A Independência depressiva

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Há duzentos anos o Brasil conquistava a independência de Portugal, se tornando uma nação solidificada, regida pelo Imperador Dom. Pedro I. De lá para cá, algumas “coisinhas” foram modificadas, por exemplo, vivemos em uma República Federativa em um Estado Democrático de Direito. Temos interações físicas e virtuais que nos conecta e permite interagir com todo o globo terrestre.

A passagem do tempo, as revoluções que ocorreram nesse período, trouxe novidades para a civilização. O acúmulo de conhecimento científico foi grandioso, assim como foi assombroso o avanço tecnológico, bem como o consumo alavancado de produtos supérfluos.

O Brasil moderno é independente, possui autonomia, mas sua população sofre diariamente com um mal silencioso, a depressão e o suicídio.

No último levantamento do IBGE, cerca de 16 milhões de brasileiros sofrem com algum tipo de depressão. Outros índices já mostram que, somente em 2022, cerca de 451 mil pessoas já encerraram o ciclo natural de suas vidas através do suicídio.

Mas por que isso? O que leva uma pessoa à depressão, o que faz com que alguém idealize ou até mesmo cometa o suicídio?

Fonte: Imagem de Heather Plew por Pixabay

Podendo ser enquadrado nos CIDs F32, F33, F34, F38.1, F41.2, por exemplo, a depressão pode ser descrita como um transtorno de causas multifatoriais, posto que não tem como origem uma causa universal, vez que pode surgir em decorrência de um evento traumático, questões genéticas e, até mesmo, alimentares.

Biologicamente associado aos baixos níveis de serotonina, dopamina e noradrenalina, os chamados “hormônios da felicidade”, a depressão cria nos indivíduos alguns comportamentos comuns, como a baixa autoestima, auto depreciação, complexos de inferioridade, tristeza profunda.

A depressão é, muitas vezes, incapacitante, impedindo o indivíduo de apreciar sua vida de forma plena e satisfatória, posto que muitas vezes este se sente preso em seus próprios devaneios.

Existe o ditado popular que diz que a pessoa com depressão é aquela que vive remoendo o passado, o que não deixa de ser verdade. Muitas vezes a pessoa deixa de viver plenamente sua vida em detrimento de eventos passados traumatizantes que bloquearam certos aspectos de seu desenvolvimento cognitivo.

Mas quais os perigos da depressão, e, por que eles estão diretamente ligados ao suicídio?

Bem, a depressão, como dito, é causada por questões multifatoriais que desregulam os hormônios humanos que influenciam a felicidade e o bem-estar de um indivíduo. Os sentimentos que decorrem da depressão muitas vezes são depreciados pela própria sociedade que os enxergam como fraqueza e menosprezando a luta individual do depressivo, demonstrando uma faceta totalmente apática.

A frieza e o excesso de cobrança, que resulta inclusive em outros transtornos, como o Burnout, agravam a auto depreciação juntamente com o complexo de incapacidade. A dor e a sensação de isolamento, até mesmo de banalização do problema faz com que os indivíduos se tornem cada vez mais solitários, se sentindo incompreendidos, afetando-os tanto profissionalmente quanto socialmente.

Fonte: Imagem de Victoria_Regen por Pixabay

É sempre importante lembrar que a depressão é um mal que pode atingir qualquer pessoa, independente da sua condição financeira ou status social, porém, há uma forte predisposição em determinados grupos sociais. Atores, profissionais liberais, pessoas públicas possuem grandes históricos depressivos, dada a cobrança que paira sobre estes.

Não raro há notícias de celebridades que sucumbiram à depressão e acabaram cometendo suicídio. Mas por que suicidar-se? Como um indivíduo entende que essa é a solução para seus problemas? A ideação suicida, o desejo da sua própria morte, é um sentimento inexplicável para aqueles que nunca o tiveram.

Em uma analogia nada convencional, imagine-se sentindo a dor de quebrar um braço ou ferir gravemente alguma parte do seu corpo, seu desejo imediato é que aquela dor acabe, que todo o sofrimento físico que está sentindo pare. No aspecto emocional, a dor depressiva pode ser levianamente comparada a um luto constante. O pesar carregado pelo indivíduo lhe causa tanta tormenta que este busca medidas para interromper aquele sentimento, e é aqui que se inicia grande parte do problema.

