Os perigos escondidos atrás da série Round 6

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Sucesso de audiência entre os assinantes, da Netflix, a série sul coreana, Round 6, conquistou o público ao propor uma gincana assombrosa com centenas de participantes, que aceitaram participar do jogo pelo prêmio milionário, o qual poderia mudar a vida de quem vencesse.  No entanto, os candidatos não sabiam que quem perdesse a partida, que simulavam brincadeiras de crianças, morreria, no final de cada jogada. Uma série interessante, voltada para o público adulto, mas que chamou à atenção e virou febre entre a garotada. Fato que preocupou pedagogos e médicos

Foi sobre essa série, dividida em 9 capítulos, que diversas escolas brasileiras enviaram alerta para os pais sobre os riscos que o seriado poderia ocasionar as crianças, que estão em fase da construção da identidade, bem como processo de ensino aprendizagem. Conforme, matéria publicada pelo jornalista, Gustavo Cunha, no Jornal O Globo (2021), uma escola do Rio de Janeiro, fez uma carta aberta dirigida aos pais sobre os perigos, em que os filhos poderiam ser expostos com ao assistirem a série.

A preocupação do estabelecimento educacional foi informar aos responsáveis que a narrativa, que tornou assunto entre os alunos do ensino fundamental, contém conteúdo com cenas explícitas de violência, tráfico de órgãos, tortura psicológica suicídio, além de palavras de baixo calão. Ainda de acordo com a reportagem do jornal, O Globo, as crianças estavam simulando, no horário do recreio, as supostas brincadeiras infantis, que fazem menção ao assassinato dos perdedores do game.

Fonte: Divulgação/ Netflix

 Moran (1991) adverte que, a maioria das crianças passa longos períodos do dia confinadas em apartamentos, “sem espaço de interação com outras crianças, enquanto os pais trabalham fora”. A televisão passa a ser uma opção, principalmente para os que não tem outras opções (Moran, 1991). “A televisão é agradável, não requer esforço e seu ritmo é alucinante”.  Situação que foi agravada com a pandemia da Covid-19, já que as crianças tiveram que ficar em casa, a maior parte do dia, bem como passaram a ter aulas online.

Nessa mesma percepção, Bee (1996) enfatiza que o principal método de aprendizado das crianças menores é a observação e imitação.  O consumo televisivo, geralmente acrítico e passivo, exerce interferência decisiva na representação que a criança faz da realidade. “Tanto os comportamentos positivos como os agressivos são imitados por crianças que veem televisão já aos 14 meses de idade”.  (Bee, 1996)

O formato convencional televiso sofreu modificações, nos últimos anos, com a revolução digital, hoje é possível assistir TV, por meio dos celulares, notebooks entre outros aparatos tecnológicos. Além disso, as pessoas têm optado por assinaturas de streaming, serviços de transmissão de séries e filmes, por meio da internet. Foi-se o tempo, em que as famílias se dirigiam as locadoras, para alugarem o filme desejado. Toda essa mudança, impactou diretamente o modo de vida do público infantil, pela facilidade ao acesso, de todo tipo de conteúdo.

Fonte: Imagem de Freepik

 Nesse sentido Mattos (2013) aponta que, “a era digital é um momento de novos desafios para as mídias tradicionais e também para a análise de dados devido ao volume, variedade e velocidade com que são produzidos e distribuídos.” Ou seja, o universo digital é um desafio para todos, devido ao grande volume de informação produzido diariamente. Um desafio para os pais e professores no processo de formação de um cidadão saudável e produtivo, devido a exposição excessivamente das crianças e do adolescente.

O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), em seu artigo 4º, diz que é dever da família, da comunidade e sociedade assegurarem a dignidade, a educação, o respeito, da criança e do adolescente. Nesse aspecto, é dever dos pais observarem o que os filhos têm consumido, e não deixar a cargo dos educadores, a formação dos filhos. Por isso, fica o alerta sobre a exposição dos filhos em frente, não só a televisão, mas também, em relação a internet, que para muitos é terra sem lei.

 

REFERÊNCIAS

Brasília, Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Lei de Nº 8.069. Promulgada, em 13 de julho, de 1990.

