A divisão sexual do trabalho ocorre devido a divisão do trabalho social relacionado a questões de gênero. Desde a Antiguidade, o homem era responsável pela caça, enquanto a mulher conhecida como única responsável pela reprodução era encarregada pelo cuidado e zelo dos filhos. Porém com o passar do tempo e a revolução industrial, a mulher passa a lutar pelo seu espaço no meio social e trabalhar nas fábricas, a força já não era um requisito principal para a prática do trabalho fora do âmbito familiar (KERGOAT, 2000).
Nos dias atuais, embora as mulheres estejam cada vez mais conquistando seus direitos e lutando pela diminuição da desigualdade entre homens e mulheres, o que se percebe é que o papel da mulher continua relacionado ao cuidado do lar, e dos filhos. Apesar de terem a possibilidade de ocuparem lugares como a construção civil e exercerem profissões ditas como “profissões para homens”, ainda recebem salários menores que os homens.
Essa situação se intensifica quando falamos sobre as mulheres negras. As mulheres negras sofrem ainda com o preconceito por sua cor de pele, e na maioria das vezes são relacionadas à profissão de empregada doméstica. Levando em conta as estatísticas que apontam o baixo nível de escolaridade, acabam por terem ainda mais dificuldade em conseguir cargos melhores, ganhando menos ainda nas suas funções que as mulheres brancas (LIMA; CARVALHO, 2016).
Fonte: encurtador.com.br/jvyAC
Existem profissões em que as mulheres possuem uma maior facilidade em dominar a liderança nas contratações, porém, até neste ponto é nítido o estereótipo criado em volta da mulher. Geralmente são profissões voltadas ao cuidado, ou semelhantes às atividades domésticas, como por exemplo, professoras ligadas ao cuidados e educação de crianças, enfermeiras ligadas ao zelo, demonstram discursos colocando a mulher como direcionada para essas profissões ditas femininas devido a fragilidade, delicadeza e feminilidade (SILVIA; MENDES, 2015).
Dessa forma, a pirâmide de rendimentos no qual no topo dela está o homem branco seguido de homens negros, depois de mulheres brancas e por fim de mulheres negras ainda continua em manutenção de forma bem evidente, atual e cruel. Com isso, negras ganham menos, mesmo com vários anos de estudos ou o ramo no qual exerce sua profissão, pois está sobreposto a duas condições: a de ser mulher e a de ser negra (raça e gênero).
Com o contexto atual, a luta das mulheres seja através do feminismo ou na vivência do trabalho a cada dia que passa nas atitudes de questionar desigualdades ou buscar melhorias, procura cada vez mais, mais conquistas para as mulheres, buscando dessa forma diminuir a desigualdade entre homens e mulheres. Tentando dar à mulher a oportunidade de ocupar seu espaço de forma justa, sem ocupar os lugares dos homens, mas sim o seu próprio lugar.
REFERÊNCIAS
KERGOAT, D. Divisão sexual do trabalho e relações sociais de sexo. Trabalho e cidadania ativa para as mulheres: desafios para as políticas públicas. São Paulo: Coordenadoria Especial da Mulher, p. 55-63, 2003. Disponível em:<https://library.fes.de/pdf-files/bueros/brasilien/05634.pdf#page=55>. Acesso em 08 julho de 2021.
LIMA, R. M.; CARVALHO, E. C. Destinos traçados? Gênero, raça e precarização e resistência entre merendeiras do Rio de Janeiro. Revista da ABET, v. 15, n. 1, p. 114-126, 2016. Disponível em:<https://periodicos.ufpb.br/ojs/index.php/abet/article/view/31263> Acesso em 15 julho de 2021.
SILVA, M.C.; MENDES, O.M. As marcas do machismo no cotidiano escolar. Caderno Espaço Feminino, v. 28, n. 1, 2015. Disponível em:<http://www.seer.ufu.br/index.php/neguem/article/view/31723>. Acesso em 23 maio de 2021.
