Sincronicidade: quando o universo te responde

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Os seres humanos sempre foram apegados à ideia de uma entidade superior que tem o poder sobre todas as coisas. Para os cristãos, esta figura é representada por Deus, para os budistas, Buda ocupa este posto, assim como tantas outras religiões possuem os seus deuses, no caso do politeísmo.

Mas uma coisa que é comum entre todas as religiões é a crença de que for feito um pedido para a entidade suprema, ela irá responder, caso tenha fé para tal. No cristianismo, por exemplo, é possível encontrar diversas passagens que afirmam que uma pessoa que tenha fé verdadeira poderá alcançar tudo o que desejar (inclusive mover montanhas).

A partir do avanço científico, alguns eventos naturais antes atribuídos a divindades, foram sendo estudados e compreendidos, como o exemplo de Zeus e seus poderosos raios. A ciência comprovou através de diversos estudos que o universo é regrado por leis universais que regem, harmonicamente (ou catastroficamente, a depender do ponto de vista), tudo que existe.

Fonte: https://images.app.goo.gl/UJU9iCDi8zHLW4ku7

Outro campo científico que ganhou destaque foi o psíquico, com estudiosos de todo o mundo que dedicaram suas vidas para criar um extremo arsenal de informações que possam vir a contribuir para o bom desenvolvimento da mente humana.

Um dos nomes mais conhecidos é Carl Gustav Jung, autor de diversos livros e fundador da psicologia analítica. Jung debruçou sobre quase todos os temas relevantes da vida social, e, dentre eles, dedicou-se ao que veio a chamar de Sincronicidade. Mas o que é a sincronicidade e por quê ela possui alguma relevância no cotidiano das pessoas? Porquê Jung dedicou uma obra literária inteira para discutir sobre esse tema.

A bem da verdade é que esse tema é bastante delicado para algumas pessoas que são mais céticas com os acontecimentos de ordem natural que não creem que existam “forças invisíveis” operando para a construção de determinados eventos.

Fonte: https://images.app.goo.gl/YHMZHuqkVRftJ17n6

A sincronicidade pode ser conceituada como a conexão não aparente entre eventos ligados pelo significado, ou seja, o acaso. Outras expressões que podem ser utilizadas para definir a sincronicidade são a coincidência significativa e simultaneidade.

Para se ter uma noção mais completa, faz-se necessário observar a dinâmica da Lei da Causalidade da natureza, todo evento teve um ato precursor que resultou no seu acontecimento. A causalidade é regida em diversos setores, inclusive na ciência jurídica para justificar uma acusação ou condenação é necessária o nexo de causalidade (os eventos precisam estar conectados) para que possam ser compreendidos e, dessa forma, analisados.

A sincronicidade lida com uma conexão não aparente de eventos, com a coincidência das questões, e, por isso, muitas vezes não é levada em consideração. Um exemplo corriqueiro que pode ser dito são os números, ao se deparar com o número 9 em determinada ocasião ele poderá ser revisto diversas vezes no decorrer do dia seja em revistas, mercados, livros, relógios, conversas, e, lá no seu inconsciente ficará gravado a conexão entre o primeiro número 9 e os demais.

Fonte: https://images.app.goo.gl/t8veuBQkoc8coKEx5

Muitos estendem essas “não coincidências” em para um aspecto de significação de um desejo ou concretização de um pedido, por exemplo, uma pessoa fiel à Lei da Atração vive em buscas de sinais no seu cotidiano para afirmar se aquilo que está desejando será concretizado.

O exemplo mais recente que pode ser citado sobre isso é a da subcelebridade Paulinha, ex-participante do Reality Show Big Brother Brasil – BBB, que já obteve mais de 50 (cinquenta) vitórias em jogos de loteria, seja acertando todos os números ou recebendo prêmios menores.

Fonte: https://images.app.goo.gl/8Jmk4NHjicNjLCBi6

Mas como funciona tal “comunicação” universal? Como citado, existem certas situações que ocorrem durante o cotidiano que apresentam uma série de repetições que, normalmente, são tidas como coincidências pela maior parte das pessoas. Para alguém, entretanto, que possui o conhecimento sobre sincronicidade, tal situação possui mais significado e pode trazer diversos benefícios para o indivíduo que saiba como lhe utilizar.

É claro que para muitos, mesmo tendo pessoas de grande intelecto abordando esse tema, tudo isso não passará de charlatanismo e oportunismo, mas uma coisa é impossível de ser negada, as coincidências estão e estarão presentes na vida de todos, mesmo que não se creia em tais acontecimentos.

