Martin Seligman, precursor da Psicologia Positiva

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Martin Seligman é um psicólogo, educador e escritor americano, conhecido por sua teoria do desamparo aprendido, a teoria do otimismo aprendido e por ser um dos pioneiros da psicologia positiva. Ele nasceu em 12 de agosto de 1942 em Albany, EUA, onde estudou durante o ensino primário e secundário. Uma vez concluído, ele se matriculou na Universidade de Princeton para cursar Filosofia em 1960. 

Seligman começou sua carreira como psicólogo na Universidade de Princeton. Summa Cum Laude graduou-se em 1964, e durante seu último ano recebeu vários convites para continuar seus estudos na área. Duas das opções são estudar Psicologia Analítica em Oxford ou Psicologia Animal Experimental na Universidade da Pensilvânia. Seligman escolheu o último, obtendo um doutorado em psicologia em 1967. Durante seus anos de estudo, Martin Seligman inspirou-se no trabalho de um de seus professores, Aron T. Beck, figura proeminente no campo da terapia cognitiva e especialista em sua aplicação no tratamento da depressão. 

O trabalho de Becker baseia-se na ideia de que os pensamentos negativos das pessoas são a causa de seus estados depressivos. Seligman também decidiu investigar essa hipótese, razão pela qual desenvolveu sua famosa teoria do “desamparo aprendido”. Seligman também criou um modelo experimental de tratamento da depressão, que envolve a neutralização de pensamentos negativos por meio de técnicas de argumentação. A ideia de Seligman para este trabalho é fazer com que as pessoas superem a depressão aprendendo a explicar ou racionalizar o que acontece com elas de uma forma positiva e não negativa. 

Munido dessa teoria, Seligman também conseguiu criar e testar novas técnicas e exercícios cognitivos, provando que, ao combater os pensamentos negativos, os estados depressivos podem ser melhorados ou mesmo prevenidos. Mas enquanto seu modelo de intervenção tornou-se uma referência no campo da psicologia, em 1990 Seligman colocou seu método de volta ao trabalho. Este psicólogo passou de especialista em depressão a especialista em otimismo e felicidade. 

Martin Seligman foi o pioneiro da psicologia positiva e no ano 2000, fundou o campo da psicologia positiva. Desde então, sua carreira tem sido baseada no estudo de emoções positivas, como felicidade, esperança, força e otimismo. Seligman decidiu mudar a abordagem da psicoterapia e garantiu a seus colegas que a solução não era apenas consertar o que estava quebrado, mas cultivar as coisas positivas que cada pessoa possui.  De acordo com a definição de Seligman de 1999, a psicologia positiva é o estudo científico das experiências positivas e em 2002, Martín Seligman desenvolveu uma teoria da verdadeira felicidade, na qual afirmou que não apenas era possível alcançá-la, mas que também poderia ser cultivada, usando as características que possuía. 

Seligman afirmou que a solução para as pessoas alcançarem a felicidade era aumentar sua satisfação com a vida. Nessa teoria, Seligman acreditava que o termo poderia ser dividido em três elementos: Emoção Positiva, que são as emoções positivas que contribuem para uma vida agradável; Engajamento, que é o compromisso com alguma atividade agradável; e significado, que é o significado ou propósito que damos ao que fazemos. Em seu livro Florescer, publicado em 2011, o autor afirma que odeia a palavra felicidade, pois seu uso excessivo no mundo moderno a tornou, em sua opinião, sem sentido. O autor diz que a felicidade não pode ser definida pela satisfação com a vida. Por isso, reformulou sua abordagem criando a Teoria do Bem-Estar.

“A vida impõe os mesmos reveses e tragédias tanto para o otimista quanto para o pessimista, mas o otimista consegue enfrentá-los com mais tranquilidade”.
Fonte: Jackson David/pixaby

O que é felicidade, de acordo com Martin Seligman?

Após nove anos da publicação do Felicidade Autêntica, com novas e importantes pesquisas sobre a felicidade, Seligman publica o Florescer (2011), onde faz uma mudança teórica significativa, ao deixar de abordar o conceito de felicidade, para abordar o de bem-estar. Com essa mudança, as formas de felicidade anteriormente descritas passam a ser elementos da nova teoria. Segundo Seligman, o bem-estar é uma construção mais completa que pode definir melhor o objetivo do ser humano. 