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Autoestima da mulher: como fica o autocuidado de quem cuida
A autoestima está ligada ao valor que uma pessoa dá a si mesmo, aos seus sentimentos, em diferentes situações e eventos da vida (SCHULTHEISZ; APRILE, 2013). Enquanto, de acordo com Bub (et al, 2006), o autocuidado é a atitude de cuidar de si mesmo, ligado ao ato de se preocupar ou ocupar-se com seu próprio cuidado com a finalidade de obter uma melhor qualidade de vida. Porém, ao se pensar que a autoestima e o autocuidado são tarefas fáceis de se pôr em prática, verificamos o contexto das mães.
A mulher nos dias atuais, busca cada vez mais exercer seu papel social no contexto em que está inserida e a repartição das tarefas domésticas que por muito tempo foram consideradas como de sua responsabilidade. Apesar disso, ainda se encontra como principal responsável pelo cuidado e zelo da casa e dos filhos. O cuidado, acaba por se encontrar no dia a dia da mulher sempre ligado ao cuidar do outro, dos filhos, do marido, dos pais e das pessoas ao seu redor.
O autocuidado da figura feminina quando ocorre, é caracterizado pela influência das mídias sociais e a crença de que o cuidado da mulher consigo mesmo deve sempre estar voltado a questões estéticas, reforçando a objetificação do corpo da mulher como sendo produto a ser conquistado pelos homens (CHAVES, 2015). O foco da mulher no cuidado do próximo, e a culpa por sentir que não está fazendo o suficiente pelos outros ou por si própria pode reverberar em impactos em sua autoestima.
Fonte: encurtador.com.br/ahsw4
Durante uma roda de conversa intitulada “Autoestima: autocuidado e autoconhecimento” realizada por acadêmicas de Psicologia do Ceulp Ulbra via online com mulheres, o autocuidado foi conceituado pelas participantes ao ato de deliberar tempo para cuidar de si, fazer algo que lhe dê prazer e ter zelo consigo mesmo, cuidando do físico, emocional e espiritual. O que pode reverberar na autoestima e no autoconhecimento de cada pessoa. Porém, foram percebidas as crenças de autocuidado apenas ligadas ao cuidado com o corpo.
Em um pesquisa aplicada também por acadêmicas do curso de Psicologia do Ceulp Ulbra com 200 mulheres sobre os pontos que as afetam durante o processo da pandemia da COVID-19, foi constatado que grande parte das mulheres se sente sobrecarregada com as tarefas domésticas (46%), e em alguns casos sentem falta de uma rede de apoio (17,5%). Foi verificado também que como meio de melhorar a qualidade de vida, atividades como reinventar as tarefas domésticas cozinhando algo diferente (36%) ou procurar assistir/ouvir coisas que que tragam esperança (49,5%), foram praticadas.
Após uma discussão sobre possibilidades de autocuidado não ligados a cuidados estéticos, mas sim a atividades prazerosas do dia a dia ou ao ato de permissão de sentir sentimentos, se auto perdoar ou se permitir experimentar coisas novas. Foram relatadas como autocuidado também em atividades como jardinagem, descanso, cuidado com a casa e com o corpo ligadas a promoção de relaxamento e até mesmo sentir prazer em ter a possibilidade de acordar mais tarde que seus companheiros.
REFERÊNCIAS
BUB, M.B.C. et al. A noção de cuidado de si mesmo e o conceito de autocuidado na enfermagem. Texto & Contexto-Enfermagem, v. 15, p. 152-157, 2006. Disponível em:<https://www.scielo.br/j/tce/a/LP6Z97VFMXBTRKkHqwyJQBj/?lang=pt&format=pdf>. Acesso em 15 julho de 2021.
CHAVES, F.N. A mídia, a naturalização do machismo e a necessidade da educação em direitos humanos para comunicadores. In: XVI Congresso de Ciências da Comunicação na Região Norte–Intercom. 2015. Disponível em:<https://www.portalintercom.org.br/anais/norte2015/resumos/R44-0606-1.pdf>. Acesso em 15 julho de 2021.
