A universidade como um sistema de manutenção de desigualdade

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Por Lílian Rosa Ribeiro Nunes (Acadêmica de Psicologia) – lilianrosanunescosta@gmail.com

O homem está mais perto de sua superpotência como jamais antes na historia, ele levanta cedo, toma seu café e parte para sua jornada de trabalho, produz como nunca, dedica horas a fio a seu trabalho de vital importância, habita espaços tão belos como nunca visto antes, nada se compara a tecnologia e arquitetura de seus espaços instragamáveis. As construções decadentes de outras épocas nem se aproximam do esplendor dos majestosos prédios de concreto espelhado, é tão evoluído que suas relações já não lhes tomam tempo, seus afetos são distribuídos em corações em redes sociais, logo ele tem capacidade de nutrir uma grande rede de amigos.

Nunca antes teve homem com tanta influência mundial na palma da mão, nunca mais precisou ler um livro inteiro, logo podia usar esse tempo para produzir, não precisava passar horas escutando conversas, pois sua conversa é na velocidade dois. Tem toda a diversão que precisa ao rolar infinitamente o feed em um milhão de conteúdos, e consequentemente está “dopaminado”; não precisa perder tempo com frivolidades, conta com a mais alta tecnologia para limpar, lavar e cozinhar, e a recompensa por suas árduas horas de trabalho é poder ir a magníficos shoppings que oferecem todas as possibilidades de cores, sons, cheiros e sabores. É a felicidade ao toque magnético do cartão, o super-homem está além da natureza. O calor e o frio não o alcançam. Tem ar-condicionado e aquecedor, enfim o super homem é belo, branco e magro. Não sofre preconceitos, racismo, violência e pobreza. Ele está acima do bem e do mal, alcançou a evolução a nível nunca sonhado antes, moldado e criado à imagem e semelhança do seu senhor sistema capitalista e neoliberal!

Essa é a imagem contemporânea do sucesso. Acredito que se fosse desenhar um modelo ideal de cidadão seria apresentado assim, é um modelo bastante vendido. Hoje o homem vem sendo moldado e projetado para seguir e servir a lógica de mercado, sem se importar com as implicações e adoecimento geral que esse modelo de existir provoca e os sistemas patriarcais e racistas que são perpetuados pelo mesmo. As instituições deveriam ser responsáveis para formar pensadores e criadores de novos sistemas capazes de provocar mudanças em si e em seus contextos de atuações através da formação de pensadores e intelectuais críticos, com profundidade, conteúdo e visão de mundo (aí entra a capacidade de o estudioso ir para além da sua bolha e contexto econômico e social).

Nunca antes na história se teve acesso a tantas áreas e dimensões de forma tão acessível como traz a internet e rede sociais, sem precisar se fixar em paradigmas únicos, mas ainda assim os modelos geradores de saber, as ditas universidades, estão quase que exclusivamente a serviço do mercado de trabalho, com sua atuação e orientação voltadas a formar mão de obra para o mercado. Vivemos um tempo de maior ascensão da universidade no Brasil, nunca antes na história foi tão acessível a entrada nesse mundo acadêmico (não quer dizer também que todos têm acesso, o buraco é muito mais embaixo). Porém a abertura dessas portas não é para formar mais pensadores que se desenvolvem humanamente. Visa mais a formação profissional, a finalidade das universidades tem sido formar mão de obra para o mercado de trabalho.

Essa crítica vem no nível de pensar que se as instituições que eram para criar sujeitos capazes de enxergarem os sistemas que estão inseridos, quais os seus interesses e a serviço de quem estão, nada mais são que massa de manobra replicadoras, que contribuem para a manutenção desse sistema injusto, desigual e precário.

É necessário pensar para além da atuação, sua formação está a serviço de que ou de quem? Serve a qual interesse? Não tenha pressa de chegar lá, se preocupe mais em como vai estar quando chegar. Agucem o senso crítico, embasem suas práticas e não me refiro só a métodos cartesianos. É ser capaz de mergulhar profundamente na realidade do nosso país que é tão rico em sua diversidade. É descolonizar suas teorias e práticas. Resista, faça da sua atuação uma potência e assim contribuir com a construção de um mundo mais justo e humano!

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Desafios da formação em ensino superior na rede de ensino pública

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O ato de aprender carrega singularidades e desafios que devem ser considerados no processo de formação, aspectos econômicos, sociais, culturais e geográficos são alguns dos elementos que podem estar diretamente associados ao nível de escolaridade alçado e à valorização da formação acadêmica como estratégia de superação da realidade. Fica a pergunta: como se formar em meio a tantos desafios?

Em prol dessa escuta e da compreensão da realidade atual, o (En)Cena convidou diferentes estudantes, da rede pública e privada para falarem sobre os desafios da formação acadêmica no Brasil. Nesta série de entrevistas eles falam sobre trajetória acadêmica, os aprendizados e os desafios que ainda precisam ser superados. As narrativas nos mostram o cenário atual de precarização não só das estruturas de formação, mas também do baixo índice de criticidade e autonomia dos alunos sobre seu processo de formação. Precisamos (re) aprender a aprender.