Não que seja regra, mas, na maioria dos casos, alguém com depressão sempre irá buscar meios para interromper essa dor. Alguns recorrerão aos antidepressivos, outros buscarão mudar seus hábitos alimentares, outros tantos pensarão que são capazes de lidar com aquilo sozinho e, por fim, tem aqueles que recorrem ao uso de substâncias químicas ilícitas ou a ingestão de álcool e nicotina.

A forma escolhida para lidar com este cenário influenciará diretamente na forma que a depressão irá reagir no corpo da pessoa. Infelizmente, aqueles que recorrem ao uso de álcool e outras substâncias dependentes acabam tendo uma tendência viciosa que sempre lhes fará sempre aumentar a dose dos “inibidores do sofrimento”, que pode acabar levando à morte intencional ou não do portador.

Chester Bennington (à direita), participando do programa Carpool Karaoke, junto com os membros da sua banda Linkin Park, 3 meses antes de ter cometido suicídio. Fonte: encurtador.com.br/muUV6

O suicida é, muitas vezes, uma pessoa que carrega uma culpa interna tenebrosa, avassaladora, onde não enxerga mais alternativas para interromper ou superar aquela dor, o sentimento de solidão acentuado pelas diversas facetas sociais que demonstram completo descaso com seu quadro psiquiátrico, muitas vezes dentro de sua própria casa com seus familiares, acaba lhe conduzido a cometer este ato fatal para sufocar e “destruir” a dor que lhe consome.

Como é cediço, o suicídio não resolve o problema, ele somente cessa a dor que o indivíduo carrega, porém lhe impede de prosseguir com sua vida, rouba-lhe todos os momentos que poderia usufruir caso conseguisse superar aquele quadro psíquico.

Por isso, no mês de setembro, mesmo mês que no Brasil se comemora a independência nacional, é criada a campanha chamada Setembro Amarelo, que incentiva a conscientização sobre a depressão e também busca reduzir os índices de suicídio em todo o globo.

Whindersson Nunes, humorista brasileiro que declarou sofrer de depressão. Fonte: encurtador.com.br/zSV27

Conscientizar-se sobre a depressão, ser solicito àqueles que se encontram nesta condição é conceder uma nova chance à vida, e lutar de forma silenciosa contra um dos maiores inimigos da sociedade moderna.

Assim como a independência do pais requereu esforços de toda uma população, a “independência” da sociedade da depressão também dependerá de um esforço mútuo de todos os personagens possíveis.

REFERÊNCIAS

BARBOSA, Fabiana de Oliveira; MACEDO, Paula Costa Mosca; DA SILVEIRA, Rosa Maria Carvalho.Depressão e o suicídio. Sociedade Brasileira de Psicologia Hospitalar.Rev. SBPH vol.14 no.1, Rio de Janeiro. 2011.

CIVIDANES, Giuliana. Causas da depressão são multifatoriais. Brasil Telemedicina. Disponível em: <https://brasiltelemedicina.com.br/artigo/causas-da-depressao-sao-multifatoriais/> publicado em 28 jan 2015. acesso em 06 set 2022.

IBGE: depressão aumenta 34% e atinge 16,3 milhões de brasileiros. Disponível em: <https://noticias.r7.com/saude/ibge-depressao-aumenta-34-e-atinge-163-milhoes-de-brasileiros-18112020>. Acesso em 07 set 2022.

SABINO, Alline. Taxa de suicídio no Brasil aumento 43% em 10 anos. Disponível em <https://www.portalnews.com.br/mundo-gospel/2022/06/162279-taxa-de-suicidio-no-brasil-aumento-43-em-10-anos.html> acesso em 07 set 2022.

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Setembro Amarelo: acolhimento da indecifrável dor de quem fica

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O processo de luto se inicia depois de uma perda. Aquilo que perdemos e como perdemos, pode impactar na intensidade da nossa trajetória, nos impulsionando a vivenciar experiências únicas, que devem ser respeitadas e validadas. Em casos extremos, ao se perder uma pessoa fisicamente, inicia-se um processo repleto de emoções e reações intensas. É um processo difícil que pode ser passível de mais complexidade caso a morte aconteça por suicídio.

No que diz respeito ao suicídio concreto, este não pode ser entendido de maneira simplista, pois é algo profundo e multifatorial. Da mesma maneira devemos enxergar o sofrimento dos sujeitos abalados e enternecidos decorrentes de uma morte por suicídio: é preciso ver, de fato, sua total profundidade, para que desse modo a ação de acolher aconteça devidamente.