SCHULTHEISZ, T.S.V.; APRILE, M.R. Autoestima, conceitos correlatos e avaliação. Revista Equilíbrio Corporal e Saúde, v. 5, n. 1, 2013. Disponível em:<https://revista.pgsskroton.com/index.php/reces/article/view/22>. Acesso em 15 julho de 2021.
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Transições nos papéis dos indivíduos em comunidades ao longo do desenvolvimento
O texto do qual estamos comentando – A Natureza Cultural Do Desenvolvimento Humano, de Rogoff – tem por objetivo nos orientar como se refere às transições de papéis dos indivíduos em suas comunidades ao longo do desenvolvimento. Uma questão central na psicologia do desenvolvimento tem sido identificar a natureza e o ritmo das pessoas, de uma etapa de desenvolvimento para a próxima, da primeira infância até a idade adulta.
As transições no desenvolvimento costumam ser retratadas pelos pesquisadores como algo que pertence aos indivíduos, como nos estágios de desenvolvimento cognitivo descritos por Piaget. Muitas vezes as etapas do desenvolvimento são identificadas em termos de desenvolvimento de papéis comunitários por parte da pessoa. Assim pode se ver como exemplo, o desenvolvimento até a maturidade no modelo navajo é um processo de aquisição de conhecimento para ser capaz de assumir responsabilidade por si e por outros.
Muitas comunidades marcam as transições no desenvolvimento com cerimônias. Algumas cerimônias de transição marcam eventos e realizações valorizados, tais como o primeiro sorriso, a primeira comunhão, a formatura ou inicio da menstruação. Já outros reconhecem essas passagens baseadas na idade. Essa pratica cultural explicitam muitas vezes o desenvolvimento individual em relação a expectativas sociais e culturais, marcando as transições, não apenas para os indivíduos, mas para gerações.
Fonte: http://googleshortener.com/W7UuGhIQ
Com tudo percebe-se que no desenvolvimento em algumas comunidades, as etapas não se baseiam em idade cronológica ou em mudanças físicas. Em lugar disso, são centradas em eventos socialmente reconhecíveis, tais como a identificação das coisas pelo nome. Assim como dar nome a uma criança marca o começo de sua condição de pessoa. As crianças cumprem uma função espiritual, estabelecendo ligação com ancestrais que deixaram o mundo dos vivos, mas não foram muito longe. É interessante como podemos analisar esse texto de forma ampla, pois dentro de cada cultura que é mostrada pode se observar como é visualizado o desenvolvimento de um individuo de maneiras distintas.
Em todo o mundo, as distinções nas etapas do desenvolvimento costumam ser definidas segundo o começo da participação da criança, de uma nova forma, na família ou na comunidade. Então são citadas como exemplo as famílias euro-americano de classe média, muitas vezes distinguem quando um bebê dá um sorriso social pela primeira vez, ou começa a falar, condições importantes em suas relações com seus cuida dores. Isso levando á uma grade percepção de que a interação da criança com o meio é muito importante onde às etapas do desenvolvimento também fazem referencia ás relações das crianças com outras pessoas e com a comunidade.
Atribuindo um status social único aos bebês
Em algumas comunidades, os bebês e as crianças pequenas tem atribuído a si um status social único, no qual seus atos e suas responsabilidades são considerados como sendo de um tipo diferente daqueles das crianças mais velhas e dos adultos. Assim fazendo com que vejamos a importância de cada individuo. O desenvolvimento de bebês e crianças pequenas é apoiado dirigindo-os ao comportamento adequado, de forma que entendam, pois a transição envolve descontinuidade nas normas especificas de compartilhamento, da primeira infância á infância, em contraste com a coerência da aplicação das regras a crianças pequenas e mais velhas que se encontra em comunidades euro-americano de classe média. “Supõe-se que as regras sociais não possam ser aplicadas a menos que a criança subjetivamente pronta para entendê-las e aceita- lãs, ou segui-las voluntariamente”.