REFERÊNCIAS

JUNG, Carl Gustav. Sincronicidade. 13ª Ed. Tradução PE. Dom Mateus Ramalho Rocha. Editora Vozes. Petrópolis. 2005.

HOPCKE, Robert H. Sincronicidade ou por que nada é por caso. Tradução de Lygia Itiberê da Cunha. Rio de Janeiro. Record. Nova Era. 1999.

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Steven Universo – o amor próprio e o relacionamento não dependente em “Keystone Motel”

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Steven Universo (ou Steven Universe, nos Estados Unidos) é uma série animada norte americana produzida por Rebecca Sugar para o canal televisivo por assinatura Cartoon Network. Você pode conferir mais sobre o desenho neste link.

No episódio “The Question”, ou “A Pergunta” em português, temos uma abordagem sobre a importância do amor próprio e a não dependência em um relacionamento.

Sinopse: Steven e Ametista encontram Rubi conversando com o Greg. Após refletir sobre os seus sentimentos e sua existência, Rubi decide que não quer ser mais a Garnet. Ela quer ser apenas ela mesma, e decide pedir Safira em casamento.

O episódio começa com Steven e Ametista chegando em cima de um penhasco onde Rubi e Greg estavam conversando e comendo pizza. Eles estavam falando sobre a real identidade de Rose, assunto que no episódio anterior fez com que Rubi e Safira se desfundissem, com Safira dizendo que Rose mentiu e o relacionamento delas (Garnet) não passou de uma mentira construída por Rose.

Steven pergunta como Rubi está, e ela surpreendentemente diz que está bem, Steven não entende como ela consegue estar de bom humor com essa situação, mas Rubi disse que pensou bastante e que Safira tem razão, ela diz que a partir de agora quer ter uma vida por conta própria e não ser mais a Garnet, o que chocou Steven.

Após Rubi e Safira terem sido Garnet por tanto tempo, Greg diz que talvez estarem separadas seja o que Rubi precise, se ela não quer estar junta, então Garnet não iria querer também. Ametista pergunta o que Rubi pretende fazer e ela diz que a partir de agora irá viver de forma livre, como o protagonista do gibi que está lendo. Embora Steven fique triste, ele diz que dará suporte a essa decisão.

Seguindo a mesma ideia do protagonista do gibi, Rubi decide partir em uma aventura, e logo se depara com um obstáculo. Ela diz que não possui mais a visão do futuro de Safira, que a dizia constantemente para onde ir e o que fazer, ao tentar passar pelo obstáculo acaba caindo, mas se levanta rapidamente enquanto ri, animada, pois diz ter sido a primeira vez que toma uma decisão por conta própria.

Mais tarde, eles montam um acampamento em volta de uma fogueira. Rubi pega um violão e começa a cantar uma música sobre estar feliz com sua nova vida solitária

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Pouco antes de dormirem, Steven conversa com Rubi e diz que após ver como ela está se divertindo ele agora entende que não deveria ter tentado fazer com que ela voltasse a ser Garnet novamente. Rubi então começa a falar que aquela canção não era verdade, que embora ela tivesse se divertido, teria se divertido muito mais se estivesse com Safira.

Rubi diz se sentir frustrada por como ela ainda pensa em Safira com frequência, Steven diz que mesmo pensando em alguém, ela ainda é a mesma Rubi. Ele diz que no gibi, o protagonista também sente falta de alguém, mesmo ele vivendo por conta própria. Rubi então decide que quer permanecer com Safira, mas que dessa vez as coisas possam ser diferentes, para não voltarem ao mesmo estado de antes. Steven mostra uma página do gibi que dá uma ideia para Rubi.

De volta ao templo, Pérola estava confortando Safira quando Steven chega, dizendo que Rubi está do lado de fora. Ao se encontrarem, Safira pede desculpas pelas coisas horríveis que disse, Rubi diz que Safira estava certa e que não acreditava que elas eram a resposta até ouvir isso da própria Safira. Ruby então a pede em casamento, e diz que elas assim podem estar juntas mesmo quando separadas, e que ser a Garnet a partir de agora será uma decisão das duas. Elas se abraçam e começam a se fundir.

