Narcisismo e a personalidade histriônica nas redes sociais
24 de agosto de 2022 Sandra Aparecida Lopes Ramalho
Insight
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O imediatismo da internet é cada vez mais latente na sociedade, aquilo que era moda ontem, hoje já pode ser considerado cringe. Tendências mudam de direção tão rápido quanto os ventos do Oeste.
Por esta razão, tornou-se cada vez mais comum se deparar com vídeos e imagens extremamente chamativos que tem uma única finalidade, atrair para um indivíduo toda uma atenção midiática – seja positiva ou negativa (quem não se recorda da banheira de Nutella!?).
Falem mal ou falem bem, mas que falem de mim, tal frase se tornou comum, e até um mantra neste meio. Baseada na mitologia grega de Narciso, o Transtorno de Personalidade Narcisista carrega como característica a necessidade do indivíduo de preocupar-se e admirar sua imagem, buscando sempre atenção para afirmação daquela vaidade exacerbada.
Noutra banda, o Transtorno de Personalidade Histriônica completa o pilar do narcisista nas redes sociais. Nesta condição mental, o indivíduo utiliza seu corpo e suas características para ter atenção sobre si. Vestes extravagantes e chamativas ou com forte apelo sexual podem ser fortes indícios do histrionismo na vida de uma celebridade.
Fonte: Imagem de Gerd Altmann por Pixabay
Nada obstante, é perceptível que esse comportamento é, de certa forma, incentivado pelos fãs destas celebridades que são sedentos por mais e mais conteúdos e das mais diversas formas possíveis.
Porém, nem tudo são flores. No mundo virtual as pessoas tendem a elevar e destruir carreiras com forte engajamento. Se tornou comum os movimentos de cancelamento nas redes sociais de atores e atrizes que dão opiniões consideradas polêmicas ou que possuam um cunho pejorativo.
Este é o ponto que torna possível diferenciar o narcisista do TPH nas redes sociais. No momento de crise de imagem, o narcisista tenta, a todo custo, manipular seu público para que voltem a ter uma admiração por sua pessoa, mesmo que isso vá contra seus princípios e ideologias. Todavia, portadores da TPH mantém seus comportamentos perante a crise, muitas vezes estes ainda incitam a discórdia, aumentando ainda mais as discussões e debates sobre este.
Com isto, é possível inferir que a presença destas pessoas no universo midiático e famoso é massivo, principalmente em seguimentos da moda onde as tendências de vestimentas são determinadas.
REFERÊNCIAS
GOMES, Alice Chaves de Carvalho; PEDROSA, Raimundo Benone de Araújo, e; TEIXEIRA, Leônia Cavalcante. Nem ver, nem olhar: visualizar! Sobre a exibição dos adolescentes nas redes sociais. Ágora: Estudos em Teoria Psicanalítica [online]. 2021, v. 24, n. 1 [Acessado 19 Agosto 2022], pp. 91-99. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/1809-44142021001011>. Epub 19 Abr 2021. ISSN 1809-4414. https://doi.org/10.1590/1809-44142021001011.
Barbosa, Caroline Garpelli, Campos, Erico Bruno Viana e Neme, Carmen Maria Bueno. Narcisismo e desamparo: algumas considerações sobre as relações interpessoais na atualidade. Psicologia USP [online]. 2021, v. 32 [Acessado 19 Agosto 2022] , e190014. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/0103-6564e190014>. Epub 23 Ago 2021. ISSN 1678-5177. https://doi.org/10.1590/0103-6564e190014
O uso de mídias sociais como Twitter, Facebook e Instagram é generalizado. As redes sociais permitem aos indivíduos construir perfis nos quais podem manter e criar redes de relacionamento, bem como circular detalhes sobre suas vidas diárias e responder às postagens de outros usuários (BERRY et al. 2018). Trata-se de fenômeno relativamente recente, sobre o qual várias áreas do conhecimento se debruçam tendo em vista diversas populações (LIRA et al. 2017). Para Firestone (2019), é experiência relativamente nova para a psiquê humana. Conforme Shirley Cramer, chefe executiva da Royal Society for Public Health, as redes sociais tornaram-se espaço de construção de relações, moldagem da autoidentidade, espaço de expressão e conhecimento do mundo à volta, logo, intrinsecamente ligadas à saúde mental.
As mídias digitais, móveis e sociais tornaram-se parte indispensável da vida diária de pessoas no mundo todo. O relatório Digital 2020 mostra que, a nível mundial, 4,5 bilhões de pessoas usam internet, enquanto os usuários de redes sociais passam da marca de 3,8 bilhões. No contexto brasileiro, existem 140 milhões de usuários de mídias sociais ativos. Entre as redes mais utilizadas o Instagram tem posição especial, com 69 milhões de usuários brasileiros, figurando no quarto lugar a nível nacional, e em sexto a nível mundial (IMME, 2020). Como escreve Trifiro (2018), sendo aplicativo essencialmente criado para aparelhos móveis, seus usuários podem publicar fotos e vídeos. Em resposta, outros usuários curtem (ou gostam da) publicação, comentam-na, assim interagindo uns com outros.
