BBW: pornografia gorda e o desejo secreto por corpos desviantes

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A demanda pelo consumo de pornografia com pessoas gordas tem crescido nos últimos anos no cenário mundial. O tema pode adentrar na esfera do desconforto, ou mesmo tabu para algumas pessoas, possivelmente pelo entendimento das pessoas gordas como assexuadas e indignas de desejo, em razão da estigmatização da sociedade gordofóbica a qual construímos (JIMENEZ-JIMENEZ, 2020a). O fenômeno do estigma, enquanto o não cumprimento de expectativas do modelo normativo socialmente, provoca a inserção de indivíduos estigmatizados a uma categoria inferior em sua identidade social (GOFFMAN, 1963).

Em nossa sociedade, pessoas gordas maiores são consideradas “obesas” no estatuto biomédico (GONÇALVES; MIRANDA, 2012). Essa transformação da gordura corporal em estatuto epidemiológico provoca, entre outras coisas, discursos vigorosos de combate à existência de pessoas gordas (PAIM; KOVALESKI, 2020; POULAIN, 2013). Em relação recursiva com esse fenômeno, essas pessoas experimentam constantemente a gordofobia, marcada pelo estigmatização social e perda de direitos (por não conseguirem pertencer ou caber em diversos espaços). O corpo gordo passa a fazer parte de uma codificação binária de corpos, sendo associado a feiura, adoecimento e aspectos negativos; enquanto os corpos magros são associados à beleza, saúde e qualidades desejáveis socialmente (JIMENEZ-JIMENEZ, 2020b).

Fonte: Andrei Crismaru

Nesse sentido, a vivência da sexualidade para pessoas gordas está implicada da gordofobia; a solidão e o desprezo tornam-se comuns (PAIM, 2019). Esse fato, poderia indicar fortemente a ausência de desejo sexual por pessoas grandes coletivamente, especialmente mulheres, que sofrem mais repressão em relação ao peso do que homens (WOLF, 2019). No entanto, alguns fatos apontam contradições nesse filtro lógico, em razão da demanda pornográfica por esses corpos.

Em seu balanço anual, o Pornhub, maior site de conteúdos pornográficos mundialmente, constatou cerca de 42 bilhões de acessos em 2019. Entre suas categorias está a BBW (Big Beautiful Women ou Mulheres Bonitas Grandes), com vídeos de mulheres gordas. De acordo com os dados de 2019, a categoria subiu cinco posições no ano e têm se tornado cada vez mais popular. Apenas na Holanda, a procura aumentou em 340% (PORNHUB, 2019).

A esses comportamentos é atribuída uma tentativa de fuga da norma social de repressão da gordura. Esta, parece ser ineficiente em conter o desejo secreto por prazer advindo desses corpos, que escapa do filtro normativo utilizando como recurso a esfera do privado (FIGUEIROA, 2014). O desejo privado, escondido, se dá em razão dessas mulheres não serem vistas como uma boa opção para se relacionar socialmente, em razão do código cultural de obstinação pela magreza; e frequentemente, não são publicamente assumidas (JIMENEZ-JIMENEZ, 2020a).

A evidenciação do caráter transgressor desses filmes se dá também pelas suas características fetichizantes. A exibição da gordura e a ingestão de alimentos ricamente calóricos demonstra o intento em escapar da racionalidade, que apregoa a dissidência desses corpos e a prática da repulsa (FIGUEIROA, 2014). Nesse tipo de conteúdo, o foco do desejo sexual não se centra no prazer fálico, conforme apregoa o padrão patriarcal heteronormativo e falocêntrico, que foca-se na exclusão das diferenças e no prazer masculino (JIMENEZ-JIMENEZ, 2020a), comum na pornografia de objetificação genital (FIGUEIROA, 2014).

 

Fonte: Andrei Crismaru

A fetichização e exotização dos corpos gordos que reforçam sua dissidência, evidenciam a necessidade de extração do erotismo por esse desejo sem o filtro fetichista; por meio da evidenciação de um novo senso erótico, conforme proposto pelas comunidades e movimentos do grupo (FIGUEIROA, 2014). Nesse sentido, as práticas balizadas pelas performances pornográficas falocêntricas patriarcais que permeiam o imaginário sexual atual devem ser negadas (JIMENEZ-JIMENEZ, 2020a).

Essa negação em perpetuar o contrato social heterocentrado marcado pela lógica reprodutiva faz emergir uma contrassexualidade (JIMENEZ-JIMENEZ, 2020a). Essa ideia, surge do entendimento da sexualidade como forma de reprodução disciplinar, que favorece o regime multiplicador de corpos (FOUCAULT, 1999). Para tanto, a criação de contextos genuínos de legitimação desses corpos, exclusivos da sexualidade gorda, apresentam-se como alternativas, práticas contrassexuais.

 

REFERÊNCIAS:

FIGUEIROA, N. L. Pornografia com mulheres gordas: o regime erótico dos corpos dissonantes. Revista Pensata, UNIFESP, v.4. n.1, 2014. Disponível em: <https://bit.ly/36vET0Z>. Acesso em: 11 nov. 2020.

GOFFMAN, Erving. Estigma: notas sobre a manipulação da identidade deteriorada. Tradução: Mathias Lambert, v. 4. Coletivo Sabotagem, 1963. Disponível em: <encurtador.com.br/dyTV6>. Acesso em: 09 abr. 2020.

