Luís Alberto fala sobre a importância da atividade física

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Praticar atividade física nem sempre é uma tarefa fácil, embora entenda-se que através dessa rotina é possível viver com maior qualidade de vida. Geralmente as pessoas têm vivido dias com muita demanda, onde para alguns é impossível encaixar um horário que consiga praticar um esporte, e realizar uma atividade física. Então acabam tornando-se pessoas sedentárias, com indisposição, ocasionando diversas doenças, incsive a mental.

Falando sobre atividade física e seus benefícios, o Encena entrevista o Profissional de Educação Física Luís Alberto Parra, 40 anos, esposo, pai. É egresso do curso de Educação Física da faculdade ULBRA/PALMAS, onde compartilha algumas experiências de pessoas no seu trabalho e de clientes que ele os acompanha como personal e as mudanças que as pessoas alcançam tanto no corpo quanto na maneira de agir e pensar.  

No contexto profissional, atualmente Luís Alberto atua como (Personal trainer tanto de adulto quanto crianças), Professor de Futebol na Academy Santos Palmas, empresário dono da empresa Mega Recreação Esportiva, tendo como ênfase pessoas que buscam mais qualidade de vida por meio da atividade física, ressaltamos que para um bom treino as pessoas tem que ter uma boa orientação.

Pela empresa Mega Recreação Esportiva realizamos eventos de recreação em aniversários, confraternizações, onde buscamos resgatar as brincadeiras antigas, e em especial as crianças e adolescente tenham uma melhor interação.  

(En)Cena – Em seus relatos, é possível perceber que fez parte de uma geração onde era possível brincar na rua, de bola, pega-pega, queimada, esconde-esconde, pular corda, telefone sem fio, jogo da velha, bolinha de gude, e tantas outras brincadeiras. Você acredita que essas brincadeiras promovem saúde para o corpo e para a mente?

Luís Alberto – Com certeza, as brincadeiras de rua de antigamente tinham também um enorme benefício, era a socialização entre as crianças, promovendo ainda benefícios à saúde física e psíquica. Através das brincadeiras era possível desenvolver amizades onde muitas perpetuam até os dias atuais.    

(En)Cena – Luís Alberto na sua infância você vivenciou brincadeiras saudáveis e atualmente se vê utilizando como um instrumento de trabalho. 

Luís Alberto – Sim, inclusive em nossa empresa Mega Recreação Esportiva trazemos a essência dessas brincadeiras com o intuito de movimentar o corpo, trazer socialização e promover saúde psíquica aos participantes.

(En)Cena – Qual a sua percepção sobre as crianças e jovens e a maneira que se envolvem com as brincadeiras recreativas em eventos? Elas participam ou possuem alguma dificuldade para sair das telas e entrar no clima recreativo? 

Luís Alberto – Atualmente a maioria das crianças e dos adolescentes tem ficado muito tempo diante das telas, sendo na tv, tabletes ou celulares, e com isso vem aumentando o sedentarismo nesta faixa etária. Mas quando participam de eventos têm uma interação excelente, não havendo dificuldade de entrosamento dos participantes. 

(En)Cena – Luís Alberto, conta pra gente como foi a sua escolha em trabalhar como Educador Físico?

Luís Alberto – Na verdade eu fui escolhido por essa profissão, na época do vestibular foi a única opção, pois eu tinha que trabalhar durante o dia e estudar a noite, em meu primeiro dia de aula, era o único que não praticava algum esporte, todos faziam: karatê, vôlei, jogavam futebol, basquete  e etc… No entanto fui agraciado em cada aula como era um curso maravilhoso e fui me apaixonando pela educação física e pelo que poderia fazer pelas pessoas e também por mim.

(En)Cena – Há quanto tempo está atuando nessa área, e como foi a sua jornada acadêmica?

Luís Alberto – Estou atuando há 15 anos, a jornada acadêmica foi momentos de muitas descobertas, sofrimentos, vontade de desistir, medos, frustrações e conquistas. Sustos em minha primeira apresentação na frente da turma, susto na primeira vez em contato com um cadáver. Foi também onde descobri o dom de conquistar uma turma com média de 40 alunos de uma sala de aula, descobri os folgados que só queriam fazer trabalhos em grupo para poder não fazer nada, e descobri também o grande coração de alguns colegas acadêmicos que estendiam as mãos para ajudar o próximo, tínhamos uma parceria muito boa com algumas pessoas.

(En)Cena – Quais são os maiores desafios enfrentados pelo educador físico?

Luís Alberto – Mão de obra sem qualificação, infelizmente alguns colegas não buscam melhorias para sua profissão, não buscam se aperfeiçoar e com isso o valor da hora aula que poderia ser bem melhor acaba sendo um valor que não é justo para o Professor. Dentro das escolas temos um grande desafio que é ter apoio para participar de jogos, outro grande desafio é a desunião de muitos colegas.

(En)Cena – Seu trabalho é focado em alguma área específica?

Luís Alberto – Hoje trabalho como Personal Trainer, temos uma empresa de Recreação Lazer e atividade física, onde atuamos com treinamento físico, grupos de corridas, ginástica laboral.

(En)Cena – Tem idade correta para iniciar alguma atividade física?

Luís Alberto – Quanto antes começar a fazer uma atividade física melhor, as pessoas terão mais benefícios quando estiverem na fase adulta. Atividade Física sobre uma boa orientação é fundamental.

(En)Cena – Qual a importância da atividade física para a saúde mental?

Luís Alberto – Tem uma importância fundamental, ela ajuda a reduzir o estresse, a ansiedade, a depressão e também melhora o humor. Além disso, ela pode aumentar o bom humor, a confiança e elevar os níveis de energia e ainda melhora a memória.

A atividade física é importante para manter a saúde física e mental o que é importantíssimo para o bem estar físico e mental

 (En)Cena – Você atende ou já atendeu pessoas que buscam ou buscaram praticar atividade física para o controle da ansiedade?

Luís Alberto – Sim, com a prática da atividade física a pessoa consequentemente irá melhorar a autoestima, reduzir o estresse, a ansiedade, diminuindo ataques de pânicos, pois a atividade física auxilia no relaxamento proporcionando uma melhora em relação aos sintomas da ansiedade. 

(En)Cena – Existe alguma diferença entre atividade física e exercício físico? Qual o mais indicado para quem busca saúde para a mente?

Luís Alberto – Atividade física é qualquer movimento corporal que promove um gasto energético maior do que se o corpo estivesse em repouso. Já o exercício físico é uma atividade física mais planejada e estruturada de acordo com um objetivo.

Procure um Professor de Educação Física pra passar um exercício físico de forma planejada e de acordo com sua necessidade

(En)Cena – O atendimento para o público que você atende é feito de forma individual e em grupo?

Luís Alberto – Temos atendimento individual e coletivo.

(En)Cena – Luís Alberto, de acordo com a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS, 2020), apresentou que no Brasil mais da metade dos adultos apresentam excesso de peso, e segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) uma pesquisa apontou que o Brasil tem a população mais ansiosa do mundo, você acredita que existe relação com o sedentarismo?

Luís Alberto – Acredito que todos esses problemas estão interligados, pois excesso de peso em alguns casos vem com a ansiedade, pois a pessoa ansiosa tem a tendência a esta toda hora comendo e isso vai se tornando  um hábito, e com o excesso de peso vem o sedentarismo e outras doenças.

(En)Cena – Qual mensagem você deixa para os nossos leitores?

Luís Alberto – Pratique atividade física, aproxime se de quem tenha esse hábito, participe de um grupo de corridas, de trilhas, jogue bola com seus filhos, ande com seus cachorros, deixe o carro, a moto um pouco em casa, precisamos ter mais hábitos saudáveis, precisamos deixar a tecnologia um pouco de lado e aproveitar mais a vida.

