Vício em pornografia: o impacto na saúde mental e nas relações sociais

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O ato sexual, a lascívia, são situações que acompanham a humanidade desde seus primórdios. As reações químicas desencadeadas pelo ato libidinoso fazem com que os indivíduos envolvidos nesta prática fiquem conectados de uma forma única.

Ocorre que, assim como a necessidade em satisfazer os desejos carnais, o interesse em consumir conteúdos eróticos não é recente. Nos tempos antigos, eram comuns as expressões artísticas com nudez, como, por exemplo a Vênus de Willendorf, ou até mesmo do próprio ato sexual.

Desta forma, percebe-se que os interesses sociais relacionados ao consumo de conteúdos adultos transcendem os tempos modernos.

Mas o avanço tecnológico, a globalização, a miscigenação cultural, principalmente após a proliferação da internet e a criação de conteúdos inteiramente virtuais, fez com que houvesse um crescimento exponencial e silencioso que facilitou o acesso a vídeos, imagens e, até mesmo, a comercialização da exposição do corpo ao vivo.

Era de se esperar que este mercado movimentasse grandes fortunas, mas, além do dinheiro, traz consigo vícios e complicações no desenvolvimento das relações interpessoais, sociais e familiares, de modo que a objetificação da mulher se torna mais intensa, depravada, agressiva e, até mesmo, obsessiva.

O vício em pornografia é um mal presente, principalmente, na vida dos homens, não sendo limitado a estes, que causa um retardamento cognitivo, além de desencadear depressão e outros problemas psicológicos na vida das pessoas que são dependentes e que buscam uma melhoria de vida.

Ante o exposto, busca-se compreender como funciona os aspectos da pornografia, sua evolução histórica, e os comportamentos mais comuns entre aqueles que se encontram em estado de dependência nestes casos.

A PORNOGRAFIA CONTEMPORÂNEA

Etimologicamente, a palavra pornografia tem sua origem do grego pornographôs, que, em sentido literal pode ser traduzido como escritos sobre prostitutas. Neste sentido, Érica Cristina Procópio Campos (2006), nos brinda com a seguinte compreensão do significado da palavra:

A palavra pornografia origina-se do grego pornographos, que significa, literalmente, “escritos sobre prostitutas”, referindo-se à descrição dos costumes das prostitutas
de seus clientes. Além de ser “escrita acerca do comércio sexual”, seu significado nos dicionários indica a expressão ou sugestão de assuntos obscenos na arte, capazes de motivar ou explorar o lado sexual do indivíduo. Devassidão. Libertinagem.

Não obstante, o interesse por temas do gênero é tão antigo quanto a civilização. Estátuas, gravuras, obras de artes, escritas, diversos meios de comunicação do mundo antigo explora as mais diversas formas de satisfação da lascívia, desde imagens representando a felação, até mesmo orgias e rituais sexuais ou até mesmo homoafetivos como eram comuns na Grécia antiga.

A revista Super Interessante, em 2017, publicou artigo falando sobre “os 30 mil anos de erotismo na arte”, com representações sexuais que remontam os tempos mais antigos da sociedade, como a obra de arte pré-colombiana que se encontra no museu Larco Herrera, em que há um nítido ato de felação entre dois indivíduos.

Fonte: Freepik

No livro A Prostituta Sagrada: a face eterna do feminino, Nancy Qualls-Corbett (1988), aborda a história da prostituta através dos milênios e com a intervenção das religiões na profissão:

Embora houvesse algumas restrições na vida das prostitutas sagradas, a maioria delas gozava de maiores privilégios do que as mulheres que levavam uma vida comum.

As prostitutas profanas, no entanto, tinham vida difícil. Durante milênios, a prostituição profana foi predominante, como eram os bordéis, tavernas e lugares de entretenimento. Quando Pompéia foi escavada, algumas casas foram encontradas com o símbolo fálico acima da entrada principal e dentro de algumas alcovas com pinturas sensuais nas paredes; acredita-se que esses eram os lugares para onde “meninas escravas das prostitutas” atraíam homens que buscavam entretenimento sexual.

Percebe-se que a pornografia exploratória não é novidade para humanidade, porém, ainda que antiga, era contida e limitada a determinados ambientes.

Na contemporaneidade, a pornografia e os conteúdos eróticos tornaram-se um produto comercial, como por exemplo o texto de Georges Bataille, a História do Olho (1928) que explora a literatura erótica através de jogos sexuais.

A indústria pornográfica, hoje, explora os mais diversos temas para “satisfazer” os mais doentios interesses da sociedade. Os temas vão de sutis, até abordagens bizarras e doentias como zoofilia e necrofilia[1]. Em sua maioria, os vídeos são voltados para a satisfação dos interesses mais obscuros e íntimos da sociedade, principalmente do grupo masculino que é facilmente estimulado pelo conteúdo explícito que, normalmente, acompanha estes materiais.

