Psicologia perinatal em um mundo hiperconectado: como as redes sociais podem interferir na experiência da perinatalidade

Compartilhe este conteúdo:

(En)Cena entrevista a Psicóloga Lorena Magalhães, 28 anos, mãe, esposa, doula e egressa do Curso de Psicologia do Ceulp Ulbra. No contexto profissional, atualmente Lorena atua como psicóloga clínica,  com ênfase em mães gestantes e outros cuidadores envolvidos na perinatalidade. 

(En) Cena- Lorena, conta pra gente como foi a sua escolha em trabalhar com Psicologia Perinatal. 

-Então, o interesse pela área surgiu antes mesmo de ingressar no curso de Psicologia, logo após ter meu primeiro filho, no início de 2014. A maneira como experienciei a maternidade me fez perceber que os cuidados com a mãe são tão importantes quanto os com o bebê, mas geralmente ela acaba sendo vista como um personagem secundário dentro desse contexto, ficando suscetível a adoecimentos de várias ordens. Dessa forma, decidi que assim que pudesse iniciar uma faculdade, seria no intuito de estudar algo que me capacitasse a ajudar mulheres a viver essa fase com leveza.

(En) Cena- A ansiedade afeta as emoções e comportamento durante a gravidez e a espera por esse processo. Como a psicóloga perinatal realiza o manejo nestas situações? 

-A primeira coisa é acolher essa mãe que chega no consultório em busca de ajuda. O período gestacional é bem marcado pela ambivalência de emoções, então muitas mulheres ficam confusas com tantos sentimentos conflitantes. Também se faz necessário entender o contexto em que ela está inserida, os vínculos que ela tem, o momento de vida em que se encontra, se está recebendo assistência pré-natal, pois tudo isso influencia a forma como ela vai lidar com a gestação e pode explicar a ansiedade sentida. Feito isso, o manejo se dá geralmente por meio da psicoeducação, mindfulness e técnicas de relaxamento que inclusive podem ser utilizadas no momento do trabalho de parto para facilitar o processo.

(En) Cena- Além do acompanhamento psicológico, quais os outros cuidados ou ferramentas que as pessoas podem procurar para as auxiliarem nesse processo? 

-Algo que eu sempre oriento, além do pré-natal obstétrico e psicológico, é quanto a mulher ter uma rede de apoio bem estabelecida desde a gestação e buscar estudar e se informar por meio de fontes confiáveis a respeito de gravidez, parto, puerpério, amamentação, cuidados com o bebê, para saber o que esperar em cada uma dessas fases. 

(En) Cena-  Lorena, a gente sabe que volta e meia pode ser que a gente se reconheça nos relatos que ouvimos e acolhemos em nosso trabalho…você é mãe de dois, em alguns dos seus pacientes, já houve uma certa identificação com o relatos dos pacientes?  Como foi lidar com essas sensações e emoções quando esteve à espera do primeiro filho e quais mudanças vividas agora que está à espera do segundo? 

-Psicólogo também é gente que sente, né!? (risos) Com certeza já me identifiquei com alguns relatos e acredito que o fato de eu ter passado pelo meu próprio processo psicoterapêutico ao longo de um bom tempo é o que me permite, hoje, atender com tranquilidade esse nicho específico, sem deixar de prestar uma assistência humanizada.

(En) Cena- Em um mundo hiperconectado, as pessoas têm buscado cada vez mais informações que respondam aos seus anseios e dêem algum direcionamento numa área específica da vida. Na sua experiência, você tem observado que a busca sobre perinatalidade nas redes sociais têm crescido? E como você vê a questão da influência de informações falsas sobre esse assunto?

-Com certeza! Até pouco tempo atrás não ouvíamos falar muito a respeito da Psicologia Perinatal, com esse nome especificamente. Inclusive, enquanto acadêmica do curso na faculdade, eu desconhecia esse termo. Mas no último ano eu percebi um “boom” no aumento da busca pelo serviço e também por parte de recém-formados interessados em atuar na área. Estou convicta de que as redes sociais ajudam bastante nessa divulgação. Quanto à influência de informações falsas, percebo que hoje há uma maior facilidade em ter acesso a fontes seguras e confiáveis. A cada dia temos mais psicólogos e profissionais da saúde no geral utilizando o Instagram para divulgar seus saberes, fazendo com que conteúdos de qualidade sejam altamente compartilhados diariamente.

(En) Cena- Muitas mães se sentem inseguras e às vezes inaptas para esse novo tempo. As redes sociais, diante de experiências compartilhadas, passam imagens de mães e pais perfeitos que  podem trazer um sofrimento de que as demais não serão iguais ou precisam alcançar o mesmo nível da imagem compartilhada.  Como psicóloga perinatal você pode nos descrever quais os cuidados às pessoas afetadas devem ter ao acessar estes tipos de conteúdo na internet?  

-Eu diria que, para qualquer pessoa, é muito importante filtrar aquilo que se vai consumir na internet. Temos até um termo que tem sido frequentemente utilizado – unfollow terapêutico, que consiste em deixar de seguir perfis cujos conteúdos, de alguma forma, podem gerar algum tipo de mal-estar em quem acompanha. Para quem está vivendo a maternidade/paternidade eu recomendo avaliar o que se tem consumido virtualmente e os impactos internos disso. 

(En) Cena- Quais as principais dúvidas dos pacientes que chegam ao setting terapêutico? Há ainda muitos que chegam sabendo de informações falsas ou até mesmo repassadas pelo senso comum? 

