A fenomenologia-existencial presente no livro “A insustentável leveza do Ser”

Compartilhe este conteúdo:

O livro intitulado como “A insustentável leveza do Ser” escrito pelo tcheco Millan Kundera foi produzido em um contexto da Guerra Fria e publicado no ano de 1984. Ficou mundialmente conhecido, tornando-se um clássico na literatura. É um romance que se passa por dois casais principais e que por meio deles, temas relevantes da existência humana são levantados, como a liberdade de nossas escolhas, assim como a consequência delas. Por se desenvolver em um cenário político crítico, o romance é recheado de cenas nas quais ocorre a descrição de sentimentos de forma sensível assim como a dualidade que permeia do início ao final da obra, que é a leveza versus o peso da existência humana.

Ao decorrer da leitura do romance, é possível perceber fortes conceitos existencialistas, incluindo ideias preconizadas por Nietsche, como a crença ao nada e de que a vida não passa da própria existência em si mesmo, e finda-se em si mesmo. Além disso, é perceptível um viés muito forte ao pensamento fenomenológico, no qual as experiências humanas são o que importa nos personagens e por meio delas, carregam o peso de como é ser humano.  Com isso, a dualidade entre a leveza e peso das nossas escolham colocam o leitor equiparado aos personagens, o que os humaniza e ocorre a identificação, na qual nos leva a reflexão de nossa existência e de nossas escolhas.

O livro demonstra uma percepção bastante crua da realidade, que se relaciona em grande sintonia com o contexto sócio-político da época, que foi em um cenário de desesperança e de solidão. É importante ressaltar que mesmo que o autor traga temas considerados “pesados” da existência humana, como morte, solidão, tristeza, há também o conceito de leveza trabalhado na obra, que muitas vezes são demonstrados como desejos bastante comuns do ser humano, como o sexo e traição.

Fonte: encurtador.com.br/pxEKR

Os quatro personagens são apresentados de forma autêntica e muitas vezes simplista, mas não necessariamente menos complexa nas relações e experiências humanas. Este detalhe ganha muita importância na obra por se assemelhar aos leitores, que perpassam inevitavelmente por angustias e frustrações da existência de ser humano, assim como os personagens que ora estão questionando-se de suas escolhas e ora gozando do prazer delas.

A fenomenologia existencial fica escancarada em várias partes do livro quando os personagens se interrogam e entram em profundo questionamento sobre suas experiências no passado e de como elas determinaram a maneira como agem e como se expressam com os outros em suas relações. Tereza, por exemplo, demonstra ser a personagem mais reclusa e introspectiva no livro, que é justificado pela relação abusiva e tóxica com sua mãe narcisista. Além disso, é possível observar que esta mesma personagem levanta questionamentos enigmáticos e que muitas vezes obriga o leitor a repetir a mesma passagem várias vezes para compreender enfim o que se passa na personagem.

A leitura do livro é um tanto exaustiva mas muito necessária e prazerosa de se realizar. Desperta no leitor uma angústia inerente a existência de qualquer ser humano por esboçar, com muita maestria a dualidade entre o peso e a leveza disso. Também demonstra como as relações, experiências e as nossas escolhas como seres humanos estão inter-relacionadas. Contudo, o que mais é atrativo na leitura, são os temas existencialistas e fenomenológicos trabalhados de forma prática e ilustrativa por meio das escolhas e do passado dos personagens.

Assim, na Psicologia, temas como esses podem ser comumente trabalhados em um contexto clínico, pois a insustentável leveza do ser faz com que nós, seres humanos, nos questionemos de nossas escolhas corriqueiramente. Por conta disso, acompanha-se a angústia fatídica de que somos responsáveis por nossas escolhas mas, ao mesmo tempo, somos os únicos que podemos fazê-las, o que pode ser considerado como a liberdade.

FICHA TÉCNICA

Título: A Insustentável Leveza do Ser

Autor: Millan Kundera

Editora: Companhia das Letras

Páginas: 344

Tradução: Teresa Bulhões Carvalho da Fonseca

Ano: 2017

REFERÊNCIAS

PIERRY, L. G. O Mito do Eterno Retorno em “A Insustentável Leveza do Ser”. Disponível em: https://medium.com/revista-subjetiva/o-mito-do-eterno-retorno-em-a-insustent%C3%A1vel-leveza-do-ser.

SCHNEIDER, D. R. O método biográfico em Sartre: contribuições do existencialismo para a psicologia. Estud. pesqui. psicol. v.8 n.2 Rio de Janeiro ago. 2008

KUNDERA, Milan. A insustentável leveza do ser / Milan Kundera; tradução Teresa Bulhões Carvalho da Fonseca. — 1a ed. — São Paulo: Companhia das Letras, 2017.