 

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“Elsa e Fred, um amor de paixão” e a relação com os arquétipos puer-senex

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O filme Elsa e Fred um amor de paixão foi lançado em 28 de julho de 2005, na direção de Marcos Carnevale, um filme argentino, que traz uma reflexão fazendo com que o público tenha um olhar e maneiras que pode ser encarado a terceira idade. O filme aborda a história de dois senhores, sendo que Fred vivia uma solidão, desde o falecimento de sua esposa. 

Devido à tristeza de Fred, por influência de sua filha, mudou-se de casa. Logo conhece a nova vizinha, Elsa, que vai até ao apartamento dele para entregar um cheque devido a um estrago no carro. Alfredo não aceita o cheque. Então se inicia uma nova amizade que após começam a namorar. Fred com o seu jeito conservador começa a namorar uma mulher disposta a viver os padrões fora do comum. 

A história vivida pelos dois personagens envolve os arquétipos de uma maneira intensa. Ao assistir ao filme é possível ativar os arquétipos que possuem relação com imagens arquetípicas emitido de alguma forma padrões universais. Elsa possui um espírito jovial e gosta de aventuras, e Fred mais apático, sendo indiferente às situações em que estava vivendo. 

Elsa com 75 anos, e Fred com 80 anos, ambos na terceira idade, procuram viver um romance entendendo que não existe a expressão “tarde demais” para amar e sonhar. O amor e os sonhos são capazes de impulsionar uma pessoa para continuar sua jornada. Quando um indivíduo deixa de sonhar ou amar perde o combustível para prosseguir. 

De acordo Jung (2007), o querer viver e o querer morrer estão intimamente ligados, pois quando uma pessoa não aceita vivenciar a plenitude da vida, certamente também não aceitará o seu fim. Quando gera uma reação evolutiva em uma pessoa, é possível notar uma aceitação da passagem do tempo, englobando as fases boas, e as fases ruins encara com um refinamento da personalidade.

É possível observar os personagens do filme Elsa & Fred. Ambos conseguem expressar os arquétipos puer-senex e a maneira como vivenciam essas imagens arquetípicas nesse romance. 

No filme, o personagem Fred representa o arquétipo do senex representando um distanciamento do puer e a forma em que muitos vivenciam a velhice de maneira negativa. Fred viveu uma vida durante 40 anos, na mesma casa, com a mesma esposa, trabalhando no mesmo local, e se dedicando só à família.  

O que muito parece é que Fred nunca cometeu deslizes em sua vida e jamais pensou em viver algo promíscuo. Ao ficar sem a sua esposa, Fred possuía uma condição financeira boa, porém deprimido, passivo, vivendo na dependência das orientações da filha. Mesmo tendo boas condições, ele era pobre, pois não tinha o maior valor da vida, entendendo os processos da velhice.

Embora Elsa tenha também características de inconsequentes, foi uma pessoa que viveu o arquétipo do senex que não se distanciou do puer seus dias felizes, procurando aproveitar o hoje, executando seus planos, buscando aprimorar sua personalidade. Concedendo voz a sua alma, ela vive dias mais leves. 

Criatividade, amável, afetuosa, eram as qualidades de Elsa, pois não tinha recursos financeiros próprios. Vivia na dependência de um dos filhos considerado bem sucedido, e possuía mais um filho que era artista sem reconhecimento dependendo dela para sobreviver. Apesar de depender financeiramente do filho, continuava mandando em si, não obedecendo ao filho. Demonstra através da sua vida que o maior bem que um ser humano pode alcançar é a saúde mental.   

Fred sendo um velho senex, em conversa com Elsa, descobre um sonho que ela possuía ao visitar a Fontana di Trevi. Ela também vai se envolvendo e fazendo descobertas da vida de Fred, como era a relação dele com a esposa falecida, se viviam felizes. Percebendo o quanto Fred era tristonho, o incentiva a viver uma simples rotina, mas que seria capaz de trazer mudanças à vida. Certo dia, Elsa vai à casa de Fred, para saborear um licor juntos, ela toca um piano, eles ressaltam sobre o surgimento de uma amizade rara ou um novo relacionamento. 

Elsa demonstra que a sua vida se parece com um rio, não se arrependendo do que passou não se preocupando com o amanhã, vivendo somente o presente e deixando fluir livremente, sem muitas cobranças. Ela não compartilhava com ninguém sobre a sua doença, pois todas as semanas que saía para fazer hemodiálise, dizia que ia tomar chá com as amigas. 

O arquétipo do puer foi fundamental na vida de Elsa, pois traz vitalidade, sabedoria para aproveitar as possibilidades que o momento presente oferece e para ser feliz com isso. Fred, que não tinha nenhuma doença grave, estava sempre cheio de remédios e só falava em doença e morte. Ele não está doente, mas é um homem doente, operando fortemente o arquétipo do senex.

No início do filme Fred muito sozinho, ficava sempre com o seu cachorro, e uma grande cumplicidade com o seu neto. Mas com Elsa entrando em seu caminho, mostra a ele como é viver sem rotina, experimentando algo novo e simples a cada dia. Certa noite ela o convida para um jantar em um dos melhores restaurantes de Madri, mas o assunto que Fred encontrava para falar era sobre o ácido úrico, e colesterol. 

Elsa o exorta para que aproveite a vida, pois ela levava a vida como uma eterna adolescente. Diante da conta de um valor muito elevado ela sugere que saiam do restaurante sem pagar. Fred passa mal por ter feito uma loucura dessa pela primeira vez, tendo que procurar um médico. Elsa pede desculpas pelo excesso, acontece o primeiro beijo e dormem juntos pela primeira vez. 

Fred foi mudando aos poucos, tendo mais autonomia, podia detectar a intrusão da filha e fazer restrições a ela, por exemplo, entrar em casa ou tocar a campainha sem avisar. Diante de tantas mudanças em seu pai, sua filha perguntou se ele havia decidido morrer, e ele respondeu com firmeza que finalmente havia decidido viver, como Chaplin diz: “o homem não morre quando deixa de viver, mas sim quando deixam de amar” Eles viviam uma vida simples todos os dias: andavam de bicicleta, cantavam, iam ao parque, comiam biscoitos, namoravam nos bancos da praça, jantavam a luz de velas e dançavam.

Elsa como sempre intensa, ao apresentar Fred à família assumindo-o como namorado, é repreendida, recebendo julgamentos, ela simplesmente diz: Avante que a vitória é nossa!

Fred, certa vez a encontrou fazendo hemodiálise e tentou compreender melhor sobre a doença com seu amigo médico. Quando soube da gravidade do estado dela, decide então realizar o sonho de Elsa, que era visitar a Fontana di Trevi. 

Ele comprou a passagem, e deixou apenas uma carta para a filha dizendo que gostaria de investir na felicidade, pois na vida existem coisas que não tem preço. Em Roma, curtiram todos os lugares possíveis, visitando principalmente a Fontana di Trevi e ela o encorajou a entrar na fonte, e disse a ele que o amava mais do que nunca.

O filme termina com ele indo ao cemitério com o neto, levando flores para o túmulo dela, vivendo de maneira diferente da primeira esposa. Dessa vez entendendo os processos, não havendo tristeza, mas guardando apenas as boas recordações vidas juntos. O neto de Fred ao ler a data do nascimento que estava no túmulo, ele sorri e a chama de “caloteira” por ter o enganado.  

O filme relata através dos personagens a maneira que escolhemos para viver e demonstram através dos arquétipos quais podem definir a vivência das pessoas. Fred com o seu modelo limitador e repleto de proibições do velho senil, ou Elsa seguindo um modelo criativo e evolutivo, demonstrando que possui domínio sobre a sua vida, apesar de estar vivendo na maturidade, não perdeu o brilho, a alegria, disposição, que fazem parte das características do puer, mostrando uma imensa virtude para deixar as coisas no passado e ir à busca do novo, 

De acordo com Hillman, (2001), que ao envelhecer as pessoas consigam manter o vigor, criatividade, habilidade, vivendo dentro dos limites possíveis que a vida pode proporcionar. Entendendo que as pessoas são periódicas, cada um possuindo seu ritmo e vivenciando seus processos. 