– Na verdade, eu tenho percebido que a maioria das famílias tem chegado muito bem informadas. Mas ainda existem algumas crenças que são repetidas ao longo dos anos pelo senso comum, como por exemplo “o amor materno é instintivo”, “toda mulher nasceu para ser mãe”, “quando o bebê nascer você vai experimentar o verdadeiro amor”, que acabam colocando um peso muito grande sobre as mães, gerando muita insegurança e preocupação, principalmente quando percebem que o dia a dia da maternidade não é tão romântico quanto dizem por aí.

(En) Cena- Você também realiza o acompanhamento após o nascimento, ou já se torna uma outra demanda de atendimento? 

-Sim! Nosso acompanhamento envolve todo o ciclo gravídico-puerperal, se assim a família quiser.

(En) Cena- Além do acompanhamento dos pacientes, você possui algum projeto atual ou futuro ou grupo em que haja socialização de pacientes e compartilhamentos de relatos de experiência? 

-Faço atendimentos individuais e grupais, e estou sempre em contato com outros profissionais da saúde para projetos em parceria, como rodas de conversas, grupos de apoio e oficinas de preparação para o parto.

(En) Cena- Qual mensagem você deixa aos nossos leitores? 

-Há algo que é extremamente importante a gente saber: ao longo de toda a vida de uma mulher, desde o nascimento até a morte, vão existir três períodos de transição que são críticos e potencialmente perigosos a nível de saúde mental: a adolescência com a puberdade, o climatério próximo a menopausa e a fase perinatal, que contempla a gestação até o puerpério. E desses três períodos críticos, o período perinatal é o que tem maior prevalência de ansiedade, estresse e depressão.

Ao contrário do que muito se pensa, o bebê não é o único que requer atenção durante a gestação ou após nascer. Investir no cuidado das mães é uma forma de investir no cuidado dos filhos e é urgente que a temática da saúde mental materna seja ainda mais vista e valorizada.

Compartilhe este conteúdo:

Capacitismo: o uso das redes sociais no combate ao preconceito e a desinformação

Compartilhe este conteúdo:

O presente relato surgiu de uma intervenção psicossocial que utilizou-se como instrumento veiculador nas redes sociais, mais precisamente o Instagram, e como problema de pesquisa o Capacitismo e suas implicações no sujeito e na sociedade. O relatório em questão, objetivou levar para as redes sociais reflexões e discussões sobre o impacto que o sujeito vítima do Capacitismo sofre, no que tange não somente o preconceito e a discriminação, mas também a exclusão em sociedade, fazendo-se necessária a ampliação da reflexão sobre a temática. A proposta foi realizada na modalidade on-line, tendo como população-alvo os usuários da rede social Instagram que possuam interesse no tema através da página “Ação Psi” (@acaopsiulbra), organizada e monitorada pelas acadêmicas de Psicologia e supervisionadas pela Thaís Monteiro da disciplina Intervenção do Psicossocial. A intervenção ocorreu no segundo semestre do ano de 2022, e esperou-se alcançar um número significativo de pessoas através das publicações. O tema foi pensado pela percepção das acadêmicas, juntamente da supervisora, por se tratar de algo pouco comentado em contextos casuais, possibilitando a abertura para que os seguidores sejam instigados a refletir sobre a temática dentro e fora de seus ciclos sociais.

Vamos ao que realmente interessa: 

O capacitismo é uma forma de preconceito e discriminação. Em nossa sociedade, a forma como esse preconceito é manifestado, envolve as crenças internalizadas de que a pessoa com deficiência seria incapaz e inapta, considerando apenas o corpo considerado “perfeito” como passível de capacidades e aptidões, e o que foge à regra, como alvo de pena e/ou incapacidade. É importante destacar que praticar a discriminação configura crime previsto em Lei. Há normas e legislações que garantem plenos direitos que asseguram condições de igualdade, liberdade, inclusão social e cidadania. Por isso a importância de se repensar algumas atitudes pessoais direcionadas às pessoas com deficiência que causam exclusão e constrangimento.

Existe uma grande dificuldade das pessoas em se perceberem e até mesmo de admitirem que são ou possuem comportamentos e falas capacitistas. Isso porque, é preciso entender o tema considerando toda a história das pessoas com deficiência, compreendendo o imaginário que sustentou ideias reproduzidas ao longo dos anos que disseminaram o discurso capacitista até os dias atuais, desde a crenças no passado que trataram a deficiência como um castigo para um pecado cometido, até mesmo ao padrão irreal de corpo perfeito dos dias atuais, que afirma que tudo o que foge disso, não funciona e não é aceito. É importante entender que atitudes capacitistas, precisam de atenção e reflexão, pois reproduzem e reforçam estereótipos que precisam ser desconstruídos e combatidos.

Algumas atitudes simples e delicadas são muito importantes para a construção de diálogos e ambientes mais inclusivos. Entenda como exercer a acessibilidade atitudinal e evitar passar por uma saia justa:

  • Primeiramente, identifique-se ao falar com uma pessoa cega.
  • Quando se aproximar cumprimente em voz alta, e se identifique.
  • Não deduza que a pessoa já te conhece pela voz. Ainda mais se tiver muito tempo que não a vê.
  • Também não seja indelicado ao deduzir o grau de relação ou parentesco entre as pessoas. Pessoas com deficiência podem desenvolver diversos tipos de relações com outras pessoas normalmente.