Levando em consideração que há uma alta taxa de incidência de morte consumada por suicídio, transportando-o à um patamar entendido como uma questão de saúde pública, isso implica paralelamente em um número elevado de pessoas impactadas por mortes de tal natureza. Para cada pessoa que se vai, ficam indivíduos extremamente abalados – conhecidos como os sobreviventes.

Fonte: Imagem de Arek Socha por Pixabay

Por essa razão, muitos estudos se debruça sobre a temática de enlutados que perderam pessoas por suicídio Trata-se de uma vivência repleta de sentimentos e sensações penosas, que podem oscilar e co-existir; como a raiva, tristeza, abandono, isolamento, solidão e culpa. Também é possível surgir a vergonha de se falar sobre o fato ocorrido, então muitas das pessoas ocultam como sucedeu a morte. Isso comprova a  estigmatização ainda existente no meio social frente a um tema que requer atenção e cuidado, e que não deve ser tachado e julgado.

O mês de setembro já é reconhecido como um período de conscientização acerca da temática, é um convite para se falar e refletir sofre, em busca de mitigar os índices. Nas redes sociais, o movimento se dá ativamente através de publicações que abordam o assunto. É uma época onde profissionais se empenham em oferecer palestras que abordam o tema. Porém, essa reflexão deve ser levantada sempre, de forma constante, em todos os meses do ano e deve ir além, visto que é importante abraçar aqueles que perderam alguém de forma abrupta.

Torna-se imperativo que haja ações de prevenção e, igualmente, de posvenção – termo que significa o cuidado com aqueles que ficam submergidos na dor após a perda. Se constituem como um grupo de risco, podendo implicar em novos casos, em uma trajetória de luto complicado, caso não sejam amparados adequadamente.

Fonte: Imagem por Freepik

Como Irvin Yalom e Marily Yalom bem dizem: “O luto é o preço que pagamos por ter coragem de amar os outros”, então é inegável que a dor após a partida de um ente querido está inteiramente interligada com a relação que se tinha com a pessoa que se foi. Questionamentos aparecem, é normal que seja difícil encontrar um sentido dentro da nova realidade que reflete a ausência. Trilhar o caminho da vida sem a pessoa que se foi pode ser penoso, porém, possível.

O singelo ato de falar é uma maneira terapêutica de trazer à consciência e ordenar todas as emoções que fazem parte do luto. Desse modo, é essencial encontrar uma rede de apoio para lidar com a singularidade de cada caso, para que haja uma restauração adequada e um redescobrimento de razões para seguir em frente. O falar – abertamente, sem receio, sem julgamento –, pode amenizar a dor, auxiliar na cura de uma ferida que se abriu, pode impedir que transtornos mentais surjam e que novos casos se repitam. Evitar o isolamento, reconhecer o fenômeno do luto e suas particularidades, respeitando sempre o próprio tempo e limites, são pontos necessários para reaprender a viver na nova realidade.

Fontes que podem auxiliar os sobreviventes enlutados por suicídio:

  • CVV GASS – Centro de Valorização à vida / Grupo de Apoio aos Sobreviventes de Suicídio
  • https://posvencaodosuicidio.com.br/
  • https://vitaalere.com.br/
  • Podcast Finitude
  • Cartilhas sobre o tema, filmes, séries etc.

Referências

FUKUMITSU, K. O.; KOVACS, M. J. Especificidades sobre processo de luto frente ao suicídio. Psico. Porto Alegre, 2016. Disponível em: <http://pepsic.bvsalud.org/pdf/psico/v47n1/02.pdf>. Acesso em: 13 de set. de 2022.

RUCKERT, M. L. T.; FRIZZO, R. P.; RIGOLI, M. M. Suicídio: a importância de novos estudos de posvenção no Brasil. Revista Brasileira de Terapias Cognitivas, 2019. Disponível em: <https://cdn.publisher.gn1.link/rbtc.org.br/pdf/v15n2a02.pdf>. Acesso em: 13 de set. de 2022.

SCAVACINI, K; et al. Posvenção: orientações para o cuidado ao luto por suicídio. São Paulo: Instituto Vita Alere de Prevenção e Posvenção do Suicídio, 2020.

YALOM, I. D.; YALOM, M. Uma questão de vida e morte. São Paulo: Planeta, 2021.

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Eu nunca quis…

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O dia foi agradável, diria até feliz, mas logo aquela felicidade se esvaiu e deu espaço para minha dor lacerante.

