O Psicologia em Debate Especial é parte da programação do CAOS.
Acadêmicos da disciplina de Tópicos Especiais, com o tema desse semestre 2018/1 ‘Psicologia e Espiritualidade’, apresentam um Psicologia em Debate especial dentro da programação do Caos – Congresso Acadêmico de Saberes em Psicologia. O evento ocorre nesta quinta, 24, às 19h, no Ceulp/Ulbra. Acadêmicos irão apresentar as técnicas que dão sustentação às Práticas Integrativas e Complementares do SUS.
Um dos grupos irá apresentar sobre a Cromoterapia, que é a ciência que estuda as diferentes cores e sua ação energética para fins terapêuticos. Outra técnica abordada pelo grupo é a Aromaterapia, que é uma terapia holística que proporciona sensação de bem-estar, tanto físico quanto psicológico, com a utilização de óleos essenciais.
Para o professor Sonielson Sousa, as práticas integrativas permitem aos acadêmicos e profissionais inteirar-se de novas alternativas e técnicas que tem sido comprovadamente eficazes no SUS.
“A boa obra de arte é aquela que emociona antes de ser entendida”. Marcio Scavone
O fotógrafo Márcio Rubens Teixeira Scavone, nascido em São Paulo, no ano de 1952, tem seu nome comumente associado à celebridades, moda e fotografia publicitária. Uso do preto e branco, captura de pequenos gestos e olhares e das banalidades do dia a dia (coisas que passam despercebidas pela maioria) são marcas fortes em sua obra. Scavone começou a fotografar aos 12 anos de idade com a Rolleiflex de seu pai, cujo ele considera seu primeiro mestre na arte de fotografar. Mas ele não parou no amadorismo. Na década de 1970, estudou fotografia em Londres, retornou ao Brasil e abriu um estúdio na capital paulista. Nos anos 1980, se destacou como um dos maiores expoentes na cena da fotografia publicitária brasileira e participou da Associação Brasileira dos Fotógrafos de Publicidade – Abrafoto (Enciclopédia Itaú Cultural, 2017).
Entre os anos de 1982 e 1997 são muitas as peripécias realizadas por Scavone. Ele realiza exposição individual no Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (Masp), publica série de fotos de personalidades na revista Vogue, reside em Lisboa e atua no mercado editorial, assina coluna sobre estética e história da fotografia na revista Íris e publica seu primeiro livro, intitulado “Entre a Sombra e a Luz” (Enciclopédia Itaú Cultural, 2017). Segundo Madalena Centro de Estudos da Imagem, Scavone foi descrito na renomada revista Fórum das câmeras Hasselblad na Suécia como “um grand master da técnica, mas alimenta-se de sua sensibilidade diante dos seus retratados para penetrar sob suas peles. ”. O próprio Scavone, em depoimento para o jornal O Estado de São Paulo (2004), enfatiza essa afirmação, ao dizer:
“Sem dúvida. É um jogo do fotógrafo com o fotografado. O melhor retratista é aquele que consegue fazer com que o retratado ache que está no domínio da situação. O comando é dele. Nesse jogo psicológico, você vai criando o seu jeito, até que sua visão como fotógrafo prevaleça. No fim, o retrato pertence aos dois. Porque o fotógrafo é um espelho de quem está sentado à sua frente. É um espelho com memória”.
Não é à toa que Scavone ganha reconhecimento em sua área. De 1994 a 2001, mantém uma seção fixa de retratos na revista Carta Capital, recebe diversos prêmios na área de publicidade, entre eles o Clio Awards e o Leão de Ouro, em Cannes, e, em 2002 e 2004, publica seus livros “Luz Invisível” e “A Cidade Ilustrada”, respectivamente (Enciclopédia Itaú Cultural, 2017). Ao fotografar objetos do cotidiano:
“Sua atenção está voltada para o modo como a luz incide sobre a matéria, pois, além de revelar ou ocultar detalhes, ela é capaz de conferir uma aura (a sensação de que ali se revela algo especial, único e verdadeiro) às situações triviais e nos retratos, cria uma atmosfera de naturalidade simulando flagrantes de momentos íntimos em que (…) o olhar direto encarando a câmera denota a ideia de confiança e cumplicidade entre o fotógrafo e o retratado. Scavone manipula a persona do modelo mostrando-o junto a objetos e cenários que remetem a sua profissão ou, ao contrário, criando situações inusitadas que aludem a sua vida privada”. (Comentário crítico na Enciclopédia Itaú Cultural, 2017).
