, a professora relata pontos como a intensificação da sobrecarga da mulher no período da pandemia, devido ao acúmulo de atribuições domésticas, das atividades escolares dos filhos às tarefas ordinárias da vida profissional. Nesta perspectiva, a entrevistada destaca a importância da saúde mental para oportunizar uma melhor interação entre as pessoas envolvidas na dinâmica do trabalho, tornando a rotina mais agradável e produtiva e conduzindo todos a decisões assertivas. Por fim, Vanessa Oster aponta preocupações com os retrocessos sociais no que tange ao atraso nas conquistas relativas à equidade de gêneros em decorrência do período de calamidade causado pela COVID-19.

Figura 1 – Foto pessoal

(En)Cena –  Considerando o seu lugar de fala, de mulher, professora do IFTO, pesquisadora, mãe e professora dos filhos em aula online e usuária ativa das redes sociais: o que é ser mulher no Brasil, durante a pandemia da COVID-19?

Vanessa Oster – Ser mulher durante a pandemia é um exercício diário de fé, paciência e persistência. São muitas demandas, é preciso ser uma boa mãe, uma excelente profissional, uma dona de casa exemplar e tudo isso acontecendo ao mesmo tempo no mesmo ambiente. As tarefas se confundem, trabalho e cuido das crianças simultaneamente. Isso para mim é o mais complicado. A sobrecarga da mulher é evidente no período da pandemia, ficou muito claro que as atribuições domésticas e as atividades dos filhos são das mulheres.

(En)Cena – Como a saúde mental (sentimentos e emoções) das mulheres interfere em tomadas decisões acertadas ou equivocadas no trabalho?

Vanessa Oster – Falar de saúde mental neste período é algo difícil, vivo no limite. Existe uma linha muito tênue entre a sanidade e o surto. Durante o dia tenho várias alterações de humor e isso reflete em todas as minhas atividades, principalmente no trabalho. O meu desempenho profissional está diretamente ligado ao meu estado de espírito. Se estou bem a aula ministrada por mim, a metodologia aplicada é exitosa caso contrário nada flui de forma prazerosa. A manutenção da saúde mental é de fundamental importância para que eu tenha condições de realizar as minhas atividades pessoais e profissionais com qualidade. Estando com uma boa saúde mental o convívio (mesmo que virtual) com os colegas propiciará uma interação/ socialização mais agradável e produtiva, o que automaticamente conduzira para decisões assertivas. Sendo assim, neste período, várias decisões tomadas foram erradas em função de uma instabilidade emocional.

Figura 2 – Mari_C/Getty Images

(En)Cena – Quais os desafios de ser ensinar e produzir ciência sendo mãe e mulher, durante a pandemia?

Vanessa Oster – Produzir ciência não é fácil em nenhuma condição, agora então exige uma maior dedicação. Ser mãe e fazer ciência, ao mesmo tempo e no mesmo ambiente é uma equação com muitas variáveis e nem sempre é possível chegar a um resultado, algumas coisas se perdem pelo caminho. Em vários momentos a mãe precisa elencar prioridade as quais lhe tomarão mais tempo. Neste período de pandemia eu optei em priorizar meu tempo com as meninas, até por elas estarem nas serem iniciais e precisarem receber uma alfabetização e um letramento de qualidade. Historicamente e socialmente, a mãe é tida como responsável pelas crianças e responsável por tornar o ambiente doméstico um bom lugar para a família conviver.

Como neste período de pandemia tudo acontece dentro de casa, fazer ciência e ser mãe demandou que muitas horas de sono fossem dedicadas a leitura para que a minha produção acadêmica não parasse. Com muita dedicação, muitos momentos de surtos e sem muita compreensão das crianças eu tenho conseguido fazer ciência. Não sei se manter a produção acadêmica é uma decisão assertiva no momento, devido à sobrecarga, mas é muito satisfatório ter resultados de um trabalho seu publicado. Seja como capítulo de livro, artigo ou qualquer outra forma de documentar a minha contribuição para a ciência. E assim vamos seguindo entre uma tarefa e outra das crianças um artigo é lido, depois que elas dormem é que consigo escrever.

Figura 3 – freepik

(En)Cena – Na sua opinião, qual seria o caminho para as mulheres no pós-pandemia?

Vanessa Oster – Antes da pandemia estávamos em um “momento feminino”, estávamos nos aproximando de uma equidade de gêneros, porém com a crise da covid-19 talvez a vida de muitas mulheres mude e tenha um “retrocesso” no que se trata da equidade. Em função do convívio mais intenso entre os cônjuges, devido fatores econômicos e vários outros acontecimentos da pandemia, aumentou muito o número nos casos de violência doméstica. Algumas meninas que estavam em idade escolar, viraram adultas no período de pandemia começaram a trabalhar e terão dificuldades para voltar a escola, algumas mulheres saíram do trabalho para cuidar dos filhos pois não tinham com quem deixar as crianças, tornando-se assim dependentes financeiramente dos seus cônjuges. A meu ver são alguns fatores que podem levar uma submissão feminina. Por outro lado, algumas mulheres se destacam no período pandêmico devido ao potencial de liderança e facilidade de mediar conflitos nos Governos e nas Empresas. Sendo assim acredito que existirá dois grandes grupos, as mulheres independentes e estáveis profissionalmente (não sei se com saúde mental) que estarão à frente de grandes projetos sociais, grandes empresas e até mesmo líderes de governo e aquelas que retroagiram e tiveram que postergar o sonho da igualdade de gênero por mais uns anos. O que ambos os grupos terão em comum, é serem formados por mulheres sobrecarregadas e que estão em constante busca de equilíbrio.