REFERÊNCIAS

Elsa & Fred (2005). Filme. Direção de Marcos Carnevale. Espanha/Argentina: Imagens Filmes.

HILLMAN,J. (2001). A força do caráter e a poética de uma vida longa. Rio de Janeiro: Objetiva.

JUNG, C. G. [s.d.] A energia psíquica. In: Obras completas de C. G. Jung, vol. VIII/1. 9. ed. Rio de Janeiro: Vozes, 2007.

MONTEIRO, Dulcinéia Da Mata Ribeiro (Org.). Puer-Senex: dinâmicas relacionais. 2ª edição, Petrópolis, RJ: Vozes, 2010.

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Psicologia: O que me levou a trilhar por esse caminho?

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            Fonte: imagem retirada em Pixabay

2019 foi um ano que iniciou de maneira muito difícil. No dia 20 de janeiro tive a terrível experiência de poder entrar para a estatística das pessoas que vivenciam um luto. Percebi que ao perder quem nós amamos, nos tornamos muitas das vezes pessoas sem chão, não conseguindo nem mesmo firmar nossos passos.

E foi assim o meu primeiro semestre daquele ano, não conseguia cumprir minhas metas pessoais, profissionais e nem enxergar de que maneira conseguiria levantar-me daquela situação. Viver o processo de perdas significativas sempre foi uma tarefa muito difícil para mim.

Vivenciar a partida de uma pessoa que era minha amiga, irmã, companheira para todas as aventuras, e saber que não poderia mais abraçá-la, fazer nossas sopas de ervilha, nosso Natal não seria o mesmo sem a presença dela, tudo isso me consumia dia após dia.

Foi em agosto do mesmo ano, em um acampamento de família que vi um anúncio sobre o curso de psicologia da Ulbra/Palmas, e estabeleci para minha vida o início de um novo ciclo. Diante da minha dor do luto, decidi buscar armas para lutar.

Encarar uma segunda graduação, após 12 anos longe de uma sala de aula, diversos sentimentos me definiam como: a insegurança, medo, cansaço, e tantos outros que não consigo nomear.

Os meses foram passando, e pude ver o que jamais imaginei presenciar nos telejornais, redes sociais. Pessoa a nível mundial morrendo por um vírus, muitas famílias sofrendo dor por uma perda irreparável, que não tinha volta.

Eram idosos, jovens e crianças, não fazia escolha de raça, classe social, profissão, mas ia pouco a pouco alcançando a humanidade e de maneira trágica fomos vendo o ciclo fechando e pessoas conhecidas partindo deixando um enorme vazio.

Comecei a compreender que o luto é algo público, em algum momento da vida todas as pessoas passam ou passarão por esse processo. Uns sofrem mais, uns expressam sua dor, chora intensamente, fala sobre o ocorrido, outros nem gostam de tocar no assunto.

Mas isso não significa que não estão vivenciando esse processo, pois cada um possui uma singularidade, expressões, maneiras e costumes diferentes. Assim como nossa impressão digital, assim também são as nossas reações.

Então comecei a encarar minha vida acadêmica com coragem e determinação, vivendo meus processos, buscando conciliar as demandas de casa, os filhos, esposo, mas sempre tentando realizar da melhor forma possível, priorizando o que é necessário e vivendo um dia de cada vez.

Gosto de ler assuntos que envolvem saúde mental, perdas significativas, seja artigo, livros, histórias e observo como as pessoas lidam diante das perdas. Desde os antepassados, perder gera os mais variados tipos de sentimentos na humanidade, mas quase sempre diante de uma perda as reações são as mais diversas.

Seja o fim de um relacionamento, uma empresa que não conseguirá mais manter-se aberta, pessoas que possuíam o nome sem restrição e de repente tudo desmorona e faz parte da lista de negativados, um brinquedo tão especial que quebra, a morte de um animal de estimação, ou de um ente querido.

Buscar entender de que maneira o luto pode afetar a saúde mental, os tipos de luto existentes, sempre mexeu muito comigo. E foi aí que comecei a ter alguns insights de minha missão como futura psicóloga, e o campo que desejo fazer especializações.

Em 2021/1 tive o privilégio de cursar a disciplina de Processos Grupais, onde fizemos a elaboração de um pré-projeto com o nome de Grupo Terapêutico para pais em situação de luto, que me fez compreender mais sobre a dor de pais enlutados.

Quando um dos cônjuges falece, certamente o estado civil passará a ser viúva(o), os filhos ao perderem seus pais tornam-se órfãos, mas quando trata-se de pais que perdem filhos, não existe uma palavra que defina tamanha dor.

Então, em minha caminhada acadêmica no ano 2021/2 tive a terrível sensação de perda, e dessa vez era diferente, pois minha mãe estava viva, mas havia recebido um diagnóstico de C.A em alto grau. A minha sensação era de luto, por não entender o processo que teríamos que enfrentar.

Em dezembro do mesmo ano foi submetida a uma cirurgia. Em Março de 2022 iniciaram-se as radioterapia da minha mãe. Eu não me sentia muito bem, mas não reclamava, pois entendia que a dor da minha mãe era maior.

Nesse mesmo mês após sair de uma aula passei mal e fui internada e logo após submetida a uma cirurgia também suspeita de C.A. no ovário. Eram muitas incertezas dentro de mim, medo, preocupação com a minha mãe, pois era uma das fases mais críticas do seu tratamento.

Durante todo esse tempo fui obrigada a descansar minha cabeça em relação ao tratamento da minha mãe pois nós tínhamos papai que cuidava dela da melhor forma possível. Fazia a comida, levava-a para a realização das sessões de quimioterapia, exames e retornos médicos.

Logo eu já estava na ativa com meus trabalhos acadêmicos, e a minha rotina em busca do meu CRP. Contei com a ajuda de amigos que a faculdade me presenteou durante esse processo muito difícil.

Em agosto de 2022 entrei para o tão sonhado estágio específico em processos clínicos, aguardei muito por esse dia. Após uma semana de treinamento, atendi o meu primeiro paciente, e a noite tive a pior notícia da minha vida, meu pai havia nos deixado em decorrência de um infarto fulminante.

Naquela noite nada fazia sentido, a dor era terrível sem descrição, palavras não são capazes de descrever tamanha dor, por ver mais uma vez a partida de quem amamos. Os sentimentos são os mais variados, mas o que me marcou desde o primeiro momento foi a saudade.

No mesmo mês minha mãe foi submetida a nova cirurgia, estávamos lá novamente no hospital, mas agora em um nível mais pesado, pois aquele que era nosso porto seguro já não estava mais, e continuamos lutando e em luto.

Se eu pensei em desistir? Sim. Mas o que fez a minha caminhada tornar-se mais leve, e continuar minha jornada acadêmica foi o acolhimento do meu professor, supervisor, e mestre Sonielson Luciano Sousa, durante esse processo difícil em minha vida. A maneira que ele transmite através da sua vida uma frase de Jung que diz: “Conheça todas as teorias, domine todas as técnicas, mas ao tocar uma alma humana, seja apenas outra alma humana”.

Atualmente estou cursando o último período, a abordagem que escolhi para ter como base foi a teoria de Carl Gustav Jung, conhecida como psicologia analítica. Buscando compreender os arquétipos, a psique, o inconsciente coletivo e pessoal, e o processo de individuação, onde tudo isso faz muito sentido para mim.

Apesar das lutas, sinto-me em paz com os processos que tenho enfrentado, buscando viver dias mais leves, acreditando que o tratamento da minha mãe está sendo eficaz, lutando pelo meu objetivo que é a minha formação em psicologia.

Vale a pena viver o processo e não desistir diante das lutas. Mas se não der para caminhar, e por algum motivo estagnou. Não se culpe, faça o que der conta e estará tudo bem. Respire, levante a cabeça e prossiga assim que for possível

Quando temos a convicção que estamos no caminho certo, embora surjam os espinhos, pedras, crateras, mas mesmo assim, ainda é possível ver o colorido das flores e o arco íris em dias chuvosos.

 

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Vasalisa: como o arquétipo da mãe-boa-demais e da sabedoria influencia a sociedade?

