A importância da terapia para casais com disfunções sexuais

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Entende-se que a terapia sexual é um processo conduzido por um profissional formado em psicologia, um psicólogo com especialização na área de sexologia. Esse profissional tratará de questões relacionadas às dificuldades ou disfunções sexuais onde realizará um trabalho em conjunto com seus cliente/pacientes, dando assim um aumento na condição de vida sexual do casal. Qualquer problema sexual pode ser atendido pelo psicólogo, mesmo que a queixa seja apenas uma insatisfação no campo sexual.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) estabelece a sexualidade como um dos quatro pilares para a avaliação de qualidade de vida, ficando claro que a grande maioria dos casais considera o sexo relevante para a harmonia da relação. Compreende-se também que a maior parte dos problemas sexuais têm causas emocionais ou psicológicas.

Por vezes o problema pode ocorrer devido a acontecimentos traumáticos em alguma ocasião de vida, ou até mesmo histórias distorcidas que podem ter sido passadas por pessoas da família. Questões sociais podem também acarretar dificuldades de ordem sexual, como por exemplo, a religião, alguns tabus, preconceitos, experiência traumática ou até mesmo falta de orientação sexual, distúrbios emocionais como depressão, ataque do pânico, todos eles podem influenciar na vida sexual de uma pessoa. Mas, calma: a falta de apetite sexual momentânea não quer dizer que você esteja com algum tipo de problema. “Para caracterizar uma disfunção sexual, é preciso ter pouca ou nenhuma vontade de fazer sexo e se repetir em todas as relações sexuais”, explica a psicóloga e sexóloga Carla Cecarello, de São Paulo.

Fonte: encurtador.com.br/dlqEM

O hormônio responsável pelo desejo sexual de homens e mulheres é a testosterona. sendo que a mulher tem também o estrógeno. Embora haja diferenças no funcionamento sexual feminino e masculino, os fatores  psicológicos que contribuem para a disfunção sexual segundo a Ghina Machado, psicóloga e cofundadora da clínica Estar, são:

  1. O estresse, quando se torna crônico, há elevação dos níveis de cortisol e a diminuição da produção da testosterona, o estresse também leva ao cansaço e a perca de motivação, que interferem na disposição para ter uma relação sexual. Também há a ansiedade, onde a mesma está diretamente ligada a ejaculação precoce (MACHADO. 2017);
  2. Em prosseguimento, há a depressão, que se trata de um transtorno psiquiátrico que também pode apresentar causas orgânicas, reduzindo a libido e acarretando assim na redução do interesse sexual;
  3. A baixa autoestima, quando homens e mulheres não se valorizam, são inseguros tendo receio de errar, dúvidas sobre sua capacidade, tem sentimentos de inferioridade, vergonha do seu corpo dentre outras coisas;
  4. A timidez tem um papel importante na eclosão da disfunção sexual, pois em geral as pessoas tímidas tendem a ter uma retratação do impulso sexual podendo ter mais dificuldades para se expressar.

A relação com o parceiro é de extrema importância, pois a grande maioria dos problemas conjugais não resolvidos como brigas constantes e falta de respeito interferem no desejo sexual em ambos, sendo ingredientes para acabar com o desejo sexual.  É muito comum que homens ou mulheres com conflitos na sua identidade sexual sofram com alguma disfunção sexual. Por isso a terapia sexual é tão importante, pois ela pode desbloquear vivências e acontecimentos até mesmo desconhecidos.

No tratamento das disfunções sexuais o psicólogo não trata dos problemas orgânicos ou físicos; ele vai mais além: o emocional do indivíduo. Neste sentido, a vida sexual normal é um processo no qual se baseia na estabilidade entre os fatores físicos e psicológicos. O psicólogo irá abordar melhor o problema de cada cliente/paciente, levando-se em conta inclusive se o mesmo já estiver passado em consultas com os especialistas – ginecologista ou urologista – para assim ser realizado uma avaliação física.

Fonte: encurtador.com.br/klxR0

Em prosseguimento, a psicoterapia de casal colabora para evidenciar aquilo que nas terapias individuais não se tornaram queixas ou demandas pois o paciente/cliente irá bloquear esses pensamentos como defesas. A psicóloga Simone Cristina Martins Ferreira relata que o objetivo da terapia sexual, independente dos recursos utilizados pelo psicólogo, é fazer com que a pessoa se conheça melhor e amplie a consciência do que é preciso para viabilizar o prazer, refletindo sobre seu funcionamento e sua relação com os demais (FERREIRA 2017).