Mesmo sendo considerada a mais animada da turma, detentora do título de descolada, tudo cai ladeira abaixo quando retiro a fina camada de maquiagem que esconde a minha real faceta.

Meus amigos e familiares até pensam que eu estou bem, até comentaram as recentes mudanças no meu corte de cabelo, vestimenta, comportamento, mas sem real interesse pelo que se passa comigo.

Quando cheguei no meu apartamento, sentei-me no sofá com as luzes apagadas, refletindo se realmente deveria fazer isso.

Eu imaginava que a minha mente estaria bagunçada, cheia de dúvidas, mas pelo contrário, estava límpida, serena, dando a sensação de que essa era a única alternativa viável.

Pensei em deixar alguma mensagem de despedida, mas percebi que não aliviaria a dor.

Tomada a decisão, percebi que meu cérebro começou a trabalhar de uma forma que tudo parecia simples e rápido de resolver, sem aquele peso moral da decisão, me sentia finalmente livre da dor que carreguei durante toda minha existência.

Por longos minutos me senti aliviada, até mesmo feliz e ansiosa para fazer o que estava por vir.

Pensei nos métodos, pensei na eficácia, nada poderia dar errado. O planejamento foi demorado, percebi que já era madrugada quando senti fome.

 Ao me levantar, senti um leve impulso de verificar as minhas notificações no celular que esteve todo esse tempo no modo silencioso.

Me espantei, recebi um texto enorme da pessoa que mais me machucou na minha vida, a que mais fez com que eu me sentisse inútil e incapaz. Esse texto era um pedindo de desculpas, nele continha histórias que eu nem lembrava que ele tinha feito comigo.

Quando terminei de ler a carta do meu pai, toda aquela certeza, todo aquele impulso ruiu, um terrível choro de alívio e dor dominou meu corpo, esqueci tudo que tinha que fazer. Aquilo me salvou.

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Setembro: mês de combate, conscientização e prevenção ao suicídio

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O dia mundial de prevenção ao suicídio é celebrado no dia 10 de setembro, por isso o mês foi escolhido para realizar a campanha conhecida como “Setembro Amarelo” que busca conscientizar, bem como diminuir os índices de suicídio. O tema deste ano é “Agir e Salvar Vidas”. Apesar de ser ainda tabu é preciso discutir e abrir fronteiras sobre o assunto.

Conforme dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), calcula-se que a cada 40 segundos uma pessoa morre por suicídio, no mundo. No que diz respeito às tentativas, uma pessoa atenta à vida a cada três segundos. Os dados são assustadores, por isso é importante aderir à campanha para alcançar o maior número de pessoas para evitar essa prática.  Ainda, segundo a OMS, somente no ano de 2019, 700 mil pessoas vieram a óbito por suicídio.

 

Fonte: freepink

 

Célia Teixeira alerta sobre a tentativa de suicídio entre os adolescentes. Segundo a psicóloga, muitos deles têm pensamentos de autodestruição e mutilação de si próprio, e veem no suicídio uma tentativa de acabar com a dor psíquica. O assunto abordado por Célia, torna-se crucial, ainda mais com a ascensão das redes sociais, que pode potencializar pensamento suicidas. Por isso, os pais devem ficar mais atentos com o conteúdo que os filhos assistem diariamente.

Conforme cartilha da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), o suicídio entre jovens aumentou, sendo o Brasil o terceiro da lista.  Entre as causas estão humor depressivo, rejeição familiar, negligência, abuso físico e sexual na infância. 

Segundo a ABP, doenças mentais são também causas de suicídio, por não terem sido tratadas.  A associação alerta que cerca de 60% das pessoas que morrem por suicídio, nunca se consultaram com um profissional da Saúde

Como ajudar?

Caso conheça alguém que está tendo esse tipo de pensamento, aconselhe a procurar ajuda para cuidar da saúde mental. Não deixe de ouvir a pessoa, mas evite criticar. 

Além disso, pode ligar gratuitamente para o Centro de Valorização da Vida (CVV) pelo 188 ou pelo site da instituição cvv.org.br. Em Palmas, o CVV fica na quadra AE 310 SUL Av. NS 10, Plano Diretor Sul.

Quando procurar ajuda?