Partindo do pressuposto, de que a discriminação é a ação, ou seja, a manifestação do preconceito, é preciso entender que ele nem sempre será visível. Isso significa, que algumas ações e comportamentos discriminatórios podem acontecer de maneira camuflada, nas entrelinhas e não de maneira escancarada, isso é o que se denomina de Capacitismo Estrutural (STUDIO PIPOCA, 2021). Geralmente, o Capacitismo estrutural aparece no cotidiano, podendo ser propagado até mesmo de maneira inconsciente por quem o pratica, como citado anteriormente referente às crenças enraizadas frente ao corpo tido como perfeito. Para ajudar a fixar na memória e perceber como o capacitismo estrutural se manifesta no dia a dia, abaixo listamos alguns exemplos de capacitismo estrutural:

  • Não adaptar postagens em redes sociais para aumentar sua acessibilidade;
  • Realizar perguntas invasivas como “o que aconteceu?” ou que questionem a diversidade funcional, pior ainda com pessoas que não têm intimidade;
  • Optar por locais com falhas de acessibilidade para a realização de eventos;
  • Ignorar e não se importar com a inacessibilidade ao se deparar com ela;
  • Sentir pena de pessoas com deficiência, ainda que elas vivam seu dia a dia normalmente;
  • Utilizar termos ou expressões, como: “inválido, incapaz, louco, mongol, aleijado ou retardado”;
  • Falar com uma pessoa com deficiência como se essa fosse uma criança ou falar sobre ela, em vez de diretamente para ela.

Não é tão difícil encontrar palavras que não ofendam nem prejudiquem outras pessoas. Você pode começar se referindo à pessoa com deficiência com o termo correto, outras formas de se referir são erradas e, consequentemente, pejorativas. Você também pode (e deve) parar de usar a deficiência como um adjetivo e pior, como xingamentos. Por fim, pare de descrever as pessoas com deficiência com rótulos negativos que contribuem para diminuí-las e defini-las como indefesas, dignas de piedade e caridade. 

E lembre-se: não reduza as pessoas à condição funcional de seus corpos!

Nota: O texto é resultado de uma atividade da disciplina de Intervenção Psicossocial do curso de Psicologia do CEULP/ULBRA, ministrada pela Profª. Me. Thaís Moura Monteiro.

Compartilhe este conteúdo:

Psicologia analítica e a religiosidade

Compartilhe este conteúdo:

Ao considerarmos que o ser humano é um indivíduo biopsicossocial, por que não considerar o aspecto religioso? No registro da obra Psicologia e Religião, Jung traz essa visão como algo a ser considerado pelos profissionais da saúde mental pois é o que há de mais antigo e universal no ser humano. Para Jung, a religiosidade é considerada uma atitude extremamente interligada com a subjetividade humana. 

Fonte: encurtador.com.br/uAXY1

A experiência do numinoso (Contato com o desconhecido, com o sagrado) pode ser uma experiência com bastante dualidade quando se fala na psicologia clínica, pois a luta pela parte da ciência da psicologia às vezes apaga a importância dessas experiências para a construção do self.

Dentro da história da humanidade há um apelo por conhecer a origem de tudo, ter uma explicação para a vida em si. Esse conceito pode ser relacionado intimamente com os arquétipos e a simbologia que eles trazem, algo que está no inconsciente coletivo e que move os seres humanos.

“[…] Em nossa época há muitas pessoas que perderam sua fé em uma ou em outras religiões do mundo. Já não reservam nenhum lugar para ela. Enquanto a vida flui harmoniosamente sem ela, a perda não é sentida. Sobrevindo, porém, o sofrimento, a situação muda às vezes drasticamente. A pessoa procura então subterfúgios e começa a pensar sobre o sentido da vida e sobre as experiências acabrunhadas que a acompanham.” (JUNG, Espiritualidade e Transcendência, p.86).

Neste trecho, Jung fala sobre a importância que a religiosidade e as religiões têm para o sentido da vida dos seres humanos. Quando tais pensamentos de falta de sentido aparecem, é necessário a ajuda de um profissional, antes pessoas dentro da religião, hoje, psicólogos.

Fonte: encurtador.com.br/cNOP9

A relação entre psicologia e religião é íntima, visto que acreditar e ter vontade são conceitos utilizados em ambos. Ao tratar uma pessoa em sofrimento é necessário olhar profundamente no consciente e no inconsciente, a religião sendo uma parte importante dos dois não pode ser deixada de lado.

“No âmbito das interações entre indivíduo e psique coletiva, entende Jung que a existência de uma atitude  religiosa  viva  e  válida  é  o  único  meio capaz de promover esta conciliação” (ARANHA, 2004).

Referências 

ARANHA, Maurício. Alguns aspectos da religião na psicologia analítica. Ciências & Cognição, v. 1, 2004.

JUNG, Carl Gustav. Espiritualidade e transcendência: Seleção e edição de Brigitte Dorst. Editora Vozes Limitada, 2015.

Compartilhe este conteúdo:

Intervenção naturalística à neurodiversidade

Compartilhe este conteúdo:

O Transtorno do Espectro Autista, o Transtorno de Déficit de Atenção, entre outros transtornos e atrasos no desenvolvimento podem ser, e graças ao desenvolvimento científico, são cada vez mais descobertos logo cedo, nos primeiros anos de vida, o que pode impactar de forma significativa na vida, e no desenvolvimento dos indivíduos com estes atrasos no desenvolvimento, ou desenvolvimento atípico. 

No entanto, como o diagnóstico se torna cada vez mais comum na sociedade, e encontramos também cada vez mais adultos sendo diagnosticados de forma tardia, os tratamentos mais diversos tem se proliferado em busca de ajudar no desenvolvimento de forma efetiva e eficaz, para dar mais qualidade de vida para estar crianças, e os tratamentos mais encontrados são, fonoaudiologia, tratamento medicamentoso, psicoterapia individual, musicoterapia, terapia ocupacional, fisioterapia, Padovan, e o tratamento intensivo com terapia ABA (Análise do comportamento Aplicada). 