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A história de Vasalisa envolve arquétipos de uma forma profunda e cheia de ensinamentos. Ao ler esse conto é possível perceber traços dentro da nossa psique manifestos através do inconsciente coletivo. Os arquétipos são ativados quando o indivíduo vivencia algo que tenha uma relação com as imagens herdadas dos antepassados, através de folclore, mitos, lendas e contos de fada emitindo representações de um  padrão universal.

O conto Vasalisa traz a história de uma menina que morava com a família em uma casa muito bonita, próximo da floresta, onde viviam muito felizes. Vasalisa sempre contava com a companhia de sua mãe-boa-demais. Certo dia sem nenhum aviso prévio, sua mãe foi acometida de uma doença mortal. Então a mãe pediu para chamar sua filha, e gostaria de entregar um presente muito valioso que fez com suas próprias mãos.

Ao chegar, Vasalisa ganhou de sua mãe uma boneca pequena, exatamente como ela se vestia, e isso foi primordial para um amor à primeira vista. Muito feliz agradeceu a mãe e expressou que gostaria que a mãe permanecesse viva para orientá-la quando fosse necessário. A mãe explicou a ela que dali em diante a boneca seria seu norte, ajudaria no que fosse preciso, mas teria que escondê-la de todos, e não se esquecesse de alimentá-la.

A mãe de Vasalisa morreu, o tempo foi passando a vida seguindo e seu pai casou-se novamente com uma mulher que possuía duas filhas e vinham morar junto com eles para se tornar uma nova família. O pai não observava o quanto a madrasta e suas filhas exploravam Vasalisa e desejavam o seu fim. 

O tempo passou, todas as coisas eram diferentes, mas Vasalisa permanecia com sua meiguice, doçura, e atenta a tudo que lhe pediam. Então, certo dia as três malvadas decidiram colocar um ponto final na vida de Vasalisa. Após um dia muito exaustivo, ao retornar para casa, haviam apagado todo o fogo da casa, e só permitiam o seu retorno se ela fosse ao meio da floresta na casa da Baba Yaga em busca de um fogo que não se apagasse. 

Vasalisa, mesmo com muito medo, pegou sua boneca, um pedaço de pão, e foi em busca de encontrar a casa da Baba Yaga. Quando imaginou estar totalmente perdida a boneca moveu-se em seu bolso dando a entender que estava no caminho certo. Mas adiante enxergou uma casa sobre umas pernas de galinha, movimentando de um lado para o outro.

Ao chegar acordando Baba Yaga a encontrou de muito mau humor, mas ao avistar uma doce menina em sua porta pedindo por um fogo que nunca se apaga, deixou-a entrar. Mas só poderia levá-lo após executar algumas tarefas. Então a velha assustadora deixou uma enorme lista para que ao retornar estivesse tudo organizado. 

Vasalisa dava o seu melhor, mas já estava muito cansada, então a boneca a mandava ir descansar e quando acordava estava tudo pronto. Quando Baba Yaga chegou ficou impressionada com a agilidade da menina. Passou nova lista e da mesma maneira foi feito, fazia arduamente até as suas últimas forças e ao ponto de desistir a boneca assumia as tarefas e falava para ela ir dormir. 

Ao perceber que estava tudo como foi pedido, Baba Yaga ficou impressionada, em meio às suas conversas Vasalisa fez algumas perguntas, após calando-se. Ao ser questionada, ela fala da bênção que possui da sua mãe-boa-demais, e a Baba Yaga mudou no mesmo instante seu humor, entregando o fogo em uma caveira e mandando de volta para sua casa. 

Vasalisa, a boneca e o fogo que nunca se apaga caminham durante a noite pela floresta. Ela se pergunta: será que devo mesmo levar esse fogo que jamais se apagará para dentro da minha casa? A boneca movimentou-se mais uma vez no bolso e uma voz saiu da caveira dizendo para não ficar preocupada e seguir a caminho de casa. 

Ao chegar em casa encontra sua madrasta e suas irmãs malvadas, apreensivas quando avistaram a chegada da Vasalisa com o fogo em suas mãos. Acendeu o fogo e se retirou, e na medida em que o fogo aquecia a lareira, queimava as três por dentro tornando-as carvão. Então os dias de Vasalisa foram leves, passeando pela floresta todos os dias, sem ter ninguém para importuná-la e desejar a sua destruição. 

Fonte: Vecteezy.com

Reflexão

Através do conto de Vasalisa, é possível destacar diversos arquétipos, que são vividos ao longo da trajetória humana, percebendo as dificuldades e lições que as metáforas ensinam. 

A autora Clarissa Pinkola Estés do livro “Mulheres que correm com os lobos”, trás de uma forma simples e bastante útil reflexões de arquétipos vivenciados pela sociedade no dia a dia. No conto de Vasalisa, podem-se notar dois arquétipos bastante comuns. 

Arquétipo mãe-boa-demais

A imagem arquetípica da grande Mãe traz uma representatividade de cuidado, amor, alimento e produtividade, apresentando um símbolo de prosperidade, onde tem a responsabilidade de trazer ao mundo os frutos. Mãe significa proteção, sinônimo de defesa dos seus filhos. 

O arquétipo da grande mãe traz uma representação saudável, pois mãe é aconchegante, acolhedora e o bebê precisa disso para sobreviver à fase inicial. A criança vai se desenvolvendo, e ao chegar à fase adulta precisa aprender a buscar a sua luz, ou seu caminho. Mas a partir da imagem da grande mãe, surgem novas facetas desse arquétipo que contribuem de forma negativa, surgindo a mãe devoradora, mãe extremamente boa, mãe super nutridora, mãe-boa-demais, que então começa desenvolver uma sociedade muitas vezes com a prevalência do arquétipo puer aeternus. De acordo Monteiro, (2010) o arquétipo puer aeternus representa a criança eterna, que não busca entrar na vida adulta, independente da idade que o indivíduo possa ter, deseja viver no aconchego materno. Portanto existem mães que  não permitem que o filho cresça sem o seu comando, longe dos seus olhos, vai formando filhos sufocados, sem grandes responsabilidades, cheio de privilégios e medrosos.

No conto de Vasalisa, quando a mãe-boa-demais morre, a autora Clarissa Pinkola Estés mostra a necessidade que essa mãe do bebê finalize seu ciclo e comece a nascer uma nova realidade. A criança não pode viver todas as fases no aconchego, no leite materno, sem responsabilidade, sem buscar uma direção para sua vida. Ao passar de fase, não tem muito sentido estar viva essa mãe-boa-demais. 

No desenvolvimento de uma pessoa, é necessário que essa mãe seja menos protetora, cuidadosa, provedora. Se o indivíduo nasce, cresce, alguns se reproduzem e não deixa essa mãe-boa-demais, não consegue se desenvolver, algumas vezes até possuem uma estabilidade financeira, mas não possui um desenvolvimento emocional. No conto onde a mãe deixa a boneca, significa que a mãe deixa uma herança, um legado, uma intuição a ser seguida, mas com livre arbítrio, onde a pessoa busca viver uma vida responsável pelas suas escolhas, lembrando sempre dos ensinamentos de sua mãe. 

O Arquétipo da Sabedoria 

A psicologia analítica, conhecida também como psicologia junguiana, apresenta o Velho Sábio, Senex ou apenas sábio, o arquétipo que está inserido no inconsciente coletivo desde os antepassados, representando a sabedoria. 

De acordo com Jung, (2018) a imagem arquetípica do velho sábio é representada por pessoas que exercem algum poder ou autoridade, como o professor, avô, mago apresentado em sonhos. Quando uma pessoa expressa uma sabedoria a imagem arquetípica que representa é a sabedoria. 

No conto da Vasalisa, quando se depara com Baba Yaga, ela retrata uma simbologia de uma mãe não tão boa, mas que ensina o filho a exercer suas atividades, e fazendo o máximo que consegue em busca dos seus objetivos. Apesar da moradora da casa em cima das pernas de galinha possuir uma idade avançada, ela é uma senhora inteligente, e tem muito a ensinar.