The Question" | Steven Universe | Know Your Meme

The Question" | Steven Universe | Know Your Meme

Rubi fica muito feliz por descobrir que pode tomar as próprias decisões e pode gostar de estar sozinha ao mesmo tempo em que também quer estar com alguém, de forma saudável e não dependente. Embora existisse uma pressão anterior para estarem juntas, o que ofuscava as próprias decisões de cada uma, elas agora podem permitir a si mesmas estarem sozinhas, tomarem decisões de maneira independente e escolherem o próprio caminho, estando juntas ou separadas.

The Question" | Steven Universe | Know Your Meme

 

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Steven Universo – o olhar da sociedade sob o ‘diferente’ em “Off Colors”

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Steven Universo (ou Steven Universe, nos Estados Unidos) é uma série animada norte americana produzida por Rebecca Sugar para o canal televisivo por assinatura Cartoon Network. Você pode conferir mais sobre o desenho neste link.

No episódio “Off Colors”, ou “Descoloridas” em português, temos uma abordagem sobre o olhar da sociedade sob as pessoas consideradas diferentes.

Sinopse: Depois de escapar das diamantes, Steven e Lars encontram e fazem amizade com as “Descoloridas”, que são um grupo de Gems “defeituosas” que vivem escondidas da sociedade Gem.

Após Steven e seu amigo Lars terem escapado das Diamantes, vilãs principais do desenho, eles se encontram presos em um planeta diferente e sem possibilidade de escapar. Ao tentarem se esconder dos robôs que os perseguiam, acabaram caindo em uma caverna profunda, onde encontraram uma Rutilite conjunta, como irmãos siameses.

Ela diz que quer ajudar, e mesmo surpresos com a aparência dela, Steven e Lars se encontram sem opções e aceitam. Seguem Rutilite pelos túneis até encontrar um Jardim de Infância abandonado, onde outras gems fugitivas se encontravam.

 

As gems eram Padparadscha, Rhodonite e Fluorite, que explicam ser um grupo de gems não pertencentes àquela sociedade, pois eram consideradas defeituosas e anormais. Padparadscha não conseguia prever o futuro como as Safiras, apenas conseguia dar previsões de coisas que já aconteceram.

 

Rhodonite é uma fusão entre uma Pérola e uma Ruby, na sociedade gem apenas gems iguais podem se fundir, nunca diferentes, elas então foram sentenciadas a serem destruídas.

O mesmo aconteceu com Fluorite, que é uma fusão de 6 gems diferentes que convivem em harmonia.

Elas foram taxadas de “Descoloridas”, gems que são consideradas anormais e defeituosas e não tem uso para a sociedade, sendo forçadas a se esconderem indeterminadamente para não serem destruídas.

Na sociedade gem, cada gem possui uma função predeterminada. A fusão é permitida, mas apenas em casos de gems iguais, sendo uma alusão aos relacionamentos heteroafetivos do mundo real. No desenho, a fusão de gems diferentes foi vista com total estranheza pela sociedade gem, sendo considerada obscena e uma ofensa. Qualquer gem que fizesse isso seria destruída.

Rutilite e Padparadscha também nasceram diferentes. Rutilite nasceu siamesa, o que logo causou medo em todas as Rutilites comuns, que ficaram com medo e se afastaram dela, as considerando uma abominação.

Pink, magical, old?? — The Rutile Twins

Padparadscha é um tipo de Safira, mas diferente delas não consegue prever o futuro, apenas eventos que já ocorreram, sempre falando coisas que acabaram de acontecer em momentos do episódio. Ela faz uma referência sutil a atrasos cognitivos, como pessoas que possuem TDAH, dislexia ou autismo, que também sofrem preconceito e estigmas na sociedade

 

Posteriormente, Steven se torna amigo e acolhe as Descoloridas, dizendo que a Terra é um lugar que também possui gems como elas, sendo um lugar livre para serem elas mesmas sem precisar viverem escondidas ou preocupadas com preconceitos, abrindo uma nova possibilidade de vida para o grupo.

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Steven Universo – diferentes configurações familiares em “Fusion Cuisine”

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Steven Universo (ou Steven Universe, nos Estados Unidos) é uma série animada norte americana produzida por Rebecca Sugar para o canal televisivo por assinatura Cartoon Network. Você pode conferir mais sobre o desenho neste link.

No episódio “Fusion Cuisine”, ou “Jantar em família” em português, temos uma abordagem sutil sobre família e suas novas configurações na contemporaneidade.

Sinopse: Steven vai conhecer os pais de Connie e para que isso aconteça, Steven pede para as Gems se fundirem para fazerem o papel de sua mãe.