Compartilhe este conteúdo:

O Homem é condenado a ser livre: sob ótica sartreana

Compartilhe este conteúdo:

Seguindo uma ótica Sartreana, pautando-se numa visão existencialista propriamente dita, Deus de fato não possui existência no plano real, mas no imaginário de cada ser e, portanto, individual. Ainda assim, o homem com todas as suas crenças e perspectivas afirma a presença de Deus como forma de explicar as circunstâncias do mundo em que ele se insere.

Pensar em um mundo sem a presença Deste, é perceber, interpretar o homem enquanto responsável pelos fatos e situações que o perpassam, o que é, de fato, doído, angustiante e desesperador, isto equivale a dizer que, então, o homem é o dono dos acontecimentos prazerosos e não-prazerosos que acontecem a ele, já que és sujeito de escolha.

Este é um ponto crucial e paradoxal dos escritos de Jean-Paul Sartre. Se Deus não existe, o homem deve a partir de si mesmo criar, construir sua própria razão de existir e ser/estar no mundo, pois o ser nasce nada, e precisa procurar estratégias para se consolidar e tornar alguém, não há parâmetros exatos para tais questões, ela por si mesma não detém de sentido.

Fonte: encurtador.com.br/gvwzR

E nessa ótica, o sentido é incerto, duvidoso. Mas para que esta busca de sentido seja de fato concretizado, idealizado é necessário ter a plena liberdade, no sentido de ter a possibilidade de fazer/ realizar tudo aquilo que não está determinado, e isso significa, por vezes, ir além do dito moral, ético que está permeado no social, seguindo e sendo de alguma os seus próprios juízos.

O homem deve dialogar com a vida, e procurar singularmente o sentido para esta, fazer-se enquanto tal, e isto não quer dizer que o encontrará, o sentido é incerto, mas que na realidade é uma construção em vão, a vista que ela em si mesmo não tem sentido.

As consequências desencadeantes pela intensa busca de sentido existencial  pode resultar em uma série de questões psicológicas, emocionais e físicas. O ser humano deve procurar e/ou criar a razão pela qual existe, pode não encontrá-la, não construí-la e não vivê-la, e sequencialmente, cair na obscuridade do não-sentido, já que não existem garantias. Consequencialmente, ter de lidar com a incerteza do sentido.

Fonte: encurtador.com.br/epY04

E nisso, podem se deparar com vivências, experiências que estão se tornando corriqueiras na atualmente, a saber,  a dor de existir, o vazio, a angústia – a náusea e por último, a morte. De tudo isso emerge o sentimento de impotência perante a vida humana.

Nesta busca de sentido para sua existência, o sujeito  tem a total liberdade para construir a si mesmo, definindo-se por si mesmo quem ele é, já que de início não há possibilidade de definir o homem, pois a existência precede a essência, em última instância o homem nasce despossuído de tudo, projeta-se e passa a se moldar, fazendo suas próprias escolhas, e em consequência disso,  ter de se confrontar com a possibilidade de negar a um Deus, já que a liberdade somente existe se não há a interferência de um ser supremo para dar apoio, mostrar caminhos, ou para ser usado como desculpas para determinados comportamentos.

Contudo, o resultado disso tudo pode ser a angústia existencial/ vazio existencial de perceber-se enquanto responsável pelo que te acontece, se vendo não mais com a possibilidade de culpabilizar o ambiente externo, ou mesmo não sentir que ela é de sua responsabilidade.

Fonte: encurtador.com.br/jpSX8

Para Jean-Paul Sartre a liberdade é palavra tem demasia correlação com o termo responsabilidade. A primeira aparece em Sartre de uma maneira a soar estranheza, mas logo faz emergir-se da segunda, o que minimiza controvérsias. A verdade é que o homem é dono de si e escolhe como agir frente a diversas circunstâncias que perpassam a vida humana diante das possibilidades que são apresentadas, em busca de seu sentido, pois para tal é preciso de liberdade,  mas logo tem se reparar com os resultados consequentes destes comportamentos, ou seja, a liberdade é custosa. O homem é livre para escolher como agir em determinadas circunstâncias, mas também deverá arcar com as consequências sociais interpeladas pelo seu agir diante de si e dos outros.

Referência:

SARTRE, J.P. O existencialismo é um humanismo.1946

Compartilhe este conteúdo:

Queda Livre: qual a sua nota?

Compartilhe este conteúdo:

O primeiro episódio da terceira temporada de Black Mirror, chamado de Queda Livre (Nosedive) foi dirigido por Joe Wright, o roteiro foi produzido por Rashida Jones, Michael Schur, Charlie Brooker, possui duração aproximada de 57min. O episódio aborda a avaliação online por meio de um aplicativo que classifica as pessoas com notas, tais notas são atribuídas de acordo com as avaliações recebidas ao longo do dia e em todas as esferas sociais.