BEE, Helen. A Criança em Desenvolvimento. 7. ed. Porto Alegre. Artes Médicas, 1996.

Jornal, o Globo: Carta de escola carioca, alertando os pais sobre o Round 6 Disponível em <https://oglobo.globo.com/cultura/carta-de-escola-carioca-alertando-pais-sobre-round-6-viraliza-ganha-apoio-de-pediatras-do-rio-25226571> Acesso: 29. De out, de 2021

Mattos, Sérgio (2013). A Revolução Digital e os Desafios da Comunicação. Disponível em <http://www.repositorio.ufrb.edu.br/bitstream/123456789/766/1/a%20revolucao%20digital%20e%20os%20desafios%20da%20comunicacao(1).pdf> Acesso: 29, de out de 2021.

MORAN, José Manuel. Como ver Televisão: Leitura Crítica dos Meios de Comunicação. São Paulo. Editora Paulinas, 1991.

Revista Eletrônica, Uol. ‘Round 6’: no Brasil não faltariam candidatos ao jogo macabro da Netflix. Publicado 10 de out, de 21. Disponível em https://economia.uol.com.br/colunas/carlos-juliano-barros/2021/10/19/round-6-no-brasil-nao-faltariam-candidatos-ao-jogo-macabro-da-netflix.htm >. Acesso: 29, de out, de 2021.

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Onde está Segunda? X Recursos para um bom adestramento

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O filme ‘Onde está segunda?’ – disponível no Netflix, apesar de ser uma ficção, nos mostra que este panorama talvez não esteja assim tão distante; na verdade, salta aos olhos de quem atenta para os fatos, de que não cabe a nós decidir sobre como vamos transformar nosso mundo, apesar de sermos a força motora para isso. Como no filme, nos vemos alienados a uma sociedade controlada por suas mídias e sua tecnologia sem ética. Pessoas com medo, trancadas em seus mundos internos. O estado controlando seus cidadãos, mundo este onde a obediência às leis é um dever supremo.

Cada vez mais os filósofos do passado nos mostram o quanto eram visionários em relação ao nosso mundo contemporâneo. Os escritos de Michel Focault, com propriedade, fala que “a disciplina fabrica indivíduos; ela é técnica específica de um poder que toma os indivíduos ao mesmo tempo como objetos e como instrumentos de seu exército”.

Foi exatamente isso que o filme nos mostra, indivíduos fabricados para obedecer, meros objetos, sem privacidade e sem liberdade até de expressão. Instrumentos nas mãos esmagadoras de um poder superior. Sobre isso, Focault diz que “a plena luz o olhar de um vigia capta melhor que a sombra, que finalmente protegia. A visibilidade é uma armadilha”.

No filme, irmãs se viram obrigadas a ter uma identidade coletiva para sobreviverem, já que o governo não permitia mais de uma criança por família. Foi negada a elas sua individualidade e tiveram que lutar bravamente por suas vidas. Eram sete, sobraram apenas duas, porém conseguiram desmascarar as mentiras cruéis do poder corrupto que limitava o povo.

Essa parte, sim, acho que podemos considerar uma ficção, não temos heróis desse nível, e por mais que tentem derrubar a máquina que nos oprime, mais ela nos manipula. A todo o momento nos vemos bombardeados por mensagens subliminares que chegam de todos os lados, nos dopando de falsas verdades.

Ironicamente Michel Focault antevia isso quando lemos seus escritos e nos deparamos com essa verdade que ele escreveu: “O poder disciplinar é, com efeito, um poder, em vez de se apropriar e de retirar, tem como função maior “adestrar”; ou sem dúvida adestrar para retirar e se apropriar ainda mais e melhor”.

Nenhuma citação caberia melhor para ilustrar o filme como essa, é exatamente isso que acontece tanto na ficção como nos dias atuais. Esta ficção está cada dia mais real. Observamos claramente tudo isso acontecendo, população adestrada para ser retirada dela o que era de interesse das camadas superiores. Uma verdadeira apropriação do outro.

Ficamos atônitos quando nos deparamos com essa “ficção” onde o poder tem uma lente de trezentos graus. “Para exercer esse poder deve adquirir o instrumento para uma vigilância permanente, exaustiva, onipresente, capaz de tornar tudo visível, mas com a condição de se tornar ela mesma invisível”, diz Focault.