O episódio começa com Steven e Connie assistindo uma série de televisão de drama hospitalar. Connie agradece por poder assistir com Steven, pois é uma série que sua mãe não a deixaria assistir em casa. Em seguida, sua mãe liga, pedindo para falar com a mãe de Steven, ele então explica que sua mãe não existe mais, pois desistiu de sua forma física para dar vida a Steven. Connie diz que não pode dizer isso para a mãe dela, então Steven pede para que Garnet finja ser a mãe dele no telefone, o que não dá muito certo pois Garnet fica ansiosa e entra em pânico.

No dia seguinte, Steven chama Connie para sua casa para assistir TV novamente, mas ela diz que seus pais a proibiram de saírem juntos enquanto não conhecerem os pais de Steven. Ele diz que poderia levar Garnet, Ametista e Pérola para um jantar com eles, mas Connie é contra a ideia, pois disse aos seus pais que Steven possui uma familia nuclear. Steven não entende e diz que sua família não é radioativa, mas Connie explica que uma família nuclear consiste em um núcleo de pai, mãe e filho(s). Steven diz para ela apenas explicar a situação das gems, mas Connie tem medo de seus pais acharem que ela está mentindo e a proibir de sair com Steven novamente.

Posteriormente, Steven tenta decidir quem levar para o jantar no papel de sua mãe, mas tem dificuldades pois diz que Ametista não tem muitos modos, Garnet é série demais e não conversa, e Pérola não gosta de comer. Com isso, Steven propõe que elas se fundam para acompanha-lo no jantar, pois considera as 3 como mãe, e embora elas rejeitem a ideia de primeira, logo acabam aceitando tendo em vista em como isso era importante para Steven.

No jantar, Steven aparece 20 minutos atrasados com seu pai Greg que apresenta Alexandrite, a fusão entre Ametista, Pérola e Garnet, como sua esposa. Steven começa a inventar histórias sobre como eles se conheceram e o que eles fazem, mas Connie se expressa muito descontente. Durante o janter, o comportamento de Alexandrite se apresenta instável, Connie então chama Steven para conversarem em outro lugar. Connie reclama por ele ter trazido uma fusão pro jantar, e Steven percebe que ela ainda utiliza óculos, mesmo ele há alguns dias tendo curado os problemas de visão de Connie com seus poderes. Ele então começa a suspeitar e questiona se Connie tem vergonha dele e de sua família, por não serem comuns, e eles retornam para a mesa.

De volta ao jantar, Alexandrite começa a desestabilizar ao tentar comer camarão, que Ametista gosta, mas Pérola não, e a discórdia acaba fazendo com que a fusão acabe. Garnet briga com as duas por terem colocado suas necessidades a frente dos desejos de Steven, enquanto os pais de Connie brigam com ela por ter mentido.

Connie e Steven saem correndo, querendo fugir para serem amigos sem precisar se preocupar com a desaprovação dos pais de Connie, mas Alexandrite se funde novamente e vai atrás deles, fazendo-os voltar.

Com isso, as gems dão uma bronca em Steven, explicando o quão perigoso seria se eles tentassem fugir, e dão um castigo nele, o deixando sem televisão. Steven fica triste, mas Greg e as gems dizem que fizeram isso porque amam Steven.

Os pais de Connie ficam impressionado com as habilidades da família de Steven em lidar com a situação, e os admiram pela demonstração de afeto, mesmo eles sendo uma família fora do comum ainda são funcionais a sua maneira. Eles ficam felizes por Steven possuir uma representação parental tão boa e permitem Connie de sair com Steven novamente.

Com isso, o episódio termina mostrando Steven e sua família fora dos padrões resolvendo uma situação cotidiana, de maneira funcional e natural. Connie e seus pais, que estavam receosos com a diferente configuração familiar de Steven por possuir um pai e três cuidadoras incomuns, passam a ficar tranquilos e familiarizados com as diferenças.

 

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Steven Universo – um retrato sobre relacionamentos abusivos em “Alone at Sea”

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Steven Universo (ou Steven Universe, nos Estados Unidos) é uma série animada norte americana produzida por Rebecca Sugar para o canal televisivo por assinatura Cartoon Network. Você pode conferir mais sobre o desenho neste link:

No episódio “Alone at Sea”, ou “Sozinhos no Mar” em português, temos uma abordagem sobre relacionamentos abusivos e a dificuldade em seguir em frente em decorrência de traumas. Tudo isso retratada de uma maneira muito delicada para o público.

Sinopse: Steven, Greg e Lapis Lazuli fazem uma viagem de barco para o mar e encontram-se em águas perigosas.