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Esforço e incerteza – (En)Cena entrevista Raianne Silva

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“Um homem deixar a sua casa e cruzar o país, buscando a melhoria da família, é normal. Afinal de contas ele é pai de família: o provedor. Mas quando nós tomamos esse papel para nós, quem não tem força e não se impõe desiste na primeira crítica”.
Raianne de Nazaré Silva e Silva

O Portal (En)Cena conversa com Raianne de Nazaré Silva e Silva, para entender sua perspectiva acerca dos desafios de mulher, migrante econômica do Estado do Pará para o Tocantins (em 2019), mãe de três crianças entre 3 e 9 anos alunos da escola pública municipal de Palmas-TO e sem aulas desde março de 2020 no Brasil da pandemia. A entrevistada destaca os desafios de ser migrante econômica e sair do seu estado deixando a casa, a família e os filhos para buscar oportunidades de trabalho em outro estado, aponta o sofrimento psíquico agudo causado pelas inseguranças vividas durante a pandemia, especialmente, por de saber que os filhos não estão estudando como deveriam e, por fim, indica a importância de ter empatia e de “ouvir” suas dores e cargas emocionais como meio para buscar saúde mental no pós-pandemia.

Raianne de Nazaré Silva e Silva. Foto: arquivo pessoal

(En)Cena – Considerando o seu lugar de fala, de mulher, esposa, mãe de três crianças, migrante, profissional de marketing, responsável por seleção de outras mulheres para o cargo de promotora de vendas da empresa NATUMIX e usuária ativa das redes sociais: o que é ser mulher no Brasil, durante a pandemia da COVID 19?

Raianne Silva – Posso dizer com firmeza que é ser resiliente. É buscar forças de onde a gente acha que não tem mais para fazer dar certo. Nós não podemos nos dar ao luxo de não tentar, ou aceitarmos a falha. É buscar constantemente o equilíbrio entre ser uma boa profissional, uma excelente mãe e, ainda, buscar um espaço para se enxergar como mulher.

(En)Cena – Para você, como a pandemia impacta a saúde mental (sentimentos e emoções) das mulheres?  E qual é o efeito deste impacto na rotina de casa e do trabalho?

Raianne Silva – A pandemia veio como sinônimo de incerteza, né? A incerteza é devastadora.  Não saber quando tudo isso acaba. Quando teremos efetivamente um dia normal, em que eu possa trabalhar sem estar preocupada em como os meus filhos estarão passando, em casa. Quando eu possa ter certeza de que eles possam estar sendo bem instruídos, em relação a ensino. É muito preocupante este cenário. E ao mesmo tempo, um sentimento de impotência toma conta da gente. Principalmente porque isso não é algo que esteja ao nosso alcance para ser controlado. Então é triste ver que os meus filhos não estão sendo as crianças que eles deveriam ser agora. É triste acordar e deixar tudo pronto, enquanto eles ficam mais um dia sem aula, enquanto eu saio para trazer o sustento. E mais triste ainda é saber que eles têm essa noção e compreendem algo que não deveria atingir eles, mas atinge. E o sentimento resumidamente é esse: impotência.

Figura 1 pixbay

(En)Cena – O Ministério da Saúde do Brasil [1] apresenta a migração como um dos fatores de risco para o adoecimento psíquico. Estar em trânsito, exilado ou asilado é uma ameaça para a saúde mental do migrante que sofre de solidão, luto e perseguição velada ou explicita, e um desafio para os agentes do cuidado humano que é confrontado pelas leis em geral e pela sociedade em particular. Depois de ter vivido a experiência de ser migrante, deixando família e amigos no Pará para vir, inicialmente sozinha, buscar trabalho no Tocantins: na sua opinião, como podemos compreender o sofrimento emocional das mulheres migrantes econômicas, durante a pandemia?

Raianne Silva – É muito louco quando a gente fala de mulher migrante. Porque quando você ouve histórias de mulheres que deixaram suas casas e foram em busca de uma melhoria de vida para si e para os seus, é emocionante. Normalmente, as pessoas falam como um exemplo a ser seguido. Mas, na prática nós somos muito julgadas. Um homem deixar a sua casa e cruzar o país, buscando a melhoria da família, é normal. Afinal de contas ele é pai de família: o provedor. Mas, quando nós tomamos esse papel para nós, quem não tem força e não se impõe desiste na primeira crítica.

– Ah! Você vai deixar seus filhos.

– E se não der certo?

– Vai para um lugar onde ninguém te conhece? Onde você não conhece ninguém te conhece?

– Vai viver longe da família?

Isso é um pouco do que a gente ouve. Além de ser taxada de louca. Pouco é o apoio, o incentivo. E é triste. Porque a gente enfrenta uma jornada terrível de desligamento, de distanciamento dos filhos, de saudade e de tristeza. Acho que o apoio é muito importante para que essa carga se torne um pouco mais tranquila de ser carregada.

Figura 2pixbay

(En)Cena – Na sua opinião, qual seria o caminho para as mulheres no pós-pandemia?

Raianne Silva – O caminho é ser empático e reconhecer o esforço do nosso trabalho. Buscar se colocar no nosso lugar (de mulher) para compreender um pouco, ou pelo menos ouvir mais das nossas dores e cargas emocionais. Todos nós estamos travando diariamente lutas internas. Tudo pode ser um pouco mais leve. A gente merece ser reconhecida pelo nosso esforço, pela nossa garra e pelas nossas vitórias.

Nota:

[1] FARBER, Sonia Sirtoli e outros. O sentido da vida e a depressão: uma reflexão sobre fluxo migratório e fatores preditivos de suicídio. https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/2471/4735

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