Sendo assim, a terapia sexual é uma forma de preparar o casal para solucionar e resolver os problemas futuros, que o casal pode vim encontrar após o término da terapia. O terapeuta ensina o cliente/paciente a fortalecer suas habilidades, para que quando houver oscilações ou até mesmo retrocessos temporários no seu percurso de vida, ele ou ela possam enfrentar os problemas com confiança e conta própria (BARROS, 2017).

O psicoterapeuta reconhece que em vários casos, o uso da medicalização para o tratamento pode ajudar a ter uma experiencia mais satisfatória, onde a psicoterapia e a medicalização caminham juntos, sendo identificados fatores nos quais favorecem no desempenho sexual do paciente/cliente. O uso da medicalização deve ocorrer somente pelo tempo necessário para que o paciente/cliente perceba e utilize seus próprios recursos para ter uma vida sexual ativa e satisfatória (BARROS, 2017).

Um passo muito importante para o tratamento da disfunção sexual é a comunicação. Muitos casais, para não falar a maioria, evitam o diálogo sobre esses problemas disfuncionais, não comunicam o parceiro sobre o que não está legal, onde ele ou ela pode vim a melhorar, causando assim um afastamento e uma perca ou diminuição do apetite sexual.

Fonte: encurtador.com.br/jkPT2

Se comunicar com o parceiro de modo aberto fortalece vínculos, muitos casais se casam ou se relacionam, mas não falam entre si sobre suas necessidades. Pois na nossa cultura não nos foi incentivado a essa troca de informações; se o casal não se comunica ou não há uma harmonia na comunicação de ambos, como irão falar de sexo?

Segundo Oswaldo M, Rodrigues e Carla Zeglio, ambos psicólogos, o sexo e as atividades sexuais, são os últimos a serem conversados entre o casal. O problema nasce na ideia de que sexo é natural e não precisa ser aprendido. Mas o fato é que sim o sexo precisa ser aprendido e precisa ser falado. Nesse ponto o casal fala, planeja e até busca ultrapassar problemas sexuais (RODRIGUES, ZEGLIO, 2018).

O segredo para que a comunicação com o parceiro seja saudável é o saber ouvir sem jugar o outro, e é isso que o psicólogo faz, ajuda o casal a saber se comunicar,  possibilitando assim  que o casal tome consciência por si só pelos seus atos e pelo tipo de convivência que ambos estão tendo.

Fica claro que as disfunções sexuais são  empecilhos sexuais, como falta de apetite sexual, dor na relação sexual, ou até mesmo o desinteresse sexual; tem  causas biológicas ou psicológicas, tendo em vista que a falta de comunicação entre os casais é um dos agravantes e motivo pelos quais os casais hoje procuram a terapia de casal, sendo que através da terapia o casal irá encontrar a sintonia perdida ao longo do caminho que ambos trilham.

A terapia sexual é de extrema importância pelo fato de ajudar o casal a resgatar a comunicação perdida, esclarecer conflitos e levar o casal a ter uma tomada de consciência dos acontecimentos do cotidiano de ambos, levando-os a conviver em um ambiente sólido e harmonioso. Com a terapia de casal o cliente/paciente compreende  e reconhece o valor da comunicação.

 

REFERÊNCIA:

ALVES, Alexandre. Tratamento das disfunções sexuais. Disponível em <https://psicologiario.com.br/tratamento-das-disfuncoes-sexuais/> acessado em 03 de jun. de 2019

BARROS, Eduardo. Psicoterapia nas disfunções sexuais. Disponível em <https://www.dreduardobarros.com.br/psicoterapia-nas-disfuncoes-sexuais/ > acesso em 10 de jun. de 2019.

CECARELLO, Carla Fatores. Psicológicos são principais causas da falta de desejo sexual nas mulheres. Disponível em <https://universa.uol.com.br/noticias/redacao/2010/05/10/fatores-psicologicos-sao-principais-causas-da-falta-de-desejo-sexual-nas-mulheres.htm> acesso em 03 de jun. de 2019.

FERREIRA, Simone Cristina Martins. Especialidades da terapia sexual. Disponível em <https://zenklub.com.br/especialidades/terapia-sexual/> acesso em 04 de jun. de 2019.

FLEURYL, Heloisa Junqueira .ABDOLL, Carmita Helena Najjar. Terapia de casal para superar disfunções sexuais 2015, disponível em <files.bvs.br/upload/S/1413-9979/2016/v21n1/a5422.pdf> Acesso 05 de jun. de 2019.

GALDINO, Clarete. Quando recorrer a uma terapia sexual. Disponível em: <https://br.mundopsicologos.com/artigos/quando-recorrer-a-uma-terapia-sexual> acesso em 05 de jun. 2019

MACHADO, China. Disfunção Sexual Masculina. Disponível em: <https://www.estarsaudemental.com.br/disfuncao-sexual-masculina/ > acesso em 02 de jun. de 2019 .

NORONHA Heloisa. Da cama para o diva, como terapia sexual pode ajudar casais em. crise Disponível em : <https://universa.uol.com.br/noticias/redacao/2010/08/24/da-cama-para-o-diva-como-a-terapia-sexual-pode-ajudar-casais-em-crise.htm> acessado em  10 de jun.  de 2019.

RODRIGUES, Carla. Oswaldo. ZEGLIO,. Importância de discutir a relação conjugal e sexual. Disponível em<http://portaldaurologia.org.br/faq/a-importancia-de-discutir-a-relacao-conjugal-e-sexual/ acesso em 11 de jun. 2019

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Um Divã para Dois: os cavaleiros do apocalipse no casamento

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Um Divã para Dois é um filme de 2012 dirigido por David Frankel, que conta a história do casal Kay e Arnold, interpretado por Maryl Streep e Tommy Lee Jones. Com um casamento de 31 anos, Kay se percebe insatisfeita com sua dinâmica conjugal, ela e seu marido mantêm um relacionamento de pouco contato, com pouca comunicação, e como a primeira cena do filme denota, sem sexo, ou sem conseguir dormir no mesmo quarto. Ao ter suas investidas rejeitadas por seu marido, Kay tenta buscar ajuda em uma biblioteca e encontra um livro do Dr. Bernard Feld (Steve Carell), um terapeuta de casais. A mulher de postura conservadora se encontra determinada a arriscar tudo agendando uma terapia intensiva com Feld, que mora em uma cidade provinciana.

Fonte: https://bit.ly/2Q0rjJW

Arnold, que costuma ter postura agressiva, nega veementemente a proposta, mas se surpreende com a investida de Kay.

Kay: Quero voltar a ter um casamento de verdade.
Arnold: Casamento de verdade… depois de 31 anos, esse não é de verdade.
Kay: Quando foi a última vez que tocou em mim, que não tenha sido para foto? Quando foi a última vez que me beijou?
Arnold: Te beijo todo dia… não temos mais 22 anos, as coisas mudam. Eu poderia ser mais… Você sabe, eu poderia… Isso é loucura.
Kay: O vôo sai às 10:02, eu vou estar nele […]

Na manhã seguinte, Arnold se espanta ao ver sua esposa indo sozinha ao aeroporto, e depois de resolver seu impasse a surpreende embarcando no avião. Apesar de ter aceitado a viajem, apresenta grande resistência e sarcasmo.

Fonte: https://bit.ly/2oxB5Xb

Um casal que evita conflitos

O psicólogo John Gottman passou 20 anos estudando as dinâmicas de casamentos. Em seu livro “Por que os Casamentos Fracassam ou Dão Certo”, conceitua através de suas pesquisas, três tipos de relacionamentos: os passionais, que tem um grande nível de envolvimento em discussões acaloradas; os conciliadores, que tem maiores habilidades de comunicação e procuram ouvir e conciliar opiniões; e os relacionamentos como o de Kay e Arnold, que evitam conflitos.

Para Gottman (1995), esses casais costumam ser minimizadores de conflitos, aceitando as diferenças e atribuindo a elas pouca importância, evitando discussões que possam vir a se tornar impasses; compreendem, portanto, que discordam, mas minimizam essa diferença sem examinar a natureza do problema.

Essa dinâmica é claramente percebida na postura de Arnold em resposta aos questionamentos do terapeuta, diminuindo os sentimentos de Kay, a chamando de doida. Kay, agora revoltada e disposta a enfrentar as agressões constantes de seu marido, aparentemente esteve em uma posição passiva durante vários anos do relacionamento, o que pode ser visualizado claramente na surpresa de Arnold com suas novas atitudes.

Kay: Parece que vivemos juntos na casa como dois… dois trabalhadores que dividem o mesmo quarto. É! Só que não… não estamos no mesmo quarto, mas parece que não há nada que nos mantêm juntos a não ser a casa…
Arnold: Nada nos mantêm juntos exceto 31 anos de…
Dr. Feld: Do quê, Arnold?
Arnold: Casamento!

Fonte: https://bit.ly/2wB1SWl

Arnold resiste em sair do modelo de comunicação estabelecido com sua esposa ao longo dos anos. De acordo com Gottman (1995), nesse modelo de relação, o casal conclui junto que o conflito não deve ser explorado, cada um fala do seu caso e um dos parceiros acaba agindo de forma semelhante ao outro, ou deixam que o tempo resolva; porém, os sintomas colaterais dessas posturas seriam a solidão e o sentimento de que com o tempo um não reconheça mais o outro.

Dr. Feld: Os dois vieram aqui resgatar a intimidade no casamento, então esse será o objetivo das nossas sessões juntos: achar formas de comunicar suas necessidades um ao outro, cultivar a intimidade e desenvolver meios para manter essa intimidade fluindo.

Os Quatro Cavaleiros do Apocalipse

Apesar de Kay e Arnold serem um casal “que evita conflitos” e estarem em crise, os três modelos de relacionamento citados podem ser funcionais. Porém, a má adaptação na comunicação pode levar à desintegração conjugal. Gottman (1995) deu o nome de “Quatro Cavaleiros do Apocalipse” aos tipos de comunicação ruins usados por casais com comunicações disfuncionais, são eles: a crítica, o desprezo, a defensividade e a falta de comunicação.

A crítica significa atacar não só um comportamento específico de alguém, mas também sua personalidade ou caráter com acusação, envolvendo culpar e acusar. No filme, esse comportamento crítico pode ser observado principalmente em Arnold, que quando tirado de sua zona de conforto pela terapia passa a atacar as escolhas de Kay constantemente, fugindo de queixas quanto ao casamento, se restringindo a acusações pessoais. Diferente da crítica, a queixa é a descrição de um sentimento de raiva, desconforto ou qualquer sentimento negativo de maneira específica, comportamento que foi parabenizado pelo terapeuta quanto Arnold falou como se sentia.

O desprezo difere-se da crítica à medida que se tem a intenção de insultar o parceiro psicologicamente, normalmente associado a pensamentos negativos sobre a pessoa. Os parceiros comumente se tornam incapazes de se admirar entre si ou mesmo de recordar as qualidades um do outro. Arnold, por estar com raiva, agride Kay a chamando de doida, e não consegue atribuir qualidades específicas a seu casamento quando questionado, isso é um bom exemplo de comportamento de desprezo.

Fonte: https://bit.ly/2PwLazb

Kay por sua vez, assume constantemente postura defensiva. “Quando um dos dois agia com desprezo, o outro respondia de maneira defensiva, o que só piorava as coisas. Agora ambos se sentiam vítimas – e nenhum dos dois estava disposto a assumir a responsabilidade de consertar as coisas. Na realidade, os dois constantemente se declaravam inocentes.” (GOTTMAN, 1995, p. 79). Kay, se sentindo inteiramente correta em sua posição, não vê nada de errado em sua postura defensiva. Negar as responsabilidades se considerando inocente, dar desculpas de que coisas fora do seu controle a fizeram agir de tal maneira, discordar com leitura mental negativa, ou reclamar com tom de autopiedade são características comuns de quem age defensivamente, e podem ser notadas nos comportamentos de Kay constantemente como uma maneira de lidar as atitudes de seu marido.

O bloqueio na comunicação normalmente ocorre durante uma discussão, quando alguém se omite do diálogo não emitindo nenhum tipo de verbalização, tornando-o impossível. Um ato radical, que transmite descontentamento e desdém, que pode ser percebido com afastamentos repentinos e mudanças de assunto. A falta de comunicação entre Arnold e Kay é nítida, hora por ser um mecanismo de defesa contra piores conflitos, hora por haver uma grande insatisfação.

Fonte: https://bit.ly/2NJHMAG

O desafio

“O que é muito mais importante do que solucionar uma questão ou um problema é sentir-se bem com a interação em si, e cada um desses tipos de casais tem sua maneira própria de fazer isso.” (GOTTMAN, 1995, p. 43).  

O grande desafio de Kay e Arnold, antes de resolverem as questões que impedem seu casamento de prosperar, é recuperar a interação entre si reconstruindo sua intimidade e (re)conhecendo o outro na sua personalidade e fantasias, realizando o caminho contrário dos Cavaleiros do Apocalipse.

Um Divã para Dois é um filme com atores consagrados que conseguem exprimir as minúcias da personalidade de seus personagens com naturalidade. O drama recheado de tensões demonstra a verdadeira face das reais histórias de amor, e se torna especial à medida que desconstrói conceitos e preconceitos sobre tempo e paixão.

Fonte: https://bit.ly/2C70h0t

FICHA TÉCNICA DO FILME: 

UM DIVÃ PARA DOIS

Diretor: David Frankel
Elenco: Meryl Streep, Tommy Lee Jones, Steve Carell;
País: EUA
Ano: 2012
Classificação: 12

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