Uma vez que o Instagram é relativamente novo, poucas pesquisas foram feitas, no que diz respeito aos efeitos específicos da rede social sobre a saúde mental dos usuários (TRIFIRO, 2018). Esta mesma autora, citando Vries et al. (2017) escreve que a rede social em questão difere muito de outras, especialmente do Facebook, devido à “centralidade de imagens”, ou seja, à prioridade dada às imagens em dentrimento dos textos. Ainda conforme a mesma autora, que cita Johnson e Knobloch-Westerwick (2016), redes sociais focadas em imagens têm efeitos comprovadamente diferentes sobre o humor dos usuários, em comparação com mídias que priorizam textos. Otero (2018), tratando sobre a rede social em questão, fala em “culto ao audiovisual”.
Numa breve perspectiva macrosocial, pode-se dizer que o Instagram alimenta-se de tendência contemporânea, onde a imagem técnica é meta de todo ato e o fotógrafo visa a eternizar-se por meio da fotografia. “Tudo, atualmente, tende para as imagens técnicas, são elas a memória eterna de todo empenho. Todo ato científico, artístico e político visa a eternizar-se em imagem técnica, visa a ser fotografado, filmado, videoteipado (FLUSSER, 2002, pg. 18). Todavia, o fenômeno entre usuários do Instagram e as imagens não é processo meramente motor, onde dedos e olhos trabalham e fica por isso mesmo. Ocorre também processo cognitivo que, por sua vez, é crucial para a relação entre usuários, e entre eles e a rede social como ferramenta. “Fotografias são imagens técnicas que transcodificam conceitos em superfícies. Decifrá-las é descobrir o que os conceitos significam.” (FLUSSER, 2002, p. 43).
Em que pese sua popularidade, o Instagram é a rede social mais nociva à saúde mental e bem-estar de jovens entre 14 e 24 anos, conforme relatório publicado pela Royal Society for Public Health. O impacto negativo atinge a imagem corporal e o sono, alimentando sentimentos de inadequação, ansiedade, depressão e solidão (FIRESTONE, 2019). Enquanto todas as redes sociais parecem ter impacto negativo na imagem corporal, o problema é especialmente prevalente no Instagram, onde há mais mulheres e jovens. Muitas fotografias carregadas têm perfeição irreal, uma vez que as fotos são cuidadosamente selecionadas ou mesmo editadas, a fim de esconder falhas. Trata-se de plataforma onde predominam postagens positivas, onde as pessoas tendem a expor os lados mais positivos delas mesmas e de suas vidas (DE VRIES et al., 2018).
Uma vez publicadas, recebem ou não curtidas (ou likes) bem como comentários acerca do conteúdo explícito na imagem. A experiência de receber um like na rede social produz dopamina, neurotransmissor associado com o prazer. Quando um usuário vê que outro usuário curtiu sua postagem, é um pouco como tomar uma substância psicoativa. Quando se está prestes a publicar algo, não há garantia da obtenção de likes, tal imprevisibilidade torna o processo viciante. O problema no Instagram é que todos apresentam a melhor versão de suas vidas, cada um tem contato com os melhores aspectos da vida alheia. Logo, a comparação de um com o outro leva a conclusão de que há falta de algo que o outro aparentemente tem (ALTER, 2017).
Conforme De Vries et al. (2018), estudos se contradizem acerca dos efeitos das mídias sociais sobre a saúde mental dos usuários, e, citando Frison e Eggermont (2016), explica que tais efeitos dependem das atividades com as quais os usuários se envolvem na rede social. De todo modo, citando Lin e Utz (2015), parece claro que ver postagens positivas, rotineiras nas redes sociais, pode ter tanto consequências positivas quanto negativas para o humor do usuário. Segundo Chou e Edge (2012); Haferkamp e Krämer (2011); Sagioglou e Greitemeyer (2014); e Tandoc, Ferruci e Duffy (2015), navegar em postagens positivas de outros usuários tem efeitos negativos como inveja e sensação de que outros têm uma vida melhor.
Porém, outros estudos emergentes, a partir de uma perspectiva de contágio emocional, sugerem que postagens positivas de outros usuários evocam respostas emocionais positivas, à medida que os indivíduos adotam emoções agradáveis expressas por outros em suas publicações (FERRARA e YANG, 2015; HANCOCK, GEE, CIACCIO e LIN, 2008; KRAMER, GUILLORY e HANCOCK, 2014). Assim sendo, as perspectivas da comparação social e do contágio emocional predizem formas opostas que afetam os usuários de mídias sociais.