GONÇALVES, Shirley Dias; MIRANDA, Luciana Lobo. Biopolítica e confissão: cenas do grupo terapêutico com pacientes obesos. Psicologia & Sociedade, v. 24, n. SPE, p. 94-103, 2012. Disponível em: <https://bit.ly/3e0jGPX>. Acesso em: 11 nov. 2020.

JIMENEZ-JIMENEZ, Maria Luisa. Lute como uma gorda: gordofobia, resistências e ativismos. 2020. 237 f. Tese (Doutorado) – Curso de Programa de Pós-graduação em Estudos de Cultura Contemporânea, Faculdade de Comunicação e Artes, Universidade Federal de Mato Grosso, Cuiabá, 2020b.

JIMENEZ-JIMENEZ, Maria Luisa. Pd Prazeres dissidentes. CSOnline-REVISTA ELETRÔNICA DE CIÊNCIAS SOCIAIS, n. 31, p. 345-361, 2020. Disponível em: <https://bit.ly/2G2gqqE>. Acesso em 11 nov. 2020a.

PAIM, Marina Bastos; KOVALESKI, Douglas Francisco. Análise das diretrizes brasileiras de obesidade: patologização do corpo gordo, abordagem focada na perda de peso e gordofobia. Saúde e Sociedade, v. 29, p. e190227, 2020. Disponível em: <https://bit.ly/35PzTnw>. Acesso em: 11 nov. 2020.

PAIM, Marina Bastos. Os corpos gordos merecem ser vividos. Revista Estudos Feministas, v. 27, n. 1, 2019. Disponível em: < https://bit.ly/32AURpa >. Acesso em: 11 nov.  2020.

PORNHUB. Pornhub Insights. The 2019 Year in Review. 2019. Disponível em: <https://bit.ly/38zr6sE>. Acesso em: 11 nov. 2020.

POULAIN, Jean-Pierre; Sociologia da obesidade. São Paulo: Editora Senac São Paulo; 2013.

WOLF, Naomi. O mito da beleza: como as imagens de beleza são usadas contra mulheres. Tradução Waldéa Barcellos. 6 ed. Rio de Janeiro: Rosa dos Tempos, 2019.

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CAOS 2020: Relações familiares e escolares são tema em sessão técnica

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Sessão técnica é parte da programação do CAOS 2020 que acontece no Ceulp até o dia 07 de novembro.

Nesta quinta-feira (05), ocorreram remotamente as Sessões Técnicas do Congresso Acadêmico de Saberes da Psicologia – CAOS 2020. As apresentações de trabalhos por comunicação oral foram de acadêmicos e psicólogas mediados pela psicóloga e Profa. Cristina Filipakis (Ceulp/Ulbra).

A psicóloga Ester Maria Cabral apresentou o trabalho “As Relações Pessoais Da Família Pastoral E Suas Implicações Emocionais”. Discorreu sobre a compreensão das relações familiares e pessoais das famílias pastorais por meio do Pensamento Sistêmico a partir da Teoria Geral Dos Sistemas e Teoria Da Comunicação. Em sua pesquisa, Ester observou o impacto na saúde física e emocional da situação financeira, mudanças de moradia, adoecimento e solidão nas famílias de pastores presbiterianos.

As acadêmicas Isaura Rossatto e Yasmilsa Mesquita apresentaram o trabalho “Colaboração Entre Parceiros Em Relações Heterossexuais”. Pontuaram sobre a influência dos papéis de gênero na sociedade patriarcal sobre a colaboração em casais. Indicaram a importância das práticas colaborativas por meio do Pensamento Sistêmico Novo-Paradigmático e de formas de relacionar voltadas para a legitimação na convivência.

Os acadêmicos Leticia Antunes e Murilo Morais apresentaram o trabalho “Conflito Nas Relações Familiares: Parentalidade”. Discorreram sobre a família na contemporaneidade e triangulação na parentalidade a partir das relações de mãe-filha. Também refletiram acerca dos papéis femininos acumulados na família, no que tange as premissas dos indivíduos acerca do trabalho e do ideal que se têm da família socialmente.

Fonte: Arquivo Pessoal

Por fim, a psicóloga Talita dos Anjos Lima apresentou o trabalho “Psicologia Escolar: Identificando Possíveis Demandas De Dificuldades De Aprendizagem Por Meio De Protocolo De Rastreio”. Discorreu sobre a escola como campo de socialização e atuação da psicologia escolar, bem como sobre seu trabalho em atendimento educacional especializado por meio do Projeto de Atenção Interdisciplinar em Saúde Mental nas Escolas (PAISME) em Porto Nacional – TO.

Essa edição do CAOS, inteiramente de forma remota, tem como tema “Psicologia e Profissão: a avaliação psicológica em destaque”. A programação conta com palestras, mesas redondas, minicursos e sessões técnicas. Nessa edição, estar inscrito no evento é fundamental para receber certificação. Mais informações podem ser obtidas no site do evento.

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CAOS 2020: Avaliação para porte de armas é tema de minicurso

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O minicurso é parte da programação do CAOS 2020 que acontece no Ceulp até o dia 07 de novembro.

Ocorreu na noite dessa quarta-feira (04) de forma inédita remotamente, o minicurso “Avaliação para Porte de Armas” como parte da programação do Congresso Acadêmico de Saberes em Psicologia – CAOS 2020. As atividades foram conduzidas pela psicóloga Márcia Guimarães Nunes Burns (CRP 23/482).