Quando Baba Yaga faz uma lista de afazeres para Vasalisa, ela não está sendo uma malvada, mas sim, trazendo um ensinamento, representando essa mãe quando a criança cresce. Mostrando ali coisas que podem ser feitas por ela. Lavar a roupa, cuidar da casa, varrer o quintal e separar o milho, tudo isso pode trazer uma representação, mostrando a importância do cuidado com a psique, saúde mental e a organização interior.

E quando Vasalisa estava no limite a boneca mandava deitar-se para descansar. Com isso a autora mostra a importância do repouso, de que não é necessário fazer tudo de uma só vez, mas buscar compreender algumas situações vivenciadas naquele dia que não deu ainda para digerir, não tem a resposta desejada, acalma, espere, dê tempo ao tempo, e busque descansar e ao retornar tenha um olhar diferente sobre aquela situação. 

Fonte: Vecteezy.com

Referências

ESTÉS, Clarissa Pinkola. Mulheres que correm com os lobos. Rio de Janeiro: Rocco, 2014.

JUNG, Carl Gustav. Os arquétipos e o inconsciente coletivo Vol. 9/1. Editora Vozes Limitada, 2018.

MONTEIRO, Dulcinéia Da Mata Ribeiro (Org.). Puer-Senex: dinâmicas relacionais. 2ª edição, Petrópolis, RJ: Vozes, 2010.

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Sobrecarga Materna: A importância de cuidar de quem cuida

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A maternidade é uma fase em que a grande maioria das pessoas aguarda para viver intensamente, mas o que é comum encontrar são mães esgotadas, sobrecarregadas, exaustas, sem saber como fazer para viver uma maternidade mais leve, sem tantas cobranças da sociedade, da família, das redes sociais. 

Quando o assunto é sobrecarga materna, as mães compreendem com facilidade, pois muitas vivem essa sobrecarga todos os dias, desde o planejamento familiar até a execução das demandas, tudo isso gera uma carga, e gasta energia física e mental.  

Existem mães que se cobram além do que até seu próprio corpo aguenta, e não valida os alertas psíquicos emitidos diariamente. Não conseguem priorizar um tempo para um autocuidado, não possuem uma rede de apoio e nem mesmo buscar fazer o que conseguem, sempre tentam superar seus limites na escala do cansaço.

A maternidade quando começa ficar sobrecarregada emite alguns sinais que muitas das vezes, diante de tanta correria, não são percebidos pela mãe e por quem convive com ela. Tais como: Fraqueza, vontade de desistir de tudo, pois tenta resolver as demandas, mas se torna quase impossível.

Algumas começam a ficar esquecidas, ao ponto de não se lembrar da consulta com o pediatra, data das vacinas, tornando-se exaustas, com a sensação de estar sempre esgotada. Quando dorme não consegue descansar, outras nem conseguem dormir um sono de qualidade, pois geralmente a criança na fase inicial troca o dia pela noite.

A maternidade sobrecarregada pode gerar uma ansiedade, devido ao acúmulo de tarefas, não consegue fazer hoje e vai deixando para amanhã tentando resolver tudo sozinha e quando percebe já está uma bola de neve, todas as roupas sujas, as louças da casa também, comendo na hora que conseguir fazer, pois está com o físico e mente cansada. 

Se não consegue cuidar das demandas da casa, imagina a sua imagem pessoal. Então começa a viver com uma autoestima baixa, influenciando nas relações pessoais e muitas das vezes conjugais. Não consegue administrar o tempo, organizar o que é prioridade e tentar sobreviver a tudo de uma só vez.

Pessoas vivem diariamente em meio uma sociedade patriarcal, onde o cuidado com os filhos, organização do lar, ir à reunião escolar, levar a criança ao médico, na maioria das vezes envolve diretamente a mãe. Mesmo que demande alguma tarefa para que alguém ajude, no primeiro momento a deixa muito cansada.

Delegar funções, mesmo que seja apenas o gerenciamento de tais tarefas, como: já estar no horário da reunião escolar, faça tais perguntas ao pediatra, em determinado horário dê uma fruta à criança, e toda essa gestão envolve uma energia psíquica que pode contribuir para um esgotamento materno. 

Quando uma pessoa torna-se mãe, inicia-se uma nova rotina que muitas das vezes não é o esperado. Acontece uma mudança em sua vida, desde amamentação, banho no bebê, muitos trocam o dia pela noite e tudo isso vai acarretando uma sobrecarga a essa mãe.

Frequentemente mães relatam seus variados sentimentos, apontando sinais de alerta do seu esgotamento, onde a grande maioria além de cuidar do bebê, ainda tem sua demanda com as atividades do lar, relacionamento conjugal, tarefas externas, ocasionando até mesmo autoestima baixa, cansaço e ansiedade.

A rotina de todos muda, principalmente da mãe. Algumas mães são autônomas e responsáveis por as despesas do lar. Então no período de licença maternidade torna ainda mais difícil ficar à disposição das necessidades apenas da criança. As mães que desenvolvem esse papel de trabalhadoras, com filhos menores, atuando em suas carreiras profissionais, e com as demandas do lar, sentem-se afetadas no trabalho e na maternidade (BRUSCHINI, 2006).

Muitas pessoas ficam sem saber por onde começar, ajudando uma mãe sobrecarregada. Outros ajudam quando essa mãe não aguenta mais e adoece fisicamente e muitas das vezes mentalmente. Porém existem mães com uma sobrecarga tão grande que não conseguem nem mesmo pedir ajuda. 

Quando uma mãe está sofrendo, cansada, angustiada e adoecida são diversos fatores que envolvem tal situação. É uma noite mal dormida, não possui tempo para fazer uma unha, tomar um banho com maior tranquilidade, comer uma comida quente, pois geralmente alimenta a criança primeiro.          

Existem diversas maneiras que os familiares podem cooperar para que a maternidade seja mais leve. A rede de apoio sólida é essencial durante esse processo, essa mãe que cuida necessita também de cuidados. Podendo ser através de diversas fontes como a família, profissionais, ajuda financeira e auxílio emocional.

As pessoas que auxiliam uma mãe, não estão somente ajudando, mas sim, promovendo saúde mental, melhorando a qualidade de vida, e consequentemente reduzindo o peso materno, para que se torne possível uma maternidade com maior leveza. É fundamental que a mãe entenda que não é necessário fazer todas as coisas de uma só vez, procure dar importância às coisas essenciais, priorizando um tempo por menor que seja para ter um autocuidado com a saúde mental e física.

Muitas mães atualmente, vivem ainda uma sobrecarga devido ao que sobreviveram no período pandêmico em decorrência a COVID-19. Mães autônomas, funcionárias de serviço público em diversas áreas, de empresas particulares que tiveram seus trabalhos em home office. Haviam mães que trabalhavam na saúde diante de um cenário assustador. 

Todas essas vivências contribuíram de maneira severa ao cansaço, acumulando funções e deixando diversas mães em meio ao caos. Os desígnios enfrentados por mães de várias classes, afetou diretamente o psicológico, ainda é possível encontrar mães que vivem estressadas, devido às demandas que viviam como mães, professoras, cuidando do lar.

Rede de apoio, é necessário cuidar de quem cuida
Fonte: imagem retirada em Pixabay

Umas das maneiras que é superimportante para as mães lidarem com a sobrecarga e amenizar um pouco esse fardo é aprender uma palavra pequena, mas que possui um grande efeito: “não”. Após um dia exausto, se permita fazer algo que lhe traga alegria, uma mãe não é obrigada a dar conta de todas as coisas sozinha e o tempo todo.  

A rede de apoio é um caminho fundamental para redução da sobrecarga materna. O auxílio nas demandas maternas, promove bem-estar para a mãe, o bebê e todos que fazem parte do convívio. Assim torna-se possível uma busca por um autocuidado com a saúde física e emocional (CARNEIRO, 2021).