Abordando um pouco acerca desta intervenção intensiva onde as crianças têm terapia em geral, todos os dias da semana, cerca de uma a duas horas por dia, a variar de acordo com a necessidade específica de cada criança, de suas necessidades, o ABA é comprovado como a intervenção mais eficaz no desenvolvimento de crianças atípicas. Porém dentro desta ciência existem diversos modelos de abordagens para esse tipo de terapia. Uma delas, é muito utilizada é o treino de tentativas discretas. 

O DTT (Treino de Tentativas Discretas) decompõe os comportamentos, para poder ensiná-los de forma isolada (Smith, 2001). A aplicação se dá por meio de um número predeterminado de tentativas, com uma contingência de três termos, antecedente, resposta e consequência, e conforme Ghezzi (2007), o DTT é um procedimento de ensino onde o aplicador tem total controle sob as oportunidades de aprendizado, manipulando variáveis para que se possa estabelecer um aprendizado de novas habilidades.

Além deste modo de intervenção com tentativas discretas, existem os modelos naturalísticos, como o Denver, que ao invés de o aplicador ter controle total do atendimento, no modelo Denver o terapeuta segue a criança e enquanto faz brincadeira da criança, faz a aplicação dos programas, este modelo se baseia em intervenções naturais que em envolvem a rotina familiar, onde o vínculo com a criança é de suma importância, a ponto de que a própria brincadeira seja o reforço da criança, não se fazendo necessário o uso de reforçadores externos, como outros brinquedos, aplausos.

Por ser um modelo de intervenção precoce e que se assemelha a rotina da criança, apresenta também resultados significativos, estas crianças podem ter seus sintomas minimizados, pois a plasticidade cerebral nesta fase é ainda mais latente, e nas últimas décadas foi percebido que as intervenções precoces reduziram a gravidade da linguagem e o comportamento intelectual e aceleraram a aprendizagem das crianças (ROGERS, 2014).

A intervenção Dever pode ser muito eficaz, e com aprendizado que dificilmente as crianças voltem a perder as habilidades adquiridas, por serem associadas a emoções positivas criam conexões neurais muito mais resistentes, e tendem a ter crianças com menos comportamentos inapropriados pelo vínculo terapêutico e forma de trabalho.


Referências 

GHEZZI, Patrick M. Discrete trials teaching. Psychology in the Schools, v. 44, n. 7, p. 667-679, 2007.

ROGERS, Sally J.; VISMARA, Laurie. Interventions for infants and toddlers at risk for autism spectrum disorder. Handbook of Autism and Pervasive Developmental Disorders, Fourth Edition, 2014.

SMITH, Tristram. Discrete trial training in the treatment of autism. Focus on autism and other developmental disabilities, v. 16, n. 2, p. 86-92, 2001.

Compartilhe este conteúdo:

CAOS 2022 – Trabalho, Sofrimento e Autorrealização é tema de mesa redonda

Compartilhe este conteúdo:

Aconteceu no terceiro dia do Congresso Acadêmico de Saberes em Psicologia – CAOS, na manhã de 23 de novembro, a mesa redonda “Trabalho, Sofrimento e Autorrealização” com a presença dos Psicólogos Rafael Rodrigues de Souza, Tássio de Oliveira Soares e o mediador Caio Cesar Brum.

Após apresentação dos participantes, o Me. Rafael Rodrigues de Souza, destacou que o sentido do trabalho na realização pessoal é uma troca equivalente, serve para si e para a sociedade, não tendo somente função financeira, apenas o objetivo de ter uma renda gera um processo de sofrimento em decorrência da auto exploração e ausência de sentido. Para o Me. Rafael para a instituição o empregado doente significa prejuízo e para tentar solucionar procura incluir palestras, treinamento, essa não é a solução, o que se faz para tratar o sofrimento no trabalho, o retroalimenta. A empresa não deve existir somente com a função de lucratividade, mas também deve haver um sentido de servir. Portanto, a existência de um equilíbrio financeiro, cultural e social colabora para o reequilíbrio entre instituição e sujeito saudável.

O Psicólogo Tássio, evidenciou que as relações de trabalho têm se tornado uma demanda frequente nos consultórios psicológicos, pois é uma pauta do nosso dia a dia. Para Tássio no trabalho o elemento que procuramos é a autorrealização, tem um sentido de utilidade, funcionalidade, identificação. Trabalhar para a sociedade é uma questão de pertencimento, nível de organização e remuneração, não ter um lugar no trabalho também significa algo para a sociedade, é uma lógica excludente. O trabalho tem uma função estrutural na vida do sujeito, fazer o que deve ser feito é o problema desse arranjo, esse elemento estruturante se torna a única coisa a qual pertence, sendo assim o que era para ser funcionalidade, rouba energia e resulta no sofrimento, portanto é necessário transitar através de outras áreas da vida, ir além do trabalho.

O trabalho gera sofrimento quando o sujeito não se reconhece, a ampliação do olhar para a pluralidade da vida, vislumbrar além das demandas da instituição, do financeiro e da autocobrança, buscar uma colaboração visando não somente a função da lucratividade, mas um equilíbrio entre os vários setores da vida pessoal e profissional, dando sentido ao que se está fazendo e tendo função social, pode ser o caminho para melhorar a questão da saúde mental no trabalho.