Fonte: encurtador.com.br/eyzCI
O Instagram provê informação sobre vasta quantidade de outras pessoas, sobre o que elas estão fazendo, como estão se sentindo. A partir disso, os usuários usam tais informações para aprenderem sobre sua própria situação, comparando-se a si próprios e suas vidas às dos outros, baseados na informação que recebem sobre estes (FESTINGER, 1954 apud DE VRIES et al. 2018). Desse processamento que mira o alvo de comparação, decidem se estão melhores ou piores que ele (DIJKSTRA et al., 2010; FESTINGER, 1954 apud DE VRIES et al. 2018,) resultando em entusiasmo, excitação (WATSON et al., 1988 apud DE VRIES 2018), sentimentos de alívio e orgulho ou frustração e ressentimento.
Em ambos os casos, dos afetos positivos ou negativos, percebe-se uma questão de autoestima que motiva as publicações e também atua na forma de reagir dos usuários, seja através da interpretação dos conteúdos ou da comparação social no âmbito virtual. Martin (2003) apud Elena (2017) vê a autoestima como “um conceito, uma atitude, um sentimento, uma imagem”, sendo tais aspectos representados pelo comportamento. Também é tida como sentimento de apreço ou rejeição junta à avaliação global que um faz de si mesmo (ROJAS, 2008 apud ELENA, 2017).
Branden (1995) vê muito mais que o sentido inato do valor pessoal, isso seria a antessala da autoestima que, por sua vez, consumada, é a experiência fundamental da capacidade de levar uma vida significativa e de cumprir seus requisitos. Isso implica a capacidade de pensar, de enfrentar desafios básicos da vida, a confiança no direito de triunfar e ser feliz. Para Rojas (2016), a autoestima é fundamental para a sobrevivência psicológica, sendo o final da travessia de uma personalidade bem estruturada. Trata-se de juízo positivo de uma pessoa sobre ela própria, após conseguir personalidade onde elementos físicos, psicológicos, sociais, profissionais e culturais formam estrutura coerente, a qual o sujeito dá uma nota valiosa. Logo, conclui Elena (2017), a autoestima é fenômeno psicológico e social.
Em meados do ano 2019 o Instagram testou uma função que ocultou o número de curtidas das publicações, de modo que apenas os donos das contas tinham acesso a esses dados e, ao contrário do que ocorria antes, não seus seguidores, os quais poderiam ver a lista dos que curtiram, mas, teriam de contar manualmente se quisessem saber o total. Segundo a plataforma, a expectativa era entender se tal mudança poderia ajudar os usuários a focar menos em curtidas e mais em contar suas histórias. Além disso, a nova função baseou-se na questão de a contagem de likes ser negativamente ligada à saúde mental dos usuários (BARROS, 2019). Resta saber se a ideia deu certo, fica em aberto uma lacuna do conhecimento para profissionais da Psicologia, bem como estagiários, investigarem através da pesquisa.
FIRESTONE, Lena. Which is Worst for Your Mental Health: Instagram, Facebook or YouTube? Disponível em: <psychalive.org/worst-mental-health-instagram-facebook-youtube/>. Acesso em 05 de agosto de 2020.
FLUSSER, Vilém. Filosofia da Caixa Preta: Ensaios para uma futura filosofia da fotografia. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 2002.
Dr. Felipe de Souza é um dos mais profícuos psicólogos a se utilizar das novas tecnologias para divulgar a prática profissional
O psicólogo e professor Doutor Felipe Luis Melo de Souza (UFJF), que atualmente faz pós-doutorado em Mindfulness pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), será o palestrante de abertura do Caos 2018 – Congresso Acadêmico de Saberes em Psicologia. O evento ocorre no dia 22 de maio, às 9h, no auditório central do Ceulp/Ulbra.
Dr. Felipe irá falar de sua experiência pessoal com o uso de novas tecnologias para a difusão da profissão. Dono de um dos maiores sites com conteúdos de Psicologia, o Psicologia MSN (com mais de 20 milhões de acessos), Dr. Felipe também tem um canal no Youtube com mais de 50 mil inscritos. Dentre os temas abordados no Caos, o psicólogo, professor e pesquisador irá falar sobre a interface entre Psicologia e Tecnologia, Dispositivos Eletrônicos e produção de conteúdo na Psi, Questões Éticas, além da aproximação dos saberes da Academia e o público em geral.
Abaixo, confira uma entrevista concedida pelo palestrante ao Portal (En)Cena, que irá abordar estes e outros assuntos.
(En)Cena – O Congresso Acadêmico de Psicologia do Ceulp/Ulbra, pela primeira vez, vai falar da interface entre Psicologia e Tecnologia. Você considera que este tema já é usual na área, ou ainda estamos abordando-o de modo tímido?
Dr. Felipe Souza – Acredito que, dada a importância do tema, a abordagem ainda é tímida. As novas tecnologias modificaram extremamente o comportamento humano nas últimas décadas, permitindo mudanças significativas nas comunicações e interações entre as pessoas, na produção e disseminação de conteúdos e informações e, com as redes sociais, profundas modificações no modo como descrevemos à nós mesmos e narramos a nossa história (assim como a do outro), entre muitas outras áreas.