A internet se tornou o maior local de consumo de conteúdo adulto, com sites, fóruns, páginas em redes sociais, blogs, todos voltados para a exploração sexual como “entretenimento”.

Fonte: Imagem de Christian Dorn por Pixabay

No artigo Webcamming erótico comercial: nova face dos mercados do sexo nacionais, Lorena Caminhas aponta em seus tópicos as novas vertentes deste comércio, mulheres independentes, comumente denominadas de Camgirls que vivem da exploração de seus corpos:

Tanto em cenário nacional quanto internacional, as camgirls utilizam amplamente redes sociais (sobretudo o Twitter25 e o Instagram) para divulgação de seus shows e para ampliar a comunicação com a audiência. Horários e dias de apresentação, bem como fotografias e vídeos são postados diariamente junto às rifas e listas de desejos. As mídias sociais são também espaços para troca de informação e configuram uma rede de ajuda mútua impossível através dos websites.

Em Consumo de pornografía y su impacto em actitudes y conductas en estudiantes universitarios ecuatorianos (2020), o tema também é amplamente discutido, resumindo, brevemente, os conteúdos explorados nesta indústria.

Seja o que for que você pensa, a pornografia constitui material sexual explícito que transmite informações sobre relações sexuais: tipos de relacionamentos, cenários e roteiros de copulação, potenciais parceiros, posturas. Também transmite modelos do masculino, do feminino, ideais sobre o corpo, desempenho sexual, desejável, permitido, deixando de lado a afetividade da sexualidade e impondo um modelo do que o sexo ‘deveria ser’, a partir de representações tradicionais, criando discursos sobre o ‘normal’, ‘saudável’, ‘permitido’, ‘satisfatório’, entre outros (Rodríguez, González, & Paulini, 2018). (Tradução nossa).

Desta feita, é cediço que o universo virtual que explora a sexualidade como produto comercial busca sempre se adequar as demandas e interesses de seus públicos.

As consequências, porém, de explorar tão abruptamente os instintos sexuais e libidinosos da população é a inclinação viciosa que este tipo de conteúdo pode acarretar, tendo repercussões sociais tão degenerativas quanto substâncias ilícitas.

O VÍCIO E A SAÚDE MENTAL

Antes de adentrar a temática deste artigo, é importante a conceituação do que vem a ser o vício e como este age no cérebro humano.

A língua portuguesa define o vício “dependência física ou psicológica que faz alguém buscar o consumo excessivo de algo, de uma substância, geralmente alcoólica ou entorpecente[2].

É necessário, também, a distinção entre o que vem a ser um vício e um hábito disfuncional. Apesar de parecidos, o hábito disfuncional está mais ligado a um comportamento não saudável adquirido pela reiteração de um ato, voluntário ou condicional, que resultará em prejuízo físico ou social para o indivíduo.

O vício, por sua vez, é mais intenso. Há, como dito, uma dependência física e/ou psicológica que impulsiona um comportamento prejudicial para o consumo de algum alimento, conteúdo ou substância.

Outro fator importante de ser observado, principalmente quando se delimita o vício em pornografia é como são seus efeitos no cérebro humano. Por que alguém se torna viciado em conteúdo adulto?

Para isto, é necessário conhecer a Dopamina, neurotransmissor responsável pela sensação de recompensa cerebral, também conhecida como “molécula do vício” dado sua grande capacidade de viciar o indivíduo naquela sensação.

Fonte: Freepik

Por exemplo, uma pessoa, ao assistir uma cena de copulação que lhe levou a altos níveis de excitação (dopamina), estará tendencioso a buscar alcançar os mesmos níveis de dopamina anteriormente experimentado, de modo que continuará se aprofundando neste universo e buscando temas cada vez mais peculiares para que seu cérebro libere a mesma quantidade de dopamina.

A mesma situação é observada em uma pessoa que tem a dependência em uma droga, lícita ou ilícita, vez que para alcançar os efeitos pretendidos, com o passar do tempo, será necessário o aumento gradativo das doses tomadas ou injetadas.

Com esta fórmula, temos a criação do vício disfuncional em consumir conteúdos pornográficos, desde os “convencionais” aos mais “bizarros”.

Como exposto no tópico anterior, a pornografia comercial vem, cada vez mais, buscando se aprimorar e levar a “melhor experiência” para seu espectador. Com isto, cita-se a exemplo notícia veiculada pelo portal UOL, que divulgou nova produção que busca alcançar novos patamares de dopamina pelos assinantes de uma determinada empresa de conteúdos adultos[3]. Na notícia, a psicóloga Tati Presser ainda diz:

“Um dos maiores auxílios para que isso aconteça são as novidades, e isso inclui filmes, brinquedos ou qualquer novidade que o casal possa trazer para dentro da sua relação. Certamente vai desencadear uma alta desses hormônios. Sem a dopamina, não tem prazer no sexo”, explica Presser.