O tema central corresponde com o período que vivemos atualmente, onde a vida online recebe hipervalorização trazendo em contrapartida toda essa engenhosidade de números e olhares, onde quanto mais números, mais visibilidade. De acordo com Maria Rita Kehl (2004), na sociedade que estamos inseridos, o que determina a existência do homem é a sua imagem, e ao decorrer do processo sócio-histórico onde por meio da globalização a imagem se tornou um componente indispensável, o homem se tornou um ser de aparências, e somente através da visibilidade é que a existência do indivíduo é legitimada.

A personagem central se chama Lacie (Bryce Dallas Howard), uma usuária que leva o aplicativo de avaliação muito a sério e empenha-se ao máximo para conseguir aumentar sua pontuação. Lacie está tão submersa no universo do aplicativo, que chega ao ponto de ensaiar sorrisos e falas na frente do espelho com a finalidade de aumentar sua simpatia, e por meio disto, alcançar avaliações mais altas.

Fonte: goo.gl/9BMpbW

Para Sartre,”o homem se reconhece a partir de como o outro o enxerga” (SARTRE, 2003, p. 276), a citação de Sartre pode ser elada diretamente com o esforço de Lacie ao decorrer do episódio inteiro para ser reconhecida, para ter sua existência validada. Ela começa o dia distribuindo sorrisos e derramando gentileza a todos que cruzam seu caminho, avaliando um a um e sendo avaliada por cada um deles, até mesmo o café da manhã de Lacie é registrado e legendado de forma apetitosa e positiva, em contrapeso a mesma detestou o sabor do produto, recusando-se a comer.

Na empresa onde ela trabalha, ocorre um fato interessante onde um funcionário rompeu com seu par romântico e todos os colegas ficaram do lado do seu ex-parceiro, Lacie não sabia do rompimento e esbanjou sua simpatia ensaiada a Chester, mas logo foi repreendida por outro colega de trabalho ao ser alertada que eles estavam do lado do outro e que a pontuação do Chester estava caindo desesperadamente, já se encontrando em 3,1, o que é considerado inferior para os usuários. Ela se recompôs ligeiramente e afastou-se de Chester, evitando inclusive contato visual para que sua imagem não fosse associada a dele, evitando assim o risco de ser avaliada de maneira negativa.

Debord (1998) dividiu a sociedade em duas fases distintas, tal que: na primeira fase, para Ser é necessário Ter, e na segunda fase, é preciso Ter para Parecer. Trata-se então de uma forma de dominação da economia capitalista predominante. Traduzindo para a nossa realidade midiática, onde a mídia é a soma dos poderes políticos e econômicos, que acaba por ordenar e ditar o que deve ser feito e a maneira como deve ser feito, classificando assim o que for destoante como antiquado, primitivo e descartável.

Fonte: goo.gl/PB182w

Lacie faz uso de um objeto de sua infância para manipular a reação das pessoas e a partir disso, obter maiores pontuações. Ela fotografa um urso da sua infância juntamente com palavras saudosas sobre uma amiga de infância que atualmente encontra-se no alto escalão do aplicativo, possuindo a nota 4,8. Naomie (Alice Eve), é a amiga marcada na publicação de Lacie que rapidamente responde e faz um convite inusitado a ela, o convite só acontece após Naomie fazer uma avaliação prévia do perfil de Lacie, verificando sua pontuação 4,2.

Naomie a convida para a festa de seu casamento com Paul (Alan Ritchson) que também possui a pontuação 4,8, e Lacie vê nessa cerimônia de casamento a oportunidade ideal para ser avaliada por pessoas que fazem parte do topo do ranking das melhores notas, visto que de acordo com a nota do seu avaliador, a nota atribuída por ele possui maior valor e maior peso. Lacie estava sendo acompanhada por um profissional que orienta usuários do programa a como obter maiores pontuações, e ele vê uma oportunidade de enorme de crescimento para Lacie nesta festa. Ela então passa a dedicar-se a produzir seu discurso, forjar lágrimas e comportamentos que mobilizarão os convidados durante sua performance. Vale lembrar que ela está ainda mais desesperada por pontos por precisar comprar um apartamento novo, e o apartamento desejado só pode ser obtido por clientes que ocupem posições elevadas no ranking.

Ela se dedica incessantemente a ensaiar e a criar uma performance impecável que possa levá-la ao nível almejado, passando a ignorar pessoas com notas baixas, inclusive seu ex-colega de trabalho que foi demitido por estar com a pontuação 2,8. Lacie exala ternura e apreço por tudo e todos que a cercam, tornando sua vida uma eterna performance onde ela reprime sentimentos e reações de cunho negativo para que não seja punida com notas baixas.

