A cientista e psicóloga que negou a teoria de superioridade masculina

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Leta hollingworth

fonte: arquivo pessoal

Nascida em maio de 1886, no oeste de Nebraska. Sua história de vida já começa marcada pelos paradigmas do patriarcado. A história conta que sua mãe  Margaret Danley Stetter, enviou várias cartas ao seu pai, que estava trabalhando longe, tentando fazer com que ele voltasse para casa, para ver seu nascimento e ao chegar e vê-lá  sua primeira reação foi dizer: ‘’ Eu daria US$1.000 se fosse um menino’’. infelizmente era algo comum na época em que acreditava-se que mulheres eram fisicamente e mentalmente inferiores a homens.

Anos mais tarde  isso pareceria como o destino, pois as visões de Leta  passariam a desafiar os paradigmas da época. Por séculos homens mistificaram os ciclos menstruais, alegando que mulheres não deveriam fazer parte do ensino superior ou do trabalho, por sua instabilidade durante a menstruação. Médicos identificaram  essas condições com causas físicas e mentais, pois consideravam mulheres como ‘’excessivamente emocionais’’ surgindo então o termo histeria.’A causa da histeria era atribuída ao útero, que teria o poder de se movimentar dentro da mulher, por ser um ser vivo autônomo, podendo ocorrer então a sufocação da matriz, do útero – origem da palavra histeria (Ávila & Terra, 2010; Leite, 2012). O diagnóstico era sério, levando a tratamentos duvidosos e até a internação.

fonte:http://encurtador.com.br/bdBMR

A fim de refutar a fragilidade feminina, Leta conduziu vários testes diários em seis mulheres e dois homens durante meses, que avaliavam agilidade física e habilidades escritas. O resultado foi um desempenho igualitário entre homens e mulheres, inclusive no período de  menstruação. Baseando-se nesses teste e em seu conhecimento publicou no seu artigo em 1914 ‘’ “homens que escreveram com autoridade sobre qualquer assunto sem que possuíssem conhecimento confiável ou especializado” não hesitaram em fazer afirmações não comprovadas sobre as habilidades intelectuais e físicas das mulheres durante seus ciclos menstruais.

Por meio de seu trabalho, também  se envolveu na luta pelo voto feminino, que resultou na  ratificação da 19ª Emenda nos Estados Unidos, que assegurou a participação de algumas mulheres na eleição de 1920. Ela acreditava que os poderes da sugestão social e da opinião pública eram umas das muitas maneiras em que homens exerciam poder sobre as mulheres. De acordo com pesquisas feitas atráves do artigo da revista forbes(2020): Em um artigo publicado no “American Journal of Sociology”, em 1916, a cientista sugeriu que o governo norte-americano obrigava as mulheres a terem filhos, tornado ilegal a divulgação de informações sobre controle de natalidade: “Enquanto apontam que o objetivo da natureza feminina é a maternidade e o cumprimento dos deveres maternos”, escreveu Leta, “a sociedade restringe as possibilidades para as mulheres”.

Leta, assim como outras mulheres, encontrou na ciência sua forma de lutar. Sua carreira profissional começou como professora, depois de se formar na universidade de Nebraska em 1906. Prosperando nesse emprego, se mudou para Nova York juntamente com seu noivo Harry Hollingworth, em 31 de dezembro de 1908 . Leta pretendia dar aulas em Nova York, mas descobriu que a cidade tinha uma política em que mulheres casadas não tinham permissão de ensinar. Ela então continuou  escrevendo e ocupando-se de tarefas domésticas, mas com o tempo vendo que não conseguia contribuir financeiramente começou  a se sentir entediada, frustrada, começando então a desenvolver depressão. Tentou então ir à pós-graduação, mas foi impedida pela descriminação de gênero da época, o que fez ela começar a questionar o papel da sociedade em relação às mulheres e a desigualdade de oportunidades.

Em 1911 ela pode começar a sua pós graduação, devido a uma bolsa de pesquisa que seu marido conseguiu pela coca-cola, ele a contratou como assistente de direção dos estudos, além de arcar com partes dos custos. Durante a pós-graduação ela passou a se concentrar em aspectos femininos. Nos anos seguintes publicou a série de estudos que questionaram a diversidade intelectual masculina. Para Leta, as mulheres eram tão inteligentes (e ignorantes) quanto os homens. Segundo a revista forbes(2020)  Em 1914 juntamente com Henrietta e membros da aliança feminista, enviaram uma carta ao presidente norte americano Woodrow Wilson, pedindo apoio para uma emenda constitucional determinando que “nenhum direito civil ou político deve ser negado a qualquer pessoa por causa do sexo”, de acordo com para o jornal “The Sun”.

Alguns feitos de Leta foram: a primeira a escrever um livro sobre crianças superdotadas, bem como dar um curso sobre crianças superdotadas. Foi a primeira a estudar crianças com quocientes de inteligência (QI) acima de 180. Publicou mais de 30 estudos sobre pesquisas e desenvolvimento talentosos e pioneiros em ambientes naturais. Desenvolveu terapia de centro infantil e treinou Carl Rogers . 

Hollingworth afirma em seu artigo,  “Sem dúvida, um dos problemas mais difíceis e fundamentais que hoje enfrentam as mulheres pensantes é como garantir para si mesmas a chance de variar de seu modo de vida. sexo e, ao mesmo tempo, procriar, em uma ordem social que foi construída sobre a suposição de que há pouca ou nenhuma variação de gostos, interesses e habilidades dentro do sexo feminino. É um problema que nunca me confrontou . ” [15] Embora seja algo escrito em 1914 podemos olhar frente a isso como um paradigma atual, mulheres ganham cada vez o seu espaço, mas ainda não são valorizadas pela variação de seus gostos, ainda existindo espaços em que ‘’não são para mulheres’’.

Leta morreu em 27 de novembro de  1939, aos 53 anos, deixando um legado de contribuição  para a eugenia na educação americana que foram fundamentais para a fundação e disseminação de programas para superdotados e talentoso, além de contribuir de uma pequena forma para mudar as visões em relação às mulheres levando as mulheres a terem o direito de votar em uma nação que por muito tempo as negou esse direito. Hoje, assim como muitas mulheres da ciência, sua história nos inspira e nos motiva mulheres a buscar seu lugar de igualdade.

 

 

REFERÊNCIAS

JENNINGS,Katie. Leta Hollingworth: a cientista do século 19 que refutou as teorias de superioridade masculina.Forbes, 2020 . Disponível em: <https://www.google.com/amp/s/forbes.com.br/colunas/2020/08/conheca-a-cientista-do-seculo-19-que-refutou-as-teorias-de-superioridade-masculina/%3famp>. Acesso em: 15 de abr de 2022.

Leta Stetter Hollingworth. Stringfixer. Disponível em <https://stringfixer.com/pt/Leta_Stetter_Hollingworth> acesso em 15 de abr de 2022.

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Por que há mulheres que votam em Bolsonaro?

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Um dos grandes feitos de Freud foi entender que aquilo que se manifesta na singularidade de cada sujeito, também pode ser lido no campo da cultura. É nesse sentido que o inconsciente para a psicanálise, não é algo que está nas profundezas da nossa intimidade, o inconsciente está na superfície, pairando sobre nós.

Assim sendo, para compreender nosso caldo social às vésperas da eleição, decidi procurar entender como os possíveis eleitores do Bolsonaro pensam e como justificam o próprio voto. Que propostas ou características do candidato os seduziram? O que esperam do mesmo, caso eleito? Essas foram minhas perguntas básicas e, para respondê-las, me dispus a conversar com alguns de seus potenciais eleitores e os “stalkeei” no Facebook tentando apreender suas ideias. Na verdade, eleitoras; escolhi apenas mulheres.

Fonte: https://bit.ly/2xYXaT4

Desse modo, analisados por minha lupa, as possíveis eleitoras de Bolsonaro que “escutei” são movidas, principalmente, por duas vertentes do discurso do candidato: aquela relacionada à segurança pública: facilitação do porte de arma, redução da maioridade penal e maior rigidez com criminosos. E a que possui apelo moral: dizer não a “ideologia de gênero” (elas realmente acreditam no tal “kit gay”), ou a quaisquer outros modos de exposição da sociedade a temas relacionados à sexualidade.

Ora, podemos extrair desses temas, nada mais do que as duas questões que mais tememos, exatamente pela dificuldade de simbolizá-las, de explicá-las: a morte e o sexo. Morte e sexo são nossos maiores medos, diante deles somos todos desamparados; a psicanálise assim nos ensina. Desse modo, a motivação que leva essas eleitoras em direção à Bolsonaro é, basicamente, medo. Elas se sentem inseguras, desorientadas, fragilizadas e buscam alguém que vá socorrê-las.  E, psicologicamente falando, numa sociedade patriarcal como a nossa, qual é primeiro recurso usado para lidar com o medo e a insegurança? O pai.

Fonte: https://abr.ai/2QgWuQw

Freud dizia que a nostalgia do pai é como uma espécie de cicatriz resultante da fundação da cultura. Em algum momento mítico, foi necessário “matar o pai” para fundar uma sociedade de irmãos.  No entanto, a cicatriz que ficou deste assassinato, sempre nos faz, inconscientemente, mergulhar na nostalgia de um pai que cuide de nós e nos proteja. E em última instância, que nos proteja do sexo e da morte. E vale destacar que, quanto mais adoecida e fragilizada uma sociedade está, mais esta busca por um pai se torna iminente. Diante do desamparo: o pai – nosso recurso mais simples e mais infantil.

Mas, obviamente, que no caso da sociedade brasileira atual, este pai poderia ser evocado de muitos modos. Lula, não por acaso, chamado de “pai dos pobres”, também encarna ou encarnou este pai, tal como Bolsonaro hoje o encarna, para uma determinada parte da população. No entanto, existe uma diferença abissal entre o pai que Lula encarna e o pai que Bolsonaro encarna, vejamos:

Fonte: https://bit.ly/2NQwjTJ

Lula é um pai castrado (tem um dedo amputado, nordestino, de origem humilde), desconstruído, emotivo, um pai que faz a política do diálogo e da negociação. Lula apesar de ser um pai popular, é de longe um pai totalitário ou autoritário, ao contrário. Maquiavel dizia que um líder precisa ser amado ou temido. E se não conseguir ser amado, que seja temido. Lula soube ser amado e isso faz dele, obviamente, um pai mais saudável. Lula é um pai menos macho, mais feminino. Lula é devir-mulher, para usar o termo Deleuzeano.

Bolsonaro, por sua vez, é um pai macho, autoritário, tradicional, que fala o que quer sem medo de ser odiado. Tem fetiche por armas e abomina qualquer atitude ou comportamento feminino. Não por acaso considera a mulher “uma fraquejada” e os homossexuais um erro ser corrigido. Ao contrário de Lula, Bolsonaro precisa exercer sua autoridade pelo medo, para isso, é capaz de ser agressivo com as mulheres e com seus filhos. Reprimir a sexualidade deles, obviamente, também é uma estratégia de poder. Para exercer poder sem amor é preciso incitar medo e controlar o corpo.

Fonte: https://bit.ly/2P2QCKw

Faz algum tempo que nós perdemos o pai que amamos… Perdemos, num primeiro momento, com o fim do seu mandato, e perdemos, num segundo momento, com sua desconstrução simbólica até a prisão, que não conseguiu ser resgatada para disputar as eleições. Além disso, o fracasso político do segundo governo Dilma – contestado logo no dia seguinte do resultado das urnas – seguido do golpe parlamentar, jogou o Brasil num descrédito total em suas instituições, e a uma insegurança política que a sociedade sentiu, obviamente. “Bagunça”, “caos”, “libertinagem”, “confusão”, foram os substantivos mais usados pelas mulheres que justificaram comigo, o voto em Bolsonaro.

E foi assim que nossa política, sustentada nessa versão infantil da necessidade de um pai, e mergulhada no caos político, migrou de um pai amado, para um pai temido, de um pai castrado para um pai castrador. E no consultório de psicanálise, testemunhamos isso a todo tempo com nossos pacientes e suas queixas infantis: melhor um pai a quem eu preciso temer, do que pai nenhum.

Fonte: https://bit.ly/2NTujKH

Todavia, é obvio que sair da infância e da neurose coletiva é aprender a prescindir do pai para seguir adiante. Talvez Bolsonaro seja o último suspiro, a última tentativa de resgatar o pai forte e castrador da sociedade patriarcal. Na iminência da decadência do patriarcado, Bolsonaro é um último espasmo desesperado para resgatar o homem/chefe/ castrador, que mesmo que à custa da saúde mental e da integridade física de mulheres e filhos, promete botar “a casa em ordem”.  Bolsonaro é quase uma caricatura de homem, parece ter chegado do passado em uma máquina do tempo.

Pensando assim, não é por acaso que a força das mulheres tem sido e será fundamental no enfrentamento a Bolsonaro, sobretudo, a todo retrocesso que ele representa.  São as mulheres e os gays com sua castração à mostra que Bolsonaro teme, e com razão. Nós mostramos aquilo que ele não suporta deixar aparecer, daí sua postura sempre arrogante e agressiva, ou usando a autoridade de Deus como se o tivesse a tiracolo. É por isso que, mesmo rasgado e cortado no real do seu corpo, ainda no hospital, ele mostra os dedos em riste, a dizer que a castração não se deu, que ele continua fálico, poderoso e forte.

Fonte: https://bit.ly/2Iq9ctb

Talvez o feminismo nunca tenha sido tão urgente por aqui. Não o feminismo de regras e protocolos de comportamento, mas o feminismo de verdade, que é aquele que diz: “somos todos castrados” – homens e mulheres – portanto, ninguém será adorado ou respeitado simplesmente por erigir um falo, ainda que ele venha travestido de prepotência, promessa de leis mais rígidas ou porte de arma. Afinal, ninguém mais do que as mulheres e os gays sabem o que homems como Bolsonaro podem fazer tendo o poder nas mãos. Não pode haver medo suficiente que nos leve a sustentar um sujeito desses liderando nosso país. E quem sabe nosso voto, dessa vez, amadureça e avance para a escolha de alguém que nos represente, e não de alguém que cuide de nós?

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Na hora de votar, seja um vencedor contra a corrupção

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Meu amigo eleitor

Escrevo esse cordel

Num ano em que o povo

Cumpre um honroso papel

Ansiando insistente

O momento em que a gente

Se alegra ou bebe fel.

O momento em que uns moços

De uniforme dourado

Representam nosso sonho

No presente e no passado

De ser campeão do mundo

O desejo mais profundo

Que já vimos alcançado.

Afinal, já somos penta

O país do futebol,

Nenhuma nação no mundo

Detém tão brilhante rol

De conquistas alcançadas

Vitórias tão celebradas

Faça chuva ou faça sol!

Tais vitórias são a mostra

Da tal criatividade

Que o povo brasileiro

Seja no campo ou na cidade

Demonstra quando precisa

E ninguém lhe dá a pisa

Garante tranquilidade.

Mas houve um tempo mau

Em que o país varonil

A grande pátria querida

Que chamamos de Brasil

Viveu dias mui sombrios

De cidadania frios

De pólvora em barril.

A alegria do povo

Só se dava no gramado

Onde nossa euforia

Contrastava um bocado

Com as torturas sangrentas

Sobremodo violentas

De jovem inconformado.

Os militares vieram

E saíram dos quartéis

Os tenentes, os majores,

Capitães e coronéis,

 Mataram a mocidade

Que queria a verdade

Do canto dos menestréis.

O canto de todo artista

Foi por eles censurado

Falar o que pensava

Era risco endiabrado

De um dedo-duro falar

Totalmente te ferrar

E tu ir engaiolado!

Mas, hoje, estamos livres

E o canso insistente

Da torcida brasileira

Antecede o batente

Da campanha eleitoral,

Depois, para bem ou mal,

Votamos pra presidente.

As Câmaras do Congresso

Tem sua renovação

De acordo com o voto

Dado pelo cidadão

Câmaras estaduais

Com muitos “vivas” ou “ais”

Sentem a transmutação.

 

(Deixa uma explicação

Eu aqui pronunciar

Câmara estadual

Assembleia vais chamar

Pois a métrica do verso

Me jogou em um reverso

Que eu tive que driblar!)

 

O voto é importante

Porque para funcionar

A nossa sociedade

Alguém precisa mandar

Que pelo povo eleito

Deve fazer o direito

De nossa nação cuidar.

 

Assim deveria ser

Desses nossos governantes

Desses nossos deputados

Que são os representantes

Por nosso povo eleitos

Para serem verdadeiros

Exatos, certos, brilhantes.

Só que a realidade

É infame e diferente

Candidato troca voto

Por tratamento de dente

Numa botina lustrada

A farra é consumada

De maneira inclemente.

E assim o nosso povo

É de novo derrotado

Pela tal corrupção

Pelo jeito tão errado do tempo eleitoral

Que se mostra o sinal

Do mal que tem se achegado.

E lá vai a cesta básica,

E o voto vem chegando,

Olha uma dentadura

Pelo voto se trocando,

Olha o povo azarado,

Com o direito negado,

Desespero assustando…

Saiba que quem vence a luta

Pelo espaço do poder

Nunca é o povo pobre

Enquanto não aprender

Que essa corrupção

Destrói a nossa nação

Não deixa nada crescer.

A vitória do país

Desta enorme nação

Vem da nossa consciência

Comandando a ação

O voto não mais vender

A consciência crescer

Produzindo a benção.

Chamo agora o povo pobre

Que venha se levantar

E nas suas mãos cansadas

De sofrido batalhar

Tome a rédea da história

E acabe com a esbórnia

Dos bandidos a reinar!

Dê voto com consciência

Não se deixa enganar

Pois quem compra o seu voto

Não irá se importar

Se a escola tá caindo

Pela reforma bramindo

Ele vai ignorar.

Ou então, quando a obra

Esse tal mandar fazer

Aproveita para a verba

Dentro do bolso meter

Porque ele é ladrão

Não tem consideração,

Por você, nunca vai ter!

Craque na cidadania

Tu precisas te tornar

Hábil como um Pelé

De precisão para driblar

Toda promessa vazia

Que de noite e de dia

Vem para te atentar.

Seja tu um Ronaldinho

Ou Robinho para votar

Em político honesto

Não queira desperdiçar

Em candidato fuleiro

Esse brado verdadeiro

Que na urna tu vais dar.

Brasil, país da alegria

O país do futebol

País que é maltratado

Pelo grande besteirol

Que é promessa vazia

Que tal vômito em pia

É falta de “cimancol”!

Meu país que tanto sofre,

O povo pode mudar

Essa história tão triste

Que nos faz todos

Penar que causa a comoção

E grande perturbação

Nos faz sofrer e chorar.

Meu país, se o povão

Vive para se esforçar

Decide que não quer mais

Sob engano se arrastar,

Saiba que a solução

Terá chegado, então,

Poderemos festejar.

Cidadão e cidadã,

Que estas setilhas leu,

Agradeço a atenção,

Mas peço um favor teu:

Dê o voto consciente

E coloque em sua mente

O que de mim entendeu.

Ilustração: Hudson Eygo

Transcrição: João Victor Morita

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Mulheres: não apenas o voto, mas a vitória

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O planeta estava em desordem, em chamas, em completa desarmonia, mas elas estavam lá firmes e fortes. Não havia trégua para os homens naquele momento, porém elas nunca tiveram. Sim, o mundo estava em guerra, mas e daí? Em meados de 1930, enquanto os soldados se escondiam nas trincheiras, as mulheres lutavam bravamente por seus direitos.

Em entrevista ao site Observatório de Gênero, a professora do Departamento de História da Universidade de Brasília, Tania Swain, citou a importância do voto feminino.  “Em tese, [o direito ao voto] representa a não discriminação do feminino no processo político, pois as mulheres podem não apenas votar, como serem votadas. Representa igualmente levar em conta as reivindicações das mulheres no quadro socioeconômico do País e sua intervenção na elaboração de políticas públicas específicas e globais”, disse.

O direito da mulher ao voto piorou o mundo? Saiba mais. http://www.youtube.com/watch?v=S_kS13l6xvw

 Concurso Público: a saída para entrar na história

 Ao longo dos anos, vimos o crescimento da participação da mulher no mercado de trabalho e a legitimação da importância do seu papel para a sociedade. Em 1975, o predomínio era masculino, porque as mulheres ainda ficavam em casa cuidando dos filhos e do lar. Mas nem todas.

Vinda de família pobre, a curitibana Elsa Marinho de Souza, hoje aposentada, sentiu no concurso público a oportunidade de abrir seus horizontes e melhorar sua qualidade de vida. “Eu já sabia o que era um concurso, porque eu era estagiária no serviço público, tinha noção da importância de se fazer. Mas nem fazia ideia do que era gratificação, a parte burocrática, isso eu fui aprendendo com o tempo”, conta.

 Diferente da maioria de suas amigas. “As garotas, naquela época, pensavam em trabalhar para ajudar os pais ou quem sabe para melhorar um pouco de vida, mas não se viam em cargos de grande importância nas empresas. É claro que uma vez ou outra acontecia da mulher alcançar um cargo de confiança, mas mais por experiência que competência”.

Elsa tinha apenas o ensino médio no currículo, mas chegou a ganhar em torno de 13 salários mínimos e viu sua vida mudar do dia para a noite ao passar no concurso do Instituto Nacional de Previdência Social (INPS). “Era um privilégio, me senti uma mulher diferenciada. Recebia o holerite e as portas se abriam de uma tal maneira […] Eu tinha algumas regalias. Chegava nas lojas, falava que era funcionária pública, podia comprar o que eu quisesse. Imagine, eu consegui financiar a minha casa por meio de um benefício dado pelo órgão que eu trabalhava”, vangloriou-se.

O mar de rosas tem seus espinhos

Oportunidade única, passar em um concurso parecia o paraíso, não fosse por uma velha questão: a casa e os filhos, quem cuidava? Mesmo ganhando bem, muitas mulheres não conseguiram driblar tal dificuldade. “A casa a gente dá um jeito, mas algumas colegas tiveram que sair, pedir demissão, porque não tinham com quem deixar o filho. E, às vezes, a família morava longe e elas eram forçadas a desistir do cargo. Neste quesito, fui abençoada, porque encontrei pessoas de confiança para cuidar dos meus filhos, além da minha família morar na mesma cidade”, concluiu.

“De homem invertido, a mulher passa a ser o inverso do homem, ou, sua forma complementar. Apesar disto, as consequências morais dela advinda, manteriam ainda a inferioridade da mulher no conflito entre as esferas pública e privada, no conceito neoplatônico científico e religioso do mundo e na importância da nova ordem político-econômica do novo estado burguês” – A Inocência e o Vício: Estudos Sobre o Homoerotismo (J.F. Costa, 1992)

Novos desafios e novas exigências

Trabalhar sob pressão, equipamentos que não funcionam e mau humor de chefes e colegas são os principais motivadores de estresse no trabalho. Este é o cenário que as mulheres tiveram que enfrentar desde que conquistaram mais espaço no mercado de trabalho. “A sociedade está cobrando muito mais das mulheres. Por elas terem uma maior participação, são tratadas igualmente aos homens. Se antes não havia, hoje sobram vagas. Se sobram vagas, sobram exigências também. Tendo mais exigências, obviamente, o estresse aumentou para elas”, disse a psicóloga Vanessa Turíbio.

Mulheres estressadas no trabalho ficam menos atraentes, diz estudo.

Segundo a Fiocruz, a profissão de operador de telemarketing, exercida, sobretudo, por jovens e estudantes, a maioria do sexo feminino, não tem legislação específica na Consolidação das Leis do trabalho (CLT). Estima-se que essa atividade movimente em torno de R$ 65 bilhões por ano no mercado nacional. Mas tantas cifras favoráveis ao telemarketing podem camuflar problemas relacionados a esse trabalho, como baixos salários e doenças ocupacionais, tanto físicas como psicossociais.

Para a atendente de telemarketing Aline Trindade, de 26 anos de idade, com sete meses de trabalho, os clientes confundem produtos e atendentes. “Me xingam e me comparam aos serviços da empresa. Dizem que o serviço está ao alcance de meu atendimento, proporcional. É humilhante. Nos culpam de tudo. Eu apenas represento e não determino regras”, desabafa.

A psicóloga Vanessa Turíbio afirma que o estresse deve ser tratado com atividades, exercícios físicos  e tudo aquilo que faça esquecer o mundo do telemarketing. Caso o contrário, as consequências podem ser graves. “O cansaço e o estresse permanente, a impaciência quando somada à baixa auto-estima pode ocasionar doenças mais intensas como a depressão que traz danos à saúde”, concluiu.

Fontes:

Masculinidade na história: a construção cultural da diferença entre os sexoshttp://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1414-98932000000300003&script=sci_arttext

A Inocência e o Vício: Estudos Sobre o Homoerotismo (J.F. Costa, 1992)http://www.unimep.br/phpg/editora/revistaspdf/imp26art13.pdf

Direito ao voto feminino http://www.observatoriodegenero.gov.br/menu/noticias/direito-ao-voto-feminino-que-completa-hoje-80-anos-resultou-de-um-longo-processo-de-mobilizacao/

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