Pela informação acima, fica cristalino que as grandes empresas não só possuem conhecimento desta condição, como também a usam para atrair mais pessoas para este universo paralelo.

Outro questionamento importante a ser feito é, por que o vício em pornografia é prejudicial à saúde física e mental de uma pessoa?

Primeiramente, tem que ser observado que os níveis de dopamina obtidos em cenas coreografadas, realizadas por profissionais, em posições ou situações que, normalmente, não são convencionais para uma pessoa comum, faz com que este se frustre ao ter uma relação real com uma parceira ou parceiro.

O desejo frustrado de alcançar o nível máximo de dopamina experimentado causa sentimentos de fúria, indignação, depressão, além de fazer com que o indivíduo retorne para o conteúdo visual para satisfazer-se, criando assim um ciclo extremamente vicioso e destrutivo. Outra situação que pode vir a ocorrer é a necessidade da pessoa em tentar reprisar aquelas mesmas condições na realidade, contudo, como dito, as cenas nestes tipos de filmagem são realizadas por profissionais que são aptos para executarem cada movimento e estão dispostos a passarem por cada uma das situações, o que não ocorre na vida real.

Ocorre que, por não serem situações que um homem comum ou mulher comum estejam dispostos a fazer, os popularmente chamados fetiches e fantasias, acaba ocorrendo brigas e intrigas entre casais, ou, em casos extremos, a situação de abuso sexual e estupro marital.

O IMPACTO NAS RELAÇÕES SOCIAIS

Pelo exposto alhures, torna-se cristalino que a dependência no consumo de conteúdos pornográficos é demasiadamente prejudicial à saúde do indivíduo.

Uma pessoa que consome quantidades absurdas de pornografia tem seu psicológico totalmente afetado, posto que sempre buscará satisfazer seus impulsos de uma forma não convencional.

Essa situação muito se espelha nas relações líquidas de Zygmunt Bauman (2000), onde todas as relações são descartáveis e retornáveis, em suas palavras:

A liberdade de tratar o conjunto da vida como uma festa de compras adiadas significa conceber o mundo como um depósito abarrotado de mercadorias. Dada a profusão de ofertas tentadoras, o potencial gerador de prazeres de qualquer mercadoria tende a se exaurir rapidamente. Felizmente para os consumidores com recursos, estes os garantem contra consequências desagradáveis como a mercantilização. Podem descartar as posses que não mais querem com a mesma facilidade com que podem adquirir as que desejam. Estão protegidos contra o rápido envelhecimento e contra a obsolescência planejada dos desejos e sua satisfação transitória.

Ora, a liquidez dos relacionamentos pessoais e interpessoais destas pessoas é característico.

Famosos que falam abertamente sobre o quão tenebroso é o vício neste tipo de conteúdo alertam que a objetificação do corpo feminino é uma pequena fração da real situação que ocorre no dia a dia dos viciados em pornografia.

Terry Crews, renomado ator norte-americano, já falou abertamente sobre como era sua vida durante a dependência nestes vídeos. Em um podcast[4] com o também famoso Mike Tyson, ambos falam com propriedade de como é a vivência de alguém insensível para as relações humanas.

Em determinados trechos da conversa entre os famosos, são levantadas questões importantíssimas que refletem diretamente nos impactos negativos que este vício pode acarretar. Tyson, inicialmente fala sobre o desejo masculino de querer realizar coisas estranhas com sua esposa e esta não compreender e, tampouco, ter o interesse em realizá-las. Crews, por sua vez, inicia sua fala afirmando “there will never be enough porn to satisfy you”, em tradução literal seria o equivalente a “nunca haverá pornô suficiente para te satisfazer”.

Noutro ponto, Crews explica que em sua juventude, frequentando boates de strip-tease, este se sentia incomodado com as dançarinas que começavam a falar de suas vidas particulares, pois aquilo “tirava a mágica” do momento, e tornava aquela pessoa, altamente objetificada em um ser humano.

O vídeo é rico em informações que podem demonstrar os mais tenebrosos campos da psiquê de um viciado em conteúdo explícito e intenso no campo sexual.

Isto posto, a facilidade de se consumir conteúdos adultos atualmente, corroborada com a liquidez moderna que permeia a sociedade, impulsiona a proliferação deste vício silencioso que tem a capacidade de destruir lares e pessoas, sejam famosas (os) ou anônimas (os).

MATERIAIS E MÉTODOS

Para a elaboração deste trabalho, utilizou do método científico de pesquisa bibliográfica, colhendo o máximo possível de materiais existentes que pudessem abordar a temática de vício em pornografia, além das repercussões que esta dependência poderia vir a acarretar na saúde mental e nas relações sociais do indivíduo.