(En)Cena – Particularmente nota-se que você, como profissional de Psicologia, faz bom uso das tecnologias/redes/dispositivos para divulgar seus trabalhos. O que fazer para que os novos profissionais percebam o papel positivo deste panorama?
Dr. Felipe Souza – A produção de conteúdo, até pouco tempo atrás, era restrita aos meios de comunicação e às grandes editoras. Com as inovações da tecnologia, hoje podemos criar e enviar conteúdos do nosso consultório ou casa para o mundo. É uma possibilidade incrível que muitos profissionais não enxergam. Antigamente a divulgação de nosso trabalho na psicologia consistia em cartões de visita, lista telefônica e propaganda boca-a-boca. Hoje, investindo muito pouco, com um celular comum conseguimos gravar vídeos, por exemplo, e ter uma audiência enorme, não só no curto prazo, mas também depois de anos. As possibilidades devem ser aproveitadas.
Fonte: https://bit.ly/2KwEKOb
(En)Cena – É possível ser eficaz na condução de um processo terapêutico à distância, com o uso/mediação de dispositivos eletrônicos/digitais?
Dr. Felipe Souza – O Conselho Federal de Psicologia regulamentou apenas a Orientação Psicológica Online e, em resolução, impede que o profissional da psicologia use o termo terapia ou processo terapêutico. Entretanto, embora a Orientação Online seja pontual – no máximo 20 sessões, é possível sim realizar um excelente trabalho.
(En)Cena – Percebe-se que você tem ampla formação acadêmica, inclusive com um pós-doutoramento em curso na Unifesp. Ao mesmo tempo é bem próximo do público a partir do uso de redes sociais eletrônicas, por exemplo. Esta é uma saída para que a academia e os profissionais se aproximem das pessoas?
Dr. Felipe Souza –A minha interação com o público veio de duas motivações: evidentemente, quis divulgar o meu trabalho na clínica, mas, principalmente, veio do meu senso de responsabilidade de compartilhar o que aprendi. Nunca me esqueço da fala do reitor da UFSJ na época da graduação que apontou a necessidade de contribuirmos com a sociedade de forma ampla, dado que a formação havia sido em uma Universidade Federal.
Como sempre gostei de ler e estudar, fui fazendo as formações por gosto. Só recentemente assumi o papel de professor. De certa forma, me via como um tradutor, ou seja, da linguagem rebuscada e por vezes tortuosa dos livros e artigos científicos eu transformava para uma linguagem acessível para quase todos.
Portanto, acredito sim que as redes sociais devem ser usadas cada vez mais pelos pesquisadores, como um meio para mostrar para a população a relevância das pesquisas acadêmicas, e para ampliar o conhecimento de todos.
(En)Cena – Como fazer bom uso destes recursos sem ferir os preceitos do Código de Ética do Psicólogo?
Dr. Felipe Souza – Não existe muita saída senão conhecer o Código e fazer uso do setor de Orientação e Fiscalização dos CRPs. Aliás, muita gente não sabe, mas o setor de Orientação ajuda muito nas dúvidas que possamos ter sobre a atuação e os seus limites.
(En)Cena – Qual o futuro da Psicologia, diante desta revolução tecnológica em curso, e levando-se em conta que parte da Psicologia critica o uso destes dispositivos?
Dr. Felipe Souza – Difícil prever o futuro, mas pelo que já existe (sobre o que falarei na palestra), é inevitável que os psicólogos utilizem todo o potencial das tecnologias daqui para frente. E em dois sentidos: usar a tecnologia como fonte de dados de pesquisa – como o big data por exemplo – e para a elaboração de estratégias eficazes de intervenção.
(En)Cena – Você fará a palestra de abertura do evento. Além destas questões, o que pretende mais abordar?
Dr. Felipe Souza – Dependendo do conceito de tecnologia, podemos dizer que o ser humano já há muitos séculos não vive sem tecnologia. Como todo instrumento, pode ser utilizado de maneira positiva ou negativa. O fato é que não há como desenvolver um bom trabalho na psicologia (seja na pesquisa, seja na atuação profissional) sem acompanhar o progresso tecnológico. É provável que uma parte da nossa atuação seja incorporada nas tecnologias atuais ou a serem desenvolvidas, mas certamente a relação de ser humano para ser humano será sempre fundamental na cura e no desenvolvimento pessoal.
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Educar as pessoas para a convivência em rede – (En)Cena entrevista Edvaldo Couto
O (En)Cena entrevista o Pós-Doutor em Educação Edvaldo Couto que irá abordar a “Violência e maus tratos emocionais em mídias sociais” em minicurso.