Márcia ressaltou a importância da entrevista na descoberta da intenção acerca do porte e da posse de armas, indicando também quais procedimentos necessitam de avaliação psicológica obrigatória, bem como os tramites necessários junto à Polícia Federal para garantir a segurança do processo avaliativo. De acordo com a psicóloga, a bateria de testes e a entrevista possuem caráter fixo, não estando passíveis de alteração. A profissional destaca a importância da diferenciação entre porte e posse de arma: “A cada dez que solicitam porte de armas, um consegue. (…) Eu sempre pergunto a motivação”, pontua.

Para Márcia, “é importante valorizar a profissão da gente, a psicologia em si, e dar um feedback para eles. A partir do momento em que tu dás esse feedback, tu dás o resultado do teste para ele, ele sai de lá com outra visão: “Nossa! Consegue ver tudo isso? Nunca ninguém me deu isso”, eles já vêm com essa bagagem, porque eles renovam o porte, renovam a posse. Então eu sempre procuro fazer isso para valorizar a profissão”, apontou.

Márcia Guimarães Nunes Burns é psicóloga egressa do Ceulp/Ulbra, credenciada pela Polícia Federal para fazer avaliação para porte e posse de armas. Trabalhou como psicóloga no CRAS (Rio Sono – TO), CREAS (Lajeado – TO), Hospital Dona Regina e Hospital Infantil. Desde 2009 atua com avaliações psicológicas para empresas terceirizadas e avaliações individuais.

Essa edição do CAOS, inteiramente de forma remota, tem como tema “Psicologia e Profissão: a avaliação psicológica em destaque”. A programação conta com palestras, mesas redondas, minicursos e sessões técnicas. Nessa edição, estar inscrito no evento é fundamental para receber certificação. Mais informações podem ser obtidas no site do evento.

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Super Choque será novo ícone das discussões raciais no cinema?

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Filme do herói poderá abordar pautas necessárias como as da série animada na década de 2000.

No final do mês de agosto, em um painel sobre a Milestone, divisão responsável por criar alguns dos super-heróis negros da gigante DC Comics, o cineasta Reginald Hudlin (Marshall: igualdade e justiça) e o ilustrador Denys Cowan anunciaram a produção de um filme live action do Super Choque. O herói se popularizou no Brasil com a série animada exibida na década de 2000 pelo canal de TV aberta SBT.

“Eu vou dar choque no seu sistema!”

A trilha sonora icônica e o bordão do personagem marcaram a geração que consumiu desenhos animados na TV aberta nos anos 2000. No horário do almoço muitos jovens assistiram às aventuras de Virgil Hawkins ao assumir a identidade de Super Choque para lidar com inimigos, preconceito e marginalização da população negra.

Para os jovens negros daquela época, o desenho era único no âmbito da representatividade, além de tocar fortemente e ao mesmo tempo com destreza nas pautas raciais. A representatividade trazida em “O Príncipe Dragão” e “She-Ra e as Princesas do Poder” elogiados nos dias atuais, foi explorada sem medo em “Super Choque” (Static Shock) há mais de 15 anos. Sem dúvidas, um pioneiro.

No entanto, a história de Virgil foi traçada muito antes de 2004 com o lançamento da animação. Foram Dwayne McDuffie, John Paul Leon e Denys Cowan que criaram os primeiros quadrinhos do herói em 1993 pela Milestone Comics. Devido ao licenciamento de publicação desde a criação do herói e à compra de parte dos direitos, em 2008, Super Choque foi adicionado ao universo DC, o que lhe rendeu participações em diversos quadrinhos da editora, e mais tarde em animação, no icônico desenho “Liga da Justiça: sem limites”.

Virgil Howkings

O nome do personagem foi dado em homenagem ao advogado negro estadunidense Virgil Darnell Howkings (1906-1988), pioneiro dos direitos civis, que lutou durante anos por sua admissão e de outros homens negros na faculdade de Direito da Universidade da Flórida, negada sucessivas vezes em razão apenas de sua cor. Após conseguir se graduar na Universidade de Boston, Howkings batalhou por anos para conseguir fazer o exame da Ordem dos Advogados da Flórida. Entre as tentativas de admissão e licença para atuar, foram cerca de 27 anos de luta por direitos (UNIVERSITY OF FLORIDA LEVIN COLLEGE OF LAW, 2020).

Fonte: encurtador.com.br/dlzP5

Virgil é originalmente um colegial pacífico de 15 anos que decide se vingar de um bully em uma briga de gangues, no entanto, uma intervenção policial com um gás tóxico provoca mutações e superpoderes em diversos jovens que estavam na briga. O evento é chamado de Big Bang e os jovens tornam-se os meta-humanos. Após desenvolver o poder de produzir e controlar a eletricidade, Virgil assume o manto de Super Choque (Static) para lidar com os outros meta-humanos que se envolveram no mundo ilegal.

Na série animada, Virgil vive com seu pai Robert, que trabalha em um centro comunitário, e sua irmã Sharon. Na maioria dos materiais produzidos sobre heróis, a função da família frequentemente é de pivô para arcos sobre a incapacidade do herói em protegê-los, ou motivação pelo luto em perdê-los. Em “Super Choque”, diferentemente, a família Howkings atua em diversos arcos sobre união, luto, necessidade de proteção e amor.

Após perder sua mãe, paramédica, por conta de incêndios em uma manifestação violenta na cidade quando ainda era bebê, Virgil vive a ausência e saudade da mãe constantemente. Robert precisa ser um pai solo rígido e ao mesmo tempo amoroso ao criar seus filhos; já Sharon tem de ser sua própria referência de responsabilidade constantemente. Esses elementos fazem o espectador se engajar de forma orgânica nas tramas e motivações de cada personagem.