Para tanto, através das palavras chaves Pornografia; Vício; Saúde Mental e Relações pessoais, encontrou-se diversos materiais de suporte, na modalidade documental e visual como vídeos na plataforma Youtube.

Na construção do presente artigo não houve limitação da língua portuguesa para exclusão dos artigos, posto que a problemática abordada assola todos os povos do globo terrestre.

Portanto, o colhimento de informações e materiais de apoio foi estritamente bibliográfico, não sendo adotado outros métodos de pesquisa científica.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Com base em todo o material colhido e apresentado, é possível observar que a sexualidade é um tema íntimo dos seres humanos, abordados desde muito antes da escrita moderna, de modo que indica que este continuará sendo um tema muito explorado pelas gerações futuras.

A dependência neste tipo de conteúdo é extremamente prejudicial pois reduz a capacidade cognitiva do indivíduo de discernir entre o que é fantasioso, atos coreografados e executados por pessoas altamente profissionais daquilo que é real, do convencional.

O impacto negativo que tais condições podem ofertar é a dependência irracional no consumo de conteúdos e materiais pornográficos, que pode acarretar no cometimento de crimes sexuais, inclusive pedofilia, bem como no aspecto psicológico, pode resultar em distúrbios mentais e quadros de depressão profunda, sendo necessária uma intervenção agressiva para o tratamento do paciente que se encontrar nestas condições.

CONSIDERAÇÕES

O vício em pornografia é uma situação mais presente na sociedade do que se imagina. O fácil acesso à sites pornográficos, revistas, vídeos, imagens, áudios, gravações amadoras, abre portas para que haja a exploração da lascívia de uma forma que nem mesmo os gregos pensariam ser capaz de ocorrer.

A desconexão entre a realidade e o mundo pornô causa níveis de frustração imensuráveis naqueles que buscam reproduzir suas cenas e posições favoritas, além de criar um submundo obscuro de profanação ao corpo, com abusos sexuais e estupros, além de movimentar fortunas absurdas cada dia.

Quem se encontra nestas condições é uma pessoa extremamente depressiva, dependente de um impulso selvagem, não muito diferente de um animal em busca de reprodução, reduzindo sua capacidade cognitiva a um estado ancestral, e que necessita de tratamento psicoterápico com urgência, pois, do contrário, poderá se afundar em um universo cruel dentro de sua própria psiquê.

REFERÊNCIAS

MORETA-HERRERA, Rodrigo; ORTIZ, Doris; MERLYN, Marie-France. Consumo de pornografia y su impacto en actitudes y conductas en estudiantes universitarios ecuatorianos. Psicodebate, Vol. 20, nº 2, Dec. 2020.

DECLERCQ, Marie. A ‘uberização’ do pornô: influencers do sexo estão mudando o mercado adulto. Brasil. TAB. 2020. Disponível em: < https://tab.uol.com.br/noticias/redacao/2020/02/04/a-uberizacao-do-porno-os-influenceres-estao-mudando-o-mercado-adulto.htm>. Acesso em 20 nov. 2021.

TYSON, Myke. Terry Crews, Part 1 | Hotboxin’ with Mike Tyson | Ep 11. Youtube. 2019. Disponível em:< https://www.youtube.com/watch?v=mhRmXHQXb7o&t=359s>. Acesso em 25 nov. 2021.

BAUMAN, Zygmunt. Modernidade líquida; tradução, Plínio Dentzien. – Rio de Janeiro:

Jorge Zahar Ed., 2001.

QUALLS-CORBETT, Nancy. A prostituta sagrada: a face eterna do feminino; Tradução Isa F. Leal Ferreira; revisão Ivo Storniolo. São Paulo. PAULUS, 1990.

[1] FRANCO, Marcella. Estupradores de cadáveres têm “sexualidade monstruosa”, diz especialista. Disponível em: https://noticias.r7.com/saude/estupradores-de-cadaveres-tem-sexualidade-monstruosa-diz-especialista-20062015. Acesso em 20 nov. 2021.

[2] Disponível em: <https://www.dicio.com.br/vicio/>

[3] Disponível em: <https://www.uol.com.br/splash/noticias/2021/05/21/dopamina-novo-longa-do-sexy-hot-producoes-aborda-a-sensacao-de-prazer.htm>

[4] Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=uVFwYcpkMyY

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O impacto da pornografia na saúde mental: perspectivas científicas

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Na atual conjuntura da sociedade global, é incontestável a influência da indústria pornográfica no comportamento de consumo de jovens e adultos. Com o advento da tecnologia, como explicam Baumel et. al (2019), a disseminação de conteúdos sexualmente sugestivos ou mesmo explícitos ganhou ainda mais força, através principalmente da internet, que possibilitou a criação de inúmeros chats, sites e plataformas com essa proposta.

