Alessandra Soares Araújo apresentou o filme ‘Azul é a cor mais quente’, abordando a questão de como são feitas as representações das lésbicas no cinema.
Nesta quinta-feira (23) aconteceu o Psicologia em Debate como parte da programação do CAOS 2019. Na ocasião, três salas comportaram temas relacionados a sexualidade, sendo: Cinema e Sexualidade, Cultura e Sexualidade, Saúde e Sexualidade.
A acadêmica Alessandra Soares Araújo apresentou o filme ‘Azul é a cor mais quente’, abordando a questão de como são feitas as representações das lésbicas no cinema. Ao decorrer da apresentação Alessandra explanou o quanto as mulheres lésbicas são fetichizadas pela mídia seguindo a lógica do sistema machista, onde a mulher é tida como objeto de desejos e satisfação do homem.
Além disso, fatos impressionantes sobre as gravações do longa foram trazidos, que incluíam desde assédio sexual proferido por parte do diretor às atrizes do filme, até a exigência de gravação de cenas de sexo por 10 horas seguidas com a proibição de pausas.
Alessandra concluiu sua apresentação trazendo a reflexão do quanto a lógica heteronormativa e sexista ainda impera no meio social e consequentemente na indústria midiática, chamando a atenção para como e quais tipos de conteúdos nós estamos consumindo.
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Psicologia em Debate discute ‘Big Mouth’ no CAOS 2019
A acadêmica Lanusse Guimarães de Castro Ribeiro apresentou a série animada ‘Big Mouth’, em tradução livre, Boca Grande, abordando os desafios e limites na adolescência.
Nesta quinta-feira (23) aconteceu o Psicologia em Debate como parte da programação do CAOS 2019. Na ocasião, três salas comportaram temas relacionados a sexualidade, sendo: Cinema e Sexualidade, Cultura e Sexualidade, Saúde e Sexualidade.
A acadêmica Lanusse Guimarães de Castro Ribeiro apresentou a série animada ‘Big Mouth’, em tradução livre, Boca Grande, abordando os desafios e limites na adolescência. O debate trouxe à tona as questões da puberdade e como estas influenciam no vivenciar da sexualidade dos adolescentes, lembrando o quanto esse período do desenvolvimento humano é marcado por intensas mudanças, fazendo com que seja uma fase de muita intensidade e novos aprendizados.
Fonte: Arquivo Pessoal
Lanusse ainda apontou a importância de o Psicólogo ter conhecimento sobre essas mudanças e desafios, a fim de auxiliar os adolescentes que eventualmente precisem de serviços psicológicos. Ainda destacou a necessidade da educação sexual nas escolas, como uma ferramenta de esclarecimentos e de evitação de assédios sexuais contra crianças e adolescentes.
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Educação Sexual dá o tom da abertura dos CAOS 2019
O Congresso Acadêmico de Saberes em Psicologia (CAOS) 2019 iniciou suas programações nesta terça-feira (21) com a palestra “Educação Sexual nas Escolas:Prevenindo Violências”. A discussão deu-se em forma de uma mesa redonda composta por Ana Paula dos Santos (Graduada em Sociologia e Especialista em Gênero e Diversidade), Laureane Marília de Lima Costa (Psicóloga, Especialista em Psicoterapia Analítico-Comportamental e Mestranda em Educação), Lucrécia Alves Barbosa (Licenciada em Geografia e Especialista em Psicopedagogia Educacional) e Wadson Arantes Gama (Psicólogo e Mestre em Psicologia). A mediação da mesa ficou a cargo da professora de Psicologia do Ceulp/Ulbra Ruth do Prado (Psicóloga e Mestre em Psicologia).
Fonte: Arquivo Pessoal
Para fomentar o tema, Ana Paula levantou o questionamento: “O que seria essa educação sexual nas escolas?”, citando como exemplos crenças errôneas e mal informadas como: sexualização das crianças, inversão dos papéis de homem e mulher e kit gay. Todos esses tópicos foram usados para elucidar um ponto chave no real objetivo da educação sexual nas escolas, que é falar sobre respeito às diferenças.
Já Lucrécia, professora e mulher trans, trouxe a visão preconceituosa que a escola e a sociedade ainda possui em relação aos que estão fora dos padrões de normatividade estabelecidos. Tal grupo, é composto ainda por toda a comunidade lgbt, que sofre violências morais, físicas e psicológicas dentro da escola também.
Fonte: Arquivo Pessoal
No que tange às pessoas com necessidades especiais, Laureane destacou a importância de se pensar esse sujeito com NE, como um sujeito que também possui sexualidade e que precisa dessa educação e de ser visto como atuante e pertencente ao grupo escolar.
Para encerrar, Wadson instigou o público a pensar quando foi a primeira vez que tiveram alguma informação relacionada a educação sexual. Tal questionamento demonstrou que a maioria havia aprendido sozinho sobre o assunto, não encontrando informação nem na família e nem na escola. Esse dado serviu para mostrar o quanto a educação sexual se mostra necessária e essencial, como um mecanismo de informação para preparo desses sujeitos, prevenindo violências e formando indivíduos mais conscientes das diferenças.
O personagem que nos é apresentado na série, mostra uma visão totalmente nova e diferente do Príncipe do Inferno.
Lucifer é uma série original Netflix que foi lançada em 2016 e atualmente conta com 4 temporadas, tendo a última sido lançada no dia 8 de maio deste ano. A série conta a história do anjo caído Lucifer Morningstar, que após ter sido expulso da Cidade de Prata pelo seu pai (Deus), passa a ser o responsável pelo inferno e se torna o Príncipe desse.
Entretanto, a vida de Diabo no inferno se tornou entediante para ele, o que faz com que o Senhor Morningstar decida tirar férias do seu ofício se mudando para a cidade dos cassinos (Las Vegas). E seria nesse canto da Terra que tudo mudaria!
Fonte: encurtador.com.br/uEOY3
O personagem Lucifer
Lucifer é o Diabo, com isso o discurso comum que se direciona a ele é de uma pessoa malvada, que se diverte com a ruína das pessoas, que sente prazer em praticar atos como roubos, assassinatos, mentiras e trapaças. No entanto, o personagem que nos é apresentado na série, mostra uma visão totalmente nova e diferente do Príncipe do Inferno.