Desse modo, é primordial a informação, o olhar para evitar possíveis sofrimentos psíquicos às mães, pois a prevenção sempre é um dos melhores caminhos. A maneira mais fácil para que isso não ocorra é a atenção dos que convivem diretamente com essa mãe, observando suas limitações e sua sobrecarga, e fazendo algo que deixe mais leve esse processo. 

Entender que não existe receita para exercer uma maternidade como uma receita de bolo, é importante, pois uma maternidade envolve seres que possuem características diferentes, e cada um possui sua singularidade. O que é correto para uma mãe, talvez a outra não julgue assim. 

Nesta relação mãe-filho, não se cobre tanto, você também está aprendendo. Busque priorizar um tempo, por menor que seja, e desenvolver um autocuidado, com a saúde física, e emocional. Descansar faz bem para o corpo e para a mente, reduzindo a carga materna também é cuidado, consigo mesma e com o próximo, principalmente com o seu filho (a). 

REFERÊNCIAS

BRUSCHINI, C. (2006). Trabalho doméstico: Inatividade econômica ou trabalho não remunerado? Revista Brasileira de Estudos de População

CARNEIRO, Rosamaria Cansaço e violência social: sobre o atual cotidiano materno. Cadernos Pagu [online]. 2021.

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Danilla Façanha fala sobre os desafios da volta aos estudos após a maturidade

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“Não desista quando ainda estiver na superfície, aprofunde-se com a certeza que a fé lhe dá e com a plenitude que a maturidade traz.” (Danilla Façanha) 

O EnCena entrevista a acadêmica de Psicologia do Ceulp/Ulbra, Danilla Façanha, natural de São Paulo-SP, crescida e criada em Teresina – PI e atualmente residente em Palmas- TO. Danilla é filha, esposa, mãe de 3 filhos e 2 netos. É formada em Serviço Social, Pedagogia, especialista em Educação, em Neuropsicopedagogia clínica/institucional, Análise do comportamento-ABA e agora formanda em Psicologia (2022/2). Trabalha atualmente em uma escola como Coordenadora Pedagógica e cursa psicologia na companhia de sua filha. 

Danilla fala ao (En)Cena sobre sua experiência em retornar aos estudos após a maturidade, conciliar a vida agitada, envolvendo o trabalho, a família e os estudos. E o que a levou a esse novo desafio foi o amor em aprender sobre o ser humano.

(En)Cena – Como foi a sua escolha pela Psicologia?

Danilla Façanha – Eu já era formada em Serviço Social, pós-graduada na área social, atuava nesta profissão,  mas não me sentia totalmente realizada e então decidi que queria outro curso superior  mas tinha que ser Psicologia. Neste tempo, 2017, fiz o vestibular na modalidade portadora de diploma, que neste edital previu 1 vaga para Psicologia. Então fiz e passei nesta única vaga apenas. Naquele momento entendi que a Psicologia era para mim, pois só tinha esta vaga e Deus me deu a oportunidade. Então agora era só eu a estrada da Psicologia. Muito feliz e determinada comecei a minha jornada neste curso rumo à Miracema do Tocantins, pois o campus da Federal para o curso de Psicologia está lá!  

(En)Cena –  Como foi a sua jornada de estudante para conciliar família e trabalho com estudos em outra cidade?

Danilla Façanha – Foi difícil. Eu acordava às 5:00h da manhã, pegava o ônibus que passava às 6:00h da manhã e seguia rumo à Universidade. Chegava lá por volta das 7:45h e a aula começava às 8:00h. O curso era integral e a grade fechada, logo eu ficava o dia todo na cidade de Miracema TO, todos os dias da semana e retornava a noite para Palmas. Fiz essa jornada por 4 períodos e no 5º período me transferi para a Ulbra TO. 

(En)Cena – Como foi a sua experiência de transferência de faculdade?

Danilla Façanha – Para mim foi muito boa, pois estudar na cidade em que a gente mora é o ideal e agora eu pude desfrutar melhor do curso! Na Ulbra vivi novas experiências acadêmicas, uma delas foi os estágios psicoterápicos em clínica. Aprendi de fato em 1 ano de clínica atendendo pacientes e sendo supervisionada pelos meus Professores Psicólogos Orientadores o que de fato é a clínica Psicológica! Simplesmente aumentou e firmou mais ainda a minha paixão pela Psicologia Clínica!

(En)Cena – Muitos filhos ao escolherem uma carreira preferem seguir a formação dos pais, mas como é a experiência de poder cursar Psicologia juntamente com a sua filha?

Danilla Façanha – Nossa, foi muito agradável para mim esta situação. Não foi uma situação planejada, eu já era formada, mas sempre quis fazer Psicologia, então fiz vestibular e passei na Universidade Federal do Tocantins e me matriculei. Ocorre que a Rebeca, minha filha, ao sair o resultado do ENEM daquele ano, ela colocou a nota para Psicologia e também passou. Nesta ocasião, em Fevereiro de 2018, quando saiu o resultado da aprovação da Beca, foi que a nossa “ficha caiu”, que iríamos estudar juntas! É uma situação diferente e nada comum, mas foi muito agradável viver este momento de formação acadêmica com minha filha. No curso eu  procurei ao máximo ser leve com ela para deixá-la solta e livre para cursar a sua primeira graduação. Afinal não queria que o meu processo atrapalhasse o dela. Assim tentei permitir que o meu lado mãe se neutralizasse em muitos momentos para que o meu lado colega de curso aparecesse. Creio que essa atitude lhe permitiu viver o processo com muita leveza e criação da sua própria autonomia. Eu nunca precisei fazer nada por ela e nem ela por mim no sentido de uma fazer pela outra, pelo contrário cada uma fazia o seu, seguia as sua escolhas tanto é que na escolha da abordagem para o estágio clínico, ela escolheu análise do comportamento e eu escolhi Psicologia Analítica, com orientadores e manejo clínico diferente. O lado bom que fazíamos uma pela outra era trocar ideias, discutir sobre assuntos das matérias da psicologia, trabalhos, sobre as apresentações de seminários e casos clínicos, uma troca de conhecimento muito rica uma vez que estávamos se formando no mesmo curso! Ela por sua vez sempre foi muito madura e soube administrar muito bem esta condição, afinal não deve ser fácil fazer seu curso superior com sua mãe na mesma sala (rsrsrs) Foi muito lindo tudo! 

(En)Cena – Como foi a adaptação durante o período da pandemia com as aulas de forma remota na universidade, o trabalho e a família?

Danilla Façanha – Foi muito bom este período. Estudei bastante e o online não me impediu de realizar as propostas acadêmicas. Pelo contrário, me instigou mais ainda pela busca do conhecimento. Nesse período da pandemia, aproveitei e também terminei o meu curso de Pedagogia, que havia começado em 2019, concluí todo com estágio do maternal ao ensino médio em escola regular. Ainda fiz duas especializações simultâneas na área de educação. 

(En)Cena – O que te motivou a fazer psicologia?

Danilla Façanha – A riqueza do conhecimento sobre o ser humano. Toda a complexidade que envolve as relações humanas e o potencial oculto sobre o que nós somos. Amo estudar e aprender sobre o ser  humano, sobre a simbologia que nos rodeia e que a expressamos envolto da persona que criamos e apresentamos na sociedade. Há um fascínio sobre isso que me encanta.

(En)Cena – Cursar Psicologia exige bastante tempo para estudar. Diante disso, quais são os maiores desafios para conciliar os papéis que você exerce e a universidade?

Danilla Façanha – O maior desafio sem dúvida é conciliar o trabalho e o estudo, pois ambos requerem um gasto de energia significativamente grande. O trabalho é essencial, é dignificante e amo trabalhar em escola, porém é o que detém a maior parte do meu tempo, como também é o que me consome mais energia física e psicológica neste momento. Escola é um ambiente vivo, rico em diversidade e manifestação humana, o que justifica todo esse gasto de  energia, pensamento lógico e analítico.  Já a faculdade é a minha fonte de refúgio, pois lá na academia estudo, aprendo e sei que a cada dia fico mais perto de alcançar o sonho de ser psicóloga! Há uma frase que diz assim: “Trabalhe no que você gosta e você não precisará trabalhar um dia sequer”, é sobre isso: prazer!