Visando preservar a identidade de nossos convidados e pensando na potência do ato de aprender livre de pressões institucionais, optamos por manter em sigilo o nome de todos os entrevistados e das instituições de ensino. Entendemos que suas falas alcançam, contemplam e priorizam, ainda que de modo particular, estudantes da rede pública e privada de nosso país.

A entrevistada de hoje cursa Pedagogia, no estado do Tocantins. De forma clara, a mesma relatou abertamente sobre a sua trajetória até a graduação. Percebe-se a importância que a estudante atribui ao ensino, mas também deixa claro que existem pontos negativos, que podem afetar diretamente na saúde dos estudantes.

Segue a entrevista na íntegra abaixo:

(En)Cena: Qual a importância da graduação na sua vida?

Estudante: Eu considero uma vitória, pois na minha casa estou sendo a primeira a fazer uma graduação, meus pais não tiveram essa oportunidade e eles me apoiam e celebram muito a cada semestre graduado. Além de uma realização pessoal, sei do valor que há um curso de nível superior nesse processo de competitividade no mercado de trabalho. Quero ocupar um espaço onde profissionalmente eu me sinta preparada para exercê-lo e também dê continuidade a formação após esse ciclo atual.

(En)Cena: Como você acha que a universidade te auxilia para alcançar seus objetivos de vida?

Estudante: Acredito que o conhecimento abre portas e nos conduz aos lugares que almejamos, entendo que a faculdade seja uma facilitadora, um “degrau”  para o futuro que desejo, então, sim, a universidade me auxilia nesse processo de conquista pessoal..

(En)Cena: O que você acha do modelo de ensino vigente?

Estudante: Acho que poderia ser melhor, no sentido de ser mais dinâmico e prático, acredito  também que tem outras maneiras de “medir” o aprendizado de alguém sem necessariamente fazer uma prova para isso. Tenho aprendido sobre isso nesse processo de formação com professores que estabelecem uma prática para além daquilo que é o comum e esperado, e isso me inspira como futura profissional na área da educação. O modelo pode e precisa ser expandido, e isso não invalida o processo, pelo contrário, enriquece-o.

(En)Cena: Você enxerga o contexto acadêmico como inclusivo?

Estudante: Sendo sincera, poderia ser bem melhor, ainda existe um grande desequilíbrio a respeito de quem consegue ter acesso a universidade comparado aqueles que não conseguem entrar por vários fatores e contextos, é visível a “desigualdade” nesse sentido, e quando se consegue essa inserção ainda há inúmeros desafios desde a pessoas que portam alguma necessidade específica a também os universitários que não possuem condições econômicas mínimas para que dêem continuidade ao processo de graduação..

(En)Cena: Você acha que a universidade pode afetar a saúde mental dos estudantes?

Estudante: Sim, particularmente já vivi algumas situações não tão legais, com professores que acabam sendo bem autoritários e tem a questão do excesso de atividades, esses pontos acabam gerando um desgaste emocional e mental.

(En)Cena: Como foi seu trajeto até chegar na Graduação?

Estudante: Eu estudei em escola pública a vida inteira, tive inúmeras experiências boas e também ruins, algumas dessas experiências foram limitantes,  mas também tiveram aquelas que foram potencialmente validantes, e quando chegou a hora de pensar em ingressar no Ensino Superior eu me vi diante de algumas opções de instituição de ensino e entendi que antes de pensar em qual entrar eu precisava me preparar muito para o ENEM,  realmente tinha a necessidade de passar numa faculdade pública ou conseguir alguma bolsa, se fosse de outra forma não conseguiria estar na graduação no momento, foi um desafio, está sendo um desafio, mas olho para todo esse trajeto e celebro, pois apesar de tudo o ensino público nos oportuniza espaços em lugares onde podemos sim realizar nossos sonhos.

(En)Cena: Há algum ensinamento que você aprendeu em sala de aula e que leva para vida?

Estudante: Sem dúvidas, aprendi muito sobre perseverança, sobre acreditar em mim, e sobre respeito a mim e aos meus limites, como também aprendi e aprendo sobre respeito ao outro e sua história de vida e particularidades no processo. Entendo que esse entendimento supera qualquer um outro, pois é onde baseiam os demais saberes, precisamos olhar para quem éramos, quem somos, e quem desejamos ser, e isso precisa passar também pelo próximo. O mercado de trabalho precisa ser pautado pela ética profissional, e isso é possível quando me vejo e enxergo o outro como um ser humano em seu processo de contínua formação.

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Estresse Universitário: a hesitação entre a reta final e o início de um novo ciclo no cenário atual

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A incerteza sobre o futuro é uma das causas associadas ao estresse universitário que foi intensificada com a crise sanitária ocasionada pela pandemia da Covid-19, que modificou o ano letivo de muitos estudantes. Apesar da elaboração e distribuição em massa da vacina contra o vírus, muitos universitários ainda assistem aulas online, em suas residências, situação que levou muitos jovens a terem crise de ansiedade e estresse. A constatação foi obtida pelo estudo denominado “Global Survey Student”.

Conforme a pesquisa realizada e divulgada pela organização internacional Chegg 2021, quase 80% dos brasileiros entrevistados disseram que sofreram algum tipo de impacto relacionado à saúde mental.  De acordo com os dados, do total de brasileiros, 87% falaram que houve um aumento de estresse e ansiedade e 17% declararam ter pensamentos suicidas. Mesmo com esses dados alarmantes, somente 21% buscaram ajuda por um profissional da área de saúde mental.