Durante os dias 21 a 25 de agosto de 2017, semana em que se comemora o Dia do Profissional de Psicologia, o Caos – Congresso Acadêmico de Saberes da Psicologia– será realizado no Ceulp/Ulbra e contará com uma série de atividades que irão se debruçar sobre um dos temas mais emergentes da contemporaneidade, a violência. Temas como ‘Manejo clínico de vítimas de violência doméstica’, ‘Violência no Trânsito’, ‘Prevenção ao Suicídio e automutilação’, ‘Violência nas redes: em que momento nos tornamos tão insensíveis ao outro?’, ‘Alienação Parental no contexto sociojurídico’, ‘Violência e Sofrimento Psíquico no Trabalho’, ‘Arquétipos da violência nos contos de fada’ e ‘Mídia, Corpo e Violência’ serão alguns assuntos abordados, dentro de uma programação que envolve aproximadamente 30 atividades.
Edvaldo Couto. Foto: arquivo pessoal
Um dos palestrantes confirmados no evento é o professor da UFBA Edvaldo Souza Couto, que possui pós-doutoramento em Educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Doutorado em Educação (UNICAMP), Mestrado em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e graduação em Licenciatura Plena em Filosofia pela Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC). É professor Titular na Universidade Federal da Bahia (UFBA), no Departamento de Educação II. É professor permanente no programa de pós-graduação em Educação e um dos coordenadores do GEC: Grupo de pesquisa Educação, Comunicação e Tecnologias. É bolsista do CNPq (PQ 2). Tem experiência na área de Educação, com ênfase em Educação, Comunicação e Tecnologias e também na área de Filosofia, com ênfase em Estética Contemporânea: Escola de Frankfurt (Benjamin e Adorno) e Simondon. Estuda principalmente os seguintes temas: estética; corpo e tecnologia; sexualidade e tecnologias digitais; filosofia da técnica; educação, comunicação e tecnologias digitais; cibercultura e novas educações; software livre; leitura e escrita na era digital; currículo e formação de professores; redes sociais na internet.
Abaixo, confira a entrevista concedida ao portal (En)Cena.
(En)Cena – Há autores que criticam e outros que defendem o uso irrestrito das redes, sobretudo no âmbito da comunicação. Em que medida, para os jovens, uma comunicação violenta, na internet, pode representar um perigo? E qual sua opinião sobre a eventual irreversibilidade do uso de redes sociais eletrônicas por jovens e adultos jovens?
Edvaldo Couto – Vivemos a era das conexões e as pessoas organizam a sua vida por meio das redes. Essa é uma característica da cultura digital. Não tem volta. Desejamos conexões mais seguras, velozes e baratas. A desconexão não é uma reivindicação. A vida online é cheia de situações de violência porque as pessoas são violentas. É preciso educar as pessoas para o convívio nas redes. Conviver com os outros, com todas as diferenças próprias dos outros, é o nosso desafio. Devemos usar as redes para promover sociabilidades e ampliar as regras e experiências do bem-viver.
Edvaldo Couto. Foto: arquivo pessoal
(En)Cena – Estaríamos diante de uma crise de curadoria, ou de uma nova revolução no modo de fazer comunicação?
Edvaldo Couto – Em toda parte vemos pessoas conectadas e criando soluções para os mais diversos problemas. Vivemos uma época de revolução dos nossos modos de vida e hábitos de comunicação em rede. Por isso devemos todos defender liberdade de usos da internet. A internet não pode e não deve ter controles governamentais, institucionais ou empresariais, não pode e não deve ser limitada, com sites e acessos proibidos. Onde tem pessoas conectadas e produzindo livremente coisas extraordinárias acontecem.
(En)Cena – Como as novas configurações de “trocas” de informações podem impactar nos processos educacionais e na formação identitária das gerações futuras?
Edvaldo Couto – Vivemos a cultura digital. Nossa geração e as que estão vindo vivem e viverão conectadas por meio de tecnológias móveis e ubíquas. Isso significa que vivemos uma era de trocas intensas entre pessoas que vivem em rede, o que chamamos a internet das pessoas, mas também começamos a era das trocas intensas de comunicação entre os objetos, o que chamamos internet das coisas. Esses dois modos se fundem e logo pessoas e objetos estaremos todos conectados. E a vida será mais dinâmica, interativa. E também mais vigiada. Qualquer experiência educacional que estiver fora das conexões não terá como sobreviver. Nosso desafio é ensinar e aprender em redes sociocomunicativas, é estimular a produção colaborativa e a difusão de saberes. É isso que chamamos de inteligência conectiva.
(En)Cena – De que forma as subjetividades contemporâneas podem lidar com a enxurrada de informações, notadamente aquelas de teor explicitamente violentas?