O episódio começa com Steven levando Lapis Lazuli, sua amiga, para uma viagem de barco pelo mar com seu pai, Greg. Steven diz que, embora Lapis tenha passado por uma experiência traumática, onde ficou presa em uma fusão por meses, a água faz parte de quem ela é e ela não deveria ofuscar o quanto ela gosta dela.

Em um breve resumo: meses atrás, Lapis Lazuli, para poder salvar Steven, se fundiu com uma inimiga (Jasper) e a prendeu no mar, não permitindo que a fusão se desfizesse durante meses. A experiência foi extremamente traumática para Lapis, que se encontrava em uma constante luta para não deixar Jasper desfazer a fusão e escapar. Na série, as fusões são retratadas como um relacionamento, onde ambas as partes precisam estar de acordo para funcionar, o que não foi o caso da fusão de Lapis com Jasper, onde as duas passaram meses presas no caos dessa fusão, levando a uma experiência traumática para ambas.

Jasper e Lapis, presas no interior da fusão

Voltando ao episódio, Lapis reforça que não foi apenas uma experiência traumática, dando a entender que foi pior que isso, mas Steven insiste em leva-la para essa viagem, de modo a ver o lado bom de não estar mais passando por isso, e, embora Lapis diga que acha que não mereça, irá tentar.

Durante a viagem, Lapis e Steven se divertem bastante, jogam conversa fora, tentam pescar e admiram a paisagem, mas Lapis constantemente olha para o oceano com uma vista triste e começa a se sentir pra baixo. Mais tarde, alguma coisa bate no barco causa um tremendo barulho, e antes que eles pudessem saber o que era, ocorre outra batida que acaba prejudicando o motor do barco, fazendo com que Greg desça ao motor para saber o que aconteceu.

Enquanto isso, Steven pede desculpas pela viagem estar fracassando, mas Lapis diz que é culpa dela por não conseguir aproveitar a viagem por constantemente pensar sobre a fusão com Jasper e a constante batalha que enfrentou durante os meses que isso durou.

Steven diz que ela não precisa mais se preocupar com isso, pois Lapis não precisa mais estar com Jasper nessa fusão, mas para sua surpresa Lapis diz que sente falta dela. Steven não entende e comenta o quanto Jasper era horrível para ela, mas Lapis diz chama a si mesma de terrível e diz o quanto é culpada por tudo de ruim que aconteceu com ela desde que chegou à Terra, ao mesmo tempo em que grita com Steven questionando se ela estava errada.

O barco bate violentamente em alguma coisa novamente, e então algo começa a subir nele. De repente, Jasper aparece dizendo “finalmente, achei que nunca conseguiria te encontrar novamente”, com uma expressão insana. Lapis questiona se Jasper estava os seguindo, mas Jasper a corrige, dizendo que na verdade era Lapis que estava a procurando. Steven tenta interferir com seu escudo, protegendo Lapis, mas Jasper começa a rir dizendo que Steven está apontando o escudo na direção errada, que era a Lapis que ele deveria temer.

Lapis diz que isso não é verdade, mas Jasper a confronta e diz que sabe do que ela realmente é capaz de fazer. Jasper diz que achava que ela era bruta, mas que agora vê como Lapis é um monstro. Jasper tira Steven do caminho e antes que Lapis pudesse ajuda-lo, Jasper agarra seu braço e ajoelha, pedindo para que se fundissem novamente.

Jasper explica como fundidas as duas eram maiores, mais fortes e podiam até voar. Steven alerta Lapis para não a ouvir. Lapis diz o quanto ela realmente foi horrível para Jasper, odiando-a e descontando toda a raiva nela e na fusão. Jasper começa a implorar, dizendo que Lapis a mudou, que ela é a única capaz “aguentá-la” e que juntas elas seriam imparáveis.

Lapis olha para Steven, que estava esperando que ela fizesse a escolha certa, e diz não. Lapis diz que nunca mais quer sentir o que sentiu quando estavam juntas, mandando Jasper ir embora. Jasper fica furiosa e culpa Steven pela rejeição de Lapis. Ela vai em direção a ele para destruí-lo, mas Lapis usa seus poderes para mandar Jasper pra muito longe, de volta ao oceano.

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O barco começa a afundar e Lapis leva Steven e Greg voando. Steven diz o quanto está feliz por ela ter feito a escolha certa e ter derrotado Jasper. O episódio acaba com Lapis concordando e eles vão embora, aliviados.

 

 

Este episódio faz diversas referências a traumas e relacionamentos abusivos na vida real.

Lapis se sente culpada por tudo de ruim que aconteceu a ela desde que chegou a Terra, chegando a dizer que não merece coisas boas ou ser feliz.

water wangs — i was terrible to you. i liked taking everything...

Quando confrontada por Steven, que diz o óbvio ao mencionar quão horrível era a fusão das duas, algo que no desenho foi sempre retratado como relacionamento, Lapis diz que na verdade sente falta daquilo, mostrando como é difícil para pessoas que se encontram em relacionamentos abusivos se desapegarem ou enxergarem o que estão passando.

Steven Universe Lapis admits she miss being fused to Jasper on Make a GIF

Jasper ajoelha e diz que mudou, colocando-se em uma posição de vulnerabilidade e arrependimento, dizendo que é a única capaz de aguentá-la, fazendo uma chantagem emocional, que depois claramente se mostra falsa quando a mesma tenta atacar Steven, culpabilizando-o, sendo uma referência a como pessoas abusivas culpam as outras pessoas e fatores externos para se livrarem da culpa.

Tantei Armin

Embora Jasper seja a vilã no desenho, o episódio aborda como ambas as pessoas nesse tipo de relacionamento podem ser abusivas umas com as outras, mostrando Lapis como um dos fatores que também contribuiu para que isso acontecesse.

A dificuldade de Lapis para aproveitar a viagem e os momentos bons com Steven mostra a dificuldade que as pessoas que passaram por esse tipo de trauma possuem para conseguir seguir em frente, mesmo quando não estão mais vivendo aquilo, ao mesmo tempo em que se sentem culpadas ou não conseguem ter uma perspectiva diferente e melhor para o futuro.

Ainda assim é possível seguir em frente.

 

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Steven Universo – um aprendizado sobre lidar com emoções em “Mindful Education”

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Steven Universo (ou Steven Universe, nos Estados Unidos) é uma série animada norte americana produzida por Rebecca Sugar para o canal televisivo por assinatura Cartoon Network. Você pode conferir mais sobre o desenho neste link.

No episódio “Mindful education”, ou “Educação de consciência” em português, temos uma abordagem sobre a dificuldade em lidar com emoções, culpa e excesso de preocupações. Tudo isso retratada de uma maneira simples e muito delicada para o público.

Sinopse: Steven e Connie em seu contínuo treinamento de combate, entretanto, durante o episódio, ambos se encontram em uma situação de muita culpa em decorrência de eventos passados, fazendo com que não consigam lidar com o acúmulo de emoções que estão sentindo.

No início do episódio, Steven tenta fazer uma brincadeira com Connie, mas nota que a mesma está indiferente. Durante o episódio, Steven e Connie tentam treinar se fundindo, mas algumas coisas dão errado em decorrência de um problema que aconteceu com Connie, fazendo-os perder o controle da fusão se separando. Posteriormente, Steven tenta confortar Connie e saber o que aconteceu, ela diz que acidentalmente machucou um garoto em sua escola pois não sabe o que fazer nesse tipo de situação envolvendo acidentes e acabou fugindo.

Depois de ter explicado a situação, Garnet chega e explica que uma fusão, para ser estável, precisa de equilíbrio interior. A falta de equilíbrio leva a conflitos e a perda da estabilidade da fusão, sendo assim, é preciso manter também um equilíbrio mental, confrontando e entendendo seus próprios sentimentos. Com isso, Garnet oferece ajuda para meditar e compreender melhor seus interiores.

Em seus interiores, após se fundirem novamente, Garnet canta uma música sobre confrontar seus sentimentos. Borboletas aparecem e mostram duas personagens, Ruby e Safira, com problemas, onde Safira se sente incomodada com uma borboleta e Ruby fica furiosa com essa única borboleta, sem perceber que aos poucos várias outras borboletas passam a incomodar Safira. Posteriormente, Ruby respira fundo e consegue ampliar seu olhar sobre a situação, onde ela estava furiosa com apenas uma borboleta em vez de ajudar Safira que estava sendo prejudicada por várias. Ela então para e vai em direção a Safira, ajudando-a e posteriormente acalmando a situação das borboletas juntas.

Stevonnie então canta e percebe que Steven e Connie estavam na mesma situação, mas dessa vez conseguem resolver juntos e com calma, terminando assim a meditação.

 

Em outro dia, Steven e Connie tentam treinar novamente, como Stevonnie, mas tudo acaba dando errado quando Steven também se encontra na mesma situação que Connie estava antes, quando se depara com vários problemas de seu passado que ainda não se resolveram, problemas esses que envolvem sua mãe, uma antiga amiga, uma inimiga e outras pessoas a qual se encontrou e teve problemas aos quais Steven não sabe o que fazer.

Stevonnie se sentindo inferior aos seus problemas.

Durante esse processo, Stevonnie começa a ter uma crise de ansiedade e acabam caindo da arena onde estavam, em um precipício. Durante a queda, eles se desfundem e Steven explica a Connie como não consegue lidar com todos esses problemas que o assombram. Connie diz que está tudo bem pensar sobre isso e também está tudo bem se sentir mal em relação a isso, mas que Steven tem que honesto em como isso o faz mal, para assim seguir em frente.

#steven universe from tinnink #steven universe from tinnink

Com a ajuda de Connie, Steven consegue aos poucos se acalmar e pensar sobre suas ações passadas, onde todos esses problemas foram causados a partir das outras pessoas rejeitarem sua ajuda, mesmo ele fazendo o possível. Ao se acalmar por completo, se fundem novamente e conseguem flutuar com os poderes de Stevonnie em segurança ao solo, terminando o episódio com um sorriso aliviado no rosto.

Esse episódio faz diversas referências. As borboletas são uma delas, onde em algumas culturas elas representam a alma de um indivíduo, com a cor branca representando sua pureza, que também possuem associação com boa sorte e com o seguir em frente durante a vida.

A técnica de meditação utilizada por Garnet durante o episódio faz referência as mesmas estratégias utilizadas pelos princípios da Terapia Cognitiva baseada em Mindfulness (Mindfulness Cognitive Behavior Therapy – MCBT) ou Terapia de Aceitação e Compromisso (Acceptance and Commitment Therapy – ACT), onde em suas falas durante a música Garnet diz “É apenas um pensamento, nós podemos assisti-lo indo embora”. É uma prática da aceitação da presença de emoções negativas sem se deixar controlar por esses pensamentos. Ambas as terapias já mostraram ter um ótimo sucesso em tratamentos de ansiedade, depressão e transtorno de estresse pós-traumático.

Stevonnie em Mindful Education(Fanart) | • Steven Universe BR • Amino

O símbolo de mãos que Garnet e Stevonnie fazem durante a meditação é chamado de símbolo “Vishuddha Chakra Mudra”, ou chakra/energia da Garganta. Esta energia, apresentado pela cor azul, é a energia da Comunicação, que estava bloqueado pela confusão e mentiras.

lesbian squared — Garnet in Mindful Education

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Gravidade: um universo de silêncio e solidão

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Com 10 indicações ao Oscar:

Melhor Filme, Melhor Diretor (Alfonso Cuaron), Melhor Atriz (Sandra Bullock), Trilha Sonora (Steven Price), Fotografia, Melhor Edição (Alfonso Cuarón e Mark Sanger), Design de produção, Edição de Som, Mixagem de Som, Efeitos Visuais.

 

“No princípio, Deus criou os céus e a terra. A terra estava informe e vazia; as trevas cobriam o abismo e o Espírito de Deus pairava sobre as águas.”
(Gênesis 1: 1,2)

 

“Gravidade” inicia-se com o silêncio de um espaço imenso. Nesse contexto, a valoração que damos para a maior parte das coisas parece subitamente perder o sentido. Se fosse fazer uma comparação inicial, a introdução dos dois astronautas naquela imensidão lembrou-me o início do filme Lawrence da Arábia, quando o homem surge no deserto e se assemelha a um grão de areia, o que torna a sua pretensa superioridade tão controversa.

 

 

Dra. Ryan Stone (Sandra Bullock, numa interpretação marcante), uma cientista em sua primeira incursão ao espaço, e Matt Kowalski, um astronauta veterano, estão fazendo uma caminhada espacial de rotina para averiguações no telescópio Hubble, mas são interrompidos por causa da detonação de satélites russos. Isso provoca uma reação em cadeia de colisões e a presença de um campo de destroços que se movimenta em direção ao seu ônibus espacial.

Com essa situação totalmente inusitada, tem-se início a jornada complexa dos dois astronautas. E, geralmente, quando algo sai do padrão em um ambiente hostil, torna-se um problema com proporções gigantescas. Acompanhar essa trajetória, em alguns momentos como se fôssemos tão poderosos como o próprio espaço, em outros como se estivéssemos tão frágeis como a Dra. Ryan, pois várias das cenas são apresentadas a partir da sua visão, dão ao filme um sentimento misto de deslumbramento e horror. Mostrar as cenas na perspectiva de alguém que está à deriva no espaço, com todos os sons e, principalmente, ausência de sons peculiares desse ambiente, é um dos pontos altos da direção de Alfonso Cuarón.

 

 

Nos cartazes do filme está escrita a frase “Don’t let go”(não o deixe ir). Talvez a principal questão do enredo reside na difícil sina de termos que, constantemente, desapegar, quando na verdade, seria mais reconfortante seguirmos atados uns aos outros, às nossas lembranças, aos nossos medos. As cenas entre Ryan e Matt ligados e sozinhos no espaço podem ter inúmeras interpretações, em todo caso, a sensação que tive foi que aquelas duas pessoas ligadas a um fio como se aquilo fosse um cordão umbilical representavam, em um dado nível, a aventura da natureza humana: de um lado os indivíduos e seus laços tênues, do outro, o espaço e Deus, paradoxalmente, tão presentes e tão indiferentes.

 

O astronauta no filme 2001 – Uma Odisseia no Espaço e a astronauta em “Gravidade”

Há inevitáveis comparações entre filmes que parecem transitar em uma mesma temática, como é o caso de 2001 – Uma Odisseia no Espaço (1968), de Stanley Kubrick, e Gravidade (2013), de Cuáron. No entanto, enquanto em 2001 há uma profusão de contextos sendo explorados em seus 142 minutos, que perpassa a criação do universo e as questões relacionadas à evolução humana, em Gravidade são usados 90 minutos para mostrar algumas horas na vida de seu personagem principal (a Dra. Ryan).

Mas, mesmo que em “Gravidade” questões sobre a nossa origem e a unidade da vida não sejam abordadas de forma literal, acompanhar a trajetória da Dra. Ryan nos faz, de alguma forma, iniciar uma jornada em torno da condição humana, ainda que tal caminho seja percorrido no interior de um indivíduo. E isso lembra-me a poesia “O Homem; As Viagens”, de Carlos Drummond de Andrade.

 

Parte da poesia “O Homem; As Viagens”, de Carlos Drummond de Andrade

 

O paradoxal minimalismo da temática de Gravidade é o que torna o filme tão inquietante. Em meio a cenas grandiosas e extremamente reais que dão razão a existência do 3D (enquanto tantos outros filmes apresenta isso de forma totalmente desnecessária), há uma mulher angustiada e solitária (não apenas por estar perdida no espaço), cuja memória da filha morta aos 4 anos a assombra e a distancia de todos.

 

 

Em imagens que parecem um retorno ao útero, a Dra. Ryan tenta encontrar um meio para iniciar uma nova vida ou recuperar aquela que deixou partir. Sua viagem física ao espaço é, também, marcada por sua busca psicológica. E essa busca parece ganhar forma no silêncio do espaço, pois ao afastar-se da vida na terra, Ryan exponencializa sua vontade de pertencer a algo. De apegar-se a algo, mesmo que, para isso, tenha que deixar outros partirem.

Com a ausência da gravidade, flutuamos com os astronautas, assombrados pela ideia de que estamos sem base. Sem a terra, perdemos o chão que nos faz caminhar eretos (e, talvez, perdemos também o sentido de toda a evolução que nos permitiu chegar a esse ponto) e nos tornamos algo que se encontra entre o etéreo e o inexistente.

 

 

Na música “Space Oddity”, David Bowie diz “Planet Earth is blue, and there’s nothing I can do….” (O planeta Terra é azul, e não há nada que eu possa fazer…). A grandiosidade apresentada em “Gravidade” nos dá essa sensação de impotência, confirmando, em algum grau, a frase do Carl Sagan: “o universo não foi feito à medida do ser humano, mas tampouco lhe é adverso: é-lhe indiferente”. Em contrapartida, a trajetória da Dra. Ryan nos remete a uma reflexão mais pessoal e, a partir disso, provoca a necessidade de produzirmos alguma mudança no universo que compõe a existência de cada um de nós.

 


FICHA TÉCNICA DO FILME

GRAVIDADE

Título Original: Gravity
Direção: Alfonso Cuarón
Roteiro: Alfonso Cuarón, Jonás Cuarón, Rodrigo García
Fotografia: Emmanuel Lubezki
Trilha Sonora: Steven Price
Elenco: Sandra Bullock, George Clooney
Ano: 2013

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