Maia e Dias (2020) explicam que “as alterações rápidas a que os estudantes universitários foram sujeitos, da suspensão das aulas ao decreto do estado de emergência, podem ter desencadeado dificuldades de adaptação e estados emocionais menos positivos, importa explorar as implicações psicológicas dessas circunstâncias.”. É importante ressaltar que diversos estudantes não dispõem de computadores e notebooks, em suas residências, sendo que muitos tiveram que assistir as aulas, pelo celular. Situação que estendeu aos discentes do ensino médio e fundamental da rede pública de ensino, como noticiado pelos veículos de comunicação.

Apesar do aumento dos números de estresse e ansiedade entre estudantes universitários, em especial, no último período da graduação, com a Covid- 19, o assunto já estava em discussão pelos meios acadêmicos, com a elaboração de obras, palestras e seminários. Sobre o assunto, Carvalho, Bertoline, Milane e Martins (2015) destacam que “os sintomas psicológicos da ansiedade entre os estudantes incluem sentimentos de nervosismo antes de uma aula, pânico, esquecimento durante uma avaliação de aprendizagem, impotência ao fazer trabalhos acadêmicos, ou a falta de interesse em uma matéria difícil”.

Fonte: encr.pw/aoLZh

Monteiro, Ribeiras e Freitas (2007) acrescentam ainda que o ambiente acadêmico deveria colaborar na aquisição e construção de conhecimentos, no sentido de ser a base para as experiências de formação profissional, como um projeto piloto. No entanto advertem que este ambiente se torna um “desencadeador de distúrbios patológicos, ocorrendo assim uma exacerbação da problemática do estresse acadêmico nos estudantes”. Fator que prejudica o rendimento, o processo criativo em determinados cursos, bem como o desinteresse.

Rossetti (2008) observa que o “estresse se torna excessivo e produz consequências psicológicas e emocionais que resultam em cansaço mental, dificuldade de concentração e perda de memória imediata, bem como crises de ansiedade e de humor”.  Nesse sentindo é preciso que o estudante procure ajuda profissional, podendo ser na própria universidade que disponibiliza atendimento psicológico com os estudantes em final de curso desta graduação.

Schleich (2006) aponta que o “ingresso na vida acadêmica é caracterizado pela expectativa e mudanças que exigem adaptações a uma nova realidade, interferindo no desenvolvimento pessoal, cognitivo, profissional, afetivo e social dos estudantes. Para ele, essa nova realidade pode gerar ansiedade e estresse a ponto de interferir no seu desempenho acadêmico.

Por fim, a universidade é uma etapa da vida de muitas pessoas, e passar por esse estresse será inevitável, em especial, nos finais de semestre, bem como nos cursos. O ideal para vencer esse momento, é procurar descansar e fazer uma atividade física no sentindo de aliviar o estresse ocasionado pelo dia a dia.  Caso os sintomas de ansiedade persistam, procure um profissional de saúde para ajudar a trilhar o caminho.

Referências

CARVALHO, E. A.; BERTOLINI, S. M. M. G.; MILANI, R. G.; MARTINS, M. C. Índice de ansiedade em universitários ingressantes e concluintes de uma instituição de ensino superior. Ciência, Cuidado e Saúde, 2015

Global Survey Student(2021)- Disponível em < https://www.chegg.org/global-student-survey-2021> Acesso: 07, de dezembro de 2021.

Maia, Berta Rodrigues e Dias, Paulo César. Ansiedade, depressão e estresse em estudantes universitários: o impacto da COVID-19(2020). Disponível em < https://www.scielo.br/j/estpsi/a/k9KTBz398jqfvDLby3QjTHJ/?lang=pt&format=pdf> Acesso: 07, de dezembro de 2021.

MONTEIRO, C. F.; FREITAS, J. F.; RIBEIRO, A. A. P. Estresse no cotidiano acadêmico: o olhar dos alunos de enfermagem da Universidade Federal do Piauí. Escola Anna Nery Revista de Enfermagem, 2007.

ROSSETTI, M. O. O inventário de sintomas de stress para adultos de lipp (ISSL) em servidores da polícia federal de São Paulo. Revista Brasileira de Terapias Cognitivas, 2008.

SCHLEICH, A. L. R.. Integração na educação superior e satisfação acadêmica de estudantes ingressantes e concluintes. Dissertação de Mestrado. Campinas: Universidade Estadual de Campinas. 2006

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Entrevista: Desafios do estudante universitário na pandemia

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Com a pandemia da Covid-19 que se iniciou no ano de 2020 e ainda perdura no ano de 2021, sabe-se que os efeitos na sociedade foram vários, incluindo efeitos psicológicos adversos devido ao isolamento social. Os estudantes universitários não saíram ilesos disso e por consequência, sofreram reações colaterais, como o aumento do sentimento de solidão e da ansiedade, assim como o aumento da preocupação para o mercado de trabalho e sobre a competitividade. Com as atividades remotas, percebeu-se também maiores cobranças e excessos de atividades acadêmicas e poucos recursos para amadurecer o conhecimento como acontecia na sala de aula presencialmente RODRIGUES, et al. 2020).