Essa transição envolve descontinuidade nas normas específicas de compartilhamento, da primeira infância á infância, que é de onde se estabelece o desenvolvimento e em contraste a coerência da aplicação das regras desde então. Papéis responsáveis na infância vêm demonstrar qual a contribuição de cada criança em seu patrão de idade, em muitas partes do mundo entre os cinco e sete anos de idade é uma época importante de transição nas responsabilidades das crianças e em seus status na comunidade.
Fonte: http://googleshortener.com/V1449phb
Assim este texto vem também com o intuito de nos mostrar como outras culturas visam de forma diferente o desenvolvimento, como por exemplo, a sociedade ocidental burocrática muda seu tratamento das crianças nessa idade considerando as capazes de distinguir o certo e o errado, de participar de trabalhos e de começar uma educação seria em instituição fora de casa. A pesquisa sobre o desenvolvimento muitas vezes observa uma descontinuidade nas habilidades e no conhecimento em torno dos cinco e sete anos. Muito interessante percebermos como é a etnografias de 50 comunidades em todo o mundo onde indicam uma mudança muito difundida em torno dos cinco e sete anos, nas responsabilidades e expectativas com relação às crianças.
É importante que compreendamos assim como o texto mostra as diversidades da cultura no mundo com relação ao desenvolvimento e ainda mais com relação às crianças, pois as expectativas com relação às crianças de cinco e sete anos ou de qualquer outra idade tem alguma base geral, mas é importante não atribuir especificidade exagerada a expectativas de idade para atividades determinadas, pois ampla variação ocorre com relação à idade em que se espera que as crianças desenvolvam complexas e valorizadas.
Papeis de gênero
As amplas diferenças de crianças no mundo estão intimamente relacionadas aos papéis de gênero dos adultos em suas comunidades. Então vejamos que geralmente, à medida que os seres humanos continuam a transformar suas práticas culturais, os papéis de gênero mudam ao mesmo tempo em que se mantêm longas tradições. Então nota-se que os papéis de meninos e meninas são estabelecidos paralelamente aos de mulheres e homens em suas comunidades à medida que começam a seguir os padrões dos mais velhos.
Compreender as mudanças biológicas e culturais dos papeis de gênero ao longo de gerações pode nos ajudar a ir além das limitações das dicotomias, possibilitando-nos que determinamos nosso rumo. Não é de surpreender que as diferenças de gênero entre crianças sejam coerentes com os papéis. Muitos autores caracterizam as práticas culturais euro-americanas a partir de uma ênfase no individualismo e na independência. Entretanto, há amplas diferenças culturais na visão da maturidade como algo que leve á independência da família de origem ou vínculo e responsabilidade renovados com relação a essa família.
Fonte: http://googleshortener.com/0PSb
Na vida cotidiana, assim como na pesquisa cultural, as questões das relações sociais trazem a nossa atenção como às pessoas consideram que os interesses próprios coletivos operam. No processo, cada geração pode questionar e revisar as pratica de seus predecessores, especialmente quando praticas diferenciada de comunidade distinta.
Independência versus interdependência com autonomia
As práticas de educação de criança em muitos grupos culturais contrastam com a formação voltada à individualidade separada, privilegiada pela classe euro-americano. Em muitas comunidades, as crianças são socializadas para serem interdependentes. Assim são estimuladas a interagir de forma multidirecional com grupos de pessoas. Então o que podemos observar é que em algumas comunidades nos quais a interdependência é enfatizada, o contato físico próximo é necessariamente parte de envolvimento com o grupo com isso mostrando como é interessante como esse processo de interdependência ocorre de maneira natural em que o contato físico próximo, a interdependência implica estar voltado ao grupo.
Onde esse envolvimento, todavia, pode simultaneamente dar ênfase a autonomia individual, podendo ser baseada em escolha individual e voluntária. Em algumas comunidades, a provocação por parte de adultos ou pares é uma maneira de informar indiretamente as pessoas esta fora dos limites, ou indicar a elas a forma adequadas de agir, essa é uma forma de controle social que não exige forçar as pessoas a se adaptar a hábitos culturalmente adequados, especialmente em pequenas comunidades inter-relacionadas. Em algumas comunidades, o constrangimento é tanto um método para ajudar as crianças a aprender preceitos morais quanto uma virtude a ser desenvolvida.