Compartilhe este conteúdo:

CAOS 2022 – Palestra de abertura aborda o trabalho plataformizado e sua implicação nos sujeitos

Compartilhe este conteúdo:

Como previsto na programação do CAOS – Congresso Acadêmico de Saberes em Psicologia, na última terça-feira (22), ocorreu a grandiosa palestra de abertura sob o tema “Trabalho Plataformizado e a devastação dos sujeitos”. Pontualmente, às 19h30, a profissional Lêda Gonçalves de Freitas iniciou sua fala voltada para os ouvintes presentes no auditório central da instituição. 

Apesar de ter realizado a palestra de forma remota, a brilhante profissional Lêda, conseguiu prender a atenção do público presente e trazer ensinamentos verdadeiramente relevantes.  Fugindo do que talvez fosse esperado, não fez uso de slides; simplesmente usou o poder da fala de uma maneira extremamente coerente, o que facilitou a transmissão do conteúdo e do conhecimento, bem como impulsionou a troca, diálogos, reflexões e questionamentos.

Foi possível expandir o conhecimento acerca do panorama global no que diz respeito ao sistema capitalista e seu funcionamento atual; das formas de trabalho; da força e presença da tecnologia no contexto laboral: do impacto que tais mudanças geram nos sujeitos inseridos; do modo que as pessoas percebem seus papéis. 

Seguindo a lógica apresentada em sua exposição, percebe-se que nos dias de hoje, seguimos um modelo neoliberal nas mais diversas relações (econômicas, sociais, culturais), que dita o sentir, o pensar e agir, instilando a cultura do capital, visando sempre o lucro; modelo este que está inserido nessa nova concepção capitalista, que implica em novas formas de exploração com grande capacidade de gerar mais competitividade e também sofrimento psíquico.

Divulgação/CAOS

Como exemplo, foi citado o salto tecnológico e os trabalhos plataformizados, aqueles que as pessoas trabalham por mediação de plataformas/aplicativos, sem nutrir vínculos, sem espaço para comunicação e socialização, estando disponíveis a qualquer momento, não existindo um contato palpável e concreto com a empresa em questão, sendo assim, considerado um trabalho isolado, atingido por uma alta concorrência e precarização. 

Já no âmbito da educação, alterações também surgiram: as universidades se tornam organizações, e não mais instituições carregadas de valores e princípios; percebe-se também um crescimento de disciplinas e ensinamentos repassados através de ferramentas virtuais, à distância.

No decorrer da palestra, então, ficou explícito que consequências sociais e econômicas nascem nessa dinâmica do trabalho, facilitando a incidência da desigualdade, acentuando o desemprego, criando-se um sentimento de liberdade e aumentando o poder de exploração do neoliberalismo. O sujeito passa a ser empreendedor de si, almejando o lucro e o alto desempenho, o coletivo é deixado de lado, a luta é de caráter individual na busca incessante por capital.

Portanto, esse processo, amplifica o surgimento de estresse, doenças mentais, etc. A exploração vem de dentro, é interna de cada sujeito, e o senso de liberdade é ilusório, pois agora o controle é sutil, quase imperceptível, advindo das plataformas em si. 

Por essa razão, a parte final da palestra abarcou as maneiras de evitar sucumbir-se, para ir contra a lógica adoecedora: devemos incorporar novas filosofias, estimular a imaginação, o pensar, em harmonia com o coletivo e natureza, alimentar questionamentos e criticar a onda de acumulação que parece nos mover, da mesma forma que devemos ter consciência dos nossos desejos e não permitir que os mecanismos tecnológicos extraiam nossas forças vitais, é primordial resgatar encontros potentes que nos preenchem de conhecimento e favoreçam a saúde mental, criando laços reais de confiança. 

No fim da palestra o público teve a oportunidade de fazer perguntas e expor pensamentos e agradecimentos; a profissional respondeu cada um indo mais à fundo nas ponderações levantadas. Sendo assim, foi uma palestra motivadora que trouxe um conhecimento atrelado à realidade que vivemos e intensamente profunda que manteve acesa a atenção das pessoas presentes até a sua conclusão.

Compartilhe este conteúdo:

Caos 2022 – Acadêmicos participam de “Sarau” na Ulbra Palmas

Compartilhe este conteúdo:
Fonte: Arquivo Pessoal

Acadêmicos do curso de Psicologia da Ulbra Palmas participaram no início da noite desta quarta-feira, 23, do Sarau do CAOS 2022. O evento faz parte da programação do Congresso Acadêmico dos Saberes em Psicologia, que acontece de 21 a 26 de novembro na Ulbra.

Fonte; Arquivo Pessoal

Durante o evento, vários acadêmicos transmitiram por meio da música, da dança e de instrumentos musicais a diversidade de talentos que há no ambiente acadêmico. A proposta do evento foi a manifestação dos talentos dos estudantes, que podem ficar  camuflados pela rotina agitada do dia a dia universitário, pelas preocupações do cumprimento da vida acadêmica, e conciliação do trabalho e estudo, fatores que podem provocar a sobrecarga emocional.

Fonte: Arquivo Pessoal

O apresentador Lauriano Rosa, falou sobre a importância do Sarau como uma das ações desenvolvidas semestralmente no Alteridade, “O Sarau tem como proposta ser como uma válvula de escape, proporcionando bons e leves momentos, aliviando o peso e o cansaço da rotina do dia a dia, e que nem que seja por um breve momento, nos faça sorrir e ansiar por um amanhã melhor”. Lauriano Rosa, Licenciado em Artes/Músicas (FASC) Pós graduado em Neuropsicopedagogia (CENSUPEG) Professor de Artes na escola Ulbra de Palmas: Neuropsicopedagogo do CEULP/ULBRA.  