A entrevista que se segue abaixo apresenta os desafios e a concepção de uma egressa da universidade CEULP ULBRA, psicóloga Ana Carla Sousa Serra, que passou por esse momento, formada em Psicologia. 

(En) Cena – Sabemos que teve muitos desafios no decorrer dos semestres com o advento da pandemia. Como foi para você, como estudante de psicologia estudar com todo esse caos mundial? 

Ana Carla – Então… no começo eu achava que seria mais de boa lidar com as demandas né? Porque a gente acha que economizando tempo de ida e volta na faculdade assim como ficar lá por muito tempo por conta das aulas, é meio que dispendioso e a gente não consegue aproveitar como queria se ficássemos em casa. Mas quando começou, percebi que não foi nada daquilo que imaginaria ser.

 

Fonte: Arquivo pessoal

 

(En) Cena – E quais as vantagens que você havia imaginado com o ensino remoto?

Ana Carla – Bom, achava que sobraria mais tempo para eu lidar com minhas outras demandas fora da faculdade e mais tempo para me divertir também. Mas o que a gente ganhou foi vários surtos e muita neura (risos). Porque eu meio que senti que a minha ansiedade aumentou, porque não teve mais a experiência da partilha né? De partilhar com o colega o dia a dia, as conversas diárias e essas coisas. A gente não percebe que isso faz grande diferença até não ter mais. 

(En) Cena –  E quais foram os maiores desafios para você estudando remotamente? 

Fonte: https://url.gratis/DOiyWQ

 

Ana Carla – Então, os maiores foram o distanciamento social, que meio que me matou por dentro, porque foi horrível não ver a galera de novo, e o excesso de demanda dos professores sobre os alunos. Senti que a exigência para entregar resultados acadêmicos aumentou bastante. E sei que não é culpa dos professores, porque sei que há uma hierarquia na universidade. Mas acho que isso vem do preconceito da própria sociedade com ensino à distância. Porque se as pessoas fossem de boa com ensino à distância, as exigências seriam as mesmas de como é presencial, mas como as pessoas acreditam que ensino remoto não aprende, as demandas se intensificaram muito. 

(En) Cena – Sim, isso faz muito sentido. E além dos desafios, você consegue enxergar alguma vantagem do ensino remoto? 

Ana Carla – Bom, eu meio que percebi que estudar em casa tem seus desafios né? Que é ter família por perto, ter condições para ter um lugar só para estudar e tal. Mas ao mesmo tempo, eu meio que vejo o ensino remoto como uma possibilidade de complementar a grade curricular, sabe? Porque eu percebi que tem matérias que pode ser colocada de modo remoto e outras que querendo ou não, precisa ser presencial, como os estágios, e outras matérias também. Então assim, é meio que conciliar sabe? O ensino remoto com o presencial seria excelente. 

(Em) Cena – E qual sua percepção de modo geral da saúde mental dos estudantes universitários no contexto da pandemia?

Fonte: https://url.gratis/fCceSB

 

Ana Carla – Bom, eu queria parabenizar a todos que conseguiram passar de semestre (risos). Primeiro porque eu senti vontade de trancar a faculdade para voltar quando a pandemia amenizasse e voltasse presencial. Porque estava muito difícil de estudar em casa sem interrupções e entregar um rendimento propício para faculdade. E para àqueles que conseguiram passar, mesmo com todo esse caos que tá lá fora, meus parabéns. Porque a gente estuda sem saber quando vai voltar ao normal e com várias pessoas morrendo todos os dias, sem vacina e com as desigualdades mais escancaradas ainda. Então de modo geral, a saúde mental dos estudantes está falida e não é para menos. É porque realmente não sei como teria uma saúde mental legal nesse contexto. 

(En) Cena – Exatamente. Tem se falado bastante de saúde mental no contexto da pandemia e percebe-se que os universitários muitas vezes já se encontram até mesmo adoecidos por não saber lidar com tantos desafios. O que você gostaria de sugerir para poder ao menos amenizar os efeitos disso?

Ana Carla – Bom, eu como estudante gostaria de sugerir que quem estuda, pode chutar o pau da barraca mesmo (risos). Tô brincando… mas sugiro dicas básicas, como meditar, ter uma rotina de exercícios legal, ter um lugar reservado para estudar e estabelecer um tempo para isso. E tentar não surtar né? Visitar os amigos vacinados também e com máscara pode amenizar bastante. E é isso… tentar não surtar na base do possível. Porque eu sei que está difícil para todos, incluindo os professores. Tanta demanda para eles que só de imaginar já fico cansada. Mas a gente segue lutando. 

(En) Cena – Sim, tem esse adendo mesmo. Porque tem a equipe docente que sinto que pouco se fala dela. Vejo que os professores também se encontram esgotados. Você tem alguma visão/noção de como anda a saúde mental deste outro lado (dos docentes)? 

Fonte: https://url.gratis/ZPYvxI

 

Ana Carla – Poxa, eu acredito que anda por fio né? É aquele negócio, não tem nem tempo para sofrer. Porque se para nós alunos já estamos desgastados, cansados, exaustos, moídos e eles? Devem estar mais que o dobro de nós, estudantes, porque são turmas inteiras, tendo que preparar aula, corrigir provas, preparar e reavaliar trabalho…minha nossa muita coisa. 