Mesmo sem razão se sente triste e desmotivado;

Sente vontade de chorar sem motivo aparente;

É pessimista e tem dificuldade de enxergar a realidade de forma positiva;

Não sente alegria ou prazer em atividades ou situações que antes lhe interessavam;

Vivencia mudanças no sono, sem conseguir dormir ou, ao contrário, dormindo demais.

Sente-se cansado ou com sono todo o tempo;

Sente-se irritado, ansioso ou angustiado com frequência;

Precisa de muito esforço para fazer atividades simples, como se levantar da cama;

Percebe mudanças no apetite e no peso (aumento ou diminuição);

Sente-se culpado todo o tempo, com baixa autoestima;

Queixa-se de dores constantes ou outros sintomas sem causa física;

Tem pensamentos ou comportamentos suicidas. (Cartilha UFMG)

Referência

TEIXEIRA, Célia. Tentativa de Suicídio na adolescência da Universidade Federal de Goiás (UFG). Goiânia, (GO). Disponível em < https://www.revistas.ufg.br/revistaufg/article/view/49466/24293 >. Acesso 16, set. 2021.

 Associação Brasileira de Psiquiatria. Suicídio: Informando para prevenir.  Disponível em < http://www.flip3d.com.br/web/pub/cfm/index9/?numero=14^> Acesso 16, set 2021.

Cartilha de Prevenção ao Suicídio da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).  Disponível em< https://www.medicina.ufmg.br/setembroamarelo/wp-content/uploads/sites/86/2019/09/Cartilha-Setembro-amarelo.pdf>. Acesso em 16 de setembro de 2021.

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Setembro amarelo e o tabu com o tema

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Mesmo com campanhas como o “Setembro Amarelo” que têm como alvo a prevenção, falar de suicídio ainda é um tabu. Entretanto, é necessário expor o tema para que as pessoas fiquem atentas a qualquer sinal que possa surgir em alguém próximo a fim de prevenir que o pior aconteça.

O suicídio está presente em todas as classes sociais e pode acometer qualquer pessoa. Esse ano ainda temos a pandemia da Covid-19. O problema em si não desencadeia ondas de suicídios, mas o isolamento social, o afastamento das pessoas que poderiam perceber algum risco, sim. Além disso, a presença de sofrimento e adoecimento psíquico prévios como a dependência química e quadros depressivos ou melancólicos, deixam essas pessoas mais vulneráveis com o distanciamento.

Pessoas em risco de atentar contra a vida podem exibir alguns sinais que, para a maioria das pessoas, podem parecer irrelevantes. Um especialista em saúde mental conseguiria ler os sinais e sintomas que apontam para um risco aumentado e que não se reduzem à tristeza ou depressão.

Fonte: encurtador.com.br/evCHW

Pessoas próximas podem ser de grande ajuda num primeiro momento localizando a necessidade de socorro. Porém, o acolhimento, o carinho e o suporte leigos não são suficientes para a resolução de crises. É indicado que fiquem atentos aos sinais sutis e a encaminhem para um especialista que possa efetivamente ajudar aquele que sofre. Psicólogos e psicanalistas são profissionais de saúde mental preparados para o tratamento desses quadros.

É muito importante levar a sério o lamento, a expressão de dor de quem nos cerca. Aquela breve conversa pode ser o único e último pedido de ajuda. Caso você perceba algum indício de que há algo errado, ampare e direcione imediatamente para um profissional de saúde mental. Não duvide de pequenas queixas, pois a vida pode estar apenas por um fio.

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Setembro Amarelo e prevenção de morte de negros

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Setembro Amarelo é uma campanha brasileira de prevenção ao suicídio, iniciada em 2015. É uma iniciativa do Centro de Valorização da Vida. Segundo o Ministério da Saúde, a cada dez jovens de 10 a 29 anos que cometem suicídio, seis são negros. O risco na faixa etária de 10 a 29 anos foi 45% maior entre jovens que se declaram pretos e pardos do que entre brancos no ano de 2016.

A diferença é ainda mais relevante entre os jovens e adolescentes negros do sexo masculino: a chance de suicídio é 50% maior neste grupo do que entre brancos na mesma faixa etária. A cartilha “Óbitos por Suicídio entre Adolescentes e Jovens Negros”, lançada pelo Ministério da Saúde, mostra, por exemplo, que entre 2012 e 2016, o número de casos com pessoas brancas permaneceu estável, enquanto o das negras aumentou 12%.