Fonte: Arquivo Pessoal

Para Victória Cardoso, uma das artistas participantes, “é um evento importante porque primeiro para não ficar aquela coisa engessada da faculdade, pois a faculdade já é uma rotina muito estressante, então eu vejo o Sarau como uma forma da gente se descontrair e ter a oportunidade de mostrar o nosso lado Artístico ”, pontua.

O congresso ocorre dos dias 21/11 a 26/11 com o tema Saúde Mental no Trabalho, e conta com minicursos, palestras, momentos artísticos, psicologia em debate e sessões técnicas. O evento tem como intuito proporcionar conhecimento e reflexões a respeito da saúde mental no ambiente de trabalho.

Compartilhe este conteúdo:

CAOS 2022 – Mostra destaca a prática em diferentes campos de atuação

Compartilhe este conteúdo:

Na noite do dia 21 de novembro na programação do Congresso Acadêmico de Saberes em Psicologia (CAOS), ocorreu a segunda edição da Mostra de Práticas em Psicologia com mediação da professora no curso de Psicologia do CEULP/ULBRA, Mestre em Psicologia Clínica e da Saúde pela Universidade da Beira Interior, Covilhã-Portugal (2015), a psicóloga clínica Muriel Corrêa Neves Rodrigues, que iniciou o evento falando sobre a escolha dos campos de estágios pelo acadêmicos do curso de Psicologia, exemplificando que o momento proporcionado pela Mostra é a explanação sobre as práticas de acadêmicos vivenciadas durante o Estágio Específico em Processos Institucionais e de Saúde do Ceulp/Ulbra em diferentes campos de atuação. 

Iniciando as apresentações, as acadêmicas Luana Lenir de Laura Braga Costa, compartilharam a experiência de estagiar na Secretaria Municipal de Saúde de Palmas (SEMUS), no setor de causas externas, relatando as atividades realizadas durante o estágio, que se caracteriza pela monitoramento e a vigilância epidemiológica de situações de violência e acidentes, através de dados óbitos pela Ficha Individual de Notificação (FIN), preenchida pelas unidades assistenciais para cada paciente em que a suspeita da ocorrência de problemas de saúde de notificação compulsória ou de interesse nacional, estadual ou municipal, essa ficha é recebida por meio de um prontuário eletrônico (e-SUS). A apresentação das acadêmicas  enfatizou a importância dos dados, que possibilita a divulgação para a sociedade como um todo, gerando um importante impacto social dando visibilidade aos cenários de violência acidentes, tornando possível a atuação baseada em evidências, contribuindo para a tomada de decisões dos gestores e profissionais. 

A segunda apresentação foi das acadêmicas Ágatha Caroline e Beatriz Cirqueira, relatando as atividades realizadas no Centro de Referência de Atendimento à Mulher em situação de Violência (Flor de Lis), e a atuação na política de enfrentamento à violência contra as mulheres, o centro de referencia se constitui em um espaço de acolhimento e atendimento psicológico, social, com orientações e encaminhamentos jurídicos á mulher em situação de violência, os atendimentos feitos em fases que se completam durante o processo, incluindo o levantamento de demandas, escuta qualificada/encaminhamentos, fornecimento de informações e orientações, monitoramento e acompanhamento, e o rompimentos do ciclo de violência e desligamento. 

A terceira apresentação foi sobre a atuação no Centro de Referência de Assistência Social (CREAS), feita pelos acadêmicos Emanuela Luz, Geovana Bosch, Geovana Gomes e Raimundo Leonardo, exemplificado as características do órgão de Proteção Social Especial, cuja função é ofertar e referência serviços especializados de caráter continuado para famílias e indivíduos em situações de risco pessoal e social, por violação de direitos, durante a experiência prática do estágio no CREAS, os acadêmicos relataram as visitas institucionais e domiciliares, atendimentos psicossocial individual e familiar, discussões de casos, intervenção psicossocial entre outros.

As acadêmicas Camila Silva Alciléa Carvalho deram continuidade com a quarta apresentação da noite, falando sobre o Núcleo de Atendimento Educacional Especializado ao Discente (Alteridade), que tem como objetivo oferecer suporte aos discentes do Ceulp/Ulbra no que relaciona-se com acessibilidade, processos de ensino aprendizagem, saúde mental e o desenvolvimentos de habilidades sociais e profissionais no contexto universitário, por meio do acolhimento, acompanhamento individual e intervenções em grupos com temas diversos, que se formam a partir das demandas apresentadas por professor e acadêmicos, além da realização de eventos, palestras e oficinas. 

O acadêmico Matheus Saboia apresentou a Psicologia Escolar, com a vivência dos desafios impostos pela área, pontuando sobre a lei que regulamenta atuação de psicólogos em escolas públicas ser algo recente, porém atualmente não se encontra em efetivo funcionamento, escassez de produções científicas no Brasil, diretrizes de trabalho sem um padrão de atuação bem definido e o diálogo entre a escola, equipe de psicologia e pais, que demonstram um baixo engajamento na vida escolar dos filhos. Na atuação no Suporte Psicológico Escolar, que oferta atenção especial para alunos que apresentam dificuldades cognitivas e emocionais específicas, no desenvolvimento escolar, por meio de etapas como observação direta e entrevista com professores e familiares.   