(En)Cena –  Qual dica você deixa para quem pretende cursar psicologia? 

Danilla Façanha – A principal dica é: Goste de pessoas, de gente, de ser humano! 

Dica 2: Saiba ouvir. Uma escuta qualificada é grande parte do processo terapêutico.

Dica 3: Olhe o ser humano com uma lente expandida com a percepção da complexidade e riqueza de fatos únicos que guarda a vida e a história de cada um.

Dica 4: Tenha em mente que todas as suas convicções e crenças são somente sua e que devem permanecer assim, pois ética é uma palavra que você vai conjugar desde o primeiro período do curso e se quiser ter uma história profissional bem feita, esta ética lhe acompanhará!

Dica 5: Ame a Psicologia, entenda-a como parte de sua vida, de seu processo de individuação e crescimento, assim sendo você irradia luminosidade científica por onde atuar!

(En)Cena –  Qual a área de atuação você pretende focar depois da formação?

Danilla Façanha – Gosto muito das variadas atuações e abordagens da  psicologia, mas pretendo focar no atendimento com adultos e jovens  na Psicologia Analítica. Já com o público infantil atuarei em Avaliação Neuropsicológica e reabilitação neurocognitiva. As crianças são minha paixão clínica, também (rsrs)

(En)Cena –  Qual mensagem você deixa para os nossos leitores?

Danilla Façanha – Deixo a mensagem do autor de uma das abordagens que sou apaixonada a Psicologia Analítica, Carl Jung: “Conheça todas as teorias, domine todas as técnicas, mas ao tocar uma alma humana, seja apenas outra alma humana.”. 

 

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Quando o luto bateu em minha porta, fiquei sem chão

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No dia 10 de agosto de 2022, quando acordei senti uma sensação terrível, pois havia sonhado que eu estava em uma moto e descia uma ladeira, caindo em uma cratera, e um amigo tentou ajudar-me, mas ele caia em um abismo e gritava para que os filhos dele não o vissem morrendo.  Acordei com uma sensação temerosa, muito medo. Havia programado uma faxina em casa, para ficar tudo limpo e organizado, e assim foi feito, tudo em seu devido lugar. À tarde levamos as crianças para a escola, fui para o meu estágio, fiz um atendimento, e após enviei uma mensagem a esse amigo. Ao buscar meus filhos na escola, aquele sentimento de angústia aumentava, não sentia muita graça em nada, só vontade de chorar. Fomos a uma lanchonete, falei com meu esposo que gostaria de ir à Paraíso ver meus pais, ele disse vai, o carro já está abastecido. 

Pensei por um instante em irmos, mas veio o medo e a angústia do sonho novamente. Resolvi ir para casa mesmo, com o coração apertado, deitei em uma rede na varanda de casa, pedi lanche, pois eu não estava com ânimo para fazer um jantar. Fiz uma chamada de vídeo para meus pais, lembro-me de cada detalhe, eles estavam no quarto, papai aferindo a pressão da minha mãe, pois ela não estava sentindo-se bem, vivia uma fase muito crítica do tratamento em busca da cura de um câncer. 

Ao finalizar aquela chamada, me veio um alívio em poder ter visto os amores da minha vida juntos, lutando incansavelmente nesta batalha. Meu esposo e meus filhos decidiram assistir a um filme e eu resolvi subir para tomar um banho e deitar-me.  Era 22h35 quando vi meu telefone chamar, era meu irmão. Atendi como sempre, “Oi meu irmão!”. Ele disse: “Márcio está em casa?”. Respondi: “Sim”. 

“Venham para cá, o pai passou mal e caiu no banheiro”. Eu desci as escadas correndo senti como se estivesse descendo uma ladeira de moto. Quando perguntei ao meu esposo, “me explica, meu pai partiu?” Ele disse “sim, seu pai faleceu”. 

Eu senti a sensação como se estivesse caindo em uma cratera, não senti meus pés, o desespero bateu em minha porta e entrou em minha casa, nada fazia sentido para mim, a casa lavada, tudo organizado fisicamente, mas dentro de mim entrou um furacão destruindo tudo. O sentimento que posso descrever foi saudade desde o primeiro momento que soube da partida do meu pai, doía dentro da minha alma, nada poderia me trazer um consolo naquele momento. Comecei a viver intensamente as fases do luto. 

Primeiramente eu não acreditei e fui negando essa terrível notícia até chegarmos à Paraíso na casa dos meus pais. Ainda era tudo incerto, sentimento misto de desespero, angústia, pavor, medo, choro, e o pior deles que era uma saudade imensa de poder pedir uma benção e beijar a sua mão.  Retiraram o corpo do meu pai, fui olhar todas as suas coisas, escolher roupas para vesti-lo, guardar seus pertences no devido lugar, pois ele era imensamente organizado. Tentei entender o porquê eu não obedeci meu coração e fui conforme havia falado com meu esposo. Como poderia finalizar uma chamada de vídeo e imediatamente receber a triste notícia da morte do meu pai? Como uma pessoa que era meu amigo, pai, conselheiro, provedor, forte, entrou em um banheiro e teve uma morte súbita? Eram muitas perguntas sem nenhuma resposta. 

Na madrugada do dia 11 de agosto, o pior dia da minha vida, ver meu guerreiro dentro de uma urna, eu já não sentia meus pés pisarem em terra firme, eu ainda flutuava em uma queda contínua. Deixar o seu corpo em um cemitério e retornar para casa foi devastador, uma dor indescritível. E então, chegando à casa mesmo sem entender muitas coisas, percebi que eu estava vivenciando um processo de luto, o qual milhares de pessoas vivenciam. 

Através de algumas postagens descrevem as fases do luto como: Negação, Raiva, Barganha, Decepção e a Aceitação. Mas na verdade não vivemos o luto em sequência lógica e nem todos sentem a dor na mesma intensidade e no mesmo período de tempo. O luto é de forma singular, ele é único, e não devemos tentar superá-lo, mas vivê-lo é o melhor caminho a seguir. Entendendo que não existe uma ordem nas fases, pois o luto não é linear, mas sim labiríntico. Nesse labirinto, devemos procurar um melhor caminho a seguir. Se não estamos conseguindo suportar essa tamanha dor, precisamos de ajuda da rede de apoio como familiares, amigos, o lado espiritual e profissional.

Há dias que estou melhor, outros pior, mas entendo que a minha maior dor é a saudade de não poder viver tudo que vivi um dia com o meu pai. Na minha caminhada não busco metas impossíveis, mas acordo todas as manhãs com o sentimento que a palavra luto trás no verbo “lutar”. Com esse sentimento que vivo, buscando dias melhores, guardando em meu coração o pai herói que sempre tive – José de Jesus Alves Barros, meu amor para sempre. Hoje compreendo que meu pai por ter sido sempre meu protetor, jamais gostaria que eu estivesse presente no momento de sua partida.

Fonte: encurtador.com.br/hiKN3

 

Acadêmica: Ellen Risia Moraes Alves

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CAOS 2022: Acadêmicos de Psicologia participam de minicurso sobre “A política de Saúde do Trabalhador do SUS”

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No terceiro dia do congresso, quarta-feira, 23 de novembro às 19h na sala 405 no Centro Universitário Luterano de Palmas – CEULP/ULBRA ocorreu o minicurso “A política de Saúde do Trabalhador do SUS”, como parte da programação do Congresso Acadêmico de Saberes em Psicologia (CAOS) de 2022. 