Conceituando pornografia, Postal et. al (2018) definem esse fenômeno como todo tipo de conteúdo que apresenta como principal finalidade estimular excitação sexual em quem consome, através da utilização de materiais sexualmente explícitos. Dias e Oliveira (2016) descrevem pornografia como um sistema de expressão de ideias que mimetiza a realidade, gerando entretenimento através da composição teatral, cenográfica ou performática da sexualidade.

No atual cenário brasileiro, como apontam Baumel et.al (2020) através de dados científicos sobre o assunto, quatro dos cinquenta sites mais populares do mundo são de conteúdo pornográfico. Dentro desse quadro, 71,6% dos acessos ao site Pornhub, o mais popular do gênero, ocorrem através de smartphones, e o Brasil aparece como o 12° país mais consumidor desse conteúdo.

Diante da perspectiva de intenso consumo no país, e também no mundo, há em pauta uma série de questões vinculadas às ideologias, visões de mundo e consequências psicológicas fomentadas pela indústria pornográfica. As discussões feministas, como apontam Dias e Oliveira (2016), atreladas aos movimentos antipornografia, problematizam esse consumo chamando a atenção para a objetificação dos corpos femininos, a promoção do abuso e violência, a erotização da submissão da mulher, entre outros.

No que tange à sexualidade, Postal et. al (2018) explicam que, ao longo do desenvolvimento humano, essa dimensão é permeada por uma série de influências biológicas, psicológicas e sociais. Considerando a importância da mídia e das tecnologias na sociedade atual, e levando em consideração a intrínseca ligação entre a indústria pornográfica e a utilização de ferramentas como a internet, é inegável dizer que há, nesse processo, uma direta influência dos construtos e símbolos gerados por essa indústria na elaboração da sexualidade humana, principalmente no que se refere à juventude.

Fonte: encurtador.com.br/jpr17

É possível afirmar que os jovens, expostos às situações performadas e representadas no contexto pornográfico, introjetam conceitos, opiniões, ideias e modelos a respeito do sexo e da sexualidade. A exposição do corpo feminino a situações degradantes, humilhantes, vexatórias e até mesmo vinculadas à banalização do estupro colabora com a internalização de comportamentos sexistas, que acabam por reverberar na vida adulta. Conforme Postal et. al (2018), uma pesquisa que analisou 304 vídeos pornográficos evidenciou a presença de inúmeras formas de agressão à mulher, como espancamentos, engasgos durante a prática do sexo oral, insultos, tapas, sufocamentos, etc.

Dias e Oliveira (2016) também chamam a atenção para outros fenômenos potencializados pela constante exposição aos estímulos pornográficos. De acordo com as autoras, o vício em pornografia é uma consequência bastante comum, e geralmente sucedida pelo vício em sexo e outros distúrbios sexuais. Baumel et. al (2019) também reforçam o vício como uma consequência negativa, e citam também o isolamento social e dificuldade de cumprir atividades do dia a dia.

Outro artigo de Baumel et. al (2020), que consiste em uma revisão sistemática sobre o tema, evidenciou que 32% dos artigos sobre o assunto exploram as consequências da pornografia para a saúde, citando os aspectos mencionados no parágrafo anterior. Além disso, 31% deles falam sobre prejuízos no relacionamento. De acordo com os autores, o consumo de pornografia pode reduzir a satisfação sexual entre casais, promover segredos e infidelidade, reduzir a intimidade, entre outros.

Alguns aspectos socioculturais, ainda de acordo com Baumel et. al (2020), devem ser considerados. Como explicam os autores, a idealização dos corpos e da performance sexual é um fenômeno promovido pelo consumo de conteúdos pornografios, quando os indivíduos são influenciados a crer que, para ter relações sexuais, é necessário ter um tipo específico de porte físico e um determinado desempenho com o (a) parceiro (a). Essa particularidade do consumo exacerbado de pornografia reflete diretamente na autoestima dos sujeitos, principalmente jovens.

É indiscutível o impacto da indústria pornográfica na saúde mental dos espectadores. Os dados aqui levantados evidenciam não só os efeitos psicológicos desse consumo, mas também sociais e culturais. Torna-se urgente, a cada dia, que essa pauta seja cada vez mais discutida, para que as consequências desse fenômeno sejam levadas a conhecimento geral e entendidas como pertencentes a uma problemática que deve ser combatida.

REFERÊNCIAS:

BAUMEL, Cynthia Perovano Camargo et. al. Atitudes de Jovens frente à Pornografia e suas Consequências. Psico-USF, Campinas, v. 24, n. 1, p. 131-144, Jan. 2019;

BAUMEL, Cynthia Perovano Camargo et. al. Consumo de pornografia e relacionamento amoroso: uma revisão sistemática do período 2006 – 2015. Minas Gerais: Revista Interinstitucional de Psicologia, 13(1), 2020;

DIAS, Carolina Bouchardet; OLIVEIRA, Adriana Vidal. Impactos da pornografia na saúde dos adolescentes: uma análise a partir dos direitos fundamentais. Departamento de direito, 2016.