Ainda no campo escolar, a acadêmica Larissa Ferreira, discorreu sobre o tema “a música como ferramenta terapêutica na expressão das emoções no contexto escolar”, trazendo informações sobre o trabalho no ambiente escolar, sob as demandas autolesão e  suicídio, a música nesse contexto foi utilizada como disparador, em encontros com temáticas relacionadas a suicídio, automutilação, preconceito, autoestima, sexualidade, família, motivação, amor, morte, por meio de músicas ligadas aos temas, sendo um encontro separado para entrevista individual, e outra em que os alunos levaram a música de sua escolha, com o público alvo de adolescentes de 11 a 14 anos do Ensino Fundamental II, totalizando 11 encontros, finalizando com uma devolutiva individual, os encontras proporcionaram discussões e reflexões acerca de assuntos relevantes, criando um ambiente seguro e acolhedor para os alunos.      

Divulgação/CAOS

A sétima apresentação da noite foi das acadêmicas Brenda Leite, Lívia Oliveira, Vera Lima e Valquiria Rebelin, sobre a prática da Psicologia na Justiça Federal, nesse campo o foco é na Psicologia Organizacional e do Trabalho, realizando atividades como o escuta JF, com atendimentos e acolhimentos direcionados aos profissionais, servidores e magistrados da Justiça Federal, com até 10 atendimentos, e encaminhamentos quando necessários, realizando também atividades voltadas para a pesquisa de clima organizacional, pesquisa sobre assedio moral, sexual e discriminação, com orientações sobre os direitos das vitimas presentes no contexto organizacional, também com divulgações de cards de promoção a saúde com temas afim de gerar conscientização, participando também dos processos seletivo, programa de preparação para a aposentadoria e perfil profissional.   

Apresentando a atuação da Psicologia na Defensoria Pública do Estado do Tocantins, a académica Rute Milene da Cruz compartilhou sobre a atuação em uma equipe multidisciplinar, na prestação de serviços de assessoria aos defensores públicos em processos de divorcio, separação, guarda, regramento de visitas e alienação parental, expondo pontos como a criação de documentos psicológicos que são, declaração, relatório psicológico, relatório multiprofissional, laudo psicológico, parecer psicológico, atestado psicológico. A prática como estagiária de Psicologia dentro da Defensoria compartilhada pela acadêmica passou pelo atendimento ao assistido encaminhado ao serviço, nas modalidades presencial ou por videoconferência, participação de reuniões para discussão de casos, que potencializa o aprendizado e elaboração de relatórios psicossociais. 

A acadêmica Ester Moreno, compartilhou sua experiência no campo de atuação Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF), através da colaboração em um grupo de apoio terapêutico ao tabagismo, onde cada encontro era direcionado por um cronograma definido pela Secretaria Municipal de Saúde de Palmas, divididos em 7 encontros, com duração média de 1:30, os encontros começaram com 6 participantes, no terceiro tiveram 4, no quarto 3, no quinto 5, e no sexto 2, durante o processo o grupo proporcionou melhorias em relação à saúde, onde 3 dos participantes cessaram o hábito de fumar e 1 reduziu de maneira significativa.   

Compartilhando as experiências no ambiente hospitalar, a acadêmica Ana Beatriz Silva realizou a décima apresentação da Mostra, falando sobre o tema “vivências em uma unidade de alta complexidade em oncologia: um relato de experiência”, no  Hospital Geral de Palmas (HGP) onde o foco desse campo de estágio se baseia no estudo da qualidade de vida dos paciente oncológicos, referenciando-se nas áreas da psico-oncologia e psicologia hospitalar. A atuação no campo por meio da busca ativa se configurou em ofertar escuta qualificada, se estendendo aos familiares e os acompanhantes, buscando fortalecer os vínculos afetivos entre a família e o paciente, com o propósito de diminuir o risco de disfuncionalidade no sistema pessoal e familiar por intermédio da ressignificação e elaboração da situação, proporcionando qualidade de vida dos indivíduos envoltos no processo.   

Em  continuidade ao evento, as acadêmicas Crislenne Vitoria e Thaylla Cristianne também na temática sobre a atuação em Psicologia Hospitalar na área da internação pediátrica, ortopedia e especialidade no HGP, dividindo a vivência da atuação que inclui atividades como, avaliação inicial dos dados do paciente e acompanhante, escuta ativa, intervenções lúdicas e no emocional, manejo de estressores, orientações aos pais, monitoramento de leitos, e a preparação para a alta quando possível, devido a alta rotatividade da ala, com o objetivo de favorecer o bem estar do hospitalizado dentro do contexto de internação, passando pela compreensão de que o paciente se encontra ali focando na saúde orgânica, e os fatores psicológicos devem ser considerados e tratados como associados a questões físicas de saúde.

Fechando as apresentações da Mostra, as acadêmicas Giovanna Camargo e Yasmim Sousa, trouxeram o relato com o tema “entre violências: vivências de um estágio em Psicologia Hospitalar”, no campo Núcleo de Assistência à Pessoa em Situação de Violência (NUAVE), as acadêmicas exemplificar  como funciona a rotina dentro do núcleo, que perpassa pela busca ativa, identificação de demandas, escuta, registro, planilha e encaminhamento. As demandas investigadas e acompanhadas são: violência autoprovocada, fraturas, violência interpessoal e surto psicótico. Os atendimentos são realizados por intermédio da escuta, acolhimento, atendimentos ao acompanhante, orientação, encaminhamento e monitoramento. O relato foi finalizado com apontamentos sobre os desafios presente na atuação, destacando o preconceito por parte dos profissionais com os pacientes internados por tentativa de suicido, a descontinuidade do acompanhamento extra hospitalar, que ocasiona a reincidência na internação de paciente com ideação suicida, falha na rede de assistência social e a falta de adesão a continuidade do tratamento psicológico, medicamentoso por parte do paciente. 