(En) Cena – Sim…é isso mesmo. Agradeço pela sua disposição em participar dessa entrevista, pela sinceridade e transparência da sua visão sobre a saúde mental dos estudantes na pandemia. Até a próxima! 

Referências 

RODRIGUES, B. B. et al. Aprendendo com o Imprevisível: Saúde Mental dos Universitários e Educação Médica na Pandemia de Covid-19. Revista Brasileira de Educação Médica, v.44, n.1, 2020. 

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Procuram-se professores universitários

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Marcele Tonet, psicóloga social e institucional e doutoranda em psicologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul precisa entrevistar professores universitários vinculados a instituições privadas, com fins lucrativos.

Figura 1 foto Marcele Tonet

O objetivo da pesquisa é identificar os impactos da financeirização do ensino superior, com enfoque na saúde e nas relações de trabalho.

Em tempos de pandemia, as ferramentas de tecnologia e comunicação oportunizam encontros e facilitam as coletas de dados. Neste caso, as entrevistas serão realizadas por meio remoto e eletrônico, utilizando plataformas como WhatsApp, zoom, meet, conforme a conveniência do entrevistado.

Segundo Marcele Tonet, a participação dos docentes nesta pesquisa é importante para “dar visibilidade ao trabalho do professor (a) universitário (a)”.

Inscreva-se – whatsapp (51) 99776468.

Figura 2 imagem fornecida pela Marcele Tonet
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Vida acadêmica: da expectativa ao enfrentamento de dificuldades

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Josélia ingressou na faculdade no ano de 2014, com 39 anos de idade, havia concluído o ensino médio há mais ou menos 20 anos. Não obstante a mesma já tinha iniciado outros dois cursos superiores, mas não havia dado certo. Iniciou a faculdade de Psicologia com muitas expectativas, sonhos, como se estivesse indo para escola pela primeira vez. Josélia, além de ser acadêmica, era filha, mãe de dois filhos de 22 e 12 anos, esposa e empreendedora. Cursar Psicologia naquele momento era uma realização pessoal de muito, muito tempo atrás, um sonho que não foi possível realizar antes, mas agora tinha investimento, recursos e talvez tempo para arriscar a realizar este sonho.

Logo no primeiro semestre se deparou com uma disciplina muito complexa para quem há tanto tempo permaneceu afastada dos estudos. Foi neste momento que ela teve sua primeira frustração e desencanto, pois o seu rendimento acadêmico não foi um dos melhores, uma vez que sua nota foi baixíssima por ter dificuldade de assimilar o conteúdo e compreendê-lo. Para ela, a única explicação, foi o fato de ter passado tanto tempo acomodada no que tange aos estudos, mas afinal, quem sabia da sua história mais do que ela mesma? A resposta seria: “Naquele momento, apenas ela!”.

Logo após ter recebido o resultado de sua primeira avaliação, Josélia sofreu bullying por parte de um dos professores, foi chamada de burra, não só uma, mas várias vezes pelo fato de não entender a matéria. Tal professor fazia questão de dar o “atestado de burrice” a qualquer aluno(a) que demonstrasse falta de entendimento na sua disciplina. Josélia ficou estarrecida e volta e meia se questionava, como uma instituição de ensino daquele porte, com professores renomados, num curso de Psicologia, poderia ter esse tipo de comportamento?

Fonte: encurtador.com.br/cnFMQ

O que ocorreu naqueles primeiros momentos marcou profundamente a vida acadêmica e pessoal dela, seu sofrimento foi tanto que pensou em desistir. Certo dia, ao chegar à sua residência, trancou-se em um dos quartos e chorou descompassadamente como criança. O sentimento dela era de que o seu mundo havia desmoronado, o seu sonho havia se tornado um pesadelo. E não era apenas a pressão acadêmica que gerava sofrimento a ela, mas os vários papéis que tinha de desempenhar, como ser mãe, ser trabalhadora, ser esposa.

Infelizmente, ela se sentia só e não tinha uma rede de apoio suficiente para ter melhores resultados acadêmicos e se dedicar o suficiente aos estudos, como queria. Percebeu então que carecia de outros recursos além dos financeiros para poder se formar, como tempo para estudar e se dedicar.

 Seus familiares não entendiam o que havia acontecido, pois ela não tinha coragem de falar por vergonha de dizer que fraquejou, pelo baixo desempenho e pela vergonha que passou perante todos seus colegas de disciplina. Talvez eles nunca se dessem conta do quão imenso foi o sofrimento causado na vida dela. O mais doloroso foi ter que retornar às aulas como se nada tivesse ocorrido, mesmo ciente de que as mais profundas marcas de dor e tristeza não eram visíveis exteriormente, mas interiormente nela.

Fonte: encurtador.com.br/tFTZ5

É importante destacar que essa pressão, o excesso de demandas acadêmicas, às cobranças constantes da rotina universitária fizeram com que Josélia desenvolvesse sintomas que nunca sentiu antes, identificados por ela como reações psicossomáticas. Tristeza constante, paralisação, procrastinação, ansiedade excessiva, falta de confiança, baixa autoestima foram alguns dos sintomas que ela começara a desenvolver depois dessa experiência e de outras semelhantes.