POSTAL, Aline Stefane et. al. Possíveis consequências da pornografia na sexualidade humana. Vivências. Vol. 14, N.27: p. 66-75, Outubro/2018;

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BBW: pornografia gorda e o desejo secreto por corpos desviantes

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A demanda pelo consumo de pornografia com pessoas gordas tem crescido nos últimos anos no cenário mundial. O tema pode adentrar na esfera do desconforto, ou mesmo tabu para algumas pessoas, possivelmente pelo entendimento das pessoas gordas como assexuadas e indignas de desejo, em razão da estigmatização da sociedade gordofóbica a qual construímos (JIMENEZ-JIMENEZ, 2020a). O fenômeno do estigma, enquanto o não cumprimento de expectativas do modelo normativo socialmente, provoca a inserção de indivíduos estigmatizados a uma categoria inferior em sua identidade social (GOFFMAN, 1963).

Em nossa sociedade, pessoas gordas maiores são consideradas “obesas” no estatuto biomédico (GONÇALVES; MIRANDA, 2012). Essa transformação da gordura corporal em estatuto epidemiológico provoca, entre outras coisas, discursos vigorosos de combate à existência de pessoas gordas (PAIM; KOVALESKI, 2020; POULAIN, 2013). Em relação recursiva com esse fenômeno, essas pessoas experimentam constantemente a gordofobia, marcada pelo estigmatização social e perda de direitos (por não conseguirem pertencer ou caber em diversos espaços). O corpo gordo passa a fazer parte de uma codificação binária de corpos, sendo associado a feiura, adoecimento e aspectos negativos; enquanto os corpos magros são associados à beleza, saúde e qualidades desejáveis socialmente (JIMENEZ-JIMENEZ, 2020b).

Fonte: Andrei Crismaru

Nesse sentido, a vivência da sexualidade para pessoas gordas está implicada da gordofobia; a solidão e o desprezo tornam-se comuns (PAIM, 2019). Esse fato, poderia indicar fortemente a ausência de desejo sexual por pessoas grandes coletivamente, especialmente mulheres, que sofrem mais repressão em relação ao peso do que homens (WOLF, 2019). No entanto, alguns fatos apontam contradições nesse filtro lógico, em razão da demanda pornográfica por esses corpos.

Em seu balanço anual, o Pornhub, maior site de conteúdos pornográficos mundialmente, constatou cerca de 42 bilhões de acessos em 2019. Entre suas categorias está a BBW (Big Beautiful Women ou Mulheres Bonitas Grandes), com vídeos de mulheres gordas. De acordo com os dados de 2019, a categoria subiu cinco posições no ano e têm se tornado cada vez mais popular. Apenas na Holanda, a procura aumentou em 340% (PORNHUB, 2019).

A esses comportamentos é atribuída uma tentativa de fuga da norma social de repressão da gordura. Esta, parece ser ineficiente em conter o desejo secreto por prazer advindo desses corpos, que escapa do filtro normativo utilizando como recurso a esfera do privado (FIGUEIROA, 2014). O desejo privado, escondido, se dá em razão dessas mulheres não serem vistas como uma boa opção para se relacionar socialmente, em razão do código cultural de obstinação pela magreza; e frequentemente, não são publicamente assumidas (JIMENEZ-JIMENEZ, 2020a).

A evidenciação do caráter transgressor desses filmes se dá também pelas suas características fetichizantes. A exibição da gordura e a ingestão de alimentos ricamente calóricos demonstra o intento em escapar da racionalidade, que apregoa a dissidência desses corpos e a prática da repulsa (FIGUEIROA, 2014). Nesse tipo de conteúdo, o foco do desejo sexual não se centra no prazer fálico, conforme apregoa o padrão patriarcal heteronormativo e falocêntrico, que foca-se na exclusão das diferenças e no prazer masculino (JIMENEZ-JIMENEZ, 2020a), comum na pornografia de objetificação genital (FIGUEIROA, 2014).

 

Fonte: Andrei Crismaru

A fetichização e exotização dos corpos gordos que reforçam sua dissidência, evidenciam a necessidade de extração do erotismo por esse desejo sem o filtro fetichista; por meio da evidenciação de um novo senso erótico, conforme proposto pelas comunidades e movimentos do grupo (FIGUEIROA, 2014). Nesse sentido, as práticas balizadas pelas performances pornográficas falocêntricas patriarcais que permeiam o imaginário sexual atual devem ser negadas (JIMENEZ-JIMENEZ, 2020a).