Edvaldo Couto – Nossas subjetividades resultam da cultura das conecções. Os modos de ser voláteis são os que vivemos na era dos fluxos. Para quem está inserido nos nexos das redes tudo é fluxo, não tem excesso de informação. O discurso sobre o excesso de informação era próprio de uma época em que era possível viver online e também offline. Essa dualidade não existe mais. Aparentemente tudo está disponível e circula, mas não precisamos nem podemos acessar tudo. Cada um cria suas redes e audiências a partir de interesses específicos. Compartilhamos informações para esses grupos que formam as nossas redes de influências e subjetividades. E, ao mesmo, tempo, devemos combater crimes, discriminações e todo tipo de violência em rede. A cultura da violência na rede pode caminhar para uma cultura do compartilhamento e da solidariedade. Devemos educar as pessoas para o prazer da convivência em rede.
A subversão de conceitos aparentemente fechados é uma das marcas das mentes mais invejáveis de todos os tempos. E pensar de forma subversiva é também quebrar com a linearidade das considerações pré-concebidas. Assim, resignificar e despir as “verdades” são a tônica de toda a produção científica, de toda a produção de saberes. Caso contrário, não se estaria produzindo ciência, mas, antes, dogmas.
A palavra CAOS, neste contexto, ganha especial sentido, já que remete à possibilidade do princípio da impermanência e da criatividade. A Física diz que é do princípio do CAOS que surge parte dos fenômenos imprevisíveis, cuja beleza se materializa na vida que se desnuda a todo instante.
É neste sentido que, também, para a Psicologia, o CAOS possibilita pensar sobre uma maneira de enxergar o Ser para além de rótulos ou de concepções a priori. Este microcosmo humano que é objeto de escrutínio do profissional de Psicologia guarda uma gama de imprevisibilidade e de originalidade que representam a própria riqueza da existência. Afinal, pelo CAOS pode-se iniciar intensos processos de mudanças, autossuperações e singularidades. É pelo princípio do imprevisível e do radicalmente distinto que se vislumbra a beleza da diferença. Estas são, em súmula, as bandeiras da Psicologia, área da ciência calcada essencialmente no Humanismo, que busca elevar a condição humana em toda a sua excentricidade, sem amarras, sem julgamentos. Esse é o princípio do CAOS, o Congresso Acadêmico de Saberes em Psicologia do Ceulp/Ulbra.
Mais informações:
Coordenação de Psicologia: Irenides Teixeira (63) 99994.3446 Assessoria do Ceulp/Ulbra: 3219 8029/ 3219 8100
The Voices – “As vozes” – foi lançado em 2015 e aborda uma combinação de violência, terror, romance e comédia permeada pelo humor negro. A direção é da franco-iraniana Marjane Satrapi, e o roteiro ficou com Michael R. Perry. O protagonista da história é um jovem chamado Jerry Hickfang (Ryan Reynolds), uma pessoa otimista e que leva uma vida controlada; no entanto, cada dia, após sua rotina de trabalho, ao chegar em casa, sempre se depara com uma situação inusitada: pessoas conversarem com animais de estimação é algo comum, mas ouvi-los responderem suas indagações foge do conceito de normalidade e é tido como patologia.
Logo no início do filme percebe-se que Jerry vive num mundo à parte. O longa foca no artifício de passar cenas com o personagem principal desempenhando ações corriqueiras no seu trabalho usando headphone para ouvir músicas, corroborando com tal afirmativa; observa-se ainda, que a paleta de cores da obra é colorida, permeando o cenário com um mix de alegria e desconforto, visto que as tonalidades são exageradamente berrantes em certos objetos e pessoas, criando assim um ambiente único e instigante aos olhos do espectador.
No decorrer do enredo compreende-se que o protagonista apresenta particularidades de um portador de transtorno mental, tendo dificuldades em aderir ao tratamento medicamentoso. Mion Jr e Gusmão (2006) afirmam que a adesão ao tratamento, sendo ele medicamentoso ou não, decorre de fatores socais, interpessoais, aspectos relacionados ao tratamento ou ainda características ligadas à doença. Portanto, mesmo que Jerry tenha aderido à psicoterapia, fazer uso dos fármacos é relevante no seu prognóstico, uma vez que ele ouve vozes. Parte-se do pressuposto que o mesmo é esquizofrênico.
No CID 10, a esquizofrenia caracteriza-se:
Em geral por distorções fundamentais e características do pensamento e da percepção, e por afetos inapropriados ou embotados. Usualmente mantém-se clara a consciência e a capacidade intelectual, embora certos déficits cognitivos possam evoluir no curso do tempo. Os fenômenos psicopatológicos mais importantes incluem o eco do pensamento, a imposição ou o roubo do pensamento, a divulgação do pensamento, a percepção delirante, ideias delirantes de controle, de influência ou de passividade, vozes alucinatórias que comentam ou discutem com o paciente na terceira pessoa, transtornos do pensamento e sintomas negativos (OMS, 1997).