Lucifer não suporta mentiras e trapaças, e se mostra extremamente irritado quando as pessoas dizem “Isso é culpa do Diabo”, uma vez que em vários momentos da série são os humanos que o procuram para obter ajuda na realização de crimes e afins.
Outra face bastante acentuada pela produção do seriado é a relação “Deus e Diabo”, possibilitando ao telespectador a oportunidade de inverter a visão de bom moço e vilão. Essa inversão pode ser percebida quando o protagonista demonstra o quanto desde sempre, seu pai foi quem decidiu seu destino, não respeitando suas vontades e escolhas, e punindo-o quando mesmo diante da sua desaprovação, Lucifer fazia as coisas que queria.
Fonte: encurtador.com.br/bvEJR
Em uma fala bastante profunda Morningstar diz : “Não importa se você é um pecador! Não importa se você é um santo! Ninguém pode vencer, então qual é o objetivo?”, nessa cena ele se mostra extremamente cansado de ter que viver de acordo com o que seu pai deseja, se sentindo frustrado por nunca conseguir atingir as expectativas de Deus.
Além disso, Luci já descreveu as exigências de seu pai como autoritárias e invasivas, se questionando até quando tais interferências vão acontecer. Baumrind (1996) apud Weber et al (2004, p.324) define esse tipo de pai como autoritários, estes (…) modelam, controlam e avaliam o comportamento da criança de acordo com regras de conduta estabelecidas e normalmente absolutas; estimam a obediência como uma virtude e são a favor de medidas punitivas para lidar com aspectos da criança que entram em conflito com o que eles pensam ser certo.
Do mesmo modo, o Diabo ainda tem que lidar com a comparação que é feita por Deus, entre ele e seu irmão Amenadiel. O último é tido como o filho perfeito que é querido e adorado pelo pai, sendo descrito como o exemplo que precisa ser seguido por Lucifer. Essa atitude faz com que Luci sinta-se em constante posição de desprezo e rejeição, o que acaba por piorar a imagem que tem de si mesmo.
Canavarro e Pereira (2007, p. 206) concluíram que “a dimensão rejeição é descrita como os comportamentos dos pais que visam modificar a vontade dos filhos e que são sentidos por estes como uma rejeição de si próprio enquanto indivíduo.” Essa não aceitação por parte do pai move todo o cerne de Lucifer, uma vez que tal conteúdo sempre acaba por surgir nas sessões de terapia com Dr. Linda (Rachel Harris).
Fonte: encurtador.com.br/gDKRW
Chloe: a detetive escolhida
Chloe Decker é a escolhida pelo coração de Lucifer, se tornando a razão suprema para que ele permaneça em L.A e não queira voltar para o inferno. É interessante e muito bonito perceber, o quanto a relação estabelecida entre os dois faz com que Luci consiga ressignificar vários de seus dilemas existenciais.
Morningstar nunca teve dificuldade nenhuma com mulheres, de boa aparência, um charme encantador, muito educado e persuasivo, somado a sua capacidade de saber o desejo de cada mulher, consegue se relacionar com todas que desejar. Entretanto, com Decker, essas características não possuem efeito instantâneo e arrasador como de costume, o que lhe deixa muito intrigado.
Chloe passa a ser a primeira pessoa com quem Lucifer se preocupa em todos os momentos durante as investigações dos casos com a polícia. Além disso, ao seu lado ele se sente vulnerável, pois é só quando ela está presente que ele deixa de ser imortal e passa a ser mortal. No entanto, essa vulnerabilidade lhe faz valorizar ainda mais as atitudes que ele toma em relação a ela, assim como a forma de tratá-la, buscando sempre não magoá-la.
Fonte: encurtador.com.br/vDPRS
Entretanto, essa busca por não magoá-la não significa que ele sempre tenha sucesso nesse objetivo, já que as ações escolhidas por Lucifer as vezes se mostram pouco habilidosas. Isso acontece porque suas decisões muitas vezes estão carregadas de um narcisismo extremo, visto que ele costuma pensar que todos os acontecimentos sempre tem como centro a sua própria figura (FERRARI et al, 2006).
Apesar dos encantos de Lucifer não funcionarem instantaneamente em Chloe não quer dizer que eles não funcionem. Chloe se apaixona por Luci pela sua forma, de ser, pelo companheirismo, pela proteção e pela preocupação e cuidado que ele tem para com ela. Tipos de encantos que só podem ser construídos no fazer diário de uma relação, onde o amor se constrói como uma prática diária e persistente, caracterizada pelo conhecimento, respeito e responsabilidade pelo outro (FROMM, 1966 apud HERNANDEZ, 2003).
A relação de Decker e Morningstar foi construída sem ela soubesse da verdadeira identidade dele, e ao final da terceira temporada ela a descobriu, ao visualizar a face do Diabo. Agora com o lançamento da quarta temporada, o telespectador espera descobrir como Chloe reagirá a essa nova variável, que pode ser um divisor de águas na interação entre eles.
REFERÊNCIAS:
CANAVARRO, Maria Cristina; PEREIRA, Ana Isabel. A percepção dos filhos sobre os estilos educativos parentais: A versão portuguesa do EMBU-C. Revista Iberoamericana de Diagnóstico y Evaluación – e Avaliação Psicológica, Portugal, v. 2, n. 24, p.193-210, jan. 2007. Disponível em: <http://www.redalyc.org/pdf/4596/459645447010.pdf>. Acesso em: 10 maio 2019.
FERRARI, Andrea Gabriela; PICININI, Cesar Augusto; LOPES, Rita Sobreira. O narcisismo no contexto da maternidade: Algumas evidências empíricas. Psico, Rio Grande do Sul, v. 37, n. 3, p.271-278, dez. 2006. Disponível em: <file:///C:/Users/117611510/Downloads/Dialnet-ONarcisismoNoContextoDaMaternidade-5161560.pdf>. Acesso em: 10 maio 2019.
HERNANDEZ, José Augusto Evangelho. Os Componentes do Amor e a Satisfação. Psicologia CiÊncia e ProfissÃo, Canoas, v. 21, n. 3, p.58-69, nov. 2002. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/pcp/v23n1/v23n1a09.pdf>. Acesso em: 10 maio 2019.
WEBER, Lidia Natalia Dobrianskyj et al. Identificação de Estilos Parentais: O Ponto de Vista dos Pais e dos Filhos. Psicologia: Reflexão e Crítica, Paraná, v. 17, n. 3, p.323-331, out. 2004. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/prc/v17n3/a05v17n3>. Acesso em: 10 maio 2019.
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De pernas pro ar 3 sob a perspectiva da Psicologia Feminista
O filme traz a reflexão sobre como o papel de cuidar dos filhos ainda é visto pela sociedade como único, exclusivo e obrigatório da mulher
De pernas pro ar 3 é um filme brasileiro lançado em 2019, com direção de Julia Rezende, estrelado por Ingrid Guimarães e Bruno Garcia. O longa retrata a continuação da história da dona de sexy shop Alice, no ramo da indústria do prazer, abordando novas temáticas como: conflitos entre diferentes gerações, feminismo e trabalho.
Alice é uma empresária de sucesso, dona de uma das maiores empresas de produtos sexuais, a “Sexy Delícia”. Devido a essa influência de mercado, ela tem viajado o mundo todo levando seus produtos para os mais diferentes públicos, o que acaba por consumir todo o seu tempo, fazendo com que a convivência com seu marido João (Bruno Garcia) e seus filhos Paulinho (Eduardo Mello) e Clarinha (Duda Batista) seja mínima ou porque não dizer nula.
Ao chegar na casa dos 40 anos Alice decide se aposentar para poder passar mais tempo com sua família, e entrega o comando da empresa à sua mãe Marion. A partir desse dia a protagonista decide que será uma nova mulher e que exercerá apenas os papéis de mãe e esposa, iniciando sua saga de reclusão ao lar.
Fonte: encurtador.com.br/tHLZ6
Contudo essa nova jornada não se mostra nada fácil para a rainha do sexy shop, que se sente inapta em diversos momentos no que se refere a educação dos filhos e ao próprio conhecimento sobre os gostos de cada um. Além disso, a tarefa de ficar quieta em casa, sem um ofício para exercer, faz com que ela experimente um sentimento de extrema inutilidade e inquietação.
Nesse cenário de dificuldade surge mais um “contratempo”, Leona. Leona é uma jovem que trabalha com Tecnologia da Informação (T.I) e desenvolve um aplicativo de realidade virtual para que as pessoas possam fazer sexo a distância. Tal invenção concede a essa menina o status de mais nova sensação da indústria do prazer, despertando em Alice muita inveja e uma intensa vontade de voltar a trabalhar para não perder seu posto de rainha do sexy shop.
Ao observar as formas de trabalhar e perceber o mundo de Leona e Alice é possível identificar a diferença marcante em suas posturas. A primeira se enquadra no grupo da geração Y, que nas palavras de Fantini e Souza (2015, pág. 128) “é formada por jovens acostumados com as tecnologias de entretenimento e comunicação, são desestruturados, contestadores, imediatistas, inovadores e não gostam de hierarquia.”
Fonte: encurtador.com.br/pHRU6
Já Alice faz parte da geração X (OLIVEIRA, 2012), se apresentando bem menos antenada as tecnologias, dando mais valor na estabilidade de mercado personificada na crença de trabalhar por muitos anos na mesma empresa, além de ser viciada em trabalho.
De pernas pro ar 3 seria mais um filme clichê se tivesse investido na rivalidade entre as duas personagens e reproduzido a disputa entre o sexo feminino reforçada pela sociedade machista (SILVEIRA; ALDA, 2018). No entanto isso não acontece, já que o ápice da produção se dá quando ambas percebem que podem unir suas diferentes formas de trabalhar para atingirem mais sucesso juntas.
Além dessa demonstração de sororidade feminina, o filme traz a reflexão sobre como o papel de cuidar dos filhos ainda é visto pela sociedade como único, exclusivo e obrigatório da mulher. Ao retratar a indignação de João (esposo) quando este reclama que a esposa nunca esteve em casa para cuidar dos filhos cabendo a ele essa atividade, numa postura de culpabilização de Alice.
Fonte: encurtador.com.br/jlqz6
Contudo esse fato não anula o vício por trabalho da rainha do prazer. Alice pode ser considerada uma workaholic, postura de trabalhadores muito comum na sociedade pós moderna. Serva e Ferreira (2006, p. 181) definem workaholic como o indivíduo que está “absorvido de forma intensa com o trabalho, com longas jornadas diárias, excesso de carga de trabalho, ritmo acelerado de trabalhar e busca desenfreada por resultados.”
Estes indivíduos comumente não conseguem administrar as outras áreas de suas vidas, sendo de costume que tenham suas relações interpessoais (família, amigos, relacionamentos afetivos) prejudicadas. Além disso, é normal que não deem tanta atenção a atividades de lazer, negligenciando até mesmo os cuidados com a saúde física e mental. Goldberg (1980) cita alguns tipos de doenças que normalmente acometem os workaholics, sendo elas: distúrbios do sistema imunológico, úlcera, gastrite, ataque cardíaco, hipertensão, diabetes e doenças cardiovasculares.
No filme, o vício por trabalho é tratado de forma cômica, no entanto, é preciso se atentar a esse fenômeno. Em 2016, a revista Forbes realizou uma pesquisa que constatou uma maior incidência de transtornos psiquiátricos nesse grupo, identificando 33% com déficit de atenção, 26% com distúrbio compulsivo, 34% com ansiedade e 9% com depressão.
Diante disso, é válido o questionamento de como as pessoas estão vendo o mundo do trabalho e a sua inserção nele. Lembrando sempre que a instância do trabalho, para que seja saudável e satisfatória, precisa ter sentido e não ser fonte de sofrimento e adoecimento.
FICHA TÉCNICA DO FILME
Fonte: encurtador.com.br/ckHMR
DE PERNAS PRO AR 3
Título original: De pernas pro ar 3 Direção: Julia Rezende Elenco: Ingrid Guimarães,Maria Paula,Bruno Garcia País: Brasil Ano:2019 Gênero: Comédia
REFERÊNCIAS:
FANTINI, Carolina Aude; SOUZA, Naiara Célida dos Santos de. Análise dos fatores motivacionais das gerações baby boomers, X, Y e Z e as suas expectativas sobre carreira profissional. Revista Ipecege, [s.l.], v. 1, n. 3/4, p.126-145, 28 mar. 2016. I-PECEGE. http://dx.doi.org/10.22167/r.ipecege.2015.3-4.126.
MORIM, Estelle M.. OS SENTIDOS DO TRABALHO. Recursos Humanos, São Paulo, v. 41, n. 3, p.8-19, out. 2001. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rae/v41n3/v41n3a02.pdf>. Acesso em: 04 maio 2019.
REDAÇÃO. Estudo mostra que workaholics têm mais problemas psiquiátricos. 2016. Disponível em: <https://forbes.uol.com.br/carreira/2016/06/estudo-mostra-que-workaholics-tem-mais-problemas-psiquiatricos/#foto4>. Acesso em: 04 maio 2019.
SEMINÁRIO CORPO, GêNERO E SEXUALIDADE, 7., 2018, Rio Grande. NÓS, MULHERES: A IMPORTÂNCIA DA SORORIDADE E DO EMPODERAMENTO FEMININO. Rio Grande: Furg, 2018. 5 p. Disponível em: <https://7seminario.furg.br/images/arquivo/160.pdf>. Acesso em: 04 maio 2019.
SERVA, Maurício; FERREIRA, Joel Lincoln Oliveira. O fenômeno workaholic na gestão de empresas. Revista de Administração Pública, Salvador, v. 40, n. 2, p.179-200, out. 2005. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rap/v40n2/v40n2a02.pdf>. Acesso em: 04 maio 2019.
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Pensamento Sistêmico e Perguntas Reflexivas: uma prática clínica ampliada
O princípio da complexidade se apresenta como resposta a dinâmica das coisas. No sentido de explicitar que não há uma lógica, causalidade ou verdade absoluta sobre os sistemas do universo
A teoria sistêmica se constituiu por meio da influência de vários movimentos, esses movimentos serviram para construir as noções do que não seria parte da composição da teoria sistêmica. Dentre eles tem-se o Mecanicismo Cartesiano, que defendia a ideia de que seria possível “compreender o todo a partir das propriedades das partes (GOMES; BUENO; CREPALDI, 2014, pág.5).
Em seguida surgiu o Movimento Romântico que acreditava que todas as coisas existentes se formavam e se concentravam em torno da forma orgânica, onde tudo seguiria um padrão e funcionaria de forma harmoniosa (JR. et al, 2000). Em contraposição às ideias até aqui apresentadas, se apresenta no cenário das ciências o Organicismo. Segundo esse, não seria possível entender um fenômeno apenas pelas propriedades das partes, mas somente a partir do entendimento do todo. Dessa forma, é necessário se entender a relação entre as partes na constituição do todo (GOMES; BUENO; CREPALDI, 2014). O Organicismo é o primeiro movimento que se aproxima do que a teoria sistêmica propõe.
Complementarmente, nascem a Ecologia e posteriormente a Física Quântica. A primeira focava na interconexão dos organismos, implementando o conceito de “redes que se formam dentro de outras redes (CAPRA, 2006 apud GOMES; BUENO; CREPALDI, 2014)” para explicitar que na natureza todos os sistemas vivos se relacionam entre si. A segunda, traz a ideia da interconexão e interrelação dos fenômenos subatômicos, alegando a impossibilidade da fragmentação das partículas como fim, já que estas estão interconectadas entre si (JR. et al, 2000).
Fonte: encurtador.com.br/lwK04
Finalmente em 1920, Ludwig Von Bertalanffy cria a Teoria Geral dos Sistemas. A TGS tem como premissa central a concepção de que “os fenômenos não podem ser considerados isoladamente, e sim, como parte de um todo (ESTEVES DE VASCONCELLOS, 2018).” Bertanlanffy distinguiu seis conceitos principais da sua teoria: globalidade, não-somatividade, homeostase, morfogênese, circularidade e equifinalidade. A globalidade diz que mudanças em uma parte do sistema acarretaram mudanças em todo o sistema devido a sua característica interrelacional. A não-somatividade defende que o todo não é a soma das partes, mas sim a interrelação, complexidade e organização das partes que o formam.
Continuamente, tem-se que a homeostase se caracteriza pela constante busca do sistema em manter sua estabilidade, praticando sempre a autorregulação. Em contraste, a morfogênese é o processo de incessante absorção de aspectos externos ao sistema, que provocarão mudanças em seu funcionamento. Por fim, a circularidade diz respeito ao comportamento não-linear dos sistemas, uma vez que existe uma relação de influência constante entre as partes, que vai para além da ideia de causa e efeito (ESTEVES DE VASCONCELLOS, 2018).
Cabe ainda destacar o conceito de retroalimentação ou feedback, sendo esse a capacidade do sistema de circular informações, uma vez que uma informação que sai, pode retornar para o mesmo e provocar mudanças (GOMES; BUENO; CREPALDI, 2014).
Fonte: encurtador.com.br/sTYZ7
Maria José Esteves de Vasconcellos (2018) define o pensamento sistêmico como o novo paradigma da ciência. Para ela, rompe-se com os pressupostos da ciência tradicional baseada na simplicidade, objetividade e estabilidade e passa-se a pensar ciência com base na complexidade, instabilidade e intersubjetividade.
O princípio da complexidade se apresenta como resposta a dinâmica das coisas. No sentido de explicitar que não há uma lógica, causalidade ou verdade absoluta sobre os sistemas do universo, mas que se faz necessário olhar para a natureza como incerta, acolhendo as contradições e entendendo que ela vai para além dos dualismos (ESTEVES DE VASCONCELLOS, 2018).
Nesse sentido Esteves de Vasconcellos (2018) chama atenção também para o conceito de realidade observada/percebida. Para isso ela questiona essa tal realidade, lançando o sujeito a se perguntar “Realidade de quem? Realidade em relação a que?”, uma vez que a realidade é aquela que é percebida pelo sujeito em singularidade, sendo dessa forma impossível estabelecer uma ideia única e irrefutável do que seja real ou não real.
Fonte: encurtador.com.br/uAHL4
O princípio da instabilidade entende que o mundo não é estável e ordenado, mas está em constante desordem, produzindo assim fenômenos imprevisíveis e indeterminados. Nesse cenário, toda e qualquer teoria que se defina como exata e inabalável, se coloca alheia aos processos instáveis da existência, correndo risco de cair numa ilusão aparente (ESTEVES DE VASCONCELLOS, 2018).
Por fim, o princípio da Intersubjetividade que entende que não é possível pensar em um observador que não esteja inserido no sistema, defendendo assim que existe uma influência direta do observador no sistema e do sistema no observador (ESTEVES DE VASCONCELLOS, 2018).
Diante desses três princípios trazidos pelo novo paradigma da ciência, Maria José Esteves de Vasconcellos dá as ferramentas para a atuação de um psicoterapeuta pautado nessa nova forma de ciência. Esse psicoterapeuta será um especialista em relações humanas, uma vez que ele não terá um olhar limitado de causa e efeito, e não focará no conteúdo como norteador das suas práticas, mas sim nas relações que permeiam os sistemas envolvidos.
Fonte: encurtador.com.br/bltz6
O terapeuta sistêmico novo-paradigmático entende que os sistemas não “são”, eles “estão” e por isso ultrapassa formas de intervir baseadas em uma postura cristalizada que busca por ditar o que é certo ou errado, ou ainda querer decidir pelo sujeito. Pelo contrário, o terapeuta assume uma postura de colaborador, num processo de criação de contextos para mudanças que sejam desejadas/propostas pelo próprio indivíduo. Nesse contexto, ainda cabe ao terapeuta entender que o sistema é autônomo, e que a sua postura não será instrutiva, mas coconstrutiva, na medida em que ele construirá junto com o cliente os caminhos que poderão ser tomados. Como recurso, ele poderá fazer uso de “Perguntas Reflexivas” que serão abordadas no próximo tópico.
O uso de “Perguntas reflexivas” auxiliará tanto o terapeuta como os sistemas a olharem o fenômeno com um foco ampliado, percebendo relações que formam “uma teia de fenômenos recursivamente interligados (VASCONCELLOS, 2018, pág.151)”. As perguntas reflexivas se apresentam como ferramentas ao terapeuta sistêmico nas suas “intervenções” clínicas ou para além da clínica. Tomm (1988) definiu duas dimensões em quatro tipos de perguntas.
A primeira dimensão se refere a intenção do entrevistador, que pode ser de orientação ou de influência. Quando o entrevistador deseja orientar-se ele faz perguntas que irão alterar sua percepção em relação ao fenômeno. Quando o entrevistador deseja influenciar ele faz perguntas que tem a intenção de mudar a percepção do cliente.
A segunda dimensão fala sobre os pressupostos do entrevistador. O pressuposto da linearidade, se baseia em perguntas que buscam entender a linearidade dos eventos e as relações de causa e efeito. O pressuposto da circularidade se baseia em perguntas que buscam entender a circularidade dos eventos, se atentando para as relações de relações.
Fonte: encurtador.com.br/loPY5
Em se tratando dos quatro tipos de perguntas tem-se: perguntas descritivas lineares, perguntas interventivas lineares, perguntas descritivas circulares e perguntas interventivas circulares. As perguntas descritivas lineares pretendem orientar o terapeuta sobre a situação do cliente buscando relações de causa e efeito. As perguntas interventivas lineares buscam influenciar o cliente usando de instruções que se baseiam em causa e efeito. As perguntas descritivas circulares buscam padrões de relações e contextos para orientar o terapeuta quanto a situação do cliente. E as perguntas interventivas circulares, almejam levar o cliente à reflexão através de uma visão circular dos fenômenos, que possibilite a perturbação do sistema culminando em uma possível mudança (VASCONCELLOS, 2018).
REFERÊNCIAS:
GOMES, Lauren Beltrão et al. As Origens do Pensamento Sistêmico: Das Partes para o Todo. Pensando Famílias, Santa Catarina, v. 18, n. 2, p.3-16, dez. 2014. Disponível em: <http://pepsic.bvsalud.org/pdf/penf/v18n2/v18n2a02.pdf>. Acesso em: 18 abr. 2019.
PHILIPPI JUNIOR, Arlindo et al. Interdisciplinariedade em Ciências Ambientais. São Paulo: Signus, 2000. 319 p. Disponível em: <http://www.unievangelica.edu.br/files/images/Interdisciplinaridade%20e%20Ci%C3%AAncias%20Ambientais%20(3).pdf#page=62>. Acesso em: 18 abr. 2019.
ESTEVES DE VASCONCELOS, Maria José. Pensamento sistêmico: o novo paradigma da ciência. 10. ed. Campinas: Papirus, 2013.
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SHAZAM: as relações familiares dos heróis e vilões
O universo dos quadrinhos tem tomado as telonas no ano de 2019. Nesse cenário os universos mais famosos, Marvel e DC, dominaram as produções cinematográficas ao trazerem seus heróis, anti-heróis e vilões para o centro dos holofotes. O filme Shazam, baseado no super-herói da DC Comics, estreou no cinema em 2019, sob direção de David F. Sandberg, tendo como protagonista o ator Zachary Levy Pugh interpretando Shazam.
O mago Shazam está à procura de um ser humano que possua a mente e o coração puro, para que este herde seus poderes e continue a manter preso os sete pecados capitais, que se encontram alojados em sete estátuas de pedra. O primeiro ser humano que ele encontra é o garoto chamado Thaddeus Savana, mas este não era o escolhido, já que ao ser transportado para o templo do mago ele se sentiu atraído pelos espíritos dos sete pecados, demonstrando que não era o mais puro.
A busca pelo escolhido continua por um tempo consideravelmente grande, tempo suficiente para que Thaddeus que era só um garoto, crescesse e virasse um homem adulto a procura do templo do mago, para buscar vingança pela rejeição sofrida na infância.
Fonte: encurtador.com.br/ktuA9
Ao encontrar o mago Shazam, Thaddeus lhe diz “Você sabe o quanto dói para uma criança ouvir que ela nunca vai ser boa o suficiente?”, para em seguida ceder a atração dos sete pecados capitais, servindo como receptáculo dos sete espíritos.
Esse evento catastrófico faz com que o Mago Shazam precise se apressar em encontrar o ser humano puro de mente e coração, sendo escolhido então o garoto Billy. A história de Billy se assemelha a de outros personagens de quadrinhos como Batman, Coringa, Super-Man, que passaram por acontecimentos de vida traumáticos antes de se tornarem heróis ou vilões.
Billy se perdeu da sua mãe quando criança em um parque de diversões, e desde então, já com 14 anos de idade ainda não conseguiu encontrá-la. Devido a esse fato, ele cresceu em lares adotivos, e nunca se conformou com esse destino.
O filme retrata a dificuldade de Billy em permanecer nas instituições de abrigo, tendo ele fugido 13 vezes de diversas delas. As fugas se dão pelo fato de ele não se sentir pertencente ao lugar, relatando que não é a mesma coisa que se ter um a família. Bowlby (1952) apud Cavalcante; Magalhães (2012, pág. 78) chamam atenção para a dificuldade das crianças de lares adotivos “estabelecer trocas afetivas e contínuas com os cuidadores substitutos (…)”, sendo comum atitudes de resistência.
Fonte: encurtador.com.br/knpB5
Contudo, no regresso da sua décima terceira tentativa de fuga, Billy aceita ir para mais um lar adotivo, e neste ele encontra a sua verdadeira família. Tal família é composta por mais 5 crianças adotadas ( Pedro, Eugene, Mary, Freddy e Darla) e os pais adotivos Victor e Rosa. Esse contexto familiar diversificado e amplo, de acordo com Bronfenbrenner (1996) apud Cavalcante; Magalhães (2012) colabora para a construção de relações e o desempenho de variados papéis, que influenciam e beneficiam o desenvolvimento de uma criança.
Entretanto, vale lembrar que para haver a possibilidade de que esse desenvolvimento seja saudável, é preciso que “o meio físico e social favoreça a assimilação de padrões de interação recíproca com seus pares e cuidadores que desempenham papel parental (…) (CAVALCANTE; MAGALHÃES, 2012, pág. 78)”, haja vista a importância disso para que relações de afetos sejam estabelecidas.
E como todo herói tem seu vilão, Billy que agora também é Shazam, precisa enfrentar Dr Thaddeus Savana, que carrega em seu corpo os espíritos dos sete pecados capitais. O interessante é que o nosso vilão também possui questões mau-resolvidas com seu ambiente familiar, mas principalmente com seu pai.
Thaddeus sempre fora desprezado e rejeitado pelo pai e irmão. Quando criança era alvo de xingamentos e piadas por parte destes que o descreviam como inútil e causador de todos os problemas, sendo esse contexto característico da violência intrafamiliar. Em razão disso, Thaddeus cresceu com um forte desejo de vingança em relação ao pai, o que pode ter sido influenciado pela violência sofrida em sua infância (MARTINS, 2010).
Fonte: encurtador.com.br/FLN09
Além do sentimento de vingança já existente, o vilão passa a sentir inveja de Shazam/ Billy por ele ter uma família que o amo e apoia. E é aqui que ele é derrotado, já que o espírito do pecado capital da inveja havia encontrado abrigo nos anseios de Thaddeus, e se sentiu tremendamente insultado quando Shazam lhe afrontou e afirmou que ele era um espírito fraco, que apenas desejava ter o que ele tinha.
Shazam e Thaddeus, herói e vilão, ambos imersos em contextos familiares singulares, experienciando as dores e prazeres de se fazer parte de uma família, nos fazem refletir o quanto cada indivíduo tem a necessidade de se sentir amado e acolhido pelos seus pares. Independentemente de ser uma família de sangue ou adotiva, as relações, quando são estabelecidas baseadas em vínculos genuínos, verdadeiros e amorosos, tem o poder de influenciar uma melhor experiência de vida.
FICHA TÉCNICA DO FILME:
Fonte: encurtador.com.br/gouR1
SHAZAM
Titulo Original: Shazam Direção: David F. Sandberg Elenco: Zachary Levi,Asher Angel,Mark Strong Ano: 2019 País: Estados Unidos Gênero: Ação,Fantasia
REFERÊNCIAS:
CAVALCANTE, Lília Iêda Chaves; MAGALHÃES, Celina Maria Colino. Relações de apego no contexto da institucionalização na infância e da adoção tardia. Psicologia Argumento, Curitiba, v. 30, n. 68, p.75-85, mar. 2012. Disponível em: <https://periodicos.pucpr.br/index.php/psicologiaargumento/article/view/20015/19301>. Acesso em: 07 abr. 19.
MARTINS, Christine Baccarat de Godoy. Maus tratos contra crianças e adolescentes Maus tratos contra crianças e adolescentes. Revista Brasileira de Enfermagem, Cuiabá, v. 4, n. 63, p.660-665, jul. 2010. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/reben/v63n4/24.pdf>. Acesso em: 07 abr. 2019.
William é um exemplo de jovem que utilizou o conhecimento para possibilitar a melhoria da sua comunidade.
“O menino que descobriu o vento” é um filme original Netflix, baseado na história real do jovem africano William Kamkwamba. A história retrata a garra de um menino que, através da educação, aprende um método para livrar sua comunidade da fome e da morte.
William (Maxwell Simba) é o filho do meio de Trywell e Agnes, e possui dois irmãos, um bebê e a irmã mais velha. A família mora no país Malawi, numa comunidade pequena, onde o pai é agricultor.
Fonte: https://bit.ly/2Wew1WJ
Para Trywell e Agnes a educação de William é algo muito importante, e sendo assim grande parte da renda que eles obtém através da venda das plantações, é destinada para o pagamento da escola do filho. – Atenção, alerta de spoiler.
Contudo, um período de grande seca atingiu a região de Malawi, fazendo com que as plantações não vingassem, o que acabou por instaurar um período de muita fome e escassez. Esse evento faz com que a família Kamkwamba poupasse todo o dinheiro que pôde, inclusive deixaram de pagar a escola de William, para conseguir sobreviver.
Dessa forma, William é proibido pelo diretor da escola de frequentar as aulas, até quando pudesse pagar novamente. Esse foi um momento extremamente triste para o jovem africano, que via na sua oportunidade de aprendizagem a busca por um futuro melhor para sua casa. Mas William não se deixou abater.
Em um passeio pelo pátio da escola ele observou a bicicleta de um dos professores, e percebeu que ao girar a roda, um aparelho era acionado e este gerava a luz da lanterna da frente. Intrigado, ele perguntou ao professor como funcionava, e o professor explicou sobre o aparelho que se chamava Dínamo, responsável por transformar energia de movimento em energia elétrica.
William então teve uma grande ideia! Ele iria construir algo que pudesse gerar energia para ativar uma bomba d’água que ele havia encontrado no lixão, e com ela, eles poderiam plantar mesmo no período de seca.
O fato de não poder acessar a escola não dificultou a tarefa do jovem, que encontrou um meio de seu professor lhe ajudar a ter acesso à biblioteca. Lá ele encontra um livro de física chamado “Usando a energia”, através do qual num processo de autodidatismo ele aprende sobre moinhos e energia eólica.
Fonte: https://bit.ly/2FmKzOb
Ao saber como construir a ferramenta, William convida seus amigos e constroem um protótipo para teste. O protótipo funciona e ele, animado, vai em busca do pai para mostrar a ele. Porém, para conseguir construir o projeto final ele precisaria da bicicleta do pai, e este ao saber disso, rejeita totalmente a ideia e lhe trata com muita ignorância.
Esse clima de ignorância e instabilidade é totalmente compreensível a partir do momento em que se observam as condições sociais pelas quais todos eles estavam passando. Sem comida suficiente, ainda foram saqueados e, portanto, tinham acesso a apenas uma refeição por dia. De acordo com (GOMES;PEREIRA, 2004, pág 360. apud VICENTE, 1994)
“Em condições sociais de escassez, de privação e de falta de perspectivas, as possibilidades de amar, de construir e de respeitar o outro ficam bastante ameaçadas. Na medida em que a vida à qual está submetido não o trata enquanto homem, suas respostas tendem à rudeza da sua mera defesa da sobrevivência.”
Ao ser desacreditado pelo pai, William adormece a sua ideia e passa ajudar o pai na lavoura. Esse cenário traz a sensação de que nada poderá ser feito e que o destino será a morte. Além disso, o cachorro companheiro de William morre de fome, e ele é obrigado a enterrá-lo sem ao menos poder se lamentar para sua família, devido ao tamanho sofrimento que eles já passavam.
Fonte: https://bit.ly/2JpNABF
Diante de um beco sem saída, Trywell considera a possibilidade de aderir ao plano do filho, e vai até ele na intenção de construírem o moinho. Então, William assume o papel de “esperança da comunidade”, comunidade esta que adere ao projeto e se prontifica a ser mão de obra na construção.
O moinho então é construído com a ajuda de todos e o direcionamento de William. Ao ser finalizado é ligada a bomba d’água e faz o sistema de irrigação funcionar, possibilitando assim a plantação e a colheita, livrando a comunidade da fome e da morte.
Os problemas ambientais em Malawi
Malawi encontra-se numa região da África Subsaariana que não tem acesso à eletricidade, fazendo com que as pessoas dependam de lenha para cozinhar e se aquecer. No entanto, de acordo com depoimento real de William ao Huffpost US (2009), nos últimos anos as florestas foram reduzidas a 80%, já que o desmatamento para venda de madeira e para uso nas empresas de tabaco aumentou.
Esse desmatamento obriga a população a caminhar por horas atrás de lenha. Além de colaborar para o aumento da seca, por reduzir a quantidade de chuvas. Foi nesse cenário que o moinho de William foi construído, chamando a atenção de autoridades que o apoiaram a voltar para a escola, colaborando no seu desenvolvimento escolar, ajudando-o a instalar painéis solares e furar um poço de água potável na sua comunidade.
Fonte: https://bit.ly/2Tfz4fb
Além disso, William criou a fundação The Moving Windmills Project, uma organização que visa o reflorestamento do distrito e do desenvolvimento de projetos de irrigação para às aldeias do Malawi.
William é um exemplo de jovem que utilizou o conhecimento para possibilitar a melhoria da sua comunidade. Ações como essas nos enchem os olhos, por tornar o conhecimento em atitudes prática, levando melhorias para os menos informados.
FICHA TÉCNICA DO FILME:
Fonte: https://bit.ly/2W8g9Vv
Título Original: The Boy Who Harnessed The Wind
Direção: Chiwetel Ejiofor Elenco: Maxwell Simba; Chiwetel Ejiofor; Joseph Marcell; Aïssa Maïga. Ano: 2019
Drama
REFERÊNCIAS:
GOMES, Mônica Araújo; PEREIRA, Maria Lúcia Duarte. Família em situação de vulnerabilidade social: uma questão de políticas públicas. Ciência e Saúde Coletiva, Ceará, v. 2, n. 10, p.357-373, 25 ago. 2004. Disponível em: <https://www.scielosp.org/pdf/csc/2005.v10n2/357-363>. Acesso em: 18 mar. 2019.
ROSA, Ana Beatriz. O Menino que Descobriu o Vento: Conheça a história real que inspirou o filme. Disponível em: <https://www.huffpostbrasil.com/entry/netflix-o-menino-que-descobriu-o-vento_br_5c882330e4b038892f485674>. Acesso em: 18 mar. 2019.
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Laranja Mecânica: com quantos condicionamentos se faz um homem?
O filme faz um uso espetacular de cenários e figurinos que provocam horror e repulsa ao telespectador, que se vê imerso em uma espécie de freekshow/horrorshow o tempo inteiro
Laranja Mecânica, filme baseado na obra homônima de Antony Burguess, é estrelado por Malcolm MacDowell que interpreta o personagem Alex, um jovem inclinado à violência que acompanhado de seu grupo de amigos Pete, Georgie e Dim, usa de agressões físicas, sexuais e psicológicas para satisfazer seus impulsos mais intensos.
Se você se deparasse com Alex e seus companheiros de grupo no meio da rua, já notaria uma caracterização de figurinos bastante peculiar. Trajados com macacões brancos, portando porretes nas mãos e manchas de sangue espalhadas por toda vestimenta, compõem um grupo que trabalha objetivando praticar a violência com qualquer pessoa que apareça em sua frente.
O filme faz um uso espetacular de cenários e figurinos que provocam horror e repulsa ao telespectador, que se vê imerso em uma espécie de freekshow/horrorshow o tempo inteiro. Um desses artifícios é um clube chamado Leiteria Korova, que tem por cenário vários manequins de mulheres em posições de sexo, que ora são usadas como mesa ora são usadas como garçonetes, uma vez que ao pressionar uma alavanca abaixo delas, as mesmas expelem leite pelos seios.
Fonte: encurtador.com.br/gtFPZ
A apelação sexual é intensa através desses cenários, que a todo instante fazem alusão aos sucessivos estupros que Alex e seu bando cometem às mulheres da sua cidade. Tal ato de violência é denominado por eles como “o velho entra e sai”, o que traz uma concepção de simplicidade a uma prática tão horrível, intensificando assim um sentimento de horror experimentado nas cenas de estupro.
Além dos comportamentos de estupros, o grupo de freekshow agride pessoas de forma brutal e irônica. Uma cena do filme que retrata bem isso se dá quando eles encontram um senhor de idade bêbado no meio da rua que lhes pede dinheiro. O pobre idoso se vê caçoado pelo grupo e principalmente pelo próprio Alex que diz “não suporto bêbados jogados a rua. Mas principalmente velhos bêbados”, sendo então agredido a socos, pontapés e cassetetes, salvo apenas devido ao surgimento da polícia.
O arsenal de violências corria muito bem, até que um dia Alex trata seus companheiros de forma opressora jogando-os dentro de um lago e cortando a mão de um deles. Esse fato se deu pelo desejo de um dos seus amigos de propor as atividades do grupo, o que para o nosso personagem principal era inaceitável, já que existia apenas um líder, e esse líder era ele.
Fonte: encurtador.com.br/lpsvI
Essa falta de compreensão e companheirismo renderia a Alex a traição de seu bando, que consequentemente acarretaria na sua prisão pelo assassinato de uma senhora dona do SPA que eles haviam invadido.
A análise do comportamento aplicada à vida de Alex
Ao ser pego, Alex foi enviado para uma prisão e lá ficou sabendo de um projeto piloto de procedimento experimental, que prometia “curar” os detentos de seus impulsos violentos. Animado com a ideia pediu ajuda ao reverendo da instituição para que ele fosse indicado ao tratamento. E assim foi feito, sendo o protagonista enviado como cobaia ao projeto piloto.
O procedimento consistia em dar a Alex um remédio no início do dia e em seguida expô-lo a situações de violência em um grande telão. Nesse momento, seu corpo estava imobilizado por uma camisa de força e seus olhos presos com certo tipo de arame, para que em hipótese alguma ele conseguisse se livrar de ver as cenas.
Após algumas sessões do experimento, o resultado apareceu. Todas as vezes que Alex experienciava situações de violência ou sentia desejo de praticar comportamentos violentos, ele sentia um enorme enjoo e desconforto, que lhe provocavam ânsia de vômito e muita tontura. Mas o que aconteceu com Alex? Ele teve seu comportamento condicionado!
Fonte: encurtador.com.br/GOWZ4
A Análise do Comportamento, ciência que estuda o comportamento humano, acredita que o homem é fruto do meio em que está inserido. E que comportamentos podem ser ensinados e aprendidos através da união dos estímulos e consequências corretos.
Quando dizemos que Alex teve seu comportamento condicionado, queremos dizer que a consequência do experimento foi a responsável por manter essa sua nova reação às situações de violência. Explicando melhor temos que um comportamento opera na lógica da contingência tríplice de acordo com a Análise do Comportamento (MOREIRA e MEDEIROS, 2019).
A contingência tríplice pode ser representada pela fórmula S – R –> S, que traduzida traz S (estímulo antecedente) – R (comportamento) à S (consequência) (TODOROV, 2012).
No caso de Alex a situação se configura da seguinte forma: S (remédio que provoca enjoo) – R (assistir cenas de violência) –> S (vômitos e tontura). Mas por que toda vez que Alex presencia cenas de violência ele se sente mal? Por que para ele as consequências de ver cenas de violência são aversivas ou punitivas.
Fonte: encurtador.com.br/ajxEV
A Análise do Comportamento traz que existem consequências de comportamentos consideradas aversivas ou positivas, e que estas são responsáveis pelo aumento ou diminuição de determinado comportamento. Quando uma consequência aumenta uma determinada prática chamamos de reforço, e quando ela diminui chamamos de punição (MOREIRA E MEDEIROS, 2019).
Para Alex experienciar situações de violência se tornou uma punição, já que todas as vezes que ele passava por essas situações, as sensações de enjoo e tontura vinham juntas. Sendo assim, a frequência do comportamento de violência diminuiu devido à consequência aversiva (TODOROV, 2012).
O “sucesso” do experimento é posto à prova, já que a trama do filme vem trazer também uma pegada de sarcasmo e vingança, fazendo com que o personagem sofra nas mãos de todas as pessoas que ele já havia feito algo de ruim. Portanto, uma sucessão de eventos ruins, desde o abandono dos seus pais à surra de seus ex- amigos colaboram para que Alex entre em um colapso e tente se suicidar.
Ao final cabe uma reflexão sobre as práticas de experimentos com seres humanos e como essas práticas devem ser aplicadas. Levando em consideração não só os desejos do cientista, mas, sobretudo, o desejo do indivíduo que se sujeita a essas situações. É sempre válido lembrar que a ética em experimentos com seres vivos sempre deve estar presente!
FICHA TÉCNICA
LARANJA MECÂNICA
Título original: A Clockwork Orange Direção: Stanley Kubrick
Elenco: Malcolm McDowell, Patrick Magee, Michael Bates Ano: 1972 País: EUA
Gênero: Ficção científica,Drama
REFERÊNCIAS:
MOREIRA, Márcio Borges; MEDEIROS, Carlos Augusto de. Princípios Básicos da Análise do Comportamento. Porto Alegre: Artmed, 2019. 320 p. Disponível em: <https://books.google.com.br/books?hl=pt-BR&lr=&id=0LdwDwAAQBAJ&oi=fnd&pg=PT261&dq=principiso+basicos+da+analise+do+comportamento&ots=WAZQkCc6wF&sig=R0df4BxtqPx5MJS1aCCQiak9bl0#v=onepage&q=principiso%20basicos%20da%20analise%20do%20comportamento&f=false>. Acesso em: 27 fev. 2019.
TODOROV, João Claudio. O conceito de contingência tríplice na análise do comportamento. Psicologia: Teoria e Pesquisa, Brasília, v. 4, n. 18, p.123-130, 05 nov. 2012. Disponível em: <https://www.revistaptp.unb.br/index.php/ptp/article/view/1116>. Acesso em: 27 fev. 2019.