Josélia após se dar conta de que sua longa caminhada estava apenas iniciando decidiu passar por cima de toda aquela dor para tentar ser melhor e mais forte. Assim o fez e mesmo com pouco apoio e se esforçando sozinha, vieram às avaliações, ela deu o máximo de si e conseguiu recuperar sua nota e ser aprovada no final. O mesmo professor que a humilhou perante todos, reconheceu os seus esforços e mudou seu posicionamento e sua percepção em relação à sua “burrice” no passado. A partir desse ocorrido, ela tornou-se uma nova estudante, mais dedicada, porém também, mais retraída.

Contudo, mesmo que ela tenha superado essa experiência, sequelas ainda permaneceram ao decorrer da trajetória acadêmica, pois outra situação semelhante a essa acabou passando. Um exemplo disso foi quando ela passou por procedimentos intensos de saúde para tratamento de hanseníase e mesmo passando mal por conta disso foi assistir aula. Na sala de aula, passou mal, chegando a evacuar na roupa por ter perdido o controle do esfíncter decorrente da dor no estômago que sentia e dos efeitos colaterais do tratamento (poliquimioterapia), após isso desmaiou. Após acordar, várias pessoas estavam ao seu redor juntamente com a professora.

Fonte: encurtador.com.br/vwPZ2

O tratamento da professora quanto a esse ocorrido foi bastante frio, distante e robotizado, como se fosse um procedimento automatizado e mecânico. Não se direcionou empaticamente a estudante, era como se a acadêmica fosse culpada por atrapalhar e interromper a aula (essa foi a visão dela e de muitas outras colegas diante da forma como a professora reagiu naquele momento). Durante esse período percebeu que já estava passando dos seus limites físicos, psicológicos e emocionais e que estava totalmente esgotada, mas pretendia continuar mesmo assim.

Ao decorrer dos semestres, Josélia percebeu que a rotina acadêmica exigia muito esforço e, portanto, é um cenário que pode ser desencadeador de adoecimento psíquico, e não era nada do que imaginava no começo. Mesmo passando por decepções dentro da faculdade, ela viu também outras vantagens, como enxergar a realidade em uma percepção diferente e até mais apurada da realidade a partir do aprendizado de conteúdos relacionados ao curso que escolheu.

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Carta aberta aos Universitários negrxs de psicologia

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Difícil começar esse texto, o qual não sei bem como denominar. Difícil, dolorido, mas extremamente necessário, pois saí do meu lugarzinho de conforto que tanto apreciava. Podemos começar exatamente desse ponto, do “lugar de conforto” (que no fundo é mais um lugar de desconforto) que nós estudantes de psicologia negrxs resolvemos fincar nossa bandeira de “somos todos iguais dentro do contexto acadêmico”. Bom, não somos. E sei que vocês também sabem e sentem isso, e eu entendo o quanto é dolorido assumir, mas acontece que já é hora de nos posicionarmos, é hora de abrir os olhos, de olhar para as diferenças e desigualdades, de olhar para a dor que caminha junto com a gente e, provavelmente, e infelizmente, seguirá por muitos anos de nossas vidas.

A nossa história de vida, até chegar nesse momento da academia, é permeada de opressão, luta pela sobrevivência, dentro de uma estrutura racista que a todo tempo quer nos impedir de chegar aos nossos sonhos. Mas, mesmo assim, não deixamos de sonhar, pois estar na universidade é a prova disso. Muitos de nós chegaram aqui com pouquíssima bagagem de aprendizagem escolar, porque a educação, na maioria das vezes, não é nossa prioridade, pois sobreviver é mais importante, comer é mais importante, ter um lugar onde morar, energia e água é mais importante. Mesmo diante destas dificuldades, nós nos esforçamos muito, muito mesmo para tentar suprir esse espaço de aprendizagem que nos foi negado lá atrás, e adivinhem? Nós conseguimos, pois se há algo que nós sabemos é nos “virar”, nossa especialidade é sobreviver. Portanto, acabamos nos dedicando muito mais do que outros alunos, justamente por essa falta, e eu não estou aqui pra dizer a você para parar de estudar o dobro, pelo contrário, continue. Infelizmente esse é o sistema, nós não somos os privilegiados. Mas, queridos, não aceitem, não aceitem o sistema como ele é, nós somos poucos na academia, mas representamos milhões de negrxs lá fora, pois quando levantarmos o canudo no dia da formatura, não estaremos lá sozinhos, fazemos parte de algo muito maior.

Fonte: encurtador.com.br/oxDSW

Diante de tudo isso que falei acima, gostaria de trazer essa discussão para dentro da psicologia. A psicologia é uma ciência linda, mas nós sabemos que por muitas vezes é elitista e com pouca consciência de classe e, principalmente, de raça. Consequentemente, sem uma visão crítica, nossa atuação também será. Nós negrxs estudantes desta ciência, que vivenciamos e sabemos que a construção da subjetividade dx negrx passa por um processo dolorido de racismo em todas as esferas da sociedade, suscitando todos os tipos de vulnerabilidades, ao receber pacientes/clientes negrxs iremos aplicar exatamente, nua e crua, teorias baseadas em uma sociedade branca? Tomara que vocês tenham respondido que não. Como falei no começo, nosso caminho é diferente, nossa subjetividade é construída de modo diferente. Não adianta dizer para uma pessoa negra que ela tem pensamentos muitos disfuncionais por ter pensamentos vistos como extremistas, porque ela faz das “tripas coração” para conseguir algo que para as pessoas brancas não exige muito sacrifício.