O transtorno mental afeta de forma significativa a vida do sujeito, podendo comprometer a forma de ser e estar deste, ou seja, afeta o ajustamento psicossocial do individuo (MORAIS, 2006). Os colegas de trabalho de Jerry não sabem sobre o seu passado, no qual, cometeu um ato que o levou a reclusão social. Ao ser reinserido na sociedade este busca agir conforme as normas e regras, pois paira sobre Jerry a possibilidade de voltar ao cárcere.
No entanto, o protagonista não dispõe de redes de apoio durante o seu tratamento, isto é, um amigo, um familiar que o ampare durante este processo. Desta forma, mesmo impelido a seguir as “regras” que lhe são impostas, a realidade é assustadora e solitária, portanto, Jerry opta por não se medicar e assim continuar na sua própria “realidade”.
Villas-Boas et al (2012) salienta que o apoio social se caracteriza por um:
Processo complexo e dinâmico que envolve os indivíduos e suas redes sociais, com o intuito de satisfazer as suas necessidades, prover e complementar os recursos que possuem e, dessa forma, enfrentar novas situações, podendo ter como fontes principais os familiares e os profissionais da saúde (p. 3).
A psiquiatra desempenha uma fonte de apoio, mas de forma superficial, preenche apenas o protocolo burocrático, a sua fala é monótona, não demonstrando interesse no cotidiano do seu paciente. Portanto, destaca-se a relevância do trabalho interdisciplinar, o acompanhamento psicoterápico poderia auxiliar manejos das situações e no enfrentamento de crises (MARQUES et al, 2012).
Nesse interim percebe-se que nada ao redor do Jerry propicia a uma adesão ao tratamento medicamentoso, as redes de apoio são as vozes que apenas ele escuta, é por meio destas que Jerry sente-se amado, compreendido. Desta forma, a medicação o lança numa realidade amedrontadora e sem vínculos de amizade, sendo uma ferramenta de sofrimento, visto que, sem as vozes a conexão que o protagonista tinha com o gato e o cachorro é desconectada, perdendo assim os únicos vínculos afetivos que ainda disponha (VILLAS-BOAS, 2009).
O filme retrata de forma implícita o papel biopolítico da psiquiatria e a indústria farmacêutica como ferramentas de controle social e geradora de sofrimento ao sujeito devido à medicalização excessiva. Percebe-se o envolvimento cada vez mais perverso destas vertentes. Foucault corrobora ao salientar que:
O controle da sociedade sobre os indivíduos não se opera simplesmente pela consciência ou pela ideologia, mas começa no corpo, com o corpo. Foi no biológico, no somático, no corporal que, antes de tudo, investiu a sociedade capitalista. O corpo é uma realidade biopolítica, a medicina é uma estratégia biopolítica (FOUCAULT, 1989, p. 82).
Por fim, os agentes de controle em consonância com seus dispositivos de disciplina imperam na sociedade; esta, por sua vez, sustenta o discurso com ênfase na “medicalização”, onde profissionais compactuam com a indústria farmacêutica lucrando com incentivos financeiros, adotando uma postura indiferente ao sofrimento, às consequências sociais e salubres, compondo assim com a lógica capitalista.
REFERÊNCIAS:
BOAS, L. C. G. Apoio Social, Adesão ao tratamento e controle metabólico de pessoas com diabetes mellitus tipo 2. 2009, Dissertações de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Enfermagem Fundamental da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo.
BOAS, L. C. G. et al. Relação entre apoio social, adesão aos tratamentos e controle metabólico de pessoas com diabetes mellitus. Rev. Latino-Am. Enfermagem. Artigo Original 20(1):[08 telas] jan.-fev. 2012.
FOUCAULT, M. Microfísica do poder. Rio de Janeiro: Graal, 1989.
GUSMÃO, J. L; MION, D. J. Adesão ao tratamento – conceitos. Rev Bras Hipertens vol.13(1): 23-25, 2006.
MARQUES, C. R. et al. Intervenção em situação de crise no âmbito hospitalar. Disponível em:
http://guaiba.ulbra.br/seminario/eventos/2012/artigos/psicologia/salao/919.pdf. Acesso em: 28 de novembro de 2015.
Organização Mundial da Saúde. CID-10 Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde. 10a rev. São Paulo: Universidade de São Paulo; 1997. vol.1.
FICHA TÉCNICA
AS VOZES
Titulo original: The Voices Direção: Marjane Satrapi Gênero: Comédia, Suspense, Drama Lançamento: 25 de Junho de 2015-12-01 Nacionalidade: EUA, Alemanha Elenco: Ryan Reynolds, Gemma Arterton, Anna Kendrick
Em algum momento, no inicio da constituição da comunidade humana, tivemos que fazer um pacto civilizatório. Como bem disse Freud, tivemos que recalcar nossos impulsos mais primitivos, perversos e egoístas em nome da convivência coletiva. Então, desde o início, mesmo com todos os equívocos que invariavelmente cometemos na nossa frágil condição humana, temos optado pelo amor, pelos laços que nos unem numa coletividade. Apesar de não sabemos até quando, é assim que nossa espécie tem sobrevivido até então.