Nesta teoria, sendo o bem-estar o sujeito e não a felicidade, a maneira de mensurá-lo é: 1 – emoções positivas, 2- comprometimento, 3- relacionamentos positivos, 4 significado ou propósito e 5- realizações. Nesse seu livro Florescer (2011) Seligman explicou que é necessário mudar a ideia de que felicidade é sorrir muito e sempre ser feliz. O autor diz que as pessoas aspiram ter muito mais do que isso e que felicidade não significa se sentir bem o tempo todo. 

Contudo, Martin Seligman ao criar a psicologia positiva, vem com o intuito de potencializar o que o indivíduo já tem de melhor, deixando de usar lente de aumento para as fraquezas do mesmo e fazendo com que suas capacidades e hábitos saudáveis se tornem foco de estudo. Nos últimos anos, ele fez inúmeras publicações e realizou diferentes conferências. Atualmente, ele está com 80 anos de idade, continua atuando como diretor do Centro de Psicologia Positiva da Penn e é professor do departamento de psicologia da Universidade da Pensilvânia (especificamente com o título de Professor de Psicologia da Família Zellerbach). Ele também é o diretor do Master of Applied Positive Psychology e continua a trabalhar como consultor em diferentes organizações.

 

Referências

FARIAS, Isbelia. Biografia de Martin Seligman. Venezuela. Disponível em <:  https://www.psicoactiva.com/biografias/martin-seligman/ >. Acessado em 12 março de 2023.

SCORSOLINI, Fabio C. Por uma nova compreensão do conceito de bem-estar: Martin Seligman e a psicologia positiva. Ribeirão Preto. Disponível em <: https://www.scielo.br/j/paideia/a/DDmmFXthptYVLTKrY9M3Wmz/?lang=pt >. Acessado em 14 março de 2023.

SELIGMAN, M. E. P. Felicidade autêntica: usando a nova psicologia para a realização permanente. Rio de Janeiro: Editora Objetiva, 2010.

SELIGMAN, M. E. P. Florescer: uma nova compreensão sobre a natureza da felicidade e do bem-estar. Rio de Janeiro: Editora Objetiva, 2012.

(Sem autor definido) A Felicidade Autêntica e Florescimento (Psicologia Positiva). Disponível em <: https://spsicologos.com/2019/04/24/explicando-seligman-felicidade-autentica-e-florescimento-psicologia-positiva/ >. Acessado em 12 março de 2023.

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Conexão de saúde mental e afeto: uma visão da psicologia positiva

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“Quem não senti o amor é infeliz”. “Você necessita de um companheiro, aí sim vai se sentir na plenitude total”. “Como está seu namoro?”. Estas e muitas outras expressões são um fragmento do dia a dia da comunidade, que, em seus diálogos do cotidiano, focalizam o amor como essencial origem da felicidade. Novelas, filmes, obras de arte, programas de TV e rádio, livros e músicas interligam o amor a componentes como: felicidade, qualidade de vida, bem-estar, paixão, e assim por diante que integram o painel de quesitos positivos da vida.

Pesquisas sobre relacionamentos são concebidas por distintas áreas do saber, como antropologia, etologia, sociologia e comunicação. Na psicologia, tais eventos são investigados com maior afinco nos campos da psicologia social, psicologia do desenvolvimento, psicologia da personalidade e psicologia clínica (Duck & Perlman, 1985). Conforme Matos, Féres-Carneiro e Jablonski (2005), os namoros envolvem sentimentos considerados importantes em um relacionamento sério, especificamente o amor, o companheirismo, a igualdade, o sexo e a procriação.

Um quesito indispensável a ser assinalado, ao figurar o fenômeno amoroso como primordial objeto na presente pesquisa científica, é a sua inerente ligação com o bem-estar subjetivo, visto que os relacionamentos interpessoais integram o painel dos essenciais motivos da felicidade, em conjunto com o trabalho e ao lazer (Argyle, 2001). Assim sendo, sua conexão com a saúde mental demonstra altíssimo destaque cientifico e social, uma vez que proporcional tanto contribuições atuais as pesquisas relacionadas ao namoro, mudando ao relacioná-lo à saúde mental, como enriquece a aproximação da comunidade a um conteúdo que mexe com sua existência de maneira muito diferente.