Fonte: Arquivo pessoal

Mayelle Batista, Psicóloga Clínica e Professora do CEULP/ULBRA foi a mediadora do evento. A ministrante Me. Mônica Costa Barros deu início ao minicurso, com a sua apresentação curricular, trazendo vivências adquiridas ao longo da sua carreira como Mestre em Ciências da Saúde UFT/TO, Especialista em Saúde Pública (UFT), Epidemiologia em saúde em ambiente e trabalhador (UFBA), em Vigilância e promoção à saúde em ambiente e trabalhado (Fiocruz/DF) e em Gestão de Políticas Informadas por evidências (Sírio Libanês/PROADI). Graduada também em Fisioterapia (UEG). De forma prática, conduziu uma dinâmica “quebrando tabus”, através da interação com os participantes, demonstrando que o minicurso seria uma construção de saberes, com o intuito de compartilhar a importância da Vigilância da Saúde do trabalhador.

Fonte: Arquivo pessoal

Para Mônica Costa, ter espaços de discussão sobre a Política de Saúde do Trabalhador é importante para a formação acadêmica de Psicólogos, uma vez que “Percebemos dentro da Rede de Atenção, que alguns profissionais que chegam ao trabalho dentro do SUS, não estão preparados para um enfrentamento de práticas e algumas políticas existentes, pois o trabalho e os propósitos são diferenciados, e a gente percebe que existe um abismo entre a formação e a prática dentro do serviço do SUS. Minicursos, congressos, seminários, a participação desses alunos em formação nesses espaços é de suma importância, e percebemos enquanto trabalhadores dentro dessa política, estratégias onde podemos qualificar na Assistência e a Atenção para a população dentro do SUS, no sentido de darmos mais visibilidade, alcançando mais profissionais de Saúde como atores políticos de cidadania ativos e vigilantes nesta questão dos processos do tipo que impactam a saúde dos trabalhadores e da população”.

O congresso ocorre dos dias 21/11 a 26/11 com o tema Saúde Mental no Trabalho, e conta com minicursos, palestras, momentos artísticos, psicologia em debate e sessões técnicas. O congresso tem como intuito proporcionar conhecimento e reflexões a respeito da saúde mental no ambiente.  

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Psicólogo Piettro Lamonier participa do CAOS 2022, com o lançamento do livro: “Fator Judas”

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No segundo dia do congresso, terça-feira, 22 de novembro às 18h30 no auditório Central no Centro Universitário Luterano de Palmas – CEULP/ULBRA ocorreu o lançamento do livro “Fator Judas”, como parte da programação do Congresso Acadêmico de Saberes em Psicologia (CAOS) de 2022. 

O Me. Sonielson Luciano Sousa deu início ao evento, com a apresentação curricular do autor, destacando suas diversas habilidades como ator, músico, psicólogo, e escritor. Assim que Piettro Lamonier recebeu a palavra, de forma dinâmica, apresentou um breve relato do significado do título do livro, ressaltando que foi sua primeira obra. Em seguida teve a abertura às vendas dos exemplares impressos, com direito a autógrafos.  

O escritor Piettro Lamonier é psicólogo (CRP 23/494), egresso do Centro Universitário Luterano de Palmas (CEULP/ULBRA), atua na clínica com a abordagem Psicologia Analítica e Fenomenológica Existencial. Além disso, traz em si conteúdos artísticos como a música, a atuação, a direção e por fim a escrita. Com mais de 15 anos de carreira na psicologia e 23 anos caminhando pelas artes, Piettro se arrisca a juntar suas experiências em seu primeiro livro “Fator Judas”, onde demonstra de forma simbólica um caminho de desenvolvimento de sua alma.

Fonte: Arquivo Pessoal

Em entrevista concedida ao portal (En)Cena, o Psicólogo e escritor Piettro Lamonier respondeu algumas perguntas sobre sua participação no evento.

(En)Cena – Desde que decidiu elaborar o livro, em quanto tempo você o escreveu?

Piettro Lamonier – Eu demorei cerca de 9 meses para escrever o livro, foram 9 meses que na verdade foram bem fantásticos, porque quando você começa a escrever não significa que você esteja escrevendo sempre,  mas você estar sempre pensado no assunto do livro,  questionando a própria escrita, as imagens que vão aparecendo na mente quando você está escrevendo, então, foram nove meses de processo e no meio de uma pandemia. Então naquela ocasião a pandemia também, mesmo com todas as tragédias e desgraças acontecendo, ela provou em mim uma necessidade de me disciplinar para poder escrever, então eu tirava sempre os sábados à noite para poder escrever, eu tive que fazer isso. Fiz uma definição, que eu não poderia contar com a inspiração daquele momento. Então eu ia reunindo informações, fatos, imaginações e criando coisas durante a semana e depois sentava pra fazer o capítulo, ou aquela parte do capítulo. Então duraram nesse processo no

ve meses para fazer todo o livro.

Fonte: Arquivo Pessoal

(En)Cena – Quais os maiores desafios enfrentados durante o período que estava escrevendo o livro Fator Judas?

Piettro Lamonier – Acho que foram diversos desafios, um deles foi primeiro, nunca tinha escrito um livro, escrevia textos pequenos, peça ou outra de teatro coisas que às vezes me passavam despercebido à habilidade de escrever. Então veio assim com muita força intuitivamente essa história do livro que era uma teoria que eu estava aplicando dentro da clínica, estava funcionando para alguns pacientes, então pensei, poxa vou fazer isso, colocar isso dentro de um livro. E aí me veio esse desafio, de sentar e me disciplinar pra escrever, talvez fosse um dos maiores, porque chega um momento em que a gente não se sente motivado para escrever, mas a gente precisa de forçar, é como se tivesse uma camada de desconforto que a gente precisa ultrapassar, e aí eu decidi que eu ia terminar o livro, que muitas vezes durantes esses nove meses eu pensei poxa eu vou desistir, vou deixar  de lado, não poxa num quero mais, então foi bem complicado isso, e esse foi um dos processos. Outro processo que foi complicado também e você desapegar de algumas coisas, que às vezes você não consegue, como se diz, não consegue desapegar, deixar de lado alguma coisa que você criou que você achou bacana e tudo, mas quando você chegar lá na hora de vincular com outras partes do texto, você vê que não faz sentido e aí você precisa desapegar, e isso dói pra caramba, e outra; tem outro processo que, por exemplo, eu tive aí o Sonielson, a Mariana e a minha esposa Viviane que me ajudaram a ler, que fizeram a leitura crítica do processo, então às vezes eles pontuaram algumas coisas que poxa, dá uma dorzinha, mas você precisa desapegar do ego para poder olhar pra obra com mais carinho e entender que a obra não é uma criação de uma pessoa só mais de várias, quando está sendo escrita, quando está sendo concretizada, e eles foram fantástico ai nesse processo e eu tive que ter essa habilidade mesmo do desapego, foi complicado nesse sentido.

Fonte: Divulgação/CAOS

(En)Cena – Você costuma ouvir música quando está escrevendo?

Piettro Lamonier – Eu não costumo escutar nem uma música quando eu estou escrevendo, pelo contrário eu gosto muito de silêncio, e aí nessas horas eu acho que eu trabalho bem a noite, nessa parte criativa sabe? À noite onde não escuto nada, só as vozes da minha cabeça, e as imagens que vão acontecendo nela, então isso pra mim era muito mais fantástico do que escutar uma música, apesar de que música também me inspira, mas no meu caso como algumas coisas já estavam mais construídas, eu gostei muito do silêncio, e o silêncio com um todo, é os barulhos eram mais internos e externos, então isso foi bem marcante, bem gostoso de fazer.

(En)Cena – Qual frase poderia definir esse momento, como egresso do CEULP/ULBRA, poder lançar seu livro dentro da programação do CAOS?

Piettro Lamonier – Há eu acho que presunçosamente falando eu acho que uma frase seria “o retorno do herói” que sai numa jornada, e aí é como se eu voltasse ali pra levar a chancela de que eu consegui dentro dessa jornada, por ter conquistado o meu espaço como psicólogo e agora entrando nesse espaço como escritor, é como se eu recebesse aí uma medalha pela jornada, pronto, cumpri uma parte dessa jornada. É quando o herói retorna a sua casa, então eu definiria isso, essa frase, “o retorno do herói” nesse âmbito mais profundo, não que eu seja um grande herói, mas eu sou um herói da minha jornada, da minha história.

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