Além disso, o melhor amigo de Virgil, “Richie”, participa de quase todos os seus episódios e possui seus próprios desafios. Richie é um garoto super inteligente e que mesmo sem ter sido exposto ao Big Bang, desenvolve seus próprios equipamentos tecnológicos e armas, se tornando o Gear, parceiro de atuação de Super Choque. A trama de Richie na série também traz à tona o racismo praticado por seu pai contra Virgil. Nas HQs da Milestone, Richie é abertamente gay e sofre com a homofobia.

Tocando nas feridas

Recentemente, a morte do ator Chadwick Boseman, interprete do Rei T’Challa de Wakanda e do Pantera Negra, demonstrou o impacto social da produção de 2018. Pantera Negra é um filme carregado de ancestralidade, poder e representatividade. Não foram poucas as imagens e relatos de adultos e crianças enlutados com a morte do ator. Chadwick doou sua imagem para a representação de um rei negro, líder de uma sociedade altamente desenvolvida, com um senso de justiça ímpar, na produção com mais atores negros da história do cinema mundial.

Esse tipo de representação nunca havia sido levada tão a sério. E é exatamente nisso que reside a responsabilidade de um live action do Super Choque. Aos produtores originais nunca faltou coragem de tocar nas escaras sociais, nesse sentido, o filme não deve voltar atrás. Aos fãs da DC e do herói resta torcer para que a Warner não use seu dedo podre como fez em Liga da Justiça. Super Choque precisa levar sua essência: falar de violência policial, de racismo e dos riscos do armamento da população para os jovens.

As manifestações gigantescas nos Estados Unidos disparadas a partir do assassinato de George Floyd pela polícia, bem como as ocorridas em razão das mortes de jovens negros pela polícia no Brasil, podem ser um indicativo de que já passou da hora do gênero de heróis parar de ignorar o que acontece na sociedade atualmente. E os heróis de rua como Super Choque, são, a meu ver, os que possuem mais potencial de exploração desses temas.

Fonte: encurtador.com.br/eqsx7

No Brasil o cenário muda? Não mesmo. Nos Estados Unidos, negros correm 2,9 vezes mais risco de serem mortos pela polícia do que brancos. No Brasil, o risco é 2,3 vezes maior (CORREIO BRASILIENSE, 2020). Douglas Martins Rodrigues, Claudia Silva Ferreira, Eduardo de Jesus Ferreira, Roberto de Souza Penha, Carlos Eduardo Silva de Souza, Cleiton Corrêa de Souza, Wilton Esteves Domingos Júnior, Wesley Castro Rodrigues, Evaldo Rosa dos Santos, Luciano Macedo; algumas das vidas negras tiradas pela atuação policial truculenta no Brasil nos últimos anos, e na maioria dos casos os responsáveis nunca foram penalizados devidamente (BBC BRASIL, 2020).

João Pedro Matos Pinto, 14 anos, morto com um tiro de fuzil enquanto brincava em casa. Fonte: encurtador.com.br/kGJV3

A violência contra os jovens e crianças negras carrega raízes estruturais desde o sistema escravagista, já no ventre os brasileiros negros iniciavam uma vida de opressão. Atualmente, de forma tristemente similar, os índices de mortalidade na faixa etária que compreende a adolescência são constituídos majoritariamente por jovens negros (CAMARGO; ALVES; QUIRINO, 2005; GOMES; SILVA, 2017).

No entanto, ainda que existam espacialidades “permitam” a violência homicida por intermédio da suspensão nas regulações que sustentam a cidadania (como as periferias brasileiras, ou as americanas retratadas em Super Choque), essa “permissão” é incorporada pelo discurso em formas de vida específicas (GOMES; SILVA, 2017).  Nesse sentido, os assassinatos de vidas negras nas periferias e a violência contra essa população continuam impunes em razão da paralisia e cegueira social incorporada intersubjetivamente pelo racismo estrutural. Nesse âmbito, todos nós somos responsáveis.

As narrativas cinematográficas possuem grande potencial no auxílio da assimilação e conhecimento de realidades, por passarem a sensação de que a vida está na tela (BERNADET, 2017). Além das dinâmicas cognitivas e sentimentais envolvidas, deve-se considerar a linguagem cinematográfica como um recurso para o desenvolvimento de novos conhecimentos (MASTELLA et al., 2017). Para tanto, a produção de um filme sobre um ícone pop referência na infância e adolescência de uma geração têm responsabilidades não apenas com o entretenimento, mas com o cenário sociocultural no qual está imerso.

REFERÊNCIAS:

BBC BRASIL (Brasil). O desfecho de cinco casos emblemáticos de morte de negros pela polícia no Brasil. 2020. Disponível em: https://noticias.r7.com/brasil/o-desfecho-de-cinco-casos-emblematicos-de-morte-de-negros-pela-policia-no-brasil-10062020. Acesso em: 04 set. 2020.

BERNARDET, Jean-Claude. O que é cinema. Brasiliense, 2017. Disponível em: < https://bit.ly/2RZ41Uz >. Acesso em: 06 fev. 2019.

CAMARGO, Climene Laura de; ALVES, Eloina Santana; QUIRINO, Marinalva Dias. Violência contra crianças e adolescentes negros: uma abordagem histórica. Texto & Contexto-Enfermagem, v. 14, n. 4, p. 608-615, 2005.

CORREIO BRASILIENSE (Brasília). No Brasil e nos EUA, negros correm mais risco de ser mortos pela polícia. Agência Estado. 2020. Disponível em: https://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/mundo/2020/06/14/interna_mundo,863640/brasil-e-eua-negros-correm-mais-risco-de-ser-mortos-pela-policia.shtml. Acesso em: 04 set. 2020.