A situação em que as irmãs viviam é aterradora. Tamanha tensão diária, que as levava a ter uma série de problemas emocionais e psicológicos. O medo foi um mestre vigilante e disciplinador apontando o dedo em riste a todo o momento. É um filme intrigante, assustador e extremamente atual, onde podemos encontrar bastante similaridade com as citações de Michel Focault.

Nossa sociedade não é de espetáculos, mas de vigilâncias: sob a superfície das imagens, investem-se os corpos em profundidade; atrás da grande abstração de troca, processa-se o treinamento minucioso e concreto das forças úteis; o indivíduo é cuidadosamente fabricado, segundo uma tática das forças e dos corpos. (Focault, 2017, pag. 82)

Pessoas constantemente vigiadas, constrangidas em sua individualidade. Porém, não sabem quem as vigia e nem de onde, mas têm a plena certeza de que o fazem. A trama nos mostra que todos os direitos dos cidadãos são castrados e totalmente sem autonomia sobre suas vidas, seguem como autômatos. O poder sobre eles foi estabelecido através do controle de suas mentes. Porém, apesar das tragédias para se chegar a um fim, tivemos um final nem tão ruim assim, restou uma esperança para um mundo melhor. 

Referências

FOCAULT, Michel. Recursos para o bom adestramento. Disponível em: https://razaoinadequada.com/filosofos-essenciais/foucault/. Acesso em: 8. Out. 2017.

 ONDE ESTÁ SEGUNDA. Disponível em:< https://www.netflix.com/title/80146805>   Acesso em: 8. Out. 2017.

FICHA TÉCNICA DO FILME:

ONDE ESTÁ SEGUNDA?

Diretor: Tommy Wirkola
Elenco: Noomi Rapace, Glenn Close, Willem Dafoe, Marwan Kenzari
Pais: EUA  
Ano: 2017
Classificação: 16

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Controle dos corpos num mundo pré-apocalíptico em “Onde Está Segunda”

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O filme “Onde Está Segunda?”, dirigido por Tommy Wirkola, traz uma narrativa de um planeta “pré-apocalíptico” – 2073, com seus recursos fragilizados pela superpopulação, onde o sistema político impõem duras regras às famílias que desobedecerem a política do filho único.

Em meio a toda essa perturbação – com o regime vigente – uma mãe Karen Settman, dá a luz a sete crianças do sexo feminino e vindo a falecer logo após o parto. O avô Terrence Settman (Willem Dafoe), – que não via a filha há anos, veio ao hospital visitá-la. Todavia, em decorrência do fato ocorrido se encarrega de garantir a sobrevivência das sete netas. Contrariando a decisão política, ao acreditar que suas netas possam viver sem fragilizar os recursos escassos, e consequentemente evitar a criogenia – sistema que mantém os irmãos adormecidos até que haja uma adequação econômica do planeta.

Assim, o avô decide utilizar-se de um plano inusitado, colocando o nome de cada criança de acordo com os dias da semana. Segunda, Terça, Quarta, Quinta, Sexta, Sábado e Domingo. Como são bebês considerados ilegais, ele precisa manter sigilo e certificar-se de que ninguém notará as crianças. Para isso, ele busca trabalhar que cada irmã adote uma única identidade para todas. Embora, cada irmã apresentasse uma personalidade diferente. Passando-se  por Karen Settman (Noomi Rapace). Com um rigoroso esquema: cada menina poderia sair às ruas somente no seu dia da semana. E elas obedecem metodicamente os ensinamentos do avô.

O plano simples funcionando perfeitamente, só que em um dado dia, uma das irmãs desaparece sem deixar vestígios. Segunda foi pega pelos policiais que muito assustada, foi levada até Nicollete Dime – a presidente, a qual se refere à moça, de estar pasma pelo fato da família ter ido tão longe, em desobediência ao sistema. “Sete filhas… o que seu avô estava pensando… faz ideia de quanta comida e água foram tiradas das outras pessoas? … se todos fôssemos egoístas, o mundo terminaria amanhã!”.