Algumas de suas obras, em que, com o uso da técnica e de sua sensibilidade, Scavone captura o que foge aos nossos olhos no dia a dia, paralisando a beleza invisível do trivial e de alguns personagens:
Xícara de café – http://zip.net/bftGVS
Austregésilo de Athayde – http://zip.net/bhtG5c
Banheiro Público – http://zip.net/bhtG5c
Manuelzão, Personagem de Guimarães Rosa – http://zip.net/bctGTy
Fernanda Montenegro – http://zip.net/bjtGTJ
Pelé – http://zip.net/bwtGtg
Mas o que leva Scavone a capturar essas imagens? De acordo com Raffaelli (Scielo, 2002) “na conceituação junguiana, o eu pode ser entendido como um repositório de imagens que se agrupam por significado, oriundas tanto da percepção quanto da memória, formando um complexo de ideias e sentimentos que conferem uma unidade e identidade pragmáticas ao self, em especial nas relações sociais”. A partir disso, depreende-se que tais imagens remetem Scavone à conteúdos mnemônicos, ou seja, a lembranças adquiridas ao longo de sua vida. Essa afirmação torna-se fidedigna em relato do próprio fotógrafo, no seu canal no YouTube, no qual ele fala de suas primeiras referências em fotografia.
Nesse relato, Scavone apresenta um anuário que pertencia ao seu pai e que sempre estava na casa, sendo olhado e admirado por ele de tal maneira que sabe dizer cada foto contida nele. Perceber-se-á que esse anuário em muito influenciou na carreira de Scavone como fotógrafo.
“Acho que passei a infância folheando esse anuário e tenho a impressão que isso foi muito informativo para os meus olhos”
“A fotografia correndo para mim numa imagem de mulheres”
“E olhando esses anuários, comecei a ficar fascinado com o movimento”
“Vi que todas as fotos desse livro eu me lembro! ”
Portanto, além da técnica e da sensibilidade, Scavone conta com sua memória como uma forte aliada em seu trabalho, repousando seus resquícios sobre as imagens que constrói e captura.
Referências:
Enciclopédia Itaú Cultural – Marcio Scavone. Atualizado em 23 fev.2017. Disponível em: https://goo.gl/jpJGNV. Acesso em 28 mar. 17.
Madalena Workshops – Centro de Estudos da Imagem. Marcio Scavone – Fotógrafo. Disponível em: https://goo.gl/WHfsMr. Acesso em 28 mar. 17.
Raffaelli, R. Imagem e self em Plotino e Jung: confluências. Estud. psicol. (Campinas) vol.19 no.1 Campinas Jan./Apr. 2002. Disponível em: https://goo.gl/ucslVP. Acesso em 11 abr. 17.
Scavone, M. Marcio Scavone e suas primeiras referências em Fotografia. YouTube. Publicado em 9 de dez de 2014. Disponível em: https://goo.gl/uQX5Wn. Acesso em 11 abr. 17.
O filósofo alemão Herbert Marcuse foi um dos primeiros pesquisadores a estudar os mecanismos de dominação tecnológica e política que surgiram com o desenvolvimento da sociedade moderna. Ele realizou estudos que foram fundamentais para compreensão do avanço da ciência e das tecnologias que transformaram a vida humana. As suas interpretações sobre o funcionamento das sociedades industriais avançadas, do desenvolvimento da técnica e da tecnologia, das implicações sociais do desenvolvimento da tecnologia na sociedade moderna, continuam importantes para a compreensão da sociedade contemporânea, sobretudo no que tange às contradições sociais.