A psicologia positiva pode ser conceituada como um recente braço da psicologia que focaliza o estudo científico de emoções positivas, forças e virtudes humanas (Seligman & Csikszentmihalyi, 2000; Sheldon & King, 2001). Martin E. P. Seligman, psicólogo norte-americano e professor da Universidade da Pensilvânia, é o criador desse movimento. Ao mesmo tempo em que professor da disciplina de psicopatologia, analisou que a psicologia como ciência vinha ignorando as partes positivas da natureza humana focalizando somente as patologias e comportamentos disfuncionais do sujeito, em agravo de suas potencialidades e quesitos positivos (Scorsolini-Comin, 2012).

Legitimada em 1997/1998, quando Seligman exerce a presidência da American Psychological Association (APA), a mobilidade da psicologia positiva deu abertura a pesquisas quantitativas tendo em vista à promoção de uma modificação na essência da psicologia, pretendo mudar o paradigma de perspectivas dos aspectos negativos da vida para aspectos positivos (Seligman & Csikszentmihalyi, 2000). No ano 2000, Seligman e Csikszentmihalyi lançam uma edição especial na American Psychologist, dando ênfase que a psicologia não vem gerando conhecimento satisfatório sobre os aspectos positivos e bons da condição humana, salientando a necessidade de mais trabalhos sobre aspectos como: felicidade, esperança, criatividade, coragem, espiritualidade, sabedoria, etc.

Ativamente, a psicologia positiva estuda a compreensão dos processos e fatores que propiciam e ajudam o desenvolvimento psicológico salutar. Também se importa com os elementos que propiciam a edificação e consolidação de potenciais nos indivíduos, grupos e instituições (Poletto, 2006). Vale salientar que a psicologia positiva vem agregar as teorias psicológicas já vigentes, encaixando suas visões dos fenômenos psicológicos. O novo modelo traz uma modificação de paradigma, que sai de um modelo voltado a doenças e aspectos considerados anormais, e vai para um modelo que o interesse se centra nas emoções positivas. Segundo Myers (2000) e Seligman (2004), trabalhos sobre sujeitos infelizes são em grande maioria na literatura, deixando à mercê pesquisas com foco no potencial humano.

Referências:

Adeodato, V. G., Carvalho, R. dos C., Siqueira, V. R. de, & Souza, F. G. de M. (2005). Qualidade de vida e depressão em mulheres vítimas de seus parceiros. Revista de Saúde Pública, 29(1), 108-113.

Alferes, V. R. (2004). Atração interpessoal, sexualidade e relações íntimas. In J. Vala, & M. B. Monteiro, Psicologia Social (6ª ed.), Fundação CalouseGulbenkian: Lisboa.

Almeida, T. De, Rodrigues, K. R. B., & Silva, A. A. da. (2008). O ciúme romântico e os relacionamentos amorosos heterossexuais contemporâneos. Estudos de Psicologia (Natal), 13(1), s/n.

Almeida-Filho, N, Lessa, I., Magalhães, L., Araújo, M. J., Aquino, E., James, S. A., & Kawachi, I. (2004). Social inequality and depressive disorders in Bahia, Brazil. Interactions of gender, ethnicity and social class. Social Science Medicine, 59, 1339-1353.

Andrade, A. L. De, Garcia, A., & Cano, D. S. (2009). Preditores da satisfação global em relacionamentos românticos. Psicologia: Teoria e Prática,11(3), 143-156.

Angelo, C. (1995). A escolha do parceiro. In M. Andolfi, C. Angelo, & C. Saccu (Orgs.), O casal em crise (3ª ed.). São Paulo: Summus.

Argyle, M. (2001). The psychology of happiness (2ª ed.) Hove/New York: Routledge/Taylor & Francis.

Arriaga, X. B. (2001). The ups and downs of dating: fluctuations in satisfaction in newly formed romantic relationships. Journal of Personality & Social Psychology,80(5), 754-765.

Beck. T. A. (1995). Para além do amor. Rio de Janeiro: Rosa dos Ventos.

Berscheid, E. (2006). Searching for the meaning of “love”. In R. J. Sternberg & K. Weis (Eds.), The new psychology of love (pp. 171-183). London: Yale University Press.

Berscheid, E., & Hatfield, E. (1969). Interpersonal attraction. New York: Addison-Wesley.

Berscheid, E., & Walster, E. (1969). Interpersonal attraction. Reading, MA: Addison Wesley.

Bowlby, J. (2009). Apego. A natureza do vínculo. São Paulo: Martins Fontes.

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