Essa negação em perpetuar o contrato social heterocentrado marcado pela lógica reprodutiva faz emergir uma contrassexualidade (JIMENEZ-JIMENEZ, 2020a). Essa ideia, surge do entendimento da sexualidade como forma de reprodução disciplinar, que favorece o regime multiplicador de corpos (FOUCAULT, 1999). Para tanto, a criação de contextos genuínos de legitimação desses corpos, exclusivos da sexualidade gorda, apresentam-se como alternativas, práticas contrassexuais.

 

REFERÊNCIAS:

FIGUEIROA, N. L. Pornografia com mulheres gordas: o regime erótico dos corpos dissonantes. Revista Pensata, UNIFESP, v.4. n.1, 2014. Disponível em: <https://bit.ly/36vET0Z>. Acesso em: 11 nov. 2020.

GOFFMAN, Erving. Estigma: notas sobre a manipulação da identidade deteriorada. Tradução: Mathias Lambert, v. 4. Coletivo Sabotagem, 1963. Disponível em: <encurtador.com.br/dyTV6>. Acesso em: 09 abr. 2020.

GONÇALVES, Shirley Dias; MIRANDA, Luciana Lobo. Biopolítica e confissão: cenas do grupo terapêutico com pacientes obesos. Psicologia & Sociedade, v. 24, n. SPE, p. 94-103, 2012. Disponível em: <https://bit.ly/3e0jGPX>. Acesso em: 11 nov. 2020.

JIMENEZ-JIMENEZ, Maria Luisa. Lute como uma gorda: gordofobia, resistências e ativismos. 2020. 237 f. Tese (Doutorado) – Curso de Programa de Pós-graduação em Estudos de Cultura Contemporânea, Faculdade de Comunicação e Artes, Universidade Federal de Mato Grosso, Cuiabá, 2020b.

JIMENEZ-JIMENEZ, Maria Luisa. Pd Prazeres dissidentes. CSOnline-REVISTA ELETRÔNICA DE CIÊNCIAS SOCIAIS, n. 31, p. 345-361, 2020. Disponível em: <https://bit.ly/2G2gqqE>. Acesso em 11 nov. 2020a.

PAIM, Marina Bastos; KOVALESKI, Douglas Francisco. Análise das diretrizes brasileiras de obesidade: patologização do corpo gordo, abordagem focada na perda de peso e gordofobia. Saúde e Sociedade, v. 29, p. e190227, 2020. Disponível em: <https://bit.ly/35PzTnw>. Acesso em: 11 nov. 2020.

PAIM, Marina Bastos. Os corpos gordos merecem ser vividos. Revista Estudos Feministas, v. 27, n. 1, 2019. Disponível em: < https://bit.ly/32AURpa >. Acesso em: 11 nov.  2020.

PORNHUB. Pornhub Insights. The 2019 Year in Review. 2019. Disponível em: <https://bit.ly/38zr6sE>. Acesso em: 11 nov. 2020.

POULAIN, Jean-Pierre; Sociologia da obesidade. São Paulo: Editora Senac São Paulo; 2013.

WOLF, Naomi. O mito da beleza: como as imagens de beleza são usadas contra mulheres. Tradução Waldéa Barcellos. 6 ed. Rio de Janeiro: Rosa dos Tempos, 2019.

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Movimento Antipornografia alerta para o combate à indústria obscura da exploração sexual

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20O portal (En)Cena entrevista Gabrielle Gonçalves, que é acadêmica de letras da Universidade de São Paulo (USP) e se sensibiliza com a ação que a página Recuse a Clicar promove. O movimento Antipornografia tem como principal pauta o não acesso a sites pornográficos, que possuem uma indústria obscura que objetificam a mulher em vários aspectos, banalizam a violência e suscitam outros crimes como a pornografia infantil, alusão a estupro e outros. Confira a entrevista a seguir:

(En)Cena – Me conta um pouco sobre o seu conhecimento desse movimento anti pornografia? Como ele funciona?

Gabrielle Gonçalves – Eu tive contato muito cedo com a pornografia. Ela foi parte da minha vida por vários anos e, durante muito tempo, normalizei bastante os vídeos que  assistia. Por vezes eu esbarrava em algum explicitamente violento e/ou problemático, mas só pulava ele e achava que estava tudo bem. Só que, conforme eu fui saindo da adolescência, fui tendo mais e mais contato com o movimento feminista. Numa dessas, conheci o movimento do Recuse a Clicar, e eles tinha várias matérias que basicamente diziam que aqueles vídeos que eu ignorava eram regra, não exceção. A partir deles, busquei mais informação e descobri diversos outros grupos anti-pornografia.

Fonte: encurtador.com.br/ewTU1

(En)Cena – Qual a relação do feminismo com esse movimento?