Marcuse tornou-se membro do Instituto de Pesquisa Social, conhecido como “Escola de Frankfurt”, em 1933. O Instituto, a partir da década de 1930, começou a utilizar um conceito de Teoria Social crítica opondo-se a teoria tradicional de cunho positivista. Marcuse entende que um dos objetivos da Teoria Crítica é analisar o desenvolvimento da sociedade e examinar as alternativas históricas para melhoria da qualidade de vida, no sentido de minimizar a luta pela existência e aperfeiçoar os recursos materiais e intelectuais disponíveis.
Marcuse na Universidade Livre de Berlim, 1967. Fonte: http://zip.net/bgtGct
A Teoria Crítica deve analisar as origens dos problemas e examinar a maneira como a sociedade está organizada comparando com outras formas possíveis buscando demonstrar as possibilidades reais de desenvolvimento e satisfação das necessidades humanas. Para tanto, ela parte de bases empíricas, isto é, da análise das condições objetivas de organização social, priorizando a forma como está estruturado o sistema de produção e consumo para verificar as possibilidades de produzir emancipação.
Notadamente, Marcuse observa que no capitalismo o sistema de produção e consumo precondicionam os indivíduos e os condenam à unidimensionalidade das condições de existência, tanto subjetiva quanto objetiva, inviabilizando a crítica e impedindo o afloramento de outras possibilidades históricas. Portanto, não produz emancipação, apenas aumenta a labuta pela existência, reproduzindo um estilo de vida pautada na troca da liberdade pelo conforto.
A Teoria Crítica visa analisar a opção histórica de organização social estabelecida e mostrar, mediante os critérios estabelecidos, as opções viáveis para organização da vida humana. Organização essa que privilegie todos os homens de forma igual. Que leve a satisfação das necessidades humanas de forma consciente e com a menor degradação possível
Em 1941, Marcuse publicou o seu primeiro livro, intitulado Razão e Revolução, onde “[…] introduziria Hegel, Marx e a teoria social ao público de língua inglesa e que iria delinear as origens e perspectivas do tipo de teoria social crítica que estavam sendo desenvolvidas pelo Instituto […]” (KELLNER, 1999, p. 24). Nesse mesmo ano ele também publicou o ensaio Algumas implicações sociais da tecnologia moderna, que trata sobre o processo de dominação tecnológica, a produção da escassez, o conformismo, surgidos a partir de mudanças ocasionadas na esfera da produção.
Fonte: http://zip.net/bmtF52
A Teoria Crítica da técnica e tecnologia de Herbert Marcuse começou a ser delineada na década de 1940 visando mostrar as implicações sociais do desenvolvimento de um projeto histórico de sociedade, o projeto capitalista. Em um primeiro momento Marcuse defendeu que a técnica em si mesma é neutra, podendo servir para várias finalidades, e somente inserida em um modo de produção capitalista que é utilizada pela tecnologia como instrumento de dominação. A técnica, vista desse modo, pode servir tanto para a manutenção do status quo da sociedade industrial avançada quanto para suavizar a luta humana pela existência. Definindo a tecnologia como um mecanismo de dominação ideológica.
Logo após os acontecimentos da Segunda Guerra Mundial, Marcuse viu a necessidade de repensar o papel da técnica e da tecnologia enquanto inseridas em uma determinada ordem social que utiliza as suas bases materiais como instrumentos de dominação. Dessa forma, a técnica, a ciência e a tecnologia passam a ser percebidas como meios de dominação nos seus processos de elaboração. Portanto, já estariam precondicionadas a uma determinada finalidade. Finalidade essa que é criar ferramentas para o desenvolvimento da produção capitalista e, concomitantemente, meios de coordenação da vida. A aparente neutralidade da técnica só serviria para consumar a sua força conservadora, alegando que ela não estaria ligada a fins políticos ou econômicos.
A moderna sociedade industrial capitalista é um projeto social que foi estabelecido em detrimento de outros. A sociedade industrial avançada é racional e eficiente no seu modo de produção. Produção tanto de bens materiais quanto de harmonia e coesão social. Entretanto, a produção capitalista não é disponível para satisfação das necessidades de todos os indivíduos. Ela é mantida em prol da geração e acumulação de capital nas mãos de poucos indivíduos. Sendo assim, ao mesmo tempo em que há abundância de bens disponíveis em determinados setores coexistem zonas de escassez.
Herbert Marcuse e Angela Davis, 1968. Fonte: http://zip.net/bgtGct
Após constatar que a sociedade industrial capitalista não é a melhor forma possível de organização social, Marcuse afirma que é necessária uma mudança na estrutura da sociedade para buscar melhorias sociais para todas as pessoas, visto que o capitalismo, apesar de ter aumentado a qualidade de vida, realizou melhorias de modo quantitativo, com o aumento da produção de bens de consumo, mas não modificou de forma qualitativa a vida dos indivíduos. A pouca melhoria da qualidade de vida foi à custa da ampliação do trabalho, da produção de riqueza para poucos em detrimento da labuta de muitos. Sendo que para manutenção de uma ordem repressora das potencialidades humanas foi instituído um governo de dominação e coordenação.
Com as mudanças qualitativas “a própria estrutura da existência humana seria alterada; o indivíduo seria libertado da imposição, pelo mundo do trabalho, de necessidades e possibilidades alheias a ele […]”, e ainda “[…] ficaria livre para exercer autonomia sobre uma vida que seria sua” (MARCUSE, 1978, p. 24).
Herbert Marcuse, a partir da Teoria Crítica, defende que somente mediante uma transformação da base material da sociedade capitalista poderemos passar de uma realidade de repressão e dominação para uma de emancipação de todas as aptidões humanas, instaurando uma sociedade fundamentada nos princípios de pacificação, preservação e melhoria da vida de todos os indivíduos.
REFERÊNCIAS:
FREITAG, Barbara. A Teoria crítica: ontem e hoje. 2. ed. São Paulo: Brasiliense, 1988.
KELLNER, Douglas. Tecnologia, Guerra e fascismo. Marcuse nos anos 40. In: MARCUSE, Herbert; Tecnologia, Guerra e Fascismo. Douglas Kellner (ed.), Tradução de Maria Cristina Vidal Borba e Isabel Maria Loureiro. São Paulo: Editora da UNESP, 1999.
MARCUSE, Herbert. Tecnologia, guerra e fascismo. Douglas Kellner (ed.).Tradução de Maria Cristina Vidal Borba e Isabel Maria Loureiro. São Paulo : Editora da UNESP, 1999.
__________. Algumas Implicações sociais da tecnologia moderna. In: MARCUSE, Herbert; Tecnologia, guerra e fascismo. Douglas Kellner (ed.), Tradução de Maria Cristina Vidal Borba e Isabel Maria Loureiro. São Paulo: Editora da UNESP, 1999.
__________. A ideologia da sociedade industrial. Tradução de GiasoneRebuá. 6° ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1978.
PISANI, Maria M. A “máquina” como instrumento de controle na sociedade tecnológica: Herbert Marcuse crítico da tecnologia. In: Anais do Congresso Internacional A Indústria Cultural Hoje. Piracicaba: Unimep, 2006.
__________. Técnica, Ciência e Neutralidade no pensamento de Herbert Marcuse. Tese (Doutorado). São Carlos: Universidade Federal de São Carlos, 2008, 235f.
SOARES, Paulo Sérgio Gomes. Uma análise da técnica na concepção de Herbert Marcuse. In Revista Olhar. São Carlos. Ano 6°, vol. 10-11, 2004. p. 77-86.