Fonte: goo.gl/UQ2Lb3

Ao deslocar-se para o casamento, acontecem inúmeros imprevistos onde ela recebe sua primeira avaliação negativa do próprio irmão, que condena sua atitude fajuta e mercenária de querer aproveitar-se da situação apenas para obter status, ele a avalia negativamente, e a partir daí as coisas começam a correr de outra forma.
Lacie perde o voo, é punida por passageiros na fila que discordam do comportamento grosseiro dela junto a atendente, é punida pelo guarda recebendo punição dobrada para avaliações negativas, resolvendo então ir de carro. Entretanto o mesmo descarrega no meio do caminho, e ela não consegue encontrar um carregador adaptado por causa do modelo de carro antigo que ela pôde alugar com sua pontuação baixa.

Lacie fica desolada, anda pelas ruas arrastando sua mala e não recebe carona por estar com uma nota extremamente baixa, porém recebe ajuda de uma caminhoneira chamada Driver (Cherry Jones), que após perder seu esposo por falta de tratamento por causa da sua pontuação insuficiente, passou a ignorar o aplicativo e a viver de forma livre, sem seguir nenhum script ou performar algo contrário ao que ela de fato desejava expressar.

No início, Lacie recusa a carona ao ver que Driver possui uma pontuação extremamente baixa, mas logo se convence e entra no caminhão, pois precisa chegar a tempo ao casamento. Após muitos imprevistos e sufocos, ela finalmente chega com os trajes sujos e rasgados, e entra pelos fundos, pois Naomi havia desconvidado-a após verificar que sua nota caiu.

Fonte: goo.gl/fZe19G

Lacie rouba o microfone e faz seu discurso que foi repetidamente ensaiado enquanto foge dos seguranças do local, Naomi sente-se constrangida, mas mantém seu semblante simpático e sua performance feliz, enquanto Paul tenta tirar Lacie a força. Nos minutos finais, ela é presa e ao chegar à prisão tem sua lente digital do aplicativo retirada e seu celular retirado, e como diz Calligaris (2007), “a invisibilidade é mais intolerável do que a prisão”.

REFERÊNCIAS:

Adoro Cinema; Black Mirror. Disponível em: <http://www.adorocinema.com/series/serie-10855/temporada-27038/elenco/episode-559695/#Screenplay> Acesso em: 01/09/2017 de junho de 2017

BAUDRILLARD, J. A sociedade de consumo. Rio de Janeiro, Elfos, 1995.

CALLIGARIS,C. Fama e narcisismo. Publicado em 15/3/2007.<www.verdestrigos.org/sitenovo/…/cronica_ver.asp?> Acesso em 31/08/2017

DEBORD, G.: A Sociedade do Espetáculo. Comentários sobre a sociedade do espetáculo. Rio de Janeiro: Contraponto, 1998.

KEHL, M. R. : Visibilidade e espetáculo. In: BUCCI, E. –Videologias: ensaios sobre televisão. São Paulo, 2004

SARTRE, Jean-Paul. Sursis. São Paulo: Nova Fronteira, 2003.

Compartilhe este conteúdo:

A abordagem existencialista de Sartre na superação da alienação do sujeito

Compartilhe este conteúdo:

O Existencialismo de Sartre e os estudos focados no existencialismo trazem grandes contribuições para a humanidade com melhorias na qualidade de vida do homem. Partindo deste princípio mostraremos um breve contexto histórico de sua vida e uma centralização ao seu entendimento, O existencialismo é um humanismo, elucida de forma clara e sucinta a compreensão do tema proposto.

Gonzaga Godoi Trigo (2012), afirma que Sartre destrói o conceito criado no século XVIII sobre a natureza humana onde a essência do homem que precede sua existência; para este filósofo exemplar acontece o contrário: a existência precede a essência, para Sartre o homem sempre será o que tiver projetado ser. As pesquisas sobre a vida e obra deste filósofo nos apresentam os principais pensamentos do autor, dentre eles a liberdade, a responsabilidade, a angústia, a natureza humana, a verdade e a má-fé e sua opção pelo ateísmo.

A existência da subjetividade e sua importância para o desenvolvimento humano harmonicamente condiz com a interação da liberdade e autenticidade de nossos comportamentos. Diante disso e abordando a temática sobre a superação da alienação do indivíduo, as intervenções psicológicas atuam promovendo saúde e prevenindo doenças psicopatológicas seguidas da terapia existencialista sartreana. O que proporciona confiança aos pacientes, familiares, educadores e profissionais psicólogos. Num contexto geral, Trigo (2012, p. 74,88), considera o Existencialismo Sartreano uma temática significativa dimensionada muito além de textos acadêmicos, mas vastamente em literaturas, romances, filmes, contos ou peças. Suas influências direta ou indiretamente produziram obras fundamentadas nesta corrente filosófica.

Fonte: https://goo.gl/57hi8Q

O homem nada mais é do que aquilo que ele faz de si mesmo: é esse o primeiro princípio do existencialismo […] o homem será apenas o que ele projetou ser (SARTRE, 1970, p. 3). Em Existencialismo um enfoque cultural (Trigo,2012), nos é apresentada uma breve descrição deste filósofo contemporâneo Jean Paul Sartre (1905-1980), nascido na França, homem livre e polêmico identifica sua defesa na separação total do Existencialismo de conceitos idealistas, considerados para Sartre como nossas evasões, fugas ou abandono para um alívio à busca do perturbador processo do existir.

Ao longo de sua trajetória intelectual foram muitas as críticas que perseguiram o filósofo e por muito tempo, no entanto assim a sua defesa sobre O existencialismo é um humanismo (Sartre, 1945), na conferência realizada na cidade de Paris possibilita Sartre definir o humanismo como base estrutural e de abordagem predominante sobre o se Existencialismo contrapondo e reprimindo inúmeras críticas marxistas e cristãs sobre a trajetória desta sua conduta.

Dois principais grupos lideraram suas perseguições, os marxistas (comunistas) e os cristãos. Os marxistas presumiam o Existencialismo responsável a instigar as pessoas de permanecerem no imobilismo do desespero, o acusando de uma filosofia contemplativa voltada a um tipo de pensamento da burguesia evidenciando a vergonha humana. Os religiosos cristãos a acusação estava pautada em que o Existencialismo de Sartre, negava a realidade e seriedade aos entendimentos humanos e a sua falta de essência espiritual extinguia os mandamentos de Deus; se os seus valores contemplariam apenas a pura gratuidade, onde cada um poderia então fazer o que bem entender, isto impossibilitaria a partir de um ponto de vista pessoal a condenar os pontos de vistas de outros seres baseados nos princípios morais da igreja católica.

Contrapondo e ponderando estas acusações, Sartre (2014, p.33) evidencia que o existencialismo não poderia ser considerado uma filosofia do quietismo, o existencialismo sartreano define o homem pela ação. Esta reflexão apresenta um homem que se faz com uma ação “engajada” e primordial na construção da sua personalidade, tornando o indivíduo o próprio condutor da sua ação “isolada”, ao designar o que vai escolher para a formação do seu ser, do seu eu. Na concepção de Sartre o Existencialismo tratava-se de uma doutrina que tornava a vida humana possível fundamentada na verdade e ação existindo no entanto uma subjetividade humana em construção, o que de fato originava dois tipos de existencialismos: O Cristão e o Ateu. Considerava o Ateu um existencialismo mais coerente e ponderava sobre  a existência de um ponto de concordância entre os existencialismos, a essência. No entanto para o cristão a essência precede a existência e para o ateu a existência precede a essência sendo necessário partir de uma subjetividade.

Assim se manifesta um comparativo de Deus, sendo este o artífice do homem e o homem o construtor da sua essência, do seu querer, do seu eu perante as suas realizações. Para Sartre então seria impossível existir a essência antes da existência, se assim o fosse, ocorreria uma oposição total ao conceito da subjetividade. Sendo assim, o existencialismo ateu defendido por Sartre como o mais correto, declara que Deus não existe e que a natureza humana não existia também pois não teria um Deus para concebê-la, pelo fato de que a existência viria antes da construção do ser. O que existiria seria a ideia de destino, um plano para o que devo ser. Esta ideia pressupõe que sejamos determinados a ser algo definido em nosso destino, e para a filosofia existencialista isto não existe, nascemos o nada e o que viramos a ser depende de nossa existência.

Não há destino, não há Deus, não há uma natureza que me imponha como devo ser, como devo agir, não existe uma ética pronta previamente colocada a qual devemos simplesmente seguir. Primeiramente é necessário o ser existir para depois ser definido por algum conceito, de modo que o homem se descubra. Pois ao nascer nada, a nossa frente se coloca uma diversidade, uma multiplicidade de coisas, de valores e formas que podemos ser. Segundo Sartre, o primeiro esforço do existencialismo, é colocar o homem no domínio do que ele atribui a total responsabilidade de sua existência. Assim, afirma que o homem não é responsável por si, ele também é responsável por todos os homens.

Estes sentimentos e estas emoções até então envolvidas nesta literatura cogitam nossos pensamentos e trazem questionamentos para a nossa vivência, poderíamos indagar situações como: vivemos nossa vida? Vivemos a vida como escolha ou vivemos o que outros escolheram? Se vivo motivado por escolhas alheias então não pratico minha liberdade, não estou vivendo! Sou um covarde, pois “o homem nada mais é do que uma série de empreendimentos, que ele é a soma, a organização, o conjunto das relações que constituem esses empreendimentos” (SARTRE, 1970, p. 9).

Partindo do seu princípio, Sartre não acredita em uma receita para a vida, quando copia-se um modelo, o indivíduo não torna-se si mesmo, mas sim um ser influenciado e moldado por outras pessoas, renuncia sua liberdade e assume um papel pronto na sociedade, um comportamento definido pelo que se chama de má-fé. O que é possível nessa relação é usar de inspirações para criar-se a si mesmo. Em sua análise de ‘‘subjetivismo’’ Sartre encontra dois significados: A escolha do sujeito individual por si próprio; e ser impossível o homem impor limites a subjetividade humana. Entretanto ao focalizar o princípio de sua existência, onde todos querem existir ao mesmo tempo a responsabilidade é bem maior que poderia supor, porque ela abarca a humanidade inteira.

Ao analisar o principal sintoma deste posicionamento o existencialismo define um homem livre, liberto, condenado a liberdade. Um ser humano que é lançado ao mundo e desde então responsável por tudo que ele fizer a partir disso. Perante esta conduta se configura o sentimento de desespero. O desespero está envolvido na sua consciência, e quando o indivíduo se der conta que ele não é apenas o que ele escolheu ser, mas também condutor de seus valores, significados, suas metas e suas visões de mundo na qual escolhe a si e também a humanidade inteira, não consegue escapar da sua total responsabilidade, profundamente envolvida pelos sentimentos de angustias e desamparo, seria como se a humanidade inteira fossem os olhos fixos a cada homem com suas opções regradas.

O indivíduo é um sujeito questionador, e ao ter em mente sobre o que seria melhor para si, para o homem que nasce nada e vai se construindo ao longo da vida, encontra um ser atormentado pela responsabilidade e angústia. Ao defender a liberdade e a autenticidade de cada ser humano como essenciais que ao invés de consumir éticas pré definidas e defende seus próprios valores existe uma clareza que se permite ao indivíduo usar inspirações para criar-se a si mesmo.  Evidentemente podemos concordar, gostar nos apropriar de um valor já existente, “mas” isto cabe a nós.

O desespero, desamparo, o medo faz com que todos sofram essa angustia. E ao tentar disfarçar, livrar-se desta angústia o homem age de má fé, isto é, se identifica com uma forma pronta de comportamento e copia esta forma. Nesta situação surge um sujeito que se desculpa ou mente, isto demonstra que ele não está em paz com sua consciência, pois não está sendo o agente da construção de sua vida. Má fé implica um valor universal na qual se atribui a mentira porque mesmo disfarçando, a angustia aparece. Má fé é a renúncia a própria liberdade assumindo um papel pronto na sociedade ou atribuindo suas escolhas a fatores externos, é voluntariamente renunciar a sua liberdade de auto construção e assumir um papel pronto na sociedade e em outra situação muitas vezes você abandona seu eu e ainda culpa os valores externos.

No existencialismo sartreano esta angústia é confrontada com a verdade.

“Não é possível existir outra verdade, como ponto de partida, do que essa: penso logo existo, é a verdade absoluta da consciência que aprende a si mesma. Toda teoria que assume o homem fora desse momento em que ele apreende a si mesmo, é antes de qualquer coisa, uma teoria que suprime a verdade, pois fora deste cogito cartesiano todos os objetos são apenas prováveis, e uma doutrina de probabilidades, que não é elevada a uma verdade afunda no nada, para definir o provável é preciso possuir o verdadeiro. Portanto, para que exista uma verdade qualquer, é preciso uma verdade absoluta; e esta é simples e fácil de atingir, ela está ao alcance de todo mundo; e consiste em aprender-se sem intermediários.” (SARTRE, 2014, p. 33,34)

Tendo assim a verdade como uma das bases, representando o substrato motivador da teoria existencialista, pelo fato de não se aglutinar “a um conjunto de belas teorias” que apresentassem esperanças mas sem um fundamento real. Evidencia a esta  verdade dita como absoluta porque parte do princípio que a consciência aprende a si mesma e fora do cogito cartesiano, todos os objetos serão apenas prováveis.

Na discussão da conferência de Paris, diante a uma pergunta relacionada ao seu trabalho publicado no Action sobre o desespero e desamparo encontra-se uma ressonância muito mais forte em um texto existencialista, onde esta filosofia se fundamenta quando vivenciada para ser verdadeira e sincera. Para Sartre, sua “filosofia desce as praças públicas”, esta metáfora por ele dita é direcionada ao comportamento do próprio Marx que vulgariza seu pensamento. Nesta mesma discussão ao final da conferência de Paris, levanta a questão onde o fato do indivíduo humano viver no mundo, depende de certas verdades adquiridas, e acrescenta questionando de onde vem a certeza da verdade absoluta, na ocasião considerada por ele, inexistente. Outro ponto reforçado é sobre a natureza humana, que dentro da existência de um indivíduo, cada época se desenvolve seguindo leis da dialética, mas depende da época e não da natureza humana.

Levando em consideração a relevância sobre a abordagem existencialista de Sartre, linhas teóricas no campo da psicologia clínica investigam sobre alguns fenômenos psicológicos encontrados no existencialismo, ao colocar o objetivo de ser da pessoa em suas próprias mãos, esta postura torna o sujeito responsável de sua própria vida e sua história. (RIBEIRO, SHNEIDER,2006.)

“A tarefa da ciência psicológica deve ser, portanto, investigar as condições de possibilidades de certos fenômenos de ordem psicológica ocorrerem, considerando-os em suas essências específicas, suas variáveis constitutivas, seus significados (Sartre, 1939). Sendo assim, a psicologia clínica, cujo objeto é a personalidade e a psicopatologia do paciente, para ser científica, em sua teoria, em seu método e em seus procedimentos, deve investigar quais as condições de possibilidade para um sujeito chegar a ser quem ele é, ou seja, como chegou a constituir-se determinada personalidade, sustentada em um projeto de ser específico, esclarecendo como foi que se complicou psicologicamente. Deverá, assim, poder especificar, em sua história, os contextos antropológicos (cultural, material) e sociológicos (rede de relações e de mediações de ser) que forneceram as condições de sua personalização e psicopatologização’’ (RIBEIRO, SHNEIDER,2006, p.8)

A postura da psicologia clínica diante desta investigação, traz uma constatação interessante de Pretto e Langaro (2012, pag. 1029) ao utilizar este recurso na construção da subjetividade em uma criança. Trata-se de um estudo de caso sobre a história de Pedro, 7 anos de idade, que é levado a uma clínica psicológica pela sua mãe justificando ele ser um menino agressivo, volúvel e de humor instável. Mãe e filho participam atentamente das sessões e tem papel fundamental na intervenção existencialista o qual ofereceu bases para os reflexos sobre a criança e a mãe e o desdobramento para a constituição dos sujeitos.

Fonte: https://goo.gl/AFudo7

No processo de desenvolvimento do artigo analisado, Pretto e Langaro (2012) em base ao depoimento da mãe descrevem que ela sentia angústias em determinadas situações quando encontrava dificuldades em dizer não aos seus filhos por medo de frustra-los e ao mesmo tempo tentava controlar suas ações e as reações, como uma forma de induzi-los a agirem de forma dentro das suas escolhas e com isto futuramente não sofreria tanta angústia.

“Relacionados a responsabilidade que os indivíduos têm com relação aos seus projetos e também com os projetos de ser dos demais. Ambos puderam, então, compreender que escolher para si implica escolher também para o outro, e, além disso, para o contexto social mais amplo, tendo em vista que os sujeitos são sempre seres em relação e que constituem sua personalidade a partir da subjetivação da exterioridade criada também a partir da objetivação que fazem de sua subjetividade, em um processo dialético de construção individual e social.”  (PRETTO, LANGARO, 2012, p.1036)

Verificado que quando a criança refletiu criticamente sobre si mesma, fez mais do que assumir o que lhe foi imposto, superando-se para se situar em um determinado horizonte. Nesta situação é perceptível o efeito do Existencialismo. Pretto e Langaro (2012), estabelecem a superação da alienação daquela criança à partir das histórias e das relações estabelecidas com a exterioridade, e não apenas ver ali um indivíduo que buscaria na psicoterapia a resposta para suprir suas dificuldades, suas lamentações. Esta observação permitiu aderir a diversidade dos fenômenos ao qual foram trabalhados na terapia considerando que o homem será um eterno vir a ser numa projeção para o futuro.

Consideração Finais

O existencialismo de Sartre e as reflexões filosóficas de sua obra, O Existencialismo é um humanismo, apresenta um sincronismo com nosso desenvolvimento, ao afirmar que o ser humano não é nada no seu início, mas se torna algo com sua vivência e com o que escolhe para si mesmo. O homem tem total retenção da responsabilidade de sua existência, mas não apenas para o ser, único, e sim pela humanidade, ou seja, por todos os homens. Para o homem não existe natureza determinada e sim uma construção do ser, não existe algo pré-estabelecido e o fato de sermos humanos nos concebe sentir e vivenciar emoções dentro de uma responsabilidade consciente que diretamente esta imunizada, assegurada pela verdade.

As discussões e críticas sobre a conduta sartreana projetam as mais variadas perspectivas do desenvolvimento humano e define a existência da sua subjetividade. As intervenções psicológicas embasadas no existencialismo de Sartre, atingiram a superação do sujeito resgatando o mesmo da sua alienação com aspectos de grande relevância sobre a formação, desenvolvimento, definição e entendimento da personalidade humana.

REFERÊNCIAS

GONZAGA GODOI TRIGO, Luiz.  Existencialismo: um enfoque cultural: O existencialismo sartreano. In: GODOI TRIGO, Luiz Gonzaga. Existencialismo: um enfoque cultural. Curitiba: Inter Saberes, 2012.cap. 2, p. 52-91.

PRETTO, Zuleica; LANGARO, Fabíola. Pais e Filhos em Psicoterapia: O atendimento clínico com uma criança. Disponível em: <http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=282025530019>. Acesso em: 25 fev. 2017.

RIBEIRO SCHNEIDER, Daniela. Novas perspectivas para a psicologia clínica a partir das contribuições de J. P. Sartre. Disponível em: <http://revistas.ufpr.br/psicologia/article/view/5764>. Acesso em: 27 fev. 2017.

SARTRE, Jean Paul. O Existencialismo é um humanismo. 4ª.ed. Petrópolis: Vozes, 2014. 62 p.

Compartilhe este conteúdo:

Sobre a Morte e o Morrer

Compartilhe este conteúdo:

Já senti medo da morte, assim como qualquer outra pessoa. Já evitei falar sobre ela e consequentemente esquivei-me de conversas para não ouvir o que outros pensavam sobre a morte. Hoje já não sinto medo e nem insegurança, a morte mais parece uma história mal resolvida e que nos dá tristeza do que algo que nos provoca medo.

Diz Schopenhauer, filósofo alemão, que o homem é o único animal que sabe por antecipação da sua própria morte, isso devido ao privilégio de possuir a razão. No entanto, este privilégio traz sofrimentos, pois o homem sofre para além do presente, passado e futuro, pois sua única certeza está justamente no seu fim. É esse saber antecipado que faz com que as pessoas evitem falar, ou falam exageradamente sobre a morte. Morrer não é a questão, a questão está em como prosseguir com a vida depois que alguém próximo morre.

Para Sartre, até mesmo a própria existência é um absurdo, tendo em vista que, embora tenhamos sonhos, projetos e aspirações, também carregamos a consciência da morte. Logo, para que buscar tantos significados para a vida, tantos projetos, se um dia iremos deixar de existir? No entanto, da mesma maneira que a morte não tem razão ou explicação, a existência também não se justifica por si mesma (CUNHA, 2010).  A consciência da finitude retira o significado da vida, pois se tratando do fim, a morte nada mais é do que a eliminação dos projetos do homem, a certeza de que um universo que não se conhece, o espera. Assim, ao contrário de Heidegger o qual diz que a morte é o que dá sentido à vida, têm-se na teoria sartriana a morte como algo que transforma a vida insignificante (ARANHA, 1993).

Então a morte é algo egoísta. Digo isto porque ela leva somente uma pessoa e deixa para trás sonhos, família, amigos e realizações. E então parece que não há motivos que nos façam querer continuar aqui na terra se logo ali, no futuro, algo vem e nos tira todo o sonho.

Existem inúmeras explicações a respeito do que seria a Morte, numa visão organicista a morte nada mais é do que o término do funcionamento da vida de um organismo, isso compila também com a visão médica, quando descreve que a morte é o cessamento das atividades corpóreas. Torres (2003), no entanto, ressalta que apesar de inúmeros debates e discussões que buscam encontrar uma única definição para a morte, não se é possível enquadrá-la, devido a toda a diferença cultural existente. Segundo a autora “os problemas suscitados pela definição da morte são mais complexos do que poderiam parecer e, como a escolha das definições dependem, a rigor, de crenças, e posições científicas e filosóficas, a discussão provavelmente continuará” (2003, p. 479).

É bem verdade que a morte de uma pessoa querida causa sofrimento em qualquer fase da vida, e que até mesmo o simples fato de falar sobre ela parece ser uma tarefa difícil, uma vez que esta traz sentimentos de angústia e medo, não somente pelas suas incertezas ou por surpreender, mas pela saudade deixada, pelo sentimento de vazio provocado pela perda de um ente querido.  No entanto ela é uma parte da vida do ser humano, algo estritamente ligado a sua existência. Falar sobre a morte deveria ser o caminho mais simples para que as pessoas começassem a entendê-la e aceitá-la. Morrer é uma condição natural dos seres-vivos, ciclos existem para serem fechados, sofrer também é uma condição natural, conversar sobre a morte é, portanto, uma maneira de compreender que a vida também tem seu ponto final.

Se eu pudesse descrever o que é a Morte, diria apenas que a morte é uma saudade que não dorme, é um cochilo que não acaba.

Referências:

ARANHA, M. L. A. Filosofando: Introdução à filosofia. São Paulo: Moderna, 1993.

CUNHA, A. S. Finitude Humana: A perplexidade do homem diante da morte. 5º Encontro de Pesquisa na Graduação em Filosofia da Unesp. Vol. 3, nº 1, 2010. Disponível em: <http://www.marilia.unesp.br/Home/RevistasEletronicas/FILOGENESE//AndersonSantanaCunha%28182-193%29.pdf>. Acesso em 20 de set. de 2012.

SCHOPENHAUER, A. Da Morte, Metafisica do Amor e Do Sofrimento do Mundo. Ed: Martin Claret. 1833/2001.

TORRES, A.N. A Criança Diante da Morte: Desafios. São Paulo: Casa do Psicólogo, 1999.

Compartilhe este conteúdo: