Por que é comum a mulher levar a culpa pelo fracasso da relação?

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Eu começo este post pedindo desculpa a mim mesma e a todas as mulheres que já julguei e culpei pelo fracasso de uma relação hétero amorosa. Nesta semana a cantora Luísa Sonza e o humorista Whindersson Nunes se separaram. Os 2 fizeram um texto anunciando o término e postaram em suas redes sociais. No mesmo momento um amontoado de pessoas foram até a conta de Luísa responsabiliza-la pelo termino e a acusaram de nunca ter amado o humorista. Da mesma forma, foram na conta do Whindersson, mas desta vez para falar que ele teve foi um livramento. Isto nos mostra que em uma sociedade com práticas machista, a mulher ainda leva a culpa pelo fracasso de uma relação.

Mesmo quando o homem age de má fé e não respeita a parceira com quem está, a mulher é responsabilizada (não estou falando do humorista). Quem nunca ouviu os  seguintes julgamentos: ¨ela não se dedicava tanto ao marido¨; ¨trabalha fora e esqueceu de cuidar da casa¨; ¨ele traiu porque ela não dava a merecida atenção¨; ¨ela se casou só por causa do dinheiro¨; ¨ela era dramática demais¨; ¨também, ninguém aguenta aquela mulher histérica¨; etc. Toda está dinâmica coloca o homem num lugar de vítima e responsabiliza apenas uma parte, sendo que a relação é construída por 2. Ninguém constrói uma relação sozinho.

Numa relação os 2 erram e os acertam. Não existe apenas um culpado. Porém, as mulheres ainda são atreladas a um estereótipo imaginário de maternidade, afeto, carinho, feminilidade, delicadeza, ou seja, a famosa ¨ bela, recatada e do lar¨. Se a mulher desvia deste padrão, é comum ser taxada como rebelde. Como consequência, é comum que a mulher feminista esteja sempre experimentando a solidão e/ou tendo casos curtos, e nem sempre isto é uma escolha. Muitos homens não estão preparados para ir contra algo que lhes favorece e ir para um local que considerado como frágil (para muitos). Desta forma é mais confortável colocar toda a culpa de seu despreparo na mulher feminista que busca independência do patriarcado. E infelizmente ainda me deparo com estereótipos do tipo: mulher para casar e mulher para ficar. Em qual estereótipo você acha que a mulher feminista se encaixa?

No patriarcado o homem é o provedor, e muitos estranham quando uma mulher ganha mais ou não precisa mais ser sustentada pelo homem, obtendo sucesso profissional. Haters julgaram Luísa de usar o humorista apenas para crescer profissionalmente. Estas pessoas não conseguem enxergar que ambos cresceram de forma profissional e pessoal quando estavam juntos. E assim acontece em muitas relações, onde a mulher é taxada como interesseira/aproveitadora, mas a relação amorosa é uma troca, de afeto, de tempo, de cuidado, de experiências e de aprendizados.

Outro ponto que me chamou a atenção foi o fato de internautas procurarem postagens em que Luísa declarava amor eterno, para dilacerar ódio e mensurar o amor da cantora. As pessoas precisam entender que toda separação tem suas dores e que não é nada comum alguém casar já pensando na separação e é natural quando se está tendo uma boa troca amorosa com alguém, desejar esta boa sensação para sempre. Afinal, na vida queremos o que nos faz bem, mas o mundo muda, as relações mudam e nós mudamos juntos. O que nos fez feliz ano passado, este ano pode deixar de fazer sentido e isto não invalida a veracidade do que foi sentido ano passado.

Assim como o amor é construído, a falta de amor também é uma construção. Algumas vezes ambos perdem o interesse, outras vezes acontece de forma unilateral. Assim como quem descobre que não é mais amado, quem deixou de amar também sofre. Quem deixou de amar também perdeu um amor. E se Luísa, Ana, Rosa ou Maria amou e deixou de amar, quem somos nós para mensurar e duvidar do amor de alguém?

Devido este contexto, depois do termino de uma relação, muitas mulheres aprendem a conviver com a culpa. E esta culpa carrega toda uma história que nos acompanha de maneira consciente e inconsciente. É comum ver a representação submissa da mulher em romances, lendas, mitologias, poemas, fatos históricos, filmes e textos bíblicos. Ir contra tudo isto, ter e exigir o poder de escolha se torna um grande peso. No entanto, aos poucos vamos nos fortalecendo. Seja uma mulher que fortalece a outra. Nós não somos as únicas culpadas quando algo dá errado em nossos relacionamentos, cada um tem sua parcela de culpa.

Não se responsabilize e carregue sozinha o peso de uma culpa que não é só sua. Perdoe o outro e se perdoe também!

Obs: Foi realmente triste ver que grande parte das críticas que Luísa recebeu foram feitas por mulheres. Não é só o homem que tem práticas machistas, a mulher também tem. A desconstrução do machismo precisa ser abraçada por ambos os sexos. Todo dia é um novo aprendizado e uma nova tomada de consciência.

Prints feitos no perfil do Instagram de Luísa 

 

Prints feitos no perfil do Instagram de Whindersson

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Neurose, Psicose e Perversão: um olhar psicanalítico

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Teoria freudiana tem enorme contribuição para o entendimento acerca da personalidade humana

Segundo a Psicanálise há três possibilidades de constituir-se enquanto sujeito. O sujeito começa a se moldar ao nascer, através das experiências afetivas e depois no entorno de sua vida e através destas relações. Desta forma, o sujeito é neurótico, perverso ou psicótico. Ou seja, de acordo com a Psicanálise existem três modos de o sujeito se constituir e se relacionar com o mundo (Outro).

A perversão acabou sendo atribuída a sexualidade ou ao campo da moral, caracterizada por uma série de desvios em relação àquilo que é esperado e considerado aceitável. Logo é importante diferenciar perversão de perversidade. O termo “perversidade” é compreendido como “caráter de crueldade e malignidade” (ZIMERMAN, 2004, p. 267). Já a ´´perversão“ está diretamente ligada a estrutura psíquica de alguém que se organiza, se defendendo de angústias persecutórias, depressivas e de desamparo. Uma pessoa pode ser perversa, mas necessariamente não ter atitudes de perversidade. Ou seja, a estrutura perversa, não aponta uma conduta e/ou um desvio de caráter, pois trata-se de um modo de estabelecimento de laço com o Outro.

No perverso, o sintoma não causa sofrimento, mas sim satisfação. O sintoma funciona como uma defesa, mas quando o sentimento de ameaça é grande, efeitos indesejados podem surgir. Outro ponto a destacar são os mecanismos de defesa do perverso: a idealização e a recusa. Zimerman (2004) declara que o sujeito perverso apresenta uma ´´compulsão a idealizar“ e impõe aos outros estas ilusões. Já a recusa significa que parte do Eu reconhece a realidade e a outra parte faz de conta que não existe.

Fonte: encurtador.com.br/iAWY1

A perversão pode ser classificada como social ou sexual. Na social se enquadra a psicopatia, toxicomania e o alcoolismo. Na sexual se enquadram o exibicionismo, voyeurismo, sadismo, masoquismo, sadomasoquismo, fetichismo e pedofilia. Em relação as características, é comum se apresentarem como o melhor em tudo que fizer, assim como práticas de manipulação, sedução, mentira, chantagem e transgressão de normas e regras. Além de não apresentarem sentimento de culpa e se auto agredirem através do uso e abuso de substâncias.

Psicose – De acordo com Zimerman (2004), o termo ´´psicose“ não tem uma definição clara. Portanto, com base clínica, se divide em três categorias: psicoses (propriamente ditas); estados psicóticos; e condições psicóticas. A psicose é um processo de degradação do ego, causando sérios prejuízos de contato com a realidade. Um exemplo disso são as esquizofrenias. Já o estado psicótico se refere a preservações de áreas do ego que atendam duas condições. Como exemplo têm-se os borderlines, que apesar de apresentarem psicoses, têm maior adaptação ao mundo exterior, comparados aos esquizofrênicos. Por fim, as condições psicóticas se referem a sujeitos bem adaptados ao mundo exterior, porém, são portadores de condições psíquicas que os caracterizam como psicóticos.

De acordo com Freud (1924), na estrutura da psicose o núcleo estrutural central tem como prevalência o princípio do prazer, ao invés do princípio da realidade. Ou seja, há um distanciamento do ego e uma aproximação do id. Desta forma, há um distanciamento do ego/realidade, e em seguida, com uma tentativa de reparar o dano provocado pelo distanciamento, o sujeito entra em contato com a realidade, mas por meio do id. O que explica os principais sintomas, como: delírios, alucinações, discurso desorganizado, comportamento desorganizado, podendo passar períodos muito agitados ou muito lentos; mudanças bruscas de humor ficando muito feliz num momento e depressivo logo a seguir, confusão mental; etc. (SOARES e MIRÂNDOLA, 1998).

Fonte: encurtador.com.br/rvQZ6

Neurose – É na neurose em que a maior parte da população se enquadra. Dessa forma, os neuróticos são sujeitos que apresentam algum grau de sofrimento ou adaptação, porém conservam uma razoável integração do self, apresenta, boa capacidade de juízo crítico e de adaptação à realidade, “não obstante que, em algum grau, sempre existe em todo neurótico uma parte psicótica da personalidade” (ZIRMERMAN, 2004, apud BION, 1957).

A neurose apresenta várias classificações, como por exemplo, a ´´neurose de angústia“, ´´neurose atual“, ´´fobia“, ´´obsessivo-compulsiva“, ´´histerias“, e ´´depressivas“. De acordo com Zimerman (2004), é difícil encontrar um neurótico puro, ou seja, alguém que os sintomas sejam apenas de uma neurose. Já que é comum a predominância de neuroses mistas.

O neurótico é considerado a parte ´´normal“ da sociedade. No entanto, dependendo do grau de angústia, obsessão, fobia etc., o sujeito pode não conseguir se ajustar ao meio, romper com a realidade, e estar tão adoecido quanto o sujeito portador de psicose e/ou psicopatia. Sendo assim, diante do que foi apresentado, existe alguém “normal”? Fica a reflexão.

Referências
Freud, S. (1996). A dissolução do complexo de Édipo. In S. Freud, Edição standard brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud (J. Salomão, trad., Vol. 19, pp. 189-199). Rio de Janeiro: Imago. (Trabalho original publicado em 1924)

MARTINHO, M. H. Perversão: um fazer gozar. Tese (Doutorado em Psicologia) – Programa de Pós-Graduação em Psicanálise, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2011.

Zimerman, D. (2004), Manual de Técnica Psicanalítica, Editora Artmed, Porto Alegre.

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Qual a natureza do homem: emoção ou razão?

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Nietzsche acredita que a nossa natureza é uma só: crescer, aumentar, expandir e se fortalecer. O que faz que tenhamos um objetivo universal e inevitável: a vontade de potência.

Você já se perguntou qual o sentido da sua vida? O que te move? Emoção ou razão? Emoção ou motivação? Qual o teu propósito? Você acredita que cada ser humano contém um propósito individual? Qual o valor da vida? Nietzsche diz que o valor da vida não pode ser avaliado, para isto precisaríamos estar mortos. E como sabemos, nenhum morto pode nos declarar qual o valor da vida, ao menos para os que acreditam em metafísica. Mas isto não nos impede em alguma medida, avaliar a nossa vida, assim como conferir sentido, apreciar, depreciar e interpretar (THOMASS, 2019).

Nietzsche acredita que a nossa natureza é uma só: crescer, aumentar, expandir e se fortalecer. O que faz que tenhamos um objetivo universal e inevitável: a vontade de potência. Assim como Nietzsche, Baba (Mestre espiritual) também acredita que temos um objetivo universal, que ele dá o nome de expansão de consciência e faz uma analogia com a árvore: a semente é o ego, e tem o objetivo de se desenvolver, amadurecer e gerar frutos. A raiz representa nossas memórias, nos mantém de pé. O tronco representa nossos valores e virtudes, quanto mais consolidadas, mais longe poderemos chegar. Os galhos são os desdobramentos de nossas virtudes e dons. As folhas são nosso impulso de vida e capacidade de renovação, e por fim, as flores e os frutos representam o que viemos fazer aqui.

Rogers (1947) diz que o sujeito tem uma Tendência Atualizante, condizente com a teoria de ´´vontade de potência“ de Nietzsche. Para Rogers, “descobrimos, dentro da pessoa, sob certas condições, uma capacidade para a reestruturação e reorganização do self, e, consequentemente, a reorganização do comportamento, o que tem profundas implicações sociais” (Rogers, 1947, p. 368). Ou seja, o indivíduo tem a capacidade se organizar e reestruturar de acordo com as limitações do meio. Ainda sobre a tendência atualizante, Rogers & Kinget (1965/1979) pontuaram:

(…) a tendência à atualização é a mais fundamental do organismo em sua totalidade. Preside o exercício de todas as funções, tanto físicas quanto experienciais. E visa constantemente desenvolver as potencialidades do indivíduo para assegurar sua conservação e seu enriquecimento, levando-se em conta as possibilidades e limites do meio (p. 41).

Fonte: encurtador.com.br/cGPQ4

Se for da nossa natureza a vontade de potência, expansão de consciência e tendência atualizante, o que nos limita? Seria o meio em que vivemos? Afinal influenciamos e somos influenciados pelo meio. Muitos teóricos da psicologia sustentam que a personalidade se fundamentada até os 7 anos de idade, ou seja, crenças instaladas podem permanecer por toda vida. Logo, se reproduzimos ignorância, procriamos ignorância. E muitas vezes as crenças que protegem, são as mesmas que isolam e causam maior distanciamento do ´´verdadeiro eu“ (que Jung chama de Self ou Si-mesmo), o que dificulta a evolução.

De acordo com John Locke o homem é uma tábula rasa, ou seja, se constitui por meio das experiências. Logo, uma criança nasce pura e sem máscaras, e a partir das normativas sociais, ela vai se moldando, se corrompendo ou se desenvolvendo. Desta forma, é preciso iniciar uma reforma pelos adultos, de maneira que estes curem suas mazelas e não transfiram as mesmas para os filhos, sobrinhos, alunos etc., a partir do que Freud chama de projeção narcísica. Antes de ter um filho é preciso ter autorresponsabilidade. Você tem vontade de ter um filho para cumprir um programa social, suprir a própria carência ou é algo que vem do coração? Quem em você quer ter um filho?

Tal cenário resulta em uma sociedade doente, dependente de medicamento e terapia. Afinal, se dinheiro, fama, poder e beleza fossem sinônimos felicidade não teríamos tantos famosos adoecidos mentalmente. Whindersson Nunes, que passou por um processo depressivo se questionou em entrevista ao fantástico: “Eu virei um cara que tenho as minhas coisinhas e tudo mais. Mas você chega naquele momento e fica: e aí? Dinheiro, dinheiro, dinheiro e aí?”.

Fonte: encurtador.com.br/orE36

Ainda para suprir o vazio, acabamos nos tornando carentes do outro, mendigando atenção.  Baba diz que não somos carentes de nada, mas crenças nos condicionam e acabamos a achar que somos mendigos de atenção. Logo, muitas vezes fingimos o que não somos, visando receber atenção/carinho. O que resulta em uma vida desperdiçada, baseada na tentativa de forçar o amor do outro. Este estado provoca raiva, e esta raiva volta a si próprio, pois de maneira clara ou não, a pessoa sabe que está a se ´prostituir`. Algumas vezes, para chamar a total atenção de uma pessoa em específico, o indivíduoaz papel de vítima com intuito de conquistar, dominar e manipular o outro. Sendo característica da necessidade de amor exclusivo. Mas de acordo com Sartre: inferno são os outros. Vale ressaltar, também, que se o inferno são os outros, nós também somos o outro (e o inferno) na vida de alguém.

Como você tem agido? De forma racional ou instintiva? Você é uma pessoa que usa a mente para entender o mundo ou apenas para justificar suas opiniões através da emoção? Me atrevo a dizer que pensar no outro, saindo da nossa zona de conforto é uma maneira de praticar sentimento, desta forma, enquanto procuramos a nós mesmos dentro de uma multidão, sigamos a filosofia de Mahatma Gandhi: Seja a mudança que você quer ver no mundo.

Referências

BABA,S. Propósito: a coragem de ser quem somos. Editora Sextante, 1ª edição, 2016.

FREUD, S. [1914]. Sobre o narcisismo: uma introdução. In:____. Edição standard brasileira das obras psicológicas completas. 1. ed. Trad. Jayme Salomão. Rio de Janeiro: Imago, 1974, v. XIV, p. 85-119.

Globo. Whindersson Nunes sobre tratamento contra a depressão: ‘Hoje eu me sinto bem para falar’. https://g1.globo.com/fantastico/noticia/2019/07/14/whindersson-nunes-sobre-tratamento-contra-a-depressao-hoje-eu-me-sinto-bem-para-falar.ghtml

THOMASS. B. Afirmar-se com Nietzsche. Vozes Nobilis; Edição: 1 (2010)

SALATIE, J. John Locke e o empirismo britânico – Todo conhecimento provém da experiência. Acessado em < https://educacao.uol.com.br/disciplinas/filosofia/john-locke-e-o-empirismo-britanico-todo-conhecimento-provem-da-experiencia.htm?cmpid=copiaecola > no dia 09/08/19.

RAMOS, J. Os  tesouros da saúde. Acessado em < https://www.nova-acropole.pt/a_tesouros_saude.html  > no dia 09/08/19.

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Sexta-feira 13: a incerteza faz o supersticioso?

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Por coincidência ou não, vários eventos traumáticos aconteceram numa sextafeira 13

Além de ser sexta-feira 13º, hoje também é dia de lua cheia, o que faz com que muitos superticiosos fiquem de “cabelo em pé”. Há quase 2 décadas aconteceu tal junção mística e só voltará acontecer em 2049. No entanto há quem espera ansiosamente pela lua cheia, já que para os habitantes do hemisfério Norte, esta é a “lua de colheita”, e os fazendeiros trabalham até mais tarde, pois aproveita a luz da lua. Mas há quem já tenha feito planos de ficar em casa e já se abasteceu de sal grosso e alfazema.

Em matéria publicada pelo Extra, a astróloga Glória Britho afirma que esta junção de sexta-feira 13 com lua cheia pode ser perigosa. De acordo a astróloga, tal fase lunar “emite mais energias e magnetismo sobre a Terra, provocando mais euforia e maximizando os sentimentos”. O que a faz crer que sensações negativas possam ser ampliadas. Mas como surgiu a superstição da sexta-feira 13?

Em diversas fontes há diferentes explicações sobre a origem, mas duas bastante comentadas. No mundo cristão está relacionado à Última Ceia, numa quinta-feira santa, na qual participaram 13 pessoas (Jesus e seus 12 discípulos). No dia seguinte, sexta-feira 13, Jesus foi crucificado. E o número 13 está associado a Judas, o 13º a chegar a ceia. A segunda origem tem a ver com a criação da Ordem dos Cavaleiros Templários, no século 12. O grupo tinha a missão de proteger os cristãos, mas o rei francês Filipe IV ficou incomodado com o grau de influência produzida pelos cavalheiros, o que resultou numa perseguição a eles no dia 13 de outubro de 1307, resultando em prisões e mortes.

Com o surgimento de tal crença, algumas regiões seguem rituais severos, um exemplo é a Carolina do Norte. De acordo com o Stress Management Center and Phobia Institute, de Asheville, mais de 80% dos edifícios altos de Carolina do Norte (EUA) não têm um 13º andar. Assim como a maioria dos hotéis, hospitais e aeroportos evitam o uso do número em portas e portões.

Fonte: encurtador.com.br/kwG68

Por coincidência ou não, vários eventos traumáticos aconteceram numa sexta-feira 13, tais como: o bombardeio alemão ao Palácio de Buckingham (setembro de 1940); um ciclone que matou mais de 300 mil pessoas em Bangladesh (novembro de 1970); o desaparecimento de um avião da Força Aérea do Chile nos Andes (outubro de 1972); a morte do rapper Tupac Shakur (setembro de 1996); o acidente do navio de cruzeiro Costa Concordia na costa da Itália, que matou 30 pessoas (janeiro de 2012).

O biólogo evolucionista Kevin Foster afirma que “num mundo de incertezas, você tem de escolher se acredita ou não acredita”, pois se você não tem a resposta e não sabe onde encontrar, os conflitos terão grande força e a qualidade de vida tende a diminuir.  Para o biólogo, neste mundo de incerteza, faz todo sentido ser supersticioso, já que as espécies que são supersticiosas tendem a se preservar mais do que as que não são tão cautelosas, e assim alongam os anos de vida.

Já o psicólogo Elidio Almeida afirma que o comportamento supersticioso nada mais é do que associações e crenças que surgem através de ´uma inclinação que nós, humanos, temos para estabelecer padrões e significados para as coisas, ainda que elas não tenham relação entre si.` Ou seja, quando alguém não consegue estabelecer uma relação de causa e efeito entre dois eventos, mas nota coincidências entre eles. O que faz entender que as crenças são frutos do imaginário.

Assim como desastres acontecem em diferentes datas, coisas ruins acontecem com diferentes pessoas todos os dias. Elídio afirma que com tais crenças, as pessoas ficam predispostas a interpretar como má sorte qualquer coisa que possa acontecer nesse dia, mas em dias ´comuns` encaram como dificuldades da vida.

Fonte: encurtador.com.br/diFW0

Crenças também podem gerar muito sofrimento psicológico, por mais que não aconteça absolutamente nada de ruim, várias pessoas passam o dia prevendo o pior e o observando o mesmo sob filtro do negativismo. A notícia boa é que a sexta-feira 13 está quase no fim, e a próxima será só no mês de dezembro. É de suma importância ressaltar que o medo pode causar crises de ansiedade e pânico, e caso o indivíduo não consiga se ajustar e vivencie intenso sofrimento em tais ocasiões, é de grande importância procurar ajuda de profissional de um psicólogo.

Referências

AMORIM,D. Primeira sexta-feira 13 do ano com noite de lua cheia pode ser perigosa, alerta taróloga. Acessado em < https://extra.globo.com/noticias/rio/primeira-sexta-feira-13-do-ano-com-noite-de-lua-cheia-pode-ser-perigosa-alerta-tarologa-23943702.html > no dia 13/09/2019.

CURIOSIDADE. Sexta-feira 13: dez curiosidades sobre o dia da má sorte. Acessado em <

https://www.revistaplaneta.com.br/sexta-feira-13-dez-curiosidades-sobre-o-dia-da-ma-sorte/ > no dia 13/09/2019.

ASTRONOMIA. Sexta-feira 13 terá lua cheia e “lua de colheita” no Norte. Acessado em < https://www.revistaplaneta.com.br/sexta-feira-13-tera-lua-especial-no-hemisferio-norte/ no dia 13/09/2019.

SOUSA, R. Ciência A ciência analisa as superstições. Acessado em < https://www.revistaplaneta.com.br/a-ciencia-analisa-as-supersticoes/  no dia 13/09/2019.

ALMEIDA, E. Sexta-feira 13 e o comportamento supersticioso! Acessado em < https://elidioalmeida.com/blog/sexta-feira-13-comportamento-supersticioso-e-a-crendice-humana/ no dia 13/09/2019.

 

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A rápida decomposição da rosa: relacionamentos abusivos

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Os relacionamentos atuais (inclusive o meu) estão, em grande escala, baseados na posse e este sentimento de posse, pode ser o motivo da ´´morte“ de muitos relacionamentos. Este trabalho tem como ideia principal, fazer uma analogia da rápida decomposição da rosa comparando com os relacionamentos possessivos. Minha inspiração foi um rico ensinamento de  Osho: Se você ama uma flor, não a colha. Por que se você colhê-la, ela morre e deixa de ser o que você ama. Então se você ama a flor, deixe-a estar. O amor não está na posse. O amor está na apreciação.

Fotografei a rosa por 14 dias, aos quais vou relatar adiante.

Analogia: Eu sou a sádica (dominadora/sedutora) e a rosa a masoquista (dominada/seduzida)

1° Dia

Cheguei a floricultura e vi uma encantadora rosa, era linda e cheirosa, me apaixonei e a tomei para mim. Ao chegar em casa, a primeira coisa que fiz foi colocá-la em uma garrafa com água fresca. Foi fotografada pela 1ª vez as 17 horas. A textura da pétala era macia e aveludada, extraia de mim o deseja de abraçá-la e cheirá-la por horas, pois seu cheiro era fresquinho e delicioso. Sua cor me encantava os olhos, era um vermelho vivo e vibrante. Sua estrutura era ereta, estava lá confiante de “cabeça erguida“. Havia também 2 (duas) folhas verdinhas e apesar de ser uma rosa aberta, seu botão estava estreito e justinho, acompanhado por um talo longo e verde.

2° Dia

A textura da pétala continuava macia e aveludada, com cor viva e vibrante. Ah, seu cheiro continuava fresco e gostoso. Aquele cheiro me satisfazia, continuava com o desejo de passar o dia a cheirando. Continuava lá, firme e ereta, com 2 folhas verdes e um talo longo e verdinho. Apesar de seu botão ter aberto um pouco, mesmo assim fui gentil e troquei sua água. A levei para dois cômodos da casa.

3° Dia

Continuava macia e aveludada, me agrava o toque. Seu vermelho continuava vivo e vibrante. O cheiro fresquinho e gostoso. Estava em posição ereta. Continha ainda suas 2 (duas) folhas e um talo verdinho. Me agradava muito, como recompensa lhe troquei a água. Deixei-a na varanda tomando ar fresco.

4° Dia

Apesar das pontas das pétalas estarem um pouco secas, o botão um pouco mais aberto e o cheiro não tão fresco, ela continuava me agradando, pois suas pétalas estavam macias e aveludadas, sua cor era um vermelho vivo e vibrante e seu aroma ainda estava gostoso. Sem falar que continuava com 2 (duas) folhas, ereta e com talo verdinho. Transitei com ela por 3 (três) cômodos da casa.

5° Dia

Acordei irritada com ela, pois sua textura não era mais tão macia como antes. Sem falar que sua cor estava saindo do vermelho e indo para o vinho. Seu cheiro não estava tão agradável, começou a feder. Sua estrutura tendia para o lado, não estava mais ereta como antes. Suas duas folhas estavam com uma aparência seca, com textura dura e de cor verde amarelado, no entanto seu talo continuava verde. Diante de tanta decepção a insultei e ameacei, pois ela não estava me agradando como antes. Não lhe troquei a água, pois não merecia.

6° Dia

Ao olhar pra ela, fiquei extremamente irritada. As pétalas estavam com as pontas secas e duras, o inicio das pétalas estavam vermelhas, mas suas pontas tendiam para a cor preta. Seu cheiro fedia a morte, sua estrutura ao invés de tender para o lado, agora tende para baixo. 1 (uma) folha já caiu, permanecendo apenas 1 (uma), e ainda por cima pendurada por um talo seco. O talo da rosa estava com 2 cores, verde na ponta e próximo ao botão estava amarelado. O botão estava bem aberto. Mesmo diante desta decepção fui muito gentil ao trocar sua água. No entanto ela precisava de uma lição para aprende a me respeitar. Eu a puni, deixei 24h dentro de um quarto fechado e escuro, na qual ela ficou próxima a parede que batia sol.

7° Dia

A ingrata estava morta. Mesmo depois de tudo que fiz por ela, não fiquei triste, fiquei com ódio. Sua textura estava seca, indo para o duro. Sua cor estava mesclada entre roxo, amarelo e preto. Ela simplesmente fedia a morte. Sua estrutura estava virada para baixo. Já sem folhas, o talo saía do verde, indo para o preto e sua espessura perto do botão estava cada vez mais fina. Para recompensar sua morte, a deixei no ar-condicionado.

8° Dia

A textura estava seca e dura. A cor amarelo queimado mesclado com vinho e preto. O cheiro era de folha seca. Sua estrutura estava totalmente para baixo. O talo se encontrava preto e fino, mas a parte que estava coberta por água estava hidratada e se encontrava com cor verde escuro. Como forma de demonstração de me afeto por ela, eu quis agradá-la, troquei sua água, molhei suas pétalas e a levei para tomar ar fresco na varanda.

9° Dia

A rosa estava como no dia anterior, textura seca e dura, com amarelo queimado mesclado entre vinho e preto. Cheiro de folha seca. Inclinada para baixo, cada vez mais seca e preta, apenas o meio do talo permanecia verde escuro. Eu a insultei, como pode tanta ingratidão?! Mesmo assim ainda a levei para tomar ar fresco na varanda.

10° Dia

A rosa estava igual a dia anterior. Meus insultos não adiantavam. Parece que ela se acostumou. Adaptou-se rápido. Ela precisa de mim, eu via isso. Novamente eu a insultei.

11° Dia

A única mudança mais visível foi em relação ao talo, a cor do meio, que estava verde escuro, agora estava passando para a cor preta. Eu não lhe dei muita atenção, fiquei distante.

12º Dia

Continuava como no dia anterior e cada vez mais estava dependente de mim. Eu a insultei.

13° Dia

Enfim seu talo ficou totalmente preto. Coitada, totalmente dependente dos meus generosos cuidados.

14° Dia

Continuava como no dia anterior. Tirei-lhe da água. Eu tinha total domínio sobre ela.

Relacionamento Abusivo

Em entrevista ao Repórter Unesp, a psicóloga Raquel Silva Barreto, declarou que uma “Relação abusiva é aquela onde predomina o excesso de poder sobre o outro. É o desejo de controlar o parceiro, de tê-lo para si. Esse comportamento, geralmente, inicia de modo sutil e aos poucos ultrapassa os limites causando sofrimento e mal-estar. ” E no meu relato com a rosa esta relação é bem nítida. Eu vi a rosa extremamente linda e a tomei para mim, comecei a controla-la de modo sutil, onde eu punia e reforçava aos poucos, lhe causei sofrimento e morte (do eu), até ter domínio total sobre ela.

Eu me encontrei na posição de Dominador-sedutor pois eu detinha poder/posse sobre a rosa, e meu objetivo era ser a coisa mais importante para ela. Como eu a tirei de seu lugar de origem, ela dependia de mim para ser molhado, tomar ar fresco etc. No momento em que ela não me agradava, eu a punia, mas ao mesmo tempo eu a compensava, o que fez com que ela ficasse fortemente ligada e dependente. Para isso, muitas vezes a inferiorizei, até que ela ficou totalmente curvada, sem vida e dominada, vendo em mim as qualidades que ela não possuía.

Experiência pessoal

Fazer este trabalho foi muito significativo, pois já vivi um relacionamento em que sempre tive um sentimento muito grande de posse. Quando eu comprei a rosa ela estava maravilhosa. Fiquei encantada, e com o passar dos dias, a ver morrendo me deixou bem triste. Quando eu a puni do 6° dia, não esperava que ela estaria morta no 7° dia, mas ela estava morta e quando a vi chorei muito. Fiquei totalmente desolada e angustiada. Refleti muito sobre o relacionamento que tive e percebi o quanto eu fiz mal ao meu namorado em todas as vezes que eu o privei de ser ele mesmo, tentado transforma-lo em alguém com qualidade e características que somente eu gostaria que ele tivesse.

Depois de punir a rosa, a deixei no quarto com o ar-condicionado ligado, a molhei, troquei sua água, a levei para diferentes cômodos da casa, mas nada adiantou, nada lhe trouxe a vida de volta. Tive domínio e superioridade diante da rosa, no entanto a rosa não era mais a mesma, estava sem vida e sem personalidade própria.

Este trabalho me ajudou e enxergar a beleza e riqueza das diferenças dentro de um relacionamento. Hoje não penso em ter um namorado que viva apenas por e para mim, mas o quero para o mundo, e que a escolha seja dele de estar e permanecer comigo. Fazer o contrário, do que fiz com a rosa, em meus relacionamentos, fez com que eu potencializasse as qualidades dos parceiros que tive e que tenho. Diante disto, a reciprocidade, o amor e o respeito se tonou evidente em minhas relações, sendo saudáveis e gostosas de se permanecer.

Referências:

Repórter Unesp. Psicóloga explica relacionamentos abusivos: o que é e como lidar com essa situação. Acessado em<

http://reporterunesp.jor.br/2015/08/20/psicologa-explica-relacionamentos-abusivos-o-que-e-e-como-lidar-com-essa-situacao/ > no dia 22/03/08/19

ZIMERMAN, David. Manual de Técnica Psicanalítica. Editora: Artmed,  2003

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São as nossas doenças que nos curam?

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Diante da dor, o indivíduo pode se rebelar e finalmente “acordar” para a vida. A dor faz o homem sentir-se vivo.

Quem quer ficar doente? Eu acredito que ninguém. É comum em nossa cultura sempre felicitarmos o outro com saúde em abundância. Mas qual o significado de saúde e qual o significado de doença? É melhor viver uma vida monótona de 100 anos ou viver uma vida de emoção de 50 anos? Quais vantagens pode-se tirar ao ser acometido por uma doença?

Um dos primeiros benefícios da doença pode ser a ruptura, seja de hábitos, crenças, cultura, quotidiano ou modo de pensar. Nietzsche (2008), em seu livro Ecce homo, relata que a doença o libertou lentamente. Pois através da doença o filósofo declara que passou por uma transformação, já que mudou todos os seus hábitos, pois lhe ordenou o esquecimento, lhe presenteou com a obrigação de sossego, lazer, espera e paciência.

Definitivamente a doença muda a realidade do homem, pois tudo é visto com mais objetividade, precisão e clareza. A partir disto, muda-se então as prioridades, já que o homem analisa o que funcionava, o que funciona e o que pode funcionar. Um exemplo é Nietzsche (2008) que, devido a doença, se mudou de local, para respirar novos ares e apreciar novas paisagens, com o objetivo de ter uma melhor qualidade de vida (THOMASS, 2010).

Fonte: encurtador.com.br/bems2

Diante da dor, o indivíduo pode se rebelar e finalmente “acordar” para a vida. A dor faz o homem sentir-se vivo. Com a correria do cotidiano não paramos para apreciar as coisas simples. Às vezes o respirar passa despercebido, mas o indivíduo acometido por uma asma encontra felicidade e gratidão em cada movimento de inspirar e expirar. Thomas (2010, p. 21) declara que “somos forçados a provar os mínimos detalhes para não sucumbir ao fatalismo”.

A doença também pode ser a cura contra o pessimismo. Nietzsche (2008) declara que por meio da sua doença pôde experimentar coisas boas, e com facilidade conseguiu formular sua filosofia de vida através da sua vontade de viver e ter saúde. O filósofo afirma: não é porque sofremos que temos direito ao pessimismo.

Um homem que já passou pelo pior, tem maior chance de aprender a apreciar o melhor. É como um regenerar-se, com sensibilidade na alegria, cuidado nas palavras e leveza nos atos. Thomass (2010, p. 22) afirma que “somente quando adoecemos descobrimos nossa saúde”. Pois, de acordo com sua linha de pensamento, somente através do adoecimento temos razão para mobilizar nossos instintos de defesa e de cura.

Fonte: encurtador.com.br/fikns

Ainda de acordo com o autor, a saúde não é um estado estático e universal. Não há diferença de natureza entre saúde e doença, mas há diferença de grau. A saúde não é a ausência da doença, mas sim a capacidade de defesa instintiva contra a doença.  Logo, há diversos tipos de saúde, e é desafio de cada um descobrir a sua “própria saúde”.

É importante frisar que o indivíduo é subjetivo. Diante disto, Nietzsche formulou o conceito “grande saúde”, que se refere a particularidade de cada pessoa diante de iguais ou diferentes tipos de doenças.

Desse modo a apresenta, pois entende ser a maior mobilização de impulsos na luta, o ensaio de diferentes perspectivas, o que fomenta a exploração e a descoberta de diferentes ópticas e pontos de vista. A seu ver, é esse dinamismo, assemelhado a uma dança de impulsos, o que promove a experimentação de pensamentos e valores, sentimentos e quereres outros. Por esse viés, mesmo a doença, como mobilização do corpo, pode dar oportunidade para experimentações de muitos e opostos modos de pensar (MOREIRA, 2016, P. 44).

A doença gera autoconhecimento, pois temos a oportunidade entender o funcionamento do nosso corpo e capacidade de se reciclar, de modo biopsicossocial. Na literatura existe casos conhecidos de grandes mentes pensantes que fizeram uso de sua doença para potencializar suas habilidades. Francisco Goya, após adoecer, passou a deixar suas obras mais escuras e sombrias. Ludwig van Beethoven sofria de depressão e transtorno bipolar, o que pode ter dado intensidade as suas notas musicais. Machado de Assis sofreu de depressão, e passou a abordar o assunto em suas obras. Edvard Munch  sofria de depressão e agorafobia, e a partir de seus delírios supõe que ele criou a obra  “O Grito”, em 1893.

No entanto, Nietzsche frisa: “A doença é um poderoso estimulante. Mas é preciso ser suficientemente saudável para este estimulante”. E para isto precisamos estar dispostos a sair da zona de conforto do adoecimento. Como você tem lidado com a sua doença? Como forma de se potencializar para florescer ou como forma de se exaurir?

Referências

DENCK, D. 9 gênios que sofreram com doenças mentais. Acessado em https://www.megacurioso.com.br/medicina-e-psicologia/75260-9-genios-que-sofreram-com-doencas-mentais.htm > no dia 06/07/9.

MOREIRA, A. Nietzsche e a grande saúde: O uso do diagnóstico tipológico contra a metafísica. Estudos Nietzsche, Espírito Santo, v. 7, n. 1, p. 31-55, jan./jun. 2016.

NIETZSCHE, Friedrich. Ecce homo: como alguém se torna o que é. São Paulo: Companhia das Letras, 2008.

THOMASS. B. Afirmar-se com Nietzsche. Vozes Nobilis; Edição: 1 (22 de julho de 2019)

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O processo de consolidação da Reforma Psiquiátrica

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A reforma psiquiátrica não muda só o modo assistencial, mas muda também a ética, a política e a cultura em relação à saúde mental

A Reforma Psiquiátrica está diretamente ligada a figura de Franco Basaglia, fundador de todo processo da reforma psiquiátrica italiana. Em 1961 Basaglia assumiu o posto de diretor do manicômio da Itália e, juntamente com sua equipe, transformou o hospital em uma comunidade terapêutica, propondo desarticulação do manicômio, com o intuito de reinserir o doente mental na sociedade. 

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A reforma psiquiátrica não muda só o modo assistencial, mas muda também a ética, a política e a cultura. Diante deste cenário, pessoas se uniram dando vida a diversos movimentos políticos sociais, com o intuito de dar voz a quem não tinha. 

(…) um amplo movimento sustentado por numerosas organizações de base: o movimento estudantil – importantíssimo para a década- e o dos sindicatos dos trabalhadores. Foi um movimento aglutinado por um lema radical: um ‘não’ redondo ao manicômio. A reprovação dos manicômios uniu-se a crítica a todas as instituições de marginalização: os reformatórios, os presídios, os albergues da assistência social e as instituições que sustentavam a fachada ideológica e moral do sistema social: a família, a escola e a fábrica (DESVIAT, 1999, p. 43)

A consolidação da reforma psiquiátrica aconteceu devido ao Congresso de Psiquiatria Social, realizado em Bolonha em 1964, pois se chegou à conclusão de que a busca pela cidadania dependia de uma verdadeira reforma sanitária capaz de implantar um sistema nacional de saúde universal e equitativo. Em 1978 foi criada a Lei 180, que decreta a extinção dos manicômios, proíbe a construção de novas instituições psiquiátricas e determina a construção de novos serviços comunitários, territoriais, garantindo tratamento contínuo. Assim como a obrigação das internações serem realizadas em leitos de hospitais gerais. 

Outra questão importante abordada pela lei 180 foi buscar abolir o conceito de periculosidade social associada à loucura, estabelecendo que nos casos de internação obrigatória o juiz deveria tutelar a salvaguarda dos direitos civis dos doentes mentais, estando sujeita a revisão judicial depois de dois e após sete dias, tendo grande variedade de recursos para apelação (DESVIAT, 1999, p. 45). 

Se antes o doente mental ainda podia desfrutas das ruas e gozar de uma relativa liberdade, no sec. XIX o doente mental passou a ser tratado em Santas Casas de Misericórdia (RESENDE, 1987, apud DEVERA e COSTA-ROSA, 2007). No entanto, em 1830, médicos da então Academia Imperial de medicina passaram a reivindicar a responsabilidade em tratar a loucura, fomentando a opinião pública para a construção de um Hospício para Alienados, tecendo críticas aos cuidados prestados nas Santas Casas de Misericórdia. Seguindo o modelo de Pinel, foi construído o Hospício Pedro II, que passou a ser lugar de isolamento social, conforme os pressupostos da especialidade médica recém-criada. Desta maneira, surge o modelo asilar no Brasil.

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Com a reforma psiquiátrica, surge uma crise na psiquiatria clássica. Ante o objeto era o tratamento da saúde mental, que passou então a ser a promoção da saúde mental, o que resultou em novas psiquiatrias (Amarante, 1995). Em 1886, Teixeira Brandão, deputado e então psiquiatra diretor do Hospício Nacional de Alienados, consegue a aprovação da primeira lei brasileira do alienado, considerando o hospício o único lugar aceitável para o tratamento da loucura. O que fez com que a figura do psiquiatra fosse vista como a de maior autoridade e detentora do saber (Machado et al, 1978, apud Devera e Costa-Rosa, 2007). A assistência psiquiátrica no Brasil passa a adotar o modelo asilar. 

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Em 1901 fundou-se o Juqueri, como proposta de asilamento científico.  Era uma espécie de colônias terapêuticas, que logo se proliferou por todo país.

[…] proliferam hospitais psiquiátricos e colônias agrícolas para doentes mentais com a ideia de tratar e reeducar pelo trabalho, fornecendo um ambiente calmo e regrado. Porém, os serviços criados, a princípio, para tratamento daqueles reconhecidos como doentes mentais incharam com o recolhimento de toda gama de excluídos (órfãos, mendigos, prostitutas etc.), para os quais não havia quaisquer outras estruturas fora do Hospício (DEVERA e COSTA-ROSA, 2007, p. 62). 

O Hospital Colônia de Barbacena era um desses hospitais. Daniela Arbex (2013) pontua a morte de pelo menos 60 mil pessoas que lá estiveram internadas, sendo que cerca de 70% dos internos não tinham diagnostico de doença mental. 

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Eram epiléticos, alcoolistas, homossexuais, prostitutas, gente que se rebelava, gente que se tornara incômoda para alguém com mais poder. Eram meninas grávidas, violentadas por seus patrões, eram esposas confinadas para que o marido pudesse morar com a amante, eram filhas de fazendeiros as quais perderam a virgindade antes do casamento. Eram homens e mulheres que haviam extraviado seus documentos. Alguns eram apenas tímidos. Pelo menos trinta e três eram crianças. (p.14)

Daniela Arbex (2013) pontua ainda que durante uma visita de Franco Basaglia ao Brasil, em 1979, em Barbacena, o médico acionou a imprensa e declarou: “estive hoje num campo de concentração nazista. Em lugar nenhum do mundo presenciei uma tragédia como esta” (p.207).  

Amarante (2010, p. 51) compreende o início do movimento da reforma psiquiatria no Brasil entre os anos 1978 e 1980. Dentre os principais atores envolvidos neste processo destaca o Movimento dos Trabalhadores em Saúde Mental – MTSM – composto por diversas frentes: Núcleos Estaduais de Saúde Mental do Centro Brasileiro de Estudos de Saúde (CEBES), Comissões de Saúde Mental dos Sindicatos dos Médicos, o Movimento de Renovação Médica (REME), a Rede de Alternativas a Psiquiatria e a Sociedade de Psicossíntese. Também fizeram parte do processo a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), a Federação Brasileira de Hospitais (FBH), a indústria farmacêutica e universidades, o Ministério da Saúde (MS) e o Ministério da Previdência e Assistência Social (MPAS). 

O autor destaca como marco do início da reforma psiquiátrica brasileira a crise da Divisão Nacional de Saúde Mental (DINSAM), episódio que ficou conhecido como “Crise da DINSAM”. A DINSAM era composta por quatro unidades, todas no Rio de Janeiro: Centro Psiquiátrico Pedro II (CPPII), Hospital Pinel, Colônia Juliano Moreira (CJM) e o Manicômio Judiciário Heitor Carrilho. A DINSAM tratava-se de um órgão do Ministério da Saúde responsável pela formulação das políticas de saúde mental. 

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Devido a demissão de 260 estagiários e profissionais, em abril de 1978, as quatro unidades supracitadas decretaram estado de greve.  A DINSAM passou um grande período sem realizar concurso público, e passou a contratar profissionais bolsistas para completar o quadro de profissionais a partir de 1974. Eram profissionais graduados e universitários atuando como médicos, psicólogos, enfermeiros e assistentes sociais.  Amarante (2012) cita que o trabalho era realizado em condições precárias, em clima de ameaças e violências, tanto aos profissionais, como aos pacientes que frequentavam a instituição. Se torna evidente devido as ´´frequentes denúncias de agressão, estupro, trabalho escravo e mortes não esclarecidas“ (Amarante, 2012, p. 52). A crise só veio à tona devido a denúncia feita por três médicos bolsistas do CPPII, que registraram no livro de ocorrências do plantão inúmeras irregularidades, levando à conhecimento público a situação de calamidade vivenciada por aquela instituição.  

Na segunda metade da década de 80, passam a ocorrer muitos eventos importantes, onde Amarante (2010, p. 75) destaca: 8ª Conferência Nacional de Saúde, I Conferência Nacional de Saúde Mental, II Congresso Nacional de Trabalhadores de Saúde Mental, criação do primeiro Centro de Atenção Psicossocial em São Paulo e do primeiro Núcleo de Atenção Psicossocial em Santos, Associação Loucos Pela Vida (Juqueri), a apresentação do projeto de Lei 3.657/89 do Deputado Paulo Delgado e a realização da II Conferência Nacional de Saúde Mental. 

Devido a 8ª Conferência Nacional de Saúde, surge a campanha Por uma sociedade sem manicômios. O II Congresso Nacional do MTSM, teve os seguintes eixos de discussão:

  • Por uma sociedade sem manicômios – significa um rumo para o movimento discutir a questão da loucura para além do limite assistencial. Concretiza a criação de uma utopia que pode demarcar um campo para a crítica das propostas assistenciais em voga. Coloca-nos diante das questões teóricas e políticas suscitadas pela loucura.
  • Organização dos trabalhadores de saúde mental – a relação com o Estado e com a condição de trabalhadores da rede pública. As questões do corporativismo e interdisciplinaridade, a questão do contingente não universitário, as alianças táticas e estratégias.   
  • Análise e reflexão das nossas práticas concretas – uma instância crítica da discussão e avaliação. (A quem servimos e de que maneiras). A ruptura com o isolamento que caracteriza essas práticas, contextualizando-as e procurando avançar. (MTSM, 1987 apud Amarante 2010, p. 80)

Com tal manifestação pela extinção dos manicômios, a denúncia a psiquiatrização e a institucionalização passou a ser praticada. Dessa forma, associações de usuários passam a ocupar um importante lugar no movimento da luta antimanicomial. 

Com o processo de reforma psiquiátrica saindo do âmbito exclusivo dos técnicos e das técnicas, e chegando até a sociedade civil, surgiram novas estratégias de ação cultural, com a organização de festas e eventos sociais e políticos nas comunidades, na construção de possibilidades até então impossíveis (AMARANTE, 2010, p.82).

Essa nova etapa repercutiu em vários âmbitos, cultural, social, jurídico-político e assistencial, pois foi marcada pelo surgimento das novas modalidades de atenção, que representaram uma alternativa real ao modelo psiquiátrico tradicional.

Referências:

AMARANTE, Paulo Duarte de Carvalho. Loucos Pela Vida. Rio de Janeiro, Editora Fiocruz, 2010

ARBEX, Daniela. Holocausto Brasileiro. São Paulo, Ed. Geração, 2013.

DESVIAT, Manuel. A Reforma Psiquiátrica. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz, 1999. 

DEVERA, Disete; COSTA-ROSA, Abílio da. Marcos históricos da reforma psiquiátrica brasileira: Transformações na legislação, na ideologia e na práxis. Revista de Psicologia da UNESP, 6(1), 2007.  

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Saúde Mental

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A Saúde Mental é uma área complexa e é uma teia extensa de conceitos que se entrelaçam. Amarante (2011) afirma ser um campo com saberes complexos, plurais, intersetoriais e transversais. Visto que o saber da saúde mental não está apenas na área da psiquiatria, mas em um conjunto diverso de disciplinas.

Saúde mental não é apenas psicopatologia, semiologia… Ou seja, não pode ser reduzida ao estudo e tratamento das doenças mentais… Na complexa rede de saberes que se entrecruzam na temática da saúde mental estão, além da psiquiatria, a neurologia e as neurociências, a psicologia, a psicanálise (ou as psicanálises, pois são tantas!), a fisiologia, a filosofia, a antropologia, a filologia, a sociologia, a história, a geografia (esta última nos forneceu o conceito de território, de fundamental importância para as políticas públicas). (Amarante, 2011, p.16)

A terminologia da palavra complexus é ´´aquilo que é tecido junto“. Paulo de Tarso (2012, p. 70) diz que esta complexidade é tecida por vários saberes e estão entrelaçados “entre domínios imanentes a um dado corpo, corpo biológico, corpo social, corpo psíquico, corpo emocional, dentre outros corpos em interferência”. Diante disto, se torna evidente que a saúde mental é um campo multifacetado, plural e de inúmeras trocas de saberes.

Mas nem sempre a saúde mental se interligou com essa coletividade de saberes.   Inicialmente, a prática continha condutas de isolamento, exclusão e intolerância com tudo que destoasse das normativas sociais.  Há pouco tempo a saúde mental ainda era interligada ao objetivo de tratar a doença mental apenas em hospícios e manicômios. A definição de normal e anormal é o mesmo que definir um local ideal para cada um.  E este pensamento ainda é presente nos dia de hoje, pois é permeado de cresças de difícil desconstrução. Amarante (2011, p. 19) postula: “Qualquer espécie de categorização é acompanhada do risco de um reducionismo e de um achatamento das possibilidades da existência humana e social”.

Fonte: encurtador.com.br/cjEGR

Assim como a sociedade é plástica, o campo da saúde mental também é caracterizado por uma constante desconstrução e construção.  Franco Rotelli (2007, apud AMARANTE; CRUZ, 2008, p. 37), afirma: “O ato mais importante realizado por Franco Basaglia, a ação de maior coragem científica foi a de dizer eu não sei nada sobre a loucura, eu não sei nada sobre esse homem ou esta mulher que estão à minha frente…”. Diante da fala de Amarante, vale questionar se realmente sabemos algo sobre a loucura. Quando se trata de loucura, é importante que reconheçamos o nosso “não-saber”, dando lugar a reflexão e a constante busca de um modelo de atenção psicossocial mais humanizado possível.  Paulo Amarante, em Saúde Mental e Atenção Psicossocial (2011), declara:

Porque temos que pensar de forma dualista, antinômica, simplificada? A natureza do campo da saúde mental vem contribuindo para que comecemos a pensar de forma diferente, não mais como este paradigma da verdade única e definitiva, mas sim em termos de complexidade de saberes, de ‘construcionismo’, de reflexidade.   (Spink,2004 apud Amarante,2011, p.17 e 18)

Ou seja, quando falamos em atenção psicossocial humanizada, não nos referimos apenas às mudanças nas práticas assistenciais, mas à quebra de paradigmas de toda uma lógica cultural de olhar e compreender a loucura.

Referências:

AMARANTE, Paulo Duarte de Carvalho. Saúde mental e Atenção Psicossocial. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz, 2011.

TARSO, Paulo De. Heterogênese, Saúde Mental e Transcomposições. Rio de Janeiro: Editora Multifoco, 2012.

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Efeito manada nas redes: território perigoso

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Nas redes sociais o cenário de agressão é facilitado, já que existe a possibilidade de estar no anonimato, de criar perfis falsos e de não estar em convivência com a vítima

Desde a escravidão é visível em nossa realidade o poder do efeito manada e da psicologia das massas, onde se é instalado um sistema de controle e/ou exploração, em que muitos agem de modo automático e sem pensar com clareza nos impactos e consequências, sendo fomentador da construção de um ambiente repressivo.

De modo genérico, todos têm necessidade de identificação e de fazer parte de algo, sentir-se pertencente. E agir com a maioria é mais confortável, já que parece que se está certo ou isento de responsabilidades. Isso é o que Carl Jung caracterizava como Participação Mística, quando o sentido de individualidade – que requer um  olhar crítico sobre as próprias ações – se dissolve nas ações coletivas. O historiador Leandro Karnal questiona: “Por que aceitamos obedecer e deixar de ser autônomos?”, e responde:

´´A liberdade é responsabilidade: quanto mais ofereço chance de as pessoas escolherem, mais angustiadas elas ficam. Boétie falou sobre o incômodo da liberdade séculos antes de Sartre. Os tiranos precisam de assessores. Precisam de um grupo que os apoie. Quanto mais sou oprimido, mais eu tiranizo também. Assim os tiranos se multiplicam. Cada um pisa naqueles que é possível. O mais subserviente dos gerentes é aquele que pisa no faxineiro”

Georg Simmel intitula tal comportamento como “impulso de sociabilidade no homem”; Freud chamou “psicologia das massas”, Carl Jung de “Participação Mística” e Gustave Le Bon de “mente popular”. Para a Psicologia, tal comportamento é descrito como o agir coletivo, disparado e centralizado. A descrição de tal comportamento é fruto da observação da convivência de muitos animais que vivem em bando.

Fonte: encurtador.com.br/hjrAJ

O efeito manada pode ser causador de agressões físicas, ameaças de morte e concretização das ameaças de mortes. Nas redes sociais tais tipos de ameaça é facilitado, já que existe a possibilidade de estar no anonimato, de criar perfis falsos e de não estar em convivência com a vítima, de modo a não ter noção do sofrimento causado pelas consequências dos ataques; em decorrência disso, tal comportamento acabou naturalizado.

Tal naturalização é fruto da chamada ´´liberdade de expressão“, já que a mesma está resguardada por lei: ´´o direito à liberdade de expressão é garantido pela Constituição Federal Brasileira em seu artigo quinto, que abre o Capítulo I (“Dos Direitos e Deveres Individuais e Coletivos”) do Título II da Carta Magna, intitulado “Dos Direitos e Garantias Fundamentais”. No entanto, vale se questionar: até onde posso ir com a minha liberdade de expressão?  Já que a mesma lei alerta que devemos assegurar o respeito dos direitos e da reputação das demais pessoas e proteger a segurança nacional, a ordem, a saúde ou a moral pública.

Em entrevista ao site Consumidor Moderno, a psicanalista Maria Lúcia Homem explanou fatos sobre a tecnologia que explica o porquê do efeito manado. A psicanalista esclarece:

Desde sempre a tecnologia (ou a técnica) altera a relação do sujeito com o mundo, porque, além de ser um objeto, é um mediador de objetos. Então, ela vem ganhando cada vez mais força porque é um interobjeto e, para além dessa relação sujeito-coisas (que demanda energia psíquica e podemos chamar de libido), ela é uma janela para ver objetos e o mundo. E é interessante ter uma janela através da qual olhar o mundo, as pessoas, as coisas. Isso, por si só, já é fascinante.

De acordo com a psicologia, o homem desenvolve suas capacidades a partir de transformações qualitativas. Funciona como o ouroboros, em constante retroalimentação, no qual cada transformação causa outra transformação. Isto deve acontecer de forma a englobar os fatores: biológico, psicológico, social, cultural e religioso, respeitando a subjetividade de todos. Para alcançar a homeostase é necessário uma boa comunicação e entendimento pessoal e dos demais seres. Assim se faz necessário uma boa construção da relação dialética entre o mundo psicológico e o mundo social.

Fonte: encurtador.com.br/mJL12

Uma das possíveis formas de não deixar ser manipulado é ter autoconhecimento. Karnal diz que quando o indivíduo não tem conhecimento próprio, ele acaba controlado por seus medos, traumas e desconhecimentos. Fazendo-se necessário uma investigação de si mesmo, praticando o ato de perceber qualidades e defeitos, tornando-se mais fácil a diminuição dos impactos causados por fraquezas pessoais. O historiador esclarece:

Por outro lado, conhecer a si mesmo também é conhecer o que há de bom em mim mesmo, e aquilo que me traz bem-estar. É muito comum ver pessoas que dizem que a carreira é tudo para elas, mas sofrem de úlcera e gastrite no domingo à noite. Elas não se conhecem, não sabem o que realmente querem.

É importante ressaltar que ninguém é perfeito, faz parte da espécie Homo Sapiens errar. Existe o velho ditado: ´´errar é humano, permanecer no erro é burrice“. Não tem como mudar o que já aconteceu, mas cabe a cada um refletir com maturidade, conhecimento e consciência, para possibilitar diferentes consequências das escolhas presentes e futuras. É necessário sair da zona de conforto, se desligar da massa e caminhar com as próprias pernas.

Referências

ROSA, K. A Onda: uma análise sobre persuasão, construção do self e realidade social. Disponível em < http://encenasaudemental.net/post-destaque/a-onda-uma-analise-sobre-persuasao-construcao-do-self-e-realidade-social/  > Acesso em 18/07/19.

ROSSETTI, V. Comportamento de manada – Quando o homem age em bando. Disponível em < https://netnature.wordpress.com/2017/09/01/comportamento-de-manada-quando-o-homem-age-em-bando/ > acessado em 18/07/19.

GASPARINI, C. Isto é o que Leandro Karnal espera que você faça se for demitido. Disponível em < http://www.editoracontexto.com.br/blog/isto-e-o-que-leandro-karnal-espera-que-voce-faca-se-for-demitido/ > acessado em 18/07/2018.

CAVALCANTI, J. O exercício da liberdade de expressão nas redes sociais. Disponível em < https://jus.com.br/artigos/34282/o-exercicio-da-liberdade-de-expressao-nas-redes-sociais > acessado em 18/07/19.

LIDIA, E. Ninguém é perfeito.  Disponível em < http://psicologaevandralidia.blogspot.com.br/2016/08/ninguem-e-perfeito.html > acessado em 18/07/19.

LULIO, M. A Tecnologia é a causa do desespero dos indivíduos.  Disponível em < http://www.consumidormoderno.com.br/2016/05/30/tecnologia-desespero-individuos/ > acessado em 18/07/19.

 

 

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