Assim pode se ver que a pesquisa sobre o desenvolvimento moral em diferentes comunidades envolveu, muitas vezes testes de raciocínio moral. As respostas aos dilemas morais em diferentes comunidades se enquadram em várias posições nessa escala, com um desempenho “inferior” nas comunidades em que não aquelas em que a escala foi elaborada.
Alguns preceitos obrigatórios no código moral de qualquer sociedade, entre os quais a ideia de que obrigação de ordem mais elevada tem precedência à preferência individual ou o arranjo de grupo principia de se evitar danos e o principio da justiça, segundo o qual os casos devem ser tratados de forma semelhante. Ao mesmo tempo, certas características facultativas são afirmadas por algumas sociedades.
Fonte: http://googleshortener.com/B8TYi
Podemos ver que em muitas comunidades os pressupostos culturais com relação às prioridades individuais ou de comunidade, ou seu caráter mutua, são levados aos relacionamentos habituais da vida cotidiana. Então podemos concluir em nosso entendimento que as realizações individuais podem ser buscadas e reconhecidas de modo a priorizar a competição, ou podem ser apreciadas como contribuições ao funcionamento da comunidade. Por meio dessas questões nas relações sociais dos seres humanos, a autonomia e a interdependência são negociadas segundo tradições culturais e renegociadas á medida que novas gerações avaliam posturas alternativas.
REFERÊNCIAS:
ROGOFF, B. A Natureza Cultural Do Desenvolvimento Humano. 1 ed. Brasil: Artmed, 2005.
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Estudo da Subjetividade na Família: a importância da comunicação
No texto de Peres (2005), “O Estudo da Subjetividade na Família: Desafios Metodológicos”, a autora aborda aspectos da subjetividade no contexto familiar a partir da situação de “crianças de rua”, observando perspectivas econômicas, materiais e psicológicas, e considerando ainda, um método que contemple as especificidades de cada criança e família. Tendo como fonte a subjetividade individual constituída na comunicação da família para compreensão do desenvolvimento, são adotadas no texto concepções que contemplam a história e cultura dos indivíduos.
Peres (2005) pontua o social como importante catalisador para o desenvolvimento, de modo que a significação dos papéis de cada indivíduo se dá primeiramente através da família. As emoções como processos psicológicos, produziriam sentidos subjetivos das experiências, que devem compreendidos em cada momento da história pessoal. As necessidades da criança, por sua vez, seriam constituintes das emoções e motivariam o desenvolvimento, e por isso deveriam ser organizadas inicialmente na família por meio da comunicação entre os membros. Porém, isso seria dificultado devido aos vários modelos de família influenciados por situações socioculturais (PERES, 2005).
Fonte: http://zip.net/bdtLlG
Os papéis iniciais assumidos pela criança na família, oriundos da afetividade necessária, seriam gradualmente diferenciados e singularizados e também se tornariam mais complexos. A formação da subjetividade influenciada pela linguagem seria dependente da afetividade, tornando nossas condutas dependentes do social. Para a autora, a compreensão do caráter intersubjetivo dos papéis auxiliaria o desenvolvimento de um autoconceito, sendo a família um lugar de possível produção de subjetividades individuais, construindo um Sujeito (PERES, 2005).
A comunicação, segundo Peres (2005), seria uma via de acesso a construção informações sobre processos subjetivos familiares, sendo a qualidade de suas relações dependente disso. Porém, dificuldades e desigualdades no âmbito social tornariam a comunicação penosa e até mesmo impraticável, que é o caso das famílias de “crianças de rua”. A comunicação intersubjetiva permitiria o compartilhamento de expressões de subjetividades individuais, incluindo aspectos de reciprocidade no grupo. Uma comunicação autêntica seria, portanto, fundamental para o desenvolvimento individual na família e sociedade (PERES, 2005).