Após a prisão da irmã Segunda, o pavor toma conta das demais irmãs, ao temerem ser descobertas pela polícia, que trava uma guerra na tentativa de capturá-las, para puni-las com a hibernação, como determina o sistema vigente.

Sabendo-se que o filme “Onde Está Segunda?” utiliza-se de um sistema político que tenta a qualquer custo controlar a taxa de natalidade, evitando uma superpopulação do planeta, na tentativa de preservar os poucos recursos. Todavia, faz uso de um sistema ditatorial. Pois o casal que desobedecer as regras impostas, sofre punição com a criogenia.

O filme em questão aborda sobre as questões do controle e a vigilância. Foucault havia postulado sobre esse tipo de sociedade, na qual ele traz o conceito de Sociedade Disciplinar para levantar uma análise sobre os processos de disciplina que operam sobre as instituições e para isso ele toma como modelo o panóptico, para demonstrar o uso do espaço e do tempo.

Em seguida, Deleuze também teoriza sobre as formas de controle, mas levando em consideração que essa vigilância ocorre na sociedade como um todo, operando sobre os corpos dos indivíduos e não mais através de delimitações marcadas. Nas palavras de Lauro (2017), “o Controle marca por processos de Desterritorialização”, operando não mais externamente, mas internamente.

Esse poder pode ser visto de forma bastante direta na trama do filme, onde o controle passa a determinar os modos de vida, escolhas, enfim, dita os padrões que objetivam integrar as singularidades e controlar a diferença.O filme mostra que apenas um tipo de família era aceito nessa sociedade, e quando ocorria o desvio, como no caso da família da personagem Segunda, era imediatamente regulado através das regras disciplinares.

Afirma-nos Deleuze, que a Disciplina é uma forma de estabelecer o Poder interferindo no mecanismo fundamental de todos os corpos, funcionando como um filtro: o que passa para a realidade deve ser filtrado, numa perspectiva de manter uma sociedade sob controle. Todavia, não podemos nos habituar com uma vida mergulhada na angústia, onde a obediência já não é mais questão de disciplina, mas de hábito.

Assegurando-nos, que se faz necessário, tomarmos medidas para combatê-lo. Visto que, com sistemas ditatoriais, conseguiram camuflar os verdadeiros problemas, introduzindo uma Axiomática em nossas cabeças. Precisamos recuperar o plano de flexibilidade que dá sentido aos problemas. Sendo necessário lutarmos por novas estratégias. Deixando-nos a reflexão: que “o que é inquestionável é a necessidade de questionar! Posicionar-se é a primeira manobra de resistência”, segundo DELEUZE (1990), apud LAURO (2017).

Portanto, ao invés de se estabelecer controles rígidos sobre o crescimento populacional, é possível utilizar-se de medidas mais flexíveis, para o controle da taxa de natalidade, constituído a partir de políticas públicas, visando adotar ações de educação com campanhas de orientação à população e incentivo com a distribuição gratuita de contraceptivos, preservativos, dentre outros métodos, para uma prática efetiva de planejamento familiar, afirma SILVA (2014).

Sabendo-se que medidas de implantação de controle da taxa de natalidade pode ser o alicerce para a solução de vários problemas que assolam o planeta, todavia deve ser bem elaborado, visto que pode afetar as economias de uma nação (SILVA, 2014), como por exemplo, nas fases de transição demográfica, uma vez que, reduzindo o nascimento de indivíduos, reduzirá consequentemente o número de pessoas ativas para o trabalho, que implicará numa menor arrecadação governamental, e sobretudo a sustentação dos benefícios da faixa etária idosa.

 Referências:

DELEUZE, G. Sociedade de Controle. (1990). Disponível em: <https://razaoinadequada.com> Acesso em: 06/11/201/deleuze-sociedade-de-controle/

FILME. Onde Está Segunda? (EUA). Direção: Tommy Wirkola. 2017. Netflix. 123 minutos.

SILVA, W. S. Controle de natalidade. (2014). Disponível em: <https://razaoinadequada.com> Acesso em: 06/11/2017

FICHA TÉCNICA DO FILME:

ONDE ESTÁ SEGUNDA?