Falar sobre racismo e pensar a população negra é de extrema importância. Não se trata de vitimismo, muito menos de “frescura”, como tem sido dito. O alto índice de suicídio entre jovens na população negra mostra que esses casos estão ligados ao racismo estrutural do nosso do dia a dia.

Fonte: encurtador.com.br/zOYZ8

O racismo estrutural é aquele enraizado na sociedade desde a chegada dos primeiros negros no país. Observando os dados, vemos a vulnerabilidade dessas pessoas frente às questões com alto nível de sofrimento psicológico.

A população negra é maior em relação à população branca do país, mas também sabemos que é a mais pobre e com salários, na grande maioria, menores. Morar em regiões mais pobres e ainda com alto índice de violência são fatores que afetam a saúde mental.

Quem não viu ou nunca viu crianças e jovens em suas escolas “estudando” agachados ou se protegendo deitados no chão até com um professor cantando, para que abafasse sons de tiros? Violência, pobreza e alta marginalização contra essas pessoas são questões que as privam de possibilidades de melhorias e de vislumbrar dias melhores. Esses podem ser gatilhos para questões de saúde mental.

Fonte: encurtador.com.br/iDN08

Quando falamos que não é vitimismo, estamos tratando de racismo. Muitas pessoas questionam por que olhamos para o jovem negro. Na verdade, o cuidado é com a saúde mental da população negra. Qual seria o motivo desse jovem não ser levado a sério? Ele tem alguma diferença para que não seja levado a sério ao falar sobre saúde mental? Não é um direito também querer prezar e pedir auxílio?

Falar sobre a saúde mental desse jovem é de extrema importância, pois as maiores causas de suicídio ligados à população negra são, por exemplo, rejeição, maus tratos, violência, abuso, sensação de não pertencimento e isolamento social.

Não invalidar a dor da população negra é urgente. Precisamos validar e acolher essas pessoas. Infelizmente, por conta de um discurso, pensamento e Academias colonizadas, acabamos negligenciando sua integralidade como ser. 

Por isso, devemos estar atentos a todos os jovens que falam sobe isso e não achar que é “frescura” ou “mimimi”. Depressão, ansiedade e suicídio não são brincadeira. Quando alguém fala sobre isso, ouça e aconselhe a procurar um psiquiatra ou psicólogo. Mostre empatia ao que ele sente. Não invalide a dor.

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Primeira Caminhada pela Valorização da Vida ocorre em Palmas

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O CVV (Centro De Valorização Da Vida), proporcionará no dia 14/09, a primeira caminhada pela valorização da vida de Palmas, às 18 horas, na Praça dos Girassóis (em frente ao quiosque Toro Grill)

A promoção da saúde mental vem tomando maior visibilidade nos últimos anos, a partir da discussão de possibilidades de inserção em diferentes locais e realidades, tendo em vista que o sofrimento psicológico é uma realidade irrefutável na atualidade. Neste contexto, o Setembro Amarelo, desde 2015, traz a pauta como urgente e necessária, e o enfoque é predominantemente em relação à prevenção do suicídio, que ocupa larga escala nos cuidados em saúde. 

Muito mais que alertar, o Setembro Amarelo incita a participação da população, evidencia a necessidade de que haja compreensão social mais abrangente sobre a temática do suicídio, sendo este multifatorial, e que o preconceito dificulta o processo de acolhimento e cura do indivíduo em sofrimento. O mês que corrobora na prevenção só é possível com a sensibilização, divulgação e participação da população no processo.

encurtador.com.br/imsvU

Pensando nisso, o CVV (Centro De Valorização Da Vida), proporcionará no dia 14/09, a primeira caminhada pela valorização da vida de Palmas, às 18 horas, na Praça dos Girassóis (em frente ao quiosque Toro Grill).

O CVV só existe pela mobilização do trabalho voluntário, que presta apoio emocional 24 horas através do número 188, de forma gratuita em todo Brasil. Sendo essas ligações sigilosas, proporcionando confiabilidade, no qual o voluntário propicia escuta qualificada, sem julgamentos, além de serem preparados para realizar intervenção em crise.

encurtador.com.br/kxFGO

 

Dados Alarmantes:

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a cada 40 segundos uma pessoa tira a própria vida; tal dado não representa completamente a realidade, pois há muitos óbitos e tentativas que não são contabilizadas, portanto, essa estatística é ainda maior. Visto essa realidade, a OMS pede que haja adoção de prevenção pela parte governamental. Neste contexto, o suicídio é uma questão global de saúde pública. Todas as idades, sexos e regiões do mundo são afetadas.