GOMES, Fernando Bertani; SILVA, Joseli Maria. Necropolíticas espaciais e juventude masculina: a relação entre a violência homicida e a vitimização de jovens negros pobres do sexo masculino. GEOUSP Espaço E Tempo (Online), v. 21, n. 3, p. 703-717, 2017.

MASTELLA, Veronice et al. O CINEMA COMO UMA PRÁTICA DE ENSINO-APRENDIZAGEM. REVISTA INTERDISCIPLINAR DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO, v. 4, n. 1, 2017. Disponível em: < https://bit.ly/2E9RYjz >. Acesso em: 06 fev. 2019.

UNIVERSITY OF FLORIDA LEVIN COLLEGE OF LAW (Gainesville). VIRGIL D. HAWKINS STORY. 2020. Disponível em: https://www.law.ufl.edu/areas-of-study/experiential-learning/clinics/virgil-d-hawkins-story. Acesso em: 04 set. 2020.

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Saúde mental da população negra e educação infantil: (En)Cena entrevista a psicóloga Talita Lima

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Durante o período de 15 de agosto a 15 de setembro de 2020, o curso de Psicologia do Ceulp/Ulbra será parte das instituições que prestam apoio à campanha “Saúde Mental da População Negra Importa!”, promovida pela Articulação Nacional de Psicólogas (os) Negras (os) e Pesquisadoras (es) (ANPSINEP). Mobilizado pelas demandas que envolvem a saúde mental e integridade da população negra na educação infantil, o portal (En)Cena entrevista a psicóloga Talita dos Anjos Lima.

Talita é graduada em Psicologia (Ceulp/Ulbra), pós-graduanda em Neuropsicologia, e atua como psicóloga educacional na Secretaria Municipal de Educação em Porto Nacional (TO), Defensora Popular e integrante da Articulação Nacional de Psicólogas (os) Negras (os) e Pesquisadores (ANPSINEP). Confira a entrevista a seguir.

Fonte: encurtador.com.br/lEKZ1

(En)Cena- Você considera que as políticas públicas abordam de maneira satisfatória o racismo no ambiente escolar? Em que perspectivas?

Talita Lima – No contexto atual, acredito não ser possível afirmar que temos políticas públicas que abordem de maneira satisfatória o racismo nos ambientes escolares. Tivemos alguns avanços, certamente, como a Lei 10.639/03 que estabelece a obrigatoriedade de se ensinar História e Cultura Afro-Brasileira, além de ter estabelecido o dia 20 de novembro como Dia da Consciência Negra, e que foi, com certeza, um grande marco para a luta antirracista… depois a gente teve a Lei 11.645/08 que alterou a 10.639/03 porque acrescentou também a questão da cultura indígena. Essas legislações instituíram que as culturas indígenas e africanas devem constar no conteúdo programático, especialmente em Educação Artística, Literatura e História.

São avanços significativos, sem dúvida, mas para que eles se efetivem na prática, precisamos ter profissionais que reconheçam a importância e trabalhem isso de forma transversal, não apenas em eventos isolados no dia 20 de novembro, por exemplo. Porque, infelizmente, é isso que acontece, na maioria das vezes a questão é tratada de forma isolada, com ações do tipo: “Vamos agora falar sobre Povos Negros” ou “Vamos fazer um desfile de Beleza Negra no dia 20 de novembro”. E se a gente entende o racismo como estrutural, a gente compreende que ações assim espaçadas e aleatórias, não ser efetivas na luta contra o racismo.

E o racismo na escola se manifesta de forma óbvia, como por exemplo: as pessoas que hoje representam o fenômeno do “fracasso escolar” são os alunos negros. Meninos negros, mais especificamente falando. São eles que tem pior desempenho, são eles que mais abandonam a escola, eles são o estereótipo do “aluno-problema”. E encarar isso de forma individualista é um erro. Esse fenômeno fala de uma estrutura.  Então, a gente tem políticas que se propõem a combater o racismo no conteúdo programático, mas a gente ainda tem muito a fazer, tanto para que elas sejam colocadas em prática de forma legítima, quanto na construção de políticas que combatam o racismo nas relações que se estabelecem dento da escola.

Fonte: encurtador.com.br/afHZ0

(En)Cena – De que maneira você distingue que os psicólogos podem articular serviços e movimentos para promoção da saúde mental da população negra no contexto da educação infantil?

Talita Lima – Parto do pressuposto que psicologia não se faz isolada, então a gente sempre deve trabalhar numa perspectiva de coletividade e em rede. Quando se está trabalhando na educação pública, por exemplo, o contato com a rede de atenção básica à saúde e/ou assistência social é no mínimo obrigatório… essas redes vão ofertar alguns serviços básicos de garantias de direitos para aquela criança que está precisando.

A gente precisa saber quais os serviços ofertados no SUS e no SUAS, precisa saber os caminhos para serviços legais, como a defensoria pública por exemplo. Digo isso porque a criança negra que chega lá na escola e sofre racismo naquele ambiente, pode acreditar que muitas vezes ela vem de uma série de violências sistemáticas, e todas elas implicam diretamente na saúde mental dessas crianças e no aprendizado. É importante saber disso e estar atenta a isso. Essa articulação em rede é essencial. Para além dessa questão de conhecer os serviços de garantias de direitos, acho que a inserção em movimentos sociais não é necessariamente obrigatória, mas fazer parte de algum coletivo pode te ensinar a estar mais engajada na causa, te manter mais ativa, estudando, se inteirando.

Fonte: encurtador.com.br/cnqOX

(En)Cena – Você acredita que a prevenção do racismo no contexto da educação infantil tem ganhado a atenção da psicologia atualmente? Em que aspectos?

Talita Lima – Nós temos cada vez mais publicações, artigos, ações de psicólogos falando sobre racismo na educação, e como combatê-lo dentro da escola, na educação infantil, por exemplo. Ainda temos poucas ações no sentido de prevenção. Mas acredito que a Psicologia, assim como diversas outras áreas do conhecimento têm avançado (ainda que a lentos passos) nesse sentido. O livro “Psicologia Escolar: que fazer é esse?”, do Conselho Federal de Psicologia em 2016 aborda um pouco sobre isso, e também As Referências Técnicas para Atuação de Psicólogas(os) na Educação Básica (2013) falam sobre a necessidade dessa dimensão política da nossa atuação. As Referências do CREPOP não citam diretamente as relações étnico-raciais, mas orientam a observar o contexto sócio-político, e observando o contexto sócio-político é impossível não enxergar o racismo como um dos fatores determinantes do aprendizado ou fracasso escolar.

(En)Cena – Como os psicólogos poderiam atuar frente ao bullying em decorrência do racismo nas escolas?

Talita Lima – Nós temos estudos e pesquisas, como por exemplo, do Anuário Brasileiro de Educação Básica 2019, que mostram que crianças negras tem maior dificuldade tanto no acesso, quanto permanência à escola e na qualidade de aprendizagem, em relação a crianças brancas. Esses resultados são influenciados por vários fatores, desde questões que vem de “fora da escola”, como situação de vulnerabilidade social que os alunos negros por vezes estão mais suscetíveis do que os brancos, até questões dentro da escola como injúria racial praticada por coleguinhas e até professores.

A psicóloga (ou o psicólogo) que trabalha nesta área vai ter que compreender como se dá o racismo a nível estrutural e institucional. Vai precisar propor que o currículo aborde de forma constante as questões raciais; vai precisar apontar o racismo, colocar nome nele, porque às vezes a gente trata apenas como “bullying”, o que dá uma dimensão muito ampla e meio vaga do fenômeno, né? Se uma criança chama a outra de “cabelo de bombril”, por exemplo, não é apenas bullying, é racismo.

As coisas tem o nome que tem, e nomear a situação faz com que ela se torne visível e portanto mais fácil (ou menos difícil) de ser combatida; vai precisar trabalhar em conjunto com a assistência social; vai ter que participar ativamente da construção do Projeto Político-Pedagógico (PPP) da escola para pontuar ali ações de promoção de saúde mental e de combate ao racismo;  vai precisar promover ações de enfrentamento ao racismo dentro da escola a partir de rodas de conversa, levar historinhas (narrativas) que tenham protagonistas negras(os), promover uma reeducação quando uma atitude de racismo acontecer, buscando a princípio um modelo não punitivista, mas para tentar compreender de onde veio aquela atitude (talvez é a reprodução de algo que a criança viu, por exemplo) e indicar novas formas de relacionar-se… Com criança é isso, eu acredito muito que vai pela via do afeto e da educação positiva. A psicóloga pode também montar formações para os professores sobre as questões étnico-raciais. As possibilidades são diversas, não falta campo nem demanda.

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Curso de Psicologia do Ceulp adere à campanha nacional pela saúde mental da população negra

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Campanha promovida pela ANPSINEP contará com seminários e apoio de diversas instituições.

Durante o período de 15 de agosto a 15 de setembro, o curso de Psicologia do Ceulp/Ulbra será parte das instituições que prestam apoio à campanha “Saúde Mental da População Negra Importa!”, promovida pela Articulação Nacional de Psicólogas (os) Negras (os) e Pesquisadoras (es) (ANPSINEP). Mobilizado pelas demandas urgentes que envolvem a saúde mental e integridade da população negra, o curso de Psicologia, representado pelo Portal (En)Cena, promoverá atividades virtuais e conteúdos voltados a esses temas ao longo da campanha. O objetivo da mobilização será engajar os acadêmicos do curso e usuários o Portal (En)Cena em espaços de discussão e reflexão acerca das questões raciais e políticas que envolvem a prática da Psicologia.

Segundo a ANPSINEP, o escopo da mobilização está na necessidade de discussão da Política Nacional de Saúde Integral da População Negra, que não tem recebido a atenção devida dos órgãos públicos, fazendo com que a responsabilidade pelo cuidado junto a essa população recaia aos psicólogos negros. As novas demandas geradas pela pandemia de Covid-19 também serão pauta de discussão, uma vez que evidenciam a necessidade de uma melhor articulação das práticas públicas em saúde mental e acolhimento das populações historicamente desvalorizadas.

Fonte: El País.

A ANPSINEP é uma organização constituída pela articulação de diferentes instituições e movimentos com trabalhos no campo das relações raciais em psicologia, seu objetivo é articular a produção de conhecimento e a ação política, no campo da psicologia, sobre o impacto do racismo na construção das subjetividades e nas relações raciais. Para mais informações sobre a ANPSINEP e a campanha, acesse o site ou o perfil no Instagram.

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Klaus: um filme sobre a construção de paradigmas

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Concorre com 1 indicação ao OSCAR:

Melhor Filme de Animação

O quiproquó de premissas nos transmite essencialmente a beleza da trama. O espírito natalino não está em uma magia que irrompe as pessoas em um dia do ano, mas nas relações construídas entre as personagens.

O filme Klaus, dirigido pelo estreante como diretor, Sergio Pablos, foi lançado em 2019 na plataforma da Netflix consolidando ainda mais o serviço de streaming como digno de produzir conteúdos dignos de Oscar. Com oito filmes indicados esse ano, é provável que a plataforma não leve o prêmio de melhor filme de animação com Klaus, uma vez que o favorito é Toy Story. O que é uma pena, pois a película entrega um resultado cativante e bem humorado, além de demonstrar de maneira leve e delicada a forma como aprendemos os nossos paradigmas pessoais e familiares.

Klaus não é um filme de natal, ou pelo menos, não passa essa impressão. Apesar de ter essa finalidade comercial, a trama foge à regra de um espírito natalino que é sua própria essência, como algo pronto. A película, em diversos momentos brinca divertidamente com a construção do imaginário sobre o Papai Noel e as tradições de Natal.

A partir daqui, o texto contém spoilers

Na gélida Smeerensburg, o soberbo estudante de uma rigorosa academia postal, Jesper, chega como novo carteiro devido a uma tentativa de correção moral pelo seu pai e se surpreende com o clima de destruição e guerra entre famílias na cidade. Ninguém manda cartas em uma cidade em que as mensagens são entregues pela violência explicita. Nessas condições, Jesper vê sua porta de saída ao descobrir que o recluso lenhador Klaus entrega um brinquedo a uma criança da qual recebeu um desenho acidentalmente em um envelope de carta.

A principal premissa de Jesse é que “todo mundo sempre quer algo em troca”, e ele precisa trocar 6000 cartas pela sua liberdade da cidade. Jesse começa então a incentivar as crianças a escrever cartas a Klaus. Porém, nesse encontro, seus paradigmas sofrem um grande impacto.

O espírito natalino é, essencialmente, a gentileza humana

Enquanto seres humanos nossos comportamentos são movidos por crenças, regras de percepção do mundo. Para denominar essa forma como percebemos e atuamos no mundo, usamos consensualmente o termo paradigma. Nossos paradigmas (ou premissas) são resistentes filtros que selecionam dados para nossa percepção, de um modo que acreditamos muitas vezes, que a nossa forma de fazer/ver algo é a única forma “correta” de ter êxito em uma situação (VASCONCELLOS, 2016).

Jesper não era o único a exercitar seus paradigmas na cidade, pois Klaus também era pulsionado por uma forte premissa: “um ato gentil de verdade sempre gera mais gentileza”. Os brinquedos doados suscitaram atos de paz e alegria entre as crianças, e as mensagens agora eram de harmonia e mais gentileza. Essa reação em cadeia faz com que os inocentes descendentes das famílias arquirrivais Krum e Elingboe brinquem juntos.

Nem sempre conseguimos lembrar quando foi que aprendemos nossas premissas, mas as pequenas crianças são levadas ao hall do ódio entre suas famílias, relembrando séculos de conflitos, dos quais nem suas famílias lembram como começou. Talvez essa seja a grande questão que a película deixa como provocação ao espectador: como aprendemos a acreditar que deveríamos nos manter dentro de um determinado paradigma? O que nos leva a seguir rigidamente nossas premissas?

Para as famílias Krum e Elingboe o paradigma do ódio foi tão rígido que se transformou em um paradoxo, pois, precisaram “se unir em paz para acabar com a paz”. Nesse sentido, Jesper e Klaus e seus aliados precisaram ser corajosos para cumprir a ideia de distribuir presentes na véspera de natal. Para difundir um novo paradigma é necessário que haja confiança e fé nas novas ideias, pois isso representa um novo jeito de fazer as coisas, implicando em resistência (VASCONCELLOS, 2016). Desse modo, para que Jesper siga sua jornada, a flexibilização de paradigmas faz-se necessária. O jovem deve confiar e ter fé na premissa da gentileza para cumprir sua missão e desfrutar do amor de seus amigos.

Esse quiproquó de premissas nos transmite essencialmente a beleza da trama. O espírito natalino não está em uma magia que irrompe as pessoas em um dia do ano, mas nas relações construídas entre as personagens, no esforço para seguir a premissa da gentileza apesar dos sofrimentos da vida, e no amor que é construído a partir da união por um propósito. Propósito é, definitivamente o que não falta em Klaus.

FICHA TÉCNICA: 

KLAUS

Direção: Sérgio Pablos
Elenco: Jason Schwartzman, J. K. Simmons, Rashida Jones;
Ano: 2019
País: Espanha
Gênero: Animação, aventura, comédia;

REFERÊNCIA:

VASCONCELLOS, Maria José Esteves. Pensamento sistêmico: o novo paradigma da ciência. 10 ed. Papirus Editora, 2016.

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Núcleo de Estudos Mímicos faz intervenção em escola de Palmas-Tocantins

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Além das apresentações, os extensionistas puderam trocar experiências com os alunos em uma roda de conversa.

Nesta terça-feira (27), o NEM – Núcleo de Estudos Mímicos e Teatro Gestual, fruto da parceria entre o curso de Teatro da UFT e o curso de Psicologia do Ceulp, participou de um espetáculo de mímica clássica na Escola de Tempo Integral Caroline Campelo. Por intermédio da professora Ana Cláudia Silva, que ministra aulas de teatro na instituição e também participa do NEM, os mímicos do grupo realizaram apresentações de quadros inspirados no famoso mímico Marcel Marceau para os alunos de 6° a 8° ano.

Ao final das apresentações ocorridas no auditório da instituição, os mímicos puderam interagir com os estudantes por meio de uma roda de conversa. Para a supervisora da escola, Rosana Gonçalves do Carmo, a ação serviu para enriquecer o conhecimento do alunos na área teatral: “Essa matéria é um conteúdo que para eles é muito novo. Mesmo que desde o primeiro ano a gente trabalhe teatro, cada etapa representa algo diferente. Na segunda fase, do sexto ao nono ano, eles estão mais aprofundados. A professora Ana Cláudia tem trabalhado mais detalhadamente a parte do teatro com eles e, juntos, estão participando de diversas peças teatrais aqui em nosso auditório. Isso têm enriquecido bastante, é louvável a apresentação de vocês!”, comenta.

A agenda do NEM conta ainda com apresentações na UFT de Porto Nacional (26/09), Escola Sávia Fernandes (01/10), CEMEI Sítio do Pica Pau (08/10) e na PPGCOM campus Palmas (30/10), proporcionando outras oportunidades de trocas interdisciplinares.

De acordo com o professor Diego Santos, “a peça vem agregar no sentido de  as crianças passarem a ter contato com o teatro profissional, pois essa é a primeira vez. A Escola Caroline Campelo fica agradecida em ter a participação do grupo aqui. Foi muito lindo! Só veio a agregar e ajudar à escola”, pontua.

Sobre o NEM:

O NEM – Núcleo de Estudos Mímicos é um projeto de extensão da Universidade Federal do Tocantins (UFT) em parceria com o Centro Universitário Luterano de Palmas (Ceulp Ulbra) sob coordenação da profa. Dra. Renata Ferreira (Teatro da UFT), com apoio do prof. Me. Sonielson Sousa (Psicologia Ceulp). O objetivo do projeto é promover o encontro entre os extensionistas e diferentes comunidades; abrir espaço para discutir novas formas de comunicação, sobretudo pela Mímica, e proporcionar o encontro entre a Psicologia (funções terapêuticas) e o Teatro (expressões corporais e comunicacionais).

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Núcleo de Estudos Mímicos visita a cidade de Rio da Conceição e oferece oficinas à comunidade

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Ação foi realizada por acadêmicos do Ceulp/Ulbra e UFT em parceria com a prefeitura de Rio da Conceição e Projeto Retalhos de Arte.

No último sábado (17) o grupo NEM – Núcleo de Estudos Mímicos, fruto da parceria entre o curso de Psicologia do Ceulp e o curso de Teatro da UFT, esteve em visita à cidade de Rio da Conceição, localizada no sudeste do Tocantins, a convite da professora Fernanda Tainã Castro, diretora do grupo teatral local “Retalhos de Arte”. Durante o intercâmbio, foram realizadas trocas de experiências e apresentações artísticas entre os grupos e para a comunidade.

Durante o dia, na Escola Virgílio Ferreira, além das oficinas mediadas pelos integrantes do NEM sobre alguns dos principais conceitos de mímica, o grupo Retalhos de Arte apresentou suas esquetes. No fim do dia, o NEM realizou apresentações de quadros inspirados na obra do mímico Marcel Marceau na praça central da cidade, contando com a participação da comunidade.

Para Renata Ferreira, coordenadora do NEM, a vivência foi muito importante, “porque é uma forma de reinventar a escola em formato de viagem, em formato nômade, na qual a gente tem uma conexão direta e potente com a comunidade e o estado. Essa experiência dos nossos alunos com os alunos de Rio da Conceição é de muita aprendizagem, primeiramente para os nossos alunos que estão em formação e serão futuros professores, e também para os alunos do Retalhos, que têm contato com as pesquisas realizadas nas universidades de forma direta e potencializadora”, comenta a professora.

No decorrer do fim de semana, os integrantes do NEM também puderam aproveitar de parte das belezas naturais de Rio da Conceição, conhecida como o Portal do Jalapão, a cidade é cercada de cachoeiras e rios. A parceria não poderia ter acontecido sem o apoio da Secretaria de Turismo de Rio da Conceição, na pessoa de Esther Rodrigues da Cruz, do grupo Retalhos de Arte e da coordenadora do projeto e vice presidente do Comtur, Fernanda Tainã Castro, bem como da agência Seriema Ecoturismo.

Para a professora Renata Ferreira, o intercâmbio é fonte de empoderamento: “A experiência também é de empoderamento para todos os estudantes, porque juntos e de forma intercambiar foram exibidos diferentes pontos de vista: um tem a força da comunidade, o outro tem a pesquisa. Assim, eles se potencializam mutuamente, favorecendo a expansão de atividades culturais no município e uma formação de teatro muito mais ampla e conectada com a realidade do estado. Além disso, há a aproximação do curso de psicologia, que torna toda a experiência interdisciplinar, assim como o trabalho coletivo, a experiência de estar coletivamente no lugar dividindo tarefas, os encontros, as redes que se estabelecem e as alegrias que a gente experimenta”,  relata.

Sobre o NEM

O NEM – Núcleo de Estudos Mímicos é um projeto de extensão da Universidade Federal do Tocantins (UFT) em parceria com o Centro Universitário Luterano de Palmas (Ceulp Ulbra) sob coordenação da profa. Dra. Renata Ferreira (Teatro da UFT), com apoio do prof. Me. Sonielson Sousa (Psicologia Ceulp). O objetivo do projeto é promover o encontro entre os extensionistas e diferentes comunidades; abrir espaço para discutir novas formas de comunicação, sobretudo pela Mímica, e proporcionar o encontro entre a Psicologia (funções terapêuticas) e o Teatro (expressões corporais e comunicacionais).

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