Violência intergeracional no mercado de trabalho

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Segundo Bellak e Abrams, a expectativa de vida tem aumentado a proporção de indivíduos idosos em todo o mundo, devido aos avanços da medicina, incentivo à prática de esportes, incentivo à alimentação saudável e à conscientização acerca dos malefícios do uso de álcool e tabaco (Bellak & Abrams, 1997). No Brasil, cerca de 15,6% da população atual é formada por idosos, segundo o censo de 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), sendo que esse dado demonstra a presença de longevidade na sociedade brasileira e aponta para a necessidade de providências que garantam infraestrutura de atendimento a essa população.

O envelhecimento populacional global traz novas demandas políticas, sociais e econômicas, afetando o mercado de trabalho com o aumento de idosos na População Economicamente Ativa (PEA). Isso requer mudanças nas organizações, como jornadas flexíveis, condições ergonômicas adequadas e estratégias para combater o ageísmo. Países desenvolvidos, como Dinamarca e Canadá, têm se preparado melhor para essa realidade, adotando medidas como o aumento da idade de aposentadoria, enquanto o Brasil ainda carece de políticas efetivas nesse sentido.

O crescimento da população idosa também está associado ao aumento da violência contra esse grupo, que ocorre em diferentes contextos, inclusive no ambiente de trabalho. Essa violência pode gerar impactos negativos na saúde física e emocional dos idosos. No mercado de trabalho, as políticas focadas no lucro e na redução de custos têm contribuído para a exclusão e a violência intergeracional.

Idosos enfrentam violência devido ao despreparo das empresas para lidar com essa faixa etária. Um estudo holandês revelou que, embora a presença de idosos no mercado esteja crescendo, as empresas ainda não estão adaptadas para gerenciar as demandas intergeracionais. A gestão de recursos humanos frequentemente perpetua estereótipos negativos, considerando os idosos pouco produtivos, o que limita suas chances de emprego e continuidade profissional.

Nos Estados Unidos, o preconceito contra a capacidade de aprendizado dos idosos também compromete sua permanência no trabalho. Isso reforça a importância de as empresas combaterem a discriminação etária e promoverem o intercâmbio de conhecimento entre gerações. No Brasil, mesmo entre empresas reconhecidas por boas práticas de gestão, faltam incentivos à contratação de idosos, além de ambientes de trabalho adaptados e cuidados específicos em planos de saúde, caracterizando essa negligência como uma forma de violência estrutural contra esses profissionais.

A crescente participação de idosos no mercado de trabalho ressalta a necessidade de as empresas se adequarem às demandas desse público. No entanto, o despreparo organizacional

e a propagação de estereótipos, que enxergam os idosos como menos produtivos e com dificuldades de aprendizado, resultam em discriminação e exclusão. Esse tipo de violência se manifesta na falta de políticas inclusivas, assim como na ausência de condições adequadas de trabalho e assistência à saúde. Para reverter esse quadro, é crucial que as empresas implementem ações que combatam o preconceito etário e promovam a interação saudável entre diferentes gerações, oferecendo igualdade de oportunidades a todos.

Referências

BELLAK, L.; ABRAMS, D.M. The T.A.T, the C.A.T., and the S.A.T. in clinical use. Sixth edition. [S. l.: s. n.], 1997.

BATISTA, R. L.; TEIXEIRA, K. M. D.. O cenário do mercado de trabalho para idosos e a violência sofrida. Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia, v. 24, n. 6, p. e210022, 2021.

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