Fico pensando que o advento da Internet, especialmente das redes sociais, tem nos colocado diante de uma nova forma de laço social diferente da que estávamos acostumados e daí, talvez, a sua fragilidade. A mediação tecnológica, já percebemos, dificulta a empatia. A comunicação pela escrita tende a ser mais fria. Ficam imperceptíveis a entonação da voz e a linguagem corporal o que faz com que os mal entendidos próprios da linguagem se fixem ainda mais no território do impossível de suportar o outro na sua diferença. Enquanto que o cara-a-cara e o olho-no-olho ou as nuances da voz favorecem a empatia fazendo do outro um semelhante mesmo quando diz algo que me causa mal estar, a impessoalidade de um post ou um tuíto transforma o outro num estranho insuportável. Ou não é verdade que seja totalmente possível e suportável discutir política, religião e outros assuntos difíceis na mesa do bar, na sala de aula ou na reunião de trabalho e totalmente inviável discuti-los nas redes?
Outra coisa que muita gente ainda não se deu conta, é que publicar alguma coisa nas redes sociais hoje em dia é enviar uma mensagem para o Planeta inteiro ouvir. Mesmo sentadinhos e protegidos atrás de nossas telas de computador e smartfones, o que dizemos na esfera virtual tem mais transparência, rapidez e capacidade de alcance que qualquer outro modo de comunicação que já foi inventado. Uma publicação irrefletida pode nos levar do constrangimento público ao linchamento virtual.
Isso não quer dizer que as redes sociais e a internet sejam o demônio. Não sou partidária dos melancólicos nostálgicos que sempre temem os novos modos de existência. As novas formas de laço inauguradas pelas redes são uma realidade e, possivelmente, vieram para ficar, entretanto, elas estão exigindo de nós um novo pacto civilizatório. E precisamos fazer isso com urgência, sob o risco do esgarçamento do tecido social com a fabricação cada vez maior de guetos: políticos, religiosos, científicos ou ideológicos. Pois, na tentativa de manter um nível suportável de socialização nas redes, nossa saída tem sido o simples descarte do outro.
Enquanto na vida real o exercício de suportar o outro inclui não poder mata-lo, nas redes sociais matar o outro é tarefa simples e limpa, sem qualquer punição. “Unfollow”, “unblock” e “desfazer a amizade” são formas de eliminar o outro da nossa linha do tempo, mecanismos simples e rápidos que temos utilizado para lidar com os diferentes. Diante do impossível de transigir com o outro na sua diferença a saída tem sido apagá-lo simplesmente, nos relacionando apenas com aqueles que pensam como nós. É assim que os guetos das redes vão se constituindo e se fortalecendo, e não havendo discursos contraditórios, suas verdades vão se tornam ainda mais unificadas, fortes e inabaláveis. E ainda, insuflados pelo nosso narcisismo, pelo prazer de encontrarmos pessoas parecidas conosco e que pensam como nós, nos fechamos cada vez mais em nossos grupelhos com suas verdadezinhas inabaláveis.
Como já dizia o poeta: “toda unanimidade é burra”. E eu completo: todo fundamentalismo é perigoso. Nada é mais perigoso do que um grupo de pessoas munidas de verdades compartilhadas e inabaláveis.
Sendo assim, é urgente que façamos um novo pacto civilizatório para as redes. Precisamos resgatar a humanidade, nossa e do outro, por traz de um post. Precisamos cuidar do que postamos para não destruir pessoas, reforçar mentiras ou contribuir para linchamentos. Precisamos entender que um post é apenas um recorte de um sujeito, não diz tudo sobre ele. Precisamos aprender a suportar a diferença, escutar o contraditório, debater sem atacar. Escutar.
A política do amor, aquilo que nos enlaça enquanto espécie humana é o que nos tem sustentado. O amor é um ato político, sem o qual já teríamos sucumbido. O salto evolutivo que precisamos nesses tempos, talvez seja, levar a política do amor também para as redes.
As mídias digitais aproximam cada vez mais seus usuários numa relação de troca, de cumplicidade. No campo da saúde não é diferente, experiências são compartilhadas num ir e vir de subjetividades que encantam por meio de imagens, gestos, sons e palavras.
Neste contexto, os videoblogs ganharam espaço de destaque nas redes, com conteúdos de curta duração que visam informar seus espectadores por meio de uma linguagem leve e acessível que alcança grandes públicos.
O Portal (En)Cena não ficou de fora desse movimento, e logo seguiu este modelo de disseminação da informação. Durante a IV Mostra de Experiências em Atenção Básica – Saúde da Família, a equipe produziu diversos vídeos com relatos de práticas e expectativas dos participantes do evento, narrando sobre suas vivencias explicitadas na amostra. O ensaio contempla o resultado dessa ação.