Diretor: Tommy Wirkola
Elenco: Noomi Rapace, Glenn Close, Willem Dafoe, Marwan Kenzari
Pais: EUA  
Ano: 2017
Classificação: 16

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“Onde Está Segunda” e Foucault

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Ao se traçar um paralelo entre o filme “Onde está Segunda” e o texto “Foucault – Corpos Dóceis” e “Foucault – Sociedade Disciplinar”, escritos por Rafael Lauro, no site “Razão Inadequada”, é possível perceber como a disciplina de Foucault se aplica ao filme futurista.

O filme longa-metragem se passa alguns anos no futuro. A escassez de recursos em relação ao crescimento desordenado da população faz com que haja uma rígida política de filho único. Os filhos mais novos são separados de suas famílias e submetidos à criogenia, descobrindo-se mais tarde que, na realidade, eles são executados. É possível vincular o que acontece na trama à docilização de corpos discutida por Foucault.

O corpo, literalmente, é submetido ao poder. Nas cenas, nota-se a grande quantidade de propagandas e publicidade para a política de um único filho. Há também o controle e a vigilância. Afinal, há um registro para que saibam se o indivíduo é filho único ou não. Também existe o uso da força e austeridade. Os filhos mais novos, ao serem descobertos, são procurados e levados até a suposta criogenia. O corpo é submetido ao poder de maneiras muito e pouco sutis. No entanto, é fato que no universo do longa as famílias já não possuem mais controle sobre si mesmas. Tornando os corpos submissos ao poder. Terão de possuir apenas um filho, independente da vontade.

Há também rastros do adestramento. Personagens que executam seus trabalhos sem sequer saber a razão ou os fazem sem um senso crítico. Há a seleção de forças pelo Poder. Utilizando a força de trabalho de cada um para determinados objetivos, a fim de manter um sistema de controle ativo e vigente. O filme demonstra também uma boa ilustração de uma tecnologia de Poder chamada Panótipco. Nela, aqueles que vigiam não são vistos e aqueles que são vigiados, não veem.

A população é constantemente vigiada, seja por pulseiras que indicam se são filhos únicos, seja por autoridades. Essas, sendo apenas uma força de trabalho e obedecendo de maneira inquestionável. E os que estão no poder vigiam. A personagem Nicolette Cayman, interpretada por Glenn Cose, é a criadora dessa política do único filho. Constantemente, existem cenas em que ela ordena ou, até mesmo, literalmente, monitora os frutos de seu trabalho.

Porém, a linha que segue a trama mais tem a ver com o fracasso da repressão. Muitos fatos são escondidos da população em geral no filme. A proposta é que os filhos mais novos seriam congelados e, então, descongelados quando o planeta Terra estivesse em condições mais habitáveis. Há uma aceitação da população em relação a tal política. Mas o que ocorre é totalmente o inverso e as crianças são executadas. Há uma tentativa de controle, e inicialmente, bem sucedida, por parte de Nicolette Cayman, afinal, a repressão é mascarada.

Quando a verdade vem à tona, rapidamente, a política é proibida e Cayman é condenada. Isso é, quando a população teve consciência do sistema repressor que viviam, houve rebuliço e revolta. É possível traçar uma linha de pensamento com o que Foucault dizia. Reprimir é uma ferramenta ineficiente. Infelizmente, na realidade, há o uso do que ele chamava de Micropoder. O controle e a vigilância se dão de maneira sutil. Nas escolas, hospitais, presídios. E, mesmo que não esteja em vigor um autoritarismo palpável, ainda há a disciplina.

Portanto, pode-se analisar o ambiente em que o filme se passa e analisa-lo sob uma perspectiva dos pensamentos de Foucault sobre disciplina e controle. Há vários elementos que se pode vincular e estão paralelos ao que ele pensava e dizia sobre o assunto.

Referência

Especial Foucault. Disponível e https://razaoinadequada.com/ . Acesso em 27/10/2017.

FICHA TÉCNICA DO FILME:

ONDE ESTÁ SEGUNDA?

Diretor: Tommy Wirkola
Elenco: Noomi Rapace, Glenn Close, Willem Dafoe, Marwan Kenzari
Pais: EUA  
Ano: 2017
Classificação: 16

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