De modo geral, em algumas regiões do mundo, houve diminuição nos índices de 17%; entretanto, no Brasil, houve aumento dos dados estatísticos. Segundo a Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), entre 2006 e 2015, houve aumento de 24%, entre os jovens de 10 a 19 anos, nas maiores cidades Brasileiras.

encurtador.com.br/diuFK

Tais pesquisadores da Unifesp utilizaram dados do SUS (Sistema Único de Saúde), do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e do Coeficiente Gini (que mede desigualdade) para compreender alguns dos motivos que colaboram para o aumento dos índices. Aponta-se: a internet, mudanças sociais no contexto do país, e a deficiência em políticas públicas, como motivadores que levam ao suicídio. Mas é preciso alertar que existem inúmeras questões que podem permear tal atitude, tendo de ser tratadas com respeito, compreensão da visão de mundo, e vivências que propiciam adoecimento psíquico.

Levando em conta que cerca de 800 mil pessoas tiram a própria vida por ano (segundo a OMS) é necessário que o tema seja tratado com responsabilidade, cuidado, e urgência, pois se trata de saúde pública. É preciso encorajar a busca do atendimento psicológico dos indivíduos que se encontram em risco, assim como a adesão de iniciativas que tragam a pauta da saúde mental, e a promoção da vida, como a proposta pelo CVV na cidade de Palmas-TO.

Referências:

SOBRINHO, P. W. Suicídio cai no mundo, mas cresce em até 24% entre adolescentes no Brasil; UOU em São Paulo, 2019. Disponível em: https://noticias.uol.com.br/saude/ultimas-noticias/redacao/2019/04/27/suicidio-cai-no-mundo-mas-cresce-ate-24-entre-adolescentes-no-brasil.htm >Acesso em: 10 de setembro de 2019.

RODRIGUES, A. OMS alerta para a adoção de estratégias para a promoção de suicídio Agência Brasil em Brasília, 2019. Disponível em: http://agenciabrasil.ebc.com.br/saude/noticia/2019-09/oms-alerta-para-adocao-de-estrategias-de-prevencao-ao-suicidio >Acesso em: 10 de setembro de 2019

BBC News; Setembro Amarelo como conversar com alguém que está pensando em suicídio, 2019. Disponível em: https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/bbc/2019/09/09/setembro-amarelo-como-conversar-com-alguem-que-esta-pensando-em-cometer-suicidio.htm>Acesso em: 09 de setembro de 2019

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Governo do Tocantins institui a Semana de Prevenção ao Suicídio

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Governador Mauro Carlesse cria a Semana Estadual de Conscientização, Prevenção e Combate ao Suicídio, através da Lei nº 14, de 13 de março de 2019 para ampliar os debates e políticas públicas voltadas ao tema.

Para ampliar as ações de assistência psicológica no Tocantins, o governador Mauro Carlesse sancionou a lei aprovada no Poder Legislativo que institui no calendário oficial do Estado a Semana Estadual de Conscientização, Prevenção e Combate ao Suicídio, que será realizada na semana do dia 10 de setembro, de cada ano.

Com a sanção da Lei nº 14, de 13 de março de 2019, o governo determina que sejam realizadas atividades desenvolvidas durante a Semana de Prevenção ao Suicídio, no intuito de promover a conscientização social e as diversas formas de prevenção; estimular ações educativas por parte dos diversos segmentos sociais e instituições públicas; difundir os conhecimentos científicos relacionados ao tema, avaliar e aprimorar as políticas públicas direcionadas à promoção da conscientização, prevenção e combate ao suicídio.

Fonte: encurtador.com.br/swMZ1

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) a cada 40 segundos, uma pessoa se suicida no planeta, sendo a segunda maior causa de morte entre pessoas de 15 a 29 anos de idade. No Tocantins, foram registradas no banco de dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), 3.170 lesões autoprovocadas intencionalmente e 359 mortes por suicídio, entre 2016 e o primeiro trimestre de 2019.

O amparo às pessoas com algum tipo de transtorno psicológico é assegurado em todo o Tocantins, através dos Centros de Atendimento Psicossocial (CAPS), gerenciados pelos municípios. Já, os Hospitais Regionais de Araguaína e de Palmas possuem alas psiquiátricas para os casos que necessitam de internação, conforme determina a Política Nacional de Saúde Mental.

 

 

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