A segunda edição da Mostra de Práticas em Psicologia foi encerrada após perguntas  direcionadas aos acadêmicos sobre suas vivências e experiências nos campos de estágios citados, propositando ocasionar uma maior aprendizagem no espaço criado pelo evento.

Compartilhe este conteúdo:

Caos 2022 – Psicologia em Debate aborda “Aspectos da violência no trabalho e suas manifestações”

Compartilhe este conteúdo:

Aconteceu na manhã desta quinta-feira, 24/11/2022, com horário de início às 9h via meet, psicologia em debate, essa é uma das programações que complementa a 7a edição do CAOS – Congresso Acadêmico de Saberes em Psicologia. O evento foi mediado pelo professor e mestre Sonielson Luciano de Souza, Mestre em Comunicação e Sociedade (UFT-2018 bacharel em Psicologia (Ceulp), bacharel em Comunicação Social (Publicidade – Ceulp/Ulbra); sócio-fundador do jornal e site O GIRASSOL (desde 1999) – http://ogirassol.com.br. Professor universitário (Ceulp/Ulbra), Pós-graduado (lato sensu) em Educação, Comunicação e Novas Tecnologias, com ênfase em Docência Universitária (Unitins/UFBA – 2006); Licenciado em Filosofia pela Universidade Católica de Brasília (UCB); Pós-graduado em Psicologia Analítica (Unyleya-DF); Atualmente é coordenador e colaborador do Portal (En)Cena (http://www.encenasaudemental.net).

Com um tema muito pontual e de extrema relevância socialmente, a estudante do curso de Psicologia Andréa Nobre falou sobre os aspectos da Violência no Trabalho e suas manifestações. Andréa Nobre é jornalista, pós-graduação em Logoterapia, casada, mãe, atualmente grávida do seu quarto filho, e com muitos desafios para manter sua rotina em ordem conciliando as obrigações com a família e também com o mercado de trabalho, ela enfrentou e precisou lidar com alguns impactos relacionados ao tema apresentado. A estudante trouxe um conteúdo bem embasado teoricamente e junto a isso compartilhou também um pouco da sua experiência pessoal.  Para iniciar o tempo de exposição sobre o tema, a estudante trouxe a definição sobre Violência segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), que define violência como o uso de força física ou poder, em ameaça ou na prática, contra si próprio, outra pessoa ou contra um grupo ou comunidade que resulte ou possa resultar em sofrimento, morte, dano psicológico, desenvolvimento prejudicado ou privação. E destacou que essa forma de violência no trabalho implica em risco para a segurança, bem-estar ou saúde do trabalhador.

 A estudante também destacou de forma bem assertiva três maneiras distintas como a violência pode aparecer nas relações de trabalho, sendo essas: Econômica, Política e Psicossocial. A primeira refere-se às formas de retribuição pelo emprego da força de trabalho, tendo em vista o trabalho executado e isso é percebido na rotina das tarefas, no acúmulo de horas de trabalho, nos riscos insalubres que esses trabalhadores são submetidos e a intensificação do ritmo de trabalho, e tudo isso aponta para a violência sobre o corpo onde mais tarde se percebe as dores crônicas por esforços repetitivos (LER/DORT), na dependência química (álcool, drogas, fármacos e outros adoecimentos). A segunda maneira que essa violência pode se apresentar, segundo Andrea Nobre, é a Política e ela se refere ao processo de dominação da organização e de como seus representantes evidencia, por exemplo, favorecimentos individuais, premiações e promessas de benefícios, e na crença da grandiosidade da organização como a grandiosidade do sujeito, e por fim a estudante trouxe a definição da violência psicossocial, que está atrelada aos mecanismos sutis expressados pelo medo da demissão e na correspondente angústia imposta ao empregado para que esse seja o melhor trabalhador daquele mês, e isso acarreta nos processos de ansiedade pelo reconhecimento e na frustração da ausência da valorização pelo trabalho desenvolvido.

Ao pontuar a violência psicológica Andrea Nobre trouxe para apresentação a ideia que é colocada no mercado de que os trabalhadores fazem parte de uma grande família organizacional e essa família é preenchida por colaboradores, e essa fala tem o propósito de levar o trabalhador ao envolvimento total com a organização onde as mesmas disfarçam a política de acoplamento do trabalhador a uma rede efetiva de violência sutil, de docilização do corpo e da alma. A estudante expõe essa ideia sobre o modelo conhecido de violência que é notado nesse contexto e temática e que esse modelo não tem em si um padrão definido, uma forma, uma cara para o que é ou não um ato de violência no trabalho e por isso acabamos nomeando como violência somente aquilo que é intenso, e deixamos de relacionar tantas outras manifestações onde a violência é praticada.

Por fim, Andréa relatou sobre como a Psicologia do Trabalho a ajudou a elaborar e compreender o seu sofrimento psíquico e como a partir dessa compreensão ela conseguiu superar uma experiência passada para que agora pudesse contribuir com outras pessoas que estão em sofrimento e em contextos semelhantes ao que ela experimentou. A estudante conta que falar sobre esse tema inicialmente foi um desafio, mas que elaborou com muito carinho essa apresentação no intuito de trazer algo para aproximar as pessoas presentes da compreensão desse assunto e com isso resolveu então compartilhar a sua própria história. E quando questionada sobre o formato online que acabou sendo o mais viável para a apresentação, Andréa respondeu que o formato trouxe muito pouco prejuízo para a apresentação, pois a mesma sentiu que os colegas se mantiveram participativos e interessados, e finalizou considerando que esta foi uma experiência muito rica para ela também, desde encarar o desafio do tema até compartilhar e trocar impressões e experiências com os colegas.

Compartilhe este conteúdo: