Zeus – O Senhor do Olimpo

Zeus é a divindade suprema dos gregos. Seu nome significa: “o deus luminoso do céu”. Pai da maioria dos deuses, era o grande regente do Olimpo a quem todos os deuses respeitavam. Senhor dos raios e de tudo que se refere à atmosfera. Seu representante romano é Júpiter e eu representante africano é Xangô.

A estátua de Zeus em Olímpia foi construída no século V a.C. por Fídias, em homenagem ao rei dos deuses gregos — Zeus.

Zeus é filho de Cronos e Réia, sendo o filho mais novo de seus irmãos. É comumente retratado como marido da deusa Hera, tendo como ela incontáveis desavenças devido as suas traições.

Jupiter and Juno – Frans Christoph, data desconhecida.

Devido as suas inúmeras aventuras eróticas foi pai de vários deuses como: Ares, Hermes, Dioniso, Apolo, Artemis, Atena e Perséfone. Foi também pai de vários heróis e semideuses como: Heracles, Perseu, Helena, Minos e também das Musas.

Para compreendermos o mito e o arquétipo de Zeus é importante compreendermos seu pai Cronos.

Cronos teve seis filhos com Reia: Héstia, Demeter, Hera, Hades, Posseidon e Zeus, mas temendo ser destronado por um de seus filhos, assim como seu pai Urano foi, passou a engoli-los. E infelizmente se converte em tirano ainda pior que seu pai.

Quando Zeus estava prestes a nascer, sua mãe Reia procurou Gaia e concebeu um plano para salvá-lo, para que Cronos fosse punido por suas ações contra Urano e seus próprios filhos. Reia deu à luz a Zeus na ilha de Creta, e entregou a Cronos uma pedra enrolada em roupas de bebê, que ele prontamente engoliu.

Zeus foi escondido por Gaia nas profundezas de um antro inacessível, nos flancos do monte Egéon. Lá ele foi amamentado pela cabra Amaltéia, que ao morrer foi transformada em uma constelação por Zeus.

Atingida a idade adulta, Zeus tendo-se aconselhado com Métis, a Prudência, que lhe deu uma droga à qual levou Cronos a vomitar os filhos que havia engolido. Apoiando-se nos irmãos e irmãs, devolvidos à luz, Zeus, para se apossar do governo do mundo, iniciou um duro combate contra o pai e seus tios, os Titãs.

De acordo com esse mito vemos que o deus dos raios e dos trovões se preparou desde a infância para assumir o governo do mundo. Pois conforme Brandão (1986):

“Zeus veio ao mundo na matriarcal ilha de Creta e, de imediato, foi levado por Géia para um antro profundo e inacessível. Trata-se, claro está, em primeiro lugar, de uma encenação mítico-ritual cretense, centrada no Menino divino, que se torna filho e amante de uma Grande Deusa. Depois, seu esconderijo temporário numa gruta e o culto minóico de Zeus Idaîos, celebrado numa caverna do monte Ida, têm características muito nítidas de uma iniciação nos Mistérios.”

Sabemos pelos mitos e contos de fadas que o rei é um representante direto do Self, um princípio divino na consciência coletiva e que deve ser renovado constantemente. Isso ocorre quando as qualidades positivas da consciência, como a continuidade, perdem o contato com a corrente irracional da vida e tendem a tornar-se mecânicas. Por essa razão pode-se dizer que esse símbolo tem necessidade de renovação constante, de compreensão e contato, pois, de outro modo, corre o perigo de se tornar uma fórmula morta — um sistema e uma doutrina esvaziados de seu significado e tornar-se uma fórmula puramente exterior (Von Franz, 2005).

Cronos e Urano eram pais devoradores e castradores. Tudo o que simbolizava nova vida era por eles removido. Cronos como filho não conseguiu se livrar dessa maldição familiar e perpetuou-a em sua atitude.

Zeus então representa uma renovação na ideia e concepção da paternidade. Ele quebra uma maldição e acaba sendo o representante de ideais espirituais mais elevados.

Após a batalha contra os Titãs, Zeus dividiu o mundo com seus irmãos mais velhos: Zeus ficou com o céu e o ar, Posseidon com as águas e Hades com o mundo dos mortos (o mundo inferior). A antiga Terra, Gaia, não podia ser dividida, e, portanto ficou para os três, de acordo com suas habilidades – o que explica porque Posseidon era o “sacudidor da terra” (o deus dos terremotos), e Hades ficava com os humanos que morreram.

É digno de nota que Zeus não dividiu nada com suas irmãs mulheres e ainda se apossa da Terra, Gaia, simbolizando o início do patriarcado com suas leis, normas e princípios espirituais. Tanto que Hera sua esposa, que antes era uma Grande Mãe não possuía o mesmo poder que o marido, sendo renegada a função de esposa.

Suas inúmeras conquistas amorosas mostram que Zeus era um deus da fertilidade, fruto de sua iniciação dentro do interior da Terra.

Além disso, ele é o deus dos fenômenos atmosféricos, o qual é responsável por derramar as chuvas, por isso que dele depende a fecundidade da terra. Essas uniões de Zeus refletem claramente a união de um deus dos fenômenos celestes, com divindades telúricas, da Terra. Simbolizando a união do racional com o irracional, caos e ordem, consciente e inconsciente.

Podemos afirmar então que Zeus é o arquétipo do chefe de família patriarcal. Representando a luz da consciência, enquanto deus do relâmpago, e do espírito e da inteligência racional. Ele simboliza a cólera celeste, a punição, o castigo caso a autoridade seja ultrajada. É a fonte de justiça, da lei e das normas.

Mas como todo arquétipo, esse também possui seu lado sombrio. O temor de que sua autocracia, sua dignidade e seus direitos não fossem devidamente acatados e respeitados tornaram Zeus extremamente sensível e sujeito a explosões coléricas, não raro calculadas (Brandão, 1986).

Portanto esse arquétipo simboliza também o sentimento de inferioridade intelectual e moral que pode transforma o individuo em um ser autoritário e hipócrita. Mas também simboliza nossas aspirações mais elevadas, nosso código de ética interno, nossa autoridade interna e nossa capacidade de criação de nova vida.

Referências:

BRANDÃO, J. S. – Mitologia Grega – vol I. Petrópolis: Vozes 1986.

SHAMAN-BURKE, J. & GREENE, L. – O Tarô Mitológico. 27 edição. São Paulo: Arx. 2003.

VON FRANZ, M. L. A interpretação dos contos de fada. 5 ed. Paulus. São Paulo: 2005.

Psicanalista Clínica com pós-graduação em Psicologia Analítica pela FACIS-RIBEHE, São Paulo. Especialista em Mitologia e Contos de Fada. Colaboradora do (En)Cena.