Fonte: http://zip.net/bctKMC
Dessa maneira, para a construção de um método que contemple qualidades construtivas e interpretativas, é necessário que haja “zonas de sentido do real”, ou seja, elementos que façam sentido para a família na sua relação com o pesquisador, através do contexto das subjetividades e histórias desse grupo (PERES, 2005). A formação dessas zonas em conjunto, propiciaria uma autonomia ou uma expressão aberta de ideias e sentimentos que são singulares, possibilitando ao investigador a construção de sínteses, e à família a oportunidade de entendimento das informações.
A compreensão da subjetividade na família seria, portanto, fundamental para seu estudo, sendo o método, responsável pela qualidade da relação com o pesquisador e também pela autonomia dos indivíduos. Vê-se desse modo, a família como responsável pelas construções subjetivas dos indivíduos, que são fundamentadas no social. A formulação de necessidades no âmbito familiar de modo geral proporcionaria a sensibilização entre os membros do grupo, independentemente das condições da comunicação, que por sua vez é singular devido às subjetividades.
Fonte: http://zip.net/bgtKPs
O incentivo a comunicação familiar se apresenta, desse modo, como ferramenta indispensável para a compreensão de sua subjetividade. Além de uma oportunidade de expressão de suas construções subjetivas, os indivíduos ganhariam secundariamente, pois às organizariam para poder se comunicar, e a partir dessa organização conseguiriam perceber suas novas necessidades e emoções.
A relação entre necessidades, emoções e comunicação no âmbito familiar demonstra a importância da qualidade de suas relações, pois refletem no autoconceito de cada um, bem como a maneira como o indivíduo interage com a sociedade. Logo, o papel do mediador/profissional que intervém nesse grupo, seria o de identificar as singularidades da família em questão e incentivar a comunicação entre os membros de acordo com essas características, de modo que seja possível compreender melhor sua subjetividade, bem como encorajar sua autonomia.
REFERÊNCIA:
PEREZ, Vannúzia L. A. O Estudo da Subjetividade na Família: Desafios Metodológicos. In: F. González Rey. (Org.). Subjetividade, Complexidade e Pesquisa em Psicologia. São Paulo: Thomson, 2005.
Recente Psicologia em Debate, por tema ´´A maternidade invisível“, realizado pela acadêmica Roberta Galvani refletiu e debateu acerca dos aspectos sobre o feminino, dando ênfase a maternidade, a perda de identidade e os inúmeros papéis que a mulher desempenha principalmente nesse período de gestação e pós-gestação, chegando muitas vezes a esquecer de si mesma.
Percebemos que cada vez mais a mulher vem sendo cobrada de forma excessiva pela sociedade quanto ao vários papeis que ela “deve” desempenhar, e isso acaba tendo um peso negativo para a mulher que, dependendo do contexto que está vivenciando perante a gravidez e outros conflitos que possam surgir, pode vir a sofrer ainda mais. Por esse e outros motivos citados no debate, é de extrema importância que a mulher faça terapia, principalmente nesse período que antecede a gestação, reduzindo assim possíveis danos que eventualmente venham causar algum conflito mais extenso.
Fonte: http://zip.net/bktJ9D
Alguns aspectos levantados na discussão serviram de questionamento e reflexão, pois em maior parte, a gravidez é olhada somente por um lado, o lado do positivo, de um bebê que vai nascer e trazer alegria, isso é o que os “de fora” pensam e argumentam, sem ao menos pensar no outro lado, o lado da mulher que recebeu esta noticia e que pode talvez, não estar tão contente com isso, e é justamente aí que se encontra possivelmente o maior erro. Pois tendemos logo a dar mais atenção, cuidado e importância ao bebê e esquecendo-se da mãe, que nesse período precisa de um maior cuidado e atenção. Diante da pressão da sociedade e da vivência da maternidade, ocorre a perda de identidade da mulher, que passa a ser vista como “mãe de, esposa de, trabalha na”.