Professor do Ceulp/Ulbra é surpreendido durante a aula com um convite especial

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Iran Johnathan é convidado para ser patrono da XXIX turma de Psicologia

Na manhã dessa segunda feira (30), a XXIX turma de psicologia do Ceulp/Ulbra surpreendeu a comunidade acadêmica ao fazer publicamente o pedido do professor patrono. A escolha do mestre se deu por votação e a partir do vínculo com os alunos.

A comissão organizadora juntamente com os alunos formandos decidiram fazer um pedido cheio de surpresas e emoções. O professor ao chegar na sala de aula foi surpreendido com um envelope e um bombom, a partir desse envelope várias pistas lhe conduziram a um balão que tinha o último envelope com o pedido “Iran aceita ser PATRONO da nossa turma? ” O professor disse sim imediatamente e a turma comemorou lhe entregando uma lembrança.

Fonte: Arquivo pessoal

Para o professor Mestre Iran Johnathan, “é uma grande honra ser reconhecido pelos alunos e receber a maior homenagem de uma colação de grau. Não creio em coincidências, acredito em harmonia”.

Patrono é uma personalidade de grande importância pelo qual os formandos possuem uma enorme admiração. Geralmente são escolhidos por defenderem causas ou por ser referencias em áreas especificas.

Prof Mestre Iran Johnathan

Iran Johnathan Silva Oliveira Possui graduação em Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás (2007), Especialização em Criminologia e Ciências Criminais pela Escola Superior da Magistratura Tocantinense – ESMAT (2016). É mestre em Processos Clínicos com ênfase na Análise do Comportamento pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás (2010), Discente no Doutorado em Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás. Autor do livro Síndrome de Down – Modificando comportamentos, juntamente com a Dra. Ilma A. Goulart de Souza Britto, pela editora ESEtec -Santo André/SP. Professor do curso de Psicologia no Centro Universitário Luterano de Palmas CEULP/ULBRA e no Centro Universitário UNIRG-TO.

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Os laudos e a medicalização escolar: desafios de um estágio com professores

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Durante o semestre 2018/1, ao cursar uma disciplina do curso de psicologia do CEULP/ULBRA me deparei com uma proposta um tanto ousada feita pela professora que ministra a disciplina, a proposta era fazer intervenções em escolas e dessa vez com o olhar voltado para os professores, aqueles que sempre só recebem as cobranças dessa vez teriam a oportunidade de se expressarem, de serem ouvidos e receberem uma atenção. O tema a ser abordado com elas era “A MEDICALIZAÇÃO NA EDUCAÇÃO” por isso afirmo que foi uma proposta um tanto ousada.

Um pouco apreensiva e com medo das reações que poderiam surgir me dirigi a uma escola da região norte de Palmas, juntamente com dois colegas. Inicialmente fomos bem recebidos, a coordenadora pedagógica se mostrou bem aberta a nos receber, falou um pouco sobre os problemas que enfrentavam e as ansiedades que tinham em relação há alguns alunos. Ela relatou que as professoras apresentam muito comprometimento e amor a causa, porém, existe uma deficiência por parte do próprio sistema educacional na preparação delas para manusear de forma assertiva os alunos com dificuldade

Em uma visita posterior conhecemos as professoras com quem iríamos trabalhar o tema citado. Nesse momento iniciamos uma conversa com elas, e perguntamos sobre suas dificuldades acerca da medicalização no ambiente educacional, e logo elas citaram a importância do laudo, pois segundo elas se sentem resguardadas quando o aluno é laudado, pois se ele não desenvolve seu aprendizado a culpa não é delas. A insegurança e angústia em relação ao que fazer e como fazer eram evidentes na fala das professoras e por isso se sentem seguras com o laudo.

Fonte: https://bit.ly/2NdsBQm

Apesar de já esperar ouvir algo parecido fiquei surpresa em ver que a realidade da educação é realmente esta, de que ter um laudo tira a responsabilidade do educador. O que torna isso muito pior é que além de o aluno laudado acabar sendo deixado de lado pela professora, ele ainda recebe um rótulo “meu aluno laudado”, “meu aluno TDAH”, “meu aluno autista” e assim por diante, tendo aquele aluno sua identidade perdida, ou até mesmo modificada devido aos rótulos que lhe foram impostos.

Durante os encontros com essas professoras, que totalizaram cinco encontros, presenciamos vários momentos de desabafos, de expressão de opiniões pessoais sobre os alunos e sobre o sistema que estão inseridas, bem como como opiniões de cunho profissional também. Uma das coisas que se destacou durante esse processo foi a imensa resistência delas para falar sobre assunto, e em todos os encontros tentavam sabotar o grupo e de algum jeito mudavam o assunto da conversa. Quando falavam algo relacionado ao tema logo proferiam sobre coisas que fizeram para “cortar as asas” dos alunos desobedientes.

De todas as formas que abordamos o tema encontramos muita resistência, por mais que participassem (geralmente duas ou três) sempre mudavam o foco e quando o tema era retomado pelos acadêmicos elas apresentavam muitos empecilhos para falar, como por exemplo as reuniões com pais, que surgiam de repente. Em um dado momento em que falávamos sobre o encaminhamento da queixa escolar e a produção do fracasso escolar uma professora que nunca tinha participado do grupo se aproximou após convidarmos ela. Essa professora fez uma pequena participação, pois foi apenas neste momento que ela se aproximou, mas com certeza foi a participação mais marcante de todo o processo de intervenção, pois ela trazia em si uma ira que era possível notar só de olhar.

De uma maneira bem agressiva começou a falar que não participaria “pois não ia perder seu tempo com esses alunos que só querem fazer um relatório sobre elas, e nunca trazem resultados nenhum”. “Não quero bater papo com ninguém, quero saber é se vocês vão fazer os laudos desses meninos, porque é isso que nós queremos” (SIC).

Com isso sendo expressado de forma objetiva e agressiva, percebi o quanto esse pensamento ao qual estávamos tentando desmistificar através de ações reflexivas às outras professoras, é realmente forte entre elas. Pude ver que essas professoras apresentam tanta resistência e desejo de sabotar o grupo, exatamente por não quererem mudar a si próprias e apenas “dá um jeito nos alunos “problemas””. Ficou evidente o pensamento de que os alunos devem se adequar a escola e às professoras, e que de forma alguma elas podem ou devem se adequar aos alunos e ao ritmo da turma.

Fonte: https://bit.ly/2IDBPSl

Mesmo tendo sido um processo de intervenção repleto de dificuldades, pois a pouca adesão que tinha era cheia de resistência, foi um processo de muito aprendizado visto que as discussões em sala de aula, por mais que sejam ricas, não nos proporcionam uma vivência tão marcante quanto a que é possível obter indo a campo. Enquanto acadêmica atuante no processo, vivenciei, juntamente com meus colegas, momentos intensos de buscas por métodos e formas que tornassem os encontros mais leves e atraentes para elas,e dessa forma a proposta inicial fosse mantida.

Os aprendizados adquiridos por meio da vivência em campo foram muitos, e de forma geral compreendi como é essa realidade apontada por tantas pessoas. Foi possível observar que o processo de produção da queixa escolar e o dito “aluno fracassado” ainda permeiam as escolas. A necessidade de um laudo em que as profissionais de educação possam se resguardar, também evidencia a escassez de motivação para uma melhora em conteúdos de aula mais atrativas e que alcancem todos os alunos e suas individualidades.

Com isso vejo que não podemos deixar de falar sobre a medicalização na educação e de intervAir diretamente com os educadores, pois são eles que passam boa parte do tempo com essas crianças que são tão brutalmente rotuladas e estigmatizadas por quem devia se preocupar com o progresso dessas crianças. Crianças estas que os tem como espelho e os admiram, e a partir dessas vivências traumatizantes podem ter uma vida toda modificada.

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Relação professor-aluno e o fracasso escolar: relato de estágio com docentes

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Sem dúvida alguma, a experiência em campo é algo extremamente enriquecedor e muito contribui para o entendimento daquilo o que é tão abordado em sala. A oportunidade de comparar o que é teórico com o que ocorre na prática faz com que o acadêmico visualize de forma mais completa do que realmente se está estudando. E isso foi o que aconteceu em intervenção proposta por uma professora de psicologia do CEULP/ULBRA onde grupos de acadêmicos deveriam intervir em escolas com base nos conhecimentos da Psicologia Escolar e Comunitária de acordo às demandas encontradas. Foi uma experiência que, com toda a certeza me fez crescer enquanto estudante de Psicologia e futuro psicólogo.

Logo de início, com as primeiras observações feitas por meio das visitas realizadas no campo em questão, pude perceber o quanto é necessária a inserção do psicólogo nesses ambientes e, além disso, o quanto ainda se precisa esclarecer a respeito da atuação deste na escola. Parece clichê tal afirmação, mas é, de fato, realidade que se mostra frequente nesse contexto de atuação. Um profissional com mero olhar clínico não conseguirá atender de forma eficaz as demandas apresentadas, até porque já é sabido que diagnosticar e laudar sem nenhum critério pode levar muitas vezes a estigmatização da criança e outras questões como a rede de interações no âmbito da instituição e de que forma contribuem ou não para o cenário de queixa escolar acabam sendo esquecidas.

Fonte: https://bit.ly/2L2dVWO

Concordo plenamente que o profissional de psicologia deve se despir de tudo aquilo o que pode atrapalhar a sua aproximação com o campo e na escuta dos vários agentes que envolvem a escola e estão ligados a esse ambiente. Humildade seria a palavra. Responsabilidade e engajamento também são essenciais.

Além das questões já conhecidas como estrutura física das salas, quantidade de alunos que ultrapassa o ideal, entre outros fatores, nos deparamos com o que posso destacar como demanda central: a relação professor-aluno. De um lado vimos professoras em posição de ataque nomeando as crianças com menor desempenho como “FRACOS”, e afirmando que “a coisa só vai funcionar quando eles se adequarem ao meu ritmo”, e do outro, essas mesmas professoras desabafando sobre o quanto é árduo o desafio de atender ao que é exigido pelas instâncias superiores a respeito dos conteúdos passados aos alunos e o tempo a ser cumprido pelas professoras. Além do trabalho na escola há também os de casa e os cuidados com filhos e marido, o que é cobrado pela sociedade. O resultado não poderia ser outro. Professoras esgotadas e alunos que “não aprendem”.

O ideal de aluno perfeito colabora para a tal produção do fracasso escolar. Aqueles que não conseguem atingir esse ideal são os “FRACOS” e necessitados de algo que diga qual é o “problema” deles. A essa altura qualquer comportamento emitido pela criança à vista da professora é tido como excessivo ou deficitário. Daí surgem as famosas frases “é uma criança apática, não aprende” e “não para um segundo, acho que tem déficit de atenção com hiperatividade”.

Diante desse quadro surge no ar aquela pergunta – quem é o culpado? Há um culpado disso tudo?

Fonte: https://bit.ly/2Lt8VGD

Porque o que me pareceu foi que as professoras buscavam além de algo que as protegesse e justificasse o “fracasso” do aluno, uma resposta que mostrasse que a família e a própria criança são os responsáveis. Isso revela o quão complexo é o processo de ensino- aprendizagem e o quanto as interações entre os vários agentes presentes na instituição devem ser observados e levados em conta pois refletem diretamente nos alunos.

Uma coisa é certa: A criança não é a culpada. E os professores tem o importante papel de criar formas interativas e cada vez mais atrativas de ensinar. Além disso, cabe ao psicólogo contribuir de maneira preventiva para a saúde mental dos professores, e isso inclui instigar nos mesmos, o desenvolvimento de automotivação e perseverança.

Com essa experiência em campo eu entendi que a psicologia tem grande potencial colaborativo nas questões escolares e a formação de profissionais com preparo para atuar nessa área é importantíssima. O combate a rotulação e estigmatização das crianças é ponto também fundamental e real pois é crescente a demanda por avaliação psicológica com queixas de dificuldade na aprendizagem, atenção e hiperatividade.

Fonte: https://bit.ly/2uttHQd

Sabe-se que muitas são as variáveis que atuam na produção da queixa e fracasso escolar. O psicólogo tem a responsabilidade de observar de forma acurada e analisar todos esses pontos bem como entender o fluxo dessa interação no âmbito escolar para que contribua sempre no desenvolvimento e aprendizagem dos alunos evitando assim que esses pequenos cidadãos tenham seu futuro prejudicado.

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Professora Valdirene Cássia concorre a prêmio da Revista e Portal Imprensa

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A professora Dra. Valdirene Cássia, do Ceulp/Ulbra, acaba de ser indicada pela Revista e Portal Imprensa – os maiores do gênero no Brasil – para ser homenageada na terceira edição do prêmio Professor IMPRENSA. O evento visa premiar os profissionais e projetos que constroem o futuro da Comunicação no Brasil. Valdirene Cássia foi indicada para a categoria ‘Orientador de TCC’.

Ao todo, 249 professores de 112 instituições de norte a sul do país foram indicados. A região Sudeste liderou a participação, com 124 docentes indicados de 45 universidades; e em segundo lugar a região Sul, com 51 docentes de 25 universidades.

Nesta 3ª edição, IMPRENSA recebeu 731 indicações de todo o Brasil, superando a marca da 2ª edição, de 576 indicações.

A etapa de votação acontece até o dia 31 de outubro pelo site 

Fonte: goo.gl/L16Zw5

Sobre a votação 

Cada e-mail poderá votar somente uma vez em cada categoria. Você tem a opção de votar num finalista de uma região apenas, ou dar o seu voto aos finalistas de mais de uma região.

A validação do voto acontece após a confirmação em link enviado ao e-mail votante. Serão considerados válidos apenas os votos confirmados por esse link.

No Professor IMPRENSA, seu voto vale uma homenagem. Eleja os professores e eventos de Comunicação mais lembrados do Brasil.

Serviço: 

Professor IMPRENSA – 3ª edição

Realização: Portal e Revista IMPRENSA

Apoio: Intercom e Jeduca

www.portalimprensa.com.br/professorimprensa

 

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Imagem Corporal é tema de doutorado: (En)Cena entrevista o Dr. Pierre Brandão

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Em entrevista ao EnCena, Pierre Brandão fala dos desafios superados e conquistas alcançadas durante o doutoramento

Há poucos dias o professor do Ceulp/Ulbra Pierre Brandão entrou para o seleto grupo de profissionais com doutorado no país. Pierre defendeu a tese “Validade e confiabilidade de um sistema digital de avaliação da imagem corporal para escolares de 10 a 12 anos”, sob a orientação da professora Dra. Carmen Silvia Grubert Campbell, pela Universidade Católica de Brasília (UCB-DF), e engrossa a equipe de professores/pesquisadores do Ceulp/Ulbra.

Na banca, estiveram presentes os professores doutores Irenides Teixeira (Ceulp/Ulbra), Thiago dos Santos Rosa (UNB), Gislane Ferreira de Melo (UCB), Guilherme Borges Pereira (UCB) e Elaine Cristina Vieira (UCB). Em entrevista ao EnCena, Pierre Brandão fala dos desafios superados e conquistas alcançadas durante o doutoramento, além de discorrer sobre a influência da Psicologia em sua tese, e os benefícios que a mesma irá proporcionar para a comunidade.

EnCena – Recentemente você conquistou o seu doutoramento com a tese “Validade e confiabilidade de um sistema digital de avaliação da imagem corporal para escolares de 10 a 12 anos”. Qual o maior desafio enfrentado nesta trajetória?

Pierre Brandão – Acredito que o maior desafio tenha sido o de envolver áreas que não tem tradição em cooperação, como a Computação e a Educação Física. O mesmo não acontece com a Psicologia e a Educação Física, onde já se tem um histórico de cooperação. Articular um intercâmbio entre as três áreas foi, talvez, o mais difícil neste processo. Apesar dos recentes avanços neste sentido e dos inúmeros aplicativos e ferramentas que estão sendo construídos e disponibilizados, ainda há certa resistência por parte da comunidade acadêmica e científica, especialmente quando esta cooperação foge ao tradicional e solicita um trânsito menos ortodoxo entre as áreas.

EnCena – Percebe-se que há a interdisciplinaridade entre aspectos da Educação Física e da Tecnologia, por exemplo. Mas, por se tratar de corporeidade, você lançou mão da Psicologia?

Pierre Brandão – Sim, com certeza, a psicologia é parte fundamental do meu trabalho, pois a corporeidade, em especial a imagem corporal, é fruto de uma relação dinâmica entre aspectos biológicos, psicológicos, sociais, culturais e ambientais. Pensar em corporeidade ou imagem corporal sem considerar todos estes aspectos envolvidos é ineficiente, por isto a necessidade de romper com a forma tradicional de pesquisa e trabalho, articulando parcerias e uma interdisciplinaridade vivenciada de maneira efetiva, com diálogo e compartilhamento de informações.

EnCena – Quais as linhas gerais a que você chegou, a partir de sua pesquisa?

Pierre Brandão – A pesquisa possibilitou o entendimento de que a forma digital de avaliação da imagem corporal, além de dinâmica, lúdica e rápida, foi ligeiramente superior quanto a estabilidade dos resultados em ambos os instrumentos estudados, ou seja, além de fornecer o resultado imediatamente após a aplicação do teste, estes resultados foram mais confiáveis e com menor erro em relação ao método tradicional. Isso possibilita uma maior praticidade para os profissionais, além de permitir que o próprio teste seja instrumento de intervenção para reconstrução da imagem corporal e para o diálogo educativo sobre estas questões.

Foto: arquivo pessoal.

EnCena – Por que, dentre tantos temas, você optou por este? O que te motivou? E quais as contribuições que sua pesquisa vai deixar para a comunidade?

Pierre Brandão – Na verdade, esta não foi a minha proposta inicial. Nos primeiros dois anos do doutorado eu pesquisei os impactos de sessões de videogame ativo sobre a imunidade de crianças com câncer. Então surgiu a necessidade de mudar de pesquisa, o que foi uma grande oportunidade, apesar do carinho pelo tema anterior. A corporeidade sempre foi um objeto de grande curiosidade e interesse para mim, meu mestrado envolveu ‘teatro, corpo e imaginário’, e sempre fui muito atraído por estas questões, em especial pela forma como as pessoas constroem sua noção de corpo, beleza e identidade. Foi uma decisão muito acertada, pois o estudo deixa como contribuição para a comunidade a disponibilização gratuita das versões digitais de ambos os instrumentos de avaliação da imagem corporal, um perceptual e outro atitudinal, com manuais e tutoriais, já para o ano que vem. Estes recursos poderão ser utilizados por escolas de todo o país e por todos os profissionais que trabalham e/ou estudam esta área.

EnCena – Em que pé se encontram os estudos relacionados à percepção e também satisfação das pessoas em relação a seus próprios corpos?

Pierre Brandão – Embora os estudos sobre corporeidade e imagem corporal tinham origem no início dos anos de 1900, aqui no Brasil esta questão só recebeu destaque nos últimos 30 anos. Ainda temos muitos e grandes desafios, pois muitos estudos ainda utilizam instrumentos sem validação para a população brasileira, o que compromete a confiabilidade dos resultados encontrados. Além disto, crianças e adolescentes tem sido um público pouco estudado e gestões de gênero tem sido pouco abordada ou mesmo ignorada, especialmente na construção de instrumentos de avaliação. Por fim, enfrenta-se a barreira de implementar uma interdisciplinaridade efetiva, que é fundamental para estes tipos de estudos, e da notória predileção dos pesquisadores por estudos sobre satisfação corporal em detrimento da percepção. Mas é necessário compreender que a satisfação está diretamente e indissociavelmente ligada a percepção corporal, que tem sido negligenciada.

EnCena – Quais os seus próximos desafios?

Pierre Brandão –No momento estou empenhado em fortalecer as atividades do ‘grupo de estudos e pesquisas em tecnologia, saúde e qualidade de vida (GEPETS)’ e a atuação interdisciplinar deste. Especificamente sobre as ferramentas e estudos sobre corporeidade, além de pequenos ajustes nas ferramentas já construídas, o maior desafio será a criação de um novo instrumento, com uma tecnologia mais acessível e que inclua de maneira natural e efetiva as questões de gênero, da identidade à expressão, e que possa ser utilizado não apenas com crianças e adolescentes, mas também com adultos e idosos.

Foto: arquivo pessoal.
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Escritores da Liberdade e as dinâmicas de grupo

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“Freedom Writers”- Escritores da Liberdade, filme lançado em 2007, tendo Richard LaGravenese como diretor. O enredo retrata um cenário baseado em fatos reais, permeado pela agressividade, violência e ideais sociais. Expõe ainda o cotidiano de Gruwell (Hilary Swank), uma jovem professora com princípios igualitários no que se refere inclusão social e qualidade de ensino para todos. Instigada por esta ideologia, decidiu-se por iniciar sua carreira de docência numa escola de um bairro pobre, pois nesta instituição foi efetivado o programa de integração voluntaria.

Os alunos desta instituição vivenciam constante tensão racial, observa-se claramente a divisão por raças. Os estudos não são algo de preocupação imediata, outros âmbitos da vida requerem uma atenção preferencial. Ir à escola é uma “perda de tempo”. Gruwell, indaga a um integrante do conselho no decorrer do longa-metragem: qual é o intuito do programa de inclusão? Pois a instituição finge que ensina e os alunos fingem que aprendem. Portanto esta estratégia é apenas um paliativo, um modo para aliviar a consciência social.

No entanto, Gruwell não fica abatida com os empecilhos que surgem, a mesma lança mão de métodos diferentes de ensino-aprendizado para conseguir “ensinar seus alunos”, os mesmos, aos poucos retomam a confiança em si, vão aceitando novos conhecimentos e por meio desta nova vivência passam a reconhecer valores com tolerância e o respeito ao outro.

Ao analisar o filme “Escritores da Liberdade” compreende-se que num primeiro momento existem vários subgrupos na sala, estão atrelados a etnia dos integrantes do grupo, subdividindo-o em diversas “gangues”. Observa-se a divisão dos subgrupos no primeiro contato da professora com os alunos, os mesmos adentram a sala e agrupam-se nos seus lugares, com suas tribos.

Fonte: http://migre.me/vFuvH

Zimerman e Osório (1997) salientam que os sujeitos vivem em grupos desde o nascimento, o primeiro grupo que o indivíduo faz parte é a família. A identificação com os grupos posteriores ocorre pela busca da “identidade individual e a necessidade de uma identidade grupal e social” (p. 26).

Eva, uma das personagens do longo inicia sua narrativa corroborando com a afirmativa supracitada, visto que, a identificação com o seu “povo” a faz parte do grupo e a incita a lutar pelo mesmo, e por suas convicções, por orgulho e respeito. Ver na figura paterna o líder do grupo, visto que, este é respeitado pelos demais, o mesmo a ensinou a amar o grupo.

Zimerman e Osório (1997) ao falar sobre os atributos desejáveis de um líder- coordenador do grupo apresenta alguns itens importantes, dentro quais se destacam o respeito, gostar de grupos e ser coerente. Todavia Andaló (2001) contrapõe alguns destes postulados, indaga se o mesmo, o líder- coordenador é apenas um mediador ou um super-homem.

Fonte: http://migre.me/vFuwp

Eva considera o pai um herói, um super-homem, por este motivo é esquiva e hesitante para adentrar em outro grupo ou fazer algo que o desagrade.

Eva e os demais alunos são resistentes com a nova professora, não veem sentido para estarem frequentando a escola, pois acreditam serem inferiores e excluídos. Mas Mrs. Gruwell não desiste, e com o objetivo de aproximação utiliza-se de dinâmicas para demonstrar que todos têm algo em comum, passam por experiências similares, possuem gostos parecidos, portanto, são iguais.  Pouco a pouco, vai vencendo as resistências do grupo através do manejo das mesmas. Propiciou ainda, o encontro, o convívio com outros fora do subgrupo quando optou por separá-los.

Escritores da Liberdade 4Fonte: http://migre.me/vFux3

As resistências de um grupo referem-se a tudo que ocorre no grupo que dificulta atingir o objetivo, no caso do filme a aprendizagem (ZIMERMAN e OSÓRIO, 1997).  Ao se incluir no processo, descer do pedestal de professora, Mrs. Gruwell vai ganhando a confiança e começa a ser uma referência para seus alunos e desempenha o papel de coordenadora do grupo. Andaló (2001) enfatiza que o professor deve ter um diálogo com seu aluno, deve ser um mediador e não um herói, mas alguém que compreenda e o incentive ao processo de ensino-aprendizado.

Os papéis desempenhados pelos integrantes do grupo se evidenciam no filme quando a professora presenteia os discentes com cadernos que vão lhes servir como diários, quando convida os alunos para buscá-los na mesa, por uma pequena parcela de tempo se entreolham e então um deles toma coragem para tal ação.

Sabe-se que todos têm um papel no grupo, esse papel não é fixo, até mesmo quem não fala nada, interfere e participa da dinâmica grupal, pois o sujeito influencia o grupo e é por ele influenciado (ZIMERMAN e OSÓRIO, 1997). Vale ressaltar que, é possível que o papel que a pessoa assume no grupo é o mesmo que vivencia em outras áreas da sua vida, fixar-se em apenas um papel não é saudável, o ideal é que o sujeito assuma diferentes papéis.

Com a aproximação dos alunos e confiança que depositaram na docente, visto que, permitiram que a professora visualizasse o seu mundo através da leitura dos diários, este movimento eliciou a formação do grupo. Berstein (1989) postula que o grupo se caracteriza por um conjunto limitado de indivíduos, em prol da realização de uma tarefa-objetivo, atrelados por pelo tempo e espaço, de forma interdependente.

Fonte: http://migre.me/vFuAm

Bastos (2010) cita que para Pichon-Rivière o grupo:

Apresenta-se como instrumento de transformação da realidade, e seus integrantes passam a estabelecer relações grupais que vão se constituindo, na medida em que começam a partilhar objetivos comuns, a ter uma participação criativa e crítica e a poder perceber como interagem e se vinculam (p. 164).

No longa metragem o grupo nasce do encontro da professora com os alunos, o espaço que dividem é a sala de aula, no qual a líder é a Mrs. Gruwell. Na perspectiva de Zimerman e Osório (1997) a mestra desempenha o papel de coordenador ativo, uma vez que, ela administra e elabora as dinâmicas, mas, vale ressaltar que, a mesma é flexível, observa-se tal postura no momento em que seus alunos concebem a ideia de convidar a mulher que abrigou Anne Frank, ela os apoia, dar-lhes o incentivo e corrobora para que o objetivo seja alcançado.

Verifica-se no momento supracitado a dinâmica grupal, a interação entre seus componentes, pois trabalham em equipe para obtenção da verba para que consigam conhecer Miep Gies, mulher que abrigou Anne.

Escritores da Liberdade 7
Fonte: http://migre.me/vFuCk

A oportunidade de vivenciar novas experiências, conhecer novos lugares, adquirir mais conhecimento e integra-se no grupo de colegas de sala fomentou a quebra de preconceitos, de etnocentrismo e oportunizou aceitar o outro através da identificação com esse (ZIMERMAN e OSÓRIO, 1997). Mailhiot (1991) enfatiza que o grupo propicia transformações relevantes nos integrantes através das múltiplas interações que o sujeito experiência em âmbito social, isto caracteriza o clima grupal.

Ao decorrer do filme os alunos se apropriam do espaço da sala, o grupo passa a ser família, e professora consegue o respeito e admiração. Nesse novo cenário mudanças são perceptíveis, os discentes adotam novas posturas, e quebram com o instituído. A exemplo nota-se a conduta de Eva que desobedeceu às regras do seu antigo grupo para fazer o “certo”. Bastos (2010) assegura que objetivo originário do grupo operativo é a mudança, na qual os componentes dos grupos passam a assumir outros papéis diferentes do habitual.


Fonte: http://migre.me/vFuDn

Os outros discentes mudam ao decorrer do longa, buscam nova forma de ser e estar, passaram a valorizar os estudos e ansiavam por novas conquistas. O trabalho da Mrs. Gruwell é apreciado pelo conselho, no entanto, outro conflito surge, ela não tem licença para ministrar aula nas turmas avançadas (3 e 4 anos), sendo assim, é eminente o termino do grupo. Porém os estudantes não comungam de tal decisão, por isto, se juntam e buscam sensibilizar o conselho através de várias ações para que então a professora possa lecionar nas turmas posteriores.

Zimerman e Osório (1997) salientam que o grupo pode ser aberto ou fechado, sendo o grupo aberto quando o sujeito sai e o grupo acaba apenas para ele, no fechado o grupo termina pelo tempo, o tempo de duração já foi previamente discutido na etapa de planejamento. No que se refere ao filme o grupo é fechado, pois os alunos vão para a turma avançada, a professora fica e um novo grupo será formado, ou seja, o tempo de duração do grupo é baseado no calendário letivo. Mas, no mesmo tempo o grupo é aberto, visto que, se um aluno desistir do ano letivo as aulas continuarão sem ele.

O objetivo acima citado é alcançado, a professora consegue continuar no grupo, e no final do filme, fica subentendido que a mesma os acompanha até a faculdade, uma vez que, ela passa dar aulas na Universidade. Por meio do filme “Escritores da Liberdade” pode-se analisar a dinâmica grupal. Pode-se observar a formação de um grupo, compreendo como se deu a integração dos seus membros e as potencialidades de mudanças que o grupo fomenta no indivíduo, uma vez que, o grupo é propagador de mudanças, influência o sujeito, e este é também é influenciado.

Fonte: http://migre.me/vFuJY

O grupo eliciado no longa metragem serviu como facilitador na busca por conhecimento, e foi relevante na quebra de velhos estigmas, preconceito e discriminação. Mesmo o grupo não tendo mudando o cenário de violência e agressividade que os seus intrigantes fazem parte, conseguiu operar mudanças significativas no jeito de ser e de viver dos mesmos. Por fim, a mudança percebida no filme foi em âmbito micro, mas para atingir em proporção macro, a transformação perpassa essencialmente pela esfera micro.

REFERÊNCIAS:

ANDALÓ, C. S. A. O papel de coordenador de grupos. Psicol. USP vol.12 no.1 São Paulo,  2001.

BASTOS, A. B. B. I.  A técnica de grupos-operativos à luz de Pichon-Rivière e Henri Wallon. Psicólogo inFormação ano 14, n, 14 jan./dez. 2010.

BERSTEIN [et.al.]. Compêndio de psicoterapia de grupo/ Harold I. Kaplan e Benjamin J. Sadock … [ET.al.]; trad. José Octávio de Aguiar Abreu e Dayse Batista. 3.ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 1996.

EYGO, H. O Clube dos Cinco – sobre grupos em Kurt Lewin. Disponível em:< http://ulbra-to.br/encena/2013/12/27/O-Clube-dos-Cinco-sobre-grupos-em-Kurt-Lewin>. Acesso em: 11 de novembro de 2015.

MAILHIOT, G. B. Dinâmica e Gênese dos Grupos. São Paulo: Livraria Duas Cidades, 1991.

ZIMERMAN, D; OSÓRIO, L.C. & Colaboradores. Como trabalhamos com grupos. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997.

FICHA TÉCNICA DO FILME:

Escritores da Liberdade cartaz

ESCRITORES DA LIBERDADE

Direção: Richard LaGravenese
Elenco: Anh Tuan Nguyen, Blake Hightower, David Goldsmith, Deance Wyatt
Ano: 2007
País: EUA
Classificação: 12

 

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A relação professor-aluno à luz da narrativa fílmica ‘Sociedade dos Poetas Mortos’

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“’Carpe Diem’. Aproveitem o dia.
Façam suas vidas serem extraordinárias.”

Do professor aos seus alunos em Sociedade dos poetas mortos

As reflexões promovidas pelo texto “A psicopatologia do vínculo professor-aluno: o professor como agente de socialização” e pela narrativa fílmica “Sociedade dos Poetas Mortos” nos possibilita compreender as representações tecidas a partir das relações entre professor e aluno e como se dá a configuração nos espaços escolares. É certo que na escola, com as relações estabelecidas entre os sujeitos, o processo de significação acaba por influenciar a identidade social e cultural do sujeito no grupo. Tomemos cuidado para a dimensão desses significados que ganham expressões como: o/a professor/a, o/a aluno/a, a educação, o ensino, as pedagogias.

O filme Sociedade dos Poetas Mortos nos apresenta um modelo de escola marcada por um tempo e um espaço cronificados pelo ritmo do relógio. O tempo é pontuado a cada atividade que se desenrola no internato. O espaço é racionalizado e cada minuto se faz importante para os fins da Educação; educar dentro dos limites da tradição. Torna-se evidente, nessa narrativa, que não importa o quão diferente os alunos possam ser em termos de classe, gênero ou raça, pois estarão representados como unidade de identidade por meio do exercício de diferentes formas de poder. Há códigos sendo utilizados para comunicar essas idéias: lembremos da posição dos alunos na sala de aula, da composição do ambiente e das cenas que representam as relações entre alunos, professores e administradores.

É notória a utilização de um regime disciplinar fortemente marcado que vai desde a entrada dos alunos no internato até as atividades como a utilização da biblioteca, o uso dos dormitórios, do refeitório; o tempo é segmentado e marcado por horários rígidos. As reflexões nos apontam que tradição, honra e disciplina institui um tipo de saber, próprio das pedagogias tradicionais. Para Bohoslavsky (1993) essas pedagogias, em que o poder disciplinar marcado pelo tempo e espaço também disciplina, produzem um saber determinado, um saber que é também tradicional, um saber que produz poder e ao mesmo tempo um poder que produz saber. Na concepção do autor, este saber, nessas pedagogias tradicionais, é um saber específico, é o saber científico.

Sociedade dos Poetas Mortos se desenvolve em um colégio americano de 1959 que tem como pilares a Tradição, a Honra, a Disciplina e a Excelência. No internato masculino, tido como “o berço dos futuros líderes da América”, não há espaço para o feminino: os professores são homens, a direção da escola é masculina. A narrativa mostra uma história de padronização, de regulação e da busca da excelência por meio da competição: cada aluno traz em si o peso de buscar ser o melhor, o mais eficiente, de ter as melhores notas, os melhores resultados.

O professor John Keating (Robin Williams) ao chegar a esse ambiente conservador, revoluciona os métodos de ensino ao propor que os alunos aprendam a pensar por si mesmos. Há nas atitudes do professor, críticas à educação tradicional. Ele representa um novo ideal pedagógico. Para se ter ideia, já no primeiro dia letivo, o professor entra em sala de aula assobiando, passa pelos alunos com ar despreocupado e desperta olhares curiosos, encaminha-se para uma outra porta, de saída para o corredor, todos os alunos ficam apreensivos e sem saber o que fazer. O professor faz um sinal, pedindo que os estudantes o acompanhem. Eles chegam numa sala de troféus. Há fotos de alunos, remontando ao início do século XX, fazendo-nos voltar ao começo das atividades da escola. O professor pede silêncio. Os alunos demonstram tensão e ansiedade. O professor solicita a atenção de todos e pede que eles se voltem para as fotografias e observem os rostos de todos os que frequentaram a tradicional instituição de ensino em que eles se encontram. Num tom desafiador, o professor questiona: O que aconteceu com eles? O que fizeram de suas vidas? Onde estão agora? Perguntas como essas são lançadas aos alunos.

Ações como essa indicam que o professor, ao se utilizar de outros espaços não convencionais, acaba promovendo atividades também pouco convencionais aos alunos, e isso proporciona uma convivência democrática, de contato afetivo e próximo com seus alunos.

O filme é uma obra prima que critica os modelos ultrapassados de educação. O modo como as discussões são lançadas nos prendem do início ao fim da narrativa, isso se deve ao roteiro, a composição das cenas, a interpretação dos atores, ao zelo da equipe que dirigiu e produziu o longa.  Na narrativa é estabelecida a relação metafórica da juventude com o desejo de mudança, que pode ser percebida nas angústias e nos medos que os jovens tem de conduzirem as suas vidas. No processo de (re)afirmação da sua própria identidade, tudo o que esses jovens, imersos num turbilhão de emoções, querem é o direito de discordar, argumentar, criar, exercer sua liberdade. Eles querem traçar seus próprios caminhos, desejam realizar seus sonhos.  É nesse contexto que o filme tece cena após cena um panorama de reflexões acerca do que rege a vida do sujeito.

Há uma cena memorável na qual o professor solicita uma tarefa aos alunos para que eles criem poemas. Um dos alunos, o mais tímido do grupo, não acredita em seu talento para as palavras e não apresenta a tarefa. O professor não repreende, apenas acolhe as angústias e medos desse aluno, respeita o tempo dele, lhe passa confiança, e o convida a estar na frente e deixar seu recado.


O professor é o fundador da “Sociedade dos Poetas Mortos”, para ele os poetas mortos dedicavam-se a extrair a essência da vida. Encontros secretos passam a acontecer e numa das sessões da Sociedade – ambientada numa caverna, uma ode à Caverna de Platão – um dos seus alunos declama:

“Sonhamos com o amanhã e o amanhã não vem
Sonhamos com a glória que não desejamos
Sonhamos com um novo dia, quando este já chegou
E fugimos da batalha, uma que deve ser enfrentada
Mesmo assim dormimos

Ouvimos a chamada, mas não escutamos
Esperamos pelo futuro, quando não passa de planos.
Sonhamos com a sabedoria da qual fugimos diariamente
Oramos por um salvador quando a salvação esta nas nossas mãos

mesmo assim dormimos,
mesmo assim sonhamos,
mesmo assim tememos,
mesmo assim oramos,
mesmo assim dormimos.”


O professor em uma das sessões da Sociedade coloca que “medicina, advocacia, administração e engenharia são objetivos nobres, mas a poesia, o romance, o amor são para a vida toda. É para isso que vivemos!” O professor provoca os alunos a pensarem por si mesmos, a “tornarem as suas vidas extraordinárias” e institui como lema da Sociedade a máxima “aproveite o dia”, “Carpe Diem”.

Por meio das atitudes do professor, o vínculo é estabelecido. Seu relacionamento com os alunos traz possibilidades em tirá-los de sua passividade, provocando-os a uma reflexão sobre o conhecimento, sobre a vida. Questiona o professor: “Será que estamos fazendo valer nossa existência?” A narrativa mostra a história de um grupo de alunos que tem a oportunidade de trabalhar com um professor visionário, de atitudes inesperadas, que os instigou a pensar por conta própria. Professores como o do filme colocam as “estruturas” administrativas de qualquer instituição de ensino em alerta.

Bohoslavsky (1993) ilustra bem em sua produção quando afirma que ensinar os alunos a pensar e a exercer a reflexão crítica é uma meta que frequentemente mencionamos como inerente à função docente. No entanto, muitas vezes, alerta ele, isto não passa de uma formulação bem intencionada. A leitura do texto e a exposição do filme promovem reflexões acerca das pedagogias utilizadas nas escolas e universidades. Tais narrativas instigam quem ama a educação, quem busca ideal de reformulação, quem tem um profundo respeito e preocupação pelo aluno.  Estando num ambiente de Educação, seja como educando ou como educador, fica a inquietação: precisamos reformular nossas práticas, rever posturas e condutas e, principalmente, olhar para nós mesmos em busca daquilo que nos faça sentir orgulho do que fizemos e do que faremos com o que aprendemos.

Referência: 

BOHOSLAVSKY, Rodolfo H. A psicopatologia do vínculo professor-aluno: o professor como agente de socialização. In: PATTO, M. Helena S. (org.). Introdução à Psicologia Escolar. São Paulo: T.A. Queiroz, 1993.


FICHA TÉCNICA DO FILME

SOCIEDADE DOS POETAS MORTOS

Nome Original: DEAD POETS SOCIETY
Elenco Principal: Robin Williams (John Keating), Robert Sean Leonard (Neil Perry), Ethan Hawke (Todd Anderson), Josh Charles (Knox Overstreet) entre outros.
Duração: 129 min
Direção: Peter Weir
Roteiro: Tom Schulman
Música: Maurice Jarre
Fotografia: John Seale
Gênero: Drama
Ano: 1989
Estúdios: Touchstone Pictures

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