Não acredito nesse caminho, não acredito que embranquecer nossa atuação diante de pessoas negras promoverá saúde. Ouço muito dentro da academia que precisamos considerar o contexto, e sim é válido, mas em se tratando da população negra vai muito além, muito mais fundo, e nós precisamos estar cientes e preparados, precisamos promover saúde adequadamente para o nosso povo, e tendo consciência da responsabilidade de representar essa população, também podemos olhar para a falta de pesquisas e estudos que contemplem aspectos relacionados a saúde mental dxs nergxs, e refletir se esse não seria nosso papel dentro da psicologia.

Eu finalizo por aqui esta minha reflexão, e espero que tenha trazido incômodo, e espero que este incômodo tire vocês do lugar de passividade, assim como aconteceu comigo.

QUERIDOS NEGRXS, SOMOS NÓS POR NÓS.

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Meu estágio no SUS: desconstruções

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O Sistema Único de Saúde. Sobre ele ainda existe muito a ser desconstruído pela população. E foi o que aconteceu comigo. Era muito distante do real o que minha cabeça pensava, o olhar era critico (e ainda é), mas estar de perto semanalmente conhecendo o funcionamento, as diretrizes e a luta dos servidores mudou a visão da estagiaria que vos fala.

Em fevereiro desse ano, na turma de estágio básico III, diante de três campos de atuação nossa turma elegeu o SUS e o trabalho lá dentro não seria no conforto de um ar condicionado, sentados e observadores. O desafio ia além de encarar o sol palmense, era saber como funciona um Centro de Saúde da Comunidade (CSC). A partir dali conheceríamos o trabalho de uma peça importantíssima e muitas vezes invisível nas equipes multidisciplinares: o trabalho dos Agentes Comunitários de Saúde (ACS).

Eu nunca tinha parado pra analisar o quão árduo e fundamental é o papel do ACS na atenção primária. Apesar das portas fechadas, da desconfiança dos moradores, do sol e das metas, os ACS constroem o elo entre a comunidade e a equipe do CSC, atualizando dados, levando informações aos moradores, acompanhando de perto e prioritariamente os doentes crônicos, as gestantes, as puérperas assim como as crianças até os 2 anos de idade entre outros.

Enquanto estagiária de psicologia, meu papel naquele meio era a observação, o envolvimento com a realidade e principalmente a elaboração de uma proposta de intervenção a fim de melhorar, seja o diálogo entre os colaboradores, ou formas de amenizar o estresse da categoria. O importante era olhar pela saúde mental dos ACS, visto que sofrem em sua grande maioria, com baixa autoestima por não possuírem lugar de fala e serem bodes expiatórios das equipes.

Existe um fator que como alunos não enxergamos com facilidade, que o SUS é a porta de entrada para estágios e vagas de trabalho para os recém-formados. Nunca paramos pra pensar no seguinte ponto: EM QUE A UNIVERSIDADE PODERIA AJUDAR O SUS COMO FORMA DE RETRIBUIÇÃO AS VAGAS DE ESTÁGIO? O estagiário gera gastos, muda a rotina da equipe, demanda atenção entre outras coisas, e a universidade pouco faz como forma de retorno usual as instituições que nos acolhe.

Pensando nisso, observei o quão funcional poderia ser o retorno que as propostas e as intervenções para aquele grupo de ASC enquanto estagiária de psicologia. Percebi o quão simples e ao mesmo tempo nobre seria que todos tivessem esse feeling em relação a gratidão pelo espaço e experiências que o SUS nos oferece.

E com esse sentimento, estou me preparando para a intervenção final naquele grupo, feliz e grata pela oportunidade e principalmente motivada a retribuir esses 6 meses de aprendizado.

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Importância e desafios da extensão na universidade – (En)Cena entrevista Luiz Gustavo Santana

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Os trabalhos de pesquisa e extensão são alguns dos mais importantes desenvolvidos dentro das universidades, pois aproximam o estudante da realidade e dos problemas sociais, propicia o crescimento acadêmico e profissional, além de ser extrema importância para a construção do conhecimento científico.

O Centro Universitário Luterano de Palmas (Ceulp/Ulbra) é pioneiro na pesquisa acadêmica e projetos de extensão na região Norte do País e busca cada vez mais o aprimoramento. Recém-nomeado no cargo de coordenador de Extensão e Assuntos Comunitários do Ceulp, o Prof. Msc. Luiz Gustavo Santana conversou com o (En)Cena e falou sobre os projetos que são realizados pela Instituição e os desafios que estão surgindo.

(En)Cena: Primeiramente, como funciona o projeto de extensão do Ceulp/Ulbra?

Luiz Gustavo Santana: A Universidade Luterana do Brasil (ULBRA) e todas as demais unidades vinculadas à AELBRA, entre elas o Centro Universitário Luterano de Palmas (Ceulp), no que diz respeito à extensão universitária materializam as diretrizes da Política Nacional de Extensão Universitária e são diretamente norteados por um Regulamento de Extensão e Assuntos Comunitários.

Na prática, a extensão universitária é entendida pela Instituição como um processo interdisciplinar, educativo, cultural, científico e político que promove a interação transformadora entre Universidade e outros setores da sociedade, sob o princípio constitucional da indissociabilidade e articulação com a pesquisa e o ensino; desenvolvido solidariamente articulado entre Pró-reitoria de Extensão e a Coordenação de Assuntos Comunitários. Neste espaço são desenvolvidas as atividades, eventos, programas e projetos de extensão universitária que vão contribuir com estes objetivos indicados. Lembrando que todas as atividades de extensão, no âmbito do Ceulp são regidas pela Coordenação de Extensão.

(En)Cena: Quais as modalidades de extensão desenvolvidas no Ceulp atualmente?

Luiz Gustavo Santana: Os projetos de extensão do Ceulp são desenvolvidos, atualmente, em quatro modalidades. a) Programa – Conjunto de ações de caráter orgânico-institucional, de médio a longo prazo, com clareza de diretrizes e orientadas a um objetivo comum; b) Projeto – Conjunto de ações processuais e contínuas de caráter educativo, social, cultural, científico ou tecnológico para alcançar um objetivo bem definido. Estes podem ser projetos comunitários, projetos de prestação de serviço, projetos de prática profissional, projetos voluntários e projetos da pastoral; c) Curso de Extensão – Esta atividade pressupõe um conjunto articulado de ações pedagógicas, de caráter teórico ou prático, planejadas e organizadas de modo sistemático; d) Evento de Extensão – ação que implica na apresentação e exibição pública e livre, ou, também, com clientela específica do conhecimento ou produto cultural, científico e tecnológico, desenvolvido, conservado ou reconhecido pela Universidade: congresso; fórum; seminário; semana; exposição; espetáculo; evento esportivo; festival ou equivalentes.

Algumas modalidades atendem a oferta via edital e outros são e/ou podem ser ofertados durante o ano todo, mediante cadastro na Coordenação de Extensão do Ceulp.

(En)Cena: Qual a importância do programa de extensão para a universidade, para o aluno e para a sociedade?

Luiz Gustavo Santana: A extensão universitária enquanto forma de estabelecer uma relação entre ensino superior e sociedade é imprescindível para formar cidadãos comprometidos com a realidade social. Nesse sentido, a extensão merece por parte das universidades particulares e públicas, assim como dos gestores, atenção e apreço. A extensão possibilita a formação do profissional cidadão e se credencia, cada vez mais, junto à sociedade como espaço privilegiado de produção do conhecimento significativo para a superação das desigualdades sociais existentes, como prática acadêmica que interliga a Universidade nas suas atividades de ensino e de pesquisa, com as demandas da maioria da população.

Atualmente, o Ceulp, por meio da Coordenação de Extensão e Assuntos Comunitários, vem desenvolvendo mais de 20 projetos na modalidade de Projetos Comunitários, mais de seis Projetos de Prestação de Serviços e inúmeros eventos e cursos de extensão.

(En)Cena: Quais os desafios dos projetos de extensão no nosso Estado.

Luiz Gustavo Santana: O grande desafio delegado à Extensão Universitária no Ceulp e na realidade da Universidade no país é transpor à condição de mera promotora e gestora de eventos para assumir a figura partícipe na estrutura de uma universidade, ao lado do ensino e da pesquisa. A extensão pode e deve se aproximar e atender demandas da realidade local e do país.

As experiências e discussões em torno da extensão universitária demonstram historicamente o seu relativo distanciamento da realidade social do país. Se  Se cairmos nas armadilhas contemporâneas que assolam a extensão estaremos impedindo que ela possa assumir um papel transformador, sobretudo da dura realidade de parcelas ainda majoritárias de jovens brasileiros que não têm acesso ao ensino superior e tampouco têm garantidos seus direitos mais essenciais.

(En)Cena: Professor Luiz Gustavo, você assumiu a coordenação a pouco tempo. Qual missão foi dada a você quando assumiu o cargo?

Luiz Gustavo Santana: A gestão das ações inerentes à extensão universitária representa uma tarefa de grande importância e complexidade na dinâmica institucional, por estar associada às ações de pesquisa e ensino. Assumi a Coordenação em janeiro de 2015 e entre muitas atividades me foram delegadas as tarefas de coordenar a aplicação das políticas e diretrizes extensionistas oriundas da Pró- Reitoria Adjunta de Extensão e Assuntos Comunitários; assessorar a Comissão Permanente de Avaliação Institucional (CPA-ULBRA) nos quesitos pertinentes ao cumprimento das ações extensionistas previstas na legislação, nos processos de avaliação institucional, de cursos e de atualização do Plano de Desenvolvimento Institucional- PDI; promover reuniões periódicas com os seus colaboradores, a fim de manter a atualização da gestão em relação às atividades de extensão, promovendo a união e coesão da equipe em torno da missão e dos objetivos das ações extensionistas; emitir parecer e avaliação sobre o que lhe for solicitado em assuntos de extensão; estimular e incentivar professores para o desenvolvimento de ações extensionistas, criando mecanismos para a implementação e difusão desse trabalho, entre várias outras atribuições.

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