Gabrielle Gonçalves – A pornografia é especialmente violenta com as mulheres (cis ou trans) que nela atuam. Não é raro encontrar vídeos que mostram cenas de mulheres sendo sufocadas ou com expressões de dor. Inclusive, em uma entrevista feita pela Medium com uma ex-atriz pornô, ela afirma que “Quanto mais real era a minha dor,(…) mais visualizações os vídeos tinham”. (link para a entrevista)

Para além disso, existe a problemática do consentimento dentro da pornografia. Há quem diga que o pornô é aceitável pois todos os atores consentiram em estar ali. Porém, há um grande debate sobre se é possível comprar consentimento. Especialmente de mulheres em situação financeiramente vulnerável.

O movimento feminista busca ouvir essas mulheres que estão diretamente envolvidas com pornografia e acolhê-las, além de tentar garantir que nenhuma outra mulher tenha que passar por essa violência desnecessária.

Fonte: encurtador.com.br/cI134

(En)Cena – Quais são os principais males que assistir pornografia pode trazer para a saúde da pessoa, considerando que saúde envolve uma gama de fatores?

Gabrielle Gonçalves – Um dos problemas mais básicos, e que sempre surgem quando se fala dos malefícios à saúde causados pelo pornô é a disfunção erétil. Mas, pessoalmente, considero que os problemas mais sérios desencadeados pela exposição à pornografia são psicológicos. Veja, o consumo de pornografia desencadeia uma produção de dopamina. À medida que esse consumo vai aumentando, o corpo vai se acostumando com ele e a produção de dopamina diminui. Assim, para obter os mesmos resultados de antes, os usuários partem para outros vídeos, mais estimulantes e, eventualmente, mais violentos. Além disso, esse mesmo processo pode levar à depressão, visto que os picos de dopamina do usuário estão “desequilibrados”, por assim dizer. As coisas que antes causavam prazer, mesmo coisas inocentes, como ir ao cinema, de repente não têm o mesmo efeito.

Atrelado a isso, temos também a dessensibilização à violência. Como o usuário vai tendo contato com vídeos cada vez mais pesados, o que antes parecia inaceitável para ele, aos poucos vai se tornando rotina. Nas palavras de Carolina Dias, em seu artigo, a pornografia “cria uma realidade prejudicial, estabelecendo uma conexão entre a excitação e o estupro, humilhação, tortura, etc. causados às mulheres.”. (link do artigo)

(En)Cena – Você considera que a pornografia te afeta negativamente como mulher? De que modo?

Gabrielle Gonçalves – Sim. A pornografia afeta bastante o modo como eu me vejo. As mulheres retratadas normalmente passam por diversas cirurgias e procedimentos estéticos, ao ponto de, na maioria das vezes, não terem um pelo sequer no corpo. Isso acaba se tornando um padrão que, inconscientemente, eu e muitas outras mulheres buscamos seguir. Quando eu percebo que não consigo, sinto uma insatisfação muito forte. E esse sentimento tem origem já no início da minha adolescência, quando me percebi mulher. E isso não acontece só comigo. O simples fato de uma cirurgia estética como a Ninfoplastia, cujo objetivo é diminuir os pequenos lábios, existir e ser altamente procurada (de acordo com a Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética, o Brasil é líder em intervenções íntimas femininas no mundo!) já demonstra como esse é um problema enfrentado por muitas mulheres.

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“Prostituição e pornografia” é tema de encontro do Grupo de Estudos Feministas

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O debate é aberto ao público e ocorre no dia 24 de setembro, às 17h, na sala 203, no Ceulp.

Acontece na segunda-feira, dia 24 de setembro de 2018, o encontro do Grupo de Estudos Feministas com o tema “Prostituição e pornografia: uma abordagem feminista”, das 17h às 18h, na sala 203, no Ceulp/Ulbra. O debate é aberto ao público e será conduzido pelas acadêmicas de psicologia e estagiárias do Portal (En)Cena, Fernanda Bonfim e Joice Reitz.

Fernanda Bonfim ressalta que “é um tema bastante polêmico e as vezes controverso, mas que deve ser debatido. A pornografia tem um grande viés de prazer sexual. Algumas correntes feministas consideram a pornografia cruel e materializado pelo patriarcado, já outras enxergam como uma forma de empoderamento feminino. Com certeza a discussão será de grande aprendizado”.

E Joice Reitz acrescenta “o tema é bastante rico, tendo várias vertentes em sua discussão, entre elas as que são favoráveis e as que são contra. É interessante se aprofundar mais nessa temática, visto que não são práticas incomuns e que geram diversas opiniões”.

Saiba mais

O Grupo de Estudos Feministas, iniciativa do curso de Psicologia do Ceulp, com orientação da Profa. Me. Cristina Filipakis, procura situar a luta feminista e sua história nos mais diversos contextos objetivando discutir temas que perpassam de maneira transversal as perspectivas e vivências das histórias de diferentes mulheres.

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